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Aspectos clínicos e hematológicos em cães submetidos à fluidoterapia.pdf
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 
Aspectos clínicos e hematológicos em cães submetidos à fluidoterapia 
intravenosa, nutrição enteral e parenteral 
 
[Clinical and hematological aspects in dogs alloted to intravenous fluid therapy, enteral and parenteral nutrition] 
 
 
R.C. Valadares1, M.S. Palhares2*, A.L.F. Bicalho3, C.R. Turchetto Jr.3, 
M.D. Freitas3, J.M. Silva Filho2, A.U. Carvalho2 
 
1Aluno de pós-graduação – EV-UFMG 
2Escola de Veterinária - UFMG 
Caixa Postal 567 
30123-970 - Belo Horizonte, MG 
3Médico veterinário autônomo 
 
 
RESUMO 
 
Avaliaram-se peso vivo, temperatura retal, comportamento, escore fecal e hemograma em 20 cães, sem 
raça definida, distribuídos aleatoriamente em quatro grupos experimentais com cinco animais cada, duas 
fêmeas e três machos, submetidos ao arraçoamento padrão (grupo I – controle), à fluidoterapia 
intravenosa (grupo II), à nutrição enteral por gastrostomia (grupo III) e à nutrição parenteral total (grupo 
IV). Os tratamentos duraram sete dias, precedidos por dois dias de jejum alimentar. Os animais do grupo 
II apresentaram a maior perda de peso (P<0,05), e os do grupo IV flebite, já no segundo dia de 
tratamento. Não foram observadas alterações no eritrograma (P>0,05). Os animais do grupo II 
apresentaram valores abaixo dos de referência para hemácias, hemoglobina e hematócrito, sugerindo 
anemia normocítica normocrômica. A fixação da sonda gástrica, via endoscopia, levou a alterações no 
número total de leucócito (P<0,05), causando desvio à esquerda regenerativo nos animais do grupo II. A 
velocidade de administração da solução parenteral deve ser monitorada quando se utiliza o acesso venoso 
periférico. 
 
Palavras-chave: cão, fluidoterapia, nutrição parenteral, nutrição enteral 
 
 
ABSTRACT 
 
Body weight, rectal temperature, behavior, fecal score and hemogram were evaluated in 20 crossbred 
dogs, randomly alloted in four experimental groups, being five animals in each group, two females and 
three males. Those animals were alloted to standard feeding (group I - control), intravenous fluid therapy 
(group II), enteral nutrition through gastrotomy (group III) and total parenteral nutrition (group IV). The 
treatments lasted seven days, preceded by two days of fasting. The animals of group II showed the highest 
weigth loss (P<0.05), and the animals of group IV showed phlebitis, since the second day of treatment. 
No changes were observed in red blood cell count (P>0.05), however, the animals of group II showed 
lower values of erythrocytes, hemoglobin and hematocrit, suggesting normocytic normochromic anemia. 
The gastric tube placement, through endoscopy, led to alteration of the total number of leukocytes 
(P<0.05), causing a regenerative left shift in the animals of group II. The administration rate of the 
parenteral nutrition solution must be monitored when a peripheral venous access is used. 
 
Keywords: dog, fluid therapy, parenteral nutrition, enteral nutrition 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recebido em 12 de agosto de 2004 
Aceito em 2 de janeiro de 2006 
*Autor para correspondência (corresponding author) 
E-mail: palhares@vet.ufmg.br 
Valadares et al. 
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 496
 
INTRODUÇÃO 
 
Nos últimos 25 anos, a comunidade médica 
desenvolveu sistemas práticos para a nutrição 
parenteral total, líquidos enterais para nutrição 
enteral superior e técnicas cirúrgicas de fácil 
colocação de tubos de alimentação enteral. Essa 
tecnologia, aplicada recentemente em pacientes 
veterinários, confirma o sucesso documentado na 
medicina humana (Donoghue, 1992). 
 
O suporte nutricional terapêutico visa fornecer, 
via enteral ou parenteral, os nutrientes 
necessários para manutenção e recuperação do 
paciente hospitalizado. Uma vez que a 
inapetência e inanição são situações comuns em 
animais enfermos, levando, muitas vezes, a 
quadros severos de desnutrição e agravamento da 
enfermidade, o suporte nutricional é de grande 
interesse clínico. Um estado nutricional 
adequado otimiza a resposta a tratamentos 
clínico-cirúrgicos, impede a diminuição da 
resposta imune, minimiza a perda de massa 
corporal, favorece a cicatrização de feridas e, 
conseqüentemente, diminui o tempo de 
permanência do animal em um ambiente 
hospitalar hostil (Armstrong e Lippert, 1988; 
Simpson e Elwood, 1994). A perda de 10% do 
peso corporal e/ou períodos de anorexia 
superiores a quatro dias são indicativos de uso do 
suporte nutricional adequado, seja pela via 
enteral ou parenteral (Remillard e Tatcher, 
1989). 
 
A nutrição enteral deve ser considerada um 
ponto importante no plano terapêutico de animais 
criticamente doentes, hospitalizados ou não. A 
deficiência ou falta de ingestão de alimentos 
pode levar à fraqueza muscular, disfunção do 
sistema imune e demora na cicatrização de 
feridas. A nutrição enteral é importante para 
manter normais as funções enzimáticas 
intestinais e pancreáticas e, também, evitar a 
estase biliar (Crowe e Devey, 2000). A técnica 
utilizada neste trabalho foi a gastrostomia guiada 
por endoscopia. Esse método de alimentação 
enteral pode ser utilizado como suporte 
nutricional prolongado em qualquer animal que 
apresente anorexia ou disfagia (Abbod e 
Buffington., 1993; Marks, 1998). 
 
Quando o trato gastrintestinal não apresentar 
condições de digerir e absorver os nutrientes, o 
suporte enteral é contra-indicado. Nesse caso, a 
via parenteral é preferível (Burrows, 1981; 
McConnell, 2001). 
 
A fluidoterapia intravenosa é indicada 
principalmente quando o grau de desidratação é 
alto, necessitando-se de uma resposta rápida para 
salvar a vida do animal, ou quando o animal está 
muito deprimido ou, ainda, quando apresenta 
perda aguda de fluidos (DiBartola, 1992). Ela é 
comumente utilizada em clínicas veterinárias 
para a manutenção de animais anoréxicos ou 
impossibilitados de se alimentarem. É uma 
prática quase sempre utilizada de maneira 
aleatória, mas fundamental para a manutenção ou 
correção do equilíbrio hidroeletrolítico do 
animal. Seu uso não evita nem minimiza o 
balanço energético negativo, resultante da 
anorexia e do aumento do requerimento 
energético, normalmente encontrados em 
animais doentes. 
 
O objetivo deste trabalho foi verificar a 
influência de diferentes formas de alimentação 
clínica sobre características clínicas e 
hematológicas, em cães. 
 
 
MATERIAL E MÉTODOS 
 
Utilizaram-se 20 cães, sem raça definida, com 
idade variando entre dois e oito anos e peso entre 
11,1 a 28,6kg. Os animais foram alojados em 
canis coletivos para cumprirem o período de 
adaptação de 15 dias, onde receberam ração 
super premium1. 
 
Os animais foram agrupados de acordo com o 
sexo e o peso e divididos aleatoriamente em 
quatro grupos experimentais (cinco animais por 
grupo, sendo três machos e duas fêmeas). No 
grupo I - controle receberam ração super 
premium comercial1, duas vezes ao dia, durante 
sete dias. A quantidade de ração diária individual 
foi calculada de acordo com seus requisitos 
energéticos, levando-se em conta o peso 
metabólico e a densidade energética da ração. Na 
Tab. 1 mostra-se a quantidade de ração recebida, 
de acordo com o peso metabólico (a água foi 
fornecida à vontade). 
 
No grupo II - fluidoterapia intravenosa - os 
animais receberam exclusivamente solução 
 
1 Premier cães adultos – Premier pet –São Paulo 
Aspectos clínicos e hematológicos... 
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ringer lactato e solução glicofisiológica 5%, às 8 
horas, durante sete dias. O volume calculado de 
fluido foi 60ml/kg de peso corporal (DiBartola, 
1992), metade fornecido pela solução de ringer 
lactato e metade pela solução de glicofisiológica 
a 5%. O acesso venoso foi através da 
cateterização
transdérmica da veia cefálica. Na 
Tab. 2 mostra-se o volume diário das duas 
soluções, administrado de acordo com o peso 
vivo. 
 
No grupo III - nutrição enteral - utilizou-se o 
método de gastrostomia, tendo sua implantação 
guiada por endoscopia, como método de 
fornecimento do suporte enteral. A dieta 
utilizada foi a mesma do período de adaptação. A 
quantidade de ração diária individual foi 
calculada de acordo com os requisitos 
energéticos, levando-se em conta o peso 
metabólico e a densidade energética da ração. 
 
Tabela 1. Quantidade diária de ração comerciala, em gramas, fornecida por animal do grupo I (controle) 
Animal Sexo Peso (kg) Peso metabólico1 REM (Kcal)2 EM Ração (Kcal)3 Ração (g/dia)4
1 F 16,7 8,3 1156,4 4130,0 280,0 
2 M 14,2 7,3 1024,8 4130,0 248,2 
3 M 13,4 7,0 980,0 4130,0 237,3 
4 F 18,5 8,9 1248,8 4130,0 302,4 
5 M 12,0 6,5 903,0 4130,0 218,6 
aPremier cães adultos – Premier pet –Sâo Paulo 
1 Peso metabólico (PM) = (peso vivo)0,75. 
2 Requisito energético para manutenção (REM) = 140 x PM. 
3 Energia metabolizável da ração (EM) = 3,075 + 0,066 (extrato etéreo dieta) (Case, 1998). 
4 Quantidade de ração fornecida (arredondada da ração calculada): animal 1 = 280g; animal 2 = 250g; animal 3 = 240g; animal 4 = 
305g; animal 5 = 220g. 
 
