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03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15 ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA AULA 3 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15 Prof.ª Jacqueline Colaço CONVERSA INICIAL Hoje estudaremos sobre como se concebeu o homem cristão. Estamos cientes de que há influências da forma de pensar cristã na sociedade ocidental e então devemos investigar o motivo pelo qual isso ocorre e tentar entender os fatores básicos desse pensamento que muda a visão dos profissionais que estudam a filosofia. Para tanto, devemos fazer uma linha histórica, abordando o momento no qual se situavam os primeiros pensadores dessa época e que tiveram muita importância. Desse modo, vamos tentar entender o momento inicial da Idade Média, a patrística, e seu principal pensador: Santo Agostinho, que afirmou que a criação do homem cristão é duvidosa sob o olhar da razão. Em contrapartida, vem a escolástica, em que se destaca São Tomás de Aquino, que fazia uso da razão e que aponta uma possibilidade de que o homem se volte para Deus. Figura 1 – Santo Tomás de Aquino, Aristóteles e Platão – pintura de Benozzo Gozzoli – Triumph des Hl. Thomas von Aquin über Averroes, Detail.1492. Museu do Louvre, Paris 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15 Crédito: CC-PD. Filosofia apostólica: essa filosofia estava de acordo com o começo do cristianismo, então os estudiosos dessa fase tinham a preocupação em falar sobre o que Jesus ensinava em um meio pagão. O nome se dá justamente pelo cristianismo inicial, que se baseava nas escritas bíblicas feitas pelos apóstolos. Um dos nomes representativos da época foi Paulo de Tarso, ou apóstolo Paulo, que tem muitas de suas escritas no Novo Testamento. Figura 2 – Bíblia Sagrada 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15 Crédito: Keep Smiling Photography/Shutterstock. Filosofia apologista: traz uma nova era que se relaciona com a apologia. Essa fase é retórica e consiste em defender algum tipo de ideal, que, nesse contexto, era a fé do cristão. Os teólogos apologistas usavam a mesma língua e os mesmos conceitos para falar com os helenistas. Defendia-se o modo de pensar do cristão como filosofia natural e maior que o modo de pensar greco-romano. Assim, reuniram, de certa forma, as duas maneiras de pensar que se disseminavam pelo Império Romano. Nessa fase, destacam-se Justino Mártir, Orígenes de Alexandria e Tertuliano. TEMA 1 – FILOSOFIA MEDIEVAL E CRISTIANISMO Em meados do século II d.C., o cristianismo se expressava contra o modo de pensar greco-romano. Essa oposição provinha do paganismo, herdado da maneira de ver greco-romana e no espiritualismo, duas formas convergentes de pensar. A filosofia anterior apresentava afirmações sobre o princípio originário, mas fazia isso de forma intelectual. 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15 O cristianismo vinha assumindo a crença incondicional de que a verdade era mostrada por Deus para os seres humanos. No século V d.C., ocorreram ataques ao Império Romano do Ocidente, vindos dos povos bárbaros, emergindo uma estrutura de sociedade europeia. Após isso, a Igreja se tornou a principal instituição da sociedade e se consolidou difundindo o pensamento do cristianismo, trazendo o modo antigo da filosofia e enfatizando respostas teológicas aos questionamentos religiosos, mantendo aspectos da filosofia antiga, como a trindade, a salvação e a relação entre fé e razão. A filosofia medieval surgiu na Europa durante a Idade Média, nos séculos V e XV, e tem como característica uma fase expansiva de consolidação do chamado cristianismo. Essa filosofia tenta unir a religião com a filosofia, embora isso pareça um paradoxo, pois as formas cristã e científica são modos de pensar diferentes. Seus principais conceitos são: inspirar-se na filosofia clássica, unir a maneira de pensar do cristianismo com o racionalismo; usar os princípios da filosofia grega e a busca pela verdade considerada divina. Muitos pensadores eram parte da Igreja nessa época, cujos grandes questionamentos eram a existência de Deus, da fé, da razão, da imortalidade, da salvação, do pecado, da encarnação divina, do livre-arbítrio das pessoas etc. Desse modo, os pontos reflexivos da era medieval não podiam se contrapor ao que dizia a Bíblia. O principal filósofo da era medieval foi Santo Tomás de Aquino, seguido de Aristóteles e Platão. O estudo da filosofia se deu antes desse período, pois, depois da morte de Jesus Cristo, a fé cristã precisou unir seus ensinamentos com a filosofia. A Idade Média foi uma parte da história ocidental que pode ser dividida em 4 fases: a filosofia dos padres apostólicos; a dos padres apologistas; a Patrística; e a Escolástica. Estas duas últimas tiveram grande importância na era da filosofia medieval. TEMA 2 – PATRÍSTICA No desenvolvimento do cristianismo, era preciso explicar seus princípios e os defender diante das autoridades romanas e da sociedade. 