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Obrigação de DAR (entregar, restituir e pagar) - Parte Especial

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Direito das Obrigações
Professora Naiara 
Direito Civil
Modalidades das obrigações: Obrigações de dar, de fazer, de não fazer, alternativas, divisíveis e indivisíveis e solidárias.
1. CONCEITOS DE OBRIGAÇÃO.
Conceito: É a relação jurídica que existe entre devedor e credor, que consiste no cumprimento de uma prestação que pode consistir em um dar, um fazer ou um não fazer. 
· CREDOR: É o sujeito (natural ou jurídico) que tem o direito de receber uma prestação;
· DEVEDOR: É o sujeito (natural ou jurídico) que tem a obrigação de realizar uma prestação;
· OBRIGAÇÃO: É o vinculo jurídico que liga os dois sujeitos: liga o credor ao devedor. Podendo ser essa obrigação de dar, fazer e não fazer.
VINCULO JURÍDICO
↗ ↖
↙ ↘
CREDOR ↔ DEVEDOR
EXEMPLOS
· Dar: Realizar um pagamento, obrigação de dar dinheiro.
· Fazer: Construir uma casa, obrigação de fazer um serviço
· Não fazer: Na construção de um prédio não fazer mais de dois andares, obrigação de não fazer.
PERGUNTAS
· Como o credor exerce seu direito e obriga o devedor a cumprir a obrigação?
R: O credor deverá ajuizar uma ação no judiciário para que o juiz obrigue o devedor a cumprir a obrigação. Atribuindo assim seu direito subjetivo, que é o direito da pessoa exigir da outra uma prestação, um dever de prestar algo sem seu favor.
· Como o juiz poderá obrigar o devedor a cumprir a obrigação?
R: Se for uma obrigação de pagar (dar), o juiz poderá penhorar valores na conta bancária do devedor; Se for uma obrigação de fazer, o juiz poderá fixar uma multa diária pelo descumprimento, e assim por diante.
2. MODALIDADES OBRIGACIONAIS
· Obrigações propter rem (próprias da coisa): São aquelas que vem junto com o bem comprado, transmitindo-se automaticamente ao seu novo titular, como por exemplo multas em veículo transferido.
· Obrigações de ônus real: É aquela que limita o uso da propriedade, consistindo em uma consequência, um ônus ($), como por exemplo penhor ou hipoteca. 
· Obrigações de eficácia real: São obrigações oponíveis a terceiro que, adquire-se o direito sobre determinado bem, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, como por exemplo, João aluga um imóvel e ele subloca para Paulo, as obrigações do contrato atingirão até mesmo o terceiro que sublocou o imóvel.
3. ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO
A. Elemento Subjetivo ou Pessoal: Sujeitos da relação obrigacional, podendo ser o sujeito ativo (credor) ou o sujeito passivo (devedor); Pode-se também ser o credor ou dever determinado (quando se sabe exatamente quem é, João) ou indeterminado (quando não se sabe quem é, como o ganhador da rifa N° 101);
B. Elemento Objetivo ou Material: Consiste na prestação de dar, fazer ou não fazer, e também no objeto da prestação; 
· Essa prestação pode ser positiva (exige ação do devedor, sendo elas de dar ou de fazer), ou negativa (exige a omissão do devedor, sendo ela de não fazer);
· Os objetos da relação obrigacional podem ser objeto direto (imediato), sendo este a própria prestação do devedor (dar, fazer ou não fazer). Ou de objeto indireto, sendo o próprio bem em si;
· O objeto da relação tem que obedecer ao Art. 104 do CC, ou seja, tem que ser objeto lícito, possível, determinado ou determinável.
C. Elemento Ideal ou Imaterial: É o vínculo jurídico entre o credor e o devedor;
· Adota-se a teoria eclética para explicar esse elemento, que defende que o débito e a obrigação de satisfazer o débito são essenciais para o vínculo obrigacional.
