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2Timóteo (N Comentario)

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2 TIMÓTEO 
 VOLTAR 
 Introdução 
 Plano do livro 
 Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4 
 
INTRODUÇÃO 
 
I. AUTORIA 
 
 Em contraste com a Epístola aos Hebreus, que não traz no texto 
nenhuma indicação clara do seu autor, as três epístolas (1 e 2 Timóteo, 
Tito) declaram abertamente terem sido escritas pelo apóstolo Paulo. Há 
evidência externa, primitiva e bastante forte, em apoio disto, não 
havendo evidência igual contra esse fato. A incerteza de hoje em dia 
sobre este ponto deve-se inteiramente a considerações internas e teóricas: 
estas considerações são de pouco proveito, visto não levarem a uma 
conclusão e apenas criarem hesitação e desconfiança. 
 Embora o seu tema e, ainda mais, o seu vocabulário possam usar-
se em argumento contra a possibilidade da autoria de Paulo, nenhum 
desses raciocínios é decisivo. Muito ainda se pode dizer sobre o outro 
lado da questão, e muitos eruditos de responsabilidade têm ainda 
aceitado a autoria paulina. Parece-nos, pois, mais prudente que façamos 
o mesmo, sem tentar dizer, pormenorizadamente, tudo quanto pode ser 
dito de ambos os lados; tal discussão não é a finalidade precípua deste 
comentário. 
 As próprias epístolas não somente endossam esta atitude, como 
também exortam com instância que não nos demos a debates que não 
produzem efeitos satisfatórios, e que não somente não trazem benefícios 
positivos, como podem servir para minar em alguns a sua fé. (Ver 1Tm 
1.4; 6.20-21; 2Tm 2.14-23; Tt 3.9). Tais epístolas apresentam de igual 
modo, incidentalmente, muitos traços pessoais que assentam em Paulo e 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 2 
se apropriam às suas circunstâncias, de modo que não podem deixar de 
ser genuínas. Sobretudo, documentos que se apresentam como 
canônicos, mas que não o são, cedo deixarão de ser considerados como 
tais, como registros divinamente inspirados do ensino apostólico; e, por 
conseqüência, quem quer que alimente tais dúvidas sobre estas epístolas 
faria melhor se deixasse de fazer comentários pormenorizados em torno 
da permanente significação cristã das mesmas. Seria melhor que 
omitissem tais documentos do seu Cânon atuante das Escrituras, até que 
as dúvidas se lhes dissipassem e eles estivessem mais bem persuadidos 
do assunto. Quanto a nós, aceitamo-las como paulinas, e desejamos com 
o auxílio de Deus procurar entendê-las deste modo. 
 
II. DATA 
 
 Concorda-se geralmente ser impossível colocar estas epístolas nos 
limites da vida de Paulo, segundo a conhecemos dos Atos dos Apóstolos. 
Para que tenham explicação, elas requerem a aceitação da hipótese, da 
qual com efeito fornecem a evidência mais decisiva, de que Paulo foi 
solto da prisão referida no fim dos Atos (cf. Fp 2.24; Fm 22); teria 
permissão de empreender, por certo tempo, viagens e intenso trabalho 
missionário, antes de ser outra vez preso e levado a Roma, para agora 
enfrentar o martírio. 
 A falta de mais informações torna impossível fixar com certeza, 
como alguns têm procurado fazer, a cronologia e a ordem dos 
acontecimentos desses últimos anos do apóstolo. É claro que estas 
epístolas foram escritas entre mais ou menos 62 A. D. e a data do 
martírio de Paulo, que deve ter ocorrido entre 65 e 68 A. D. 
 
III. OCASIÃO E PROPÓSITO 
 
 Aqui podemos falar com maior certeza, à vista da plena evidência 
e das inconfundíveis implicações destas mesmas epístolas. São 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 3 
claramente cartas pessoais, escritas pelo apóstolo Paulo aos seus íntimos 
cooperadores Timóteo e Tito, a respeito da responsabilidade da 
supervisão que eles tinham de exercer, particularmente nas igrejas de 
Éfeso (possivelmente da província da Ásia também) e de Creta. Estas 
epístolas têm muitas características em comum e, por conseguinte bem 
podem ser consideradas em conjunto. O primeiro interesse delas é a 
preservação e propagação da verdade do evangelho, e a promoção e 
manutenção de uma salutar conduta cristã por parte dos que o pregavam, 
e dos que criam. 
Tanto maior interesse Paulo tem por uma atividade oportuna da 
parte dos seus cooperadores quanto sabe que a oportunidade dele 
próprio, de dar testemunho, está passando, e que o futuro da obra vai 
depender da nova geração. E mais se preocupa por saber das ameaças já 
prevalecentes nos seus dias, de falsas doutrinas e suas maléficas 
conseqüências morais em caracteres pervertidos e conduta depravada. 
Exortações visando à autodisciplina, à fidelidade na pregação e no 
ensino da Palavra de Deus, à necessidade de ordem condigna no lar e na 
igreja, à importância de confiar o ministério e a superintendência das 
congregações somente a pessoas de qualidades morais provadas e firmes, 
é o de que tratam estas epístolas. O que importa é que o evangelho da 
graça salvadora seja recebido em sua plenitude, e fielmente comunicado 
a outros em sua integridade. 
Isto só se pode dar se aqueles que foram chamados para administrá-
lo forem achados fiéis e encontrarem outros a quem transmitir seu 
sagrado depósito. Porquanto a sucessão apostólica, que é necessário 
preservar, é a guardiã da mensagem a ser proclamada, e do ensino a ser 
transmitido. 
 Semelhantemente, isto só se dará se aqueles que forem trazidos 
para o domínio do evangelho e seu ensino, corresponderem cordial e 
sinceramente ao Senhor da graça e se entregarem à prática das boas 
obras. Porque a fé cedo se corromperá e perderá, se não for mantida com 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 4 
uma boa consciência para com Deus, e a menos que ela opere por amor e 
boa vontade na prática para com os homens. 
 
