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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS ALTO PARAOPEBA SEPARAÇÃO DE CÁTIONS DO GRUPO IIIA Relatório apresentado como parte das exigências da disciplina de Química Analítica Experimental sob responsabilidade da Profª Ana Maria de Oliveira. Ana Carolina de Assis Faria Beatriz Resende Rodrigues Karina Takai Pereira Marcela Magalhães de Paula Maria Teresa Almada Oliveira Ouro Branco – MG Abril/2016 2 SEPARAÇÃO DE CÁTIONS DO GRUPO IIIA RESUMO A análise qualitativa de uma solução procura determinar a identidade dos constituintes presentes. Para isso, são observadas as características físicas da amostra e as diversas evidências de transformação química. A observação das características físicas de uma substância, como estado físico, coloração e odor, em conjunto com as evidências de reação química, como a precipitação de um sólido pouco solúvel, a obtenção de compostos gasosos, e a dissolução de sólidos, com formação de sais simples ou de complexos solúveis, podem revelar indícios que auxiliam durante a análise. Este experimento objetiva separar qualitativamente os cátions 𝐹𝑒3+, 𝐴𝑙3+ e 𝐶𝑟3+ da amostra 2, a princípio desconhecida, através da precipitação com 𝑁𝐻4𝑂𝐻/𝑁𝐻4𝐶𝑙 sob a forma de hidróxido e, então, identificar os íons metálicos. Para tal, adicionou-se 5,0 ± 0,2 𝑚𝐿 da amostra em um béquer e em seguida 0,2508 ± 0,0001 𝑔 de NH4Cl, logo mais submeteu essa solução ao aquecimento até a ebulição. A partir disso, acrescentou-se NH4OH 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 até o pH alcalino, em seguida a solução foi fervida e filtrada imediatamente. O precipitado foi submetido à lavagem com solução de NH4Cl, sendo transferido com auxílio de água para outro béquer, no qual adicionou-se 1 𝑚𝐿 de solução NaOH 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 e 1 𝑚𝐿 de solução de H2O2 3%. Por fim, depois de fervida, filtrou-se novamente. O precipitado foi lavado com 10 𝑚𝐿 de água quente e transferido para outro béquer, no qual foi adicionado HCl para a dissolução do mesmo. O sobrenadante, de coloração amarela, foi dividido em 2 partes. Uma das soluções foi acidificada com ácido acético 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 e gotejou-se acetato de chumbo 1% 𝑚/𝑣, e a outra foi inicialmente acidificada com HCl 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 e em seguida alcalinizada com NH4OH. Para a primeira observou-se a formação de um precipitado amarelo, indicativo da presença de 𝐶𝑟3+, mas para a segunda não se visualizou alteração colorimétrica, neste caso a solução não ficou gelatinosa, a qual seria indicativa da presença de 𝐴𝑙3+. Após gotas de KSCN serem despejadas na solução constituída pelo precipitado, ela adquiriu uma profunda coloração vermelha, sendo um indicativo da presença de 𝐹𝑒3+ no meio. 3 1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Muitas reações utilizadas em análises qualitativas envolvem a formação de precipitados, ou seja, formam uma fase sólida que se separa da solução (pode ocorrer também a formação de pó bem fino, o que deixará a solução turva). Esse tipo de tratamento, minimiza erros devido a interferências na matriz da amostra, tornando a amostra livre de potenciais interferentes (BACCAN et al., 2001). VOGEL (1997), classifica os cátions em 5 grupos. Os cátions analisados aqui, pertencem ao grupo III (𝐹𝑒3+, 𝐴𝑙3+, 𝐶𝑟3+, 𝐶𝑜2+, 𝑀𝑛2+, 𝑍𝑛2+ e 𝑁𝑖2+), o qual é subdivido em dois subgrupos: III-A e III-B: o grupo III-A, engloba os cátions trivalentes, os quais se precipitam sob a forma de hidróxido quando tratados com amônia em cloreto de amônio, como o ferro, alumínio e o cromo. No caso do segundo subgrupo, os cátions bivalentes, só precipitam como sulfetos, após a adição de H2S, contudo o excesso de NH4Cl impede a precipitação dos mesmos. Os hidróxidos formados pelos elementos do subgrupo III-A são muito pouco solúveis em solução alcalina, logo para favorecer sua