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Aprofundamento
Todas as carreiras
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Semana 14
 
 
 
 
1 
Biologia 
 
Principais desastres ambientais do planeta 
 
Resumo 
 
De acordo com o Instituto Nacional de Educação Ambiental, as catástrofes ou desastres ambientais 
são “eventos adversos que transformam radicalmente ecossistemas locais com impactos diretos na 
sociedade”. Seja por um acidente ou mesmo por erro humano, esses acontecimentos deixam marcas 
significativas para os habitantes das regiões afetadas, bem como ao meio ambiente, cuja recuperação pode 
levar décadas ou séculos. 
Entre as principais causas dos desastres ambientais estão 
• crescimento desordenado das cidades e o desenvolvimento econômico de forma imediatista e mal 
planejada, juntamente com a falta de infraestrutura; 
• a crise econômica; 
• a falta de segurança contra os desastres; 
• as migrações descontroladas, com redução dos padrões de bem-estar social. 
Os desastres podem ser caracterizados por deslizamentos, enxurradas, vendavais, incêndios em instalações 
industriais e em edificações com grandes quantidades de usuários, abalos sísmicos, erupções vulcânicas e 
outros, que acontecem repentinamente. 
Os impactos ambientais só são tidos como desastres ambientais quando os seus danos e prejuízos são 
incalculáveis e de difícil restituição. Caso não possua danos ou ocorra em áreas não ocupadas o fenômeno é 
apenas um evento natural. 
Principais desastres ambientais pelo mundo: 
• Bombas de Hiroshima e Nagasaki (1945) 
• Doença de Minamata (1954): numa ilha localizada no sudoeste do Japão, os animais começaram a 
apresentar comportamentos estranhos. Em 1956, humanos passaram a ter as mesmas reações: 
convulsões e perda ou descontrole das funções motoras. Após estudos, verificou-se que a doença 
estava relacionada ao envenenamento das águas com mercúrio e outros metais pesados, infectando 
também peixes e mariscos. 
• Nuvem de Dioxina (1976): na cidade de Seveso, na Itália, após explosão em uma fábrica de produtos 
químicos, foi lançada ao ar uma espécie de nuvem composta de dioxina (subproduto industrial gerado 
em certos processos químicos, como na produção de cloro e inseticida, bem como na incineração de 
lixo), que permaneceu estacionada sobre a cidade. Os primeiros impactos foram observados nos 
animais, que começaram a morrer gradativamente. Já os humanos passaram a apresentar feridas na 
pele, desfiguração, náuseas e visão turva, dentre outros sintomas. 
• Three Mile Island (1979): conhecido como “Pesadelo Nuclear”, esse desastre ocorreu quando o reator 
de uma usina nuclear da Pensilvânia passou por uma falha mecânica, aliada a erro humano. Foram 
lançados gases radioativos em um raio de 16 quilômetros. 
• Vazamento em Bhopal (1984): um vazamento em uma fábrica de agrotóxicos despejou no ar da 
cidade de Bhopal, na Índia, mais de 40 toneladas de gases tóxicos. 
 
 
 
 
 
2 
Biologia 
 
• Explosão de Chernobyl (1986): o acidente aconteceu no reator 4 da usina de Chernobyl, resultado de 
falha humana, pois os operadores do reator descumpriram diversos itens dos protocolos de 
segurança. A explosão lançou material radioativo e o vento levou-o para o oeste e norte de Pripyat, e 
a radiação espalhou-se pelo mundo. Rapidamente, foram identificados altos níveis de radiação em 
locais como Polônia, Áustria, Suécia, Bielorrússia e até locais muito distantes, como Reino Unido, 
Estados Unidos e Canadá. 
 
Explosão em Chernobyl (Disponível em: https://www.nydailynews.com/news/world/ny-russian-television-version-chernobyl-series-
cia-20190609-c6krbz65yzf7llib4grkakrhqy-story.html) 
• Navio Exxon Valdez (1989 ): o petroleiro colidiu com rochas submersas na costa do Alasca e iniciou 
um derramamento sem precedentes (cerca de 40 milhões de litros de petróleo), contaminando mais 
de dois mil quilômetros de praias e causando a morte de cem mil aves. 
• Usina Nuclear de Tokaimura (1999): no nordeste de Tóquio, houve um acidente em uma usina de 
processamento de urânio. Centenas de operários ficaram expostos à radiação e tiveram, além de 
náuseas, o rosto, as mãos e outras partes do corpo queimados. 
• Navio Prestige (2002): o petroleiro grego naufragou na costa da Espanha, e despejou mais de dez 
milhões de litros de óleo no litoral da Galícia, contaminando 700 praias e matando mais de 20 mil 
aves. 
 
Principais desastres ambientais no Brasil: 
• Vale da Morte (1980): Indústrias da cidade de Cubatão despejavam no ar toneladas de gases tóxicos 
por dia, gerando uma névoa venenosa que afetava o sistema respiratório e gerava bebês com 
deformidades físicas, sem cérebros. O polo contaminou também a água e o solo da região, trazendo 
chuvas ácidas e deslizamentos na Serra do Mar. 
• Vila Socó (1984): uma falha em dutos subterrâneos da Petrobras espalhou 700 mil litros de gasolina 
nos arredores dessa vila, localizada também em Cubatão (SP). Após o vazamento, um incêndio 
destruiu parte de uma comunidade local, deixando quase cem mortos. 
• Césio 137 (1987): um grave caso de exposição ao material radioativo Césio 137 ocorreu em Goiânia 
(GO). Dois catadores de lixo arrombaram um aparelho radiológico nos escombros de um antigo 
hospital, e encontraram um pó branco que emitia luminosidade azul. O material foi levado a outros 
pontos da cidade, contaminando pessoas, água, solo e ar, e causando a morte de pelo menos quatro 
pessoas. 
• Vazamento de óleo na Baía de Guanabara (2000). 
• Vazamento de barragem em Cataguases (2003). 
 
 
 
 
3 
Biologia 
 
• Rompimento de barragem em Miraí (2007) 
• Rompimento da barragem de Mariana (2015): provocou a liberação de uma onda de lama de mais de 
dez metros de altura, contendo 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos. 
• Rompimento da barragem de Brumadinho (2019): provocou a liberação de uma onda de lama, a 
barragem apresentava um volume de 11,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Causou (até o 
momento) a morte de 110 pessoas, além de diveras espécies de animais e plantas aquáticas. Os 
rejeitos da mineração atingiram o rio Paraopeba, que é um dos afluentes do rio São Francisco. 
 
Rompimento da barragem de Brumadinho em 2019 (Disponível em: https://g1.globo.com/mg/minas-
gerais/noticia/2019/01/25/bombeiros-e-defesa-civil-sao-mobilizados-para-chamada-de-rompimento-de-barragem-em-brumadinho-
na-grande-bh.ghtml) 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Biologia 
 
Exercícios 
 
1. "Desde 1930 - lemos em Toxic Terror, publicação da Third World Network - que a Chisso Corporation, 
empresa fabricante de produtos químicos, lançava resíduos de seu processo industrial, contendo 
mercúrio, no rio Minamata e na baía de Minamata, Japão. Vinte anos depois, em 1950, mudanças 
inexplicáveis começaram a ser observadas no rio e na baía - peixes flutuavam na superfície, moluscos 
e plantas aquáticas morriam. Pássaros em pleno vôo começaram a cair no mar. Já em 1953, gatos, 
cães e porcos enlouqueciam e morriam. Em 1956, uma menina de cinco anos chegou ao hospital com 
sintomas de danos cerebrais. Pouco mais de um mês, cinco outros moradores da mesma aldeia foram 
internados com os mesmos sintomas. Era a doença de Minamata, que até o fim desse ano fez 52 
vítimas conhecidas." 
(Revista Ecologia e Meio Ambiente, ano I, nº 1, 1991, p.35) 
a) Por que, inicialmente, uma análise de água não poderia ter detectado a presença do mercúrio antes 
de causar danos ao ecossistema? 
b) Havendo suspeita de lançamento dessa substância em determinado ecossistema, de que modo 
poderíamos avaliar os níveis reais de contaminação? 
 
2. Com freqüência, ouvimos em noticiários de televisão que determinada reserva florestal está em 
chamas e que o incêndio é incontrolável. Geralmente, grandes extensões da reserva são danificadas, 
numerosos indivíduos de espécies vegetais e animais morrem, sendo que algumas espécies correm 
perigo de extinção. Além desses efeitos imediatos, indique um problema a médio ou a longo prazo 
decorrentedas queimadas e analise suas consequências. 
 
 
3. Quando se derruba a cobertura vegetal de uma floresta tropical para plantar em seu lugar culturas 
anuais, o solo mantém sua fertilidade natural por poucos anos. Como se pode explicar esse fato? 
 
 
4. Em novembro de 2015 ocorreu um dos maiores desastres ambientais do nosso país: O acidente em 
Mariana (MG). Sobre esse acidente, marque a alternativa correta: 
a) O acidente em Mariana ocorreu em virtude da liberação de uma grande quantidade de petróleo no 
mar, o que causou a morte de várias espécies. 
b) O acidente em Mariana ocorreu porque vários produtos radioativos foram liberados no local sem 
a devida proteção. 
c) O acidente em Mariana refere-se ao desmatamento de uma grande área de floresta nesse local, o 
que causou a morte de várias espécies. 
d) O acidente em Mariana ocorreu em razão do rompimento de uma barragem de rejeitos de 
mineração. 
e) O acidente em Mariana ocorreu por causa da explosão de uma usina nuclear no local. 
 