 
Tabela 2. Volume diário das soluções glicofisiológicas 5% e ringer lactado por animal do grupo II 
(fluidoterapia intravenosa) 
Animal Sexo Peso (kg) 
Volume total 
(ml) 
Solução 
glicofisiológica (ml)1 
Ringer lactato 
(ml)1 
Kcal fornecida 
por dia 
Necessidade 
calórica/dia 
1 F 29,8 1788 894 894 161,1 1785,0 
2 M 15 900 450 450 80,6 1066,8 
3 F 15,5 930 465 465 89,5 1093,4 
4 M 11,1 666 333 333 62,7 851,2 
5 M 14,8 888 444 444 80,6 1055,6 
1Volume total diário arredondado (50 em 50ml); animal 1 = 900ml; animal 2 = 450ml; animal 3 = 500ml; animal 4 = 350ml; animal 
5 = 450ml. 
 
 
O volume diário de água foi calculado como 
sendo três vezes a quantidade diária, em gramas, 
da ração (Lewis, 1994; Gross et al., 2000). A 
dieta foi dividida em três administrações diárias, 
às 8, 14 e 18 horas, durante sete dias. Na Tab. 3 
apresentam-se a quantidade de ração e o volume 
de água diários, administrados de acordo com o 
peso metabólico. 
 
 
Tabela 3. Quantidade de ração e volume de água diário fornecido por animal do grupo III (nutrição 
enteral) 
Animal Sexo Peso vivo 
(kg) 
Peso 
metabólico 
REM 
(kcal) 
EM ração 
(kcal) 
Ração 
(g)/dia1 
Volume de água 
(ml)/dia2 
1 F 19,1 9,1 1279,6 4130,0 309,8 929,5 
2 M 16,0 8,0 1120,0 4130,0 271,2 813,6 
3 M 13,1 6,9 964,6 4130,0 233,6 700,7 
4 F 12,0 6,5 903,0 4130,0 218,6 655,9 
5 M 18,0 8,7 1223,6 4130,0 296,3 888,8 
1Ração fornecida arredondada da ração calculada; animal 1= 310g; animal 2 = 270g; animal 3 = 235g; animal 4 = 220g; animal 5 = 
300g. 
2Volume diário de água = três vezes a quantidade de ração(g) fornecida. Volume arredondado; animal 1 = 930ml; animal 2 = 815ml; 
animal 3 = 705ml; animal 4 = 660ml; animal 5 = 900ml. 
REM = requisito energético de manutenção, EM = energia metabolizável. 
Valadares et al. 
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 498
No grupo IV - nutrição parenteral - os animais 
receberam o suporte nutricional total durante sete 
dias, sendo o tratamento iniciado às 8horas. O 
acesso venoso foi através da veia cefálica. Para a 
obtenção da solução parenteral total, foram 
utilizadas soluções de aminoácidos, soluções de 
lipídio e de glicose 50%. Para o cálculo do 
volume participante de cada solução na solução 
parenteral final, foram utilizadas as 
recomendações de Armstrong e Lippert (1988), 
que consideram apenas as calorias fornecidas 
pelas soluções de glicose e lipídio. O volume das 
soluções administradas a cada animal é 
apresentado na Tab. 4. Após receberem soluções 
parenterais, os animais foram submetidos à 
fluidoterapia intravenosa, pela administração das 
soluções de ringer lactato e fisiológica a 0,9%, 
utilizando-se os mesmos cálculos do grupo II, 
com o objetivo de se evitar desidratação, visto 
que as soluções parenterais eram hipertônicas. 
 
 
Tabela 4. Volume diário fornecido das soluções de aminoácidos (AA), lipídios e glicose por animal do 
grupo IV (nutrição parenteral) 
Animal Sexo Peso (kg) 
Peso 
metabólico 
REM 
(kcal) 
Necessidade 
protéica1(g) 
Solução AA2 
(ml) 
Solução 
lipídica2 (ml) 
Solução 
glicose2 (ml)
1 M 14,4 7,0 1034,6 57,6 576,0 258,7 304,3 
2 F 16,7 8,3 1156,4 66,8 668,0 289,1 340,1 
3 M 11,5 6,2 873,6 46,0 460,0 218,4 256,9 
4 M 18,1 8,8 1229,2 72,4 724,0 307,3 361,5 
5 F 22,0 10,2 1422,4 88,0 880,0 355,6 418,4 
1Necessidades protéicas = 4g de proteína/kg de peso vivo. 
2Solução de aminoácidos (Aminosteril 10%) = 10g proteína/100ml; solução de lipídios (Lipovenus 20%) = 2000Kcal/1000ml; 
solução de glicose 50% = 1700Kcal/1000ml. 
 
 
Antes de instituir os tratamentos, todos os 
animais permaneceram em jejum por 48 horas. 
Esse procedimento deveu-se ao fato de os 
animais serem submetidos ao exame 
endoscópico do trato gastrintestinal. Somente os 
do grupo III necessitavam ser submetidos à 
endoscopia para a colocação da sonda gástrica, 
mas o procedimento foi o mesmo para todos os 
animais. 
 
Eles foram avaliados clinicamente quanto ao 
peso vivo (PV), temperatura retal (TR), 
comportamento em resposta a estímulo externo e 
escore fecal. Os pesos foram obtidos antes do 
jejum, no primeiro, no quarto e no último dia de 
tratamento, sempre nos mesmos horários, às 13 
horas. Foram realizadas duas mensurações 
diárias para a temperatura retal, sendo a primeira 
entre 7 e 8 horas e a segunda entre 20 e 21 horas. 
O comportamento dos animais foi observado 
diariamente entre 7 e 8 horas e também durante a 
colheita de material, observando-se sua reação à 
manipulação e às punções. 
 
O escore fecal, avaliado diariamente, foi 
classificado em fezes consistentes, pastosas e 
líquidas, logo após a defecação. Observou-se, 
ainda, a ocorrência de flebite nas veias cefálicas, 
visto que a administração das soluções nos 
animais dos grupos II e IV ocorreu por esse 
acesso. 
 
Colheram-se amostras de sangue por venopunção 
central da jugular externa, em tubos a vácuo, 
com anticoagulante (EDTA). A primeira, antes 
do início do experimento, e as outras, 
diariamente, sempre entre 7 e 8 horas. O 
hemograma constitui-se de eritrograma e 
hemograma. 
 
O delineamento experimental foi inteiramente ao 
acaso, em parcelas subdivididas, tendo os grupos 
na parcela, e os dias e coletas e suas interações 
na subparcela. Para as variáveis com valores 
numéricos, como hemograma, bioquímica, peso 
e gasometria, utilizou-se o teste de Student 
Newman Keuls para a comparação das médias. 
 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Não houve diferenças entre os grupos nem 
dentro de grupo (P>0,05) quanto aos pesos 
obtidos antes do jejum, depois do jejum 
(primeiro dia tratamento), no quarto e no sétimo 
dia de tratamento (Tab. 5). 
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Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 499
Tabela 5. Peso médio (kg) de cães submetidos a diferentes tratamentos nutricionais (grupo I - controle, 
ração comercial; grupo II - fluidoterapia intravenosa; grupo III – nutrição enteral; grupo IV - nutrição 
parenteral) 
Dia1 Grupo 1 Grupo II Grupo III Grupo IV 
0 15,4 + 2,5 17,5 + 7,2 16,5 + 3,1 17,12 + 3,9 
1 15,0 + 2,6 16,7 + 6,9 15,7 + 3,1 16,5 + 3,9 
4 14,9 + 2,4 15,9 + 7,2 16,1 + 3,0 16,6 + 4,0 
7 14,9 + 2,6 15,3 + 7,4 15,7 + 2,9 16,3 + 3,8 
1Dia 1 = peso antes do jejum; dia 2 = peso após o jejum (dia 1 do tratamento); dia 3 = peso no quarto dia de tratamento; dia 4 = peso 
no último dia de tratamento (sétimo dia).(P>0,05). 
 
 
Quanto à perda de peso, observou-se diferença 
(P<0,05) entre o grupo da fluidoterapia (maior 
perda) e os demais (Tab. 6). Esta observação é 
semelhante à de Gross et al. (2000) e se justifica 
pelo fato de os animais desse grupo ficarem em 
jejum alimentar completo durante nove dias (dois 
dias do período
de jejum e sete dias do período 
de tratamento). A perda de peso não foi 
percebida somente pela aferição do peso vivo. 
Clinicamente os animais do grupo apresentaram-
se, ao final do sétimo dia de tratamento, com 
estado corporal ruim, isto é, as protuberâncias 
ósseas, como íleo, ísquio, costado e processos 
espinhosos das vértebras torácicas e lombares, 
estavam proeminentes. Os animais desse grupo 
receberam quantidades de energia abaixo de suas 
necessidades metabólicas (Tab. 2), portanto, 
entraram em estado de catabolismo de gorduras e 
proteínas, justificando a perda de peso ocorrida. 
Redução prolongada no consumo de alimentos 
basicamente leva à deficiência energética 
crônica. Como resultado, há perda de peso 
corporal enquanto as reservas energéticas 
corporais são utilizadas (gorduras e proteína 
muscular) (Gross et al., 2000). Assim, apesar da 
manutenção hidroeletrolítica fornecida pela 
fluidoterapia, esse método não forneceu suporte 
nutricional adequado para a manutenção do 
escore e/ou peso corporal. Essa condição foi 
traduzida por perda de peso de 14,0±5,7% do 
peso vivo em nove dias. 
 
