Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LOGÍSTICA REVERSA Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Antonio Pedro Barbosa CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Profa. Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Roberto Gärtner Revisão Gramatical: Iara de Oliveira Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2016 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.71 B238l Barbosa, Antônio Pedro Logística reversa / Antônio Pedro Barbosa. Indaial : UNIASSELVI, 2016. 138 p. : il. ISBN 978-85-69910-27-5 1. Logística Empresarial. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Antonio Pedro Barbosa Mestre em Gestão Moderna de Negócios pela Universidade Regional de Blumenau - FURB em (2000). Até 2012 atuou como professor da Centro Universitário Facvest, na cidade de Lages, ministrando as disciplinas de Administração de Materiais e Patrimônio, Administração de Serviços, Administração da Produção, Logística na Cadeia de Suprimento, Administração de Marketing e Empreendedorismo. Atuou como Professor do Centro Universitário Leonardo da Vinci, nos Cursos de Graduação a Distância - NEAD, atuando como responsável pelas disciplinas de Marketing Industrial e de Serviços; Marketing de Vendas; Marketing de Relacionamento; Pesquisa de Mercado; Logística de Suprimento e Distribuição; Logística da Produção e Serviços; Logística Reversas e Análise de Transportes até junho de 2015. Com vasta experiência docência e conhecimentos práticos na área administrativa, onde atuou em grandes empresas como Gerente de Compras e Gerente de Vendas. Autor do livro Princípios Básicos da Logística na Cadeia de Suprimentos publicado pela Qualitymark Editora no ano de 2013. Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Fundamentos da Logística Reversa ..........................................09 CAPÍTULO 2 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa ........29 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 Competitividade Sustentável e Logística Reversa .................61 Ciclo de Vida dos Bens de Revalorização: Destinação e Reutilização ..............................................................................89 Barreiras à Logística Direta e à Logística Reversa .............119 APRESENTAÇÃO Quando falamos em Logística, estamos referindo-nos às atividades relacionadas com compras, recebimento, produção, armazenagem, transporte, circulação, distribuição, retorno dos materiais de pós-venda e pós-consumo, bem como reciclagem e o reaproveitamento dos resíduos sólidos. Portanto, de acordo com os vários autores pesquisados, existem basicamente dois ramos da Logística: a Logística Direta e a Logística Reversa. O conceito de Logística Reversa é mais abrangente do que o conceito de Logística Empresarial, que significa, em sua essência, a sequência de atitudes e ações bem planejadas, bem executadas e bem administradas de acordo com cada etapa do processo produtivo e distributivo, cujo início ocorre com a aquisição dos recursos externos, principalmente a compra da matéria-prima, a qualificação da mão de obra, aquisição de máquinas e equipamentos, bem como veículos tecnologicamente viáveis. Porém não basta ter acesso aos recursos existentes, é preciso que estes recursos estejam adequados às demandas de produção, de distribuição e somados a outros elementos, como: o remanejamento dos produtos de pós-venda e dos materiais resultantes do pós-consumo. Estes elementos estão relacionados à coleta, ao conserto, à reciclagem, à venda no mercado primário, ou no mercado secundário, ou, até mesmo, o seu descarte final. Esta complementação forma a Logística Integral, uma vez que não dá para desassociar uma da outra, isto é, a Logística Reversa é uma extensão da Logística Empresarial. O nosso caderno foi desenvolvido por meio dos seguintes capítulos: No capítulo 1, estudaremos a Fundamentação, importância e objetivos da Logística Reversa, bem como sua diferença em relação à Logística Verde. No capítulo 2, concentrar-nos-emos nos modelos e na evolução conceitual da cadeia de suprimentos; o processo tecnológico, o ciclo de vida do produto e o meio ambiente; os pré-requisitos para o sucesso na cadeia de suprimentos e os fatores motivacionais para a adoção das estratégias logísticas. No capitulo 3, vamos conceituar a Logística Empresarial e a competitividade de mercado, a Logística Reversa e as oportunidades de negócios, a dimensão quantitativa e qualitativa do mercado da Logística Reversa. No capítulo 4, classificaremos os produtos de pós-venda e de pós-consumo; os motivos das devoluções dos bens de pós-venda; as redes de apoio aos produtos de pós-consumo; os motivos da reutilização dos bens duráveis de pós- consumo; o processo de reciclagem e venda dos materiais de pós-consumo; e o ciclo reverso dos materiais de pós-consumo abertos e fechados, bem como conheceremos um pouco os tipos e as aplicações das embalagens na produção, no manuseio, transporte e em seu descarte no mercado secundário, relacionado com a Logística Reversa. No capítulo 5, estudaremos as barreiras que impedem ou atrapalham a execução da Logística Reversa; problemas comuns à implantação da Logística Reversa e as estratégias para evitar problemas com ela, finalizando com uma visão geral da Logística Reversa e seu impacto no mundo dos negócios, em níveis nacional e internacional. Iniciemos os estudos? Então, vamos lá! O autor. CAPÍTULO 1 Fundamentos da Logística Reversa A partir da perspectiva do saber fazer, neste cápitulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os principais aspectos da Logística Reversa, fundamentação, im- portância e seus objetivos. Diferenciar a Logística Reversa da Logística Verde. 10 LOGÍSTICA REVERSA 11 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Contextualização Neste capítulo, abordaremos de maneira clara os fundamentos da Logística Reversa, bem como alguns tópicos relacionados a sua importância e sua abrangência no mundo dos negócios e, principalmente, sua relação e contribuição na minimização dos efeitos nocivos ocasionados pelo descarte dos produtos relacionados com o pós- consumo. Sendo assim, procuraremos esclarecer o significado, os objetivos e o que a Logística Reversa representa para a cadeia de suprimentos. Desse modo, teremos a oportunidade de conhecermos um pouco mais sobre a Logística Reversa, sua fundamentação, sua importância para o meio ambiente e para o desenvolvimento dos negócios, os conceitos de Logística Reversa e Logística Verde, bem como suas respectivas áreas de atuação, pois, enquanto a primeira está preocupada com a revalorização dos resíduos gerados pelo consumo, a outra está voltada para a produção em si, isto é, com a produção limpa, ou enxuta, com menos desperdícios e, consequentemente, menos produtos a serem devolvidos e menos geração de materiais a serem descartados no meio ambiente. Portanto, o objetivo principal é facilitar o conhecimento do aluno de tal forma que ele possa ser capaz de compreender a trajetória evolutiva da Logística, antes centrada nas técnicas e filosofias administrativas e conceituais, implantadas e focadas no âmbito interno das organizações, como é o caso da qualidade total, 5s, Just-in-time, dentre outras,tendo alguns desses conceitos, como é o caso do JT, surgido pela necessidade de as organizações terem os materiais certos, no local certo e no tempo certo. Tal perspectiva passou a ser um referencial para a implantação da dinâmica no atendimento do consumidor final. Mas, hoje, o processo logístico ficou centrado apenas no “Sistema Logístico de Resposta Rápida ao Cliente”, visivelmente baseado na competitividade e não somente na produtividade, o que podemos considerar um passo decisivo para a integração da Logística, isto é, a Logística Empresarial mais a Logística Reversa. Fundamentação da Logística Reversa A fundamentação da Logística Reversa está pautada em alguns alicerces de sustentabilidade, relacionados ao meio ambiente, que podemos definir como: produção e consumo responsável, responsabilidade social, ciclo de vida do produto, reciclagem, revalorização e reaproveitamento dos materiais de pós- consumo, imagem coorporativa, regulamentação, meio ambiente e qualidade de vida. Essa é a proposta atual da Logística Reversa, considerada um avanço em termos estratégicos relacionados à compra, à produção, à distribuição e ao consumo responsável. 12 LOGÍSTICA REVERSA A Logística Reversa é uma disciplina ainda em fase de desenvolvimento, sendo assim, achamos por bem não nos atermos de forma muito prolongada em seu passado histórico. De acordo com Leite (2009), a mudança de hábitos pelos empresários brasileiros, aliada ao crescimento da economia, a um melhor direcionamento na busca de novas ideias e a consolidação de objetivos, teve uma grande influência no processo de desenvolvimento da Logística, porém, ainda segundo o autor, mesmo com o crescimento e o interesse na utilização desse novo modelo estratégico por parte do empresariado, faltavam-lhes apenas conhecimentos sobre os processos e valores envolvidos na movimentação da Logística Reversa. Leite (2009, p. 16) revela que: “São nessas condições que a Logística Reversa cresceu em visibilidade nas últimas décadas, o que levou a uma quantidade maior de estudos e evolução na sua definição”. Na sequência, Leite (2009, p. 16) faz um breve histórico da evolução da Logística Reversa a partir da década de 90. Em CLM (1993:323): “Logística reversa é um amplo termo relacionado às habilidades e atividades envolvidas no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de produtos e embalagens...”