 
 
 
 
5 
Biologia 
 
5. As comunidades urbanas, as indústrias e as atividades agrícolas produzem grandes quantidades de 
esgoto e resíduos químicos. Esses resíduos, quando lançados sem tratamento nos ambientes 
aquáticos, provocam a poluição. Os microrganismos purificam a água através de processos naturais 
de reciclagem da matéria orgânica, conseguindo degradar os compostos naturais. Entretanto, a 
biodegradação pode não ocorrer com a rapidez necessária, e os ambientes aquáticos tornam-se 
anaeróbios (reduzido teor de oxigênio dissolvido), passando a exalar cheiro desagradável, com 
formação de gás sulfídrico e de outros produtos da atividade microbiana. Quando isso acontece, a 
fauna, a flora e a microbiota desses ambientes são afetadas, podendo resultar na mortandade de peixes. 
Assinale a afirmativa INCORRETA. 
a) O tratamento de esgotos e de efluentes é fundamental para reduzir a poluição aquática que 
provoca um desequilíbrio ecológico, por afetar as cadeias alimentares contidas nesse tipo de 
ambiente. 
b) A remoção da matéria orgânica da água contaminada é realizada exclusivamente por organismos 
aeróbios que provocam eutrofização. 
c) Os microrganismos desempenham um papel importante nos processos de purificação da água, 
seja no ambiente natural, seja através de processos otimizados pelo homem, como estações de 
tratamento de esgoto. 
d) Dependendo do uso da água, o controle de qualidade é realizado estabelecendo-se os limites 
mínimos e máximos aceitáveis para as características físicas, químicas e microbiológicas da água. 
 
6. Uma das formas de poluição do mar é o derramamento de petróleo que afeta consideravelmente os 
seres vivos das áreas atingidas. Uma camada de óleo sobrenadante de 1 cm de espessura é suficiente 
para reduzir a capacidade de penetração da luz na água, além de dificultar a oxigenação da água e 
impregnar as penas das aves marinhas que não conseguem voar e nem termorregular. Afeta também 
as estruturas de filtragem de ostras e de mariscos. 
Adaptado de Paulino, Biologia: genética, evolução e ecologia. Volume 3, 2008. 
Diante dessa situação, as consequências acarretadas aos seres vivos atingidos por esse tipo de 
acidente são: 
I. O processo fotossintético das algas fica comprometido. 
II. As formas aquáticas de vida aeróbica morrem por asfixia. 
III. As aves morrem de frio porque as penas perdem a impermeabilidade. 
IV. As brânquias das ostras e mariscos, órgãos responsáveis pela filtração dos alimentos, são 
obstruídas. 
De acordo com as afirmativas acima, a alternativa correta é: 
a) I e III 
b) II e III 
c) I, II e IV 
d) II, III e IV 
e) I, II, III e IV 
 
 
 
 
 
6 
Biologia 
 
7. Recentemente, constatou-se um novo efeito desastroso do excesso de gás carbônico: os mares estão 
ficando mais ácidos. As alterações no pH marítimo levam à redução do plâncton, e ameaçam aniquilar 
os recifes de corais. 
Veja, 21.06.2006. 
Estabeleça relações entre a destruição do plâncton e a ameaça à vida de animais marinhos e terrestres. 
 
 
8. O acidente em Mariana foi considerado um dos maiores desastres ambientais da nossa história. 
Segundo alguns estudiosos, serão necessários mais de 10 anos para recuperar os danos causados, 
por exemplo, ao rio Doce. Sobre o tema, marque o item correto: 
a) O rio Doce foi afetado apenas em sua fauna, uma vez que apenas peixes morreram em decorrência 
do desastre. 
b) A oxigenação da água do rio Doce não foi alterada, uma vez que a grande quantidade de lama 
sedimentou-se logo após o acidente. 
c) A recuperação do rio Doce depende, principalmente, da recuperação da oxigenação da água, pois 
só assim organismos poderão voltar ao rio. 
d) A destruição de algas e plantas aquáticas presentes no rio Doce não afeta a vida aquática e, 
portanto, o foco da recuperação deve ser o restabelecimento dos peixes no local. 
e) O rio Doce, após o acidente, morreu completamente, não havendo a menor chance de recuperação 
daquelas águas. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Biologia 
 
Gabarito 
 
1. 
a) Porque a concentração inicial de mercúrio na água deveria ser muito baixa. 
b) Poderíamos analisar a concentração dessa substância nos organismos situados nos últimos níveis 
tróficos, onde a concentração de não-biodegradáveis tende a se acumular com o tempo. 
 
2. As queimadas provocam a destruição da vegetação, deixando o solo nu e desprotegido. Sem a proteção 
da cobertura vegetal, o solo, sob a ação de fortes chuvas, sofrerá erosão e perda de nutrientes, tornando-
se pobre e estéril. 
 
3. O solo fica mais exposto à erosão, uma vez que a monocultura não o protege tão bem como a 
vegetação natural. Além disso, suas raízes, mais superficiais, não absorvem os sais minerais das 
camadas profundas do solo e não há a reposição da matéria orgânica no solo para a reciclagem. 
 
4. D 
O acidente em Mariana, ocorrido em 2015, refere-se ao rompimento de uma barragem de rejeitos de 
mineração da empresa Samarco. 
 
5. B 
A eutrofização ocorre divido a grande quantidade de matéria orgânica despejada na água. Com muitos 
nutrientes disponíveis, algas, cianobactérias e bactérias aeróbicas se reproduzem e o aumento excessivo 
desses seres forma uma camada que impede a luz solar de passar, o que afeta o processo de 
fotossíntese realizado por algas e plantas aquáticas, causando a morte de muitos organismos e, 
consequentemente, diminuindo a quantidade de oxigênio dissolvido na água, aumentando a população 
de bactérias anaeróbicas. 
 
6. C 
A eclosão dos ovos não ocorre necessariamente quando há poluição química nos ecossistemas. Os ovos 
se desenvolvem quando existem recursos alimentares e condições adequadas. 
 
7. Os organismos do plâncton — fitoplâncton e zooplâncton — constituem os primeiros elos das teias 
alimentares aquáticas; seu desaparecimento afeta todas as comunidades aquáticas e terrestres deles 
dependentes, tanto em termos de matéria orgânica quanto de disponibilidade de oxigênio 
 
8. C 
Para que o rio Doce seja recuperado, deve-se restabelecer a oxigenação da água para que os organismos 
aquáticos consigam respirar. Essa oxigenação ocorrerá após a deposição dos sedimentos. 
 
 
 
 
 
1 
Filosofia 
 
René Descartes 
Resumo 
 
René du Perron Descartes nasceu em La Hayne, na França, em 
1596. Foi filósofo, físico e matemático. Muitos atribuem a 
Descartes o início da era moderna da Filosofia. Seu principal foco 
é a possibilidade real de saber a verdade. Com isso, desenvolve 
um método de “purificação” do que sabemos para dar ao 
conhecimento um estatuto de verdade. 
Para conhecer a verdade, segundo Descartes, é preciso 
desenvolver um método de pensamento correto. O filósofo então 
defende que a filosofia seve assumir a lógica matemática, ou 
seja, o encadeamento de ideias onde uma verdade leva a outra. 
Descartes, profundo estudioso do pensamento de Aristóteles e 
São Tomas de Aquino, rompe com essas correntes de 
pensamentoas percebendo como um entrave no 
desenvolvimento do pensamento científico e filosófico. Seu 
pensamento está inserido no contexto da Revolução Científica e 
defende o domínio da natutreza pelo homem através do 
conhecimento 
Ceticismo como instrumento para alcançar o conhecimento verdadeiro 
De onde parte o pensamento de Descartes? Da dúvida. Tudo que ele sabia é submetido ao questionamento. 
O que aprendeu com seus pais, seus professores, seu contato com o mundo e seus sentidos, tudo é posto à 
prova. E Descartes chega a conclusão de que o único conhecimento verdadeiro é o provado racionalmente, 
ou seja, nenhuma fonte de conhecimento que não passa pelo crivo da razão é confiável. Para realizar essa 
avaliação, Descartes defende que apenas examinar racionalmente não é suficiente. É preciso se utilizar de 
um método que possa filtrar o conhecimento. A dúvida metódica derrubaria todas as certezas não 
fundamentadas e deixaria de pé apenas o conhecimento indubitável. 
Focado na certeza, porém, Descartes se volta para o erro. Para saber como a verdade é possível, é preciso 
compreender como erramos e o que nos leva a isso. Distanciando-se do pensamento clássico, o pensamento 
moderno investiga os desvios do conhecimento humano. Tentando entender como o que se passa em nossa 
mente pode coincidir com a realdiade, o pensador afirma que o erro está baseado na prevenção e 
precipitação. A prevenção é a facilidade com a qual nos deixamos levar por ideias sem verificar sua 
veracidade. Já a precipitação é a facilidade que temos de emitir julgamentos, não importando se os 
verificamos de fato. 
"Há já algum tempo que eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera 
muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em 
princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto; de modo 
que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas 
as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os 
fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências 
(Descartes,Meditações, p. 17.) 
 
Retrato de Descartes por Frans Hals 
 
 
 
 
2 
Filosofia 
 
A única forma de superar esses problemas é refundando as bases do conhecimento. Assim, como já estamos 
condicionados e tendemos para o erro, é preciso aplicar um método que desfaça os mal-entendidos e afaste 
as incertezas, ou seja, um método capaz de dar valor de absoluta para a verdade. Como o conhecimento 
obtido pela via sensível é duvidoso, ele deve ser afastado. O conhecimento verdadeiro está na mente, 
justamente no intelecto, e não no que sentimos ou no que se origina disso (memória, imaginação etc.). O 
intelecto é fundamentado em ideias inatas e possui um encadeamento lógico (raciocínio de funcionamento 
matemático), sendo o caminho para o conhecimento verdadeiro. 
[...] não é necessário que examine cada uma [opinião] em particular, o que seria um 
trabalho infinito; mas, visto que a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo 
todo o resto do edifício, dedicar-me-ei inicialmente aos princípios sobre os quais todas 
as minhas opiniões antigas estavam apoiadas. 
 (Descartes,Meditações, p. 17.) 
Como muito do que se sabe não é confiável, Descartes propõe colocar tudo a dúvida. Quando dizemos tudo, 
é tudo mesmo! A dúvida metódica cartesiana se é um exercício que expõe toda a existência ao 
questionamento. Uma dúvida ordenada e radical, porque vai até as raízes do entendimento e do ser. 
 
