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MICROBIOLOGIA 1. INTRODUÇÃO A Microbiologia é classicamente definida como a área da ciência que se dedica ao estudo de organismos que somente podem ser visualizados ao microscópio. Com base neste conceito, a microbiologia aborda um vasto e diverso grupo de organismos unicelulares de dimensões reduzidas, que podem ser encontrados como células isoladas ou agrupados em diferentes arranjos. Assim, a microbiologia envolve o estudo de organismos procarióticos, eucarióticos e também seres acelulares. Esta área do conhecimento teve seu início com os relatos de Robert Hooke e Antony van Leeuwenhoek, que desenvolveram microscópios que possibilitaram as primeiras observações de bactérias e outros microrganismos a partir da análise de diversos espécimes biológicos. Embora van Leeuwenhoek seja considerado o "pai" da microbiologia, os relatos de Hooke, descrevendo a estrutura de um bolor, foram publicados anteriormente aos de Leeuwenhoek. Assim, embora Leeuwnhoek tenha fornecido importantes informações sobre a morfologia bacteriana, estes dois pesquisadores devem ser considerados como pioneiros nesta ciência. Recentemente foi publicado um artigo discutindo a importância de Robert Hooke para o desenvolvimento da Microbiologia. 2. REVOLUÇÃO NA MICROBIOLOGIA Nas últimas décadas, houve uma "revolução" na microbiologia, a qual passou e ainda vem passando por profundas modificações, especialmente no que se refere aos conhecimentos sobre ecologia e classificação dos microrganismos. Anteriormente, os microrganismos (principalmente os procarióticos) eram considerados seres unicelulares de comportamento independente, mesmo que fossem encontrados em agrupamentos contendo diversas células. Assim, a maior parte dos conhecimentos foi obtida a partir de culturas puras. Isto é, o microrganismo era isolado da natureza e, após ser "separado" dos demais microrganismos, era cultivado em laboratório, gerando populações contendo um único tipo celular. Hoje, sabe-se que grande parte dos microrganismos vive em comunidades na natureza, compostas muitas vezes por inúmeros gêneros e espécies distintos, que cooperam entre si, como em uma cidade microbiana. Tais associações são denominadas biofilmes e exercem importantes atividades em nosso planeta. Outra área que sofreu intensas modificações nas últimas décadas foi a classificação dos microrganismos. Esta área ainda vem sendo muito debatida, mas para os microbiologistas é fundamental destacar um novo grupo, o qual foi por muito tempo considerado o "ancestral" das bactérias. Tal grupo corresponde ao domínio Archaea, que consiste em um grupo bastante peculiar de células procarióticas. Assim, é importante que tal tema seja melhor discutido. 3. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS Linnaeus (séc. XVIII): Embora não tenha sido o primeiro a tentar classificar os seres vivos, Linnaeus é considerado o "pai" da taxonomia moderna. Seus estudos são considerados os pilares da taxonomia botânica e zoológica, pois foi o primeiro estudioso a utilizar o sistema binomial de classificação. De acordo com Linnaeus, os seres vivos podiam ser classificados em dois reinos: Animal e Vegetal. Haeckel (1866): Inclusão do reino Protista, para classificar "animais" e "vegetais" unicelulares. Haeckel apresentou um esquema que representaria a árvore da vida, classificando os seres vivos em três reinos. Whittaker (1969): Propos um novo sistema de classificação, onde os seres vivos seriam agrupados em cinco reinos, sendo separados principalmente pelas características morfológicas e fisiológicas: Monera: Procariotos Protista: Eucariotos unicelulares - Protozoários (sem parede celular) e Algas (com parede celular) Fungi: Eucariotos aclorofilados; Plantae: Vegetais Animalia: Animais. Embora extremamente úteis, tais sistemas de classificação não refletiam a história evolutiva dos