precipitação usa-se um tampão 𝑁𝐻4𝑂𝐻/𝑁𝐻4𝐶𝑙 ajustado no pH básico, visto que a solução tampão resiste às variações no pH perante adição de ácidos ou bases, ou da diluição, se mantendo sob níveis relativamente constantes (SKOOG et al., 2007). Com o auxílio de uma proveta de 10 𝑚𝐿, mediu-se 5,0 ± 0,2 𝑚𝐿 da solução da amostra 2, e transferiu-se a mesma para um béquer de 100 𝑚𝐿. Foi adicionado a essa solução, 0,2508 ± 0,0001 𝑔 de NH4Cl e aquecida até a ebulição para que houvesse sua dissolução e o desprendimento do oxigênio presente. Depois de atingida a ebulição, adicionou-se NH4OH 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 até um pH alcalino, aproximadamente 1,5 𝑚𝐿, com 5 gotas de excesso, obtendo-se: 𝐹𝑒(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑁𝐻3(𝑎𝑞) + 3𝐻2𝑂(𝑙) ⇌ 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3(𝑠) ↓ + 3𝑁𝐻4(𝑎𝑞) + (1) Após seu aquecimento, forma-se o hidróxido, podendo ser de ferro (III), alumínio (III) e cromo (III), os quais são pouco solúveis em NH4OH em excesso. Como a temperatura é um fator importante para a solubilidade das substâncias, a solução é levada à ebulição para que a solubilidade da mesma diminua e haja a precipitação, pois as constantes de produto de solubilidade são muito baixas (BACCAN et al., 2001): 𝐹𝑒(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑂𝐻(𝑎𝑞) − ⇌ 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3(𝑠) 4 𝐾𝑝𝑠 = [𝐹𝑒 3+][𝑂𝐻−]3 = 2 × 10−39 (2) 𝐴𝑙(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑂𝐻(𝑎𝑞) − ⇌ 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3(𝑠) 𝐾𝑝𝑠 = [𝐴𝑙 3+][𝑂𝐻−]3 = 2 × 10−34 (3) 𝐶𝑟(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑂𝐻(𝑎𝑞) − ⇌ 𝐶𝑟(𝑂𝐻)3(𝑠) 𝐾𝑝𝑠 = [𝐶𝑟 3+][𝑂𝐻−]3 = 2 × 10−30 (4) Após o aquecimento, portanto, houve a precipitação de hidróxido de cromo e hidróxido de alumínio, juntamente com o hidróxido de ferro. A solução foi filtrada imediatamente. 𝐹𝑒(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑁𝐻3(𝑎𝑞) + 3𝐻2𝑂(𝑙) ⇌ 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3(𝑠) ↓ + 3𝑁𝐻4(𝑎𝑞) + (5) 𝐶𝑟(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑁𝐻3(𝑎𝑞) + 3𝐻2𝑂(𝑙) ⇌ 𝐶𝑟(𝑂𝐻)3(𝑠) ↓ + 3𝑁𝐻4(𝑎𝑞) + (6) 𝐴𝑙(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑁𝐻3(𝑎𝑞) + 3𝐻2𝑂(𝑙) ⇌ 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3(𝑠) ↓ + 3𝑁𝐻4(𝑎𝑞) + (7) O sobrenadante obtido não possuía cátions de interesse e, portanto, foi descartado, já o precipitado foi lavado com cerca de 1,5 𝑚𝐿 de solução NH4Cl 1% 𝑚/𝑣, e posteriormente transferido para um béquer com o auxílio de 5 𝑚𝐿 de água. Nessa solução, foi adicionado 1 𝑚𝐿 de NaOH 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 e 1 𝑚𝐿 de solução de H2O2 3%. Em seguida, a amostra foi fervida suavemente até cessar o desprendimento de O2 e, por fim, filtrada com auxílio de papel de filtro. Obtém- se aqui a dissolução dos possíveis hidróxidos de cromo (III) e de alumínio (III): 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3(𝑠) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) − ⇌ (𝐴𝑙(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − (8) 𝐶𝑟(𝑂𝐻)3(𝑠) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) − ⇌ (𝐶𝑟(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − (9) Como o Kps para o hidróxido de ferro é muito menor comparado com os valores do hidróxido de alumínio e de cromo, como podemos ver em (2), (3) e (4), respectivamente, ele será o último a ser solubilizado em uma baixa concentração de 𝑂𝐻(𝑎𝑞) − . Sendo possível separar o precipitado sólido da solução que continha (𝐴𝑙(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − e (𝐶𝑟(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − . Para confirmar a presença de ferro no precipitado, esse foi lavado com 10 𝑚𝐿 de água quente e transferido para um béquer. Dissolveu-se o sólido com HCl 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 , e na presença de KSCN apresentou coloração vermelha intensa, seguindo as seguintes reações: 𝐹𝑒(𝑂𝐻)3(𝑠) ⇌ 