IV. AS FALSAS DOUTRINAS 
 
 Os documentos neotestamentários revelam, em muitos lugares, 
que as primeiras congregações de crentes em Jesus, como Cristo e 
Senhor, cedo se viram perturbadas pelo aparecimento, no seio delas, de 
falsos mestres. Há, igualmente, uma percepção profética (ver 1Tm 4.1; 
2Tm 3.1) de que essa espécie de mal recrudescerá cada vez mais à 
medida que esta dispensação avançar para o seu fim. Pela linguagem 
pitoresca da parábola de Cristo, sabia-se que na igreja visível o joio 
haveria de surgir em meio ao trigo, e que ambos amadureceriam e se 
desenvolveriam amplamente, até ocorrer a inevitável separação, rejeição 
e colheita do dia do juízo. 
 Estas epístolas particulares deixam claro que esse mal irromperá 
de dentro da igreja professa, quando os homens cessarem de prestar à 
verdade uma lealdade cordial, obediência submissa e consciente, 
voltando-se eles a inquirições que só geram presunção e desassossego 
espiritual, antes que fé e firmeza na piedade. Tais questões são em si 
mesmas tolas e sem proveito; e enredam aqueles que as procuram com 
viva irreverência. As lucubrações deles conduzem alguns à pretensão 
arrogante de uma falsa ciência, no fundamento da qual se opõem à 
verdade e abandonam a atitude simples de fé na mesma. E assim se 
tornam de mente corrompida, faltos de entendimento, morbidamente 
absorvidos numa espécie de investigação e controvérsia que só produz 
contenda. Ver 1Tm 1.4-7,19; 3.9; 6.3,5,20-21; 2Tm 1.13; 2.16,18,23; 
3.8; Tt 1.10-11,14,16; 3.9-11. 
 É característico de tais homens substituírem a Palavra e o 
propósito revelado de Deus pelas fantasias e mandamentos de homens. 
Por exemplo, requerem a renúncia do casamento e a abstinência de 
certos alimentos, quando Deus, que criou todas as coisas, criou também 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 5 
tais alimentos para serem usados no espírito de oração agradecida (1Tm 
4.3-5). Ora, por pensarem que o corpo humano é por demais material e, 
pois, bastante mau para ter um destino eterno na ressurreição, asseveram 
que esta ressurreição de que trata a fé cristã é um avivamento espiritual 
que já ocorreu (2Tm 2.18). Pior ainda, tais pessoas não só se tornam 
insensíveis à verdade, como no fim se tornarão vítimas de espíritos 
enganadores e suas doutrinas perversas (1Tm 4.1-2). Semelhantemal 
propaga-se danosamente como moléstia maligna, e requer nada menos 
do que completo afastamento dele (2Tm 2.16-17). 
 Esses que resistem à verdade estão além do alcance da redenção 
(Tt 1.15-16). No interesse do bem-estar espiritual dos verdadeiros 
crentes, os tais devem ser veementemente repreendidos e, se recusam 
ouvir, devem ser rejeitados de todo (Tt 3.10-11). Por outro lado, os que 
foram desencaminhados por eles e se deixaram prender pelas astúcias do 
diabo, necessitam de ser tratados com simpatia e paciência, a fim de 
serem recuperados para o verdadeiro serviço do Senhor (2Tm 2.24-26). 
Num e noutro caso não adiantam discussões cara a cara. A melhor 
resposta e antídoto para tal situação é uma exposição positiva da 
verdade. 
 
V. DESENVOLVIMENTO DE FORMAS DE DOUTRINA 
CRISTÃ E DE ORDEM ECLESIÁSTICA 
 
 Nestas epístolas há sinais significativos de um processo de 
desenvolvimento. O conteúdo da fé condensa-se claramente em breves 
sumários confessionais, muitas vezes de tal modo compostos que 
apresentam um desafio moral. Assim é que encontramos numerosas 
«declarações fiéis» (1Tm 1.15-4.9; 2Tm 2.11; Tt 3.8), que, diz o 
apóstolo, são dignas de serem apropriadas com vigor e correspondidas 
com fé. Encontramos princípios essenciais expostos e aplicados a 
problemas práticos particulares de uma forma que não somente podem 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 6 
ser claramente ensinados, mas que também se destinam a ser inculcados 
aos fiéis com exortação de agirem em conformidade com eles. 
 Alguns pontos da teologia cristã fundamental são explicitamente 
enfatizados de uma nova maneira, a fim de rebaterem as falsas doutrinas 
predominantes. Há, por exemplo, a ênfase assinalada sobre a natureza 
essencial, atributos e unidade de Deus como o soberano Criador e 
Salvador de todos (ver 1Tm 1.1-17; 2.3-5; 4.4-10; 6.13,15,16; 2Tm 2.13; 
Tt 1.2-3); sobre Cristo como o único Mediador entre Deus e os homens; 
sobre Sua Pessoa e obra; sobre Sua humanidade e Sua morte, como 
preço de resgate, único e todo-suficiente meio de redenção, renovação 
espiritual e consagração a Deus e a Seu serviço (ver 1Tm 1.1; 2.5-6; 
3.16; 2Tm 1.10; Tt 2.13-14; 3.5-6). 
 Há evidências de culto congregacional com ordem e mais bem 
regulamentado, o que se nota nas referências ao lugar necessário da 
leitura da Palavra de Deus, da exortação e do ensino (1Tm 4.13), das 
súplicas, orações, intercessões, ações de graças (1Tm 2.1). Há indícios 
de hinos, de fragmentos de credo e de liturgia, de doxologias (ver 1Tm 
3.16; 6.13-16; 2Tm 1.9-10; 2.8,11,13; 4.1; Tt 2.11-14; 3.4-7). Dá-se 
orientação para a designação adequada de pessoas que sirvam na 
superintendência e no ministério, no cuidado pastoral e na exposição da 
Palavra; faz-se um aviso claro e circunstanciado do perigo que existe nas 
nomeações apressadas e imprudentes. 
 Cada congregação local ou igreja é reconhecida como família de 
Deus, destinada por Deus para ser guardiã e testemunha da verdade. Tais 
congregações ficarão firmes e fiéis em face de perigos de dentro e de fora 
se somente prestarem diligente atenção a esse procedimento adequado 
(1Tm 3.15). Todavia, sublinhando toda essa orientação detalhada e 
expressa predominantemente na mesma, está a percepção de que o que mais 
importa, sobretudo, não é o sistema, e sim o homem; a ênfase principal não 
é feita ao oficio ou às formas, mas ao genuíno caráter cristão e à conduta 
coerente. 
 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 7 
PLANO DO LIVRO 
 
I. COMUNICAÇÃO PESSOAL E SAUDAÇÃO - 1.1-2 
 
II. AÇÃO DE GRAÇAS PELA FÉ DE TIMÓTEO - 1.3-5 
 
III. NECESSIDADE DE CORAGEM E FIDELIDADE - 1.6-14 
 
IV. PAULO LOUVA A DEVOÇÃO DE ONESÍFORO - 1.15-18 
V. NOVA EXORTAÇÃO A CONSTÂNCIA E A DILIGÊNCIA - 2.1-
13 
 
VI. ALGUMAS REGRAS DE CONDUTA - 2.14-26 
 
VII. ADVERTÊNCIA SOBRE A APOSTASIA VINDOURA - 3.1-9 
 
VIII. APELO EM PROL DA PREGAÇÃO DA PALAVRA, A 
DESPEITO DAS PERSEGUIÇÕES - 3.10-4.5 
 
IX. DESCRIÇÃO DAS PRÓPRIAS CIRCUNSTÂNCIAS; 
SAUDAÇÕES FINAIS - 4.6-22 
 
COMENTÁRIO 
 
2 Timóteo 1 
I. COMUNICAÇÃO PESSOAL E SAUDAÇÃO - 1.1-2 
 
Comparar e ver anotações sobre 1Tm 1.1-2 e Tt 1.1-4. Era 
característico de Paulo atribuir seu apostolado à vontade de Deus (cf. o 
verso inicial de 1 e 2 Coríntios, Efésios e Colossenses). Ele estava 
irresistivelmente consciente que sua nomeação ao apostolado viera da, 
parte de Deus; ver. Gl 1.1,15-16. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 8 
De conformidade com a promessa da vida... em Cristo Jesus (1). 
Isso expressa o escopo do apostolado de Paulo; seu alvo era tornar 
conhecida essa promessa, levando os homens a aceitá-la) de que ele fora 
comissionado por Deus (cf. Tt 1.1-3). 
Ao amado filho Timóteo (2); uma afetuosa indicação de íntima 
associação, particularmente como líder e seguidor na obra de Deus (cf. 
1Co 4.17). Paulo freqüentemente se dirigia assim a seus convertidos; ver 
1Co 4.14-15; Gl 4.19; Fm 10. 
 