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15 A Igreja tinha consciência de que esses princípios poderiam ser colocados, mas não de forma imponente. Precisava-se apresentá-los de forma que convencesse o povo, que mexesse com o trabalho espiritual das pessoas para que elas entendessem o que estava sendo pregado. Assim, os primeiros padres da Igreja Católica começaram a escrever textos relacionados a fé. Isso visava a defesa do modo crististianista de ver as coisas e esse movimento era chamado de Patrística. A Patrística teve a fase da apologia, do século II ao IV d.C., o marco do movimento, em que se destaca o filósofo Agostinho de Hipona, depois conhecido como Santo Agostinho, nos séculos IV e V. Figura 3 – A Patrística Crédito: CC-PD. A Patrística surgiu a partir do século IV e ficou até o século VIII. Tem essa nomenclatura por conta dos textos que eram escritos pelos padres da igreja. Pater = pai, em latim. Figura 4 – Padres 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15 Crédito: Iunamarina/Shutterstock. Essa filosofia preocupava-se em unir o que vinha da filosofia grega ao que vinha do conceito do cristianismo. Era baseada em Platão e tinha a Palavra de Deus como princípio. Os filósofos da época tinham como primordial que o ser humano era capaz de compreender a existência de Deus por meio de revelação. Isso aconteceu no início da filosofia medieval, fase em que os cristãos estavam no Oriente e vão se expandindo pela Europa. Os pensadores da época eram também padres e seu princípio de pensamento era a fé. Os teólogos tinham que explicar princípios como o da imortalidade humana, o existir de somente um Deus, dogmas como a Santíssima Trindade, dentre outros assuntos filosóficos. Nessa fase destacam-se Santo Irineu de Lyon, Santo Inácio de Antióquia, São João Crisóstomo e Santo Ambrósio de Milão, porém o mais importante foi Santo Agostinho de Hipona. Figura 5 – A filosofia 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15 Crédito: Sabelskaya/Shutterstock. É preciso lembrar também que falamos do final do século XIX, em que existem as emergências da sociedade capitalista industrial, uma crise econômica bastante forte na Europa, uma disputa, uma guerra entre o proletariado e a burguesia, os camponeses perdendo seus espaços territoriais, a comuna de Paris e que todos esses elementos vão ter influência no pensamento de cada filósofo Essa conjuntura política faz com que o filósofo pense a sua obra com base na pesquisa empírica, procure soluções ou novos critérios morais para prestar à sociedade. TEMA 3 – HOMEM CRISTÃO: AGOSTINHO Bebendo da fonte da filosofia platônica, Agostinho (354-430) transforma a filosofia da alma eterna de Platão, retirando seu caráter racional a fim de torná-lo teológico. Essa perspectiva demonstra que Agostinho viveuuma grande crise existencial, uma verdadeira inquietação em busca do sentido da vida, que foi solucionada ao assumir a superioridade da alma humana, isto é, a supremacia do espírito sobre o corpo. Porém, para ele, a alma teria sido criada por Deus e, dominando sobre o corpo, servia para dirigi-lo para a prática do bem. Agostinho passa a enfatizar a subjetividade, a interioridade, diferente da filosofia grega, que vinculava o homem como ser social e político. Para Agostinho, o homem possui uma vinculação pessoal com Deus. Com base nesse olhar, entende-se que a vontade, para Agostinho, é a força que impulsiona a vida, mas não está ligada ao intelecto, como diziam os gregos; a vontade é iluminada por Deus. Figura 6 – Santo Agostinho 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15 Crédito: Renata Sedmakova/Shutterstock. TEMA 4 – A ESCOLÁSTICA A filosofia escolástica baseava-se em Aristóteles e foi uma época filosófica que aconteceu nos séculos IX e XVI. Surgiu a fim de expor sobre o fato de Deus existir, da alma do ser humano e da sua imortalidade. Em resumo, justificava a fé por meio da razão. A escolástica defendia que era possível conhecer Deus por meio do empirismo, da lógica e da razão. 