Começando pelo começo 
Na raíz do conhecimento (que Descartes prefere chamar de alicerce para o edifício do conhecimento) 
Descartes raciocina matematicamente. Ele afirma que investigar cada opinião, cada saber, seria 
humanamente impossível e inútil. Por outro lado, se formos as bases dessas opiniões e observamos que 
esses fundamentos são duvidosos, então tudo que deles parte também seria duvidoso. Assim, numa 
abordagem bem simples, Descartes define algo que é básico para a filosofia: a base de uma boa explicação 
não pode ser incerta ou falsa do ponto de vista lógico. Descartes afirma que podemos assumir como 
verdadeiro o que é evidente, algo que se apresenta de maneira clara e distintamente. Qualquer ideia que não 
siga o critério da clareza e distinção não pode ser assumida como verdadeira. 
 
Etapas da dúvida 
Sentidos 
Como já dissemos, Descartes coloca o conhecimento produzido pelos sentidos em dúvida. Indo contra o 
senso comum, o filósofo propõe que nossa experiência imediata com o mundo pode estar produzindo sabres 
falsos. Esse é a primeira etapa da dúvida metódica, o argumento do erro dos sentidos. O que Descartes 
demonstra aqui é que por muitas vezes nós nos enganamos sobre nossa percepção. Confundimos sons 
tendo a impressão de ter ouvido uma palavra quando na verdade outra foi emitida. Muitas vezes duas 
No quadrinho vemos Calvin adotar uma versão menos complicada da verdade. Abandonar a prevenção e a precipitação duvidando 
dos nossos sentidos é um exercício árduo. CALVIN & HOBBES. BILL WATTERSON © 1986 WATTERSON/ DIST. BY UNIVERSAL 
UCLICK. 
 
 
 
 
3 
Filosofia 
 
pessoas olhando para o mesmo acontecimento chegam a conclusões diferentes sobre o fato. Discordam 
sobre paladar ou temperatura de um alimento e coisas do tipo. 
Ora, esse tipo de conhecimento pode ser útil no dia a dia, mas não para a proposta cartesiana. Para fundar 
uma forma de produção de conhecimento universal, a inconstância das percepções é insuficiente. Apesar 
disso. Ignorar os sentidos é um tarefa árdua. É bastante difícil duvidar daquilo que está diante dos nossos 
olhos, que tocamos e sentimos. 
 
Sonho 
Por isso, Descartes desenvolve essa dúvida, complexificando e aprofundando sua desconfiança para 
demonstrar a potência de seu questionamento. Quantas vezes a percepção foi traída, não por detalhe ou 
outro da observação, mas pela própria consciência? Quantas vezes estamos certos de algo e, de repente, 
percebemos que tudo não passou de um sonho? Ou seja, algo tão natural quanto cheirar um flor pode ser, 
na verdade, nada além de uma ilusão produzida pela mente. 
A segunda etapa da dúvida, o argumento da ilusão do sonho, expõe o quão frágil são as certezas adquiridas 
pela percepção. Como uma extrapolação da desconfiança nos sentidos, o argumento do sonho coloca nossa 
própria consciência em questão. As vezes os sonhos são tão vívidos que nos confundem. Como garantir que 
você não está sonhando agora? 
 
Razão 
Afastando-se por um momento daquilo que lhe suscita dúvidas, o pensador se volta para a produção de um 
conhecimento mais confiável. Os sentidos são instáveis demais para oferecer alguma garantia. Primeiro 
perdemos os sentidos, depois a consciência, mas nos resta a razão. As ideias lógicas como as matemáticas 
não estão ao dispor de nossos sentidos, percepção ou interação com o mundo, elas subsistem por si só: 
[...] a Aritmética, a Geometria [...], que não tratam senão de coisas muito simples e muito 
gerais, sem cuidarem muito em se elas existem ou não na natureza, contêm alguma 
coisa de certo e indubitável. Pois quer eu esteja acordado, quer eu esteja dormindo, dois 
mais três formarão sempre o número cinco e o quadrado nunca terá mais do que quatro 
lados; e não parece possível que verdades tão patentes possam ser suspeitas de 
alguma falsidade ou incerteza. 
 (Meditações, p. 19.) 
Como é possível duvidar então de algo tão evidente? Como é possível contestar uma verdade matemática 
tão simples como 2 + 2? Mas Descartes não está para brincadeiras. Sua dúvida, como dissemos antes, é 
metódica e radical, ela não parará até chegar num conhecimento verdadeiramente indubitável. 
Como descartes por em xeque uma ideia matemática? Ora, por um artifício metodológico bastante eficiente. 
Não se trata da crença real de sua possibilidade por Descartes, mas da apresentação de um argumento 
plausível, já que toda a realidade se foi. 
E se, porum acaso, nossas certezas são enganos produzidos por um ser poderoso e maligno que sempre 
nos afasta da verdade? Se houver uma entidade que nos leve pelos caminhos do erro e da ilusão a cada 
pensamento? Por mais absurda que essa proposição soe, não há como provar que ela é falsa (assim como 
não podemos provar sua veracidade). Mas Descartes não está aqui para incertezas, ele está em busca de 
verdades. Diante desse cenário, qual a verdade que resiste? Qual ideia é potente o suficiente para superar a 
força da dúvida hiperbólica? 
Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte de verdade, mas 
certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou 
toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as 
figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos 
de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim 
 
 
 
 
4 
Filosofia 
 
mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido 
de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. 
(Meditações, p. 20) 
 
Assim Descartes combate tanto as certezas crentes e descrentes, no interior de sistemas religiosos ou não, 
já que sua ciência tem pretensões universais. O gênio maligno é, na verdade, um vigilante sempre atento, 
uma ferramenta de questionamento extrema que coloca tudo a prova da dúvida para impedir que o pensador 
se prevenisse ou precipitasse (no sentido do erro). Para encontrar a verdade é preciso suportar a dúvida. 
 
O encontro com a verdade e o encadeamento lógico (pensamento matematizado) para 
reestabelecimento da realidade 
Descartes está agora soterrado nos escombros de um mundo de conhecimento que acabou de acabar. O 
que come e bebe, seu corpo, o chão, nada sobrou. Só o imenso vazio. Agora Descartes pode começar o 
trabalho que intentava desde o início. Refundar a produção do conhecimento. Ele colocará o primeiro tijolo. 
Não há mais como afirmar nem a própria existência. Mas a dúvida se converte em certeza. Sem poder 
garantir onde, como, quando ou porquê, Descartes intui que, se duvida, é porque pensa e, se pensa, existe. 
Então, ao duvidar, pensamos, prova irrefutável que somos, pelo menos, uma coisa pensante. “Cogito, ergo 
sum”. Enquanto pensador, somos uma coisa pensante. Mas esse pensamento não permite garantir que 
existem outras mentes ou o universo a nosso redor. 
Descartes parte de um encadeamento de intuições para concluir 
outras coisas, como a existência de Deus e do mundo material. 
Focando a construção da realidade não mais no objeto, e sim no 
sujeito, o pensador se dedica a reconstruir o mundo que foi apagado 
pela dúvida. 
A intuição sobre a existência de Deus é uma forte ferramenta para isso. 
Deus é um ser perfeito e infinito. Essa ideia não pode ter partido de 
um ser limitado e imperfeito como o ser humano. Nós não somos 
capazes de conter nem produzir a ideia de perfeição e, por isso, ela 
existe externa a nós. Isso prova a existência de Deus tal qual o 
pensamos. 
Se Deus é perfeito, ele não será como o gênio maligno. Ele garantirá 
que meu contato com o mundo seja próximo ao real. Mesmo que 
permita alguns enganos, eles são pequenos se comparáveis aos 
provocados pelo gênio maligno. Sendo assim, Deus não permitiria que 
a minha percepção sobre o mundo fosse tão equivocada. Deus 
garante que aquilo que penso chegando a ideias evidentes é real. O 
mundo então existe, mas externo ao ser pensante, ou seja, existe por 
extensão (no tempo e no espaço). Como coisas pensantes somos res 
cogitans, enquanto as coisas que existem, mas não pensam, são res extensa. Nosso próprio corpo (que foi 
separado da mente pela dúvida hiperbólica) é res extensa. Essa forma de perceber a existência (que podemos 
incluir na discussão da metafísica) é destacadamente dualista, apesar de admitir mais uma instância. Para 
ele, Deus é transcendente ao nosso plano. Por isso, Descartes define que a substância que contém as 
características de Deus é res infinita. 
 
 
 
Ilustração de De homine (Descartes) 
mostrando como o conhecimento passa da 
res extensa para a res cogitans 
https://archive.org/details/gri_33125010879209
 
 
 
 
5 
Filosofia 
 
Racionalismo 
Como percebemos, todo o pensamento de Descartes é idealista (pois se baseia profundamente na 
centralidade do sujeito na constituição do conhecimento) tanto ontologicamente quanto 
epistemologicamente. A classificação de Descartes para as substâncias que existem tèm a ideia como 
parâmetro e o conhecimento considerado seguro deve ser gerado pelo puro intelecto. 
Descartes condiciona a percepção e inteligibilidade de toda a existência a condição de pensar do sujeito. O 
cogito, ergo sum é uma demonstração autoevidente de que o que garante a existência do ser humano é sua 
capacidade de pensar, estando fundamentado nela todo o mundo. 
Para operar o raciocínio (que deveria seguir a lógica matemática) Descartes defendia a aplicação de um 
método, que fica conhecido como método cartesiano. São etapas desse método: 
• Jamais considerar como verdadeiro algo que não seja evidente, ou seja, claro e distinto (regra da 
evidência). 
• Separar o que é observado em pequenas porções tanto quanto for necessário para que se torne 
compreensível (regra da análise). 
• Encadear logicamente o pensamento, do mais simples para o mais complexo, percebendo o que é 
conhecido ordenadamente e produzindo uma complexificação gradual (regra da síntese). 
• Revisar e enumerar todo o saber produzido com o intuito de verificar quaisquer equívocos (regra da 
enumeração). 
Essa corrente filosófica que privilegia a razão como caminho para o conhecimento fica conhecida como 
racionalismo. Essa corrente se baseia na defesa de Descartes do inatismo que permite o encadeamento de 
ideias através do trabalho lógico-dedutivo. Para o pensador, a fonte do conhecimento são as ideias inatas. 
Elas são ideias que nascem com o sujeito e que dispensam a interação com o mundo para produzir 
conhecimento. Elas são a base do conhecimento exatamente porque não dependem da nossa percepção 
(fonte não confiável de conhecimento) e interação, sendo de natureza puramente intelectual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Filosofia 
 
Exercícios 
 
1. Considerando-se as primeiras linhas das Meditações sobre a filosofia primeira de René Descartes: 
“Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões 
por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal assegurados devia ser 
apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida, 
desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha crença e começar tudo novamente 
desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas ciências. 
(...) Agora, pois, que meu espírito está livre de todas as preocupações e que obtive um repouso seguro 
numa solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em geral todas as minhas 
antigas opiniões” 
É correto afirmar sobre a teoria do conhecimento cartesiana que 
a) Descartes não utiliza um método ou uma estratégia para estabelecer algo de firme e certo no 
conhecimento, já que suas opiniões antigas eram incertas. 
b) Descartes considera que não é possível encontrar algo de firme e certo nas ciências, pois até então 
esse objetivo não foi atingido. 
c) Descartes, ao rejeitar o que a tradição filosófica considerou como conhecimento, busca 
fundamentar nos sentidos uma base segura para as ciências. 
d) ao investigar uma base firme e indestrutível para o conhecimento, Descartes inicia rejeitando suas 
antigas opiniões e utiliza o método da dúvida até encontrar algo de firme e certo. 
e) Descartes necessitou de solidão para investigar as suas antigas opiniões e encontrar entre elasaquela que seria o verdadeiro fundamento do conhecimento. 
 