seres vivos, uma vez que se baseavam essencialmente em características fenotípicas dos organismos. Sua utilização trouxe um conceito profundamente errôneo e ainda difundido atualmente que é o de seres "menos evoluídos" e "mais evoluídos". Tais termos, quando analisados por uma perspectiva mais moderna deveriam ser extintos, uma vez que todos os seres estão em constante evolução e estes se modificam por diversificação e não por progressão. No entanto, esta questão foi abordada pelos estudos pioneiros de Carl Woese e colaboradores, inicialmente publicados no final da década de 70. 4. SUBDIVISÃO DOS SERES VIVOS EM TRÊS DOMÍNIOS A princípio, acredita-se que estes três domínios divergiram a partir de um ancestral comum. Archaea: são organismos procariotos, anteriormente denominados arqueobactérias, porque foram inicialmente isolados de ambientes inóspitos, considerados semelhantes ao ambiente existente quando a vida surgiu na Terra. Por esta razão, as archaeas foram durante muito tempo consideradas "fósseis vivos", como se fossem as formas ancestrais das bactérias existentes atualmente. Posteriormente, verificou-se que, embora vários membros deste grupo sejam, de fato, encontrados em ambientes extremos, muitos são isolados a partir de ambientes considerados "amenos", tais como solos, oceanos, trato intestinal de mamíferos, etc. Bacteria: Corresponde a um enorme grupo de procariotos, anteriormente classificados como eubactérias, representadas pelos organismos que compõem a microbiota normal e invasora do homem e outros animais, e bactérias encontradas nas águas, solos, vegetais, ar e ambientes em geral. Eukarya: No âmbito microbiológico, compreende as algas, protozoários e fungos. As algas caracterizam-se por apresentarem, sendo encontradas basicamente nos solos e águas. Os protozoários correspondem a células eucarióticas, não pigmentados, geralmente móveis e sem parede celular, nutrindo-se por ingestão e podendo ser saprófitas ou parasitas. Os fungos são também células sem clorofila, que apresentam parede celular, realizam metabolismo heterotrófico, e nutrem-se por absorção. Como mencionado anteriormente, os vírus são também abordados pela microbiologia, embora sejam entidades acelulares, que não apresentam metabolismo próprio, sendo dependentes de uma célula hospedeira. 5. A MICROBIOLOGIA NA ATUALIDADE A definição clássica de "microbiologia" mostra-se bastante imprecisa, e até mesmo inadequada, frente aos dados da literatura publicados nestas últimas décadas. Como exemplo pode-se citar duas premissas que já não podem mais ser consideradas como verdade absoluta na conceituação desta área de conhecimento: as dimensões dos microrganismos e a natureza independente destes seres. Em 1985 foi descoberto um organismo, denominado Epulopiscium fischelsoni que, a partir de 1991, foi definido como sendo o maior procarioto já descrito, exibindo cerca de 500 µm de comprimento. Esta bactéria foi isolada do intestino de um peixe marinho, encontrado nas águas da Austrália e do Mar Vermelho. Além de apresentar dimensões nunca vistas, tal bactéria mostra-se totalmente diferente das demais quanto ao processo de divisão celular, que ao invés de ser por fissão binária, envolve um provável tipo de reprodução vivípara, levando à formação de pequenos “glóbulos”, que correspondem às células filhas. Mais recentemente, em 1999, outro relato descreve o isolamento de uma bactéria ainda maior, isolada na costa da Namíbia. Esta, denominada Thiomargarita namibiensis, pode ser visualizada a olho nu, atingindo até cerca de 0,8 mm de comprimento e 0,1 a 0,3 mm de largura. 