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RESENHA CRÍTICA - A constante antropológica negativa maquiavélica

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FACULDADE SÃO LUIZ
Antropologia Filosófica
Professor: Me. Luiz Carlos Berri
Acadêmico: Gabriel Back da Silva
Data: 12/09/2019
RESENHA CRÍTICA
A constante antropológica negativa maquiavélica
Newton Bignotto de Souza[footnoteRef:1], em seu artigo A antropologia negativa de Maquiavel[footnoteRef:2], analisa que Nicolau Maquiavel[footnoteRef:3] em suas afirmações possui algo de antropológico. Isso se dá principalmente no campo político quando relata que o príncipe deve tomar o homem como mal. Procura mostrar que não existe uma real antropologia, mas apenas traços antropológicos que se fazem constantes e que afirmam o caráter “negativo” no que se refere ao anteriormente citado, mas que não chega a desenvolver de fato uma antropologia. [1: Newton Bignotto, atualmente é professor na Universidade Federal de Minas Gerais, mas possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais, doutorado pela Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, pós-doutorado pela Université Paris Diderot, pós-doutorado pela Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales e pós-doutorado pela Universidade de São Paulo.] [2: BIGNOTTO, Newton. A antropologia negativa de Maquiavel. Analytica. Revista de Filosofia, v. 12, n. 2, p. 77-100, 2008.[PDF]] [3: Nicolau Maquiavel, foi um filósofo político que viveu e produziu seus escritos entre os séculos XV e XVI, na região de Florença. Seus escritos são de grande relevância para a política de todos os tempos, já que faz uma análise não de sistemas de governo, mas da forma como o príncipe (o governante) deve governar.] 
A obra dividida em quatro partes - a saber: introdução; inovação e natureza humana em Maquiavel; maldade e desejo na natureza humana; e conclusão – foi publicada na analytica: revista de filosofia. A proporção das partes é de grande diferença, mas é compreensível visto os temas que nelas são tratadas. A relação entre elas é progressiva de forma que o artigo, sendo coerente e coeso, transcorre o caminho proposto de forma clara.
O texto é dirigido, levando em conta o conteúdo, a estudantes de filosofia, bem como a todos os que se interessarem pelo tema e que tenham certa capacidade interpretativa, já que se trata de um texto filosófico e com jargões próprios das áreas filosófica e política. Seu escrito é de grande relevância para a área da política, sendo original ao tentar conciliar a ciência antropológica e Maquiavel. 
 O professor da Universidade Federal de Minas Gerais começa o texto na introdução relatando que “No horizonte da antropologia do Renascimento, Maquiavel foi herdeiro de duas grandes viradas teóricas”:[footnoteRef:4] a “redescoberta” dos clássicos antigos e o uma literatura que elogiava a natureza humana pela renascença. O Renascimento, período de grande plasticidade das ideias e intensa criatividade, aflorou a cultura centrada no ser humano. [4: BIGNOTTO, Newton, 2008, p. 77.] 
 Na segunda parte do artigo, Bignotto procura nos textos maquiavélicos se há uma definição do que seria a natureza humana para o florentino. A primeira menção a ser analisada se faz no terceiro capítulo de seu livro O Príncipe quando Maquiavel diz que “os homens mudam de boa vontade de senhor, supondo melhorar, e esta crença os faz tomar armas contra o senhor atual. De fato, enganam-se e veem por experiência própria haverem piorado”.[footnoteRef:5] [5: MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. Lívio Xavier. ed. Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016, p. 14.] 
Com esse apontamento Bignotto demonstra que Maquiavel parece dizer que o homem sempre age de forma traiçoeira e violenta, ainda traz o trecho do décimo segundo capítulo que diz que “[...] os homens geralmente são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ambiciosos de dinheiro [...]”.[footnoteRef:6] Bignotto constantemente diz que essa ideia de maldade inata não era tão estranha graças num contexto decorrente da teologia medieval que pregava demasiadamente a ideia do pecado. Nesse ponto o autor do artigo se faz compreensível ao passo que muitos movimentos protestantes davam demasiada ênfase à realidade em questão. [6: MAQUIAVEL, Nicolau. 2016, p. 63.] 