 
2. Essas longas cadeias de razões, todas simples e fáceis, de que os geômetras costumam se utilizar 
para chegar às demonstrações mais difíceis, haviam-me dado oportunidade de imaginar que todas as 
coisas passíveis de cair sob domínio do conhecimento dos homens seguem-se umas às outras da 
mesma maneira e que, contanto que nos abstenhamos somente de aceitar por verdadeira alguma que 
não o seja, e que observemos sempre a ordem necessária para deduzi-las umas das outras, não pode 
haver, quaisquer que sejam, tão distantes às quais não se chegue por fim, nem tão ocultas que não se 
descubram. 
(DESCARTES, R. Discurso do método. Tradução de Elza Moreira Marcelina. Brasília: Editora da Universidade de Brasília; São 
Paulo: Ática, 1989. p. 45.) 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Descartes, é correto afirmar que: 
a) Para Descartes, o conhecimento é obtido partindo-se da experiência, isto é, da observação da 
natureza, e depois generalizando os resultados de tais observações. 
b) Segundo Descartes, qualquer coisa que a razão humana é capaz de conhecer pode ser alcançada 
partindo-se de verdades evidentes, e aplicando a dedução lógica a essas verdades. 
c) Para Descartes, é possível apenas obter um conhecimento aproximado, probabilístico, acerca de 
qualquer objeto, não sendo de modo algum alcançável o conhecimento da verdade, independente 
do assunto em questão. 
d) Descartes pensa que, independentemente das premissas das quais se parte ao se procurar obter 
conhecimento sobre um determinado assunto, a verdade sobre tal assunto será alcançada desde 
que os princípios da lógica dedutiva sejam aplicados corretamente. 
e) Para Descartes, não há verdades evidentes, de modo que para se obter conhecimento sobre 
qualquer assunto, é necessário realizar longas séries de demonstrações difíceis, como aquelas 
que são habitualmente desenvolvidas pelos geômetras 
 
 
 
 
 
7 
Filosofia 
 
3. Há já algum tempo dei-me conta de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões 
por verdadeiras e de que aquilo que depois eu fundei sobre princípios tão mal assegurados devia ser 
apenas muito duvidoso e incerto; de modo que era preciso tentar seriamente, uma vez em minha vida, 
desfazer-me de todas as opiniões que recebera até então em minha crença e começar tudo novamente 
desde os fundamentos, se eu quisesse estabelecer alguma coisa de firme e de constante nas ciências. 
[…] Agora, pois, que meu espírito está livre de todas as preocupações e que obtive um repouso seguro 
numa solidão tranquila, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade a destruir em geral todas as minhas 
antigas opiniões. Ora, não será necessário, para atingir esse propósito, provar que elas todas são 
falsas, o que talvez jamais realizasse até o fim; mas, visto que a razão já me persuade de que não devo 
menos cuidadosamente impedir-me de acreditar nas coisas que não são inteiramente certas e 
indubitáveis do que nas que nos parecem ser manifestamente falsas, a menor razão de duvidar que 
eu nelas encontrar será suficiente para me fazer rejeitá-las todas.” 
(Descartes) 
 
A partir da filosofia cartesiana, seguem as seguintes afirmações: 
I. A dúvida cartesiana é uma dúvida sobre os fundamentos do conhecimento, e seu objetivo é 
avaliar a possibilidade da conquista de algo evidente e verdadeiro. 
II. A primeira certeza que conquistamos é a de que, embora nossos sentidos nos enganam às vezes, 
não é possível duvidar da existência das coisas que nos rodeiam. 
III. A dúvida, quando generalizada ao máximo, será autodestrutiva, uma vez que ela é um ato de 
pensar e, portanto, requer como certa a existência de uma entidade que é sujeito desse ato 
IV. Generalizar ao máximo a dúvida é uma atitude irracional e meramente negativa. 
V. A dúvida cartesiana traz como resultado um fato determinante para toda a filosofia moderna: só 
temos acesso imediato às nossas percepções mentais, ao passo que o conhecimento de tudo o 
mais (o mundo, Deus, etc.) deve ser provado como possível, dada a distância que há entre nossos 
pensamentos e as demais coisas. 
 
Das afirmações feitas acima 
a) apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. 
b) apenas as afirmativas I e III estão corretas. 
c) apenas as afirmativas I, III e V estão corretas. 
d) apenas a afirmativa IV está incorreta. 
e) todas as afirmativas estão corretas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Filosofia 
 
4. E se escrevo em francês, que é a língua de meu país, e não em latim, que é a de meus preceptores, é 
porque espero que aqueles que se servem apenas de sua razão natural inteiramente pura julgarão 
melhor minhas opiniões do que aqueles que não acreditam senão nos livros dos antigos. E quanto aos 
que unem o bom senso ao estudo, os únicos que desejo para meus juízes, não serão de modo algum, 
tenho certeza, tão parciais a favor do latim que recusem ouvir minhas razões, porque as explico em 
língua vulgar. 
DESCARTES, R. Discurso do Método. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Coleção “Os 
pensadores”. p. 79. 
Com base nos conhecimentos sobre Descartes e o surgimento da filosofia moderna, assinale a 
alternativa correta. 
a) A língua vulgar, o francês, expressa de modo mais adequado o espírito da modernidade por estar 
livre dos preconceitos da língua dos doutos, o latim. 
b) Redigir o Discurso do Método em francês teve propósito similar à tradução da bíblia para o alemão 
feita por Lutero: facilitar o acesso à sacralidade do texto em língua vulgar. 
c) O desencantamento do mundo, resultante da radical crítica cartesiana à tradição, teve como 
consequência o abandono da referência à divindade. 
d) As ideias expressas por Descartes em seu Discurso do Método refletem a postura tipicamente 
moderna de ruptura total com o passado. 
e) A razão natural inteiramente pura é um atributo inerente à natureza humana, independentemente 
da tradição ou da cultura à qual o humano se vincula. 
 
 
5. As primeiras linhas das Meditações Metafísicas, Descartes declara que "recebera muitas falsas 
opiniões por verdadeiras" e que "aquilo que fundou sobre princípios mal assegurados devia ser muito 
duvidoso e incerto". 
(DESCARTES, R. Meditações Metafísicas, In: MARÇAL, J. CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (org.) Antologia de textos filosóficos, 
Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 153.) 
 
A fim de dar bom fundamento ao conhecimento científico, Descartes entende que é preciso: 
a) confiar nas próprias opiniões. 
b) certificar-se de que os outros pensam como nós. 
c) seguir as opiniões dos mais sábios. 
d) partir de princípios seguros e proceder com método. 
e) aceitar que o conhecimento é duvidoso e incerto. 
 
 
6. Para René Descartes, o que fundamenta o método universal para conhecer o mundo é a reta razão, 
que pertence a todos os homens, sendo “a coisa mais bem distribuída do mundo”. Mas o que é essa 
reta razão? “A faculdade de julgar bem e distinguir o verdadeiro do falso é propriamente aquilo que se 
chama bom senso ou razão, que é naturalmente igual em todos os homens”. A unidade das ciências 
remete à unidade da razão. E a unidade da razão remete à unidade do método. O saber deve basear-
se na razão e repetir sua clareza e distinção, que são os únicos pressupostos irrenunciáveis do novo 
saber. 
(Giovanni Reale e Dario Antiseri. História da filosofia, 1990. Adaptado.) 
 
Justifique por que o método de Descartes aspira à universalidade. Explique a importância da 
matemática para a produção de conhecimentos dotados de clareza e distinção. 
 
 
 
 
 
 
9 
Filosofia 
 
7. "Porém, igual a um homem que caminha solitário e na absoluta escuridão, decidi ir tão lentamente, e 
usar de tanta ponderação em todas as coisas, que, mesmo se avançasse muito pouco, ao menos 
evitaria cair." 
(DESCARTES, René. Meditações metafísicas. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural,1999 .p.48 ) 
 
No trecho, Descartes advoga a prudência cética no trato do conhecimento. Com base nessa atitude 
comum entre filósofos responda: Qual é o papel da dúvida na busca pelo conhecimento? 
 
 
 
 
 
10 
Filosofia 
 
Gabarito 
 
1. D 
A alternativa [D] é a única correta. Descartes busca um fundamento sólido para o conhecimento nas 
ciências. Para tanto, utiliza-se do método da dúvida para destruir todas as falsas opiniões. 
 
2. B 
Para Descartes o conhecimento deve ser produzido através do intelecto humano, com base em ideias 
inatas. O processo de conhecer deve seguir uma lógica matemática, que significa a dedução estruturada 
por um encadeamento em que cada verdade leva a outra. A base do conhecimento humano são as ideias 
inadas de onde parte todo o conhecimento que o humano é capaz de obter. 
 