. Em Stock (1998:20) encontra-se a definição: “Logística reversa: em uma perspectiva de logística de negócios, o termo refere-se ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reúso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e remanufatura...”. Em Rogers e Tibben-Lembke (1999:2) a Logística Reversa é definida como: “Processo de planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias- primas, estoques de processo, produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu destino”. Outra definição de Logística, que abrange novas áreas de atuação, incluindo o gerenciamento dos fluxos reversos, é apresentada por Dornier et al. (2000 apud LEITE, 2009, p. 16): Logística é a gestão de fluxos entre funções de negócio. A definição atual de logística engloba maior amplitude de fluxos do que no passado. Tradicionalmente, as empresas incluíam a simples entrada de matérias-primas ou o fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de logística. Hoje, no entanto, essa definição expandiu-se e inclui todas as formas de movimentação de produtos e informações [...]. “São nessas condições que a Logística Reversa cresceu em visibilidade nas últimas décadas, o que levou a uma quantidade maior de estudos e evolução na sua definição”. 13 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Portanto, além dos fluxos diretos tradicionalmente considerados, a logística moderna engloba entre outros, os fluxos de retorno de peças a serem reparadas, de embalagens e seus acessórios, de produtos vendidos, devolvidos e de produtos usados/consumidos a serem reciclados. Ainda de acordo com Leite (2009), a definição atual de Logística engloba todos os fluxos, inclusive o fluxo reverso dos produtos de pós-vendas, que são devolvidos por algum motivo, e materiais de pós-consumo, não existindo uma bibliografia que comprove esta afirmação. Portanto, temos que aguardar mais um pouco, pautando-nos, desse modo, no termo Logística Reversa e no conceito de Cadeia de Logística Integrada, sugerido por Guarnieri (2011, p. 36-37), ao afirmar que a Logística Reversa: [...] envolve desde o processo de pedidos, compra da matéria- prima, sua transformação e distribuição até o consumidor final, muitas vezes podem ser repetidas uma vez mais, quando produtos usados e descartados são reciclados e voltam ao canal logístico. Estes resíduos e/ou materiais anteriormente descartados no meio ambiente, geradores de considerável impacto ambiental também possuem outra faceta que deve ser considerada pelos gestores, que é o seu potencial de retorno econômico. Esta nova concepção do processo logístico fez então emergir a logística reversa. Em relação ao retorno econômico, o qual, segundo Miguez (2012), é um fator potencial e responsável pelo desenvolvimento rápido da Logística Reversa, além de outras considerações, também concorda com Guarnieri (2011), ao afirmar que: Diversos fatores motivam as empresas a adotarem os procedimentos da logística reversa, tais como conscientização dos consumidores, pressão do governo, questão legal, responsabilidade ambiental e gestão de lucro.Em quase todos os casos, a visão de lucro se faz presente (MIGUEZ, 2012, p. 17). Na sequência, podemos visualizar as atividades logísticas propostas por Guarnieri (2011): 14 LOGÍSTICA REVERSA Figura 1 – Cadeia de Logística Integrada Fonte: Adaptado de Guarnieri (2011, p. 34). De acordo com a figura anterior, relacionada às atividades logísticas, Guarnieri (2011) se refere às atividades da Logística Reversa apenas no âmbito dos bens, produtos ou materiais que ela envolve, não definindo, no entanto, os passos necessários para que tais produtos de pós-consumo cheguem até o seu destino final. Conforme Kumar e Malegeant (2005 apud MIGUEZ, 2012, p. 10), geralmente o processo segue os seguintes passos: - Coleta: onde a empresa providencia o retorno dos produtos. Pode ser por intermédio de uma transportadora contratada, através de transporte próprio para buscar as mercadorias, ou, então, os clientes podem levar o produto até a empresa, o que ocorre com produtos que vão para assistência técnica, por exemplo. - Inspeção/Separação: nesta parte, os produtos são inspecionados e separados os que podem ser reaproveitados dos que têm que ser descartados. Cadeia de Logística Logística de Suprimento Envolve as relações Fornecedor/ Empresa Envolve todas as áreas de conversão de materiais em produtos acabados Envolve as relações empresa - cliente - consumidor Envolve as atividades para que os bens de pós- consumo retorne ao processo produtivo ou de negócios Logística de Produção Logística de Distribuição Logística Reversa 15 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) A Logística Direta está relacionada ao fluxo de materiais, que vai da produção ao mercado consumidor. Sendo assim, diga qual a abrangência ou o ciclo da Logística Reversa, isto é, onde ele começa e onde termina? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ - Reprocessamento: é onde os produtos sofrem algum tipo detransformação, para que ele ou parte de seus componentes sejam reaproveitados. Descarte: os produtos que não foram aproveitados (por razões econômicas ou técnicas) são enviados para incineração ou para aterros. - Redistribuição: é o envio do produto de volta para o mercado ou como novo ou como produto de segunda linha. Nesta parte, incluem-se atividades de venda, transporte e armazenamento. Portanto, a Logística Reversa inicia suas operações no exato momento em que a Logística Direta encerra as suas, uma vez que, após a entrega do produto ao cliente final, são gerados materiais que necessitam ser reinseridos no ciclo produtivo e/ou de negócios, possibilitando um ciclo logístico fechado. Todas as ações citadas no parágrafo anterior têm como principal objetivo a busca de resultados positivos, garantindo, assim, o desenvolvimento, a lucratividade, a competitividade e a sustentabilidade do negócio, mas, é preciso que estas ações estejam alinhadas e integradas com toda a cadeia de desenvolvimento econômico, social e ambiental, ou seja, empresa, produção, consumo e meio ambiente, que são os temas principais do nosso Caderno de Estudo. A Logística Reversa inicia suas operações no exato momento em que a Logística Direta encerra as suas. 16 LOGÍSTICA REVERSA A Importância e os Objetivos da Logística Reversa A importância da Logística Reversa está centrada na conservação do meio ambiente, com a revalorização dos produtos e materiais resultantes do pós- consumo, que são coletados e destinados de acordo com a sua classificação, bem como suas condições de aproveitamento ou descarte no meio ambiente. No entanto, a Logística Reversa ganha força e mais importância com a Lei n. 12.305 de 02 de agosto de 2010, na qual foram instituídas políticas de resíduos sólidos, prevendo seu gerenciamento e sua gestão, em acordos firmados entre a União, Estados e Municípios e os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e a sociedade de modo geral. Sendo assim, a referida Lei também estabelece um diferencial entre a gestão e o gerenciamento, além dos conceitos relacionados com a Logística Reversa, os Padrões Sustentáveis de Produção e Consumo, a Reciclagem, os Rejeitos, os Resíduos Sólidos. Igualmente, trata de um elemento da maior importância: a Responsabilidade Compartilhada. Portanto, para um melhor entendimento sobre o assunto, resolvemos explicitar os artigos que conceituam os termos mencionados: LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: [...] X - gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas direta ou indiretamente nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei; XI - gestão integrada de resíduos sólidos: conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social e sob a premissa do desenvolvimento sustentável; 17 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; XIII - padrões sustentáveis de produção e consumo: produção e consumo de bens e serviços de forma a atender as necessidades das atuais gerações e permitir melhores condições de vida, sem comprometer a qualidade ambiental e o atendimento das necessidades das gerações futuras; XIV - reciclagem: processo de transformação dos resíduos sólidos que envolvem a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos, observadas as condições e os padrões estabelecidos pelos órgãos competentes do Sisnama e, se couber, do SNVS e do Suasa; XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; Fonte: Brasil (2010). 