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Copyright © 2015, Editora Cristã Evangélica Todos os direitos nacionais e internacionais desta edição reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação, etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de banco de dados, sem a expressa autorização da Editora Cristã Evangélica (lei nº 9.610 de 19/02/1998), salvo em breves citações, com indicação da fontes As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), exceto indicações de outras versões. Editora filiada à Associação de Editores Cristãos Rua Goiânia, 294 – Parque Industrial 12235-625 São José dos Campos-SP comercial@editoracristaevangelica.com.br www.editoracristaevangelica.com.br Telefax: (12) 3202-1700 mailto:comercial@editoracristaevangelica.com.br http://www.editoracristaevangelica.com.br/ A grande preocupação de Paulo nestas cartas é com a verdade. O apóstolo insiste para que ela seja fielmente guardada e transmitida às gerações futuras. Paulo se preocupa com o futuro da igreja e com a nova geração de pastores que tem a responsabilidade de continuar fiel à “sã doutrina”, sem se contaminar. Como a maioria das igrejas da Ásia Menor durante o período apostólico, a igreja de Éfeso estava sendo desafiada por ensinos falsos. Por isso, Paulo enfatiza a importância de ensino sadio e a necessidade de Timóteo combater com veemência tais doutrinas falsas. O apóstolo está totalmente comprometido com a verdade. Para ele, a igreja é “coluna e fundamento da verdade” (1Tm 3.15); é “a verdade” que leva à“piedade” (Tt 1.1), enquanto os falsos mestres “se desviaram da verdade... pervertendo alguns em sua fé”(2Tm 2.18). Isso descreve bem a nossa situação. Vivemos um tempo de confusão teológica e moral e, por isso, essas cartas são tão relevantes para os nossos dias quanto foram para o primeiro século. As duas cartas de Paulo a Timóteo e a carta a Tito tratam da vida da igreja, que já existia há cerca de trinta anos. Era necessário pensar nos futuros líderes e também como a igreja deveria ser organizada. Então, Paulo escreveu para dar orientação sobre a administração das igrejas pelas quais eram responsáveis. Há instrução apostólica a respeito da prioridade de oração, do papel da mulher e do homem na igreja, as qualificações da liderança e assuntos bem práticos como os perigos e deveres dos cristãos ricos. Tudo muito relevante para nós hoje! Terminamos este editorial citando palavras de John Stott no seu comentário de 2Timóteo: “Imaginemos o apóstolo Paulo, já idoso, definhando numa masmorra escura e úmida em Roma, de onde não deverá sair, a não ser para a morte. O seu trabalho apostólico está concluído... Agora compete-lhe tomar providências para que, depois da sua partida, a fé seja transmitida sem se contaminar, genuína, às gerações futuras”. Esta é a nossa tarefa hoje! John D. Barnett BIBLIOGRAFIA BARCLAY, William; O Novo Testamento, Publicado em inglês pela Saint Andrew Press da Igreja da Escócia – Ebook – Tradução Carlos Biagini. BÜRKI, Hans; Comentário Esperança – Primeira Carta a Timóteo, Editora Evangélica Esperança. KELLY, J.N.D.; I e II Timóteo e Tito – introdução e comentário, Edições Vida Nova. PFEIFFER, Charles F., HARRISON, Everett F.; Comentário Bíblico Moody – Volume 2 – Mateus a Apocalipse, Editora Batista Regular. STOTT, John; A mensagem de 1Timóteo e Tito, ABU Editora. STOTT, John; A mensagem de 2Timóteo, ABU Editora. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 – Sumário – Personagens das cartas pastorais A doutrina verdadeira A oração e o culto público Exigências para aqueles que aspiram à liderança Falsa doutrina na igreja Responsabilidade com os vários grupos na igreja Os perigos do dinheiro Recomendações ao homem de Deus Guardar o evangelho O bom samaritano Sofrer pelo evangelho Pregar o evangelho Prefácio e saudação da carta a Tito Organizando as igrejas em Creta Instruções para grupos específicos na igreja O poder moral da encarnação A conduta cristã 1 Personagens das cartas pastorais John D. Barne� texto básico 1Timóteo 1.1-7; 2Timóteo 1.1-5; Tito 1.1-4 versículo-chave 2Timóteo 3.14-15 “Quanto a você, permaneça naquilo que aprendeu e em que acredita firmemente, sabendo de quem o aprendeu e que, desde a infância, você conhece as sagradas letras, que podem torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai conhecer os três personagens principais nestas cartas, o temperamento deles, suas lutas e suas preocupações com a saúde espiritual das igrejas. leia a Bíblia diariamente seg 2Tm 1.1-7 ter 1Tm 1.12-20 qua 1Tm 4.6-16 qui 2Tm 4.1-5,9 sex Tt 1.1-5; 3.12-15 sáb 2Co 7.5-9 dom 2Co 8.6,16-24 ada uma das chamadas “Cartas Pastorais” trata das tarefas especiais que tanto Timóteo como Tito tinham de exercer. Em cada carta, Paulo se Cpreocupa com a missão da igreja e a integridade dela. I. Paulo, o autor das cartas É bom estudar estes conselhos do experimentado apóstolo Paulo aos jovens Timóteo e Tito. Paulo está chegando ao fim do seu ministério (como o próprio autor desta lição!). Posso sentir com ele as mesmas preocupações com o futuro do evangelho e a necessidade de a nova geração guardá-lo bem, transmitindo a sã doutrina às gerações futuras. Vivemos dias em que há muita confusão em relação ao evangelho e o futuro da igreja evangélica. Essas preocupações de Paulo devem ser nossas também. 1. Preocupação com os falsos profetas Paulo deixou Timóteo em Éfeso a fim de tratar problemas de ensino falso, comportamento inadequado e má liderança que surgiram. Alguns falsos líderes estavam desviando a igreja da sua verdadeira missão, criando controvérsia e discórdia entre os convertidos – leis em relação à alimentação foram introduzidas, e casamentos, proibidos. 2. Preocupação com a “verdade” Em todas as três cartas, a preocupação do apóstolo é com a verdade, que deve ser bem guardada (2Tm 1.14) e transmitida a outros (2Tm 2.2). Num tempo em que não existe verdade absoluta, como o nosso, é necessário ter, como Paulo, total comprometimento com a verdade. Ele foi “designado... mestre dos gentios na fé e na verdade” (1Tm 2.7). Para Paulo, a igreja é “coluna e fundamento da verdade” (1Tm 3.15) e é a verdade que leva para “a piedade” (Tt 1.1). Paulo alerta os crentes em relação aos falsos profetas que “se desviaram daverdade” (2Tm 2.18), “resistem à verdade” (2Tm 3.8) e recusam “dar ouvidos à verdade”(2Tm 4.4). Nas três cartas, sua autoridade apostólica é afirmada ao dar ordens e exigir obediência. Ele se preocupa com a sã doutrina que Timóteo e Tito têm que ensinar. Cartas Pastorais para hoje Será que temos a mesma preocupação com a verdade e desejo de ensiná-la? II. Timóteo, filho na fé de Paulo 1. Conversão É provável que Timóteo, um jovem de Listra, filho de pai grego e mãe judia, tenha se convertido durante a primeira viagem missionária de Paulo. Quando o apóstolo voltou à região, no início da sua segunda viagem, Timóteo lhe foi recomendado pelos irmãos como fiel discípulo. Assim, Paulo o convidou para fazer parte da sua equipe missionária (2Tm 1.3-5). 2. Ministério Por mais de 15 anos, Timóteo foi o fiel companheiro de Paulo nas suas viagens missionárias. Foi enviado a Tessalônica para encorajar os irmãos em virtude de perseguições (1Ts 3.1-10). Trabalhou juntamente com Paulo em Corinto, uma cidade difícil (2Co 1.19) e ficou com Silas em Bereia, partindo depois para Atenas (At 17.14-15). Foi enviado em missão especial à Macedônia, indo depois para Corinto (1Co 4.17). Timóteo estava em Roma durante a primeira detenção de Paulo porque, quando este escreveu as quatro cartas da prisão (Filipenses, Colossenses, Efésios e Filemom), a presença de Timóteo é mencionada. Paulo tinha uma grande afeição por Timóteo e o chamava de “meu filho amado e fiel no Senhor” (1Co 4.17). Tão grande era sua confiança nele que o chamou “meu cooperador”(Rm 16.21) e “irmão e ministrode Deus no evangelho de Cristo” (1Ts 3.2). De fato, Paulo podia dizer de Timóteo: “Não tenho ninguém que, como ele, tenha interesse sincero pelo bem-estar de vocês... Timóteo foi aprovado porque serviu comigo no trabalho do evangelho como um filho ao lado de seu pai” (Fp 2.20,22 NVI). 3. Jovem Quando Paulo se encontrou com Timóteo pela primeira vez, este era bem jovem. Na sua primeira carta, Paulo o incentivou, dizendo: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem...” (1Tm 4.12 NVI). Na sua segunda carta, o aconselhou: “Fuja dos desejos malignos da juventude...” (2Tm 2.22 NVI). 4. Temperamento Paulo deixou transparecer que Timóteo tinha espírito tímido, por isso disse: “Não seja negligente para com o dom que você recebeu...” (1Tm 4.14; 6.20). Parece que Timóteo não tinha muita confiança em si e talvez Paulo se preocupasse com sua falta de experiência, exortando-o a ser exemplo dos fiéis apesar de pouca idade. Ele foi admoestado a não se entregar aos prazeres da mocidade ou ao simples exercício físico, mas ao exercício da fé. Aparentemente, Timóteo não gozava de boa saúde e sofria de problemas estomacais. Por isso, Paulo o orientou a tomar um pouco de vinho “por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades” (1Tm 5.23). Paulo exorta- o: “... fortifique-se na graça que há em Cristo Jesus” (2Tm 2.1). Cartas Pastorais para hoje Não devemos usar nosso temperamento tímido como desculpa para não fazer a obra do Senhor, pois o Senhor “não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2Tm 1.7). 