II. AÇÃO DE GRAÇAS PELA FÉ DE TIMÓTEO - 1.3-5 
 
 Paulo confessa a profundidade de seus sentimentos relativos a 
Timóteo, sentimentos que ele continuamente expressava em suas 
orações, sentimentos que incluíam o ansioso anelo de ter a alegria de ver 
novamente a Timóteo, em lugar de relembrar as lágrimas que derramou 
quando se separaram. 
 Acima de tudo, diz Paulo, ele agradecia a Deus ao relembrar-se, 
nas suas orações, da sinceridade da fé de Timóteo, bem como da fé que 
semelhantemente era posse de sua avó e de sua mãe, antes dele. (Parece 
melhor tornar assim a memória sabre a fé de Timóteo a causa do 
sentimento de agradecimento de Paulo, considerando-se as cláusulas 
conexas como descritivas das circunstâncias daquelas ocorrências. A 
compreensão do sentido exato da cláusula é facilitada se substituirmos a 
palavra porque, no verso 3, por «ao» - “ao lembrar-me de ti nas minhas 
orações sem cessar, noite e dia”). 
 No contexto desse pensamento acerca de Timóteo, Paulo se torna 
consciente de quanto ele igualmente deve a seus antepassados, de quem 
ele aprendeu a servir ou adorar a Deus com sinceridade consciente (3), 
Portanto, pode-se considerar ambas essas referências como testemunhos 
cristãos quanto ao valor de uma boa criação religiosa judaica. Pois, 
quando a Timóteo foi ensinado o Antigo Testamento, sendo ele ainda 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 9 
criança (3.15) seus mestres nas Escrituras provavelmente ainda não 
haviam confiado em Cristo. 
 
III. NECESSIDADE DE CORAGEM E FIDELIDADE - 1.6-14 
 
Paulo relembra a Timóteo que ele possuía um dom espiritual, e que 
Deus não dota os homens a fim de torná-los covardes, e, sim, corajosos, 
amorosos e disciplinados - de fato, «auto-controlados». Por conseguinte, 
cabia-lhe avivar até às chamas o fogo que Deus lhe outorgara, e no poder 
de Deus aceitar sua parte em qualquer sofrimento no qual o Evangelho o 
envolvesse, não hesitando em associar-se ao testemunho referente a 
nosso Senhor e ao apóstolo Paulo como alguém que sofria prisões por 
causa de Cristo. 
A fim de reforçar esse apelo, Paulo relembra a Timóteo sobre quão 
maravilhoso é o Evangelho; pois, de conformidade com os graciosos 
propósitos de Deus, e não por motivo de qualquer coisa que tivéssemos 
praticado, Ele nos salvou. Esse dom da graça, que já nos havia sido dado 
antes da história do mundo ter início, agora se manifestou abertamente 
mediante o advento de Jesus Cristo a fim dEle ser nosso Salvador, e 
mediante Sua vitória sobre a morte. 
Em conseqüência, através do Evangelho que agora era pregado, foi 
trazida à luz a vida incorruptível (que os homens podem contemplar 
como uma realidade e abraçar como uma possessão, fazendo contraste 
com a negra incerteza anterior sobre sua existência, quando os homens 
desesperavam de desfrutar dela). Esse é o Evangelho, dizia Paulo, que 
fui comissionado de pregar; e é procurando desincumbir-me dessa 
comissão que estou sofrendo deste modo. 
Não obstante (a despeito das prisões e da possibilidade de sofrer o 
martírio) não vejo qualquer razão paraenvergonhar-me do Evangelho. 
Pois Deus é fiel e capaz; portanto (embora meu dia de servir como 
despenseiro do Evangelho esteja terminado) estou certo que Ele 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 10 
preservará aquilo que me confiou a fim de que lhe sejam prestadas 
contas a Seu contento, no dia final de prestação de contas. 
É esse esboço de doutrina sã, diz ainda Paulo a Timóteo, o qual eu 
te transmiti, que deves tornar teu e preservar em fé responsiva e amor ao 
próprio Cristo. Relembra-te, igualmente, que o Espírito de Deus habita 
em nós a fim de capacitar-nos a desempenhar nossa incumbência de 
despenseiros. 
Por esta razão (6), é uma referência à fé sem fingimento de 
Timóteo. Note-se como Timóteo não é exortado a buscar novas graças; 
pelo contrário, é exortado a relembrar-se da graça que já lhe tinha sido 
proporcionada, e é incitado a reavivá-la (ver 1Tm 4.14 n). 
Covardia (7), mais do que simples temor. Espírito (7) pode ser 
interpretado como referindo-se ao Espírito Santo; ou então pode 
descrever o espírito humano sob a ação do Espírito Santo. Os dois se 
complementam; cf. Rm 8.14-16. 
Seu encarcerado (8); isto é, por ação do Senhor; cf. Ef 3.1; Fm 9. 
Aqueles que São salvos são primeiramente chamados por Deus de 
conformidade com Seu próprio propósito, livremente pré-determinado; 
essa vocação é santa porque por seu intermédio somos levados à 
semelhança e comunhão com Ele; cf. Rm 8.28-30. Se por um lado as 
epístolas pastorais repetidamente insistem que as boas obras são o fruto 
tencionado da salvação, elas deixam igualmente claro, em estilo 
tipicamente paulino, que as boas obras humanas não são a causa da 
salvação; cf. Tt 3.5; Ef 2.8-10. 
Antes dos tempos eternos (9), esta tradução segue o grego bem de 
perto; cf. Tt 1.2; Rm 16.25. 
Destruiu a morte (10); isto é, aboliu-a, nulificou-a como poder 
dominante sobre os homens; o termo grego, katargein, significa «tornar 
inoperante». A vida e a imortalidade; a última palavra indica o caráter 
da primeira isto é, vida completamente isenta de destruição. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 11 
Tenho crido (12). O tempo verbal perfeito, no grego, é usado aqui 
para dar a entender uma atitude continua de confiança conseqüente de 
sua adoção decisiva. 
Meu depósito (12); visto que a mesma palavra grega claramente se 
refere, em 1.14 (cf. 1Tm 6.20) ao «depósito» do Evangelho, o depósito 
confiado às mãos do despenseiro, é mais apropriado o sentido que esta 
versão acertadamente lhe dá. Porém, a interpretação de outras versões, 
como “o que lhe entreguei”, é igualmente possível. Uma asseveração da 
parte de Paulo, sobre a expectativa de sua salvação final (cf. 1Ts 5.23) se 
adapta ao contexto. Seu emprego dos termos “guardar” e “depósito” 
talvez tenha sugerido um novo emprego, com um sentido contrastado, 
em 1.14. 
 