6. ANÁLISE DO TAMANHO DOS MICROORGANISMOS Durante muito tempo se acreditava que o tamanho das bactérias era imposto pelo seu próprio metabolismo, ou seja, se a bactéria aumentasse muito em tamanho, ela seria incapaz de se manter viável e morreria. Tal fato decorre da seguinte dedução: A área superficial da membrana citoplasmática seria o fator limitante para a eficiência das trocas com o meio externo. Sabendo-seque a área de uma esfera é calculada pela fórmula e que o volume de uma esfera é obtido pela fórmula , à medida que a área aumenta, seu volume aumenta muito mais rapidamente. Assim, se uma bactéria começasse a crescer, aumentando sua área, a proporção área/volume diminuiria. Isto faria com que a célula passasse a apresentar um volume muito grande, sendo que sua área superficial seria insuficiente, em termos de trocas através da membrana, para manter sua viabilidade. A partir dos isolados de bactérias “gigantes”, o conceito da limitação de tamanho bacteriano vem sendo revisto, pois não há mais como questionar a existência e viabilidade destas bactérias e, possivelmente, novos relatos serão incorporados, deixando de ser meras curiosidades. Uma das explicações mais prováveis para tal fato reside na existência de grandes mesossomos nestes tipos bacterianos, refutando assim a hipótese de que tais estruturas seriam meros artefatos de microscopia. Alguns estudos também revelam a presença de grandes compartimentos vazios ("bolsas de ar") no citoplasma de procariotos gigantes. Novos estudos vêm sendo realizados, a fim de se obter mais informações sobre outras estratégias desenvolvidas pelos microrganismos para que sobrevivam, quando apresentam dimensões extremamente maiores que os microrganismos "convencionais". 7. MICRO-ORGANISMOS ATUANDO COMO SERES MULTICELULARES Um aspecto bastante estudado nos últimos anos refere-se ao caráter “multicelular” das bactérias. Embora estas exibam a capacidade de sobreviver como uma célula única, realizando os processos metabólicos necessários à sua perpetuação, quando as bactérias encontram-se associadas, formando colônias, ou biofilmes, exibindo divisão de tarefas e alterando seu perfil fisiológico de forma a apresentar uma cooperação que se reflete em diferentes níveis metabólicos. Sabe-se que muitos genes de virulência são expressos somente quando a densidade populacional atinge um determinado ponto. Da mesma forma, a capacidade de captar DNA do meio externo, a bioluminescência, etc, envolve a percepção da densidade populacional por parte das bactérias. Este tipo de mecanismo de comunicação é denominado “sensor de quorum” (quorum sensing) e vem sendo amplamente estudado nas mais diferentes áreas da Microbiologia, uma vez que foi descrito tanto para bactérias como para fungos. Ainda em relação às novas pesquisas desenvolvidas na área de Microbiologia, temos o cultivo de bactérias pré-históricas, visando à busca de compostos com atividade antimicrobiana ou de interesse comercial. Neste sentido, empresas foram criadas, especializadas na reativação de formas bacterianas latentes, isoladas de insetos preservados em âmbar. Os resultados obtidos revelam a reativação de mais de 1200 espécies bacterianas, apresentando de dois a até 135 milhões de anos. Em 2000, foi publicado um relato descrevendo o isolamento e cultivo de uma espécie bacteriana a partir do líquido contido em um cristal de sal de 250 milhões de anos. Os estudos de sequenciamento do DNA que codifica o RNA ribossomal 16S indicam que o organismo pertence ao gênero Bacillus, uma bactéria em forma de bastonete, Gram positiva, com a capacidade de formar endósporos. 