5. Futuro do evangelho Depois da libertação de Paulo da prisão em Roma (At 28), Timóteo e Tito o acompanharam numa viagem missionária a Creta, onde Tito permaneceu para ajudar no crescimento da igreja que tinha sido fundada. Paulo e Timóteo continuaram a viagem até a cidade de Éfeso, onde Paulo deixou Timóteo com a responsabilidade de supervisionar a igreja (1Tm 1.3). E que responsabilidade! Ele devia: combater os falsos mestres que ensinavam doutrinas falsas; eleger e ordenar presbíteros, organizar ajuda para as viúvas que eram realmente necessitadas. Paulo planejava visitar Timóteo em Éfeso, mas viu a possibilidade de demorar, por isso, escreveu sua primeira carta, exortando o jovem Timóteo a se dedicar “à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino” (1Tm 4.13 NVI). Ao escrever sua segunda carta a Timóteo, a preocupação de Paulo era com o futuro do evangelho. Paulo estava para enfrentar a morte iminente pelas mãos do imperador Nero. Durante trinta anos, ele tinha pregado fielmente o evangelho, plantado igrejas e defendido a verdade (2Tm 4.7). Agora, o que aconteceria com o evangelho depois da sua morte? A esse jovem introvertido, foi dada a tarefa de continuar a obra do evangelho depois da morte de Paulo. A responsabilidade passou a ser de Timóteo. Cartas Pastorais para hoje Paulo foi o mentor espiritual de Timóteo. Quem é seu Timóteo? Para quem você está sendo um verdadeiro mentor espiritual? III. Tito 1. Sua conversão Tito era um gentio grego que provavelmente se converteu por intermédio do ministério de Paulo, que o chamou de “meu companheiro e cooperador” (2Co 8.23), embora Lucas não faça nenhuma menção dele no livro dos Atos. Paulo se refere a Tito em 2Coríntios e em Gálatas. 2. Seu ministério Paulo reconheceu o dom especial de Tito quando falou do seu ministério tão abençoado em relação aos coríntios. Na segunda carta que escreveu a essa igreja, Paulo mencionou nove vezes o nome de Tito. “Agradeço a Deus ter ele posto no coração de Tito o mesmo cuidado que tenho por vocês, pois Tito não apenas aceitou o nosso pedido, mas está indo até vocês, com muito entusiasmo e por iniciativa própria” (2Co 8.16-17 NVI). Enquanto Paulo estava em Éfeso, durante sua terceira viagem missionária, recebeu notícias perturbadoras da igreja de Corinto. Foi Tito o portador da carta “dolorosa” aos coríntios (2Co 2.4; 8.6,16-17), que resultou no arrependimento da igreja (2Co 7.5-9). Tito acompanhou Paulo e Barnabé na sua segunda viagem missionária. Os judeus cristãos de Jerusalém insistiram para que Tito fosse circuncidado, mas Paulo decidiu manter-se firme em sua posição e se negou a fazer (Gl 2.3-5). Paulo enviou instruções aos crentes em Corinto por intermédio de Timóteo, mas eles não as seguiram. Diante disso, Paulo enviou Tito para ensinar o que precisavam aprender. Quando os dois voltaram a se encontrar na Macedônia, Paulo ficou feliz, porque os problemas haviam sido solucionados, e a igreja de Corinto estava em boa forma espiritual (2Co 7.6- 14). 3. Sua missão em Creta Tito acompanhou Paulo numa missão a Creta e permaneceu ali a fim de consolidar o trabalho do apóstolo naquela ilha. A situação em Creta era muito desanimadora. A igreja estava desorganizada e, pelas injunções no capítulo 2, seus membros eram instáveis na fé e relaxados no comportamento; as mulheres idosas eram faladoras e bebedoras; as jovens casadas flertavam... Por isto, Paulo deixou Tito em Creta: para pôr “em ordem as coisas restantes” (Tt 1.5). Não é claro o que Paulo tinha deixado incompleto a não ser a constituição de presbíteros, enfatizando a necessidade de irrepreensibilidade moral e vida familiar estável. Seis vezes nesta curta carta, Paulo enfatiza a necessidade de boas obras (Tt 1.16; 2.7,14; 3.1,8,14), embora deixe claro também que a salvação não pode ser ganha pelas boas obras (Tt 3.5). Tito era homem para as tarefas difíceis, confiável, com muito tato, e tranquilizou situação desesperadora em várias ocasiões. Conclusão Como Deus preparou esses homens para o serviço do Rei! Eles foram dotados de dons especiais que os equiparam de forma singular para o ministério nas igrejas pelas quais eram responsáveis. O desejo de Paulo era que tanto Timóteo como Tito pudessem desenvolver seus dons de liderança por meio da devoção ao Mestre e da autodisciplina. A 2 A doutrina verdadeira Evaldo Bueno Rodrigues texto básico 1Timóteo 1.1-20 versículo-chave 1Timóteo 4.16 “Cuide de você mesmo e da doutrina. Continue nestes deveres, porque, fazendo assim, você salvará tanto a si mesmo como aos que o ouvem.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai compreender quão importante é para o crente saber distinguir a verdadeira doutrina sem permitir que os falsos ensinos corrompam a fé cristã. leia a Bíblia diariamente seg Pv 3.1-12 ter Gl 5.1-10 qua Ef 4.9-16 qui Cl 2.1-10 sex 1Tm 1.1-20 sáb 1Pe 3.13-22 dom 1Pe 4.1-8 primeira carta a Timóteo é epístola pastoral e nessa qualidade foi escrita não só para encorajar, fortalecer e equipar aqueles primeiros líderes a fim de manterem-se firmes nas doutrinas do cristianismo, mas também para combater as heresias tão comuns e danosas daqueles dias. Com o propósito de alertar o jovem pastor e seu rebanho, Paulo faz declarações extraordinárias acerca das verdades do evangelho, para, também, eliminar as tensões doutrinárias provocadas pelos hereges, corrigindo o curso do ensino ministrado, visando o crescimento espiritual dos cristãos. Falsas doutrinas eram armadilhas de Satanás no meio da igreja. I. Os falsos mestres e a lei (1Tm 1.1-17) Quando Jesus declarou: “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18), Ele já visualizava esse tipo de ataque sobre o qual Paulo está alertando. São ações por vezes explícitas, outras vezes sutis, mas danosas à integridade e à eficácia da fé. Vemos, no cuidado de Paulo com aqueles irmãos, sua preocupação com: 1. Armadilhas de Satanás Eram falsos ensinos que não edificavam a igreja, pelo contrário, tentavam destruí-la. Eram histórias inventadas pelos mestres falsos, baseadas em lendas que faziam alusão a personagens do povo judeu do passado. Eles davam a essas fábulas ou mitos valor religioso, encobrindo e até excluindo a obra salvífica de Cristo e as verdades acerca do evangelho.“Tenham cuidado para que ninguém venha a enredá-los com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo”(Cl 2.8). 2. Atalhos que levam à morte Os falsos mestres pregavam doutrinas contrárias ao evangelho. Anunciavam “outro evangelho”, sem nenhum apoio ou base nas doutrinas transmitidas pelos apóstolos de Cristo. Eram caminhos de morte. Para esses hereges, valem as palavras de Paulo: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu pregue a vocês um evangelho diferente daquele que temos pregado, que esse seja anátema...” (Gl 1.8-9). 3. Perigo do desconhecimento da verdade Fazendo-se passar por mestres da lei de Deus, anunciavam novidades que eram nocivas à fé cristã e promoviam contendas, divisões, imoralidade e perseguição aos que permaneciam fiéis ao cristianismo. De fato, nem eles mesmos compreendiam o que diziam, nem o que afirmavam sobre a lei (1Tm 1.7). Cartas Pastorais para hoje “A fé e o pensamento caminham juntos; e é impossível crer sem pensar” (John Stott). II. Paulo e a eficácia do evangelho (1Tm 1.5-17) Rapidamente Paulo volta os holofotes para a grandeza e a sublimidade do evangelho do qual ele mesmo fora alvo, e traz à memória sua própria experiência de conversão: de obstinado perseguidor dos cristãos a ministro de Cristo. Uma guinada somente possível porque sobre ele transbordou a misericórdia e a graça de Deus. Seu testemunho era uma afronta às falsas doutrinas gnósticas que afirmavam ser má e perversa a matéria; o corpo, portanto, irrecuperável. Eles não admitiam a possibilidade da transformação de pecadores em honrados e muito bem preparados ministros da palavra de Deus. O objetivo de Paulo foi mostrar que aqueles falsos ensinos nada tinham a ver com a proposta do evangelho, que era alicerçada: 1. No amor segundo Cristo (v.5) Ao contrário do prejuízo que os falsos ensinos geravam, Paulo dá ênfase ao aspecto positivo da prática do amor segundo Cristo, que vem pela operação do Espírito Santo, à medida que somos transformados e santificados pelo poder da Palavra: “De tudo o que se deve guardar, guarde bem o seu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). A ordem de Paulo para que permanecessem na prática do amor de uns para com os outros, com coração puro, dá ênfase ao amor sacrifical de Cristo, que é o amor de Deus encarnado. Esse amor elimina divisões e promove a paz (v.4). 2. Numa consciência limpa e na fé sincera (v.5) A atenção que devemos dar à voz da consciência diz respeito à percepção interior que temos sobre questões morais e éticas. No caso em questão, Paulo evoca a consciência pura, livre de sentimentos de culpa, que funciona como um árbitro no cristão, fazendo-o refletir sobre ações e conduta. Essa instrução confrontava a mente cauterizada daqueles falsos mestres e seus seguidores. Apesar de a expressão “fé sincera” (NVI) parecer estranha, na verdade não é, pois pode, sim, haver fé fingida, fé hipócrita, como o caso daqueles hereges gnósticos que, na verdade, exibiam apenas imitação da fé. Era uma lealdade não autêntica a Cristo, em oposição à fé sincera, que é mais do que apenas uma crença. Fé sincera é uma entrega pessoal aos cuidados de Cristo. É sobre essa fé, operada pelo amor, que escreveu Paulo: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”(Gl 5.6). 3. No conhecimento pleno da Verdade (v.7) Aqueles que não conhecem a Palavra são facilmente enganados, podendo-se constituir, também, em enganadores. Por isso a necessidade do estudo constante e progressivo da Palavra para adquirir conhecimento e ter firmeza de convicções: “Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a esperança que vocês têm” (1Pe 3.15 NTLH). 