3. C 
A respeito do racionalismo cartesiano, as afirmações I, III e V estão corretas. No sentido de rejeitar todas 
as verdades incertas, Descartes utiliza-se da dúvida metódica e universal, chegando à conclusão de que 
não pode duvidar que pensa. Assim, a sua conclusão de que é uma coisa pensante se constitui na sua 
primeira certeza, e é em base a ela que Descartes irá desenvolver sua filosofia racionalista. 
 
4. E 
Descartes é inovador porque propõe um afastamento de qualquer entidade metafísica para a produção 
do conhecimento. É a cisão final do pensamento filosófico com o mitólogico ou religioso. Deus em 
Descartes é resultado do processo de conhecer e não a origem, diferente do que é amplamente difuldido 
pela Escolástica que o precede, onde o conhecimento é revelação e iluminação divina. Para um 
conhecimento ser verdadeiro, basta que seja logicamente evidente. 
 
5. D 
Descartes defende que o conhecimento deve ser produzido metodicamente, porque tendemos ao erro 
pela prevenção e precipitação. A partir desse método é identificado qual tipo de conhecimento é seguro 
e qual não é confiável. 
 
6. O conhecimento parte do ceticismo metodológico, quando tudo o que sabemos é posto em dúvida e essa 
dúvida continua a ser praticada. A dúvida hiperbólica tem pretensões universais: é capaz de desfazer 
qualquer ilusão e apontar o caminho da verdade. Qualquer conhecimento relativo não resiste ao método 
cartesiano. Assim o senso comum sucumbe ao conhecimento verificado. Esse conhecimento tem como 
origem as ideias inatas admitidas como Descartes e indicadas como puramente intelectuais, livres das 
ilusões sensoriais da interação com o mundo. A partir de uma ideia inata se pode produzir um 
encadeamento lógico que leva a outras verdades (pensamento matematizado). As próprias verdades 
matemáticas são consideradas por Descartes como ideias inatas. Elas fundamentam o método 
cartesiano de evidência, análise, síntese e enumeração 
 
7. A dúvida é a base metodológica do conhecimento. Sem duvidar, é impossível romper com opiniões, 
ilusões e equívocos. Por isso, a dúvida permite criticar o conhecimento e verificar se o mesmo é seguro. 
Com a dúvida como método (e não como conclusão) Descartes põe a prova todo o sistema de 
pensamento de sua época e auxilia na transformação paradigmática que ficou conhecida como 
Revolução Científica, introduzindo o questionamento na produção de conhecimento e influenciando todo 
o pensamento posterior. Mas que as conclusões cartesianas, a dúvida é o seu maior legado. 
 
 
 
 
1 
Física 
 
Exercícios de equilíbrio de corpos extensos 
 
Exercícios 
 
 
1. Um homem de massa igual a 80 kg está em repouso e em equilíbrio sobre uma prancha rígida de 
2,0 m de comprimento, cuja massa é muito menor que a do homem. 
A prancha está posicionada horizontalmente sobre dois apoios, A e B, em suas extremidades, e o 
homem está a 0,2 m 0,2 m da extremidade apoiada em A. 
 
A intensidade da força, em newtons, que a prancha exerce sobre o apoio A equivale a: 
a) 200 
b) 360 
c) 400 
d) 720 
 
 
2. Retirar a roda de um carro é uma tarefa facilitada por algumas características da ferramenta utilizada, 
habitualmente denominada chave de roda. As figuras representam alguns modelos de chaves de roda: 
 
Em condições usuais, qual desses modelos permite a retirada da roda com mais facilidade? 
a) 1, em função de o momento da força ser menor. 
b) 1, em função da ação de um binário de forças. 
c) 2, em função de o braço da força aplicada ser maior. 
d) 3, em função de o braço da força aplicada poder variar. 
e) 3, em função de o momento da força produzida ser maior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Física 
 
3. Uma balança romana consiste em uma haste horizontal sustentada por um gancho em um ponto de 
articulação fixo. A partir desse ponto, um pequeno corpo P pode ser deslocado na direção de uma das 
extremidades, a fim de equilibrar um corpo colocado em um prato pendurado na extremidade oposta. 
Observe a ilustração: 
 
 
Quando P equilibra um corpo de massa igual a 5 kg, a distância d de P até o ponto de articulação é 
igual a 15 cm. 
Para equilibrar um outro corpo de massa igual a 8 kg, a distância, em centímetros, de P até o ponto de 
articulação deve ser igual a: 
a) 28 
b) 25 
c) 24 
 
 
4. A figura abaixo ilustra uma ferramenta utilizada para apertar ou desapertar determinadas peças 
metálicas. 
 
 
Para apertar uma peça, aplicando-se a menor intensidade de força possível, essa ferramenta deve ser 
segurada de acordo com o esquema indicado em: 
 
a) c) 
 
b) d) 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Física 
 
5. Uma barra metálica homogênea, de 2,0m de comprimento e 10N de peso, está presa por um cabo 
resistente. A barra mantém dois blocos em equilíbrio, conforme mostra a figura abaixo. Sendo d =
0,5m e o peso do bloco A, PA = 100N, é correto afirmar que o peso do bloco B, em N, é: 
 
a) 45 
b) 30 
c) 60 
d) 6 
e) 55 
 
 
6. 
 
Uma cancela manual é constituída de uma barra homogênea AB de comprimento L = 2,40 m e massa 
M = 10,0kg, está articulada no ponto O, onde o atrito é desprezível. A força F tem direção vertical e 
sentido descendente, como mostra a figura acima. 
 
Considerando a aceleração da gravidade g = 10,0 m/s2, a intensidade da força mínima que se deve 
aplicar em A para iniciar o movimento de subida da cancela é 
a) 150 N 
b) 175 N 
c) 200 N 
d) 125 N 
e) 100 N 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Física 
 
7. Em um parque de diversão, Carlos e Isabela brincam em uma gangorra que dispõe de dois lugares 
possíveis de se sentar nas suas extremidades. As distâncias relativas ao ponto de apoio (eixo) estão 
representadas conforme a figura a seguir. 
 
 
 
Sabendo-se que Carlos tem 70 kg de massa e que a barra deve permanecer em equilíbrio horizontal, 
assinale a alternativa correta que indica respectivamente o tipo de alavanca da gangorra e a massa 
de Isabela comparada com a de Carlos. 
a) Interfixa e maior que 70 kg. 
b) Inter-resistente e menor que 70 kg. 
c) Interpotente e igual a 70 kg. 
d) Inter-resistente e igual a 70 kg. 
e) Interfixa e menor que 70 kg. 
 
 
8. No nosso cotidiano, as alavancas são frequentemente utilizadas com o objetivo de facilitar algum 
trabalho ou para dar alguma vantagem mecânica, multiplicando uma força. Dependendo das posições 
relativas do ponto fixo ou de apoio de uma alavanca (fulcro) em relação às forças potente e resistente, 
elas podem ser classificadas em três tipos: interfixas, interpotentes e inter-resistentes. As figuras 
mostram os três tipos de alavancas. 
 
 
 
As situações A, B e C, nessa ordem, representam alavancas classificadas como 
a) inter-resistente, interpotente e interfixa. 
b) interpotente, inter-resistente e interfixa. 
c) interpotente, interfixa e inter-resistente. 
d) interfixa, inter-resistente e interpotente. 
e) interfixa, interpotente e inter-resistente. 
 
 
 
 
 
5 
Física 
 
9. Uma barra homogênea de peso igual a 50 N está em repouso na horizontal. Elaestá apoiada em seus 
extremos nos pontos A e B, que estão distanciados de 2 m. Uma esfera Q de peso 80 N é colocada 
sobre a barra, a uma distância de 40 cm do ponto A, conforme representado no desenho abaixo: 
 
 
 
A intensidade da força de reação do apoio sobre a barra no ponto B é de 
a) 32 N 
b) 41 N 
c) 75 N 
d) 82 N 
e) 130 N 
 
 
10. A Op Art ou “arte óptica” é um segmento do Cubismo abstrato que valoriza a ideia de mais visualização 
e menos expressão. É por esse motivo que alguns artistas dessa vertente do Cubismo escolheram o 
móbile como base de sua arte. 
No móbile representado, considere que os “passarinhos” tenham a mesma massa e que as barras 
horizontais e os fios tenham massas desprezíveis. 
 
 
 
Para que o móbile permaneça equilibrado, conforme a figura, a barra maior que sustenta todo o 
conjunto deve receber um fio que a pendure, atado ao ponto numerado por 
a) 1. 
b) 2. 
c) 3. 
d) 4. 
e) 5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Física 
 
Gabarito 
 
1. D 
 
 
A| N | .2,0 | P | .1,8= 
A| N | .2,0 80.10.1,8= 
A| N | .2,0 80.18= 
A| N | 80.9= 
A| N | 720N = 
 
2. B 
Para forças de mesma intensidade (F), aplicadas perpendicularmente nas extremidades das alavancas, 
para os três modelos, 1, 2 e 3, temos os respectivos momentos: 
1
2 1 2 3
3
M F 40
M F 30 M M M .
M F 25
 = 

=    
 = 
 
 
3. C 
Dados: 1m = 5 kg; 1d = 15 cm; 2m = 8 kg. 
Seja b a distância do ponto de suspensão do prato até o ponto de suspensão do gancho. Como há 
equilíbrio de rotação, temos: 
P 1 1 1 1
2
P 2 2 2 2 2
m d m gb d m 15 5
 d 24 cm.
m d m gb d m d 8
 =
  =  =  =
=
 
 
4. D 
Quanto maior o braço da alavanca (distância da linha de ação da força ao apoio), menor a intensidade 
da força para se obter o mesmo torque. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Física 
 
5. B 
Dados: L = 2 m; P = 10 N; d = 0,5 m; PA = 100 N. 
A figura mostra as dimensões relevantes para a resolução da questão. 
 