4. FONTES DAS OBRIGAÇÕES
A. As obrigações decorrem: da lei, fonte imediata (pagamento de tributos estipulados em lei), ou da vontade, fonte mediata (casamento, contratos, testamento).
B. Fontes Imediatas ou Primária: Decorre da lei, como por exemplo o art. 1694 do CC, que prevê a obrigação de prestar alimentos entre pais e filhos (pensão alimentícia);
C. Fontes Mediatas das obrigações: São 3, o ato jurídico em sentido estrito (ato humano que gera consequências previstas na lei, exemplo Art. 1233 devolver coisa alheia ao dono), o negócio jurídico (ato jurídico com intenção negocial entre as partes, podendo ser contratos ou atos unilaterais da vontade como promessa de recompensa) e o ato ilícito (são os ato ilícitos que causam danos a outrem), pois derivam da fonte imediata que é a lei.
5. OBRIGAÇÕES DA DAR (ART. 233 AO 246 DO CC)
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR
DEVEDOR = VENDEDOR
CREDOR = COMPRADOR
A. As obrigações de dar compreendem algumas espécies de prestações, que podem ser: Obrigações de dar – Entregar (transferência de domínio), Obrigações de dar – Restituir (devolver, foi somente emprestado) e Obrigações de dar – Pagar (Money Money).
B. São obrigações positivas, pois exigem uma ação do devedor, como por exemplo, a entrega de um carro (obrigação de dar)
C. As obrigações de dar são divididas em dar coisa certa e dar coisa incerta, e está estipulada no art. 104 do CC. 
D. Objeto determinado: Objeto certo (quantidade, qualidade e gênero); Temos como exemplo: Qualidade: Carro Uno, Fiat, branco, 2018, placa BMV-0000, RENAVAM 000000000, chassi 9BD123457, Quantidade:1, Gênero: Carro;
E. Objeto determinável: Objeto Incerto (quantidade e gênero); Temos como exemplo: João fica obrigado a entregar, no dia 28 de agosto de 2019, 1.000 (mil) camisetas à Pedro.
F. A quem cabe a escolha? Art. 244 do CC, se nada for dito em contrato cabe ao devedor escolher nem o pior e nem ser o obrigado a dar o melhor, se escolhe o de qualidade mediana.
Art. 233 – Obrigação de dar coisa certa (determinada); compreendendo também todos os acessórios dessa coisa certa, como por exemplo a câmera de ré instalada no carro, salvo se o contrário resultar de contrato (título) ou das circunstâncias do caso. Essa obrigação de dar os acessórios junto com a coisa certa decorre do princípio da gravitação jurídica (os acessórios seguem o bem principal ≠ das pertenças que não seguem esse princípio art. 94);
· Bens principais (Pertença): São bens que se destinam de modo duradouro ao serviço ou aforseamento do outro. Não é parte integrante do bem principal. 
 Ex: Sofá, ar condicionado.
· Bens acessórios: São bens que necessitam de outro para existir ou ter finalidade.
 Ex: Porta, parede.
Art. 234 – Perecimento (perda total) da coisa certa; nos dois casos a perda se dá antes da tradição (entrega), ou seja, enquanto pendente a condição suspensiva;
· Perda do bem SEM CULPA do devedor: O devedor não tem responsabilidade, assim, se extingue a obrigação para ambas as partes; Ex: João vendeu um carro para Maria, mas antes da tradição o carro foi pego por uma enchente e sofreu perda total, João terá de devolver o dinheiro de Maria e se extingue a obrigação para ambas as partes;
· Perda do bem POR CULPA do devedor: Devedor tem responsabilidade, o devedor deve ressarcir e indenizar o credor; Ex: João vendeu seu carro para Maria, e ficou de entregar no sábado, mas na sexta-feira João dirigindo embriagado arremessou o veículo em um rio, vindo a causar perda total do veículo;
Art. 235 e 236 – Deterioração (perda parcial) da coisa certa; nos dois casos o credor terá o direito de cobrar as perdas e danos.