4. Num viver frutífero (v.12-14) Somente em Cristo somos capacitados para toda boa obra; distanciados Dele desprezamos o certo e somos enganados, tornando-nos parte dos que seguem os falsos ensinos. O objetivo de Paulo era instruir os cristãos de maneira que tivessem vida abundante, útil e espiritualmente produtiva. Ele mesmo, reconhecendo o derramar da graça e da misericórdia de Deus, se apresentava como exemplo deste favor de Deus em sua vida, não obstante seu passado: “a mim que, no passado, era blasfemo, perseguidor e insolente...” (1Tm 1.13). Esse ato de Deus fez de Paulo um instrumento vivo e frutífero para a proclamação do evangelho. III. Timóteo e o bom combate (1Tm 1.18-20) Ao findar o primeiro capítulo, encontramos Paulo novamente voltando-se para o combate às falsas doutrinas. E não é sem razão que ele retoma o assunto, pois em meio a esses falsos ensinos é que Timóteo, o mais novo comissionado, iria desenvolver o seu ministério. Paulo dá ordens claras de conduta e firmeza nas verdades do evangelho. Timóteo deveria lutar bravamente contra os inimigos do evangelho, “segundo as profecias que anteriormente foram feitas a respeito de você” (v.18). Cartas Pastorais para hoje O êxito do ministério do jovem pastor dependeria de quanto ele vivenciasse os princípios ensinados por Paulo nesses últimos versos. 1. Obediência não é opção (v.18) Quando Paulo menciona: “Esta é a admoestação que faço a você...”, está dizendo que não se trata de uma sugestão. É mandamento, incumbência, confiada a Timóteo, de cortar aquele mal pela raiz. Assim como o próprio Paulo havia recebido no passado esse encargo por ordem de Deus (v.11), agora é a Timóteo que a comissão é dada. Há todo um trabalho pastoral a ser realizado, incluindo o combate às falsas doutrinas gnósticas já espalhadas entre os cristãos. Somente pela obediência, o servo alcança a aprovação do seu Senhor: “A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros” (1Sm 15.22 NVI). 2. Perseverança inegociável na doutrina verdadeira (v.19) Os falsos mestres rejeitavam pontos inegociáveis da fé cristã, inclusive sobre a pessoa e a autoridade de Cristo. Ignoravam a verdade absoluta do evangelho, desprezavam a boa consciência e, por essa razão, naufragaram na fé. Perseverar é não se dobrar, é lutar até o fim (2Tm 4.6-7). Portanto, a firmeza e a perseverança de Timóteo em toda a verdade do evangelho, a boa consciência e a fé sincera seriam antídotos espirituais contra os ataques dos inimigos de Cristo. Este também foi o testemunho de Josué: “Os meus irmãos que tinham ido comigo amedrontaram o povo, mas eu perseverei em seguir o Senhor, meu Deus.” (Js 14.8). 3. Prevenção é o segredo (v.20) Neste verso, Paulo cita dois falsos mestres, os quais foram entregues “a Satanás, para serem castigados a fim de não mais blasfemarem”. Eles estavam entre os cristãos, ouviram o evangelho, mas se deixaram levar pelo príncipe deste mundo (Ef 2.2; 2Co 4.4). A ideia transmitida aqui pode indicar a possibilidade da restauração mental e moral desses homens, o que nos leva a pensar que faltou a eles a prevenção contra as sutis investidas do inimigo. Conclusão Há neste primeiro capítulo uma série de advertências que o cristão deve considerar: não se contamine (Dn 1.8); não imite o que é mau (Ananias e Safira – At 5.1-11); não se aproxime do perigo (Ló – Gn 13.12-13); não queira experimentar o mundo (Sansão – Jz 14.3) e, aprenda a fugir das ciladas do inimigo (José – Gn 39.7-12). O propósito da doutrina verdadeira é fazer com que os cristãos não se desviem do alvo, o qual não é outro senão atingir a estatura de varão perfeito, segundo Cristo, sem se deixar levar por falsos ensinos (Ef 4.14). 3 A oração e o culto público Valdemberg Rodrigues Viana texto básico 1Timóteo 2.1-15 versículo-chave Eclesiastes 5.1 “Guarde o pé, quando você entrar na Casa de Deus. Chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer um sacrifício de tolos, que fazem o mal sem se dar conta.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai discernir a importância da oração e da postura no culto público. leia a Bíblia diariamente seg Mt 6.5-13 ter 1Co 11.2-16 qua Jr 29.11-14 qui Jo 17.1-10 sex 2Ts 3.1-5 sáb Tg 5.12-18 dom 1Co 14.26-39 O ambiente do culto é diferenciado. O “solo” é diferente, “é terra santa” (Êx 3.5). Qual é a nossa postura quando a oração é no culto? Uma coisaé orar no quarto fechado (Mt 6.6), e outra é orar em público. Vejamos algumas razões que podem justificar o “medo” de falar em público: consciência natural das próprias limitações (Êx 4.11); timidez que dificulta a falar em público (Êx 4.10); decepção antiga causa medo de fracassar (Êx 4.1); vontade de não ser visto (Êx 4.14). I. A oração de todos por todos (1Tm 2.1-8) 1. Tempo para a oração “Antes de tudo” Toda ação deveria ser precedida de oração. A versão NTLH diz “Em primeiro lugar” – a oração deveria ter primazia. Temos pequena disposição em passar uma hora em oração, não obstante a isso, “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg 5.16). 2. Variação da oração “…súplicas, orações, intercessões, ações de graças…” Trata-se de quatro sinônimos que nos dão maior visão da oração: súplicas – necessidades mais específicas; orações – necessidades mais comuns, mas sempre presentes; intercessão – necessidades de outrem; ações de graças – expressões de gratidão, reconhecendo a bondade de Deus. 3. Advertência para oração “…peço…” Paulo insiste a que se pratique a oração. Portanto, não era uma sugestão, e sim uma ordem. Precisamos nos disciplinar a ter vida de oração, a reservar um local e um tempo para a “oração do quarto fechado”, mas temos necessidade de “orar em todo lugar”. 4. A abrangência da oração “… em favor de todas as pessoas…” Não apenas pelos meus interesses, mas pelas autoridades, quer sejam boas ou não. Paulo estimula a que nossa oração alcance todos os grupos: governantes (v.2), todos os que têm autoridade (v.2), os gentios (v.7) e, por implicação, os judeus. 5. O objetivo da oração “... para que vivamos vida mansa e tranquila...” 6. O prazer da oração “Isto é bom e aceitável diante de Deus” O Senhor tem satisfação em nossas orações, especialmente as de intercessão pelos outros. 7. O local para oração “em todos os lugares...”. Todo tempo é tempo de orar; todo local é próprio para a oração. Cartas Pastorais para hoje O que estamos fazendo com a ordem de orar por todos antes de qualquer outra ação? A oração não pode ser o último recurso ou algo para tentarmos quando nada mais deu certo. Incentive seus filhos a orarem a partir do culto doméstico; dê oportunidade para que eles cresçam nessa área tão importante da vida cristã. Que tal revezamento nas orações: um dá graças no café da manhã, outro no almoço e outro no jantar? Bons incentivos e reconhecimento proporcionarão crescimento sadio que os ajudará a vencer barreiras pessoais. II. Os homens no culto (1Tm 2.8) Paulo agora descreve o que Deus espera de homens e mulheres no que diz respeito ao culto público. Embora tudo o que façamos seja “culto” ao Senhor, existe um momento e um local em que nos juntamos a outras pessoas para celebrar ao Senhor. Nesse momento, a postura de cada um de nós deve ser observada. Existem atividades nossas que só são cabíveis no culto pessoal, e outras que são restritas ao culto público. No AT, o culto público era muito bem detalhado, e as recomendações tão claras e específicas, existindo uma postura adequada: “Guarde o pé, quando você entrar na Casa de Deus” (Ec 5.1). Não podemos esquecer que é necessária uma roupa apropriada no que tange ao ajuntamento para cultuar. Alguns dos sinais ritualistas que faziam parte do culto público do AT não são encontrados no NT. O que subsiste são os princípios que preservam a ordem. Neste texto, Paulo atenta para as atitudes próprias ao culto público. 1. “Quero, pois, que os homens orem em todos os lugares” Aqui Paulo reforça a necessidade de oração por parte de quem tem a responsabilidade da liderança, tanto no âmbito doméstico como eclesiástico. Os líderes possuem o privilégio de serem alvos da oração do povo de Deus, conforme o próprio Paulo recomenda (1Ts 5.25; 2Ts 3.1; Hb 13.18), e também têm o compromisso de orar pelos liderados, conforme aqui é exposto. 2. “Levantando mãos santas” A postura física na oração não é uma questão tola, uma vez que em muitos lugares ela é citada (Ne 8.6; Tg 4.8; Lc 24.50). Aqui a expressão “mãos santas” alude não somente à postura do membro em si, mas se verifica a necessidade de santidade, de uma postura de alma limpa, conforme recomenda Davi (Sl 24.3-4). 3. “Sem ira e sem animosidade” A ideia presente aqui é que a oração vertical precisa ter o compromisso da oração horizontal. A minha postura com o irmão abre portas para a minha oração. O Senhor sempre valorizou a comunhão entre irmãos. Lembre-se da recomendação de Jesus no sermão da montanha: “Portanto, se você estiver trazendo sua oferta ao altar e lá se lembrar que o seu irmão tem alguma coisa contra você, ... vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão...” (Mt 5.23-24). Cartas Pastorais para hoje Comece o culto público antes de chegar ao templo, reveja seus relacionamentos e mantenha-os em paz. III. As mulheres no culto (1Tm 2.9-15) “Da mesma forma”; “semelhantemente” – Isso denota que exortações também eram passadas às mulheres, no que tange ao culto público. Enquanto para eles o investimento no culto se dava numa postura de santidade que devia iniciar na observação dos relacionamentos fraternais; para elas a postura adequada ao culto público devia começar em casa, com a escolha da roupa. 1. “… em traje decente…” O culto de todos nós começa mesmo em casa, na nossa motivação, no investimento individual. A recomendação paulina é que as mulheres se observem antes, para não serem observadas pela roupa. O atrativo delas não deveria ser as roupas. Ao vestirem-se para o culto, as mulheres devem usar de bom senso, de decoro. O que Paulo tinha em mente é uma postura que não atraísse a atenção dos outros sobre elas. Paulo está dizendo que o verdadeiro adorno de uma mulher não deve se limitar ao vestuário. A mulher cristã sabe que o seu verdadeiro adorno não é externo, embora a roupa seja a expressão de uma modéstia interna. Nada há de errado em as mulheres andarem bonitas e bem arrumadas, mas será preciso agir com mente sadia e evitar os excessos e extremos, isso é bom senso. 