Como a barra está em equilíbrio, em ralação ao ponto O, o somatório dos momentos em sentido anti-
horário é igual ao somatório dos momentos em sentido horário. 
( ) ( ) ( )
B AP P P B A
A
M M M P 1,5 10 0,5 100 0,5 1,5 P 45 
P 30 N.
+ =  + =  = 
=
 
 
6. C 
Na iminência de iniciar movimento de rotação, o somatório dos momentos das forças mostradas é 
nulo. 
 
Então, em relação ao ponto O, o momento do peso da barra, agindo no seu centro é, em módulo, igual 
ao momento da força F. Assim: 
( ) ( ) ( )F 0,4 P 0,8 F 2P 2 100 F 200 N.=  = =  = 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Física 
 
7. E 
Dado: mC = 70 kg. 
 
Da figura, as distâncias de Isabela e Carlos até o eixo de rotação são, respectivamente: bI=2,5 m e bC=2,0 
m. 
Para que a barra esteja em equilíbrio, o somatório dos momentos deve ser nulo. 
C C
I I C C I
I
I
m b 70 2
M 0 m g b m g b m 
b 2,5
m 56 kg.

=  =  = = 
=
 
 
Como o apoio está entre as forças aplicadas, o tipo de alavanca formado pela gangorra é interfixa. 
 
8. C 
Situação A: alavanca interpotente, pois a força potente está entre o apoio e a força resistente. 
Situação B: alavanca interfixa, pois o apoio está entre a força potente e a força resistente. 
Situação C: alavanca inter-resistente, pois a força resistente (o peso da carga e do carrinho) está entre 
o apoio e a força potente. 
 
9. B 
 
Desenhando todas as forças que atuam na barra, bem como a localização do ponto O, e adotando 
como positivo o sentido horário de rotação, teremos: 
 
 
 
Sendo: 
bP : peso da barra; 
QP : peso da esfera; 
AN : Força normal trocada com o apoio A; 
BN : Força normal trocada com o apoio B. 
 
 
 
 
 
9 
Física 
 
Considerando que a soma dos momentos de todas as forças, em relação ao ponto O, é igual à zero 
(condição de equilíbrio), teremos: 
B b Q A
o
N o P o P o N o
B b Q A
B
B
B
B
(m) 0
(m ) (m ) (m ) (m ) 0
N .2 P .1 P .0,4 N .0 0
N .2 50.1 80.0,4 0 0
N .2 50 32 0
N .2 82 0
N 41N
=
+ + + =
− + + + =
− + + + =
− + + =
− + =
=

 
 
10. C 
Quando suspensa, a barra maior sofrerá em cada extremidade uma tração de intensidade igual à do 
triplo do peso de cada passarinho. Então, por simetria, ela deve receber um fio que a pendure, atado ao 
seu ponto médio, ou seja, o ponto de número 3. 
 
 
 
 
 
 
1 
Geografia 
 
Europa: Crise na Zona do Euro e o Brexit 
 
Resumo 
 
Crise econômica na Zona do Euro 
Para entender a crise econômica na Zona do Euro, ou crise da dívida pública da Zona do Euro, é necessário 
entender a crise econômica de 2008, deflagrada no setor imobiliário americano. Essa crise, conhecida como 
crise do subprime, foi decorrente da oferta de crédito barato para compradores pouco capitalizados. 
Basicamente, os bancos e o setor imobiliário americano estavam vendendo casas para pessoas que não 
podiam pagar, com a expectativa de valorização do imóvel. Em um ano, um imóvel que valia 200 mil passaria 
a valer 250 mil dólares. Com isso, o novo proprietário poderia usar essa valorização para refinanciar parte do 
seu imóvel. E, mesmo assim, caso a pessoa não conseguisse pagar o imóvel, o banco poderia executar a 
hipoteca e ainda ganharia esses 50 mil dólares de valorização. Esse crédito foi chamado de subprime, pois 
era de segunda linha, sem muitas garantias. Com a constante valorização dos imóveis, isso passou a ser um 
bom investimento. Já pensou em vender esse papel da dívida para um fundo de pensão grego ou italiano no 
valor de 200 mil dólares e, em um ano, ele valer 250 mil dólares? Assim, investidores europeus e do mundo 
foram atraídos para esses papéis. 
Enquanto o valor dos imóveis continuava crescendo, tudo estava ótimo. Porém, ao longo dos anos executando 
esse mecanismo, o número de pessoas que não conseguiam pagar cresceu absurdamente. Com isso, os 
bancos executaram diversas hipotecas e começaram a vender os imóveis. Com a crescente oferta de imóveis, 
os valores começaram a cair, as pessoas não conseguiam pagar nem refinanciar, gerando mais hipotecas e 
iniciando um ciclo vicioso da economia, afetando bancos e investidores pelo mundo. 
Na Europa, os países mais afetados foram aqueles que possuíam uma elevada dívida do PIB, como Portugal, 
Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. A Crise na Zona do Euro afetou diversos países, e não somente os PIIGS, mas 
foram esses que sentiram o maior impacto. Como solução para a crise, esses países tiveram que impor um 
regime fiscal bem restrito, para equilibrar suas contas e se recuperar. Assim, o Estado de Bem-Estar Social, 
famoso na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, passou por mais uma crise. Foi possível se observarem 
diversos protestos na Europa. Porém, as medidas que os governos tomavam eram obrigatórias para se 
obterem novos empréstimos com o Fundo Monetário Internacional ou com o Banco Central Europeu. 
 
Crise dos refugiados e a islamofobia europeia 
Primeiro, é importante entender que refugiado é aquele migrante que deixou seu país ou região de origem 
devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou 
opiniões políticas. Por isso, nem todo migrante é um refugiado. Segundo, que, para entender essa atual crise 
humanitária, é preciso comentar sobre a Guerra da Síria. 
Tal conflito foi responsável pelo maior número de refugiados atuais. Alguns dados do ACNUR (Alto 
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) apontam para o valor de 5 a 6,45 milhões de refugiados 
sírios de 2011 a 2018. Aproximadamente 3,7 milhões foram para a Turquia e 1 milhão foi para o Líbano. Essa 
informação ressalta que a maior parte desses refugiados direciona-se para o país vizinho, isto é, o mais 
próximo que garanta sua segurança. Uma minoria corajosa procura ir além. Alguns refugiados arriscam-se ao 
atravessar o Mediterrâneo, na incerteza de conseguir chegar na costa do continenteeuropeu. As travessias 
são feitas em botes superlotados e buscam chegar à costa da Itália e da Grécia. Porém, um número 
considerável dessas embarcações naufraga. Estima-se que 3800 pessoas tenham morrido nesse percurso. 
 
 
 
 
2 
Geografia 
 
Eventualmente, alguns refugiados chegam à Europa vivos. Eles tentam migrar para países que tenham uma 
política de imigração mais aberta, como Alemanha e Suécia. Esse intenso fluxo migratório está acontecendo 
concomitantemente ao processo de expansão do Estado Islâmico. O grupo se declarou responsável por 
vários ataques terroristas que aconteceram na Europa nos últimos dois anos. 
O espaço entre esses eventos foi curto, o que deixou a comunidade europeia extremamente assustada. 
Inconscientemente, as pessoas associam os ataques aos refugiados, que não têm nada a ver com isso. Esse 
é um dos principais motivos para o aumento da islamofobia na Europa, o que dificulta a integração de 
refugiados que conseguiram chegar a esses países. 
 
 
 
Brexit 
Depois de quase quatro anos de conversa, acordos e ameaças, o Reino Unido está fora da União Europeia. O 
Brexit aconteceu. A saída formal ocorreu às 20h de Brasília, no dia 31 de janeiro de 2020. O primeiro-ministro 
Boris Johnson, em pronunciamento, comunicou: “Não é um fim, mas um começo”. Para entender essa 
questão, precisamos voltar um pouco no tempo. 
Em junho de 2016, o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, nome oficial do Reino Unido, optou por 
sair da União Europeia. A decisão pelo sim foi obtida nas urnas, com 51,89% dos votos. Entre os defensores 
do Brexit (British + exit), as principais razões para a saída do bloco são: o alto custo econômico de pertencer 
a ele, a impossibilidade de realizar acordos com outros países de forma independente e os riscos que os 
migrantes representam ao sistema de seguridade social e às conquistas do Welfare State. Essa decisão não 
foi adotada do dia para a noite, afinal, não é de hoje que o Reino Unido tem um pé atrás com a União Europeia. 
O país jamais abdicou da sua moeda local, a libra esterlina, assim como nunca fez parte do Tratado de 
Schengen (acordo que “dissolve” as fronteiras entre os países participantes, garantindo a livre circulação de 
pessoas, por exemplo). 
 
De Theresa May a Boris Johnson 
Na época, o primeiro-ministro David Cameron optou por renunciar ao seu cargo, depois da votação popular, 
pois não seria capaz de conduzir uma medida a que era contrário. Desde então, a instabilidade econômica é 
quase constante na terra da rainha. A Bolsa de Valores de Londres, capital do Reino Unido, caiu e a libra 
esterlina desvalorizou. Além disso, algumas empresas sediadas em solo britânico apenas para negociarem 
com a União Europeia já afirmaram que irão escolher outro país membro do bloco para instalar suas sedes. 
Theresa May, líder do Partido Conservador, assumiu o cargo de primeira-ministra em julho de 2016, com o 
objetivo de conduzir o país para a saída do bloco. Três anos depois, em 2019, o acordo ainda não tinha sido 
alcançado. O Hard Brexit (saída sem acordo) ou o Soft Brexit (saída com acordo) ainda eram dúvidas 
constantes e ameaçavam a economia britânica. Em maio de 2019, a primeira-ministra anunciou sua renúncia. 
Boris Johnson assumiu o cargo dois meses depois. 
https://www.youtube.com/watch?v=fnDZC4VJw4M
 
 
 
 
3 
Geografia 
 
O premiê britânico entra no cargo já informando aos funcionários de governo que se preparassem para uma 
saída sem acordo e que 31 de outubro de 2019 era a data final. E qual tal assistir ao vídeo sobre Brexit do 
professor João Daniel? 
 
