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Artigo TCC Cleide Finalizado

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Cleide Gisele Ribeiro - RA 8038068 
Artes Visuais, Licenciatura 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grafite - Os percalços para espalhar a Arte 
 
 
 
 
 
Tutor: Arethusa Almeida de Paula 
Claretiano - Centro Universitário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO 
2019 
RESUMO 
 Este artigo tem como objetivo, trazer algumas dificuldades que vários de 
nossos artistas acabam enfrentando. Estas dificuldades apontam para um eixo 
principal que desencadeia outras naturalmente. A falta de conhecimento se 
mostra como ponto de início, não se dá a devida importância e valorização 
quando não se conhece. Por isso, acredito que quando mais conhecimento, 
mais difícil será calar a Arte, se as pessoas soubessem o quanto a Arte faz 
diferença, certamente seriamos pessoas melhores. Com este trabalho, 
pretendo mostrar que o Grafite pode e deve trazer benefícios para sociedade, 
se o conhecimento for cedido a todos. Desde a percepção e conhecimento 
como Arte ate técnicas inovadoras para a propagação do Grafite. Espalhando 
se de modo certo nas escolas, com incentivo, por exemplo, já seria um bom 
começo. Mostrando o poder para os alunos de comunicação, arte e 
consciência. A sociedade necessita da cultura, necessidade do movimento 
artístico para impulsionar o conhecimento. A apreciação e interpretação 
contribui para leitura única e pessoal, trazendo consigo a propriedade de se 
fazer a leitura e assim aguçar os questionamentos e reflexões, aflorando 
sensibilidade perante a Arte. A criação e a influência se manifestam 
naturalmente, permitindo ideias e liberdade de expressão. Portanto, a partir do 
momento em que o conhecimento for espalhado de forma correta, os percalços 
certamente diminuirão e a Arte conseguirá se espalhar, trazendo consigo a 
liberdade para se expressar. 
Palavras-chaves: Arte - Grafite - Conhecimento 
 
INTRODUÇÃO 
 A falta de conhecimento, sim! Aparece sendo o maior percalço enfrentado 
para espalhar a Arte do Grafite, como efeito dominó, outras dificuldades 
aparecem no caminho, como: a falta de incentivo, a falta de valorização do 
artista, o preconceito, perca dos artistas brasileiros para outros países, dos 
quais reconhecem a sua arte. 
 A arte do grafite sempre foi dominante nas periferias, por ser uma das 
vertentes do Hip Hop, o grafite era evidente nas periferias, visto com liberdade 
de expressão, ganhava a confiança dos jovens. Hoje, o Grafite já se espalhou 
por vários países, mesmo tendo uma visibilidade maior, ainda o 
reconhecimento não se faz tão presente. Até mesmo por muitas vezes, pela 
confusão de informações. Igualando Grafite e Pichação, acaba não sendo 
incentivada como deveria. Ainda existem lugares no Brasil que não 
reconhecem este tipo Arte, o que também desfavorece a propagação. 
 Sem incentivo, muitos artistas vão para outros países para serem 
reconhecidos. Países estes que reconhecem prestigiam, outras dificuldades 
também são encontradas com a falta de apoio dos governantes, muitas vezes 
censurando, multando, apreendendo material dos artistas, apagando trabalhos 
dos quais já fazem parte do patrimônio público, sem se importarem com o valor 
que este trabalho tem para sociedade em geral. Muitos grafiteiros tentam de 
alguma maneira se destacar, assim acham nos coletivos, chamados de crew, 
uma chance de conseguirem propagar a Arte, acreditando que juntos 
conseguem serem mais visíveis e o objetivo de espalhar Arte se torna mais 
leve. Ao escolher este artigo, me deparei com uma questão solida, a falta de 
conhecimento, ponto de partida para toda esta falta de valorização, aceitação, 
estimulação, propagação, utilização. 
 Foi feito uma pesquisa bibliográfica e um embasamento na Abordagem 
Triangular adequando como: sociedade, apreciação e criação. Por isso, 
em base na Abordagem Triangular de Ana Mae Barbosa, pude perceber que se 
não existe conhecimento, não há interesse nem ao menos uma estimulação 
para um fazer artístico e muito menos a apreciação de tal Arte. Não existe 
fundamento e nem objetividade para uma sociedade que não propõe conhecer. 
 Acredito que a falta de conhecimento se torna o maior vilão. Para qualquer 
grafiteiro desenvolver uma obra, necessita de estudos, técnicas e 
aprimoramento, para passar o que realmente ele tem em mente, e para que 
isso aconteça, o conhecimento é essencial, para se desenvolver o fazer 
artístico, enfim a criação e com isso a apreciação por muitos vem naturalmente. 
Simples assim acredito que o conhecimento e a base para a mudança. Esta 
Arte não conhecido de maneira completa, muitas vezes segue confundida com 
vandalismo, ponto de vista de muitos, de maneira equivocada, colocando tudo 
como a mesma "coisa", posição que muitos aderem por falta de conhecimento, 
o que impossibilita o crescimento e entendimento da Arte. O grafite traz 
consigo modalidades diferentes como o Estêncil que são moldes prontos 
vazado e o Lambe Lambe, impressões com frases e desenhos já prontos 
colados em lugares para uma boa visualização, trazendo indagação, reflexões 
e figuras, todos com propósito de propagação de alguma ideia. Vejo o Grafite 
como Arte libertadora pois da a possibilidade de todos se expressarem. E arte 
mais próxima de toda sociedade, trazendo de maneira livre a Arte a todos, para 
melhor utilização, aproveitando o cenário livre para reflexão e conscientização. 
 