Houve diferença (Tab. 7) entre a primeira 
mensuração de temperatura no grupo I e a 
primeira medida do grupo III e do grupo IV, no 
dia três (P<0,05). Ela foi maior no grupo I 
(acima do valor de referência). Os outros valores 
permaneceram dentro da faixa de normalidade 
para a temperatura retal. Não houve aumento no 
número total de leucócitos (Tab. 8) para os 
animais do grupo I, portanto, não há como 
explicar o aumento de temperatura retal ocorrida 
no dia três. De acordo com Kleiber (1961) e 
Aiello (2001), há aumento na produção de calor 
quando ocorre aumento do catabolismo lipídico e 
protéico, levando a um estado de hipertermia. 
 
Tabela 6. Perda de peso e percentual de perda de 
peso de cães submetidos a diferentes tratamentos 
nutricionais (grupo I – controle, ração comercial; 
grupo II –fluidoterapia intravenosa; grupo III – 
nutrição enteral; grupo IV – nutrição parenteral) 
Perda de peso Grupos kg % 
I 0,5B ± 0,3 3,5B ± 1,9 
II 2,2A ± 0,5 14,0A ± 5,7 
III 0,8B ± 0,4 4,6B ± 2,2 
IV 0,8B ± 0,6 5,0B ± 3,8 
Médias seguidas por letras distintas na mesma coluna diferem 
entre si (P<0,05). 
 
 
O comportamento dos animais foi classificado 
em normal, apático e extremamente apático. Três 
animais do grupo II tornaram-se apáticos 
(responderam a estímulos mais lentamente que 
os animais do grupo-controle) a partir do quarto 
dia de tratamento até o final. Segundo Gross et 
al. (2000), animais em deprivação alimentar 
prolongada reagem em menor intensidade a 
estímulos externos, provavelmente pela 
diminuição da taxa metabólica basal. O 
comportamento dos animais dos demais grupos 
foi normal. 
 
 
 
 
 
 
Raul
Highlight
Raul
Sticky Note
Perda de peso com fluidoterapia
Raul
Highlight
Raul
Sticky Note
Comportamento associado a fluidoterapia
Valadares et al. 
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 500
Tabela 7. Médias diárias da temperatura retal (ºC) de cães submetidos a diferentes tratamentos 
nutricionais (grupo I – controle, ração comercial; grupo II – fluidoterapia intravenosa; grupo III – nutrição 
enteral; grupo IV – nutrição parenteral) 
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Dia Coleta 1 Coleta 2 Coleta 1 Coleta 2 Coleta 1 Coleta 2 Coleta 1 Coleta 2 
1 38,9AB+ 0,1 38,6A + 0,1 39,0 + 0,2 38,4B + 0,4 39,4A + 0,8 38,7 + 0,4 39,0 + 0,2 38,5 + 0,8 
2 38,6B + 0,3 38,9A + - 38,7 + 0,3 38,8AB + 0,1 39,3AB + 0,5 39,3 + 0,7 38,5 + 0,2 39,0 + 0,7 
3 40,5Aa + - 38,7Aab + 0,7 38,8ab + 0,2 39,3ABab+ 0,5 38,5ABb + 0,5 38,9ab + 0,5 38,5b + 0,2 38,9ab + 0,2 
4 38,7ABab+ 0,5 39,0Aab + 0,6 38,9ab + 0,5 39,6Aa + 0,9 38,6ABb + 0,5 39,2ab + 0,3 38,6ab + 0,4 39,1ab + 0,4 
5 39,2ABa + 0,4 36,9Bb + 4,6 38,7a + 0,8 39,5ABa + 0,8 39,0ABa + 0,5 38,9a + 0,3 38,5a + 0,5 38,9a + 0,5 
6 38,7AB + 0,2 38,9A + 0,9 38,8 + 0,7 39,0AB + 0,5 38,2B + 0,8 38,4 + 0,6 39,0 + 0,4 39,1 + 0,7 
7 38,7AB + 0,3 39,0A + - 38,8 + 0,8 38,6AB + 1,3 38,8AB + 0,6 39,0 + 0,2 38,7 + 0,2 39,3 + 0,8 
Total 38,68 + 1,44 38,9 + 0,7 38,9 + 0,6 38,8 + 0,5 
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na mesma coluna ou por letras minúsculas distintas na mesma linha, diferem entre si 
(P<0,05). 
 
 
Tabela 8. Leucócitos totais (x 103/mm3) de cães submetidos a diferentes tratamentos nutricionais (grupo I 
- controle, ração comercial; grupo II - fluidoterapia intravenosa; grupo III - nutrição enteral; grupo IV - 
nutrição parenteral) 
Dia Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV 
0 12,6 + 3,7 11,5 + 6,1 17,6BC + 7,4 13,6 + 5,9 
1 13,1ab + 5,8 12,4ab+ 4,7 19,9ABCa + 10,3 11,3b + 6,1 
2 12,6b + 4,6 15,2b + 8,2 25,5Aa + 8,9 13,3b + 7,3 
3 13,3b + 7,2 13,4b + 7,6 21,7ABb + 10,1 14,0b + 5,0 
4 12,8 + 5,6 16,7 + 8,8 19,3ABC + 6,7 15,8 + 7,1 
5 12,4 + 5,4 15,6 + 7,0 15,9BC + 6,0 16,0 + 6,8 
6 14,1 + 8,8 12,9 + 3,9 14,1C + 4,4 16,4 + 3,5 
7 15,1 + 7,7 11,1 + 6,1 13,2C + 4,0 13,6 + 4,4 
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na mesma coluna ou por letras minúsculas distintas na mesma linha, diferem entre si 
(P<0,05). 
Valores de referência: 6,00 a 17,00 x 103 (Jain, 1986). 
 
 
Todos os animais do grupo IV apresentaram 
flebite na veia cefálica, no terceiro dia de 
tratamento, quando, então, realizou-se a troca do 
catéter. Essa alteração clínica foi manifestada, 
primeiramente, por diminuição no fluxo de 
gotejamento dos equipos. Apesar da flebite, não 
ocorreu variação no número total de leucócitos 
(Tab. 8). A velocidade de gotejamento das 
soluções parenterais foi elevada, o que pode 
explicar a ocorrência das flebites, uma vez que as 
soluções apresentavam alta osmolaridade. 
Segundo Armstrong e Lippert (1988), a 
velocidade de administração deve ser de 62 
ml/hora para cães e de 19ml/hora para gatos. 
Para a administração da nutrição parenteral total 
(NPT), recomenda-se a venopunção central. Para 
tanto, deve-se posicionar percutaneamente na 
veia jugular dos animais um catéter de 
poliuretano ou silicone (Remillard e Tatcher, 
1989; Jackson e Vail, 1993; Lewis, 1994). 
Entretanto, devido ao custo da implantação do 
catéter na jugular e à dificuldade de sua 
manutenção, utilizaram-se vasos periféricos, 
como a veia cefálica. O volume das soluções 
parenterais foi grande por não ter sido 
considerado o cálculo da energia fornecida pelas 
proteínas quando se realizou o preparo das 
soluções. Em cães, a proteína adicionada à NPT 
não é considerada no cálculo calórico, pois 
contribui com apenas pequena quantidade do 
cálculo total (Armstrong e Lippert, 1988). 
Entretanto, Ravasco e Camilo (2003) afirmaram 
que o fornecimento de calorias protéicas, não 
calculadas no requisito energético para cães, 
deve ser considerado, visto que pode levar a um 
quadro de hipernutrição. Então, após inspeção do 
catéter e palpação da veia cefálica, notou-se que 
ela estava extremamente rígida e que a sua 
manipulação causava dor. Dois animais do grupo 
IV, além das alterações acima, apresentaram 
ulceração da pele no local onde o catéter foi 
introduzido. Essas feridas foram tratadas com 
soluções de iodo povidona. No sexto dia de 
tratamento, os animais apresentaram novamente 
as alterações descritas, mas sem ulcerações de 
pele. Realizou-se, mais uma vez, a troca do 
catéter, para a cefálica que fora acessada 
inicialmente, exceto nos dois animais citados, 
Aspectos clínicos e hematológicos... 
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 501
devido à ferida na pele. Neles recorreu-se ao 
acesso venoso mediante a venopunção da veia 
tarsal. Realizou-se a troca dos catéteres dos 
animais do grupo II no terceiro e sexto dias de 
tratamento. Não houve sinais clínicos de flebite 
nesses animais, mas em dois deles ocorreram 
feridas na pele, próximas à inserção do tubo 
extensor e ao catéter, provavelmente devido ao 
excesso de compressão exercida pela bandagem 
ou à reação alérgica ao esparadrapo. 
 
Em relação ao escore fecal, um animal do grupo 
I apresentou fezes pastosas, amarelo-
amarronzadas, no segundo dia de tratamento, que 
se normalizaram no terceiro dia e assim 
permaneceram até o final do tratamento. Nesse 
mesmo animal, no mesmo dia, ocorreu episódio 
de vômito. Em um animal do grupo IV, 
observaram-se fezes pastosas, em pequena 
quantidade e escuras, no quarto dia de 
tratamento, e em outro, isso ocorreu no quinto 
dia de tratamento. Os outros animais desse grupo 
não apresentaram fezes durante o período de 
tratamento. Em um animal do grupo II, 
verificaram-se fezes líquidas, escuras, em 
pequena quantidade, no quarto dia de tratamento. 
Como estava em jejum, quanto à alimentação via 
oral, o trato gastrintestinal não estava recebendo 
alimentos e, portanto, deveria estar com 
motilidade propulsiva bastante diminuída. 
Entretanto, algum alimento apreendido antes do 
período de jejum poderia ainda estar no trato 
gastrintestinal e ser eliminado nas fezes nos dias 
mencionados acima. Os outros animais do grupo 
II não apresentaram fezes. Em dois animais do 
grupo III, observaram-se fezes líquidas, 
amarelo-amarronzadas, no segundo dia de 
tratamento, provavelmente devido à não 
adaptação, ainda, do método de tratamento. 
 