 
 
Brexit efetivado 
Conforme o spoiler dado no início do texto, a saída não aconteceu no dia 31 de outubro. Novas conversas 
foram agendadas e prazos definidos. O dia 31 de janeiro de 2020 foi o último prazo dado, quando de fato o 
Brexit foi efetivado, dessa vez com acordo. Mas ainda faltam muitos assuntos a serem discutidos. Nesse 
sentido, o Reino Unido iniciou o processo de transição, que deve durar até 31 de dezembro de 2020. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=yToFmh3HiFE
 
 
 
 
4 
Geografia 
 
Exercícios 
 
1. (UERJ 2020) 
 
Disponível em: vox.com. Adaptado. 
Os gráficos acima são parte do resultado de uma pesquisa feita em 2015 sobre a percepção dos 
cidadãos de diferentes países acerca do fenômeno migratório. A diferença entre o percentual médio 
estimado pelos que responderam à pergunta e o percentual real de imigrantes em cada população 
nacional expressa uma grande preocupação de cidadãos europeus na atualidade. 
Uma consequência direta dessa preocupação é: 
a) ampliação dos programas de proteção social 
b) intensificação dos conflitos de caráter militar 
c) crescimento dos partidos de extrema-direita 
d) fortalecimento dos acordos de integração econômica 
 
2. (UFRFS 2018) Considere as seguintes afirmações sobre a atual problemática migratória enfrentada 
pela Europa. 
I. O atual acordo internacional FRONTEX, assinado pelos países da União Europeia em 2016, visou 
apoiar as migrações provenientes de qualquer país ex-colônia e inibir o tráfico de pessoas. 
II. A construção de campos de refugiados oficiais com completa infraestrutura nos países europeus 
tem aumentado os fluxos imigratórios. 
III. A atual problemática migratória enfrentada pela Europa tem, entre suas principais causas, o atual 
contexto de conflitos e instabilidades em seus países de origem, como guerras civis. 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas I e III. 
e) I, II e III. 
 
 
 
 
5 
Geografia 
 
3. (Unicamp 2018) O referendo realizado no Reino Unido em junho de 2016 conduziu ao Brexit, após 43 
anos de adesão à União Europeia. São potenciais consequências dessa decisão, nos níveis nacional e 
continental, respectivamente, 
a) o pedido da Irlanda do Norte por um novo referendo para decidir sua permanência no Reino Unido 
e a continuidade da livre circulação da moeda europeia, o euro, no Reino Unido. 
b) o pedido da Inglaterra por um novo referendo para decidir sua permanência no Reino Unido e a 
continuidade da livre circulação da moeda europeia, o euro, no Reino Unido. 
c) o pedido da Escócia por um novo referendo para decidir sua permanência no Reino Unido e o 
comprometimento da livre circulação de cidadãos europeus no Reino Unido. 
d) o pedido do País de Gales por um novo referendo para decidir sua permanência no Reino Unido e o 
comprometimento da livre circulação de cidadãos europeus no Reino Unido. 
e) O pedido da Irlanda por um novo referendo para decidir sua permanência no Reino Unido e a 
continuidade da livre circulação da moeda europeia, o euro, no Reino Unido. 
 
4. (UPE-SSA 3 2016) Analise o conteúdo da charge a seguir: 
 
 
As restrições impostas à economia grega pela União Europeia e pelo FMI (Fundo Monetário 
Internacional) estão associadas a algumas medidas. Sobre elas, analise os itens a seguir: 
1. Corte de gastos públicos 
2. Demissões 
3. Aumento de impostos 
4. Redução de salários 
5. Redução de pensões 
Estão CORRETOS 
a) apenas 1 e 2. 
b) apenas 3 e 4. 
c) apenas 3, 4 e 5. 
d) apenas 1, 2 e 5. 
e) 1, 2, 3, 4 e 5. 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Geografia 
 
5. (Pucrj 2014) 
 
Disponível em: <http://www.currensee.eom/pigs#register>. Acesso em: 26 jul 2013. Adaptado. 
Com a crise econômica aprofundada em 2008, uma classe de países da Zona do Euro passou a ser 
chamada de PIIGS. Nesses países: 
a) a arrecadação caiu, apesar de o emprego ter aumentado, afetando a manutenção das políticas de 
bem-estar desenvolvidas há décadas. 
b) a pobreza estrutural é muito grande, já que são periferias comunitárias localizadas no leste do 
continente. 
c) as taxas de desemprego são as mais expressivas do continente, apesar de a suscetibilidade das 
economias nacionais ter diminuído. 
d) os gastos públicos são excessivos e o endividamento descontrolado, ao ponto de suas dívidas 
serem iguais ou superioresa 50% dos seus PIB. 
e) os investimentos do bloco econômico continuam sendo fortes, mas houve o aumento da 
desconfiança da população nacional devido à corrupção. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Geografia 
 
Gabarito 
 
1. C 
As migrações laborais constituem, cada vez mais, um tópico extremamente relevante e sensível do debate 
político e social em muitos países do mundo. O gráfico apresentado demonstra o quanto a percepção 
dessa questão é magnificada em diversas nações, o que expõe uma distorção da realidade, que reflete o 
tamanho da preocupação de muitos cidadãos com o aumento de estrangeiros no território nacional. Essa 
preocupação se torna mais aguda em conjunturas marcadas por índice de desemprego elevado, 
degradação da assistência social e dívida pública ascendente. Esse cenário favorece a aceitação, por 
uma parte do eleitorado, de discursos nacionalistas e xenofóbicos radicais, como aqueles proferidos por 
lideranças e partidos de extrema-direita. 
 
2. C 
Os itens I e II estão incorretos. A Frontex é uma agência Europeia para a gestão das fronteiras externas 
da União Europeia. Em 2016, devido à Guerra da Síria, houve um aumento do controle sobre essas 
fronteiras, e não seu afrouxamento. Por fim, apenas alguns países apresentam uma infraestrutura mais 
humana para receber os refugiados, como o caso da Alemanha. Enquanto na maioria restante, a situação 
é precária. 
 
3. C 
O Brexit corresponde à saída do Reino Unido da União Europeia. Entre as consequências, é possível citar: 
perda de benefícios comerciais com os demais países do bloco, afastamento de investidores e empresas 
que buscam o mercado da União Europeia e problemas com trabalhadores do bloco e do Reino Unido. 
Internamente, pode suscitar separatismos, como o caso da Escócia, uma vez que a região desejava 
permanecer na União Europeia. 
 
4. E 
Todas as afirmativas estão corretas, pois correspondem às medidas impostas à Grécia pelo FMI e pela 
União Europeia. Tais restrições eram estabelecidas como fundamentais para a obtenção de empréstimos 
para a recuperação econômica do país. 
 
5. D 
A imagem faz referência à palavra em inglês PIG (porco), com o acrônimo da inicial de Portugal, Irlanda, 
Itália, Grécia e Espanha (PIIGS). A ideia é fazer uma referência a esses países como as economias sujas 
da Zona do Euro, isto é, economias que apresentaram graves problemas financeiros a partir da crise de 
2008. Entre esses problemas, é possível citar o alto déficit público, no qual suas dívidas internas e 
externas superavam seus PIBs. 
 
História 
 
 
 
1 
A Transmigração da Corte para o Brasil 
 
Resumo 
 
O bloqueio continental 
Em 1806, o crescimento econômico e militar da França de Napoleão Bonaparte encontrava na força do 
Império Britânico uma resistente barreira. Apesar das vitórias francesas contra as coligações, a poderosa 
marinha inglesa venceu Napoleão Bonaparte na Batalha de Trafalgar, em 1805, impedindo o desejo francês 
de se tornar a maior economia do mundo. Assim, em 1806, evitando outro conflito direto entre as duas 
potências e visando sufocar a economia da Inglaterra através do isolamento da ilha britânica, Napoleão 
Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, impedindo que a Inglaterra realizasse comércio com outros 
países e punindo aqueles que continuassem recebendo em seus portos os navios ingleses. 
Nessa conjuntura, Portugal, sob ameaça de Napoleão (que já havia dominado 
a Espanha) e extremamente dependente da economia inglesa e dos acordos 
comerciais feitos no passado, precisou encontrar uma forma de superar o 
bloqueio e proteger a família real contra os ataques franceses. Assim, uma 
série de propostas de defesa foram analisadas, até mesmo a possibilidade de 
uma guerra e da transferência para a colônia apenas de Pedro de Alcântara, o 
herdeiro. 
No entanto, com a proposta inglesa de enviar tropas para defenderem Portugal e navios para escoltarem a 
transferência de toda a Corte portuguesa para o Rio de Janeiro, o príncipe regente D. João optou pelo acordo 
com os ingleses, cedendo assim uma série de benefícios para os ingleses na colônia. Com a família real 
lançada ao mar, e o trono vazio em Portugal, o militar inglês William Bresford se tornou o responsável por 
comandar o exército português e defender o país contra os ataques de Napoleão. 
 
A transferência da Família Real 
Entre os dias 25 e 29 de novembro de 1807, os navios embarcaram de Portugal para o Brasil carregando os 
súditos escoltados pela frota britânica, comandada pelo Capitão Graham Moore. Dentre os navegantes se 
encontravam D. João, D. Maria e o Príncipe da Beira, herdeiro do trono, Pedro de Alcântara. A parada inicial 
na Bahia, com desembarque no dia 24 de janeiro de 1808, já demonstrou a primeira grande mudança da 
colônia com a chegada da Família Real, pois, na curta estadia, D. João de Bragança assinou o Decreto de 
Abertura dos Portos às Nações Amigas, considerado por muitos o primeiro passo para a independência do 
Brasil. O decreto marcou o fim do chamado exclusivo metropolitano, beneficiando amplamente os 
comerciantes ingleses, nos portos brasileiros. 
Vale destacar que as relações entre Portugal e Inglaterra, assim como os 
benefícios ingleses só se ampliaram a partir desse decreto, visto que, em 1810, 
também foram assinados o Tratado de Comércio e Navegação (que garantia a 
tarifa de 15% para produtos ingleses que entravam no Brasil, enquanto os 
lusitanos pagavam 16% e outras nações amigas 24%) e o Tratado de Aliança e 
Amizade (que ampliava as relações militares e comerciais entre Portugal e 
Inglaterra, exigindo, inclusive, o comprometimento português com o fim 
gradativo da escravidão na colônia). 
História 
 
 
 
2 
Esses acordos, inclusive, foram responsáveis por inviabilizar o próprio desenvolvimento manufatureiro da 
colônia, visto que, ainda em 1810, D. João também havia revogado o alvará de 1785, que proibia o 
estabelecimento de manufaturas e indústrias no Brasil, mas, os produtos brasileiros não conseguiram 
competir com a entrada em massa dos ingleses. 
Deste modo, a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil trouxe uma série de mudanças para a colônia, 
modernizando a cidade do Rio de Janeiro e criando mecanismos e instituições que facilitariam a vida da Corte 
no Brasil. Dentre as novidades, podemos citar a criação da Imprensa Régia e a abertura de tipografias para a 
produção de jornais, a fundação do Banco do Brasil, a abertura de escolas de medicina, a elevação da colônia 
à Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, ajudou na vinda da missão artística francesa e a criação do 
Jardim Botânico, Museu Real, Biblioteca Real, Academia de Belas Artes e outros. 
 