8. A QUESTÃO DA VIDA EM MARTE Em 1997, foram publicados relatos de expedições da NASA a Marte, sugerindo a presença de possíveis microrganismos (“nanobactérias”) em espécimes minerais, sendo que achados semelhantes foram também detectados em partículas de meteoritos de Marte, que atingiram a Terra. A favor desta hipótese há o achado de microrganismos que decompõem minerais, frequentemente isolados das profundezas marinhas. Os meteoritos apresentam carbono, fósforo, nitrogênio, além da presença de água. Já em relação às condições ambientais de Marte, temos como contra-argumento o isolamento de Archaea a partir de ambientes absolutamente inóspitos, inicialmente considerados como inadequados à vida. De acordo com alguns pesquisadores, não é absurdo considerar que a vida surgiu em Marte, pois estudos com o meteorito Nakhla, que caiu em 1911 no Egito, com aparentemente de 1,3 bilhões de anos, revelam a presença de elementos cocóides, potenciais fósseis bacterianos, variando de 0,25 a 2,0 µm de tamanho, o que seria correspondente ao tamanho médio atual das bactérias. Curiosamente, estas formas ovais apresentam um teor maior de carbono no seu interior que nas áreas ao seu redor. Além disso, exibe também um elevado teor de óxido de ferro, um composto comum em células fossilizadas. Recentemente, a NASA enviou outra sonda para Marte e os dados recebidos reforçam cada vez mais a ideia da existência anterior de vida em Marte, devido aos achados da possível ocorrência de água naquele planeta. Assim, com base nestes novos achados e principalmente com estudos envolvendo as Archaea, a microbiologia vem levantando uma série de questões quanto à fisiologia e o metabolismo celular, além de questionar permanentemente os limites das condições de vida. 9. UBIQUIDADE DOS MICRO-ORGANISMOS Os microrganismos são os menores seres vivos existentes, encontrando-se em uma vasta diversidade de ambientes e desempenhando importantes papéis na natureza. Este grupo caracteriza-se por ser completamente heterogêneo, tendo com única característica comum o pequeno tamanho dos organismos. Acredita-se que cerca de metade da biomassa do planeta seja constituída pelos microrganismos, sendo os 50% restantes distribuídos entre plantas (35%) e animais (15%). Em termos de habitat, os microrganismos são encontrados em quase todos os ambientes, tanto na superfície, como no mar e subsolo. Desta forma, podemos isolar microrganismos de fontes termais, com temperaturas atingindo até 130°C; de regiões polares, com temperaturas inferiores a -10°C; de ambientes extremamente ácidos (pH=1) ou básicos (pH=13). Alguns sobrevivem em ambientes extremamente pobres em nutrientes, assemelhando-se à água destilada. Há ainda aqueles encontrados no interior de rochas na Antártida. Em termos metabólicos, temos também os mais variados tipos, desde aqueles com vias metabólicas semelhantes ao de eucariotos superiores, até outros que são capazes de produzir ácido sulfúrico, ou aqueles capazes de degradar compostos pouco usuais como cânfora, herbicidas, petróleo, etc. Uma vez que os microrganismos precederam o homem em bilhões de anos, pode-se dizer que nós evoluímos em seu mundo e eles em nosso. Desta forma, não é de se estranhar que a associação homem- microrganismo mostra-se com grande complexidade, com os microrganismos habitando nosso organismo, em locais tais como a pele, intestinos, cavidade oral, nariz, ouvidos e trato genitourinário. 10. PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS MICRO-ORGANISMOS NA NATUREZA Além de seu importante papel como componente da microbiota residente de animais e plantas, em nosso dia a dia conviveu com os mais diversos produtos microbiológicos “naturais”, tais como: vinho, cerveja, queijo, picles, vinagre, antibióticos, pães, etc. Paralelamente, não pode ser deixada de lado a importância dos processos biotecnológicos, envolvendo engenharia genética, que permitem a “criação” de novos microrganismos, com as mais diversas capacidades metabólicas. Os microrganismos desempenham também um importante papel nos processos geoquímicos, tais como o ciclo do carbono e do nitrogênio, sendo genericamente importantes nos processos de decomposição de substratos e sua reciclagem. Dentre os compostos utilizados como substrato temos alguns de grande importância atualmente: DDT, outros pesticidas, cânfora, etc. O carbono encontra- se na atmosfera primariamente como CO2, sendo utilizado pelos organismos fotossintetizantes, para