Nos animais do grupo II, observou-se anemia 
normocítica normocrômica, mas os valores de 
hemácias, hemoglobina, volume corpuscular 
médio e concentração de hemoglobina 
corpuscular média não diferiram entre os 
tratamentos (P>0,05). Na Tab. 9 mostram-se os 
valores de hemácias para os diferentes grupos. 
 
 
Tabela 9. Valores de hemácias (x106/mm3) de cães submetidos a diferentes tratamentos nutricionais 
(grupo I - controle, ração comercial; grupo II - fluidoterapia intravenosa; grupo III - nutrição enteral; 
grupo IV - nutrição parenteral) 
DIA Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV 
0 6,1 + 0,7 5,8 + 1,0 6,0 + 0,6 6,1 + 1,1 
1 6,2 + 1,1 5,4 + 0,9 6,0 + 0,7 6,2 + 0,9 
2 6,0 + 1,1 5,2 + 1,1 5,8 + 0,5 5,7 + 0,7 
3 5,8 + 1,0 5,1 + 1,1 5,5 + 0,7 6,2 + 1,2 
4 5,8 + 0,9 5,1 + 1,0 5,3 + 0,5 5,7 + 1,1 
5 5,7 + 0,8 5,0 + 0,8 5,4 + 0,6 5,7 + 1,0 
6 5,6 + 1,0 4,9 + 0,7 5,1 + 0,4 5,5 + 0,8 
7 5,9 + 0,8 5,0 + 0,8 5,5 + 0,8 5,4 + 0,7 
Total 5,9 + 0,9 5,2 + 0,9 5,6 + 0,6 5,8 + 0,9 
(P>0,05). Valores de referência: 5,50 a 8,50 x 106/mm3 (Jain, 1986). 
 
 
Nos animais do grupo IV, o número de 
leucócitos totais, nos dias um, dois e três, foi 
maior do que nos dos grupos II e IV (P<0,05). 
Para colocação da sonda gástrica, houve 
ocorrência de lesão tecidual inerente à própria 
técnica. Lesões teciduais levam à liberação de 
mediadores inflamatórios, que, por sua vez, 
determinam aumento dos leucócitos totais 
circulantes (Jain, 1986). Esse aumento dos 
leucócitos totais deveu-se principalmente ao 
aumento absoluto de neutrófilos segmentados 
(P<0,05) em relação aos animais do grupo I, 
ocorrido no dia 1 (grupo I = 8,1±3,2×103/mm3; 
grupo III = 15,9±9,5×103/mm3), no dia 2 
(grupo I = 7,4±2,8×103/mm3; grupo III = 
19,5±7,5×103/mm3), no dia 3 (grupo I = 
8,1±5,5×103/mm3; grupo III = 
16,2±8,7×103/mm3) e no dia 4 (grupo I = 
8,1±3,5×103/mm3; grupo III = 
14,4±5,3×103/mm3). No dia 1, houve aumento 
nos valores absolutos de neutrófilos bastonetes 
nos animais do grupo III (0,68±0,8×103/mm3), 
quando comparados aos dos demais grupos 
(grupo I = 0,0 ± 0,0 × 103/mm3; grupo II = 0,12 + 
0,19 × 103/mm3; grupo IV = 0,23 ± 0,36 × 
103/mm3). 
Valadares et al. 
Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.4, p.495-502, 2006 502
CONCLUSÕES 
 
A manutenção de animais anoréticos ou 
impossibilitados de se alimentarem não dever ser 
realizada apenas com o uso da fluidoterapia. Um 
suporte nutricional parenteral ou enteral se faz 
necessário para a manutenção de parâmetros 
clínicos e laboratoriais, dentro dos valores de 
referência para cães. A gastrostomia mostrou ser 
um método eficiente, devendo ser empregada 
como alternativa para a alimentação enteral em 
cães. Deve-se considerar o valor da energia 
fornecida pelas proteínas no cálculo da nutrição 
parenteral total, visando diminuir o volume 
infundido. Velocidade de infusão elevada, por 
acesso venoso periférico, aumenta a ocorrência 
de flebites. 
 
 
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Britain: Pergamon, 1994. p.63-74. 
 
Avaliação de soluções eletrolíticas comerciais.pdf
 
 
PAULA DE ZORZI BALBINOT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DE SOLUÇÕES ELETROLÍTICAS COMERCIAIS 
ADMINISTRADAS POR VIA INTRAVENOSA EM CÃES 
DESIDRATADOS EXPERIMENTALMENTE POR RESTRIÇÃO E 
POLIÚRIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada à 
Universidade Federal de Viçosa, 
como parte das exigências do 
Programa de Pós-Graduação em 
Medicina Veterinária, para obtenção 
do título de Magister Scientiae. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIÇOSA 
MINAS GERAIS – BRASIL 
2007
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e 
 Classificação da Biblioteca Central da UFV 
 
 
T 
 Balbinot, Paula De Zorzi, 1980- 
B172a Avaliação de soluções eletrolíticas comerciais dministra-
2007 das por via intravenosa em cães desidratados xperimental- 
 mente por restrição e poluíria / Paula De Zorzi Balbinot. 
 – Viçosa, MG, 2007. 
 xv, 70f. : il. (algumas col.) ; 29cm. 
 
 Orientador: José Antônio Viana. 
 Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de 
 Viçosa. 
 Referências bibliográficas: f. 65-70. 
 
 1. Cão - Desidratação. 2. Fluidoterapia veterinária.
3. Soluções parenterais. 4. Eletrólitos. 5. Diagnósticos 
 de laboratório. 6. Sangue - Exame. I. Universidade Federal 
 de Viçosa. II.Título. 
 
 CDD 22.ed. 636.0897211 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PAULA DE ZORZI BALBINOT 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DE SOLUÇÕES ELETROLÍTICAS COMERCIAIS 
ADMINISTRADAS POR VIA INTRAVENOSA EM CÃES 
DESIDRATADOS EXPERIMENTALMENTE POR RESTRIÇÃO E 
POLIÚRIA. 
 
 
 
Dissertação apresentada à 
Universidade Federal de Viçosa, 
como parte das exigências do 
Programa de Pós-Graduação em 
Medicina Veterinária, para obtenção 
do título de Magister Scientiae. 
 
 
APROVADA: 21 de junho de 2007. 
 
 
 
 
_________________________________ _____________________________ 
 Prof. José Dantas Ribeiro Filho Prof. Rubens Antônio Carneiro 
 (Co-orientador) 
 
 
 
_________________________________ _____________________________ 
 Prof. Luiz Gonzaga Pompermayer Profª. Andréa P. Batista Borges 
 
 
 
 
 
________________________________ 
Prof. José Antônio Viana 
(Orientador) 
 
 
 
 
 
ii
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À Deus que sempre iluminou meu caminho. 
Aos meus pais, de quem sempre obtive amor e 
incentivo durante todos esses anos. 
À minha irmã, melhor amiga e companheira, sempre 
usando as palavras certas para me ajudar a seguir em 
frente. 
Às minhas filhotas Mel e Cherry, as alegrias da minha 
vida. 
 
 
 
iii
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 À Universidade Federal de Viçosa por todas as condições oferecidas para o 
desenvolvimento deste trabalho. 
 Ao Professor José Antônio Viana, pela orientação, amizade, companheirismo e 
disponibilidade, que propiciaram a realização do trabalho. 
Ao Professor José Dantas Ribeiro Filho, pelos conselhos e apoio que 
enriqueceram execução e redação deste trabalho. 
Ao professor Lissandro Gonçalves Conceição, pelo incentivo e exemplo 
profissional. 
Aos professores Paula Dias Bevilaqua, Ricardo Junqueira Del Carlo, Andréa 
Pacheco Batista Borges, Luíz Gonzaga Pompermayer e Paulo Renato dos Santos Costa, 
por dividirem seus conhecimentos. 
A equipe do Centro Veterinário Integrado, por ceder o espaço para realização 
deste experimento. 
Às amigas Waleska Ferreira Dantas e Betânia Monteiro pelo auxílio e 
companheirismo na execução do experimento, sem vocês nada disso seria possível. 
Aos meus companheiros de experimento Paloma Sayegh, Renato Eleotério e 
Camila Sanches sempre dispostos a ajudar. 
Às amigas Betânia, Luana, Andressa, Alexandra, Paloma, Manuela, Lisandra e 
Lucimar, que dividiram comigo momentos desta jornada. Vocês fizeram meus dias de 
Viçosa mais felizes... 
Aos funcionários Tatiana Duarte, Maninha, Alex, Etelvina, Adão, Claudiomiro, 
Paulo, Lucinda, Luiz Márcio, Aécio, Rosi e Geraldinho, sempre prestativos. 
Enfim, a todos aqueles que permaneceram ao meu lado, colaborando para a 
realização deste sonho. 
 