IV. PAULO LOUVA A DEVOÇÃO DE ONESÍFORO - 1.15-18 
 
Paulo reforça seu apelo para que Timóteo não tenha vergonha do 
Evangelho e do apóstolo deste (1.8) numa época de perseguições, 
relembrando-lhe tanto os muitos que se haviam envergonhado de 
associar-se abertamente a Paulo, o prisioneiro, como também certa 
pessoa que disso não se envergonhou, notabilizando-se. Visto que 
Onesíforo havia demonstrado tal bondade para Paulo, na necessidade do 
apóstolo, este agora orava ao Senhor que recompensasse Onesíforo, 
mostrando-se misericordioso tanto à sua família como a ele mesmo, no 
vindouro dia do julgamento e da recompensa divinos. 
Me abandonaram (15); um decisivo ato de repúdio; haviam 
negado a Paulo. Em contraste, Onesíforo não apenas reconheceu e 
ajudou a Paulo após seu aprisionamento, porém, mais tarde, quando 
chegou a Roma, esforçou-se extraordinariamente para encontrar Paulo (o 
que aparentemente não foi tarefa fácil) a fim de outra vez encorajá-lo 
(16-17). O próprio Timóteo tinha conhecimento dos muitos ministérios 
realizados por Onesíforo em Éfeso (18). Acompanhando o original e 
certas versões, deve-se eliminar a palavra «me», neste versículo. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 12 
Onesíforo aparece aqui como alguém que estava separado de sua família, 
ou por motivo de estar ausente de casa, ou, mui provavelmente, por 
motivo de falecimento (cf. 4.19). 
Isso não significa, no entanto, que Paulo estivesse orando a favor de 
seu presente bem estar como morto, uma prática inteiramente sem base 
nas Escrituras. A oração diz respeito não ao estado intermediário de 
todos, e, sim, à conduta nesta existência, bem como à recompensa no 
futuro dia de julgamento. Portanto, tal desejo que Onesíforo recebesse 
adequada e apropriada recompensa, é um desejo que pode ser igualmente 
expresso a favor dos vivos ou dos mortos, pois está em plena harmonia 
com o claro ensino de nosso Senhor e do Novo Testamento. Ver Mt 
10.33; Mc 8.38; e comparar e contrastar com 2Tm 4.14. 
 
2 Timóteo 2 
V. NOVA EXORTAÇÃO À CONSTÂNCIA E À DILIGÊNCIA 
 - 2.1-13 
 
Seguindo o exemplo de Onesíforo, e em contraste com o malogro 
de outros, Paulo exorta a Timóteo que busque suas forças em Cristo e 
esteja preparado para sofrer dificuldades. Duas tarefas são supremamente 
importantes: primeira, que o depósito da verdade, o pleno Evangelho, 
seja fielmente transmitido a homens fiéis, que por sua vez o transmitam a 
outros; e segunda, que o propósito de Deus na entrada do Evangelho 
fosse cumprido na salvação eterna dos eleitos. Essas tarefas exigem para 
seu desencargo uma devoção, uma disciplina e uma diligência tais como 
as que se encontram no soldado (3-4), no atleta (5) e no fazendeiro (6). 
Essas tarefas também podem envolver sofrimento, conforme se podia ver 
na experiência Cristã diária do próprio idoso apóstolo. Em face do 
possível martírio, que era a expectativa de Paulo para futuro imediato, e 
que poderia tornar-se também a expectativa de Timóteo, é conveniente 
relembrar a fidelidade de Deus e a recompensa celestial garantida em 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 13 
vista do presente sacrifício e constância terrenos, mas também relembrar 
a vergonha correspondente que deve acompanhar o fracasso. 
Fortifica-te (1). O tempo verbal presente, no grego, e a voz 
passiva, significa «sê continuamente fortalecido». Na graça que está em 
Cristo Jesus (1) indica a única esfera em que isso é possível. 
Transmite (2); grego, paratithenai, derivado da mesma raiz que 
«depósito» (gr. Paratheke) em 1.14. Timóteo havia sido solenemente 
encarregado do Evangelho por Paulo. Agora é incumbido a, 
semelhantemente, transmiti-lo a ministros dignos de confiança, que por 
sua vez haverão de transmiti-lo a outros. Através (isto é, na presença) de 
muitas testemunhas (2) pode referir-se aos presentes quando Timóteo 
foi consagrado para o ministério; ou a frase também pode significar o 
conteúdo do Evangelho de Paulo que havia sido confirmado a Timóteo 
«através» (gr. dia) do testemunho de muitos outros. 
 Participa (3); o sentido é «sofre comigo» (cf. 1.8). 
 Soldado em serviço (4); gr. strateuomenos, isto é, servindo como 
soldado. Tal serviço exige que o indivíduo se desligue completamente 
das atividades mundanas ordinárias, obedecendo unicamente e de todo 
coração ao oficial comandante, cumprindo o propósito de seu 
alistamento para as forças armadas. 
No verso 5 temos referência a um competidor nos jogos atléticos. 
Na antiguidade o vencedor ganhava uma coroa de louros como prêmio. 
Segundo as normas (5); isto é, em estrita conformidade com o exigido 
pelo contexto particular, primeiramente no treinamento e a seguir na 
realização da prova atlética. 
Que trabalho e primeiro (6) são palavras significativas 
adicionadas a uma declaração que doutro modo seria geral. Tal 
participação faz contraste com a participação naturalmente inferior do 
indolente. Essas três ilustrações (2.3-6) reforçam diferentes aspectos do 
desafio a uma total devoção ao digno desencargo do ministério do 
Evangelho. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 14 
Pondera o que acabo de dizer (7); isto é, entende o que acabade 
ser dito, em sua aplicação prática a teu próprio ministério. Aqui não 
encontramos uma exortação vazia, visto que a compreensão, isto é, a 
capacidade de discernir corretamente, ser-lhe-ia outorgada pelo Senhor. 
Ressuscitado (8). Timóteo deveria encontrar inspiração na 
memória de Jesus vindicado como o “Messias” (Cristo), não apenas por 
Seu nascimento humano como descendente de Davi, em cumprimento 
das profecias, mas, muito mais ainda, por Sua ressurreição dentre os 
mortos; cf. At 2.36; Rm 1.1-4. Portanto, Ele podia ser relembrado na 
qualidade de Senhor vivo. Essa verdade essencial a respeito dEle faz 
parte do Evangelho que foi entregue a Paulo para que este o pregasse (e, 
por meio de Paulo, foi entregue a Timóteo); cf. Rm 2.16; 16.25; 1Co 
15.1. 
O vocábulo evangelho (8) refere-se tanto às boas novas como à 
evangelização, neste caso. 
Pelo qual (9); isto é, por causa deste meu Evangelho que prego. 
Estou sofrendo até algemas, como malfeitor (9). Essas palavras 
destacam as indignidades e a vergonha inteiramente desmerecidas que 
Paulo estava sofrendo, e das quais Timóteo deveria estar pronto para 
compartilhar. 
Não está algemada (9); isto é, conforme Paulo estava. É 
impossível que a Palavra de Deus seja assim encarcerada. 
Por esta razão (10); isto é, por causa do Evangelho e de sua 
propagação. 
Tudo suporto (10); isto é, submeto-me pacientemente a toda 
espécie de experiência, mesmo a pior; cf. Hb 12.2. O alvo em mira era 
que aqueles aos quais Deus havia escolhido livremente para tal destino, 
também pudessem encontrar realmente a salvação - a salvação que é 
encontrada no Messias Jesus (acima referido, em 2.8) e que possui uma 
glória cuja qualidade e plena manifestação são eternas, e não temporais. 
As frases que encontramos nos vv. 11-13, citadas como palavras 
dignas de crédito, possivelmente foram tiradas de algum hino familiar, 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 15 
ou são uma cadeia de aforismos, cuja intenção é inspirar fidelidade até à 
morte e esperança de compartilhar da glória eterna de Cristo. Nossa 
entrada nessa glória corresponderá à nossa participação em Seus 
sofrimentos nesta existência; cf. Rm 8.17. 
Se já morremos (11); refere-se ao evento decisivo, ou da 
crucificação espiritual, juntamente com Cristo, ou do martírio físico, 
considerado aqui como experiência já passada (grego, tempo verbal 
aoristo). Contrastar com “se perseveramos” (12; grego, tempo verbal 
presente), isto é, uma atividade continuada. Note-se o contraste 
paradoxal entre o caminho e o alvo - por meio da morte até à vida, por 
meio de submissão paciente até o poder soberano. 
Se o negamos (12; grego, tempo verbal futuro - “se o negarmos”); 
uma possibilidade mais remota é aqui sugerida; cf. Mt 10.33. Apesar de 
que se os homens não O confessarem aqui isso afetará seu futuro 
reconhecimento por parte de Cristo, se os homens não confiarem nEle e 
não Lhe forem fiéis, isso não impede que Ele continue a ser-lhes fiel e 
merecedor da confiança deles; cf. Rm 3.3. Ser falso para Consigo mesmo 
é algo que Deus, mesmo onipotente como é, não pode fazer. 
 