18 LOGÍSTICA REVERSA Como podemos perceber, a referida Lei teve como um dos principais objetivos a implementação da responsabilidade compartilhada em relação ao ciclo de vida dos produtos, do processo produtivo, da matéria-prima, do consumo e da sua disposição final, que incluem, também, sua recuperação e reutilização, como uma forma de evitar danos à saúde pública e ao meio ambiente. Essa regra ou normas valem para quem fabrica, importa, distribui, bem como para quem consome. Abrange, igualmente, as responsabilidades do poder público. Atividade de Estudos: 1) A Lei 12.305 de 2 de agosto de 2010 estabelece um diferencial entre a gestão e o gerenciamento, além dos conceitos relacionados com a Logística Reversa, Padrões Sustentáveis de Produção e Consumo, Reciclagem, Rejeitos, Resíduos Sólidos, dentre outros ritos necessários ao desenvolvimento sustentável e a proteção ambiental. Diante do que você aprendeu, qual a diferença entre Reciclagem e Rejeitos? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A Diferença Entre a Logística Reversa e Logística Ecológica ou Verde A Logística está presente em diversas atividades da empresa e em várias atividades sociais. Além de oferecer soluções relacionadas à redução de custos e aumento do nível de serviço, ela envolve atividades para a promoção de segurança, melhoria de qualidade de vida, controle ambiental e ecológico, dentre outros. Nesse sentido, faz-se necessário distinguir a Logística Reversa e a Logística Verde. 19 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Conforme a Lei n. 12.305 de 02 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), a Logística Reversa é um: [...] instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. A partir do conceito de Logística Reversa, podemos perceber que há uma considerável distinção entre esta e a Logística Verde. Veja: [...]a logística verde ocupa-se em compreender e minimizar os impactos ecológicos gerados pelas atividades logísticas. Tais atividades incluem ainda a medição do impacto ambiental gerados pelos diversos meios de transportes, certificações ISO 14000, redução de consumo de energia, bem como, a redução do uso de materiais. É prudente evidenciar também que muitas atividades da logística verde não estão relacionadas de forma direta com a logística reversa, porém há relação indireta ao considerarmos os aspectos de marketing e produção, utilização, reúso, reciclagem, entre outros (TADEU et al., 2012, p. 18). A ISO 14000, mencionada na citação anterior, faz parte da gestão e do cumprimento de uma série de normas ambientais (certificações ambientais), de acordo com as normas da ABNT. As Normas tornam o desenvolvimento, a fabricação e o fornecimento de produtos e serviços mais eficientes, mais seguros e mais limpos; facilitam o comércio entre países tornando-o mais justo; fornecem aos governos uma base técnica para saúde, segurança e legislação ambiental, e avaliação da conformidade; compartilham os avanços tecnológicos e a boa prática de gestão; disseminam a inovação; protegem os consumidores e usuários em geral, de produtos e serviços; e tornam a vida mais simples provendo soluções para problemas comuns. As normas asseguram as características desejáveis de produtos e serviços, como qualidade, segurança, confiabilidade, eficiência, intercambialidade, bem como respeito ambiental – e tudo isto a um custo econômico. 20 LOGÍSTICA REVERSA Quando os produtos e serviços atendem às nossas expectativas, tendemos a tomar isso como certo e a não ter consciência do papel das normas. Rapidamente, nos preocupamos quando produtos se mostram de má qualidade, não se encaixam, são incompatíveis com equipamentos que já temos, não são confiáveis ou são perigosos. Quando os produtos, sistemas, máquinas e dispositivos trabalham bem e com segurança, quase sempre é porque eles atendem às normas. As normas têm uma enorme e positiva contribuição para a maioria dos aspectos de nossas vidas. Quando elas estão ausentes, logo notamos. Fonte: Adaptado de: <www.abntcatalogo.com.br>. Acesso em: 12 abr. 2016. Os conceitos anteriormente apresentados definem de maneira clara todos os passos do fluxo dos produtos, passando pela área econômica, por meio da reciclagem e o seu reaproveitamento no seu ponto de origem ou em outros setores, o que representará um ganho financeiro para os que aderem a essa atividade. Por outro lado, a mesma ação também beneficia o social, que faz parte do meio ambiente, o qual, por sua vez, está em parte amparado pelas normas da ABNT, conforme exposto anteriormente. Assim, a reciclagem faz parte da revalorização dos bens e dos materiais que deixam de fazer parte do excesso de materiais jogados ao meio ambiente, representando uma revalorização ecológica. Portanto, a sustentabilidade é uma das principais bandeiras da Logística Verde, pois o meio ambiente está ameaçado pela falta de bom senso e de informações a respeito de causas e efeitos das ações humanas e organizacionais. Guarnieri (2011) atribui tal ameaça às principais causas: o descontrole na extração e uso dos recursos naturais; a diversidade de produtos impulsionados pela Revolução Industrial, que, por sua vez, também estimulou a exploração descontrolada da natureza, aumentando drasticamente o fluxo de resíduos no meio ambiente; as mudanças nos padrões de consumo e as inovações tecnológicas, que também contribuíram para o fenômeno, uma vez que diminuíram o ciclo de vida dos produtos no mercado. Isso, segundo a autora, significa uma ameaça às futuras gerações, e, de acordo com Tadeu (2012), esta ameaça é uma herança das gerações passadas. A reciclagem faz parte da revalorização dos bens e dos materiais que deixam de fazer parte do excesso de materiais jogados ao meio ambiente, representando uma revalorização ecológica. 21 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Com relação às mudanças nos padrões de consumo, Leite (2009) faz uma crítica a essa cultura, muitas vezes embalada pelo marketing de venda. Segundo ele: A cultura do consumo caracteriza-se pela ideia de ciclo “compre- use-disponha”. Adotada como padrão pela sociedade até recentemente, sem questionamentos, privilegia as inovações e altas taxas de lançamentos de produtos, gera força de mercado que criam necessidades adicionais de consumo e torna comum a posse de bens de mesma natureza em grandes quantidades, privilegiando a moda e o status, em detrimento da utilidade do bem [...] a proliferação de novos produtos, valorizando mais o aspecto de novidade e de moda do que de durabilidade e utilidade (LEITE, 2009, p. 117). Como ficou visível, Leite (2009) faz uma crítica negativa ao consumo em massa de produtos e bens artificiais, supérfluos que não fazem parte das necessidades humanas, mas apenas a satisfação dos desejos individuais ou coletivos, isto é, “se está na moda, então vamos usar”, mas, ao mesmo tempo em que o autor critica a cultura do modismo, ele também elogia algumas culturas que estão surgindo no momento, mais voltadas para a responsabilidade ambiental. Mais recentemente, tem se observado o surgimento de uma nova cultura, que pode ser caracterizada pelo ciclo “reduza- reúse-recicle” e que se convencionou denominar de cultura ambientalista. Esta cultura privilegia uma responsabilidade maior da sociedade e das organizações empresariais em relação aos impactos dos processos e produtos no meio ambiente (LEITE, 2009, p.118). Já com relação aos produtos inovadores, segundo alguns autores, estes podem constituir-se em ameaças, uma vez que o seu ciclo de vida é reduzido justamente pela sua dinâmica evolutiva, que, segundo Guarnieri (2011, p. 21-22): Em busca de soluções para a relação entre o desenvolvimento tecnológico e o meio ambiente, ocorreu em Estocolmo, na Suécia em 1972, a conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano. Foi a primeira reunião mundial para avaliar os impactos das ações humanas no meio ambiente. Esta conferência contribuiu para o entendimento dos problemas ambientais da maneira que a sociedade provê sua subsistência e, principalmente, para criar vínculo entre meio ambiente e desenvolvimento. Na continuidade, Guarnieri (2011, p. 23-24) acrescenta que: Sem dúvida, todos os fatores citados anteriormente contribuíram para a consolidação de práticas sustentáveis no ambiente empresarial e, por sua vez, abriram espaço para as Com relação aos produtos inovadores, segundo alguns autores, estes podem constituir-se em ameaças, uma vez que o seu ciclo de vida é reduzido justamente pela sua dinâmica evolutiva. 22 LOGÍSTICA REVERSA novas ferramentas de gestão e retorno de resíduos surgissem no ambiente empresarial, uma das ferramentas que a cada dia tem mais importância, é a Logística Reversa. [...] A realização da ECO 92 – Conferência Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1992, no Rio de Janeiro, consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável. [...] A cúpula da terra sobre desenvolvimento sustentável realizada em Johanesburgo reafirmou os compromissos da agenda 21 propondo a maior integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) [...]