DESENVOLVIMENTO 
 Desde as primícias, o ser humano passou-se a comunicar-se por riscos e 
manuscritos, nas pedras e muros das cavidades onde viviam. Diversos pontos 
arqueológicos protegidos apresentam que, a partir da era paleolítica, os 
talentosos ilustradores retratavam bichos, de preferência éguas e cavalos, 
bezerros e pessoas humanas, com ênfase em relação às suas companheiras. 
Usava-se de recursos feitos de esqueletos e pedriscos, que era utilizado tanto 
para as garatujas, quanto para a caçada e a combate entre comunidades 
adversárias. 
 Dentre os diversos termos utilizados de intervenção e arte urbana, o nome 
graffiti/grafite surgiu nos meados dos anos 70 e na mesma década chegou ao 
Brasil, proporcionando cores e mudando visuais externos de todo o país. 
 Hoje, o grafite consiste em ilustrações pensadas e produzidas com o 
objetivo de gerar existência a determinados lugares, todavia com conhecimento 
do possessor ou aprovação de instâncias para lugares públicos. 
Diversos cidadãos sentem que estes modelos existentes são artes plásticas 
populares; os demais dizem ser uma total depredação urbana. Muitos 
ilustradores desta arte, por momentos, têm de dar respostas à fiscalização, 
caso apanhados ilustrando ou pincelando em áreas de propriedades 
particulares ou públicas. 
 Porém, há pessoas que os convide, alguns nas instituições de diversos 
tipos, a colorir panoramas decorativos em prédios, quanto nas divisões 
públicas. Além disso, já existem pessoas instituindo aulas ou exercícios 
secundários para estudantes desenvolverem habilidades para criar grafites 
artísticos. 
 Segundo Funari (2003, p.86), o grafite percorre pelas mais diversas esferas 
da cultura popular. 
Os temas dos grafites são os mais diversos e os mais 
recorrentes, referem-se às campanhas eleitorais, os poemas 
amorosos, jocosos, satíricos e irônicos são muito frequentes. 
Assinaturas, insultos, caricaturas e trocadilhos espalham-se por 
todas as paredes. (FUNARI, 2003, p. 86). 
 
 Entende-se que hoje, à perspectiva do povo e completamente constituída no 
dia a dia das pessoas, o grafite gera e, ao mesmo instante, aponta à realidade 
de indivíduos desfavorecidos e suas ações através de coloridas ilustrações que 
prendem a atenção. Essa expressão artística evoluiu na área cultural e está 
alcançando níveis em contextos inesperáveis. 
 Distintivamente do grafite, a pichação é vista como uma infração. O 
pesquisador Pedro RussiDuarte (2010, p.931) esclarece:Pichações, correspondem ao tipo de escritura com componentes 
de elaboração verbal intensos, seu corpus destaca-se no 
contexto da revolta, herdeira de uma profunda tradição filosófica, 
política, poética, literária, humorística, irônica (mudar a 
sociedade a partir daí). Ontologicamente inscrita como: não arte, 
não desenho, não cultura, despeito, delito, reacionário. Graffiti-
Grafite, o início não é muito diferente ao das pichações, mas 
com acento de resistência formal, melhoramento técnico-
estético, comercial, uma domesticação que o transforma em arte 
(museus, MCM etc.) contrapondo-se à pichação, especialmente 
a forma do graffiti-hip-hop (um dos elementos da manifestação 
musical). Destaca-se em imagens plásticas que mudaram o 
conceito do muro para mural e de cenários fixos para móveis 
(por exemplo, trens) (RUSSI-DUARTE, in ENCICLOPÉDIA 
INTERCOM, 2010, p. 931). 
Através da citação do pesquisador, é notável ver a pichação como uma prática 
e uma forma de elaboração literal que se apresenta em desacordo com as 
autoridades, principalmente quando foi precisamente criminalizada. 
Tanto o grafite quanto a pichação, foram apresentados na cava banal e 
classificados como ações condenáveis, pelo prejuízo que ocasionam à 
ambiência, em virtude da degradação visual. Acontece que, aos poucos, a 
devida análise harmoniosa permitiu uma divisão e um diferente sentido para os 
dois atributos. A pichação denuda de toda relação primorosa e, peculiar à sua 
aptidão ilícita, domina as avenidas com manifestações desagradáveis e 
linguagens ofensivas de uma erudição de desobediência. O grafite, em tempo, 
elaborado por comunidades envolvidas com a técnica artística, procura a zona 
urbana para executar através de spray e produzir cenários, imagens e visões 
cadenciadas, intensamente multicoloridos. É comum as pessoas pararem e 
apreciarem o grafite evidenciado nas avenidas, além da afeição exposta dos 
especialistas na especificidade, que até lograram enaltecer a grafitagem nos 
importantes museus. 
Como todo texto, o grafite é portador de significação, que, nesse 
caso, é dada pela visualidade em que são conjugados recursos 
da linguagem dos desenhos, 8 do verbal escrito, da pintura, que, 
juntos concretizam e incorporam uma identidade de grupo ou de 
uma cidade ou comunidade, em produções que trazem o 
cotidiano e os elementos identitários de seus enunciadores, 
explorando experiências de mundo e de enfrentamento da 
realidade que se dão nas ruas, aos olhos de todos os que nelas 
circulam. (Zuin, 2004. Revista Internacional de Folkomunicação, 
Pág. 2). 
 