VI. ALGUMAS REGRAS DE CONDUTA - 2.14-26 
 
Havia o perigo crescente da atenção ser desviada para as 
especulações inúteis e demolidoras e para a controvérsia. Dois homens 
são chamados pelos seus nomes, que estavam propagando doutrina 
errada a respeito da ressurreição. Por conseguinte, Timóteo tinha o dever 
de relembrar aos crentes, e particularmente aos «homens fiéis» (verso 2) 
a quem lhe competia transmitir o Evangelho a ser anunciado, sobre as 
verdades que Paulo acabou de enumerar (vv. 4-13). E Timóteo devia 
exortá-los solenemente a não se deixarem envolver nas controvérsias que 
então prevaleciam. Quanto a si mesmo, que Timóteo aderisse à 
apresentação direta da verdade de modo aprovado por Deus, e que a ele, 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 16 
na qualidade de obreiro, não desse motivo para envergonhar-se à vista de 
Deus, particularmente no futuro dia do julgamento. 
A Timóteo cabia evitar fantasias irreverentes, capazes de ser tão 
destruidoras como o câncer corroedor. Se o fato de alguns haverem se 
desviado da fé, fazia com que ele temesse pela própria sobrevivência da 
comunidade cristã, que também se lembrasse que a Igreja verdadeira é o 
firme fundamento do próprio Deus, ainda que nem todos quantos 
professam reconhecer Cristo como Senhor são membros autênticos dessa 
Igreja; pois somente Deus reconhece aqueles que verdadeiramente Lhe 
pertencem. Professar o nome de Cristo envolve a exigência (a que alguns 
não respondem favoravelmente) de desistir do pecado. 
Assim como os muitos artigos existentes em uma grande mansão 
variam em qualidade, e alguns são de pouco ou nenhum valor, incapazes 
para um uso honroso, igualmente, a comunidade de cristãos professos é 
uma companhia heterogênea. O crente individual, como Timóteo, que 
tem o discernimento para reconhecer isso, deve procurar, mediante a 
auto-purificação diligente, deixar de pertencer à classe dos vasos de 
desonra, assim se tornando apto e preparado para o uso honroso no 
serviço do Senhor. Tal crente deve abandonar a auto-indulgência e 
compartilhar da companhia e das ambições espirituais dos crentes 
sinceros. Deve rejeitar ocupar-se de investigações insensatas, que 
promovem apenas violentas altercações. Na qualidade de alguém que foi 
chamado para o serviço do Senhor, ele não deve meter-se em 
controvérsias com os que estão iludidos pelo erro, mas antes, mostrar-se 
gentilmente paciente para com eles, procurando instruí-los mansamente 
na verdade, na esperança que Deus lhes conceda uma mente mais reta, e 
assim escapem do diabo que os aprisionou, dai por diante devotando-se a 
fazer a vontade de Deus. 
Evitem contendas de palavras (14); isto é, não se metam em 
controvérsias. As frases que se seguem indicam seu resultado. 
Negativamente, tais coisas não têm proveito; positivamente, em lugar de 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 17 
edificar aos ouvintes, antes os subvertem, ou seja, envolvem-nos em 
«catástrofe» espiritual. 
Que não tem de que se envergonhar (15); o termo grego pode ter 
uma força passiva, isto é, “de que ser envergonhado”; cf. Fp 1.20. Que 
maneja bem (15); lit., “que corta reto”; possivelmente uma metáfora 
aproveitada do traçado de estradas ou sulcos retos, e assim teria o sentido 
de não desviar-se da palavra da verdade, isto é, do Evangelho; cf. Gl 
2.14. 
Evita (16), isto é, «mantém-te afastado de», «retira-te de». 
Falatórios... profanos (16), isto é, conversas destituídas de valor, 
cercadas de um espírito irreverente. Os que se dedicam a essas coisas 
progridem somente na direção errada, isto é, na impiedade; o espírito de 
irreverência é algo que cresce. Tais falatórios, ao receber oportunidade 
de manifestar-se, mediante a indulgência de alguns, se espalha como o 
câncer maligno, que corrói o tecido saudável. 
Himeneu (17) é também mencionado em 1Tm 1.20. A crença na 
ressurreição física era de difícil aceitação para alguns (cf. 1Co 15), 
especialmente para aqueles que rejeitavam toda matéria considerando-a 
má. Assim, os tais interpretavam a ressurreição (18) como um 
reavivamento espiritual ou iniciação já experimentada, não 
compreendendo assim a verdade e abalando a fé de outros. 
O firme fundamento de Deus permanece (19); isto é, é incapaz de 
ser derrubado. A referência, aqui, é à verdadeira edificação da Igreja de 
Deus; cf. Ef 2.19-22. Sua dupla comprovação indica, pelo lado de Deus e 
pelo lado do homem, como seus membros genuínos podem ser 
distinguidos e separados dos falsos. Desejando-se luz sobre as citações 
virtuais, ver especialmente Nm 16.5,26; cf. Is 52.11. Note-se que a 
autenticidade dos outros é conhecida apenas por Deus, e que cabe a cada 
qual que professa reconhecer Cristo como Senhor, tornar certa a sua 
eleição mediante ação coerente e apropriada. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 18 
O verso 21 reitera a responsabilidade do indivíduo de separar-seda 
conspurcação de associações indignas. Note-se a referência óbvia aos 
falsos mestres, no caso de Timóteo. 
O verso 22 indica verdades complementares. A contaminação que 
parte do íntimo, bem como aquela que vem de fora, devem ser 
igualmente evitadas, e o crente deve seguir a associação com os sinceros. 
Note-se a repetida indicação de que algumas investigações são insensatas 
e ineptas, isto é, destituídas de luz, visto que não geram edificação, mas 
antes, contendas (23). 
O servo do Senhor (24); essa designação se aplica a qualquer 
crente (1Co 7.22), mas, particularmente, àqueles que são chamados a um 
ministério especial, como foi o caso de Timóteo; cf. Tt 1.1. 
Brando... paciente (24); isto é, bondoso em suas palavras e 
conduta, paciente para com o mal. Apto para instruir... disciplinando 
(24-25); isto é, devotado à exposição positiva da verdade, em lugar de 
entrar em controvérsias com os que se opõem à verdade. Eis como 
aqueles que têm sido iludidos pelos falsos ensinos deveriam ser tratados 
(mas contraste-se o tratamento mais drástico que deve ser usado para 
com os propagadores deliberados dos falsos ensinos, Tt 3.10); pois os 
que têm sido iludidos podem ser conquistados de volta somente quando 
Deus lhes conceder uma mudança de mentalidade a fim de que entrem 
no pleno conhecimento da verdade (25). 
O verso 26, corretamente interpretado parece ser que aqueles que 
têm sido conquistados vivos pelo diabo possam assim ser reconquistados 
para a sensatez, escapando da armadilha de Satanás e passando a cumprir 
a vontade de Deus. 
 