. Com relação à ECO 92, ela teve e tem uma grande importância para a natureza e para o ecossistema como um todo, assunto que será debatido mais amplamente no Capítulo 5 deste Caderno de Estudos. Como visto, os conceitos relacionados à sustentabilidade ambiental e à Logística Reversa parecem definir a sua importância para a economia do país, bem como para a sociedade, tendo um conjunto de atividades relacionadas como meio de viabilizar a movimentação, indo desde o retorno dos materiais às suas origens, ou com o seu reaproveitamento em outros ramos de atividades, atéa sua destinação sem prejuízo para o meio ambiente. Mas, como a Logística Reversa é uma disciplina nova, em fase de construção, adaptação e reconstrução, tem ainda muito a contribuir para a revalorização e reutilização dos bens e dos materiais de pós-venda e de pós- consumo, principalmente no incentivo à mudança nos processos produtivos, como forma de diminuir o desperdício e agregar um maior valor ao produto por meio da qualidade e da durabilidade, que também é uma forma de contribuição para a sustentabilidade ambiental, tendo como justificativa um maior tempo para o seu descarte no meio ambiente. Assim, a Logística Reversa e a Logística Verde, apesar de algumas poucas diferenças em seus conceitos, acabam tendo os mesmos objetivos, visto que existe um estado visível de dependência mútua, isto é, uma depende da outra para o equilíbrio e a sustentabilidade ambiental. Guarnieri (2011, p. 46-47) faz uma diferenciação entre a Logística Reversa e a Logística Verde. Inicio esta seção, primeiramente diferenciando Logística Verde e Logística Reversa, conceitos que são alvos de muitas dúvidas pela maior parte dos interessados pelo assunto. A Logística Verde tem um conceito um pouco diferente da Logística Reversa, pois, enquanto a Logística Reversa trata dos resíduos após terem sidos gerados, a Logística Verde tem como objetivo principal atender aos princípios de sustentabilidade ambiental como da produção limpa, onde a responsabilidade é do “berço 23 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 à cova”, ou seja, quem produz deve responsabilizar-se também pelo destino final dos produtos gerados, de forma a reduzir o impacto ambiental que eles causam. A produção limpa prevê que sejam gerados menos resíduos ao final do processo produtivo, ou seja, há um planejamento anterior à produção para que haja menos refugo e rejeitos e, além disso, procura programar a utilização de materiais nos processos produtivos que sejam menos prejudiciais ao meio ambiente e mais fáceis de reciclar e se decompor no meio ambiente. A logística reversa operacionaliza o retorno dos resíduos após sua geração e a sua revalorização e reinserção econômica. Portanto, entende-se que a logística reversa é uma parte da logística verde. Ambas necessitam, mais do que processos gerenciais, mas também um processo de conscientização do consumidor. De acordo com Leite (2009), houve uma mudança e uma maior sensibilidade em relação ao meio ambiente, assim, tanto as empresas como a sociedade têm se transformado recentemente, principalmente pelas crescentes ondas de desastres ecológicos e seus efeitos devastadores, elevando a preocupação com o meio ambiente, além do crescente número de empresas que expressam o desejo de se juntarem aos grupos que fazem parte dos movimentos verdes. O interesse pela adoção dos movimentos ecológicos ou verdes por parte das empresas é tanto que muitas delas passaram a declarar essa forma de manifestação na própria missão, pelo menos aquelas empresas consideradas líderes nas suas áreas de atuações no mercado, o que pode ser uma base para a consolidação da Logística Reversa e da Logística Verde. No entanto, voltando ao caso da responsabilidade empresarial, parece que ainda faltam informações e um maior desempenho por parte da maioria das empresas, principalmente no que diz respeito ao retorno dos materiais ao seu ponto de origem. Ainda de acordo com Guarnieri (2011, p. 70-71): Nem todas as empresas estão preparadas para a adoção do conceito do berço ao berço, para isso são necessárias diversas mudanças estruturais, culturais e a quebra de paradigmas, no entanto algumas práticas podem ser adaptadas e trazidas para o cotidiano das empresas. O novo ciclo de vida ambiental dos produtos, sob o ponto de vista do modelo berço a berço e também da logística reversa, [...] pode ser percebido que o processo que ocorre imediatamente após o uso pelo cliente final, é justamente realizado pela logística reversa, com o objetivo de estender a vida útil dos bens, possibilitando sua revalorização e reinserção no ciclo produtivo ou do negócio de forma a reduzir a disposição de resíduos no meio ambiente. [...], no ciclo de vida ambiental o produto tem sua vida 24 LOGÍSTICA REVERSA estendida, pois depois da manufatura, o produto passa por todos os processos logísticos usuais, no entanto no lugar de ser disposto em aterros ele pode ser reusado, reciclado ou remanufaturado, tornar-se matéria-prima e, novamente ser incluído no processo produtivo. Veja, na figura a seguir, o modelo de ciclo de vida ambiental “berço a berço”, proposto por Guarnieri (2011): Figura 2 - Ciclo de vida ambiental berço a berço Fonte: Guarnieri (2011, p. 71). De acordo com as citações de Guarnieri (2011), mesmo que seja de sua responsabilidade zelar pelos materiais que sobram depois de serem utilizados pelos seus clientes e consumidores, não significa que as empresas estejam preparadas para definirem projetos e ações objetivas capazes de equacionar o seu processo produtivo relacionado ao meio ambiente, ficando as ações e as estratégicas limitadas apenas às operações tradicionais, como produção, distribuição e venda dos produtos. Essas limitações se aplicam à Logística de maneira geral, salvo a Logística Reversa, definida na figura anterior, e a Logística Direta, definida na figura a seguir: Figura 3 - Ciclo de distribuição direta Fonte: Disponível em: <https://logisticag4.wordpress. com/?ref=spelling>. Acesso em: 18 fev. 2016. 25 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Mas, apesar das suas diferenças, podemos notar que os processos e as estratégias relacionados à Logística Reversa são mais ou menos idênticos aos procedimentos utilizados pela Logística Direta. O problema maior fica por conta dos diversos fatores que são determinantes em suas diferentes fases de atuação, associados à quantidade de resíduos produzidos pelas organizações, ao nível de interesse na reciclagem ou reutilização destes, etc. Assim, para facilitar a sua compreensão em relação à Logística Direta e à Logística Reversa, recorremos a Guarnieri (2011, p. 36-37), que esclarece: “O planejamento da logística reversa utiliza os mesmos processos que a logística direta ou convencional, no entanto ela se diferencia em função da sua origem, que inicia após o término do processo direto, complementando o ciclo logístico total”. Como você pode constatar por meio de nossos estudos, não existe uma padronização ou uma constância em relação à quantidade de produtos fabricados e à quantidade de materiais devolvidos, pois vai depender do tipo de material envolvido e em que área de atuação será aplicado, no pós-venda, no pós-consumo, no descarte próprio, e quem vai fazer a coleta, qual a logística aplicada no retorno dos materiais e dos produtos, se retorna para os pontos de vendas ou para o ponto inicial. Sendo assim, antes da tomada de decisão da implantação e do gerenciamento da Logística relacionada ao processo reverso, temos que fazer uma avaliação de todos os aspectos envolvidos no processo direto e no processo reverso, ou seja, no processo direto a “responsabilidade da empresa” se limita a distribuir os produtos na cadeia de suprimento, que é composta pelos intermediários, os quais recebem esses produtos e repassam para os consumidores, salvo em alguns casos em que as empresas são obrigadas a participarem do fluxo reverso. Participação essa, muitas vezes, movida por acordos de parcerias entre empresa e poder público ou por força de Leis. No entanto, mesmo que exista a influência normativa, ela também converge para a priorização da responsabilidade compartilhada. Podemos tomar como base a Lei n. 12.305, já mencionada anteriormente, que, no seu artigo 3º, inciso XVII, trata dos principais aspectos que envolvem a responsabilidade em questão, no que diz respeito às atribuições individualizadas dos diversos setores da economia,bem como dos agentes do setor público, tendo como principal objetivo a diminuição dos resíduos e dos rejeitos que sobram do pós-consumo e, com isso, diminuir os impactos causados à saúde pública e ao meio ambiente. “O planejamento da logística reversa utiliza os mesmos processos que a logística direta ou convencional, no entanto ela se diferencia em função da sua origem, que inicia após o término do processo direto, complementando o ciclo logístico total”. 26 LOGÍSTICA REVERSA Já no caso das empresas participantes ou envolvidas com a Logística Reversa, o fluxo de produto se amplia, ou seja, começa com a compra da matéria-prima, produção, estocagem, transporte, distribuição, cadeia de suprimento relacionada ao mercado consumidor, retorno dos materiais de pós-vendas e pós-consumo, reciclagem, reúso ou reutilização no processo produtivo inicial, formando, assim, um ciclo direto e reverso em operações constantes. No entanto, o ciclo reverso é uma extensão do ciclo direto. Portanto, ele começa na atividade inicial do ciclo direto e termina no processo de fabricação também inicial, no qual a matéria-prima secundária é novamente transformada em produto e, assim, sucessivamente. Dessa forma, a questão em si é um grande desafio, um problema a ser equacionado por meio de projetos e alternativas viáveis que possam equilibrar a produção, processo, consumo e meio ambiente, isto é, por meio de processo de produção responsável, distribuição e consumo menos agressivos, utilizando o bom senso, o uso racional dos produtos, eliminar ou minimizar o desperdício, uso e destinação correta dos materiais reciclados, dentre outras ações que podem contribuir para a minimização dos impactos negativos do meio ambiente. “O planejamento da logística reversa utiliza os mesmos processos que a logística direta ou convencional, no entanto ela se diferencia em função da sua origem, que inicia após o término do processo direto, complementando o ciclo logístico total”. Atividade de Estudos: 1) Como podemos observar no decorrer do texto, existe uma pequena diferença entre a Logística Reversa e a Logística Verde em termos de objetividades. Portanto, com base no que você aprendeu, qual a diferença entre a Logística Reversa e a Logística Verde? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 27 Fundamentos da Logística Reversa Capítulo 1 Para saber mais sobre Logística Reversa e Sustentabilidade, sugerimos acessar o site: <http://patriciaguarnieri.blogspot.com. br/>, lá, você vai encontrar uma série de artigos sobre a Logística Reversa e a Sustentabilidade Ambiental, além de sinopses de livros relacionados ao assunto. Algumas Considerações A Logística Reversa, de acordo com o que foi estudado até aqui, pode ser definida como sendo todos os passos do fluxo dos produtos, passando pela área econômica, por meio da reciclagem e o seu reaproveitamento no seu ponto de origem; aumento do ciclo de vida dos produtos, contribuindo, também, para o marketing institucional em relação à imagem da empresa perante o social pelo viés da conservação do meio ambiente. Neste capitulo, tivemos a oportunidade de ver ou rever alguns conceitos e opiniões dos diversos autores e estudiosos sobre os assuntos relacionados com: A fundamentação da Logística Reversa, a sua importância para as transações comerciais e os seus reais objetivos, bem como sua contribuição econômica, social e ambiental, que são alguns dos pilares de sustentabilidade da Logística Verde, vista como uma extensão da Logística Reversa, a qual, por sua vez, é uma extensão da Logística Empresarial. Mas, de acordo com alguns autores, parece que os próximos passos seriam a junção de todas as Logísticas e de todos os processos diretos e processos reversos, e, como resultado do somatório dessas ações, teríamos a Logística Integrada. http://patriciaguarnieri.blogspot.com.br/ http://patriciaguarnieri.blogspot.com.br/ 28 LOGÍSTICA REVERSA Referências BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União. 2010. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 14 mar. 2016. GUARNIERI, Patrícia. Logística Reversa. Recife: Editora Clube de Autores, 2011. LEITE, Paulo Roberto. Logística Reversa. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice, 2009. MIGUEZ, Correia Eduardo. Logística reversa como solução para o problema do lixo eletrônico: benefícios ambientais e financeiros, Rio de janeiro: Qualitymark Editora, 2012. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm CAPÍTULO 2 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa A partir da perspectiva do saber fazer, neste cápitulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Identificar os modelos de gerenciamentos na cadeia de suprimentos do Supply Chain management (SCM) e a sua evolução no decorrer dos tempos. � Analisar o processo tecnológico e a sua influência na vida útil dos produtos e no meio ambiente. � Identificar os pré-requisitos necessários para o sucesso das organizações na cadeia de suprimentos. � Analisar e identificar os fatores motivacionais para a adoção das estratégias Logísticas pelas organizações. 30 LOGÍSTICA REVERSA 31 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 Contextualização A intenção e o objetivo deste capítulo é apresentar os modelos e as fases da Logística relacionada à cadeia de suprimentos. Portanto, procuramos desenvolver alguns assuntos sobre os elementos que caracterizam os diversos conceitos de Logística e o que os diferencia em sua trajetória no decorrer do tempo. Desse modo, relacionaremos as etapas do seu processo evolutivo, tendo como principal base de comprovação os relatos e opiniões dos diversos autores e pesquisadores da área da Logística Direta e da Logística Reversa, consideradas como sendo de grande importância dentro das organizações, pois são ações que podem ser desenvolvidas em todos os setores, como a compra da matéria- prima, a distribuição, a flexibilização das informações, as mudanças de processos produtivos, o retorno dos produtos, a reciclagem, o reaproveitamento, o descarte e o consumo responsável, os cuidados com o meio ambiente, etc. Para uma melhor compreensão, vamos sequenciar de maneira coerente os assuntos pertinentes à Cadeia de Suprimentos, à Logística Empresarial e à Logística Reversa. Sendo assim, a Logística pode ser utilizada em todos os setores: compra, estocagem, transporte, distribuição e no processo reverso, que está relacionado com os materiais de pós-vendas e de pós-consumo, os quais por algum motivo, retornam ao seu ponto de origem. Bons estudos! Modelos e a Evolução do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management) O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos (Supply Chain Management) é um modelo dinâmico de integração de todos os elos que compõem a Cadeia de Suprimentos, começando com o planejamento, o gerenciamento e o controle, sendo este último uma dedicação constante na otimização e controle do fluxo de materiais, produtos e o compartilhamento das informações entre quem compra, quem vende e quem consome. Seu principal objetivo é dar uma resposta rápida ao cliente ou consumidor final, transformando essas ações em um valor a mais para o produto, além da qualidade, e um valor econômico para o cliente, visto que “tempo é dinheiro”. 32 LOGÍSTICA REVERSA A intenção dessa novafase do gerenciamento logístico é superar as expectativas do cliente em termos de espera pelo produto ou serviço, além da flexibilização dos recursos, formando, assim, um inter-relacionamento na rede que forma toda a cadeia de suprimentos, como fornecedores, fabricantes, distribuidores, representantes, centros de distribuições, pontos de vendas e o cliente ou consumidor final da cadeia. Quando falamos em gerenciamento, estamos referindo-nos às diversas formas de orientações de como devem ser realizados determinados procedimentos em relação às atividades organizacionais e dos recursos utilizados no seu processo produtivo e distributivo. No entanto, vamos pensar um pouco: recurso é tudo aquilo que as organizações adquirem no mercado externo por meio de outras organizações detentoras desses recursos, que são os fornecedores, prestadores de serviços, incluindo-se, aí, os bancos, os recursos humanos, dentre outros. Assim, depois que esses recursos são adquiridos e transferidos para o ambiente interno das organizações, eles passam a ser os recursos empresariais, ou seja, são as condições básicas e necessárias para que as organizações possam transformar as matérias-primas em produtos acabados, os quais são distribuídos e vendidos por meio de outras organizações, que também fazem parte da rede formadora da Cadeia de Suprimentos. Já a Cadeia de Distribuição, que está no ambiente externo, é formada pelos representantes, centros de distribuições (CD), distribuidores e os pontos de vendas em geral, como o comércio varejista, atacadista, etc. Portanto, podemos considerar que a Logística Reversa é um processo de planejamento, gerenciamento e controle permanente do fluxo dos materiais de pós-venda e de pós-consumo, que, por sua vez, é uma extensão da Logística Empresarial, muito conhecida no âmbito da cadeia produtiva e de suprimentos. Sendo assim, praticamente tudo que existe em termos de materiais, seja qual for a sua denominação, foi, de alguma forma, produzido por pessoa ou grupos de pessoas dentro das organizações, por meio dos fatores da produção, que após a apropriação desses recursos no ambiente externo e transferidos para o ambiente interno das organizações, representarão os recursos empresariais, possibilitando a transformação da matéria-prima em produtos prontos para serem utilizados pelo mercado. No entanto, além dos fatores da produção, as empresas precisam de um esquema operacional, que é denominado de sistema de produção, no qual essas operações são realizadas por meio dos seguintes elementos: entrada (matéria- Quando falamos em gerenciamento, estamos referindo-nos às diversas formas de orientações de como devem ser realizados determinados procedimentos em relação às atividades organizacionais e dos recursos utilizados no seu processo produtivo e distributivo. 