· Art. 235 – NÃO SENDO o devedor culpado da coisa deteriorada, poderá o credor resolver a obrigação e considerar extinta a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu; Ex: 1° CASO (Não aceitar a coisa deteriorada), João vendeu seu carro para Maria e ficou de lhe entregar no sábado, mas na sexta choveu granizo e danificou a lataria do carro de João, assim, Maria não tem interesse em ficar com o carro e por esse motivo prefere dar por extinta a obrigação; 2° CASO (Receber a coisa deteriorada), É o mesmo caso, o carro foi danificado por uma chuva de granizo e apesar da deterioração do carro maria pretende ficar com o veículo, mas João terá de atender ao direito de Maria de abater o valor referente a depreciação do veículo.
· Art. 236– SENDO CULPADO o devedor, o credor poderá não aceitar a coisa deteriorada exigindo o valor em dinheiro caso já tenha pago o valor, mais perdas e danos, ou, aceitar a coisa deteriorada no estado em que se encontra, exigir o valor da depreciação já pago, mais perdas e danos; Ex: 1° CASO (Não aceitar a coisa deteriorada + valor depreciação do bem + perdas e danos), João é motorista e deixa seu carro na oficina, o carro sofre um acidente dentro da própria oficina estragando a lateral de seu carro, João não pretende ficar com o carro deteriorado, assim prefere receber o valor corrigido pelo que pagou no carro + perdas e danos que sofreu em virtude desse acidente, sendo ele motorista; 2° CASO (Receber a coisa deteriorada + valor da depreciação do bem + perdas e danos), É o mesmo caso, mas João dessa vez decide receber o carro deteriorado + receber o valor da depreciação do em + as perdas e danos que sofreu em virtude de não realizar seu trabalho de motorista
Art. 237 – Cômodos da coisa (melhoramento do bem): Cômodos significa vantagens, melhoramentos, benfeitorias. 
· Melhoramento do bem: Se antes da tradição, o bem sofrer melhoramentos ou acréscimos, (1) o devedor poderá exigir aumento no preço do bem, (2) se o credor não aceitar o aumento no preço, o devedor poderá resolver a obrigação. Ex: João vende uma égua por 10 mil para Rafael, mas antes da tradição a égua fica prenha e que iria dar cria, João entendeu um acréscimo no bem, e pretende pedir um valor maior pela égua, caso Rafael não aceite pagar o aumento João poderá dar por resolvida a obrigação.
· Frutos (parágrafo único): (1) Até a entrega do bem, os frutos percebidos pertencem ao devedor. (2) Após a entrega do bem, os frutos pendentes pertencem ao credor. s
· Melhoramento: É tudo aquilo que se aumenta a qualidade do bem, muda o bem para melhor. Ex: a
· Acréscimo: É tudo aquilo que se acrescenta ao bem, aumenta o bem em si. Ex: Ilha que se formou na fazenda por conta de chuvas.
· Frutos percebidos: São aqueles que já foram colhidos; separados do bem principal.
· Frutos pendentes: São aqueles que ainda estão ligados ao bem principal.
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR
DEVEDOR: Aquele que está em posse da coisa – locatário 
CREDOR: Dono da coisa – proprietário 
Art. 238 e 239 – Perda da coisa a ser RESTITUÍDA.
Art. 238 – Perda da coisa a ser restituída SEM CULPA do devedor: Se a coisa se perder antes de ser devolvida o credor sofrerá a perda do bem e se resolve a obrigação. Ex: João alugou seu carro para Rafael. No quinto dia o carro foi furtado dentro da garagem de Rafael, por Rafael não ter culpa, ele não será obrigado a devolver o carro ou indenizar João, sendo que a obrigação de restituir o carro será extinta.