2 Timóteo 3 
VII. ADVERTÊNCIA SOBRE A APOSTASIA VINDOURA - 3.1-9 
 
Se Timóteo estranhasse que tantos males pudessem surgir dentro da 
Igreja visível, Paulo agora desejava que ele soubesse que condições 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 19 
piores haveriam de prevalecer, quando o fim da dispensação se 
aproximasse. A pecaminosidade da voluntariedade humana encontrará 
plena e irrestrita expressão por meio de ações, palavras e pensamentos. 
Cessarão as práticas da reverência, do dever, da gratidão, do amor ao 
próximo e aos parentes, e da honra aos pactos assumidos. Os homens 
tornar-se-ão diabólicos, descontrolados, violentos, inimigos da virtude, 
prontos para trair a seus semelhantes, inexoráveis, desviados pela sua 
própria presunção. 
Aqueles que professarem ser religiosos preferirão o amor aos 
prazeres do que o amor a Deus; externamente fingirão certa forma de 
reverência, mas repudiarão deliberadamente seu autêntico poder 
transformador. Homens dessa classe precisam ser evitados. São do tipo 
que sutilmente se impõem e desviam mulheres fracas, as quais, por causa 
de sua consciência sensível devido a seus atos pecaminosos, por causa de 
sua tendência de se deixarem dominar pelas emoções, por causa de seu 
amor pelas novidades, e por causa de sua incapacidade de entender a 
verdade, tornam-se presas fáceis. Tais homens devem ser reconhecidos 
em seu verdadeiro caráter, visto que são oponentes da verdade, dotados 
de mente depravada, que aos olhos de Deus são rejeitados em relação à 
própria fé que professam possuir (cf. Mt 7.22-23). Não obstante, sempre 
haverá um limite ao progresso que fizerem; pois todos verão que seu 
comportamento é manifestamente insensato. 
Nos últimos dias (1). A era cristã, como um todo, é assim descrita 
em certas passagens bíblicas (ver Hb 1.2), mas a referência, neste 
versículo, é explicitamente ao fim de nossa dispensação. Note-se o 
tempo verbal futuro, sobrevirão, ainda que os tempos verbais presentes, 
em 3.5-6, indiquem que o mal que só mais tarde haveria de amadurecer, 
já estava em operação. Cf. Mt 13.24-30; 2Ts 2.7-8. 
Difíceis (1); grego, chalepos; isto é, «difíceis de neles vivermos». 
Os homens (2); o grego tem o artigo definido, como aqui, 
significando não os homens ou a humanidade em geral. O contexto 
inteiro, especialmente o verso 5, sugere que essa manifestação do mal 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 20 
deverá ocorrer dentro da esfera do Cristianismo professo. Não são os 
pagãos sem luz, mas aqueles que resistem à verdade e repudiam o poder 
do Evangelho que se tornam corrompidos. Cf. 2Ts 2.3, onde Paulo 
ensina que primeiramente deverá ocorrer «um desvio para fora» (gr. 
apostasia), isto é, para fora da verdade. 
Note-se, nos vv. 2-4, serão egoístas... antes amigos dos prazeres 
que amigos de Deus, isto é, serão homens que se devotam à auto 
satisfação do que em ser agradáveis a Deus. Essa é a própria essência do 
pecado e da prática do pecado, que na terminologia educacional se 
chama de «auto-expressão». 
Arrogantes (2); gr. hyperephanos, isto é, «altivos», desprezando 
os outros. Blasfemadores (2); isto é, aqueles que falam 
desrespeitosamente, quer a respeito de Deus ou do homem. 
Implacáveis (3). O gr. aspondos, descreve não tanto aqueles que 
rompem seus pactos, conforme certas versões dão a entender, e, sim, 
aqueles que não entram em relações de aliança, o que explica esta 
tradução. Inimigos do bem (3); gr. aphilagathoi, isto é, aborrecedores 
de todo bem, quer nas coisas ou nas pessoas. 
Atrevidos (4). gr. propetes, «temerários» (ver At 19.36). 
Negando (5); cf. 1Tm 5.8; Tt 1.16. Foge também destes (5); 
contrastar com 2.5. Evidentemente os tais devem ser considerados 
impossíveis de ser redimidos, capazes de causar tão somente danos. 
Mulherinhas (6); gr. gunaikaria, um diminutivo que expressa 
desprezo. Quanto à maior facilidade com que as mulheres são desviadas, 
cf. 1Tm 2.14. 
Janes e Jambres (8) são mencionados em certo Targum hebraico 
sobre Êx 7.11, como mágicos que se opuseram a Moisés. Essa 
comparação talvez implique, semelhantemente, no uso de poderes 
ocultos; ver anotação sobre «impostores» (3.13). 
De todo corrompidos na mente (8), isto é, não mais capazes de 
entender a verdade (cf. Rm 1.21-22; Ef 4.17-18). 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 21 
Contrastar o verso 9 com 2.16 e 3.13. Apesar de que tais homens 
irão se tornando cada vez piores em sua depravação e em seu poder de 
iludir aos outros, não serão capazes de fazê-lo sem que sua insensatez 
seja geralmente reconhecida. A daqueles (9) é uma referência a Janes e 
Jambres. 
 