sua nutrição. A energia para o desenvolvimento da vida na Terra é derivada, em última análise, a partir de a luz solar. Esta é captada pelas plantas e microrganismos fotossintetizantes, que convertemo CO2 em compostos orgânicos. Os herbívoros alimentam-se de plantas e os carnívoros alimentam-se dos herbívoros. O CO2 atmosférico torna-se disponível para a utilização na fotossíntese e se origina de duas fontes biológicas principais: 5 a 10% a partir de processos de respiração e 90 a 95% oriundos da degradação, decomposição ou mineralização, microbiana de compostos orgânicos. Em termos de ciclo global, há um balanço entre o consumo de CO2 na fotossíntese e sua produção através da mineralização e respiração. Este balanço, no entanto, vem sendo fortemente alterado por atividades humanas, tais como a queima de combustíveis fósseis, promovendo um aumento da quantidade de CO2 atmosférico, resultando no conhecido “efeito estufa”. 11. FUNGOS Na natureza há diferentes tipos de fungos. Pode-se dizer que eles são uma forma de vida bastante simples. Com relação às diferenças, existem aqueles que são extremamente prejudicais para a saúde do homem, causando inúmeras enfermidades e até intoxicação. Encontramos também os que parasitam vegetais mortos e cadáveres de animais em decomposição. Temos também os que são utilizados para alimento e até aqueles dos quais se podem extrair substâncias para a elaboração de medicamentos, como, por exemplo, a penicilina. Durante muitos anos, os fungos foram considerados como vegetais, porém, a partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte. Por apresentarem características próprias, tais como: não sintetizar clorofila, não possuir celulose na sua parede celular, e não armazenar amido como substância de reserva, eles foram diferenciados das plantas. Os fungos são seres vivos eucarióticos, com um só núcleo. Estão incluídos neste grupo organismos de dimensões consideráveis, como os cogumelos, mas também muitas formas microscópicas, como bolores e leveduras. Diversos tipos agem em seres humanos causando várias doenças como, por exemplo, micoses. Outro tipo importante de fungo é o mofo, que surge através dos espórios, células quase microscópicas que encontramos flutuando no ar. Os espórios preferem locais escuros e úmidos para realizar a reprodução. Em função desta característica, nota-se uma maior quantidade de mofo em ambientes úmidos, como paredes, gavetas, armários, etc. Estas mesmas células minúsculas também se agrupam em pães, frutas e vegetais, pois buscam alimentos em ambientes propícios para o seu desenvolvimento. Os fungos são encontrados no solo, na água, nos vegetais, em animais, no homem e em detritos em geral. O vento age como importante condutor espalhando seus propágulos e fragmentos de hifa. 12. MICROORGANISMOS Os microorganismos são uma forma de vida que não pode ser visualizada sem auxílio de um microscópio. Estes seres diminutos podem ser encontrados no ar, no solo, e, inclusive, no homem. Com relação ao seu contato com o homem, este pode ocorrer de forma positiva e indispensável à vida ou bastante negativa. Neste caso, o efeito prejudicial à saúde, e, até mesmo à vida do homem, se dá pelo contato com microorganismos. Estes seres tão minúsculos e não são todos iguais, eles podem ser muito diferentes em tamanho e modo de vida. Contudo, todos têm em comum uma estrutura bastante simples e a impossibilidade de serem vistos sem o uso de microscópio. O conhecimento deste tipo de vida se deu graças a descobertas ocorridas ao longo de muitos anos. O ápice destas descobertas ocorreu em 1878, quando Pasteur apresentou a "Teoria dos Germes", a partir daí, deu-se início a chamada Era Bacteriológica. As pesquisas de Pasteur foram acompanhadas por um grande número de cientistas e médicos. Alguns deles, impressionados pelas descobertas, promoveram mudanças bastante significativas em seus métodos