33 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 prima), processador (transformação) e saída, que se refere à destinação dos produtos ao mercado de consumo. O ciclo finaliza com a retroação, que permite a retroalimentação do sistema produtivo, significando o retorno preciso das informações provenientes do mercado consumidor em relação às vendas, índice de aceitação e rejeição dos produtos e serviços, conforme a figura a seguir: Figura 4 – Fluxo do Sistema Produtivo Fonte: Disponível em: <http://analisedesistemasmcz.blogspot.com. br/2014_03_01_archive.html>. Acesso em: 18 abr. 2016 Sendo assim, na maioria das vezes, a atenção que deveria ser dada pelas organizações responsáveis pela produção dos produtos que originaram as sobras, ou materiais de pós-consumo, fica geralmente restrita aos órgãos governamentais, às ONGs e aos grupos defensores do meio ambiente, às cooperativas, às prefeituras, etc. Obviamente, alguns empresários ainda não perceberam a relevância das informações reversas advindas dos consumidores, pois são de grande utilidade, uma vez que podem ajudar as organizações no controle de todos os seus processos produtivos, principalmente no equilíbrio da produção, venda, consumo e meio ambiente, desde que as ações sejam bem definidas e bem planejadas. Naturalmente, se a Logística Reversa não for bem gerenciada, ela deixa de ser uma oportunidade de negócio e passa a ser uma ameaça, tanto para o empresário como para o meio ambiente, com consequências irreversíveis. Por O ambiente consome: Processos de Transformação Retroação do cliente A organização transforma: O ambiente proporciona: Entrada de Recursos Pessoas Dinheiro Tecnologia Materiais Informação Trabalho converte recursos em resultados Saída de Produtos Produtos ou Serviços 34 LOGÍSTICA REVERSA outro lado, é uma excelente oportunidade para os negócios já existentes, desde que haja planejamento, gerenciamento e controle permanente de todas as suas etapas, trazendo resultados positivos para os envolvidos no processo da Logística Reversa, a qual também é uma maneira de aproximar produtor, ponto de vendas, cliente e consumidores. Basta lembrar que em países desenvolvidos como Alemanha, Inglaterra, França, Estados Unidos, entre outros, todo esse processo de Logística Reversa, seja por parte do governo, seja por parte dos empresários, seja por parte da população, vem dando resultados extraordinários. Isso comprova a importância e a possibilidade de produzir e consumir sem afetar o meio ambiente e sem elevar os custos. Com relação aos fatores da produção anteriormente citados, eles são classificados e agrupados por ordem de necessidade e complementaridade, visto que não existe um estado de prioridade consequencial, mas um estado de interdependência. Veja, a seguir, os fatores da produção definidos por Barbosa (2013): FATORES DA PRODUÇÃO Toda empresa para produzir alguma coisa, ela depende da existência conjunta de pelo menos sete fatores, denominados de fatores da produção. Natureza: É o fator que fornece os insumos à produção, ou seja, fornece a matéria-prima, os materiais, etc. É o fator de produção que proporciona as entradas de insumos para que a produção possa ser realizada. Capital: É o fator que fornece o dinheiro necessário para adquirir os insumos e pagar o pessoal, ou seja, o capital representa o fator de produção que permite os meios para comprar, adquirir e utilizar os demais fatores da produção. Trabalho: É o fator constituído pela mão de obra existente no ambiente externo (mercado) e que, uma vez requisitada para o ambiente interno (empresas), processam e transformam os insumos por meio de operações realizadas em equipamentos (máquinas ou ferramentas) em produtos semiacabados ou acabados. É denominada de mão de obra porque se refere principalmente ao operário braçal que realiza operações físicas sobre as matérias- primas, com ou sem o uso de máquinas e equipamentos. 35 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 Informações: É a designação de um fenômeno existente, analisado em seus múltiplos estágios e em suas diferentes fases de manifestações no tempo e no espaço em que ele se encontra, de acordo com as leis do entendimento. Sendo as informações utilizadas como base da comunicação, elas têm como principal objetivo influenciar o processo humano, organizacional e produtivo. Energia: Sabe-se que toda e qualquer empresa, para desenvolver suas atividades, necessita de algumas fontes de alimentação como suporte capaz de interligar e dinamizar todo o sistema produtivo. No início da Revolução Industrial, já se percebe a introdução de alguns dispositivos que permitiam o aumento da capacidade operacional dos maquinários com o mínimo de interferência humana, que basicamente teve início com o motor a vapor que reduziu o custo de produção e revolucionou a indústria e o comércio da época. Hoje, as principais fontes de energia são o petróleo e a eletricidade. Algumas fontes alternativas vêm sendo introduzidas,como é o exemplo do gás natural e da energia solar. Tecnologia: É o resultado do conhecimento técnico ou das experiências adquiridas pelo indivíduo, através dos tempos e inseridas no processo de transformação de bens de produção ou de consumo, o que os tornam diferenciados em relação aos seus aspectos físicos, tecnológicos e suas utilidades ou aplicabilidades. Assim, a tecnologia está intimamente ligada aos meios utilizados na execução de tarefas, o que se traduz em iniciativa, inovação e diferenciação no contexto produtivo. Empresa: É o fator capaz de integrar natureza, capital e trabalho em um conjunto harmonioso que permite que o resultado final alcançado seja maior que a soma aplicada no negócio. A empresa tem um efeito multiplicador, que através dos recursos é capaz de proporcionar um ganho adicional que depois de deduzidas as despesas, irá representar o lucro do empresário. Fonte: Adaptado de Barbosa (2013, p. 64). Sendo assim, podemos afirmar que existe um ambiente organizacional, constituído pelos fornecedores de matéria-prima, recursos financeiros, mão de obra, tecnologias, etc.; e outro ambiente, formado pelos fabricantes de produtos, dos representantes e distribuidores, que fazem a intermediação entre o fabricante e o consumidor, diminuindo a distância entre eles. 36 LOGÍSTICA REVERSA O Desenvolvimento Histórico, Conceitual e Administrativo do Supply Chain Management Como Justificativa da Evolução da Logística Bem, todos os elementos acima citados são modelos tradicionais de ambientes organizacionais, que precisam ser muito bem planejados e administrados em todas as suas etapas. No entanto, apesar dos avanços tecnológicos e as facilidades do mundo atual, as inovações precisam de uma visão crítica, de iniciativas e criatividade, consideradas atribuições do processo administrativo. De acordo com Razzolin Filho e Berté (2013, p. 33): É importante esclarecer que esse processo evolutivo não significa que a visão organizacional ou foco da logística em cada um dos períodos foi abandonado no período seguinte, pelo contrário, os conhecimentos adquiridos em cada período foram acumulados e aprimorados ao longo do tempo, exigindo uma competência muito maior por parte dos profissionais da área. Com base nestas observações, podemos fazer uma breve narrativa dos acontecimentos que nos trouxeram até aqui. Tudo teve início com as funções administrativas, uma disciplina instituída por Fayol e publicada em seu livro com o título General and Industrial Management (1929), que significa Administração Geral e Industrial. Essas funções são as atividades de planejamento, organização, comando, coordenação e controle de desempenho das funções anteriores. Hoje, essas funções estão consolidadas como uma das maneiras mais significativas para compreender a administração, mas eram revolucionárias quando Fayol escreveu sobre elas. No entanto, atualmente, podemos avaliar que este modelo, sozinho, já não é suficiente para atender à complexa economia globalizada, visto que as funções administrativas possuem um foco mais específico, voltado para um conjunto individual de responsabilidades. O que é corroborado por Tachizawa (2011, p. 43): Autores como Peter F. Drucker, Jay Galbraith, Bil Gates, Michael E. Porter, Don Tapscott, entre outros, enfocam as mudanças fundamentais na situação econômica mundial, na natureza das organizações, e a necessidade de um novo referencial na gestão dos negócios, uma abordagem fundamentalmente inovadora à maneira de pensar para poder compreender e tratar as novas realidades. Hoje, essas funções estão consolidadas como uma das maneiras mais significativas para compreender a administração, mas eram revolucionárias quando Fayol escreveu sobre elas. 37 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 Assim, com o crescimento populacional, a expansão dos mercados, a diversidade de produtos similares, o aumento da concorrência e da competitividade, as organizações se viram na obrigação de buscar novos modelos de gerenciamento, os quais as conduzissem a um sistema produtivo e distributivo que não fosse apenas eficiente, mas também eficaz, o que é confirmado por Cristopher (2011, p. 252-253): Torna-se evidente que alcançar o sucesso [...] exige uma mudança significativa dentro da empresa. Isso exige uma transformação que vai além do redesenho do organograma e implica uma mudança cultural que deve ser conduzida desde o início. Na verdade, os princípios básicos que tradicionalmente orientaram a empresa devem ser contestados, pois é necessária uma mudança nos paradigmas básicos que vêm sustentando as organizações industriais por tanto tempo. E só para relembrar, essa mudança nos princípios básicos propostos por Cristopher (2011) começa pelos fornecedores da matéria-prima, pelos fabricantes de produtos, pelos distribuidores e representantes, bem como os pontos de vendas, centros de distribuição, ou