 
 
 
 
iv
 
 
 
 
 
BIOGRAFIA 
 
 
 
PAULA DE ZORZI BALBINOT, filha de José Francisco Balbinot e Viviane De 
Zorzi Balbinot, nasceu em 03 de dezembro de 1980, em Caxias do Sul – RS. Em janeiro 
de 2004, graduou-se em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa 
(UFV), Viçosa, MG. Em junho de 2005 adquiriu o título de Especialista em Clínica e 
Cirurgia de Pequenos Animais, nesta mesma instituição, onde em seguida iniciou o 
Curso de Mestrado em Medicina Veterinária, concentrando seus estudos na área de 
clínica de pequenos animais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 Página
LISTA DE TABELAS 
 
v
LISTA DE FIGURAS 
 
ix
RESUMO 
 
1
ABSTRACT 
 
2
INTRODUÇÃO 
 
3
REVISÃO DE LITERATURA 
 Distribuição dos fluidos corporais e eletrólitos 
 Desidratação 
 Fluidoterapia 
 Equilíbrio ácido-base 
 Ânion gap e Concentração de base 
 Diferença de íons fortes mensurados 
 Avaliação laboratorial 
 
4
4
6
7
10
12
13
14
MATERIAL E MÉTODOS 
 Local 
 Animais 
 Distribuição dos grupos exprimentais 
 Modelo de desidratação experimental 
 Tratamentos 
 Tempo de avaliação clínica e laboratorial 
 Avaliação clínica 
 Avaliação laboratorial 
 Avaliação do equlíbrio ácido-base 
 Análise estatística 
17
17
17
17
18
18
19
19
19
20
21
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 Variáveis clínicas 
 Variáveis laboratoriais 
 
22
22
27
CONCLUSÕES 
 
54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
55
 
 
 
 
vi
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
 Página
Tabela 1 – Grau de desidratação em cães com desidratação induzida 
e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) 
e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
23
Tabela 2 – Médias e desvios padrão do peso corporal (Kg) em cães 
com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato 
(RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes 
tempos. 
 
24
Tabela 3 – Médias e desvios padrão da temperatura corporal (°C) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
25
Tabela 4 – Médias e desvios padrão da freqüência cardíaca 
(batimentos/minuto) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
27
Tabela 5 – Médias e desvios padrão da freqüência respiratória 
(movimentos/minuto) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
28
Tabela 6 – Médias e desvios padrão do número de eritrócitos 
(milhões/μL) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
30
Tabela 7 – Médias e desvios padrão do hematócrito (%) em cães 
com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato 
(RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes 
tempos. 
 
30
Tabela 8 – Médias e desvios padrão da concentração de 
hemoglobina (g/dL) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
 31
 
 
 
vii
 
 
 
Tabela 9 – Médias e desvios padrão da concentração do VGM (fl) 
em cães com desidratação induzida e tratados com solução de 
Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
32
Tabela 10 – Médias e desvios padrão do CHGM (%) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
33
Tabela 11 – Médias e desvios padrão de proteína plasmática total 
(g/dL) em cães com desidratação induzida e tratados com solução de 
Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
34
Tabela 12 – Médias e desvios padrão de albumina sérica (g/dL) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
35
Tabela 13 – Médias e desvios padrão da densidade urinária em cães 
com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato 
(RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes 
tempos. 
 
37
Tabela 14 – Médias e desvios padrão do pH urinário em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
38
Tabela 15 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
sódio (mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados com
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
40
Tabela 16 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
potássio (mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
41
Tabela 17 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
cloreto (mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
 43
 
 
 
 
 
 
 
viii
 
 
 
 
Tabela 18 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
cálcio ionizado (mg/dL) em cães com desidratação induzida e 
tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
44
Tabela 19 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
lactato (mg/dL) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
45
Tabela 20 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
glicose (mg/dL) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
47
Tabela 21 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de uréia 
(mg/dL) em cães com desidratação induzida e tratados com solução 
de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) 
em diferentes tempos. 
 
48
Tabela 22 – Médias e desvios padrão da concentração sérica de 
creatinina (mg/dL) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
49
Tabela 23 – Médias e desvios padrão da osmolalidade calculada 
(mOsm/Kg) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
51
Tabela 24 – Médias e desvios padrão da diferença de íons fortes 
mensurados (mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
53
Tabela 25 – Médias e desvios padrão do ânion gap (mmol/L) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
55
Tabela 26 – Médias e desvios padrão do pH sangüíneo em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
58
 
 
 
 
 
ix
 
 
 
 
Tabela 27 – Médias e desvios padrão da concentração de 
bicarbonato (mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados 
com solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
59
Tabela 28 – Médias e desvios padrão da tCO2 (mmol/L) em cães 
com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato 
(RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes 
tempos. 
 
60
Tabela 29 – Médias e desvios padrão da concentração de base 
(mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
61
Tabela 30 – Médias e desvios padrão da pCO2 (mmHg) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
62
Tabela 31 – Médias e desvios padrão da pO2 (mmHg) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
63
Tabela 32 – Médias e desvios padrão da saturação de O2 (%) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
64
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
x
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
 Página
Figura 1 – Médias do peso corporal (Kg) em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
24
Figura 2 – Médias da temperatura corporal (°C) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
26
Figura 3 – Médias da freqüência cardíaca (batimentos/minuto) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
27
Figura 4 – Médias da freqüência respiratória (movimentos/minuto) 
em cães com desidratação induzida e tratados com solução de 
Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
28
Figura 5 – Médias do hematócrito (%) em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
31
Figura 6 – Médias e desvios padrão da concentração de hemoglobina 
(g/dL) em cães com desidratação induzida e tratados com solução de 
Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
32
Figura 7 – Médias da concentração do VGM (fl) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
33
Figura 8 – Médias do CHGM (%) em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
34
Figura 9 – Médias da proteína plasmática total (g/dL) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
35
 
 
 
xi
 
 
 
 
Figura 10 – Médias da albumina sérica (g/dL) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
36
Figura 11 – Médias da densidade urinária em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
37
Figura 12 – Médias do pH urinário em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
38
Figura 13 – Médias da concentração sérica de sódio (mmol/L) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
40
Figura 14 – Médias da concentração sérica de potássio (mmol/L) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
41
Figura 15 – Médias da concentração sérica de cloreto (mmol/L) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
 43
Figura 16 – Médias da concentração sérica de cálcio ionizado 
(mg/dL) em cães com desidratação induzida e tratados com solução 
de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) 
em diferentes tempos. 
 
44
Figura 17 – Médias da concentração sérica de lactato (mg/dL) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
46
Figura 18 – Médias da concentração sérica de glicose (mg/dL) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes
tempos. 
 
47
Figura 19 – Médias da concentração sérica de uréia (mg/dL) em cães 
com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato 
(RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes 
tempos. 
49
 
 
 
xii
 
 
 
Figura 20 – Médias da concentração sérica de creatinina (mg/dL) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
50
Figura 21 – Médias da osmolalidade calculada (mOsm/Kg) em cães 
com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato 
(RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes 
tempos. 
 
52
Figura 22 – Médias da diferença de íons fortes mensurados 
(mmol/L) em cães com desidratação induzida e tratados com 
solução de Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e 
Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
54
Figura 23 – Médias do ânion gap (mmol/L) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
55
Figura 24 – Médias do pH sangüíneo em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
59
Figura 25 – Médias da concentração de bicarbonato (mmol/L) em 
cães com desidratação induzida e tratados com solução de Ringer 
lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em 
diferentes tempos. 
 
60
Figura 26 – Médias da tCO2 (mmol/L) em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
61
Figura 27 – Médias da concentração de base (mmol/L) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
62
Figura 28 – Médias da pCO2 (mmHg) em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
63
Figura 29 – Médias da pO2 (mmHg) em cães com desidratação 
induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), Ringer 
simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
 
64
Figura 30 – Médias da saturação de O2 (%) em cães com 
desidratação induzida e tratados com solução de Ringer lactato (RL), 
Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF) em diferentes tempos. 
65
 
 
 
xiii
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIAÇÕES 
 
 
 
ADH – Hormônio Anti-Diurético 
AG – Ânion Gap 
[Atot] - Concentração Plasmática Total de Tampões Fracos não voláteis 
CB – Concentração de Base 
DIFm – Diferença de Íons Fortes mensurados 
FC – Frequência Cardíaca 
FR - Frequência Respiratória 
GF - Glicofisiológico 
TEC – Tempo de Enchimento Capilar 
PPT – Proteína Plasmática Total 
pCO2 - pressão de CO2 
pO2 - pressão de O2 
sO2 - saturação de O2 
RL – Ringer com Lactato 
RS – Ringer simples 
tCO2 - tensão de CO2 
UA – Ânions não mensuráveis 
UC – Cátions não mensuráveis 
 
 
 
xiv
 
 
RESUMO 
 
BALBINOT, Paula De Zorzi, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa. junho de 2007. 
Avaliação de soluções eletrolíticas comerciais administradas por via 
intravenosa em cães desidratados experimentalmente por restrição e poliúria. 
Orientador: José Antônio Viana. Co-orientadores: José Dantas Ribeiro Filho e 
Paula Dias Bevilacqua. 
 