de trabalho. Além dos microorganismos já identificados e classificados (bactérias, fungos, parasitas), havia outra categoria que só pôde ser observada após a invenção do microscópio eletrônico. Tratava-se de um ser de estrutura organizacional bastante simples e de existência já presumida: o vírus. Somente após a invenção do microscópio, foi possível identificar uma grande variedade de seres vivos. A partir daí, eles passaram a fazer parte da classificação dos seres vivos em reinos. Eles compõem o Reino Monera (seres unicelulares como bactérias e algas azuis), Protista (seres unicelulares como protozoários e algas eucariontes) e Fungi (seres uni ou pluricelulares, como fungos elementares e fungos superiores). 13. MONERA Monera é um obsoleto reino biológico e o pioneiro na classificação científica dos outros cinco. Ele compreende muitos organismos com organização celular procarionte. Por esta razão, este reino foi algumas vezes chamado de Procariota ou Procariotae. Antes de sua criação, os seres vivos desta espécie foram considerados como duas divisões das plantas: Esquizomicetas ou bactérias e Cyanophyta, em que eram incluídas as algas azuis-esverdeadas, que posteriormente passou a pertencer ao grupo das bactérias, comumente chamado de Cyanobactérias. Recentes análises da sequência de DNA e RNA têm demonstrado que há dois grupos principais de procariontes: Bactéria e Archae. A partir da divisão do reino monera em Archae e Bactéria, surgiu um sexto reino. Consequentemente, todos os novos esquemas abandonaram o anterior e passaram a adotar esta mais nova classificação. Atualmente, Bactéria, Archae e Eucariota estão classificados em domínios separados. Eubactéria e Archae se diferem de forma perceptível quando está em ambientes favoráveis a sua sobrevivência. A maioria das eubactérias está em contato com o homem, as mais conhecidas são a ecoli e a salmonela. As archaebactérias sobrevivem em condições extremas, como, por exemplo, fontes de água quente, ambientes ácidos, grandes profundidades de geleiras e podem respirar até metano. 14. VÍRUS A palavra vírus tem sua origem no latim e significa toxina ou veneno. O vírus é um organismo biológico com grande capacidade de automultiplicação, utilizando para isso sua estrutura celular. É um agente capaz de causar doenças em animais e vegetais. O vírus é formado por um capsídeo de proteínas que envolve o ácido nucléico, que pode ser RNA ou DNA. Em alguns tipos de vírus, esta estrutura é envolvida por uma capa lipídica com diversos tipos de proteínas. Um vírus sempre precisa de uma célula para poder replicar seu material genético, produzindo cópias da matriz. Portanto, ele possui uma grande capacidade de destruir uma célula, pois utiliza toda a estrutura da mesma para seu processo de reprodução. Podem infectar células eucarióticas e células procarióticas. A classificação dos vírus ocorre de acordo com o tipo de ácido nucléico que possuem, as características do sistema que os envolvem e os tipos de células que infectam. De acordo com este sistema de classificação, existem aproximadamente trinta grupos de vírus. 15. CICLO DE VIDA DO VÍRUS O ciclo de vida de um vírus são os seguintes: entrada do vírus na célula: ocorre a absorção e fixação do vírus na superfície celular e logo em seguida a penetração através da membrana celular; eclipse: um tempo depois da penetração, o vírus fica adormecido e não mostra sinais de sua presença ou atividade; multiplicação: ocorre a replicação do ácido nucléico e as sínteses das proteínas do capsídeo. Os ácidos nucléicos e as proteínas sintetizadas se desenvolvem com rapidez, produzindo novas partículas de vírus. Liberação: as novas partículas de vírus saem para infectar novas células sadias. As vacinas são utilizadas como método de prevenção, pois estimulam o sistema imunológico das pessoas a produzirem anticorpos contra determinados tipos de vírus. A virologia é a ciência que estuda os vírus e suas propriedades. 