 A ilustração artística, deste modo, ganha permissão para realizar sua 
recepção nas avenidas, apresentar seu teor literário e mostrar que sua beleza 
está totalmente ligada com a ideologia do bem-feito. Tudo que é aprazível aos 
olhos e que há inclinação para agradar os cidadãos, conduzindo-os em direção 
a um espaço harmonioso em que conseguirá realizar espontaneamente suas 
digressões no ilusório dado, não vale ser bloqueado. O método artístico jamais 
mesclará com repressão. 
Em vez de uma parede clara, encanecida pelos anos, sem relevância vistosa, 
projete-se perante de uma ilustração de grafite mostrando um panorama do pôr 
do sol de Foz do Iguaçu, com suas águas indescritíveis e seu imenso céu 
deslumbrante. Consagra a mente e o conduz para um nível de inspiração. 
Muito mais satisfatoriamente que a pichação, especialmente quando abeira o 
tempo de divulgação eleitoral. 
 O grafiteiro, pesquisa sua própria influência em um assunto, que em 
diferentes situações, são cronistas e sociáveis, como uma petição de 
meditação àqueles que percorrem pelas suas artes. O indispensável é que ele 
alcance a sua própria personalidade, um estilo único e diferenciado para criar 
suas ilustrações e também ser respeitado. Antes de ilustrar as paredes, o 
criador delineia seu “mural”, ora ele atinge um entendimento mais engenhoso e 
utiliza o devido local para integrar com a sua técnica. E é nessa situação que 
se encontra o espírito do grafite e ele teria que ser visto e considerado como 
um dom artístico, já que apresenta os princípios essenciais para esse fim. 
 Artistas diferenciados como Banksy, Vespa e os Gêmeos, trazem 
notoriamente ganhos importantes contribuindo para ascensão e difusão da 
Arte. Banksy artista renomado britânico, nascido em 1974, utiliza da técnica do 
estêncil, visto como irônico muitas vezes. Discreto e ácido traz reflexões em 
seus trabalhos geralmente alfinetadas em problemas sociais, governamentais e 
afins. Banksy também é conhecido pelo seu descontentamento com o governo 
que rotula seus trabalhos como vandalismo, expõe seus trabalhos nas ruas e 
também já teve problemas em relação a trabalhos apagados. Porém, hoje seu 
sucesso e seu jeito diferenciado, traz reconhecimento e trabalhos valorizados, 
obras que chegam a USS 200 mil. 
 
 
Girl with Balloon - Criado em 2002, em South Bank (Londres). 
 Já o grafiteiro Vespa, integrante da Crew PDF, e um artista da minha cidade 
de São José dos Campos, já reconhecido em alguns países, começou a se 
aventurar bem cedo, onde trabalhava, começou com a areografia, encorajado 
pelo patrão. Após os primeiros passos, começou a se adentrar na Arte. 
Simpatizante com a Cultura Hip Hop, se aprofundou no Grafite, uma das 
vertentes do Hip Hop, com estilos livres e realistas. Em 1998 teve os primeiros 
contatos com a técnica 3D. Técnica diferenciada e considerada nova. A 
tendência para o novo trás mais adeptos e conhecimento, autodidata, 
Vespa também informa que já passou por preconceito e pior ainda, a falta de 
reconhecimento na sua cidade natal, que desde 2001, o grafite é considerado 
vandalismo e a proibição é normal. Mesmo assim, sua dedicação e seus 
esforços ainda são maiores para espalhar a Arte. 
 