2. “… boas obras…” A prática de boas obras deveria ser a marca das mulheres cristãs. As pessoas olhariam tais obras e certamente “glorificariam a Deus”. O verdadeiro adorno da mulher virá pela realização de boas ações. Uma excelente recomendação aliada a essa é encontrada em 1Pedro 3.3-4, quando menciona as esposas. Embora Deus não se oponha à beleza externa, pois Ele mesmo assim criou e “viu que era bom”, Ele Se agrada da beleza que está no coração. 3. “A mulher aprenda em silêncio” Embora não tenhamos clareza sobre a razão por que Paulo escreveu esta seção, eis algumas ideias: a. alguns mestres se infiltraram na igreja em Éfeso explorando a disposição das mulheres e ensinavam heresias, como proibição de casamento, abstinência de alimentos (1Tm 4.3); b. no tocante à aplicação deste ensino, existem duas escolas – uma ensina que esse assunto é temporal e circunstancial, pois lá havia viúvas que se entregavam aos prazeres (1Tm 5.5-6), e outras mulheres carregadas de pecados (2Tm 3.6). A outra escola defende que esse ensino tem significação para todos os tempos e épocas, visto que Paulo usa dois argumentos fortes: a ordem da criação e a entrada do pecado, ou seja, na propriedade de Adão, no ato da criação; e na propriedade de Eva, no ato da queda. O primeiro argumento paulino é que “primeiro, foi formado Adão, depois, Eva”, ou, como ele mesmo diz em Coríntios: “Porque o homem não foi feito da mulher, mas a mulher foi feita do homem” (1Co 11.8). O segundo argumento alude à queda: “Adão não foi iludido, mas a mulher, sendoenganada, caiu em transgressão” (1Tm 2.14). Paulo atribui às mulheres uma posição diferente da dos homens no culto público, não inferior. Entendemos que muitas mulheres dentro da igreja são verdadeiramente abençoadoras por sua prudência, sensatez, sabedoria, e que tais nunca reivindicaram títulos ou honras para si mesmas, deixando com o seu Senhor tais reconhecimentos e recompensas. E o Senhor, sendo fiel como é, o fará de bom grado. Conclusão A perspectivade Deus para o culto exige fraternidade, simplicidade, santidade: “No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher” (1Co 11.11), “mas, se alguém quiser discutir essa questão, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1Co 11.16). Lembre-se do sentimento de Davi no salmo 122: “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à Casa do SENHOR”, e dê atenção ao conselho do autor de Hebreus: “Não deixemos de nos congregar, como é costume de alguns. Pelo contrário, façamos admoestações, ainda mais agora que vocês veem que o Dia se aproxima.” (Hb 10.25). 4 Exigências para aqueles que aspiram à liderança Marcos A. Alves José texto básico 1Timóteo 3.1-16 versículo-chave 1Timóteo 3.1 ARC “Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai descobrir que as virtudes cristãs, a maturidade e a experiência com Deus são imprescindíveis no ato de liderar. leia a Bíblia diariamente seg Tt 1.4-16 ter At 6.1-7 qua 2Tm 2.14-26 qui 1Pe 5.1-11 sex Tg 5.13-20 sáb At 20.13-38 dom 1Tm 3.1-16 Otexto básico começa dizendo que “Fiel é a palavra: se alguém aspira ao episcopado, excelente obra almeja” (v.1 ARA); “… nobre função” (NVI). Aspiração é o desejo profundo de atingir uma meta, um sonho, um desígnio. Não devemos desestimular nem reprimir tal desejo. Por outro lado, precisa ficar bem claro que o episcopado não é somente um título, mas uma“excelente obra” ou “nobre função”. Não se almeja o título, e sim o desejo de servir a Deus e à igreja. A palavra “episcopado”, segundo o Dr. Phil Newton, foi usada pelos gregos para definir um ofício que tinha funções de superintendência, quer no âmbito político, quer no religioso. Essa palavra tem o sentido de “olhar sobre”, “supervisionar”. O episcopado é a função desempenhada pelo bispo. As palavras “bispo” e “presbítero” possuem o mesmo significado (Tt 1.5-7). Podemos associar a elas a palavra “pastor” que também aparece na Bíblia com o mesmo sentido (At 20.28; 1Pe 2.25; 5.1-3). Não basta apenas aspirar à liderança, a Bíblia nos apresenta um padrão, e o apóstolo Paulo nos traz uma lista de qualificações para aqueles que desejam servir como presbíteros ou diáconos. O verso 2 começa com a expressão “É necessário, pois…”. Paulo não está apenas dando algumas dicas de como os líderes devem ser, ele está estabelecendo um padrão. Existem condições impostas àqueles que aspiram à liderança espirtual. I. O líder deve ter caráter aprovado (1Tm 3.2-3,8-10) O vocábulo “caráter” significa: conjunto de tendências, disposições morais, integridade. Isso quer dizer que o líder deve ser íntegro, possuir as leis de Deus impressas no coração e imprimir ou cunhar o caráter de Jesus em seus liderados. Ao examinar as Escrituras, percebemos que elas dão mais ênfase na pessoa do líder do que naquilo que ele faz. Para o apóstolo Paulo, ser é mais importante do que fazer. A primeira condição inegociável para aspirar a liderança é: CARÁTER APROVADO. Os líderes devem ser irrepreensíveis (v.2,10). “Não deve ser estigmatizado por nenhuma infâmia que leve sua autoridade ao descrédito” (Calvino). Deve ser alguém com caráter aprovado por Deus, que não causa escândalos na igreja nem fora dela. Ser irrepreensível é andar com Deus e influenciar a outros com seu caráter. 1. O presbítero precisa ser (v.2-3) “Esposo de uma só mulher” (v.2) – vida familiar exemplar – fiel à sua esposa;“moderado, sensato” (v.2), ou seja, controlado, que freia os próprios desejos e impulsos. “Modesto” (v.2) – bem organizado, conveniente. “Hospitaleiro” (v.2) – generoso, que trata bem as pessoas, principalmente as visitas. “Apto para ensinar” (v.2) – Paulo está recomendando alguém que ama a Palavra e estuda a Palavra visando edificar o povo; habilidoso no ensino. “Não dado ao vinho” (v.3) – não descontrolado, que bebe em excesso. “Nem violento, porém cordial, inimigo de conflitos” (v.3) – não briguento, mas íntegro, suave, gentil, pacífico e pacificador. “Não avarento” (v.3) – não amante do dinheiro, dos lucros; alguém que ama mais as pessoas do que bens e coisas. 2. O diácono precisa ser (v.8-10,12) A palavra “do mesmo modo”, que aparece no versículo 8, nos revela que o ofício do diaconato não é menos digno do que o de presbítero. As exigências são praticamente as mesmas, apenas a função entre eles que é diferente. “Sejam respeitáveis” – dignos de respeito, sérios e honestos. “De uma só palavra” – não diz uma coisa aqui e outra ali, imparcial. “Não inclinados a muito vinho” – não seja viciado nem tenha a mente voltada para a bebida. “Não gananciosos” – não pode ser avarento, mas digno de confiança para lidar com as ofertas e o dinheiro da igreja. “Marido de uma só mulher” (v.12) – que tenha uma vida familiar irrepreensível. “Conservando o mistério da fé com a consciência limpa” (v.9) – vida de pureza e de santidade. Cartas Pastorais para hoje O líder precisa ser aprovado por Deus, por si mesmo e pelos outros. Carisma e caráter andam juntos. II. O líder deve ter boa reputação (1Tm 3.2,7-8) Enquanto eu escrevia esta lição, li uma frase que circulou nas redes sociais dizendo: “Caráter é fazer o certo, mesmo que ninguém esteja olhando”. Concordo com essa afirmação, porque o caráter fala da essência da pessoa, define o “SER”. Mas o caráter deve ser refletido na conduta. O caráter está relacionado com o que eu sou, e a conduta, com o meu modo de viver. Jó era “homem íntegro”, esse era o seu caráter. Mas o texto ainda diz que ele “se desviava do mal”. Essa atitude prática revela como era a sua conduta (Jó 1.1). Caráter trata da minha relação com Deus e comigo mesmo. Conduta, boa fama, reputação dizem respeito à minha relação com os outros. O versículo 2 diz que o presbítero deve ser “irrepreensível”, e o versículo 7 diz que ele deve ter “bom testemunho dos de fora”. O versículo 8 diz que os diáconos devem ser “respeitáveis”, ou seja, alguém que as pessoas possam olhar com respeito. Esse é o padrão. Cartas Pastorais para hoje “Caráter é fazer o certo, mesmo que ninguém esteja olhando”. Você concorda com essa afirmação? III. O líder deve ter maturidade (1Tm 3.7,10) A maturidade é também uma exigência para ser líder na igreja. Quem almeja a liderança precisa ter maturidade para conduzir segura e equilibradamente a congregação. Por isso, a orientação de Paulo é que o presbítero não seja “neófito”, isto é, novo na fé (v.7), e que o diácono seja “experimentado”, isto é, testado e experiente (v.10). O líder precisa ser avaliado quanto à convicção de fé, quanto ao caráter e aos dons. O neófito e inexperiente corre risco pessoal de se ensoberbecer, e a igreja pode sofrer as consequências. A experiência não está necessariamente vinculada à idade, pois Timóteo era jovem (1Tm 4.12), nem por isso deveria ser desprezado. A recomendação está vinculada à vida cristã testada e às virtudes cristãs vividas e praticadas. Essa passagem não isenta os irmãos “mais velhos de fé” do exame, pois anos de igreja nem sempre são reflexo de maturidade. Um cristão veterano não é naturalmente alguém maduro. O líder deve ser coerente biblicamente, íntegro no caráter, tanto na igreja quanto em sua vida na sociedade, contando sempre com o “bom testemunho dos de fora” (v.7). Cartas Pastorais para hoje “É inconveniente, e até perigoso dar demasiada responsabilidade a novos convertidos até que sejam estabelecidos na fé”. Discutir. IV. O líder deve ter capacidade para liderar (1Tm 3.4,12) Liderança é uma necessidade para a vida de qualquer grupo ou organização. A igreja de Jesus carece de uma liderança com características que vão além das comuns a outros líderes, ou seja, vida espiritual autêntica e bom testemunho na sociedade. A saúde de uma igreja começa com uma liderança saudável. Por isso, a escolha e a eleição de presbíteros e diáconos devem ser realizadas com muita responsabilidade diante de Deus. Tudo deve ser feito com oração e de acordo com os critérios ordenados pela Bíblia. A visão dosbispos é mais ampla do que a de um cristão comum: ele deve superintender! O cargo de bispo é uma obra (3.1): “bispo” não é mero título de honra, mas uma obra de muita responsabilidade espiritual (note as fortes advertências de Paulo em At 20.28-32). Essa obra deve ser feita somente por homens preparados e qualificados pela palavra de Deus! Quem vai supervisionar, olhar sobre, liderar, precisa ter sido aprovado na liderança da própria casa. Por isso, entre as características apontadas por Paulo, algumas se relacionam com a família. Destacamos as expressões dos versículos 4 e 12: 1. Referindo-se aos presbíteros “… e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito”(v.4). 