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Caso Clínico 03: L20 COLO UTERINO - (1) DISPLASIA DE BAIXO GRAU (2) DISPLASIA ALTO GRAU Carol Esli Seixas da Silva Profª Tânia RESUMO CLÍNICO Paciente de 42 anos que apresenta dispareunia e sinusorragia há 6 meses. Possui múltiplos parceiros sexuais e relata que não realiza colpocitologia oncótica de rotina há mais de 03 anos. Ao exame especular, a inspeção após o uso de solução de lugol no colo uterino demonstrou áreas iodo-negativas. Macroscopia: Biópsia local. Microscopia: A displasia é subdividida em displasias de baixo grau e de alto grau (ou, na nomenclatura antiga, NIC I, II e III). Há uma linha muito tênue entre o que é displasia grave ou intensa e carcinoma intra epitelial (ou "in situ"). No caso da displasia de baixo grau (antiga NIC I), somente o terço inferior da camada epitelial estará comprometido. Nas displasias de alto grau (antigas NIC II e III), mais de ⅓ do epitélio está com as características citadas. Nesta lâmina, é possível ver ambas as situações. Observe no corte maior da lâmina o local onde apresenta camada normal e na sequência a porção do corte com alterações displásicas mais evidentes, ou seja, uma displasia de alto grau, com desarranjo arquitetural do epitélio com mais de um terço da espessura do epitélio comprometido. Não há uma diferenciação normal das células basais em direção a uma maturação progressiva. As células mostram modificação na relação núcleo/citoplasma, há perda da polaridade, aumento das figuras de mitose e pleomorfismo. Note que as mitoses estão nas células que não ocupam a posição basal do epitélio. Observe no fragmento menor a displasia de baixo grau, podendo ser observado coilócitos (halo claro em volta do núcleo da célula), que demonstra que a célula está infectada por HPV. OBS: não confundir coilocitose com o glicogênio acumulado nas células mais superficiais, que também forma um halo branco em volta do núcleo. As células com coilocitose estão em camadas mais basais, as quais são células jovens e não acumulam glicogênio. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A dispaurenia e sinusorragia (dor e sangramento na relação sexual, respectivamente) podem ser causadas por DSTs (HSV, clamídia), tumores genitais (como câncer vulvar ou câncer vaginal), infecção urinária, bartolinite (obstrução e inflamação das glândulas de Bartholin), vaginite (contração involuntária dos músculos vaginais), trauma pós-parto, infecção por fungo ou bactéria (candidíase), tumores ovarianos, menopausa (queda do hormônio estrógeno diminui a lubrificação). PREVALÊNCIA Mulheres com idade precoce na primeira relação sexual, múltiplos parceiros sexuais ou com um parceiro sexual com muitas parceiras sexuais anteriores. Mulheres com baixa escolaridade. O vírus do HPV é mais frequente em mulheres sexualmente ativas, entre 18 e 30 anos, com pico de infecção entre 20 e 24 anos e redução marcante da prevalência após 30 anos, podendo haver pico secundário na perimenopausa. CAUSA MAIS PROVÁVEL QUE LEVOU O INDIVÍDUO A DESENVOLVER A PATOLOGIA EM QUESTÃO A paciente provavelmente adquiriu HPV 16 ou 18 de um de seus parceiros sexuais e, por não realizar colpocitologia oncótica (exame Papanicolaou) há mais de 3 anos, a doença não foi detectado em um estágio menos agressivo. SINTOMAS CLÍNICOS APRESENTADOS PELO INDIVÍDUO E CORRELAÇÃO COM OS PROCESSOS PATOLÓGICOS Geralmente, não apresenta sintomas. No entanto, quando evolui para estágios mais severos, pode apresentar dor e sangramento vaginal irregular, mais comum pós-coito devido às lesões no epitélio do colo do útero. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS MICROSCÓPICAS E MACROSCÓPICAS DO TECIDO AFETADO Figura 1 – Robbins & Cotran, p. 1850. Figura 3 - Bogliolo 9ª Ed, p. 832 - Colo uterino com extensa área de ectrópio em A, e em B o mesmo caso após Teste de Schiller (a região de ectrópio apresenta-se clara, não se cora com iodo). Figura 2 – Robbins & Cotran, p. 1856. MECANISMO DE COMO O PROCESSO PATOLÓGICO FOI FORMADO O vírus HPV infectou as células escamosas metaplásicas imaturas do colo do útero, na junção escamocolunar. Após infectar as células, as proteínas E6 e E7 do HPV interferem na atividade das proteínas supressoras de tumor, que regulam o crescimento e a sobrevivência das células. O HPV usa a maquinaria de síntese do hospedeiro para se replicar dentro das células metaplásicas (LSIL). Ocorre aumento nuclear, hipercromasia, presença de grânulos grosseiros de cromatina e variação nos tamanhos e formas nucleares. Também há formação de halos citoplasmáticos (coilócitos), que consistem em vacúolos perinucleares criados, em parte, pela proteína viral E5, que se concentra nas membranas do retículo endoplasmático. Em uma situação de queda da imunidade, o vírus causa uma desregulação progressiva do ciclo celular, levando a um aumento da proliferação celular e a um declínio ou parada da maturação epitelial (HSIL). Nessa fase da doença, mais de ⅓ do epitélio está comprometido pelo vírus e a lesão pode tornar-se irreversível, com grande risco de progredir para um carcinoma. REFERÊNCIAS: 1. ROBINS & CONTRAN. Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 9ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Elsevier, 2016. 2. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo Patologia. 9a Edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2016. 3. J.W. Sellors and R. Sankaranarayanan. Colposcopy and treatment of cervical intraepithelial neoplasia: a beginners’ manual. Chapter 7: Colposcopic assessment of cervical intraepithelial neoplasia. International Agency for Research on Cancer, World Health Organization, 2003. 4. Ramirez, P. T.; Gershenson, D. M. e Salvo, G. Câncer cervical. Manual MSD, Versão para Profissionais da Saúde. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e- obstetr%C3%ADcia/neoplasias-ginecol%C3%B3gicas/c%C3%A2ncer-cervical. Acesso em: 17 de jul de 2020. Figura 4 - J.W. Sellors and R. Sankaranarayanan. Colposcopy and treatment of cervical intraepithelial neoplasia: a beginners’ manual. Chapter 7: Colposcopic assessment of cervical intraepithelial neoplasia. International Agency for Research on Cancer, World Health Organization, 2003. A. NIC 1: Lesões acetobrancas moderadamente densas com margens irregulars nos lábios anterior e posterior. B. NIC 2: Lesões acetobrancas moderadamente densas com margens bem definidas e pontilhados grosseiros no lábio anterior. C. NIC 3: Lesões acetobrancas moderadamente densas com margens regulares e pontilhado grosseiro irregular. https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/neoplasias-ginecol%C3%B3gicas/c%C3%A2ncer-cervical https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/neoplasias-ginecol%C3%B3gicas/c%C3%A2ncer-cervical
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