VIII. APELO EM PROL DA PREGAÇÃO DA PALAVRA, A 
DESPEITO DAS PERSEGUIÇÕES - 3.10-4.5 
 
a) O exemplo da própria experiência de Paulo (3.10-13) 
 
 Quão diferente é a história prévia de Timóteo de tudo isso (isto é, 
de 3.1-9)! Paulo relembra Timóteo sobre sua própria fé e prática, bem 
como das perseguições e sofrimentos nos quais foi envolvido devido a 
seu serviço cristão, não menos no início de seu trabalho missionário nas 
vizinhanças do lar de Timóteo. Que Timóteo se convencesse que sua 
experiência era típica. Todos quantos resolvem viver vidas de legítima 
devoção cristã devem esperar perseguições; e tal perseguição se vai 
intensificando conforme o contraste aumenta entre o bem e o mal, 
quando então os homens ímpios se tornam piores, tanto em seu cego 
desvio da verdade, como em seu poder de iludir aos outros. 
 Tu, porém, tens seguido (10), isto é, em discipulado responsivo; 
cf. 1Tm 4.6. Paulo não se estava ufanando, mas relembrando seu 
devotado seguidor acerca dos elementos essenciais da devoção a Cristo. 
 Quais (11). Em ilustração ao que dizia, Paulo seleciona algumas 
provações que eram especialmente bem conhecidas a Timóteo, mediante 
as quais ele pela primeira vez aprendeu que tais aflições fazem parte da 
inevitável experiência de todos os verdadeiros crentes (ver At 14.19-22), 
Essa é a lição focalizada no verso 12 (cf. Mt 5.10; 10.22; Jo 15.20). 
 Todos quantos querem (12); lit., todos quantos estão resolvidos. 
Piedosamente em Cristo Jesus (12) é uma significativa descrição do 
espírito e da esfera da vida cristã autêntica, isto é, correspondendo em 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 22 
reverente devoção, como alguém que é capacitado e constrangido por 
uma vital relação pessoal. 
 Impostores (13). O gr. goetes, significa, lit., «lamentadores»,referindo-se aos encantamentos por meio de lamentações; portanto, fica 
aqui subentendido o uso de artes mágicas. 
 
b) O Valor das Escrituras (3.14-17) 
 
 O mais importante é que Timóteo conhecia a verdade revelada de 
Deus, e fora assegurado sobre seu valor por parte daqueles que o 
ensinaram quando ainda era criança. Seu dever, por conseguinte, era 
aderir determinadamente a essas coisas. Pois as sagradas Escrituras, nas 
quais ele fora instruído, são qualificadas para guiar os homens à 
experiência daquela salvação divina que é desfrutada por meio da fé no 
Messias Jesus, não havendo outra coisa qualificada para tanto. E não 
somente isso, mas cada passagem das Escrituras, visto dever sua origem 
ao hálito criativo do Espírito de Deus (em gr. theopneustos, “soprado 
por Deus”; cf. Sl 33.6), tem o seu devido valor para a educação moral do 
homem de Deus e para seu completo equipamento para toda espécie de 
boa obra. 
 Tu (14); em agudo contraste com os homens perversos (13). 
 Desde a infância (15); lit., «desde bebê»; uma referência ao fato 
de Timóteo haver sido instruído desde a mais tenra infância nas letras 
sagradas (ver 1.5). As sagradas letras (15); lit., «os escritos sagrados». 
Usada com o artigo definido, essa é, virtualmente, uma expressão técnica 
(encontrada também nos escritos de Filo e de Josefo) que significa o 
Antigo Testamento. Note-se a significativa descrição cristã do tema e 
propósito das sagradas letras. Não somente fornecem conhecimento ou 
informação, mas, igualmente, sabedoria prática. Podem (15). No grego, 
essa palavra é um particípio presente, o que indica uma qualidade 
permanente. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 23 
 Toda Escritura (16). O sentido dessas palavras é que cada 
passagem bíblica (da porção que acabara de ser referida) visto ser 
inspirada por Deus, também é proveitosa; portanto, o crente não deve 
desprezar porção alguma das Escrituras. Educação na justiça (16), isto 
é, no caminho (ou vida) da retidão. 
 Perfeito e perfeitamente habilitado (17). No grego, tanto o 
adjetivo como o particípio repetem a mesma raiz, reforçando a idéia de 
“perfeitamente equipado e adaptado”. 
 
2 Timóteo 4 
c) Exortação de Paulo a Timóteo (4.1-5) 
 
 Portanto, em vista de sua chamada ao ministério, Paulo exorta 
solenemente a Timóteo, na presença de Deus, e à luz da prestação de 
contas que ele terá de render ao Rei Jesus, quando Ele vier para julgar, a 
pregar a Palavra, a estar sempre preparado para pregá-la em todas as 
ocasiões, quer sejam favoráveis ou não, e a aplicar o seu desafio aos seus 
ouvintes, tanto para repreendê-los como para consolá-los com uma 
paciência interminável e com uma instrução que possa ser 
compreendida. 
Timóteo deveria fazer isso sem tardança, pois chegaria o tempo 
quando os homens não mais tolerariam essa espécie de ensino 
proveitoso, mas abandonariam a verdade e se apegariam às ficções 
seguindo mestres que ensinem coisas satisfatórias para sua imaginação 
fantasista. Portanto, Timóteo deveria ser constantemente sóbrio, 
circunspecto disposto a sofrer tribulações, ativo na propagação das boas 
novas cristãs, desincumbindo-se de seu ministério plenamente. 
No verso 1, Paulo conjura Timóteo por Deus, por Cristo, o futuro 
Juiz, por Sua «epifania» ou Segundo Advento, e por Seu reino. É 
característica importante do Evangelho neotestamentário a doutrina que 
Jesus deverá julgar a todos os homens, e que chegará o dia quando Ele 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 24 
será assim manifestado, Cf. At 17.31; Rm 2.16. Essa frase, há de julgar 
vivos e mortos, se encontra nos primeiros credos cristãos. 
Prega a palavra (2); isto é, o Evangelho; cf. At 6.4; Cl 4.3. Insta, 
quer seja oportuno, quer não (2); lit., «prossegue» (epistethi). Está no 
imperativo aoristo, o que mostra ser uma ordem que Timóteo precisava 
cumprir. 
Corrige, repreende, exorta (2). Note-se como a Palavra e seu 
pregador devem primeiramente ferir, para em seguida curar. 
Com toda (isto é, com toda espécie de) a longanimidade e 
doutrina (2). Isso indica ao mesmo tempo como o ministro deve 
manusear seus ouvintes e como ele deve selecionar o assunto de suas 
pregações. Ele deve prover variado e positivo ensinamento, e não 
monótona e negativa condenação. 
A expectativa futura, descrita nos versos 3 e 4, adiciona razão extra 
para que se pregue agora, em todas as ocasiões possíveis. Não 
suportarão (3); “não terão a mente nem a paciência de receber”. Note-se 
como tais homens ouvirão com motivos e interesses torcidos; sua atitude 
contrária à verdade será determinada por seu capricho egoísta, que 
prefere desprezar a verdade e aceitar as fábulas. 
 
