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Marcos Victor Teixeira Rauth 1 USO DE MEDICAMENTOS NA PEDIATRIA 1. Quais as vias de administração de medicamentos e formas farmacêuticas mais utilizadas na pediatria? Vias de administração: Oral Sublingual Retal Cutânea Parenteral Pulmonar Nasal Ocular Auricular Formas farmacêuticas: Oral: Comprimidos; Cápsulas; Xaropes; Soluções extemporâneas; Gotas; Sprays. Sublingual: Comprimidos sublinguais; Pastilhas; Retal: Supositórios; Cutânea: Pomadas; Cremes; Gel; Parenteral: IM (intramuscular); EV (endovenosa); Pulmonar: Pós para inalação; Nasal: Gotas; Spray; Ocular: Colírios; Auricular: Gotas. 2. Qual a relação entre as formas farmacêuticas e a idade do paciente? Variações na: absorção de medicamentos do trato gastrintestinal, local de injeção intramuscular e pele são importantes na crianças, principalmente em recém-nascidos. A taxa e a extensão do desenvolvimento da função do órgão e a distribuição, metabolismo e eliminação de drogas diferem não apenas entre pacientes pediátricos versus adultos, mas também entre grupos etários pediátricos. A eficácia e segurança dos medicamentos podem variar entre grupos etários e de um medicamento para outro em pacientes pediátricos versus adultos. Doenças concomitantes podem influenciar os requisitos de dosagem para alcançar um efeito direcionado para uma doença específica em crianças. O uso de dosagem baseada em peso de medicamentos para crianças obesas pode resultar em terapia medicamentosa sub-ótima. Marcos Victor Teixeira Rauth 2 3. O que se deve levar em consideração ao prescrever um medicamento para um paciente pediátrico? - As diretrizes de dosagem recomendadas e questões relacionadas à segurança; Doença: - Gravidade; - Prognóstico; - Resposta a tratamentos anteriores; - Estadiamento da doença; - Cura ou controle? e - Se é autolimitada ou não? Paciente: - Sua realidade econômica, social e cultural da família; - Capacidade de entender e seguir as orientações e prescrições; - Alergias; - HDA; - HMP; - Conhecimentos sobre riscos e benefícios das opções terapêuticas. Tratamento: - Tipos de formas farmacêuticas; - Eficácia x segurança; - Adesão; - Efeitos colaterais; - Contraindicações; - Complexidade ou não da administração/ parâmetros farmacocinéticos do fármaco. - Local de tratamento: - Ambulatorial; - Hospitalar. - Custo: -Tratamento/mês. 4. Quais as orientações imprescindíveis em uma consulta pediátrica em relação aos medicamentos? - Orientar com informações claras sobre o tratamento, incluindo informações sobre: - Ao comprar o medicamento observar a validade do mesmo; - Modo de preparo; - A dose; - Horários da medicação, respeitando os horários corretos entre as doses; - Conservação do medicamento, se é dentro da geladeira ou não e - 0 tempo do tratamento; - Como proceder se a criança vomitar o medicamento; - Cuidar para manter os medicamentos fora do alcance da criança; - Ao receber visitas em casa, peça aos convidados que mantenham bolsas que contenham medicamentos fora do alcance das crianças; . - Informar à escola quais são os medicamentos que a criança está usando, incluindo as doses e horários de administração. Marcos Victor Teixeira Rauth 3 5. Quais os componentes de uma prescrição médica? Componentes de uma prescrição (de uma receita médica): - Cabeçalho; - Superinscrição; - Inscrição; - Subinscrição; - Adscrição; - Data e assinatura. Cálculo de doses pediátricas: mg/kg/dia Depende: - [ ] fármaco; - Peso do paciente; - Mg recomendada para cada condição clínica: - Idade do paciente; - Tamanho do frasco; - Tempo do tratamento SC (m2) = [peso (kg) x 4 +7] 90 + peso (kg) 1mL = 20 gotas Fatores que podem aumentar os efeitos adversos; - A escassez de estudos clínicos com medicamentos de uso pediátrico; - A falta de formas farmacêuticas disponíveis em dosagens e em concentrações adequadas para a administração; - A necessidade de cálculo de doses individualizadas conforme idade Marcos Victor Teixeira Rauth 4 Princípio ativo Uso terapêutico ou Classe farmacológica Nomes comerciais: Dosagens disponíveis e Formas farmacêuticas: Posologia: Efeitos adversos mais prevalentes: Tem no Rename Dipirona Analgésico/ antitérmico Anador® Magnopyrol® Novalgina® Sol gts de 10 ou 20 mL com 500mg/mL; Amp de 2 mL com 500 mg/mL; Cpr de 500 mg; Sol oral de 100 mL: 50 mg/mL; Supositório infantil de 300 mg; Supositório adulto com 1.000mg. 1gt/kg ou 0,5mL/kg solução oral Náusea; Vômito; Dor abdominal; Diarreia; Rash; Reações anafiláticas; Agranulocitose; Insuficiência renal aguda; Hemorragia do TGI; Síndrome de Stevens-Johnson. Solução injetável 500mg/ml Comprimido 500mg Solução oral 500mg/ml Paracetamol Analgésico/ Antitérmico Tylenol ® Dôrico ® Cpr de 500 e 750 mg; Fr gts 15 Ml: 100 e 200 mg/mL; Sol oral: 60 mL com 32 mg/mL; Sachês com pó de 500 mg para chás com sabor; - Cpr infantil de 160 mg; - Cpr efervescente de 500 mg; - Cpr revestidos de 650 mg 10-15 mg/kg/dose, VO, a cada 4-6 h. Dose máxima: 65 mg/kg/dia ou 4 g/dia. Sol com 200 mg/mL: 10mg/gota → 1 gt/kg/dose. Sol com 100 mg/mL → 5 mg/gota à 2 gt/ kg/dose Tontura; Cansaço; Sedação; Rash; Náusea; Vômito; Dor de garganta; Febre; Reações anafiláticas; Hepatotoxicidade(com o uso crônico em altas doses). Comprimido: 500 mg Solução oral 200mg/ml Ibuprofeno Analgésico/ Antitérmico, AINEs Advil® Alivium ® Dalsy® Sachê 400 e 600mg; Cpr de 200, 300, 400 e 600 mg; Susp. oral com 30mg/mL; Gts com 50 mg/mL; Gts com 100 mg/mL 50mg/mL: 2 gotas/kg de peso, em intervalos de 6 a 8 hs, ou seja, de 3 a 4 vezes ao dia. A dose máxima por dose em crianças menores de 12 anos de idade é de 40 gotas/dose 100mg/mL: 1 gota/kg de peso, a dose máxima por dose em crianças é de 20 gotas/dose Edema; Tontura; Cefaleia; Nervosismo; Prurido; Rash; Dispepsia; Náusea; Vômito; Dor abdominal; Diarreia; Constipação; Flatulência; ↓do apetite Comp.200mg Comp.300mg Comp.600mg Suspensão oral: 50mg/ml Amoxicilina Antibiótico Amoxil®, Novocilin® Susp oral com 125, 250, 400 ou 500 mg/5 mL; Cpr de 500, 875 e 1.000 mg 40-50 mg/kg/dia, VO, divididos de 8/8 ou de 12/12 h; Máximo de 3.000 mg/dia. Infecções graves e infecções por pneumococos de sensibilidade reduzida à penicilina: 80- 90mg/kg/dia, de 8/8 h. Em geral, é bem tolerada. Náuseas; Vômitos; Diarreia; Prurido e Irritação gastrintestinal são mais frequentes com doses maiores. Pode ocorrer febre; Eritema cutâneo; Reações anafiláticas e Convulsões. Marcos Victor Teixeira Rauth 5 Princípio ativo Uso terapêutico ou Classe farmacológica Nomes comerciais: Dosagens disponíveis e Formas farmacêuticas: Posologia (Como administrar): Efeitos adversos mais prevalentes: Tem no Rename Amoxicilina + Clavulanato de potássio Antibiótico Clavoxil ® Clavulin® Clavulin BD® Novamox ® Comprimido 500 mg+ 125 mg Suspensão oral 50 mg/ml + 12,5 mg/ml Suspensão oral: Amoxicilina 125mg + Ácido clavulânico 31,25 mg/5ml Amoxicilina 200mg + Ácido clavulânico 28,5 mg/5ml (formulação para uso de 12/12h) Amoxicilina 250mg + Ácido clavulânico 62,5 mg/5ml Amoxicilina 400mg + Ácido clavulânico 57 mg/5ml (formulação para uso de 12/12h) Amoxicilina 600mg + Ácido clavulânico 42,9 mg/5ml (formulação para uso de 12/12h no caso de suspeita de pneumococos resistentes à penicilina) Considerando a amoxicilina: 30 a 50 mg/kg/dia 12/12h ou 8/8h Diarréia Dor abdominal Náuseas Comprimido 500 mg+ 125 mg Suspensão oral 50 mg/ml + 12,5 mg/ml Beclometasona (Dipropionato de Beclometasona) Corticóide Clenil A Clenil A- é um flaconete com solução para nebulização com 5ml. Cada ml: 100 μg ..... Cefaléia Faringite Dor de garganta Candidíase oral (o risco reduz se usa um espaçador e se fizer um bochecho com água e cuspir) Alteração no paladar Solução para inalação oral 50 mcg/dose 200mcg/dose 250mcg/dose Suspensão para inalação nasal 50 mcg/dose Cápsula para inalação oral 200mcg/dose 400mcg/dose Pó para inalação oral 400mcg/dose Budesonida Suspensão para inalação nasal: 32 mcg Suspensão para inalação nasal: 50 mcg Suspensão para inalação nasal: 64 mcg Cefalexina Antibiótico Celexin ® Keflex ® Cápsula e drágeas com 250 mg e 500 mg Suspensão oral com 125 mg ou 250 mg/5ml 25 a 50 mg/kg/dia 6/6h Para infecções graves ou crônicas: 50 a 100mg/kg/d (máximo: 4g/dia) Crianças acima de 40 kg e adultos: 250 mg a cada 6 a 8 horas, dose máxima 4g/dia Alguns pacientes que são alérgicos às penicilinas também o são à cefalexina Diarréia Dor abdominal Náuseas Comprimido 500 mg Cápsula 500 mg Suspensão oral 50 mg/ml Marcos Victor Teixeira Rauth 6 Princípio ativo Uso terapêutico ou Classe farmacológica Nomes comerciais: Dosagens disponíveis e Formas farmacêuticas: Posologia (Como administrar): Efeitos adversos mais prevalentes: Tem no Rename Fenoterol (Bromidrato de fenoterol) Broncodila- tador Berotec ® Xarope criança: 1,25mg/5ml Xpe adulto: 2,5mg/5ml Spray 100 e 200 μg/jato Gotas 5mg/ml Nebulização: 1 gota/3kg/dose diluída em 5 ml de SF (Soro Fisiológico a 09%). Pode ser repetido a cada 4 ou 6 horas. Oral: 2,5mg/dose 2 a 3x/dia (12/12h a 8/8h) Spray 200 a 400 μg/dose até de 4/4h Tremores Taquicardia Inquietação Solução aerossol 100mcg/dose (frasco com 200 doses) Prednisolona (Fosfato sódico de Prednisolona) Prednisolon® Predsim® Prelone® Frasco solução oral de 60 ml ou 100ml: 3mg/ml Comprimido de 5mg e 20 mg Usar pela manhã 1 a 2mg/kg/dia 1 ou 2x/dia** Se o uso for prolongado: Insônia, Pesadelos Nervosismo Ansiedade Euforia Delírio Alucinações Psicose Cefaléia Tontura Aumento de apetite Hirsutismo Sindrome de cushing Redistribuição da gordura corporal Solução oral 1mg/ml Solução oral 3mg/ml Salbutamol (Sulfato de salbutamol) Broncodila- tador Aerolin ® Aerojet ® Aerofrin ® Spray 100 μg/jato Comprimido 2 mg Cpr 4 mg Xarope 2mg/5ml Solução inalante 5mg/ml Solução injetável 0,5mg/ml 100 a 200 μg: (1 a 2 jatos)/dose Tremores Taquicardia Inquietação Aerossol oral 100mcg/dose Solução para inalação 5mg/ml Solução injetável 0,5 mg/ml Referências: - Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Assistência Farmacêutica em Pediatria no Brasil: recomendações e estratégias para ampliação de oferta, do acesso e do Uso racional de Medicamentos em crianças. Brasília DF, 2017; - Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Uso racional de medicamentos – Temas relacionados. Brasília DF, 2012; - Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos essenciais: Rename. 7. Ed. Brasília DF, 2010. 250 p;