𝐹𝑒(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑂𝐻(𝑎𝑞) − (10) 𝐹𝑒(𝐹𝑒(𝐶𝑁)6)(𝑠) ⇌ 𝐹𝑒(𝑎𝑞) 3+ + 𝐹𝑒(𝐶𝑁)6(𝑎𝑞) −4 (11) 5 Após a dissolução do hidróxido de ferro, ele forma um complexo com o cianeto e libera os cátions de interesse, 𝐹𝑒3+, tal como a reação (11), gerando a coloração vermelha bastante profunda. Foi feito também testes com a solução aquosa proveniente da filtração anterior. Essa solução apresentou uma coloração amarelada e foi dividida em duas partes, a fim de verificar a presença de cromo ou alumínio, ou ambos. A primeira parte da solução foi acidificada com ácido acético 5 𝑚𝑜𝑙 𝐿−1 e algumas gotas de acetato de chumbo 1% 𝑚/𝑣 foram adicionadas até a formação de precipitado amarelo, para indicar a presença de 𝐶𝑟3+, oqual obteve-se um resultado positivo, pois houve a formação de um precipitado bastante fino, que fez com que a solução adquirisse um tom amarelo forte. A coloração amarela é proveniente da reação (12): (𝐶𝑟(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − + 𝐻(𝑎𝑞) + ⇌ 𝐶𝑟(𝑂𝐻)3(𝑠) + 𝐻2𝑂(𝑙) (12) A segunda parte também foi acidificada com a solução de HCl, para diminuir a concentração de hidroxila. Em seguida, foi alcalinizada com excesso de NH4OH, o que deveria precipitar o hidróxido de alumínio, como um sólido branco gelatinoso, caso estivesse presente, pois a adição de hidroxila desloca o equilíbrio para a formação do sólido, mas não houve a formação do precipitado. O motivo para que isso acontecesse, é uma provável acidificação insuficiente. A reação que faria com que houvesse o precipitado ocorre da seguinte forma: (𝐴𝑙(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − + 𝐻(𝑎𝑞) + ⇌ 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3(𝑠) + 𝐻2𝑂(𝑙) (13) 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3(𝑠) + 𝑂𝐻(𝑎𝑞) − ⇌ (𝐴𝑙(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − + 𝐻2𝑂(𝑙) (14) (𝐴𝑙(𝑂𝐻)4)(𝑎𝑞) − ⇌ 𝐴𝑙(𝑎𝑞) 3+ + 4𝑂𝐻(𝑎𝑞) − (15) 𝐴𝑙(𝑎𝑞) 3+ + 3𝑁𝐻4𝑂𝐻(𝑎𝑞) ⇌ 𝐴𝑙(𝑂𝐻)3(𝑠) (16) 2. CONCLUSÃO Neste experimento utilizaram-se diversas reações de identificação para separar os cátions do grupo III-A: 𝐹𝑒3+, 𝐴𝑙3+ e 𝐶𝑟3+ em solução. Foi feita a precipitação das amostras com 𝑁𝐻4𝑂𝐻/𝑁𝐻4𝐶𝑙 como hidróxidos através da análise qualitativa para identificar os metais desconhecidos. A identificação de cada cátion só foi possível depois de descartada da solução todos os outros cátions que impediam seu reconhecimento, sendo estes os complexos (sobrenadante). Para a separação foi utilizada a diferença de 6 solubilidade dos mesmos, permitindo que os cátions pudessem precipitar e em seguida separá-los por filtração. Os cátions também foram separados através da formação de complexos, sendo esses identificados pelas suas cores e formação de hidróxidos insolúveis. O KSCN foi utilizado para detecção de 𝐹𝑒3+, devido à formação de um complexo de coloração vermelho intenso quando presente nas soluções, confirmando a presença de 𝐹𝑒3+ na amostra 2 utilizada. A solução resultante da filtração, depois de acidificada, foi dividida em duas, na primeira ocorreu a formação do precipitado de coloração amarela, comprovando a presença de 𝐶𝑟3+, já na segunda, não ocorreu a formação de um precipitado gelatinoso esbranquiçado que se era esperado caso houvesse 𝐴𝑙3+na solução. Portanto, conclui-se que é necessário ter o conhecimento de todas as etapas para a separação das espécies desejadas, porquanto, caso alguma etapa da separação for realizada de modo errôneo, não será obtida a separação completa de cada cátion e sua respectiva coloração. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACCAN, N.; ANDRADE, J. C.; GODINHO, O. E. S.; BARONE, J. S. Química Analítica Quantitativa Elementar. 3. ed. Campinas: Edgard Blücher, 2001. 324 p. SKOOG, D.A.; WEST, D.M.; HOLLER, F.J.; CROUCH, S.R. Fundamentos de Química Analítica. 8ª edição, São Paulo: Thomson, 2007. 1026p. VOGEL, A.I. Qualitative Inorganic Analysis. 7th ed, Singapore: Longman, 1997. 356p.
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