Art. 239 – Perda da coisa a ser restituída POR CULPA do devedor: O credor terá direito de receber o valor equivalente ao bem e perdas e danos. Ex: Mesmo exemplo do anterior só que dessa vez Rafael colidiu contra um poste, vindo a causar a perda total do veículo de João.
Art. 240 – Deterioração da coisa a ser restituída:
· SEM CULPA do devedor: O devedor não tem responsabilidade, por isso o credor deverá receber a coisa deteriorada no estado em que se encontra, o credor não terá direito à indenização (perdas e danos). Ex: João foi viajar por 1 mês e deixou seu carro no estacionamento de Rafael que corou R$ 300,00, quando João voltar de viagem Rafael tem a obrigação de devolver o veículo para João. Ocorre que durante esse período uma arvore caiu sobre o carro de João por conta de uma ventania. Considerando que Rafael não teve culpa pelo evento que danificou o carro de João, Rafael não terá responsabilidade, assim, João deverá receber o carro danificado no estado em que se encontra sem receber indenização.
· POR CULPA do devedor: O credor poderá escolher entre, receber o equivalente em dinheiro + perdas e danos; ou receber a coisa deteriorada no estado em que se encontra + perdas e danos.
Art. 241 – Cômodos (melhoramento) da coisa a ser restituída: Trata de melhoramentos enquanto a coisa está com o devedor, mas esses melhoramentos ou acréscimos não tiveram a participação do devedor (locatário). O devedor não tem direito à indenização tendo em vista que ele não contribui para tal melhoramento, já o credor que é o proprietário terá o direito de receber o bem com o melhoramento ou acréscimo sem indenizar o devedor. Ex: João emprestou sua fazenda para Rafael para plantar milho por 2 anos, nesse período o rio que margeava a fazenda secou, aumentando em 10% a área da fazenda. Tratando-se de um fortuito da natureza, Rafael no momento da entrega não terá nenhum direito de indenização.
Art. 242 – Benfeitorias de boa-fé e má-fé: Quando o devedor contribuiu com seu trabalho, ou mediante despesas, para os melhoramentos ou acréscimos no bem a ser restituído ao credor. As disposições sobre as benfeitorias de boa-fé e má-fé estão disciplinadas do Art. 1219 ao 1222 do CC
· Benfeitorias Necessárias: São aquelas que visam unicamente reparar danos emergentes. Ex: Reparo na parede, telhado etc.
· Benfeitorias Úteis: Obras que facilitam o uso do imóvel. Ex: A construção de uma garagem, tornando o imóvel mais confortável seguro ou ampliando sua utilidade.
· Benfeitorias Voluptuárias: São aquelas apenas para o aforseamento do bem, é apenas estético. Ex: Pintar a casa ou fazer um jardim.
	DEVEDOR DE BOA-FÉ
	
Boa-fé
	
Benfeitorias Necessárias
	Tem direito á indenização pelo valor atual (dos materiais), podendo reter o bem enquanto não for ressarcido.
	
Boa-fé
	
Benfeitorias Úteis
	Tem direito á indenização, podendo reter o bem enquanto não for ressarcido.
	
Boa-fé
	
Benfeitorias Voluptuárias
	Caso não receba por elas, tem direito de levantá-las (pegar e levar embora), desde que não haja prejuízo ao bem principal.
	DEVEDOR DE MÁ-FÉ
	
Má-fé
	
Benfeitorias Necessárias
	Tem direito à indenização, sem direito de retenção, será indenizado pelo valor atual ou pelo de custo (material), à escolha é do credor (proprietário).
	Má-fé
	Benfeitorias Úteis
	Não tem direito à indenização!
	
Má-fé
	
Benfeitorias Voluptuárias
	Não tem direito à indenização nem ao levantamento (pegar e levar embora).
Art. 242 – Parágrafo Único 
	FRUTOS
	Boa-fé (art. 1214)
	Tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos. 
	
Má-fé (art. 1216)
	Somente será indenizado pelas despesas de produção e custeio. Responderá pelos frutos que deixou de colher (perdidos)

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