 
A desidratação é uma das desordens mais comuns na prática da clínica médico- 
veterinária. A fluidoterapia é utilizada para correção de “déficits” hidroeletrolíticos e 
ácido-base e, para isso, há necessidade de criteriosa escolha da solução adequada para 
cada tipo de desordem. No presente estudo foram comparados os efeitos de três 
soluções eletrolíticas, administradas por via intravenosa. Seis cães machos, adultos, 
pesando entre 5 e 15 Kg foram submetidos a um protocolo de desidratação por restrição 
e poliúria. Esses animais foram tratados com três diferentes soluções eletrolíticas: 
Ringer lactato (RL), Ringer simples (RS) e Glicofisiológico (GF). As variáveis foram 
analisadas antes (T0) e 24h (T1) após desidratação, 6h (T2) e 12h (T3) após o início da 
fluidoterapia e 12h após término da fluidoterapia (T4). Os dados foram expressos em 
média ± desvio-padrão e submetidos à análise de variância e testes não paramétricos 
(p<0,05%). O protocolo de desidratação utilizado neste estudo foi suficiente para 
produzir uma desidratação de discreta à moderada, observado pelo aumento do 
hematócrito, do número de eritrócitos, uréia, creatinina, proteína plasmática total, 
albumina e osmolalidade, que voltaram a diminuir após o início da fluidoterapia. Não 
foi observado aumento da densidade urinária e o pH urinário tornou-se discretamente 
mais ácido durante a desidratação. As concentrações séricas de Na+, Cl -, K+, iCa++ e 
lactato apresentaram discretas variações durante os tempos estudados. Houve aumento 
da glicose sérica no grupo GF durante a fase de reidratação. Na avaliação ácido-base 
observou-se um discreto aumento nos valores do pH, na concentração da tCO2 e do 
bicarbonato no grupo RL e uma diminuição da concentração de base no grupo RS. 
 
 
 
 
 
 
xv
 
 
ABSTRACT 
 
BALBINOT, Paula De Zorzi, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa. june, 2007. 
Evaluation of commercial electrolytic solutions administered experimentally by 
intravenous access in dehydrated dogs by restriction and polyuria. Adviser: José 
Antônio Viana. Co-advisers: José Dantas Ribeiro Filho and Paula Dias Bevilacqua. 
 
 
Dehydration is one of the most common disorders in the veterinary medicine. Fluid 
therapy is used to correction of fluid, electrolyte and acid-base disorders. This study was 
made to compare the effect of three electrolytic solutions administered by intravenous 
access. Six male adult dogs, weighting 5 and 15 kg were submitted to a dehydration 
protocol by restriction and polyuria. This animals were treated with three different 
solutions: Lactated Ringer’s solution (RL), Ringer´s solution (RS) and Normal saline 
(0,9%) plus dextrose (5%) (GF). The variables were evaluated before (T0) and 24h after 
dehydration, during hydration between 6h (T2) and 12h (T3) and after 12h hydration 
(T4). The data were expressed in range ± standard deviation and submitted to variance 
analysis and non-parametric tests (p<0,05%). The dehydration protocol used in this 
study was enough to cause slight to moderate dehydration that was observed by the 
increase of packed cell volume, serum protein, urea, creatinine, albumin and osmolality 
that decrease after fluid therapy. It was not observed an increase of urinary density and 
pH become more acid during dehydration. The serum concentration of Na+, Cl -, K+, 
iCa++ and lactate had discreet variations between the studied times. It was observed 
increase of serum glucose in the GF group during rehydration phase. In the acid-base 
evaluation was observed an increase in pH, tCO2 and bicarbonate concentration in RL 
group and a slight decrease in base excess in RS group. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
 
 
 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
A perda excessiva de fluido corpóreo e/ou a falta de ingestão de líquidos resultam 
em um estado clínico de déficit denominado desidratação. Sinais de desidratação 
aparecem quando há uma perda de água relativa a partir de 2,5-5% do peso corporal 
(Foster, 1970). 
A fluidoterapia na clínica médica é utilizada para repor “déficits” hídricos, manter 
a hidratação, repor eletrólitos e nutrientes essenciais (Schaer, 1989). Desordens 
hídricas e eletrolíticas são comuns na clínica de cães e gatos sendo, muitas vezes, 
problemas secundários a uma doença primária (Michell, 1979). 
O conhecimento do clínico sobre homeostase, desequilíbrios hidroeletrolíticos
e 
ácido-base reflete-se na escolha de soluções eletrolíticas adequadas para a correção 
desses desequilíbrios. Isto se traduz na recuperação mais eficiente dos pacientes que 
diariamente chegam à clínica, o que faz da fluidoterapia um recurso terapêutico 
imprescindível para esses animais (Foster, 1970). 
É essencial para o Médico Veterinário conhecer a composição dos vários tipos de 
soluções disponíveis, bem como as suas indicações e contra-indicações, além de um 
completo exame do paciente para selecionar a fluidoterapia parenteral adequada e sua 
quantidade de administração (Mathews, 1998). 
Por isso, faz-se necessário avaliar e quantificar a eficácia terapêutica de soluções 
hidratantes disponíveis comercialmente para uso parenteral, buscando-se caracterizar 
os seus efeitos na recomposição da homeostase (Lindeman e Papper, 1975). 
O objetivo do presente trabalho foi comparar os efeitos das soluções eletrolíticas 
comerciais de Ringer lactato, Ringer simples e Glicofisiológico, administradas por via 
intravenosa, observando os efeitos do volume líquido estimado, administrado por 
infusão contínua, nas variáveis clínicas e laboratoriais, em cães desidratados, 
experimentalmente, por restrição e poliúria. 
 
 
 
 
2
 
 
 
 
 
2. REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
2.1. Distribuição dos Fluidos Corporais e Eletrólitos 
 
Aproximadamente 60% do corpo é composto por água, com dois terços desta 
compondo o fluido intracelular e um terço compondo o fluido extracelular, este último 
é constituído de plasma e fluido intersticial (Schaer, 1989; Andrews e Grindem, 
2000). 
 A água pode difundir livremente no organismo, movendo-se do espaço 
intracelular para o espaço intersticial e plasma e vice-versa. Este movimento é 
controlado pela pressão osmótica e pela composição do fluido de cada 
compartimento. O movimento da água é determinado pela soma de quatro forças: 
pressão do fluido plasmático e intersticial; pressão osmótica dos colóides plasmáticos 
e do interstício (Garvey, 1989; Senior, 1997). 
Outra força que afeta o movimento dos fluidos corporais é a força osmótica 
exercida por solutos dissolvidos nos fluidos corporais. Esta força é determinada pelo 
número e tamanho destas partículas dissolvidas e é expressa pela osmolalidade 
(mOsm/Kg), que pode ser medida através de um osmômetro. A osmolalidade 
aproximada pode ser calculada a partir da seguinte fórmula: 2 (Na+ + K+) + glicose/18 
+ uréia/2,8, porém esta tem menor acurácia, pois é apenas uma estimativa baseada na 
concentração dos solutos osmoticamente ativos mensurados (Brownlow e Hutchins, 
1982; Gennari, 1984; Wellman et al., 2006). 
Quando dois fluidos são separados por uma membrana permeável, estes se 
igualam em concentração osmótica. A água se movimenta em direção aos solutos e se 
difunde de uma solução menos concentrada para uma mais concentrada. Tonicidade é 
a comparação da concentração osmótica de duas soluções. Uma solução é dita 
isotônica quando as células normais do organismo podem ser suspensas nesse meio 
sem alteração no seu volume. Por sua vez, soluções hipertônicas e hipotônicas irão 
 
 
 
3
ocasionar diminuição e aumento no volume celular, respectivamente. Mudanças na 
osmolalidade de qualquer um dos compartimentos corporais leva a movimentação do 
fluido para outros compartimentos (Gennari, 1984; Garvey, 1989). 
Cátions e ânions estão balanceados no fluido extracelular com números iguais de 
cargas positivas e negativas. Os principais cátions do fluido extracelular são sódio, 
potássio, cálcio e magnésio, que se equilibram com os ânions cloreto, bicarbonato, 
sulfato, fosfato e sais de ácidos orgânicos (Andrews e Grindem, 2000). Sódio e 
cloreto são os principais eletrólitos encontrados no fluido extracelular, enquanto o 
potássio e o fosfato são encontrados no fluido intracelular (Schaer, 1989). 
Os eletrólitos afetam o equilíbrio hídrico e ácido-base, pois são responsáveis pelo 
equilíbrio osmótico e pela concentração de íons H+, têm influência sobre a polarização 
de membrana e são componentes estruturais da maioria dos tecidos (Foster, 1970). 
A concentração de Na+ é regulada pela ingestão e absorção pelo trato 
gastrointestinal e pela excreção, principalmente através dos rins. O Na+ é filtrado 
pelos glomerulos, sendo a maioria reabsorvido nos túbulos proximais e distais. A 
troca de sódio e potássio no túbulo distal é acelerado pela aldosterona, que promove 
retenção de sódio e excreção de potássio. Na ocorrência de acidose, os rins ajudam 
manter o equilíbrio ácido-base através do mecanismo de troca de íons Na+/ H+. Outros 
fatores que contribuem para manter sua concentração são o ADH e o peptídeo 
natriurético atrial (Andrews e Grindem, 2000). 
O Na+ pode ser utilizado como indicador de fluido livre no plasma. O movimento 
de fluido entre os compartimentos do corpo, geralmente ocorre em resposta a 
mudanças na osmolaridade. Baixas concentrações de Na+ indicam excesso de fluido 
livre, enquanto concentrações altas indicam déficit de fluido (Whitehair et al.,1995). 
O íon K+ atua primariamente na excitação cardíaca e neuromuscular, sendo 
regulado pela dieta e absorção intestinal e excretado pelos rins sendo filtrado nos 
glomerulos e reabsorvido nos túbulos proximais. Aumento em sua concentração 
estimula a secreção de aldosterona, estimulando sua excreção (Andrews e Grindem, 
2000). 
O íon Cl- está fortemente ligado ao Na+, ajudando a manter o balanço de fluidos e 
o equilíbrio osmótico. Na maioria das vezes, as concentrações desses dois íons sofrem 
mudanças na mesma proporção. O Cl- absorvido no intestino delgado juntamente 
com um cátion (geralmente sódio ou potássio) e reabsorvido pelos rins, nos túbulos 
proximais e alça de Henle. Alterações na relação Na+/Cl- influenciam o equilíbrio 
 
 
 
4
ácido-base (Andrews e Grindem, 2000). Para manter a eletroneutralidade o Cl- varia 
inversamente com o bicarbonato. Estes são os ânions de maior importância do fluido 
extracelular (Rose, 1981). 
Desequilíbrios eletrolíticos causam vários distúrbios como arritmias cardíacas, 
coma, fraqueza muscular, desordens gastrointestinais, anemia hemolítica, falência 
renal, osteomalacia, acidose e alcalose. A compreensão da relação entre os eletrólitos 
é necessária para o diagnóstico e tratamento das desordens eletrolíticas (Garvey, 
1989). 
 