16. BACTÉRIA As bactérias apresentam uma estrutura celular bastante simples. Diferente do que ocorre com as células animais e vegetais, elas nem sempre apresentam asmesmas características, com isso apresentam variações em sua forma, tamanho, virulência, etc. Esta forma de vida unicelular e procarionte pode ser encontrada isolada ou em colônias. Muitas bactérias possuem estruturas extracelulares, como flagelos ou cílios, organelas de locomoção presentes nas bactérias móveis. Muitas delas podem possuir esporos, devido ao meio ambiente inadequado à sua condição de vida, esta é uma forma delas se manterem vivas até encontrarem sua condição ideal de sobrevivência. Há ainda aquelas que não possuem esporos, estas são chamadas de vegetativas. De forma geral, as bactérias apresentam entre suas organelas: cápsula, membrana plasmática, ribossomos, parede celular, DNA, flageloe pílus. Elas podem ser classificadas em dois grupos: gram-positvas ou gram-negativas. As gram- positivas possuem uma parede celular mais espessa e constituição química formada por poliptídeos, açúcares e fosfato de ribitol. As gram-negativas possuem a mesma constituição química das citadas no parágrafo acima e, além disso, apresentam ainda 10 a 20% de lipóide. Este grupo forma o maior número de bactérias patogênicas. As bactérias patogênicas são causadoras de inúmeras doenças, tais como: tétano, febre tifóide, pneumonia, sífilis, tuberculose, etc. A infecção pode ocorrer através do contato, do ar, alimentos, água, etc. Os antibióticos são excelentes ferramentas no combate às bactérias patogênicas, pois o organismo infectado por elas pode ser tratado com o uso adequado deste medicamento. Nem todas as bactérias são sensíveis ao mesmo antibiótico, por isso cabe somente ao médico prescrever qual o melhor para cada caso. 17. PARASITAS Os parasitas são seres vivos que retiram de outros organismos os recursos necessários para a sua sobrevivência. Eles são considerados agressores, pois prejudicam o organismo hospedeiro através do parasitismo. O parasita pode viver muitos anos em seu hospedeiro sem lhe causar grandes malefícios, ou seja, sem prejudicar suas funções vitais. Entretanto, alguns deles podem até levar o organismo à morte, neste caso, porém, o parasita sucumbirá junto com seu hospedeiro, uma vez que, era através dele, que ele se beneficiava unilateralmente. Dentre as diferentes espécies de parasitas, existem os parasitas facultativos, que são assim chamados por não necessitarem unicamente de um hospedeiro para sobreviver. Esta espécie é capaz de sobreviver tanto dentro (na forma parasita) quanto fora (vida livre) de outro organismo vivo. É o caso das larvas de moscas que podem desenvolver-se tanto em feridas necrosadas (como parasitas) ou em matéria orgânica em estado de decomposição (como larvas de vida livre). O parasita é capaz de se reproduzir disseminando seus ovos, e estes, costumam infectar outros hospedeiros, dos quais eles retirarão seus meios de sobrevivência através do parasitismo. Eles podem ser transmitidos entre os seres humanos através do contato pessoal ou do uso de objetos pessoais. Podem também ser transmitidos através da água, alimentos, mãos sem a devida higienização, poeira, através do solo contaminado por larvas, por hospedeiros intermediários e por muitos outros meios. 