Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/20024 SEÇÃO DO LEITOR S E Ç Ã O D O SEÇÃO DO LEITOR Assinatura Meu nome é Laurinês Siqueira Costa, tenho 20 anos e sou forma- da em Técnico em Processamento de Dados. Atualmente estou cur- sando o Curso Técnico em Mecatrônica, o que me levou a comprar a revista MECATRÔNICA ATUAL. Trabalho em uma indústria de autopeças, na área de Manu- tenção Industrial, e os artigos en- contrados nessa revista foram de grande valia, não só para o curso que estou fazendo, como também no esclarecimento de algumas dú- vidas existentes. No entanto, gos- taria de saber se existe a possibili- dade de assinar esta revista e, se assim for, quais os procedimentos que devo seguir para tal. Desde já agradeço pela atenção. Laurinês Siqueira Costa - Departamento de Manutenção Prezados Editores: Sou Enge- nheiro Industrial Mecânico, traba- lho com Instrutor do SENAI CET de Caçador, SC, e também faço parte da Comissão de Estudos para a implantação do Curso de Engenharia Mecatrônica da UnC (Universidade do Contestado) des- ta cidade, curso esse que terá seu primeiro vestibular em fevereiro de 2002, no qual farei parte do qua- dro de professores. Fiquei sabendo da Revista edi- tada por vossa Editora através de um aluno que adquiriu um exem- plar. Minha pergunta é: Como fa- zer uma assinatura dessa revista? Se atendido, agradeço! Everaldo Cesar de Castro Prezados Laurinês e Everaldo, Infelizmente, não é possível ainda fazer a assinatura das revis- tas Mecatrônica Atual e Mecatrô- nica Fácil, pois é necessário que transcorram algumas edições para que a revista se fixe no mercado. Porém, tão logo isso seja feito, será divulgado no nosso site (http:// www.mecatronicaatual.com.br) e também na própria publicação. Formação em Mecatrônica Sou técnico com formação em Eletrônica e Eletrotécnica e trabalho atual- mente na área de Grupos Geradores, e sou aluno do Curso de Tecnologia Industrial (com ênfase em Automação Industrial) do CEFET-SP (antiga Esco- la Técnica Federal de São Paulo). Já comprei o número 1 da revista e gostei muito, penso que será uma leitura muito útil na minha formação profissional. Meu principal objetivo hoje é atuar no ramo de Automação e esse tipo de literatura vem complementar os conhecimentos adquiridos na Faculdade e ajudar nossa formação acadêmica e profissional. Obrigado e parabéns pela iniciativa. Um grande abraço a todos! Julio Cesar M. Hammerle. Curso o segundo ano de Técnico em Eletrônica em uma escola de Taubaté- UNITAU. Aqui também tem Mecatrônica, mas como a primeira turma come- çou em 2000 preferi optar pela garantia da Eletrônica, que está na escola há mais de 30 anos, apesar de gostar muito mais de automação. Esta revista veio para completar meus conhecimentos de eletrônica e apre- sentar-me conceitos de mecânica, hardware e software, que até então devi- do à Escola ensinar em moldes muito acadêmicos, não visando preparar um profissional com conhecimentos muito mais abrangentes, eu não conhecia. Espero que continuem nesse caminho: bons conteúdos teóricos, boas ilus- trações e dicas para estimular novos projetos. Acredito muito que vocês, da Editora Saber, estão dando uma enorme contribuição para o futuro do de- senvolvimento tecnológico no Brasil. Carlos Alberto da Silva Prezados Julio e Carlos, Um dos principais objetivos de nossas revistas é auxiliar na formação dos futuros profissionais na área de Mecatrônica. Os nossos artigos são escritos por técnicos, engenheiros e professores experientes, alguns dos quais atu- ando diretamente na Indústria e que, portanto, conhecem o dia-a-dia do chão de fábrica. Isso faz com que essas informações sejam de grande valia para todos aqueles que trabalham ou que ainda vão trabalhar com a Mecatrônica, principalmente dentro de um contexto industrial. Ficamos muito satisfeitos em saber que estamos alcançando nosso obje- tivo. 5MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 SEÇÃO DO LEITOR Erramos Agradecemos a todos os leitores que nos cha- maram a atenção para alguns erros cometidos na edição anterior. Pedimos aos leitores que anotem as correções. 1. Caixas de redução página 16 – Onde se lê: “... conduzem os transis- tores Q 1 e Q 3 ...” na verdade é: “... conduzem os tran- sistores Q1 e Q4...” e onde se lê: “... conduzem os transistores Q2 e Q4...” na verdade é: “... conduzem os transistores Q2 e Q3...”. 