seja, todos aqueles que fazem parte ativamente da complexa rede organizacional da cadeia de suprimentos, tendo na outra ponta, os consumidores, os quais, por sua vez, também são responsáveis pelas mudanças de hábitos e pelo maior engajamento nas questões ambientais. Em outras palavras, o Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos está cada vez mais voltado para a plena satisfação do cliente final, ou seja, um ganho financeiro por meio da rapidez no recebimento do pedido e entrega dos produtos. Isso pode ser realizado através da integração entre fabricante e fornecedores de matéria-prima, em que os esforços são compartilhados e as informações deixam de ser individualizadas e passam a ser um objeto de mensuração dos desejos e das necessidades dos clientes e dos meios empregados na identificação dessas necessidades, dando uma resposta rápida, isto é, indo além do tempo justo, o que significa que as organizações devem se sobrepor às expectativas dos clientes. O que, de acordo com Cristopher (2011, p. 254-255): No passado, era mais frequente que as organizações fossem estruturadas e gerenciadas com base na otimização de suas próprias operações, sem considerar a maneira pela qual interagiam com os fornecedores ou, de fato, com os clientes. O modelo de empresa foi essencialmente “transacional”, significando que os produtos e serviços eram comprados e vendidos em condições de plena concorrência, como também houve pouco entusiasmo pelo conceito de relações mutuamente dependentes de longo prazo. O resultado foi muitas vezes uma solução de alto custo e de baixa qualidade para o cliente final da cadeia de suprimentos. O Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos está cada vez mais voltado para a plena satisfação do cliente final. 38 LOGÍSTICA REVERSA Esse paradigma competitivo emergente está em forte contraste com o modelo convencional. Ele sugere que, nos desafiadores mercados globais de hoje, o caminho para a vantagem sustentável reside na gestão da complexa teia de relações que ligam prestadores altamente focados de elementos específicos da oferta final em uma cadeia econômica que agrega valor. A chave para o sucesso nessa nova estrutura competitiva pode- se argumentar, é a maneira pela qual essa rede de aliança e fornecedores é consolidada em parceria para atingir metas mutuamente benéficas. O que é complementado por Chistopher (1997 apud RAZZOLIN FILHO; BERTÉ, 2013, p. 25-26): No século XX, uma das tendências mais significativas “foi a emergência da logística como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos desde a matéria-prima até o ponto de consumo” Isso continua válido para o século XXI, em virtude da integração cada vez maior dos mercados mundiais, nos quais as organizações são cada vez mais globais e seus mercados (fornecedor e consumidor) também são globalizados. Para constatar isso, basta você analisar a concepção do Supply chain management, como expõe Campos (2009): Considerandoessas circunstâncias de renovação e transformação na concepção entre logística e gestão e, conforme já afirmamos anteriormente, sendo o Supply Chain Management (SCM) a correta Gestão da Cadeia de Suprimentos, você, a partir desse prisma, observa uma cadeia de suprimentos como uma rede ampliada de negócios (fornecedores, fabricantes, distribuidores ou varejistas) com o objetivo de transformar insumos em produtos e/ou serviços para atender o cliente final, com maior valor agregado (grifo nosso). Portanto, esta rede organizacional é, sem dúvida, uma versão mais dinâmica da Logística de Materiais, que deixa de ser um tanto individualista, passando a ser integrada e com uma visão mais aberta e mais flexível nas relações comerciais, no que diz respeito à agregação de valor ao produto por meio de agregação de valor aos serviços relacionados ao preço, à qualidade, à agilidade na entrega, à agilidade no recebimento e ao pagamento dos fornecedores. Logo, esta é uma nova versão de gerenciamento ou gestão das atividades de compra, produção, estocagem, venda e retorno financeiro, que, atualmente, é uma proposta e uma atribuição específica do Suply Chain Management – Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 39 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 Para complementar o nosso raciocínio, Razzolini Filho e Berté (2013, p. 40-41) explicam detalhadamente as mudanças que vem acontecendo rumo à competitividade organizacional: Resumindo o que já vimos, podemos dizer que o modelo pelo qual as organizações direcionavam suas ações em um passado não muito distante, era baseado essencialmente em produtividade. Porém, o fenômeno da globalização de mercados e de recursos produtivos, um volume crescente de inovações tecnológicas, mudanças nos ciclos de vida dos produtos e nos padrões comportamentais dos consumidores, aliados às pressões ambientais significativas sobre as organizações, exigem uma mudança de modelo (ou até mesmo de paradigma) fazendo com que as organizações pautem suas condutas em níveis de serviços mais elevados e, dessa forma, adicionem valor aos produtos comercializados e, ainda, adotem sistemas logísticos de resposta rápida. Neste contexto, as mudanças ocorrem na mesma proporção em que ocorrem as alterações nos ambientes políticos, econômicos e sociais, o que é um processo em movimento constante e favorável à concepção de novas teorias. Estas, por sua vez, modificam e alteram os conceitos anteriores num processo constante de mudanças e adaptações, tornando o sistema organizacional mais dinâmico, eficaz e suscetível a essas mudanças, tanto no ambiente interno como no ambiente externo, tornando as organizações mais dinâmicas e mais competitivas (RAZZOLIN FILHO; BERTÉ, 2013). No Quadro abaixo, podemos acompanhar o percurso dessas mudanças do sistema Logístico no decorrer dos tempos. Quadro 1 - Sinopse da evolução dos sistemas logísticos Momento da história O que acontece no ambiente das organizações Visão organizacional (ênfase) Foco da logística 1950 – 1960 Busca por escala de produção (volume). Surge o conceito de Lote Econômico de Fabricação e de Compras (LEF e LEC). Redução de custos constante. Gerenciamento dos inventários (preocupação com estoques). 1960 – 1970 Necessidade de incremento nas vendas. Surgem os primei- ros supermercados (mudanças radicais no varejo). Busca de diferenciação pelo serviço ao cliente. Distribuição física (visando criar utilidade espacial). 1970 – 1980 Primeira “Crise do Petróleo” (1973). Movimento de investi- mento de capitais. Necessidade de obter lucros para remunerar os capitais. Processos produtivos vi- sando reduzir os tempos de ciclo e minimizando estoques em processo. 40 LOGÍSTICA REVERSA 1980 – 1990 Competição acirrada provocada pelo crescimento de participa- ção das empresas japonesas no mercado mundial. Busca por melhoria nos processos produtivos visando à certificação na qualidade. Integração dos processos de compras, produção e distribuição. 1990 – 2000 Incremento da globalização dos mercados. Terceirização (outsourcing). Questões ambientais. Competição baseada em rapidez de resposta. Processos de geren- ciamento (visando criar utilidade temporal). 2000 Crises nos processos de globalização. Formulação de alianças nas cadeias produti- vas. Ampliação dos conceitos de responsabilidade social e ecológica. Preocupação com presen- ça local (instalação física próxima aos principais mercados) e rapidez de respostas. Processos flexíveis e ágeis. Implantação de sistemas logísticos de resposta rápida. Fonte: Ranzzolini Filho e Berté (2013, p. 32-33). Analisando o quadro anterior, a partir dos anos 1990/2000, podemos observar que a ênfase organizacional está baseada no sistema de parceria, mudanças de comportamentos, preocupação com o social, maior aproximação física com o mercado consumidor, flexibilização e agilidade no processo de entrega dos produtos. Tudo isso se apoia em um sistema de informação gerencial aberto, que deve permear toda a rede organizacional e faz parte integrante da cadeia de suprimentos. É por meio das informações analisadas em todos os seus detalhamentos que os empresários podem ficar a par das mudanças ocorridas e, com isso, criar estratégias para acompanhar o processo de mudança em todos os sentidos. Para aprofundar os seus estudos, sugerimos a leitura do texto Desmistificando o Conceito do Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, de Mauricio Johnny Loos e Carlos M. T. Rodriguez. Disponível em: <http://goo.gl/SYfNfV>. 