GALERIA DE ARTE PÚBLICA DA QUINTA DO MOCHO EM SACAVÉM - LOURES 2014 
 Os Gêmeos, são irmãos de São Paulo que se encontraram no Grafite, 
utilizando de diversas técnicas e constante evolução. Na década de 80 a 
cultura hip hop impulsionou ainda mais os irmãos, reconhecidos nacionalmente 
e internacionalmente, se apropriam do lúdico, trazendo composições únicas 
influenciados por novas culturas. Realizam várias mostras em galerias diversas 
e destacam a informação que para entender a sua Arte há a necessidade de 
deixar a razão de lado e se aprimorar do imaginário, permitindo experiências 
maior do que simplesmente visual, sentir primeiro e depois entender. 
 
 
Vancouver Biennale - 2014 
 
 A ciclos tardios, o grafite está sendo considerado e visto com outros olhares, 
tornando-se atrativo e cultuado. Junto às merecidas aprovações e com o fim de 
enaltecer o legado público, o grafiteiro pode criar sua tela. A verdade é que o 
dom grafiteiro é igualitário, vem tornando-se mais prestigiado por sua aparência 
e é ideal para o meio social, porque gera e promove novos talentos, junta 
cidadãos que conseguiriam estar em linha pública, frequentemente nos conduz 
em um nível de indagação, estima a área urbana, além do que, temos a chance 
de andarmos em um corredor de artes claras e gratuitas à todas as pessoas, 
http://www.vancouverbiennale.com/
sem limites, deixando-nos adorá-la no decorrer de nossos dias, fazendo-se 
parte de nossa existência. 
 
CONCLUSÃO 
 Por todos estes aspectos mencionados, entende-se que há vários impasses 
para se propagar a Arte do Grafite, muitas das vezes as leis também se 
mostram contra, o que seria pra ser algo reconhecido e apoiado pois a prática 
é considerada expressão artística urbana, tendo objetivo de valorizar 
ambientes, contribuir para a construção do cidadão, criando questionamentos, 
contemplações, empoderamento e indagações não são suficientes para serem 
respeitadas valorizadas, e assim o retrocesso se instala no Brasil. O grafite e a 
Arte que tem suas galerias livres para toda conexão entre pessoas, a uniãodos 
artistas consiste em uma luta para a tentativa de propagação, novas técnicas e 
estudos são diariamente estimulados para novos resultados e conceitos sem 
perder a essência urbana. O conhecimento se transforma em parte 
fundamental para esta sociedade que se renova a cada dia, com suas 
diferenças e diversidades, comece a entender e respeitar todas as formas de 
Arte, o que nos leva a pensar que, o conhecimento traz conseqüências 
inesperadas e experiências inesquecíveis. Lute pela Arte. 
 
REFERÊNCIAS 
BARBOSA, Ana Mae; Cunha, Fernanda Pereira da. 2010. A abordagem 
triangular no ensino das artes e culturas visuais. São Paulo: Cortez. 
FUNARI, Pedro Paulo. Antiguidade clássica: a história e a cultura a partir dos 
documentos. 2. ed. Campinas, SP: Ed. UNICAMP, 2003. 
RUSSI-DUARTE, Pedro. Enciclopédia Intercom, 1. Ed, p.931, 2010. 
ZUIN, A. L. A. “O grafite da vila madalena: uma abordagem sociossemiotica.” 
São Paulo, S.P. 2004. 
Site: Artes sem Fronteiras 
Disponível em: https://artesemfronteiras.com/artista-vespa 
Pesquisa realizada no dia 04 de maio de 2019, ás 23h10. 
https://artesemfronteiras.com/artista-vespa
Site: Blog Caleidoscópio 
Disponível em: http://www.caleidoscopio.blog.br/os-gemeos-colorem-um-
complexo-industrial-na-bienal-de-vancouver/ 
Pesquisa realizada no dia 04 de maio de 2019, ás 23h27. 
Site: Cultura Genial 
Disponível em: https://www.culturagenial.com/obras banksy 
Pesquisa realizada no dia 04 de maio de 2019, ás 23h27. 
 
 
 
 
 
http://www.caleidoscopio.blog.br/os-gemeos-colorem-um-complexo-industrial-na-bienal-de-vancouver/
http://www.caleidoscopio.blog.br/os-gemeos-colorem-um-complexo-industrial-na-bienal-de-vancouver/

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