Os conflitos internos e externos 
Apesar da transferência da Família Real portuguesa ter representado uma estratégia de proteção contra as 
tropas francesas, na colônia, o príncipe regente enfrentou alguns conflitos internos e externos, sendo no caso 
internacional, os principais: a invasão da Guiana Francesa em 1809, que foi dominado por Portugal até 1817 
e a invasão da Cisplatina em 1811. 
Em 1667, parte das terras ao norte da América do Sul se tornaram uma colônia francesa, com a assinatura do 
Tratado de Breda. Os estreitos limites entre a colônia portuguesa e a Guiana Francesa foram traçados pelo 
Tratado de Utrecht, em 1713. Apesar dos limites territorias serem respeitados por quase um século, a chegada 
da Família Real portugusa na colônia mudou este panorama, suspendendo os tratados com a França. 
Visando ampliar seu Império e temendo que a colônia francesa pudesse se tornar um refúgio estratégico para 
Napoleão, D. João VI, com apoio inglês, iniciou um plano de tomada da cidade de Caiena. Assim, em 1809, o 
navio inglês HMS Confiance, acompanhado das embarcações portuguesas Infante D. Pedro e o Voador, 
penetratam na Guiana Francesa e rapidamente tomaram Caiena. 
Apesar da campanha do norte ter sido mais rápida eobjetiva, no sul, o mesmo não se repetiu. A região oriental 
do Rio do Prata era cobiçada há anos pelos portugueses, principalmente pela conexão do rio com ricas regiões 
mineiradoras. Além disso, assim como no norte, a região sul poderia também se tornar uma ameaça para a 
Coroa portuguesa. Assim, com a transferência da Corte para o Brasil e a invasão de Napoleão na Espanha, os 
planos portugueses passaram a se materializar. 
Em 1811 foi lançada a primeira campanha militar portuguesa, contra as tropas de José Gervásio Artigas, que 
apesar de muita violência, teve fim em 1812 sem vitórias definitivas. Vale destacar que Artigas se tornou uma 
figura militar importante na região, no início do século XIX. O líder caudilho lutou pela independência da banda 
oriental e visava a construção de uma república sem escravizados. Assim, batalhas entre os soldados 
argentinos, a guerrilha de Artigas e os soldados portugueses tiveram diversos episódios sangrentos. 
Em 1816, uma nova campanha portuguesa foi enviada, sendo objetiva na retomada da “Guerra contra 
Artigas”. A situação de conflitos entre caudilhos, guerrilheiros e as tropas reais levou a região ao caos entre 
1816 e 1820. Por fim, apenas em 1820 que as tropas de Artigas foram definitivamente derrotadas pela 
“Divisão de Voluntários Reais” Portuguesa. Desta forma, a banda oriental do Uruguai foi ocupada e a partir de 
31 de julho de 1821, a Província Cisplatina foi anexada ao Reino Unido de Portugal e Algarves. Apesar de todas 
as mazelas nas batalhas, alguns anos depois, as camadas uruguaias que apoiaram inicialmente Portugal 
acabaram se virando contra o Império brasileiro, decidindo pela independência do país. 
Tendo em vista essas situações internacionais, também podemos perceber que no interior da colônia a 
situação também não era pacífica. Assim que chegou, D. João VI tratou de atender os pedidos de portugueses 
da capitania de Minas Gerais que denunciavam os ataques de índios boitocudos na região. 
História 
 
 
 
3 
Através da Carta Régia de 13 de maio de 1808, D. João declarou seu apoio aos portugueses contra os índios 
que ele se referia como antropófagos e incivilizados. Na carta, o príncipe diz que: 
“[...] su servido por estes e outros justos motivos que ora fazem suspender os effeitos de humanidade que 
com elles tinha mandado praticar, ordenar-vos, em primeiro logar: Que desde o momento, em que receberdes 
esta minha Carta Regia, deveis considerar como principiada contra estes Indios antropophagos uma guerra 
offensiva que continuareis sempre em todos os annos nas estações seccas e que não terá fim, senão quando 
tiverdes a felicidade de vos senhorear de suas habitações e de os capacitar da superioridade das minhas 
reaes armas de maneira tal que movidos do justo terror das mesmas, peçam a paz e sujeitando-se ao doce 
jugo das leis e promettendo viver em sociedade, possam vir a ser vassallos uteis, como ja o são as immensas 
variedades de Indios que nestes meus vastos Estados do Brazil se acham aldeados e gozam da felicidade 
que é consequencia necessaria do estado social[...]”. 
Carta de D. João VI para Para Pedro Maria Xavier de Ataide e Mello. 
Através dessa carta, D. João retoma as práticas das “guerras justas” contra os nativos. A declaração dessa 
“guerra ofensiva” visava a garantia da ocupação portuguesa sobre o Rio Doce, que conectava as capitanias 
de Minas Gerais e Espírito Santo, além de garantir a normalidade da exploração do território. 
Além da questão dos botocudos, outros problemas também causaram 
insatisfação interna, sobretudo no nordeste brasileiro. Os privilégios 
portugueses nas distribuições de cargos, o aumento de impostos em 
Pernambuco (dinheiro que era enviado para o Rio de Janeiro) e o foco de 
investimentos na capital deixou parte da elite colonial insatisfeita.. Assim, 
influenciados pelos pensamentos iluministas e liberais, uma parcela da 
população pernambuca, principalmente os ligados à elite agrária e ao 
comércio, que frequentavam as lojas maçônicas, se rebelaram no dia 6 de 
março de 1817, na chamada Revolução Pernambucana, que emancipou a 
capitania e criou a primeira experiência republicana no Brasil. 
A nova república contou com forte apoio popular nas manifestações e teve caráter liberal, instituindo a divisão 
dos 3 poderes, a liberdade de imprensa e abolindo as tarifas joaninas, no entanto, manteve a escravidão e as 
desigualdades sociais. O movimento também contou com graves desentendimentos internos, o que 
enfraqueceu a revolução e facilitou a repressão ordenada pela Coroa. 
Por fim, o estabelecimento da Corte portuguesa no Brasil também movimentou grupos insatisfeitos em 
Portugal que, com o fim das ameaças napoleônicas, passaram a reivindicar o retorno da Família Real 
portuguesa e uma série de mudanças, insatisfações essas que se desenrolaram na chamada Revolução 
Liberal do Porto, de 1820. Este evento, liderado pela burguesia portuguesa, configurou-se como uma das 
grandes revoluções de caráter liberal na Europa no século XIX e impactou diretamente no processo de 
independência do Brasil. 
 
História 
 
 
 
4 
Exercícios 
 
1. (UERJ – 2009) Possa este, para sempre memorável dia, ser celebrado com universal júbilo por toda a 
América Portuguesa, por uma dilatada série de séculos, como aquele em que começou a raiar a aurora 
da felicidade, prosperidade e grandeza, a que algum dia o Brasil se há de elevar, sendo governado de 
perto pelo seu soberano. Sim, nós já começamos a sentir os saudáveis efeitos da paternal presença de 
tão ótimo principe, que [...] nos deu as mais evidentes provas, que muito alentam as nossas esperanças, 
de que viera ao Brasil a criar um grande Império 
DOS Santos, Luís Gonçalves. Memórias para servir à História do reino do Brasil, Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, São Paulo: 
EDUSP, 1981 
O texto acima revela o entusiasmo e as esperanças daqueles que assistiram à chegada da família real 
portuguesa ao Brasil. Indique duas inovações de caráter científico ou cultural decorrentes da política 
de D. João. Indique também uma mudança política ou econômica observada durante a permanência 
da Corte e sua respectiva consequência para o Brasil. 
 
2. (UFPE/2013) Paulo Santos, em seu romance histórico intitulado A noiva da Revolução, escreve: 
“Eu já caíra no meio de vários mata-marinheiros, o esporte mais popular dos pernambucanos, mas eles 
não passavam de escaramuças de rua: era um galego apanhando aqui, outro tomando um trompaço 
acolá, um terceiro levando uma carreira, um grupo deles se armando de cacetes e devolvendo as 
gentilezas, uns balanços de vez em quando, a tropa descendo o pau na rafameia (...)”. 
(p. 56). 
O referido romance tem como cenário o Pernambuco da Revolução de 1817. Sobre essa Revolução, 
analise as proposições abaixo. 
(00) Foi caracterizada por um profundo sentimento antilusitano e intensa participação política do 
clero local, chegando, por isso, a ser também conhecida como “Revolução dos Padres”. 
(01) Organizada após instituição da derrama do ouro, não foi deflagrada, entre outros fatores, por ter 
sido delatada às autoridades portuguesas por um de seus adeptos. 
(02) Foi um movimento representativo dos conflitos entre olindenses e recifenses na busca pela 
hegemonia política no Nordeste. 
(03) Diversamente dos outros eventos que a precederam, somente ele rompeu efetivamente com a 
monarquia e seus valores. 
(04) Foi um conflito cuja feição política representou a disputa de poder entre Liberais e 
Conservadores, em Pernambuco. 
Soma: ( ) 
 
História 
 
 
 
5 
3. (UEFS BA/2013) Em 1820, a população portuguesa, liderada pela burguesia, se revoltou e exigiu que as 
tropas inglesas [...] saíssem do país. Foi convocada uma Assembleia Constituinte. Era a Revolução 
Liberal do Porto, movimento também chamado do Vintismo. Estava sendo derrubado o absolutismo. O 
rei poderia continuar sendo o mesmo, D. João VI, mas agora ele teria

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