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15 Defendia os cristãos das heresias que poderiam aparecer e ameaçar acabar com a cristandade. Os principais pensadores da escolástica foram Bernardo de Claraval, Pedro Abelardo, Guilherme de Ockham e João Duns Escoto. Porém, o mais importante foi São Tomás de Aquino e sua obra Summa Teológica, em que ele impõe preceitos que provariam o existir de um só Deus. Dos filósofos internacionais, o nome que se destaca é o de John Wycliffe. Figura 7 – John Wycliffe Crédito: German Vizulis/Shutterstock. Essa filosofia ficou até o Renascimento, até o início da Idade Moderna. No século VIII, Carlos Magno, rei dos francos, organizou e fundou escolas ligadas às instituições católicas. 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15 Figura 8 – Renascimento Crédito: Ardea Studio/Shutterstock. Adotou-se nessas escolas a educação romana, passando, então, o ensino a estar submetido à teologia. Nesse ambiente cultural, surge um movimento de produção filosófico-teológica denominado escolástica, em que a perspectiva aristotélica encontrou maior penetração. Nesse período, a busca de harmonização entre a fé e a razão manteve-se como problema básico, dividindo-se em três fases: a primeira foi caracterizada pela confiança perfeita na harmonia entre a fé e a razão; a segunda, pela harmonização parcial, merecendo destaque as obras de Tomás de Aquino; já a terceira foi marcada por disputas que realçam a diferença entre fé e razão. A escolástica desenvolveu significativos avanços no estudo da lógica, baseados no pensamento de Boécio, que, mesmo tendo vivido no séc. V, é considerado o primeiro escolástico. Figura 9 – Escolástica 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15 Crédito: CC-PD. TEMA 5 – SÃO TOMÁS DE AQUINO Tomás de Aquino se destaca no século XIII como um dos principais pensadores da escolástica medieval. Seus pensamentos são baseados nos de Aristóteles em relação ao ser. Assim, ele enfatizava a realidade sensorial e a lógica aristotélica. Ele afirma que o ser é ou não é, e que não há possibilidade de contradições a esse respeito, existindo uma diferença entre ser e essência, e uma divisão da metafísica em duas partes: a do ser de forma em geral e a do ser pleno, Deus. Para o filósofo Aquino, todos possuem dois lados: o ato e a potência, sendo o ato a existência atual e a potência, a capacidade de ser. Sendo assim, Deus é o ato puro. É ser, e o povo, a sociedade, tem que ser Deus. Isso significa que Deus é quem permite às essências se concretizam nos seres que existem. São Tomás de Aquino introduziu, então, o chamado racionalismo aristotélico e se tornou o principal filósofo por colocar a prova a existência de Deus como ser preciso por todos. 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15 Figura 10 – São Tomás de Aquino Crédito: Karl Allen Lugmayer/Shutterstock. NA PRÁTICA Nesta etapa estudamos o crer e o entender. Falamos sobre filósofos cristãos e como buscam unir a fé com a razão, cada um do seu modo. Sendo assim, faça uma reflexão a respeito de como você enxerga a fé e a razão, no que você acredita e o que precisa para acreditar nisso, ou seja, uma reflexão sobre ser e acreditar, tentando trazer para os seus pensamentos os princípios das filosofias que vimos hoje. FINALIZANDO Vimos hoje a concepção do homem cristão. Soubemos da influência do pensamento cristão na sociedade ocidental e conseguimos identificar e compreender os aspectos desta filosofia que modificou o olhar antropológico. Fizemos um breve apanhado histórico, situando o momento histórico em que os primeiros filósofos cristãos se fizeram presente. 03/03/2023 12:30 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15 Saiba mais ABRÂO, B. (org.). História da filosofia. São Paulo: Nova Cultura, 2014. (Coleção Os Pensadores). REFERÊNCIAS ABRÂO, B (org.). História da filosofia. São Paulo, Nova Cultura, 2014. (Coleção Os Pensadores). ARENDT, H. A condição humana. Lisboa: Relógio D’água, 2001. CASSIRER, E. Antropologia filosófica: ensaio sobre o homem. São Paulo: Mestre Jou, 1977. DESCARTES, R. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 2004 GALANTINO, N. Dizer o homem hoje: novos caminhos da antropologia filosófica. São Paulo: Paulus, 2003 JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. LIMA VAZ, H. Antropologia filosófica I. São Paulo: Loyola, 1991. _____. Tomás de Aquino: pensar a metafísica na aurora do novo século. Síntese, n. 73, 1996. MONDIN, B. 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