2. Referindo-se aos diáconos “… seja marido de uma só mulher e governe bem seus filhos e a própria casa” (v.12). Governar bem a casa, liderar bem a família é o maior e melhor teste para quem aspira liderar a igreja do Senhor Jesus. Quem aspira à liderança precisa ter sido aprovado na liderança da própria família. O versículo 5 é enfático: “Se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” Cartas Pastorais para hoje Será que Paulo está dizendo que o homem que não é apto para governar a própria família será incapaz de ser líder na igreja de Deus? Discutir. V. O líder deve conhecer a natureza da igreja (1Tm 3.14-16) Paulo usa três expressões para descrever a igreja nesta conclusão do texto sobre a liderança: Casa de Deus (v.15); Igreja do Deus vivo (v.15); Coluna e fundamento da verdade (v.15). Conclusão O verdadeiro líder cristão, antes de pensar em preencher todos os requisitos, precisa andar com Deus, buscar os recursos de Deus, caminhar em total dependência de Deus, porque Nele as necessidades são supridas, somos capacitados e motivados a servir como presbítero, diácono, ou em qualquer outra área que Deus nos colocar. O padrão elevado só pode ser atingido quando estamos com Deus e dependemos Dele. 5 Falsa doutrina na igreja José Nilton Alves Andrade texto básico 1Timóteo 4.1-16 versículo-chave 1Timóteo 4.1 “Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai identificar as falsas doutrinas e compreender que o bom ministro deve ser fiel ao Senhor e diligente no ministério. leia a Bíblia diariamente seg Ef 6.11-18 ter At 19.23-40 qua Mt 10.16-23 qui At 20.28-31 sex 1Tm 4.1-5 sáb 1Tm 4.6-10 dom 1Tm 4.11-16 N esta lição, tratamos das advertências do apóstolo Paulo a Timóteo acerca do perigo das falsas doutrinas, do caráter e da obra do ministro, num contexto de danosa influência dos falsos mestres. Identificamos um falso mestre pela recusa em aderir ao ensino bíblico e pela atitude soberba (1Tm 1.7; 6.3-4). A tarefa de Timóteo na cidade de Éfeso não era pequena. Paulo o havia deixado com a incumbência de corrigir “certas pessoas” que estavam promovendo erro doutrinário (1Tm 1.3). Para ajudar Timóteo a combater falsos mestres, Paulo ensina “como se deve proceder na casa de Deus” (1Tm 3.15). I. A natureza das ameaças (1Tm 4.1-5) A apostasia (v.1a) Espíritos enganadores (v.1b) Doutrinas de demônios (v.1c) 1. A Bíblia adverte que alguns deixarão a boa doutrina (v.1) Apostasia significa “abandono premeditado e consciente da fé cristã”. Nesses versículos, Paulo volta ao assunto de falsos mestres. (O que não implica na perda de salvação destes, mas na revelação da verdadeira natureza deles como não convertidos). (cf. 1Jo 2.19; Jd 24). a. Paulo deixa claro que o aparecimento desses homens não deve pegá-los de surpresa, porque o Espírito tinha avisado. b. Isso indica que a base para tal ensinamento é de Satanás. c. Ele dá exemplos específicos de erros e explica por que são erros. 2. A falsa doutrina é engano de Satanás (v.1) O líder é responsável pela proteção e por alertar as ovelhas quanto ao perigo dessas doutrinas. Por isso, precisa de preparo bíblico e teológico. Doutrinas de demônios não significam ensinamentos sobre demônios, mas doutrinas inspiradas por demônios, ou que têm sua fonte no mundo demoníaco. As Escrituras descrevem o diabo não apenas como tentador, atraindo pessoas para o pecado, mas também como enganador, seduzindo as pessoas para o erro. 3. A falsa doutrina inclui legalismo e regras humanas (v.2-3) Paulo sabia que, se a igreja deixasse de verificar os seus ensinamentos, a saúde espiritual dela correria sérios riscos, ouvindo espíritos enganadores e doutrinas de demônios. a. Proibindo o casamento – A Bíblia ensina que o casamento é honroso, e os apóstolos foram autorizados a ter a própria mulher (1Co 9.5). b. Ordenando a abstinência de alimentos criados por Deus. A Bíblia diz que Deus nos dá tanto a instituição do casamento, como também o alimento. Deus viu tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom (Gn 1.31). Em Marcos 7.19, lemos que Jesus considerou limpos todos os alimentos. 4. A falsa doutrina nega que Deus é o Criador de todas as coisas (v.4-5) O versículo 5 prevê que a palavra de Deus nos ensina a verdade sobre comida, sexo e todas as coisas (Gn 1.31; Mc 7.7,18-19). O evangelho havia libertado todas as proibições e legalidades sobre alimentos. A pessoa de oração, especialmente aquela que pratica a ação de graças, é quem desfrutará plenamente dos dons divinos sem sentir qualquer culpa. Cartas Pastorais para hoje Como pode uma igreja fortalecer os seus membros para não serem enganados pelos ensinamentos errados como esses? Você acha que é pecado comer alguma coisa? Você já se sentiu culpado ao praticar sexo com seu cônjuge? II. Como Timóteo deve lidar com as heresias (1Tm 4.6-11) 1. “Expondo estas coisas aos irmãos” Para que as pessoas não caiam no erro, é necessário que homens fiéis como Timóteo ensinem cada vez mais “as palavras da fé e da boa doutrina”, praticadas por eles mesmos (v.6), e que rejeitem as “fábulas profanas”, tradições de homens tolos (v.7; cf. 1.4). O ensinamento da verdade dará aos homens o que é necessário para a prática espiritual. 2. “Você será um bom ministro de Cristo Jesus” Aqui, encontra-se a mensagem central da carta, porque estão concentrados os conselhos para o pastor, e são de grande valor para todo servo de Deus. Para ser bom professor, Timóteo precisava ser alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina, como vinha seguindo. Para sermos bons servos de Jesus Cristo, devemos estar cheios da Bíblia, que contém as palavras da fé e da boa doutrina. Ninguém dá o que não tem. “O bom ministro” é aquele que serve (diakonos) os convidados à mesa como um garçom. Somos mordomos de Deus, e o alimento que servimos a Seu povo é a Palavra. “O bom ministro” exorta, ensina e discipula suas ovelhas (v.6). “O bom ministro” zela pela vida espiritual do rebanho do Senhor. “O bom ministro” precisa conhecer a sabedoria e a instrução (Pv 1.2). “O bom ministro” deve ser consagrado com qualificação suficiente para o ministério. 3. Exercício físico versus piedade (v.7-8) Aqui temos o confronto da cultura grega sobre o culto ao corpo versus a piedade. “Exercite-se, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico tem algum valor, mas a piedade tem valor para tudo...”. O sentido básico da palavra “piedade” é reverência e respeito. Assim como é necessário o exercício físico para manter o corpo em boa forma, também é necessário exercitar a alma “na piedade” (v.7). O exercício espiritual é mais proveitoso do que o físico, pois prepara pessoas para terem a força de lutar e se esforçar na esperança da salvação (v.9-10). III. Timóteo: exemplo a ser seguido (1Tm 4.11-16) 1. “Seja um exemplo para os fieis” (v.12-16) Paulo não queria que a juventude de Timóteo impedisse a sua eficácia como pregador da palavra de Deus. Afinal, o que faz de um servo de Cristo um bom ministro não é a sua idade ou formação teológica, e sim a sua fidelidade para com a Palavra a ele conferida (v.12-13,16; 1Co 4.1-4). O servo de Cristo precisa se dedicardiligentemente a fim de mostrar o “padrão” da vida cristã na sua própria vida (v.12) e para exortar e ensinar a outros (v.13-15). Sem o esforço necessário para estudar e viver verdadeiramente a palavra do Senhor, muitos que se chamam “ministros” de Deus levam pessoas à destruição eterna. O resultado, porém, da prática e do ensino fiel da doutrina de Cristo é a salvação de todos que obedecem a ela (v.16). 2. Ensino prescritivo (v.11) “Ordene estas coisas e ensine-as”. Paulo, aqui, determina que Timóteo não fraqueje na ministração da doutrina à igreja em Éfeso, visto que as heresias estavam se espalhando com certa facilidade, por meio de homens “que falam mentiras e que têm a consciência cauterizada”(1Tm 4.2). 3. Exemplo para os fiéis (v.12) Timóteo era jovem, tímido e doente. Por isso, algumas pessoas em Éfeso estavam inclinadas a desprezar sua liderança. Paulo, então, desafia o jovem pastor a não ficar desanimado, mas a se erguer como exemplo de maturidade espiritual para todos os fiéis. Paulo elenca cinco áreas em que Timóteo deveria ser exemplo: a. No falar (na palavra). O líder espiritual não pode tropeçar na própria língua. Seu linguajar precisa ser puro, e suas palavras precisam ser verdadeiras e oportunas. Não pode ser maledicente nem usar linguagem profana. b. Na conduta. Ele deve ser irrepreensível na conduta. A vida do líder precisa ser consistente com a grandeza do ministério que exerce. c. No amor. O amor é o distintivo do cristão. O líder cristão precisa ter profundo apego pessoal a seus irmãos e genuína preocupação com o seu próximo. d. Na fé (nas relações com Deus). O líder espiritual precisa ter fé sem fingimento. Deve confiar em Deus e ser fiel a Ele. e. Na pureza. Éfeso era um centro de impureza sexual, e o jovem Timóteo enfrentava muitas tentações. Seu relacionamento com as mulheres da igreja deveria ser puro (1Tm 5.2), refere-se à pureza de ato e de pensamento. Cartas Pastorais para hoje Há uma relação estreita entre a vida do professor e vida exemplar. Se não vivemos o que ensinamos, as pessoas não querem nos ouvir. 