41 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 A Importância da Logística Reversa, Logística Empresarial e o Sistema de Informações Gerenciais Podemos afirmar que, no Brasil, tanto a Logística Empresarial como a Logística Reversa vem ganhando cada vez mais espaço e importância em todos os seus segmentos, seja no aumento da conscientização empresarial e social, seja na pressão do poder público, dentre outras. É possível, também, destacar um trabalho de conscientização, realizado em algumas escolas, em que as crianças recebem as informações de como cuidar do meio ambiente e realizam na prática essa teoria, levando para a sua casa e para a sua vida pessoal o cuidado necessário com o descarte de materiais. Por meio do sistema de informação, as organizações podem tomar ciência dos acontecimentos e das mudanças que estão ocorrendo no mercado e vice-versa. Também com relação ao desenvolvimento da Logística na cadeia de suprimentos, Leite (2009) cita alguns exemplos dos movimentos que ocorreram no Brasil e que deram origem a essa nova perspectiva formulada pela Cadeia de Suprimentos. Segundo Leite (2009), a Logística Empresarial ganhou uma maior importância a partir dos anos 90, principalmente com a abertura dos portos pelo governo brasileiro. Isso permitiu uma maior flexibilização nas transações comerciais entre os países, trazendo, também, grandes mudanças ao ambiente organizacional interno. As empresas acordaram para uma nova realidade, inclusive nos padrões de competitividade, com a elevação da qualidade nos produtos e nos serviços, mais clareza na formulação dos objetivos organizacionais, etc. No entanto, a grande mudança, segundo Leite (2009), deu-se a partir de 1994, com o plano real, com a estabilização da moeda, com o controle da inflação, com o aumento do poder aquisitivo da população e com o aumento das transações comerciais, em nível nacional e internacional, bem como o desenvolvimento da indústria de bens e da agropecuária, trazendo uma grande valorização dos insumos. Para completar o quadro, ainda havia no país uma grande e constante movimentação de operações logísticas internacionais, motivadas pelas exportações e importações de produtos e serviços. 42 LOGÍSTICA REVERSA Ainda, de acordo com Leite (2009, p. 5): Com oresultado dessa internacionalização, observa-se um crescimento de atividade significativo em diversas cadeias produtivas, tanto nas existentes como nas de novos produtos que colocam em destaque a contribuição da logística em seu equacionamento. Desta forma, o aumento de exigência na competição interna e externa, a maior conscientização de suas possibilidades competitivas, a preocupação com os custos dos estoques e transportes, a exigência de velocidade de resposta, a necessidade de melhorar a matriz de transportes nacional e a exigência de formação de especialistas evidenciam a logística empresarial no país. Sendo assim, surge como uma alternativa viável a Gestão da Cadeia de Suprimentos, que, atualmente, está mais preocupada em dar uma resposta rápida ao cliente, bem como a flexibilidade no compartilhamento de informações entre os parceiros, tendo como princípio norteador a confiança mútua entre as partes, ou seja, o processo logístico se integra aos ambientes organizacionais em suas várias atividades e áreas de atuação. De acordo com Razzolini Filho e Berté (2013, p. 41): A exigência de sistemas logísticos flexíveis e de resposta rápida é fundamental para que as organizações possam se adaptar rapidamente às mudanças ambientais, adaptação que só é obtida com base em uma adequada estruturação dos seus fluxos informacionais e físicos. Assim, os fluxos de informações, em função do elevado volume e da necessidade de velocidade que apresentam atualmente, devem ser considerados itens estratégicos para a sobrevivência das organizações nesse novo modelo baseado em competitividade e não mais em produtividade. Podemos concluir que o sistema de informação é um dos fatores essenciais na condução do processo logístico da cadeia de suprimentos e parece ser unânime esta constatação, pois, para Christopher (2011, p. 170). As principais organizações reconheceram há muito tempo que a chave para o sucesso na gestão da cadeia de suprimentos é o sistema de informação. No entanto, o que estamos aprendendo agora é que uma dimensão de informação que permite que a oferta e a demanda estejam associadas em vários mercados, frequentemente com produtos sob medida, em prazos cada vez mais curtos. Essa extensão do sistema de informação, para além das dimensões clássicas de planejamento e controle simples, Observa-se um crescimento de atividade significativo em diversas cadeias produtivas. 43 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 permite que tempo e espaço rompam a capacidade de ligação do cliente diretamente ao fornecedor e o fornecedor reaja, por vezes em tempo real, as mudanças de mercado. Desse modo, podemos resumir que as informações são um fator importante, não somente como fonte de pesquisa e avaliação de comportamento, mas por sua influência direta nas mudanças de mercado. Ainda, as informações também podem ser utilizadas na recuperação e na reintegração dos materiais de pós-consumo, como uma fonte de reavaliação e de revitalização do sistema produtivo, bem como da cadeia de suprimentos como um todo, ou seja, a integralização do processo produtivo, do sistema de distribuição e do processo da produção reversa propriamente dita, uma vez que parece existir uma forte tendência de unificação entre o Supply Chain Management e o Reverse Supply Chain Management, pelo menos foi uma insinuação feita por Ranzzolini Filho e Berté (2013, p. 50) ao afirmar que os clientes e consumidores não estão interessados apenas nos produtos e nos serviços, pois: Eles geralmente desejam um conjunto de valores associados aos produtos e serviços, que, genericamente, denomina-se nível de serviço logístico (que oferece utilidades de tempo, lugar, uso, variedade, qualidade, etc.). Lembrando que é essa condição, isto é, a de agregar o conjunto de valores aos produtos ou aos serviços da organização, que possibilita ao sistema logístico garantir a desejada qualidade no serviço ao cliente. Obviamente, o objetivo com todo esse conjunto de informações foi permitir a montagem inicial do cenário para o estudo da logística reversa. Assim, as informações, quando bem implementadas e analisadas no seu tempo, podem representar uma redução de tempo e de custos relacionados à gestão e ao gerenciamento contínuo e responsável em todos os sentidos, isto é, o fluxo de informações deve ocorrer nos dois sentidos, ou seja, da empresa para o mercado, através dos seus representantes, e do mercado para empresa. Desse modo, os empresários vão tomar conhecimento do posicionamento dos seus produtos em termos de qualidade, preço e aceitação por parte dos consumidores. Quando tratamos das estratégias logísticas atuais, relacionadas ao Supply Chain Management, parece-nos que a relevância desse gerenciamento está centrada na valorização do produto, através da resposta rápida ao cliente em relação ao pedido, produção e entrega, bem como a flexibilização organizacional, por meio de um lead time estendido e processo de informação mais aberto As informações também podem ser utilizadas na recuperação e na reintegração dos materiais de pós- consumo, como uma fonte de reavaliação e de revitalização do sistema produtivo. Quando tratamos das estratégias logísticas atuais, relacionadas ao Supply Chain Management, parece-nos que a relevância desse gerenciamento está centrada na valorização do produto. 44 LOGÍSTICA REVERSA e compartilhado entre fornecedor, produtor e mercado (clientes/consumidor). A alegação consensual está baseada no avanço tecnológico, em que alguns produtos se tornam obsoletos em menos tempo do que o tempo levado para a produção de um similar mais avançado, como é o caso típico da telefonia celular. Agora, vamos analisar um conceito de Logística Empresarial. Ballou (2011, p. 23), em seu livro “Logística Empresarial Definida”, afirma que: DEFINIÇÃO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL Logística empresarial não tem o mesmo significado para todas as pessoas, inclusive para aquelas que estão ativamente engajadas no assunto. Até o momento, o campo ainda não tem um título único para identificá-lo, como fizeram os setores de marketing e produção. Uma amostra dos membros do Conselho Nacional de Administração da Distribuição Física norte americano mostrou que a área é representada por nomes como transporte, distribuição, distribuição física, suprimento e distribuição, administração de materiais, operações e logística. Apesar de distribuição física ser um título mais popular, neste texto a disciplina é chamada de Logística Empresarial, pois este é o título do futuro. Ele implica tanto o suprimento físico como a distribuição física que é o escopo desejado para o assunto. Na sequência o autor ainda faz uma ressalva, afirmando que: Foram propostas muitas definições para logística empresarial. A preferida neste texto é a seguinte: A Logística Empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que de consumo final, assim como o fluxo de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a custo razoável. O termo “produto” é aqui utilizado no sentido lato, incluindo tanto bens como serviços. Fonte: Ballou (2011, p. 23). 45 Supply Chain Management (SCM) e a Logística Reversa Capítulo 2 Como você percebe, os conceitos relacionados ao gerenciamento logístico na cadeia de suprimentos ou à Logística Empresarial não denotam uma relação direta entre produtor e consumidor em relação aos produtos e materiais de pós- consumo, pois o seu processo de gerenciamento e avaliação de desempenho fica limitado, como última instância, aos pontos de vendas dos produtos. A única coisa que retorna ao seu ponto de origem, relacionada ao fornecimento da matéria- prima e fabricação dos produtos, são as informações. O que pode ser constatado na figura a seguir, relacionada ao fluxo reverso:
Compartilhar