18. AMEBA A ameba é um animal unicelular, ou seja, é composto por apenas uma única célula. Em função do seu tamanho, em média 0,2 milímetro, é observável apenas com a ajuda de microscópio. É classificado como protozoário e sua vida remonta o período de origem do nosso planeta. As amebas vivem em meio aquático (lagos, poças de água, riachos), terrestre e até mesmo no organismo de outros seres vivos como, por exemplo, o homem. Neste último caso pode provocar doenças perigosas como, por exemplo, a amebíase. Grande parte das doenças causadas por amebas são provocadas pela ingestão de água contaminada ou alimentos preparados sem as devidas condições de higiene. O corpo da ameba não possui uma forma definida, sendo que o corpo é quase totalmente formado por uma substância gelatinosa (protoplasma). No interior do protoplasma podemos encontrar o núcleo. A ameba alimenta-se por um sistema chamado de fagocitose. Ela utiliza os pseudópodes (falsos pés) para envolver o alimento. Esses pseudópodes se fecham e o alimento é digerido numa bolsa que fica no interior da ameba. Outro recurso interessante que as amebas utilizam é a transformação em cistos. Quando o meio em que ela vive é desfavorável (local seco ou sem alimentos), ela se transforma num cisto. Nesta forma pode viver muito tempo. Quando se encontra em meio líquido novamente este cisto se rompe aparecendo a ameba novamente. 19. LEVEDURAS As leveduras são fungos formados por apenas uma célula (unicelulares). Não são visíveis a olho nu, portanto podem ser visualizadas apenas com o auxílio de microscópio. Grande parte das leveduras apresenta-se no formato oval. A reprodução das leveduras ocorre de maneira assexuada (sem intervenção de gametas), através de um processo conhecido como brotamento. Desta forma, uma levedura pode gerar outras, sem a necessidade de outra levedura. As leveduras vivem em locais com presença de matéria orgânica ou como parasitas em outros seres vivos. Podem, inclusive, parasitar os seres humanos, provocando doenças. A levedura Cândida Albicans é a levedura parasita mais conhecida do ser humano, pois provoca uma doença chamada candidíase que afeta, principalmente, os órgãos genitais femininos. Algumas espécies de leveduras são usadas na indústria de bebidas e alimentos. O vinho e a cerveja, por exemplo, usam leveduras em determinadas etapas de produção. Também são utilizadas no processo de fermentação da massa de pão. 20. MICOLOGIA E SALMONELA A Micologia é uma ciência, ramo da Microbiologia, que estuda os fungos e suas propriedades. Esta ciência também é conhecida como micetologia. Os profissionais (cientistas) que estudam os fungos são chamados de micologistas ou micetologistas. São profissionais formados na área de Biologia que se especializam em fungos, através, principalmente, de cursos de pós-graduação. O termo micologia tem origem na língua grega, onde "mikes" significa cogumelo e "logos" significa estudo. As salmonelas são bactérias Gram negativas não esporuladas e móveis pertencentes à família Enterobacteriáceas. Este gênero de bactéria apresenta-se em três espécies: Salmonella typhi, Salmonella choleraesuis e Salmonella enteridtis. Esta última apresenta mais de 1400 variações. Com exceção da Salmonella typhi, que afeta aos seres humanos provocando a febre tifóide, a maioria são patogênicas tanto para os homens quanto para os animais. Nos seres humanos as salmonelas são responsáveis por diferentes quadros clínicos (doenças provocadas) como a febre tifóide e paratifoidea, gastrenterite por salmonela, infecções localizadas, etc. Entretanto, existem pessoas que podem sofrer quadro de infecção assintomática, ou, ainda, serem portadoras transitórias ou crônicas, sendo as responsáveis pela disseminação dos bacilos. As principais fontes de transmissão de salmonela são os alimentos contaminados. 1. INTRODUÇÃO 2. REVOLUÇÃO NA MICROBIOLOGIA 3. CLASSIFICAÇÃO DOS SERES VIVOS 4. SUBDIVISÃO DOS SERES VIVOS EM TRÊS DOMÍNIOS 5. A MICROBIOLOGIA NA ATUALIDADE 6. ANÁLISE DO TAMANHO DOS MICROORGANISMOS 7. MICRO-ORGANISMOS ATUANDO COMO SERES MULTICELULARES 8. A QUESTÃO DA VIDA EM MARTE 9. UBIQUIDADE DOS MICRO-ORGANISMOS 10. PRINCIPAIS FUNÇÕES DOS MICRO-ORGANISMOS NA NATUREZA 11. FUNGOS 12. MICROORGANISMOS 13. MONERA 14. VÍRUS 15. CICLO DE VIDA DO VÍRUS 16. BACTÉRIA 17. PARASITAS 18. AMEBA 19. LEVEDURAS 20. MICOLOGIA E SALMONELA
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