4. Cuidado na leitura pública das Escrituras, na exortação, no ensino da doutrina Há uma ordem definida aqui. Antes de tudo, Paulo enfatiza a leitura pública da palavra de Deus – prática iniciada nos tempos do Antigo Testamento (Ne 8.1-18) e continuada nas sinagogas (Lc 4.16). Depois, Timóteo foi orientado a exortar os crentes, baseando-se no que tinha lido, por meio da pregação. Ensinar refere-se ao treinamento na doutrina cristã. Conclusão A apostasia já começou, temo-la visto a cada dia, a cada instante. Muitos, sem qualquer temor, têm trocado Jesus por tudo o que este mundo oferece, endurecendo o coração às advertências e às palavras que o Espírito Santo tem colocado na boca. Não nos cabe outra atitude senão a de vigiar! 6 Responsabilidade com os vários grupos na igreja Klaus Assalim Gomes de Oliveira texto básico 1Timóteo 5.1–6.2 versículo-chave Hebreus 3.12-13 “Tenham cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha um coração mau e descrente, que o leve a se afastar do Deus vivo. Pelo contrário,animem uns aos outros...” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai compreender o valor da prática da exortação cristã e passará a exortar com amor. leia a Bíblia diariamente seg 1Tm 5.1-2 ter 1Tm 5.3-10 qua 1Tm 5.11-16 qui 1Tm 5.17-20 sex 1Tm 5.21-23 sáb 1Tm 5.24-25 dom 1Tm 6.1-2 A igreja é um dos poucos lugares da sociedade onde se pode obter auxílio e orientação para todas as áreas da vida, para todo tipo de pessoa, em qualquer idade. Por meio da palavra de Deus, a igreja tem o poder de transformar o ser humano de dentro para fora, e de modo surpreendente mudando, assim, a sociedade. Essa é a nossa responsabilidade e, ao mesmo tempo, um grande privilégio. Qual outro ensino pode transformar assim? Se não a igreja, pela Palavra, quem poderá orientar a todos os homens rumo a Deus? I. Ministrando a diversos grupos sociais (1Tm 5.1-2) Ao mesmo tempo em que precisamos ter um olhar para o mundo em que vivemos, para a sociedade na qual estamos inseridos, precisamos também focar nas pessoas que já estão fazendo parte da igreja do Senhor. Sendo nossa tarefa, conforme a palavra de Jesus, ensinar “a guardar todas as coisas que tenho ordenado a vocês” (Mt 28.20), precisamos fazer isso de modo relevante para cada grupo de pessoas que temos sob nossos cuidados. Todo cristão é responsável por compartilhar a palavra de Deus, por exortar uns aos outros (Hb 3.13), por edificar uns aos outros (Ef 4.29). Portanto, temos de procurar, com zelo, cuidar para que todos: idoso, moço, mulher, moça, sejam ministrados de modo respeitoso e apropriado. 1. Exortar com consideração Exortar = encorajar; consolar Aos homens idosos: respeito como é devido ao pai; Aos moços: respeito como é devido ao irmão; Às mulheres idosas: respeito como é devido à mãe; Às moças: respeito como é devido à irmã. Com toda a pureza: como é devido a todos os irmãos, em todas as circunstâncias e, especialmente, devido às moças, por um jovem pastor. Devemos, portanto, exercer a exortação, em amor, com consideração e respeito, de modo puro, isento de vaidade, soberba ou vanglória. “Toda exortação que busca atingir o coração errará o alvo se não partir de um grande respeito, de uma profunda consideração perante o caráter único da condição do outro como criatura. Antes violentará, esmagará o outro, constrangendo-o ou escravizando-o em vez de libertá-lo” (1Timóteo, Comentário Esperança). 2. Falar ao coração O jovem pastor Timóteo deveria estar seguro de quem era (2Tm 1.6) e da função que ocupava diante da igreja. Isso o livraria de ser rude, autoritário e/ou negligente com as pessoas, por motivo de insegurança pessoal. É tarefa exortar seja quem for, mas nunca sem amor e respeito. Ele, assim como todos os irmãos, deve exortar “uns aos outros” em amor, visando alcançar o coração ao final. Cartas Pastorais para hoje O princípio geral ensinado por Paulo nos diz que devemos tratar as outras pessoas na igreja como tratamos os membros da nossa própria família. Você tem feito assim? II. Ministrando às viúvas (1Tm 5.3-16) A divisão de funções na igreja se mistura com o surgimento das necessidades das viúvas (At 6.1). Paulo, sabendo que Timóteo tinha também dilemas na igreja para lidar sobre esse assunto, traça um caminho para tomada de decisão de como socorrer e quando socorrer a viúva. 1. “Aquela que é viúva de fato” (v.5,9-10) Já mencionamos que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito, isso inclui, portanto, todas as viúvas. Mas há um grupo específico de viúvas que Paulo ressalta que de modo algum devem ser esquecidas: “as que são verdadeiramente viúvas”. São aquelas que, perdendo o marido, fonte de “recurso para manutenção”, não tenham ninguém para assisti-las, exceto Deus. Em Deus, elas buscam o auxílio constantemente. A estas, devemos uma “honra” especial, ou seja, olhar atento, cuidadoso, mantenedor e amoroso; fazendo o possível para suprir suas necessidades. Uma série de características é apontada como atitudes especiais de uma viúva cristã que deve, portanto, ser assistida pela igreja: mais de 60 anos (bem específico para o contexto local da carta); esposa de um só homem; bom testemunho de boas obras; criou bem os filhos; acolheu a estranhos; lavou os pés dos santos, ou seja, prestou serviços humildes aos que pertencem ao povo de Deus; socorreu o aflito; viveu de modo digno. 2. Viúvas que têm família (v.4,8,16) A igreja deve suprir a “desamparada”, mas, aquela que tem família, a igreja deve instruir e motivar a família a ser a principal mantenedora da viúva. A responsabilidade direta é da família que deve amparar (v.16) e não ficar “sobrecarregada a igreja”. E isso é agradável diante de Deus (v.4). Esse é um ponto delicado na prática, pois nem todas as famílias têm essa consciência, ficando algumas viúvas em situação crítica. A estas, entendo que a igreja deve considerar auxiliar, apoiar e motivar, lembrando que a igreja não está no mundo para cumprir“assistencialismo”, e sim para mover as pessoas a uma condição de vida digna. 3. Viúvas vivas, mas mortas (v.6-7) “A verdadeira viúva está viva porque está acordada em Deus; a que vive levianamente já morreu” (1Timóteo, Comentário Esperança). Qualquer pessoa, inclusive a viúva, que ainda não reconheceu a Jesus como seu Salvador, mesmo estando viva, está morta espiritualmente. É necessário crer em Cristo para receber a vida que Deus dá (Ef 2.1,8-9). Deus deve ser a nossa fonte de vida, porque Jesus é a vida (Jo 14.6). Às vezes, essas viúvas vão viver uma vida dissoluta e sobrecarregar a igreja com seus pedidos e necessidades. Devemos ter discernimento em ajudar tais pessoas, pois as Escrituras afirmam que para serem ajudadas precisam demonstrar, antes de tudo, que são mulheres de Deus. 4. “Viúvas mais novas” (v.11-15) Cartas Pastorais para hoje Quem cuida das viúvas desamparadas na sua igreja? Que devemos fazer? III. Ministrando aos irmãos na liderança (1Tm 5.17-25) Paulo instrui o pastor Timóteo a preocupar-se com o perigo: da falta de cuidado material dos presbíteros (v.17); de se aceitar denúncia contra presbíteros sem o depoimento de duas ou três testemunhas (v.19); da negligência em disciplinar, publicamente, os presbíteros que vivem no pecado (v.20); de impor precipitadamente as mãos para a ordenação de presbíteros correndo o risco de se tornar cúmplice de pecados de outrem – pois os pecados de alguns são notórios (o que facilitaria a rejeição do homem ao cargo de liderança), mas de outros só mais tarde se manifestam, ou seja, é necessário cautela (v.22,24). Cartas Pastorais para hoje Como essa orientação de Paulo a Timóteo, em relação à liderança da igreja, se aplica à sua igreja? IV. Ministrando aos escravos (1Tm 6.1-2) É dever do ministro de Deus orientar os que se encontram em posição de servo (empregado) a: 1. Considerarem dignos de toda honra o próprio senhor (patrão) Mesmo que o patrão seja descrente, devem agir dessa forma. a. Porque é uma ordem – “considerem”, vem de egeomai que pode ser traduzido também por: conduzir; pensar que; acreditar; considerar como, tomar alguém por algo. O verbo se encontra no presente do imperativo, devendo ser considerado uma ordem de ação contínua. b. Para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados– Deus é poderoso para que, por meio de um testemunho exemplar, mesmo aqueles que se encontram em posição de escravidão, sejam instrumentos para conduzir seus senhores ao conhecimento de Cristo. c. Porque agindo assim demonstram temor ao Senhor (Cl 3.22). d. Porque receberão do Senhor a recompensa da herança (Cl 3.24; Ef 6.8). 2. Considerarem dignos de toda honra o próprio senhor Principalmente se for crente (1Tm 6.2). Cuidados a serem evitados: a. Desrespeito. “não o tratem com desrespeito” – Alguns passam do limite do bom senso por estar trabalhando para um irmão em Cristo. Abusam da identidade (cristão) para agir com leviandade. b. Negligência. “trabalhem ainda mais” – Um crente que serve a um senhor crente deveria ver nisso uma oportunidade de, juntos, glorificarem a Deus ainda mais. Mas infelizmente, muitos abusam da identidade (cristão) para agir com irresponsabilidade, achando que serão perdoados e jamais punidos (no caso dos escravos) ou demitidos (na atualidade). Conclusão A falência do alcance do testemunho cristão tem suas raízes num ensino fraco aos diversos grupos na igreja. De certo que cada igreja tem seu “perfil”, mas nenhuma pode ser estéril em ministrar aos diversos grupos que a compõem. 7 Os perigos do dinheiro Acácio Soares de Alencar texto básico 1Timóteo 6.3-10,17-19 versículo-chave Provérbios 11.28 “Quem confia nas suas riquezas cairá, mas os justos reverdecerão como as folhagens.