 
2.2. Desidratação 
 
Uma das desordens mais comuns no equilíbrio de fluidos é a diminuição da 
quantidade total de água. A desidratação ocorre quando há perda de água do espaço 
intersticial ou intracelular. Quando isto ocorre, aparecem sinais de desidratação. 
Mesmo contando com mecanismos homeostáticos, desordens clínicas e intervenções 
cirúrgicas podem afetar o balanço hídrico, eletrolítico e ácido-base (Lindeman e 
Papper, 1975; Cornelius, 1980). 
A desidratação pode ser isotônica (isonatrêmica) e ocorre quando há diminuição 
proporcional de água e saís, permanecendo a osmolalidade inalterada. Entre suas 
causas encontra-se vômito, diarréia, anorexia, choque hipovolêmico, glicosúria, 
doença renal, lesões de tecidos moles e seqüestro do líquido extracelular em casos de 
infecções como peritonites. Na desidratação hipotônica ou hiponatrêmica há 
diminuição da concentração de Na+ no líquido extracelular e conseqüentemente 
diminuição da osmolalidade do espaço extracelular e ingurgitamento celular. Suas 
causas mais comuns são a insuficiência adrenocortical, diarréias profusas e o uso 
excessivo de diuréticos. Na desidratação hipertônica ou hipernatrêmica há aumento 
da perda de água, diminuição da perda de saís, aumento na concentração de Na+ no 
líquido extracelular e saída de líquido das células, tornando o meio extracelular 
hiperosmolar. As causas mais comuns incluem aumento das perdas insensíveis, em 
situações
de calor excessivo ou exercício intenso, adipsia, salivação excessiva, 
hipertermia intensa e diabetes insipidus (Ferreira e Pachaly, 2000). 
O exame físico pode fornecer importantes informações sobre o estado de 
hidratação e a quantidade de soro necessária para reidratação. Os parâmetros 
 
 
 
5
utilizados para esta avaliação são: peso corporal, temperatura corporal, freqüência 
respiratória, turgor cutâneo, freqüência cardíaca e pulso, retração e diminuição da 
tensão dos globos oculares, umidade e coloração de mucosa, tempo de enchimento 
capilar (TEC) e produção urinária. A idade e a condição corporal podem afetar os 
parâmetros observados no exame físico (Michell, 1979; Clark, 1980; DiBartola e 
Bateman, 2006). Mudanças agudas no peso podem ser usadas como uma medida 
quantitativa da perda de fluido, já que a massa corpórea não se altera tão rapidamente. 
A perda de um quilograma de peso corporal indica um déficit de um litro de líquido 
corporal (Haskins, 1988; DiBartola e Bateman, 2006). 
De acordo com os parâmetros observados, a desidratação é classificada como 
discreta (5-6%), onde há uma perda sutil de elasticidade cutânea e uma discreta 
enoftalmia; moderada (6-8%), que leva a inelasticidade da pele, mucosas com 
aparência pegajosa, TEC aumentado, enoftalmia e oligúria; intensa (10-12%), onde se 
observa inelasticidade da pele, mucosas secas e levemente cianóticas, enoftalmia 
intensa, com diminuição da tensão do globo ocular, TEC bastante aumentado e anúria 
(Ferreira e Pachaly, 2000). 
Qualquer enfermidade que cause menor consumo de água ou alimento, vômito, 
pirexia, hiperpnéia ou taquipnéia, diarréia, poliúria ou sialorréia podem levar a uma 
deficiência hídrica e eletrolítica (Clark, 1980; Cornelius, 1980). 
 
 
2.3. Fluidoterapia 
 
A fluidoterapia é utilizada para restaurar a volemia em animais em choque 
hipovolêmico, corrigir “déficit” de fluidos em pacientes desidratados e manter 
hidratados animais com diminuição do consumo de água ou com excessiva perda de 
liquidos. Os fluidos podem ser administrados por via intravenosa, oral, subcutânea, 
intraperitoneal e intra-óssea, sendo a intravenosa a mais utilizada em pacientes em 
estado crítico (Schaer, 1989). 
A rapidez com que o fluido deve ser administrado afeta a escolha da via de 
administração, quanto mais aguda a perda de fluidos, mais rapidamente este déficit 
deve ser reposto (Cornelius, 1980). A quantidade de soro a ser administrada deve ser 
calculada de acordo com as necessidades de cada paciente, pois uma hidratação 
 
 
 
6
excessiva pode contribuir para inúmeros fatores que podem levar ao desenvolvimento 
de uma insuficiência respiratória aguda por edema pulmonar (Hardy et al., 1975). 
A reposição da desidratação deve ser feita em 24 horas. Este é o tempo necessário 
para que ocorra equilíbrio na reposição entre o fluido intersticial e intercelular. O 
déficit é calculado pela seguinte fórmula: porcentagem de desidratação estimada x 
peso corporal x 1000. O déficit de desidratação deve ser associado ao requerimento de 
manutenção e as perdas contínuas, para se obter a quantidade adequada de fluido para 
um dia. Volumes administrados acima da quantidade necessária aumentam a pressão 
do fluido plasmático, determinando maior produção urinária e acúmulo de líquido no 
espaço intersticial causando edema. O volume de fluido necessário para a manutenção 
de um cão ou gato com função renal adequada é de aproximadamente 40-60 
ml/Kg/dia (Schaer, 1989; Mathews, 1998; DiBartola e Bateman, 2006). 
As soluções parenterais são classificadas com base na sua tonicidade em relação à 
osmolaridade normal do sangue e do fluido extracelular. Uma solução isotônica tem a 
mesma osmolaridade, a hipotônica tem osmolaridade menor e a hipertônica tem 
osmolaridade maior que a do sangue e fluido extracelular (Mathews, 1998; DiBartola 
e Bateman, 2006). 
As soluções podem ser divididas em de reposição e de manutenção. As de 
reposição apresentam composição de eletrólitos similar à do plasma, tendo 
características semelhantes às do fluido extracelular. Já as de manutenção são 
compostas por menos sódio e mais potássio do que as de reposição (Ferreira e 
Pachaly, 2000). 
Os fluidos de reposição são isotônicos, alcalinizantes ou acidificantes, tendo como 
base o sódio na sua constituição. As soluções acidificantes são NaCl 0,9%, glicose 5% 
e Ringer simples. As alcalinizantes contêm precursores de bicarbonato para prevenir 
acidemia como o lactato (Ringer lactato), acetato e gluconato (Plasma- Lyte 148) 
(Mathews, 1998; Ferreira e Pachaly, 2000; Mathews, 2006). O tipo de solução 
escolhida influencia na correção de uma acidose ou uma alcalose. Se a escolha de um 
fluido for feita de forma inapropriada pode ocorrer piora do quadro clínico do animal 
(Mathews, 2006). 
A solução de NaCl a 0,9% é isotônica e desbalanceada, tem concentração de sódio 
semelhante à do fluido extracelular e quantidade de cloreto maior. É utilizada para 
expansão do volume plasmático, correção de hiponatremia, podendo atuar como 
acidificante. Pode causar acidose metabólica hiperclorêmica se for administrada em 
 
 
 
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grande volume e/ou por tempo prolongado em pacientes com diarréia onde há maior 
perda de Na+ em relação ao Cl- (Mathews, 1998; Ferreira e Pachaly, 2000). 
Ringer com lactato de sódio é uma solução salina isotônica alcalinizante, é o que 
menos provoca desequilíbrio eletrolítico e ácido-base. No caso da oxidação, os 
produtos finais são CO2 e H2O, os quais podem ou não, dependendo de uma série de 
condições bioquímicas, serem transformados em bicarbonato e íons H+, pela ação da 
anidrase carbônica (Nelson & Cox, 2002). É utilizado como expansor plasmático, na 
correção de acidose metabólica e como solução de manutenção (Ferreira e Pachaly, 
2000). 
A solução de Ringer simples contém níveis elevados de cloreto, além disso, 
contém potássio e cálcio. É uma solução acidificante, ideal para a correção de alcalose 
metabólica com hipocloremia e hipocalemia (Mathews, 1998; Ferreira e Pachaly, 
2000; Mathews, 2006). 
A solução de glicose 5% associada à solução de NaCl 0,9% (Glicofisiológico) é 
isotônica e acidificante, tendo composição semelhante à NaCl 0,9%, porém com 
maior osmolalidade (Ferreira e Pachaly, 2000). A administração muito rápida desta 
solução aumenta a glicose plasmática acima do limiar renal de filtração, levando a 
uma diurese osmótica (Kerr, 2003). 
A solução de glicose a 5% é hipotônica, utilizada em casos de hipernatremia e em 
estados de depleção hídrica onde os efeitos dilucionais podem causar diminuição das 
concentrações séricas de Na+ e na suplementação de fluidos em pacientes com 
intolerância ao Na+ (Schaer, 1989; Mathews, 1998). Devido à sua tonicidade, se 
distribui em grandes quantidades no compartimento intracelular, podendo causar 
edema no SNC, antes mesmo de repor adequadamente a volemia, quando utilizada em 
pacientes muito desidratados (Haskins, 1988). A adição de dextrose à solução faz com 
que a solução se torne mais ácida devido à oxidação do açúcar (Mathews, 2006). 
As soluções de manutenção são aquelas utilizadas em pacientes ainda enfermos, 
mas com recuperação do déficit hídrico e são utilizadas para atender às necessidades 
de pacientes que ainda não estão aptos a manter seu equilíbrio de eletrólitos. Não 
existem soluções comerciais disponíveis no Brasil (Ferreira e Pachaly, 2000). 
A solução de NaCl a 0,45% pode ser utilizada como solução de manutenção, 
sendo geralmente suplementada com glicose e cloreto de potássio. Esta solução 
associada à glicose 2,5% é o fluido de escolha para pacientes que necessitam de 
 