IX. DESCRIÇÃO DAS PRÓPRIAS CIRCUNSTÂNCIAS; 
SAUDAÇÕES FINAIS - 4.6-22 
 
Paulo declara que estava pronto para morrer como mártir, o que 
sabia estar prestes a acontecer. A obra de sua vida estava terminada; ele 
fora fiel ao seu encargo. Agora podia olhar para aquela futura 
consumação da salvação, que o Senhor proporcionará, naquele dia em 
que Ele vier como Juiz, a todos quantos tiverem sua expectativa assim 
fixada em Seu aparecimento. 
Dentre os amigos íntimos e colegas de trabalho de Paulo, somente 
Lucas estava presentemente consigo. Portanto, Paulo roga a Timóteo que 
procure vir ter consigo imediatamente, trazendo em sua companhia tanto 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 25 
a Marcos como alguns objetos de uso pessoal do apóstolo, que ele 
deixara em Trôade. Em seu aprisionamento e julgamento, Paulo passou 
por alguns desapontamentos. Demas o abandonara. Alexandre chegara a 
insultá-lo, falando contra o apóstolo. Ninguém estava preparado para 
tomar publicamente a sua defesa. 
O Senhor, porém, não o desapontou, capacitando-o a declarar 
amplamente a substância do que pregava a todos quantos quisessem 
ouvi-lo. Paulo foi preservado de ser dominado e silenciado, e estava 
persuadido que o Senhor o levaria em segurança através da experiência 
que agora o esperava, e que o faria entrar no reino celestial. A Ele era 
devida a glória eterna. 
Timóteo deveria transmitir as saudações de Paulo a seus amigos 
especiais, aceitando também saudações da parte de alguns que 
porventura desejassem enviá-las ao apóstolo. Visto que Paulo estava 
destituído da companhia daqueles que talvez Timóteo julgasse estarem 
consigo, o apóstolo solicita que Timóteo venha antes do inverno. Que 
Timóteo reconheça a presença do Senhor em seu coração; e que a graça 
salvadora de Deus esteja com todos aqueles que estavam na companhia 
de Timóteo. 
 As circunstâncias em que se achava Paulo proviam motivo 
adicional pelo qual convinha que Timóteo fosse zeloso (4.5). As 
libações, ou seja, o derramamento de um pouco de sangue (Dt 12.27) ou 
de um pouco de vinho (Nm 28.7) ao Senhor, acompanhava os sacrifícios; 
Paulo se refere, aqui, ao derramamento de seu próprio sangue. Cf. Fp 
2.17. Note-se que o que era então uma possibilidade remota, agora era 
realmente uma certeza imediata, pois já havia até tido início. 
O bom combate (7); isto é, «da fé» (cf. 1Tm 6.12). Completei a 
carreira (7); cf. At 20.24. A fé (7); isto é, o Evangelho, ou depósito 
doutrinário, confiado a Paulo. Tal depósito ele havia guardado com 
sucesso (cf. 1.14). 
Guardada (8); isto é, reservada, separada. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 26 
A coroa da justiça (8); ou a coroa é a recompensa pela retidão, ou 
a retidão é o conteúdo da coroa (cf. 1Pe 5.4). Essas duas idéias podem 
ser combinadas naquela consumação celestial da retidão ou justificação 
proporcionada por Deus, sendo que por enquanto o crente usufrui apenas 
de seus primeiros frutos (cf. Rm 5.1-2), isso é sugerido pelo fato que ela 
será igualmente compartilhada por todos quantos tiverem dedicado seu 
amor a essa manifestação coroadora do Senhor, quando Ele vier para 
julgar retamente, por ocasião de Seu Segundo Advento. 
 Demas (10) não é aqui acusado de apostasia, mas apenas de falta 
de disposição para enfrentar a possibilidade de sofrimentos físicosou 
morte, por continuar associado a Paulo, o prisioneiro, que provavelmente 
seria martirizado. Contraste-se o fato que Demas amou «o presente 
século» com aqueles que “amam a sua vinda” 
(8). Toma contigo a Marcos (11). A despeito de sérias dúvidas 
quanto à sua aptidão para o ministério (At 15.38), aqui Paulo (cf. Cl 
4.10) louva Marcos como útil para o ministério, talvez no Evangelho 
ou talvez para algumas necessidades pessoais do apóstolo. Alguns 
pensam que o fato de Marcos provavelmente ter tido conhecimento do 
latim, o tornava particularmente útil em Roma. 
O verso 12 deixa subentendido que talvez Paulo necessitasse de 
Marcos para tomar o lugar de Tíquico. Paulo dependeu de Tíquico mais 
de uma vez para levar mensagens e agir como seu representante (ver Ef 
6.21-22; Cl 6.7-8; Tt 3.12). 
A capa (13); isto é, uma veste externa bem folgada, aparentemente 
necessária para Paulo usar durante os frios meses de inverno; ver o verso 
21. Os pergaminhos (13); em gr. membranai, palavra de origem latina, 
que significa peles especialmente preparadas, preferíveis ao papiro para 
documentos importantes. Tais pergaminhos eram especialmente 
preciosos para Paulo. Presumivelmente tratava-se de cópias das 
Escrituras do Antigo Testamento, ou, possivelmente, de manuscritos e 
documentos pessoais valiosos pertencentes a Paulo. 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 27 
Causou-me muitos males (14); isto é, «demonstrou-me muitos 
maus tratos». O Senhor lhe dará a paga (14), uma citação virtual de Sl 
62.12 (cf. Pv 24.12), implicando em: “Ao Senhor pertence retribuir-lhe 
de conformidade (não pertence a mim ou a ti)”; cf. Rm 12.19. “Nesse 
ínterim”, fica subentendido pelas palavras de Paulo a Timóteo, 
«necessitas de ter cautela com ele». 
 Na minha primeira defesa (16). De conformidade com o 
procedimento legal romano, Paulo havia comparecido uma vez ao 
tribunal a fim de apresentar sua defesa. Nessa ocasião ele teve de 
pleitear sozinho a seu favor. Não tinha advogado nem testemunhas de 
defesa. Aqueles que poderiam ter vindo em sua defesa, tinham-no 
abandonado, presumivelmente por temor, e não por malícia deliberada, 
como no caso de Alexandre. Portanto, Paulo agora orava que Deus, em 
Sua misericórdia, não tomasse em consideração contra aqueles o fato de 
terem abandonado o apóstolo. 
 Para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente 
cumprida (17). O verbo grego, acompanhado em seu sentido por esta 
versão, significa «plenamente realizado»; cf. 4.5. A preocupação de 
Paulo era que a proclamação do Evangelho fosse fielmente levada a 
efeito por meio dele, na capital do império, a fim de que todos a 
ouvissem. 
 “Ser livrado da boca do leão” (17) talvez fosse uma frase corrente 
significando livramento de algum perigo avassalador iminente. Por outro 
lado, «leão» pode referir-se, ou às feras do anfiteatro, ou ao imperador 
Nero, ou a Satanás. Em 1Pe 5.8, ser devorado pelo leão, parece significar 
que o testemunho do crente é silenciado quando este se rende por medo 
do diabo. Cf. também a oração do Pai Nosso - «livra-nos do maligno» - a 
respeito do qual parece haver mais reminiscências no verso 18. 
Me levará salvo para (18); o grego, tem «eis» em lugar de «para» 
e isso torna esta sentença extremamente significativa. A salvação de 
Paulo deveria ser completada quando fosse transportado «para dentro» 
de seu reino celestial, isto é, o reino de Cristo Jesus. O livramento com 
2 Timóteo (Novo Comentário da Bíblia) 28 
o qual esperava ser livre de todo mal não era a morte, ainda que lhe 
viesse por intermédio da morte. 
Note-se que a doxologia (18) é dirigida a Cristo considerado como 
Deus. 
A bênção do verso 22 é dupla: a primeira porção é dirigida 
pessoalmente a Timóteo, enquanto a segunda porção é a «assinatura» 
distintiva de Paulo (ver 2Ts 3.17-18). 
 
 A. M. Stibbs 
 
 
 
 
 
 
	2 TIMÓTEO 
	INTRODUÇÃO 
	PLANO DO LIVRO 
	COMENTÁRIO 
	2 Timóteo 1 
	2 Timóteo 2 
	2 Timóteo 3 
	2 Timóteo 4

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