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai refletir sobre os ensinos bíblicos a respeito do dinheiro e da riqueza, buscando contentamento em Deus. leia a Bíblia diariamente seg Pv 30.7-9 ter Lc 14.28-32 qua Pv 3.5-10; 2Co 9.6-11 qui 1Co 9.6-14 sex Mt 6.19-21 sáb Mt 5.1-11 dom Lc 19.1-10 A fidelidade do apóstolo Paulo com o verdadeiro ensino bíblico e o zelo com o que se ensina na igreja precisam ser readquiridos por ambos, professor e aluno. Esse cuidado com a igreja do Senhor nasceu bem antes de ele escrever as cartas a Timóteo (At 20.29-35). E tempos antes desses fatos, Jesus Cristo, o nosso Mestre, já advertira Seus primeiros alunos (Mt 7.15- 20). Precisamos ser tomados desse zelo cristão (Jo 2.17; Rm 12.11; 2Co 8.21; 11.2). Resolver as questões financeiras e usar adequadamente o dinheiro no contexto da igreja cristã é um desafio constante. Fazer orçamento, planilhas de gastos, poupança, são passos cruciais no processo. Mas é o estudo adequado das Escrituras que nos darão os fundamentos e as motivações necessárias para o domínio do dinheiro. I. Falsos mestres (1Tm 6.3-6) O mau uso do dinheiro é tão perigoso quanto receber e dar ensino falsificado, enganoso, heterodoxo, que “não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade” (1Tm 1.3; 6.3; Mt 7.15). O mau uso de recursos financeiros pode ter duas origens diretas: 1. Presença de ensino falso – “outra doutrina” (1Tm 1.3; 4.1-3) Mitos sobre dinheiro são ensinados no meio evangélico como se fossem verdades. Pessoas enganando e sendo enganadas estão dentro e fora da igreja. Irmãos com dificuldade na área financeira se tornam vítimas de enganadores de plantão que são motivados pelos possíveis lucros advindos da piedade (1Tm 6.3-5). 2. Ausência de ensino verdadeiro (2Tm 3.16-17) Na Bíblia, encontramos os ensinos mais preciosos sobre os princípios da boa administração financeira. Jesus Cristo é o Mestre por excelência desses princípios (Mt 13.45-46; 18.23-35; 22.15-22; Lc 14.28-32; 16.1-13). É mister obedecer a esses ensinos, do contrário seremos enganados por falsos mestres. No contexto dos efésios, havia os gnósticos, os filósofos epicureus e estoicos. Foi a respeito destes que Paulo admoestou Timóteo e Tito (1Tm 1.3; 6.3-4; Tt 1.14; At 17.18). A influência filosófica antropocêntrica daquela época era tão ou mais perniciosa quanto a atual (2Tm 3.1-9). Zelemos pelo ensino das Escrituras. II. Os que querem ficar ricos (1Tm 6.6-10) Corações corrompidos pelo pecado da ganância não são um fenômeno moderno. Milênios antes de Cristo, Deus condenou Balaão por sua ganância (Nm 22.1-24.25; 2Pe 2.12-16; Jd 11); e o salmista reprova a arrogância, a cobiça e a presunção do coração do homem ganancioso (Sl 10.2-4). Logo, podemos inferir que o desejo por riqueza não é de agora. Deus nos deu as Escrituras Sagradas como manual de disciplina e orientação nas questões cruciais da vida (v.6), e para nos proteger dos perigos da riqueza (v.9-10). Note, o problema não é a riqueza, mas falso ensino em que a piedade é fonte de enriquecimento (v.5). Estudemos esses quatro fatos. 1. A riqueza não gera contentamento (v.6) O termo “contentamento” significa “uma suficiência interior que nos mantém em paz apesar das circunstâncias exteriores” (W.W. Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo). Em Filipenses 4.11, Paulo usa o mesmo termo, indicando o estilo de vida do legítimo cristão, que não depende de dinheiro para sua satisfação e paz interior. Wiersbe comenta: “são os ricos, não os pobres, que consultam os psiquiatras e que se mostram mais propensos a cometer suicídio”. 2. A riqueza não dura pra sempre (v.7; Pv 11.28; 23.5; 27.24; Jó 1.21) No livro Minhas finanças: atitudes e ações para uma vida financeira bem- sucedida (Editora Esperança), Ion de Verr escreve: “O dinheiro, sem dúvida alguma, é importante e necessário, mas ele deve ser visto de uma perspectiva menos fantasiosa e mais realista”. Ele destaca três mitos sobre o dinheiro: a. dinheiro é sinônimo de sucesso e felicidade; b. a melhor estratégia de crescimento financeiro é aumentar a renda; c. dinheiro é sinônimo de filho bem-sucedido. Cartas Pastorais para hoje Infelizmente esses mitos estão na mente de muitas pessoas. Estão também na sua? 3. O contentamentoé possível e não exige alto custo (v.8) A plena satisfação, o gosto de vida na boca, a vida abundante (Jo 10.10) não são resultados direto de riqueza financeira. Veja o que disse o homem mais rico que já existiu (Pv 17.1). O avarento é capaz de passar fome contando o dinheiro que lhe custou tão caro para adquirir (Lc 12.15). Vida simples como a de Cristo deve ser o padrão dos fiéis – “aprendam de mim”(Mt 11.28- 30). 4. A ganância pela riqueza produz malefícios (v.9-10) O cenário que Paulo retrata aqui é de alguém afogado, atolado na desgraça (v.9) como resultado de uma vida contaminada pelo amor ao dinheiro (no grego, afeto pela prata). Leia Provérbios 21.6 e Eclesiastes 5.10-17. A ganância financeira no meio religioso é um problema a ser resolvido, quiçá pudéssemos resolver. Reafirmando, o problema aqui não é o dinheiro ou a riqueza (Dt 8.18), mas as consequências nocivas de um coração ávido por dinheiro, que aumenta a sua riqueza por meio do serviço piedoso (v.5). Obviamente, isso não exclui a necessidade de sustento financeiro aos que integralmente servem à igreja (1Tm 5.17-18; 1Co 9.6-14). III. Os que são ricos (1Tm 6.17-19) Após as advertências de Paulo sobre não amar o dinheiro, ele dá três recomedações aos irmãos ricos, membros da igreja, lembrando-os de que a riqueza financeira só é riqueza neste presente mundo, no vindouro a riqueza é outra (Lc 12.20-21; Mt 6.19-21). 1. Não sejam presunçosos, arrogantes (v.17) A arrogância e o orgulho são como duas folhas de uma larga porta, por ela, facilmente o pecado entra e se mistura com a riqueza, causando danos na casa. O acúmulo de bens materiais sem a percepção dessa ameaça provoca a perda da maior riqueza: a entrada no reino de Deus (Lc 18.24-25). Nossos irmãos ricos necessitam de apoio em oração, para não caírem na tentação de acreditar que a riqueza neste mundo gera o tipo certo de felicidade (Mt 5.1- 11; Jo 14.6). 2. Não depositem esperança na incerteza da riqueza (v.17) Já aprendemos que a riqueza não é duradoura (v.7; Pv 11.28; 27.24). Portanto, é tolice confiar na riqueza material. O orgulhoso rei Saul foi um desses tolos que depositavam suas esperanças na abundância dos seus próprios bens (Sl 52.7; 1Sm 22). Jesus Cristo é a única esperança digna de total confiança (Rm 5.5; 8.24; 1Pe 2.6). Deus nos proporciona toda a riqueza de que precisamos para o nosso contentamento Nele (Mt 6.25-34). Cartas Pastorais para hoje Uma excelente oração a ser feita aqui é a que o sábio Agur, filho de Jaque, recomendou a Itiel e Ucal, em Provérbios 30.7-9. Vale a pena fazer essa oração! 3. Pratiquem boas obras com sensibilidade, solidariedade e generosidade Esta é a última orientação que Timóteo deu aos irmãos ricos da igreja em Éfeso (v.18). O entendimento que se deve ter hoje e sempre é o mesmo. Deus é quem proporciona a riqueza de origem lícita (Dt 8.17-18). Ele é a fonte, o sustentador e quem dará fim a tudo o que existe (Rm 11.36). Portanto, é sábio e prudente usar das riquezas para a prática de boas obras (Ef 2.10). Jesus Cristo, além de ter recebido presentes caros, presentes de rei – ouro, incenso e mirra (Mt 2.11), posteriormente foi ajudado por ricas senhoras (Lc 8.3). Os crentes ricos praticaram espontaneamente a partilha de bens: Zaqueu (Lc 19.1-10); José de Arimateia (Lc 23.50-53); Barnabé (At 4.36); Cornélio (At 10.1-2); Lídia (At 16.15,40); Públio (At 28.7). Conclusão Timóteo tinha a missão de doutrinar teologicamente a igreja em Éfeso, protegendo-a de falsos ensinos e de mestres falsos (v.3-4); do ímpeto pela riqueza, custe o que custar (v.8-10); e de adequar o modus operandi dos ricos convertidos (v.17-19). Alicerçados e amparados na Palavra da fé (v.12), temos a garantia de que o melhor tesouro, o mais valioso, nos aguarda no mundo por vir (v.19) 8 Recomendações ao homem de Deus Jessé Ferreira Bispo texto básico 1Timóteo 6.11-16,20-21 versículo-chave Provérbios 22.17 NVI “Preste atenção e ouça os ditados dos sábios, e aplique o coração ao meu ensino.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai refletir a respeito das características do homem/mulher de Deus, identificar quais precisa desenvolver e esforçar-se para isso. leia a Bíblia diariamente seg Pv 4.20-27 ter 1Tm 6.3-10 qua Pv 4.1-19 qui 1Tm 6.11-16 sex Pv 22.17-21 sáb Mt 11.28-30 dom 1Tm 6.20-21 É maravilhoso poder se entregar ao serviço de Deus. Aqueles que de maneira voluntária e espontânea se dispõem a essa tarefa, não há dúvidas, tomaram uma excelente decisão. Esta carta visa especialmente falar com esses servos de Deus. Ela está chegando ao fim, mas existem aqui preciosas recomendações. Veja como Deus é poderoso. Seu exército possui os mais diferentes tipos de pessoas, raças, idades, com muitas variações. Jovens podem, por meio da fé, se identificar de tal forma com aqueles que são chamados “homens de Deus”. É assim que Paulo inicia esta série de recomendações ao jovem Timóteo. Deus espera que os que se comprometem em Seu serviço sejam qualificados com princípios ligados ao Seu caráter e aos Seus atributos. Essas instruções devem ser como aguilhões bem fixados que tatuam o comportamento e o caráter de Seus escolhidos. Eles vão perceber que, ao colocar em prática, acharão em cada uma delas grande alegria. Nada no nosso andar com Deus deve ser um fardo pesado e cansativo. Jesus nos motiva a experimentarmos do Seu jugo. Sua palavra é clara e objetiva – ele é leve e suave. Então, vamos às recomendações. I. Ande com conduta íntegra (1Tm 6.11) A forma como o homem de Deus deve andar e se comportar diante das pessoas é muito importante. Ele deve transmitir a beleza de Deus com suas palavras e ações. A integridade do homem de Deus será desenvolvida com o seguinte contraste: 1. Obediência à ordem para fugir Existem coisas das quais deve fugir (v.3-10), tais como, conversas que geram controvérsias e contendas, apego às coisas materiais, faltar com a verdade, duvidar da sã doutrina e ensinar falsas doutrinas. A ordem é clara: foge de tudo isso. 2. Obediência à ordem para correr atrás (buscar) Por outro lado, ele deve buscar bom testemunho de maneira justa, piedosa, fervorosa, amorosa, perseverante e com mansidão. Seu