 
 
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restrição de sódio e para aqueles que têm tendência a desenvolver hipernatremia 
(Mathews, 1998). 
A administração excessiva de soro
não tem benefícios terapêuticos. O débito 
urinário aumenta devido ao aumento do volume e da pressão intravascular levando a 
uma diurese excessiva que ocasiona perda de eletrólitos, principalmente sódio. Em 
pacientes com inflamação, falência renal ou cardíaca, hipoalbuminemia ou que 
receberam uma “overdose” de fluidos que resulte em aumento da volemia e 
subseqüente aumento da pressão hidrostática, pode ocorrer edema intersticial ou 
pulmonar (Mathews, 2006). 
 
 
2.4. Equilíbrio Ácido-base 
 
O equilíbrio ácido-base é um importante mecanismo homeostático. O 
conhecimento da fisiologia destes distúrbios é essencial para a manutenção do balanço 
ácido-base através da regulação da concentração de íons H+ (pH) nos fluidos 
corporais, que depende primariamente da relação de bicarbonato e ácido carbônico no 
sangue (Robertson, 1989). 
Os tampões corporais podem ser divididos entre bicarbonato, tampão primário do 
fluido extracelular e proteínas e fosfatos, tampões do fluido intracelular. Os íons 
hidrogênio de um ácido fixo ou não volátil são tamponados por íons bicarbonato no 
fluido intracelular e depois por tampões intracelulares, protegendo o pH do fluido 
extracelular, a ventilação alveolar é estimulada e a pCO2 diminui para valores 
normais. Esta resposta começa imediatamente e se completa em poucas horas, 
minimizando as mudanças de pH, porque os valores de HCO-3 e pCO2 são 
normalizados. Finalmente, os rins regeneram o HCO-3, o pH aumenta, a ventilação 
alveolar diminui e a pCO2 volta ao normal. Esta resposta se inicia após algumas horas, 
mas requer de dois a cinco dias para se completar (DiBartola, 2006). 
O ácido volátil CO2 não pode ser tamponado por HCO-3, os íons H+ têm que ser 
neutralizados pelos tampões intracelulares. A adaptação renal é caracterizada pela 
reabsorção de HCO-3 e excreção de ácido. Este mecanismo leva de dois a cinco dias 
para se completar (DiBartola, 2006). 
A acidose e a alcalose podem ser de origem metabólica ou respiratória. Os 
distúrbios metabólicos ocorrem por excesso de fluido ou déficit de ácido fixo ou não 
 
 
 
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volátil enquanto distúrbios respiratórios ocorrem por excesso de fluido ou déficit de 
ácido volátil. O distúrbio ácido-base mais comumente observado em cães é a acidose 
metabólica (Morais e DiBartola, 1993). 
A acidose metabólica é caracterizada por diminuição dos valores da concentração 
de base, do HCO-3 e do pH sangüíneos causada por perda de HCO-3 ou tamponamento 
de ácido fixo ou não volátil, o que pode acontecer no choque, cetose, uremia ou 
diarréia. Por sua vez, a alcalose metabólica caracteriza-se por aumento dos níveis da 
concentração de base, do HCO-3 e do pH sangüíneos, geralmente causada por perda 
desproporcional de cloreto pelo organismo, que pode ocorrer no vômito ou 
hipoalbuminemia (Tasker, 1970; Morais e DiBartola, 1993). 
A acidose respiratória é caracterizada por aumento da pCO2 (hipercapnia) causada 
por hipoventilação alveolar. A alcalose respiratória é caracterizada por diminuição da 
pCO2 causada por hiperventilação alveolar (hipocapnia) (Lindeman e Papper, 1975; 
Michell, 1979). 
Cada distúrbio ácido-base, metabólico ou respiratório primários, usualmente é 
acompanhado de uma mudança secundária ou adaptativa no componente oposto, 
retornando o pH para valores próximos do normal. Uma desordem ácido-base é 
considerada simples se apresentar apenas o componente primário e é esperada uma 
resposta adaptativa ou secundária. Já uma desordem mista é caracterizada pela 
presença de, pelo menos, dois distúrbios primários, ocorrendo no mesmo paciente 
(Morais e DiBartola, 1994). 
Para identificar e classificar um distúrbio ácido-base é necessária à análise dos 
gases sangüíneos (DiBartola, 2006). A maioria dos aparelhos de hemogasometria 
mensuram o pH, a pressão parcial do dióxido de carbono (pCO2), a pressão parcial do 
oxigênio (pO2). Porém, existem aparelhos que medem além dessas variáveis a 
concentração total do dióxido de carbono (tCO2), a concentração de bicarbonato 
(cHCO3-) e a concentração de base (CB) (Robertson, 1989). 
A relação entre pH, pCO2 e HCO-3 é a primeira a ser avaliada e geralmente 
demonstra se um desequilíbrio ácido-base está presente. Nesta avaliação, o pH é 
expresso em função da concentração de HCO-3 (componente metabólico) e da pCO2 
(componente respiratório). Se os valores estão fora da escala de normalidade, há um 
distúrbio presente. Porém, se os valores estão dentro da escala de normalidade um 
distúrbio pode ou não estar presente. Por isso, faz–se necessária a compreensão dos 
 
 
 
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efeitos das mudanças nas concentrações de eletrólitos e das proteínas plasmáticas no 
equilíbrio ácido-base (DiBartola, 2006). 
 
 
2.5. Ânion Gap (AG) e Concentração de Base (CB) 
 
 A avaliação do “status” ácido-base tem sido tradicionalmente feita através da 
análise dos gases sangüíneos e da aplicação dos princípios de Henderson-Hasselbalch 
que descreve a relação entre pH, pCO2 e HCO-3 e pela concentração de base (CB), 
utilizado na determinação da presença de distúrbios metabólicos. Como método 
auxiliar na classificação desses distúrbios tem-se utilizado o dióxido de carbono total 
(tCO2) e o cálculo do ânion gap (AG) (Russell et al., 1996). 
A concentração de base (CB) é a quantidade de ácido ou base forte necessária para 
tamponar 1L de sangue para o pH de 7,40 a 37°C enquanto a pCO2 se mantém a 40 
mmHg. Esta variável é alterada por ácidos não voláteis ou fixos e reflete o 
componente não respiratório de um distúrbio ácido-base. Em geral, um valor negativo 
para CB indica uma acidose metabólica enquanto um valor positivo indica alcalose 
metabólica. Os valores normais do desvio base para cães estão entre –3 a 3 mEq/L 
(Russell et al., 1996; DiBartola, 2006). 
O AG é a diferença entre os ânions não mensuráveis (UA) e os cátions não 
mensuráveis (UC), que pode ser demonstrada pela equação de eletroneutralidade: Na+ 
+ K+ + UC = Cl- + HCO3- + UA, portanto AG = (Na+ + K+) – (Cl- + HCO3- ) = UA – 
UC (Whitehair et al.,1995; Andrews e Grindem, 2000). 
Os valores de referência do ânion gap para cães estão entre 12 a 24 mmol/L 
(Wellman et al., 2006). O aumento do AG geralmente é atribuído a um aumento na 
concentração de ânions não mensuráveis ou por uma diminuição de cátions não 
mensuráveis (acidose). A diminuição do AG pode ser causado por um aumento de 
cátions não mensuráveis, por retenção anormal de cátions ou por diminuição de 
ânions não mensuráveis (alcalose) (Feldman e Rosenberg, 1981). 
A tCO2 é uma aproximação do valor de HCO3- (Andrews e Grindem, 2000). Este 
parâmetro pode se utilizado em associação com o ânion gap para observação do 
componente não respiratório do “status” ácido-base. Um aumento do AG com 
diminuição da tCO2 sugere acidose metabólica associada a excesso de ácido orgânico, 
 
 
 
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enquanto o AG normal com diminuição da tCO2 sugere acidose metabólica como 
resultado da perda de HCO-3. Um aumento de AG com aumento da tCO2 sugere a 
presença de distúrbio ácido-base misto (Russell et al., 1996). Desordens 
caracterizadas por declínio do AG não são comuns em medicina veterinária, porém, 
podem ocorrer na hipoalbuminemia, na acidose metabólica hiperclorêmica e na 
hidratação excessiva (Moraes e DiBartola, 1993; Moe e Fuster, 2003). 
As proteínas plasmáticas devem ser consideradas quando os valores de AG são 
interpretados (Madias et al., 1979). Hipoproteinemia leva a alcalose e 
hiperproteinemia à acidose (Whitehair et al.,1995; Moe e Fuster, 2003 ). 
 
 
2.6. Diferença de Íons Fortes Mensurados (DIFm) 
 
O pH plasmático é determinado por três fatores independentes: pCO2, diferença de 
íons fortes mensurados (DIFm) e pela concentração plasmática total de tampões 
fracos não voláteis [Atot], como albumina, globulinas

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