Newton prossegue colocando em jogo as éticas de virtudes na realidade política quando relata a posição de Maquiavel que diz que “[...] é muito mais seguro ser temido que amado [...]”.[footnoteRef:7] Desse modo, pois, o filósofo de Florença critica a Igreja, que turva a visão que os cidadãos têm sobre os fundamentos políticos com sua interpretação dos mesmos. Nesse ponto há de se concordar com Maquiavel, é, sem sombra de dúvidas, mais seguro ser temido que amado; mas a ética cristã não tem por objetivo principal manter em segurança o Príncipe no poder. [7: Ibidem, p. 63.] 
Outro fator que Bignotto trata no pensamento maquiavélico é a característica de embate que sempre há no ser humano; sempre se quer mudar. Segundo Maquiavel há dois movimentos: o do povo, que quer sempre o novo; e o do Príncipe, que tenta com todas as suas forças se manter governando. Ele “coloca junto a vontade de conquistar e a vontade de mudar”.[footnoteRef:8] [8: BIGNOTTO, Newton, 2008, p. 83.] 
Pelo desejo de continuar governando o Príncipe pode fazer-lhes o bem e ganhá-los fazendo para que queiram que permaneça; ou fazer-lhes o mal e amedronta-los de tirá-lo do poder. Para se manter no poder o governante tem tanto que ameaçar para combater o desejo de vingança que sobre ele cai, mas também agradar para manter sua boa imagem e fugir de um ódio ativo do povo.
O povo, por outro lado, mantém-se sempre descontente com o presente, e é isso, segundo o herdeiro renascentista, que faz com que seja difícil se manter governando. Os olhos saudosistas para o passado - que não afeta mais os indivíduos - e esperançosos para o futuro - que ainda não os afeta - embaçam a visão deles e, sofrendo as paixões do presente, fixando o olhar nos pontos negativos, fazem com que se deseje euforicamente a mudança. Esses apontamentos sobre os governantes e sobre o povo decorrem de que “[...] o povo não deseja ser governado nem oprimido pelos grandes e estes desejam governar e oprimir o povo”.[footnoteRef:9] [9: MAQUIAVEL, Nicolau. 2016, p. 40.] 
Os gregos temiam que esse embate constante na política poderia causar uma guerra civil, sonhavam com assembleias unânimes, pois “A unidade, a comunhão dos cidadãos em torno das alegrias e das dificuldades, é que torna o corpo político saudável”.[footnoteRef:10] Mas quando Maquiavel se refere, segundo Bignotto, à divisão entre as duas instâncias não se refere ao desejo de haver divisão interna, mas à constatação de que há um embate real entre as diversas partes desiguais da sociedade. [10: BIGNOTTO, Newton, 2008, p. 90.] 
Partindo para a terceira parte do texto, o pós-doutor trará os temas da maldade e o desejo na natureza humana, o trecho que inicia o texto é do terceiro capítulo dos Discursos e expõe a afirmação da necessidade de se tomar por mal o ser humano na composição de um Estado e das leis. Isso deve ser feito pelo Príncipe, segundo o pós-doutor, pois “permite ao legislador reduzir o número de varáveis com as quais terá de lidar num momento em que todas as referências estão em questão”.[footnoteRef:11] [11: Ibid, p. 93.] 
Newton Bignotto afirma que segundo Maquiavel, em geral o ser humano não é nem totalmente mal nem totalmente bom, mas que o Príncipe deve considerá-lo como capaz dos piores atos. Na realidade as pessoas em geral são medíocres, pois não buscam grandes coisas com tanto afinco.
Tendo isso em vista e principalmente sobre a questão da visão temporal que o ser humano possui, nota-se que: “O julgamento das coisas humanas é, portanto, afetado por dois sentimentos básicos da natureza humana: temor e inveja”.[footnoteRef:12] [12: Ibid, p. 96.] 
Sendo assim, tudo o que se predicou acerca da natureza humana é de caráter negativo. Mas “ela é por demais complexa e submetida ao fluxo do tempo, para ser apreendida com a enumeração de alguns traços e qualidades antropológicasbem definidas, sejam elas quais forem”.[footnoteRef:13] [13: Ibid, p. 97.] 
Na conclusão Bignotto trata das implicações que seu artigo para a antropologia e outras ciências sociais.

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