testemunho deve ser o cartão de apresentação de sua mensagem. Suas ações devem falar mais que suas palavras, e também autenticá-las. Como é bonito estar com alguém que trata as pessoas com amor, tem disposição para ouvi-las, dá conselho, faz advertência construtiva, ora por elas e com elas. Eles não apenas conhecem a Deus, mas estimulam outros a conhecê-Lo e ter intimidade com Ele. Cartas Pastorais para hoje Veja se não há coisas de que você precisa traçar um plano de fuga e se não há outras que deve buscar com mais intensidade. II. Lute pelos valores de sua fé (1Tm 6.12) Tantos lutam por coisas que perecem com o tempo: constroem lindos castelos, plantam vinhas, alcançam impérios – coisas que não são eternas. Mas o homem de Deus luta o bom combate da fé. 1. Luta de maneira perseverante por meio da vida devocional Ele estuda a Bíblia, luta com persistência para conhecer e viver os ensinamentos dela. Ele entra no mundo divino, apega-se a Deus em amor e aperfeiçoa seu relacionamento com Deus. 2. Luta com as mesmas armas dos servos de Deus do passado Lembra-se de Enoque? A Bíblia diz que ele aprendeu a andar com Deus com intensidade cada vez maior. Chegou o tempo em que a identidade de Enoque era a expressão do próprio Deus. Jesus disse que, quem tem os Seus mandamentos e os guarda, este é o que O ama. Ao ler com atenção o famoso capítulo da Bíblia sobre os heróis da fé, Hebreus 11, vemos personagens que acreditaram em Deus e em Suas determinações. Alguns deles dispuseram a dar a própria vida como prova concreta de sua confiança em Deus; outros realizaram coisas grandiosas por crerem no Senhor. Há um bom combate, e vale a pena lutar por ele. Cartas Pastorais para hoje Não existe condição de combater o bom combate, de terminar bem a carreira e guardar a fé sem ter a vida dirigida pelo estudo e pela obediência à palavra de Deus. Pormeio da obediência ao Senhor, podemos fazer a Sua vontade e lutar pelos valores de nossa fé. III. Aproprie-se da esperança na eternidade (1Tm 6.12) Sabemos que a natureza criada geme até agora, da mesma forma que sofre uma mulher com dores de parto sabendo que em breve verá a criança que alegrará seu coração (Rm 8.21-22). Essa é a condição deste tempo em que vivemos. Aqui sofremos com perdas, enfermidades, frio, fome, calor, e a recomendação é tomar posse da vida eterna e ter perspectiva que vai além do tempo presente. 1. Olhar direcionado às coisas que hão de vir O homem de Deus não tem os olhos presos à era presente. Ele vive intensamente como peregrino neste mundo, mas seus olhos veem além. Ele tem maravilhosa esperança na vida eterna. 2. Olhar direcionado ao conhecimento de Deus Em Sua oração, Jesus afirmou que a vida eterna consiste em conhecer o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou (Jo 17.3). Isso nos mostra que para tomar posse da vida eterna é necessário conhecimento dinâmico e relacional com Deus por meio de Jesus. No nosso dia a dia, cheio de tantas tarefas e responsabilidades, é necessário priorizar o tempo reservado para cultivar esse contato e esse conhecimento de Deus. O profeta convida seus ouvintes a conhecer ao Senhor. Eles precisam se esforçar por esse objetivo (Os 6.3). Isso não é um toque mágico, mas um caminho consciente e intencional de se relacionar diretamente com Deus por meio da fé em Cristo. Não se pode ser um verdadeiro homem de Deus quando ignoramos esse caminho. Cartas Pastorais para hoje Existe o dever de aguardar com expectativa o glorioso dia da manifestação do Senhor Jesus Cristo (v.14). Tomar posse da vida eterna requer alimentar essa esperança. Quem se apropria dessa esperança deve crer que, na época determinada, Ele será revelado. Amém (v.15). IV. Guarde o mandamento (1Tm 6.14) Novamente precisamos entender o sentido de mais uma recomendação. A que se refere esse mandamento que o homem de Deus deve guardar? Aliás, devemos sempre ler e estudar a Bíblia com este princípio: ler um texto, buscar seu contexto, notar as ligações com outros textos bíblicos e, acima de tudo, checar com o caráter de Deus. Algumas recomendações importantes já foram tratadas. Aqui elas são referidas como mandamento. Esse é o significado da palavra no texto original, mas podemos usar essa recomendação para extrair também uma preciosa aplicação ao homem de Deus: obediência às regras. O leitor desta carta não pode ser identificado como homem de Deus se não seguir as instruções bíblicas. Lembram-se dos amigos de Daniel? Eles puderam, com segurança, negar se curvar diante da estátua de ouro que o rei mandou que curvassem, porque estavam fundamentados em mandamentos da fé que professavam. Outra ilustração foi o profeta Jonas. Em momento de dura disciplina da parte do Senhor, ele recorreu à palavra de Deus. Lá no ventre do grande peixe, orou e citou muitos versículos do livro de Salmos. Essa recomendação estimula a ser: 1. Zeloso guardião dos ensinos do Senhor Para guardar tudo o que Deus deseja que saibamos, para viver com integridade, tomar posse da vida eterna, combater o bom combate da fé, é preciso conhecer a Bíblia e ter forte determinação em praticar seus ensinos. 2. Fiel cumpridor da confissão de sua fé e de seu chamado O homem de Deus não apenas guarda, como maneja bem a palavra da verdade, que é a palavra de Deus. Ele não inventa coisas baseadas em vãs filosofias. Ele afirma com segurança: “está escrito”. Cartas Pastorais para hoje Nada de pensar que o verbo “guardar” se refere a esconder. Deus espera que conheçamos o evangelho e possamos levá-lo ao conhecimento de muitas pessoas. V. Tenha percepção da presença de Deus (1Tm 6.13-16) Às vezes, podemos ter bastante limitação com os nossos reflexos e nossas percepções. O mundo agitado pode bloquear nossos ouvidos e nossos olhos, assim não ouvimos nem vemos. A recomendação aqui é singular. O desafio é educar nossa mente para reconhecermos a presença de Deus. Paulo faz essa exortação apelando para que Timóteo entenda a sublimidade de reconhecer a presença do Senhor. 1. Esta percepção nos supre plenamente Aquele que a todos dá vida é também o provedor de todas as coisas. A solidificação de nossa fé e o cumprimento de nosso chamado dependem do Senhor. Sem Jesus não podemos fazer nada. Nossos olhos precisam ser desimpedidos de qualquer barreira, o que nos ajudará a ver o Senhor Jesus “sempre” ao nosso lado. É diante de Deus que devemos fazer todas as coisas. 2. Esta percepção estimula a pensar na grandeza de Cristo Em breve, veremos a Jesus Cristo face a face. Ele virá nas nuvens dos céus, com grande glória. Quem tem familiaridade com a presença de Deus poderá afirmar que Cristo é o bendito e único Soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal. A Ele pertencem a honra e o poder eterno! Amém (16). É diante desse Senhor que vemos, por meio da fé, que o homem de Deus deve exercer seu ministério, com alegria. Cartas Pastorais para hoje Será que podemos dizer como Jó: “Meus ouvidos já tinham ouvido falar a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram” (Jó 42.5 NVI)? Conclusão Existe algo precioso que Deus nos confiou. Timóteo precisava entender que não foi Paulo, mas o próprio Deus que o responsabilizou e requer obediência aos ensinos desta carta, para não ser reprovado – “... guarde o que lhe foi confiado...” (v.20). Nesse recado, vão mais recomendações: evite conversas que comprometam a reputação do homem de Deus, que o afastem do alvo de ser exemplo, uma referência às pessoas que o rodeiam; falatórios inúteis, assuntos profanos, contradições nas coisas que diz e transmissão de falso conhecimento devem ser atitudes de que ele precisa se desviar. E Paulo termina a carta fazendo recomendação aos cuidados com armadilhas que podem desviar nossa fé. Timóteo precisa entender que alguns, por não zelarem do que falam, se desviaram da fé (v.21). Tome cuidado com as coisas que você fala. Guarde aquilo que lhe foi confiado. 9 Guardar o evangelho Jucimar Leite texto básico 2Timóteo 1.1-18 versículo-chave 2Timóteo 1.14 “Por meio do Espírito Santo, que habita em nós, guarde o bom tesouro que lhe foi confiado.” alvo da lição Ao estudar esta lição, você vai compreender a responsabilidade dos cristãos em viver e pregar o evangelho genuíno, identificar os perigos doutrinários e ser estimulado a defender a sã doutrina. leia a Bíblia diariamente seg Gl 2.11-21 ter At 20.17-35 qua Mt 24.23-26 qui At 7.1-53 sex Js 1.6-9 sáb Tt 1.10-16 dom Ap 22.18-20 Para perder valores, basta descuidar; para guardar, é preciso se concentrar! Os cristãos são exortados a ser guardiões da Palavra em dois aspectos: obedecer: “Ordene estas coisas e ensine-as” (1Tm 4.11) e “que pregue a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não...” (2Tm 4.2) e escoltar: “... insistindo que batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos” (Jd 3 NVI). Paulo não duvida da obediência de Timóteo, apenas o exorta a continuar firme, sem medo. A ideia de “escoltar” não se refere jamais à vulnerabilidade ou a alguma fragilidade do evangelho, que é o poder de Deus. A tarefa consiste em levar o evangelho de modo que ele chegue inteiro, puro, sem misturas até seus ouvintes. Essa “escolta” exige dedicação, e esse é um assunto pertinente na Segunda Carta de Paulo a Timóteo. Aqueles que obedecem à Palavra podem falhar como guardiões de sua preservação e transmissão (Jz 2.10). Devemos, porém, dar graças a Deus, pois fiéis no passado deram a vida para “escoltar” o verdadeiro evangelho até nós. Agora, a sublime tarefa nos foi dada, e a exigência é que sejamos guardiões de consciência limpa, conhecedores da essência do evangelho e sóbrios quanto à tarefa con�ada de “escoltar” o evangelho. I. Guardiões do evangelho Paulo afirmava em suas cartas que seu ministério era legítimo (v.1,11), recebido diretamente do Senhor (Gl 1.10-12). Ele tinha firme compromisso de pregar o evangelho todo (At 20.27). Aqueles que receberam
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