2. Os segredos da porta paralela página 36 – Onde se lê: “...podemos sugerir o cir- cuito com o 74H451...” na verdade é: “...podemos sugerir o circuito com o 74LS451...” e onde se lê: “...faz uso de um Latch Octal tipo D do tipo 74HC573...” na verdade é: “...faz uso de um Latch Octal tipo D do tipo 74LS573...” página 37 – Na figura 17, faltaram os circuitos (e), (f) e (g), que mostramos ao lado: Mecatrônica Fácil É excelente a revista Mecatrônica Atual, gostaria de saber como fazer para assinar a revista, e se o suplemento Mecatrônica Fácil vai acompa- nhar a revista todos os meses ou terá que ser adquirido em separado. Agra- deço. Antônio Carlos Gonçalves Vieira Caro Antônio, Quando a “Mecatrônica Fácil” foi concebida, a idéia era que fosse um suplemento da revista “Mecatrônica Atual”. Porém, esta mostrou-se logo ser muito mais do que um suplemento, passando a ser uma revista. A dife- rença essencial entre as duas revistas é que a Mecatrônica Fácil destina- se àqueles que desejam adquirir os seus primeiros conhecimentos de Mecatrônica através de matérias de abordagem básica e projetos práticos. Entretanto, essas matérias servem também para aqueles que desejam re- ver alguns conceitos básicos que, por algum motivo, não tenham ficado devidamente sedimentados. O mesmo se aplica aos projetos práticos. Mui- tos leitores, que já trabalham com a Mecatrônica, estão explorando o cará- ter “lúdico” da matéria através da realização dos projetos práticos publica- dos, sejam construídos por ele mesmo, ou por seu filhos ou alunos. Por outro lado, a revista “Mecatrônica Atual” destina-se àqueles que já trabalham com a Mecatrônica. A partir desta edição passaremos a trazer mais artigos pertinentes ao contexto industrial, que é onde a Mecatrônica se faz mais presente, procurando apresentar dicas e soluções para aque- les que estão, direta ou indiretamente envolvidos com a Automação Indus- trial. Assim como a outra revista, isso não significa que aqueles que estão começando, não devam aproveitar esta oportunidade de ver aplicações prá- ticas da Mecatrônica no dia-a-dia da Indústria. Portanto, as duas revistas têm condições de contribuir para todos os interessados, uma vez que o objetivo das duas é trazer informações sob abordagens diferentes. Mecatrônica Atual em todo o Brasil Gostaria de obter informações de quando a revista Mecatrônica Atual será lançada em todo terr itório nacional. Eu moro em Petrolina - PE, localizada no vale do São Francisco. Em nossa região está havendo um grande progresso em se tratando de automação de projetos de irrigação, mas os profissionais que saem das CEFET´s não conhecem CLPs, inver- sores, ou seja, instrumentação em geral. Vejo que a Editora Saber está nos beneficiando com boas informa- ções na revista Saber Eletrônica, fi- caria melhor ainda se a revista Mecatrônica Atual aparecesse por aqui. Atenciosamente, Gilson Alencar Costa Prezado Gilson, As revistas Mecatrônica Atual e Mecatrônica Fácil são distribuídas em todo o Brasil. Caso você não as en- contre, pedimos que entre em conta- to conosco através do e-mail: a.leitor. mecatronicaatual@editorasaber.com.br informando os endereços das bancas que você não encontrou para que pos- samos verificar juntamente com a Dis- tribuidora o que ocorreu. MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/20026 SEÇÃO DO LEITOR Pesquisa Agradecemos a todos os que nos ajudaram responden- do a pesquisa contida na última edição. As informações recebidas foram muito valiosas para melhorarmos a quali- dade dos artigos contidos nas revistas, procurando adequá- los às necessidades dos leitores. Pedimos que continuem nos ajudando, respondendoà pesquisa contida nesta edição para que possamos melho- rar ainda mais as próximas edições. No primeiro número, oferecemos a resposta aos 10 pri- meiros a enviar (considerando o carimbo do correio), uma caixa de redução para ser utilizada em projetos de Mecatrônica. Os contemplados foram: Anderson Abner de S. Souza – Parnamirim – RN André Hetterich Metzler – Florianópolis – SC Carlos A. Q. Pereira – São Paulo – SP J. Arthur N. F – Salvador – BA José Antônio Moraes – Tijucas – SC Luciano Batista dos Santos – São João de Meriti Marcos Alberto Bueno – Louveira – SP Paulo Vitor Pedroso – Cachoeira do Sul – RS Rafael Gomes Nogueira – Belo Horizonte – MG Reginaldo Fernando dos Reis – Poços de Caldas – MG Esclarecimentos Os segredos da porta paralela 1. O uso de resistores pequenos aumenta a ca- pacidade de corrente, mas a tensão sobre ele é me- nor. Se bem que esta solu- ção seja adotada na exci- tação de LEDs e acopla- dores, não podemos dizer que é a melhor. 2. Os CIs 74LS540 e 74LS541 são ambos buffers. A diferença é que o LS540 é inversor e o LS541 não inversor. O uso é o mesmo. Sugestões dos Leitores Prezados Editores: Sou leitor assíduo da publicação Saber Eletrônica (Tecnologia - Informática - Automação), e gostei muito dessa nova revista Mecatrônica Atual e Mecatrônica Fácil, pois hoje em dia, para nós que trabalhamos na área, é de grande valia aperfeiçoar nossos conheci- mentos. Espero ver artigos de Instrumentação Indus- trial (Pressão, Temperatura, Vazão, pH, Viscosidade, Densidade e PID). Rogério Carvalho de Castro (Téc. em Instrumentação). Prezado Rogério, Inicialmente, gostaríamos de agradecer a todos os leitores que nos enviam sugestões para a melhoria das nossas publicações. É muito importante recebermos este retorno e todas as sugestões críticas e comentá- rios podem ser enviados para o e-mail: a.leitor.mecatronicaatual@editorasaber.com.br. A partir desta edição, traremos matérias mais vol- tadas à Automação Industrial de modo que algumas das suas sugestões certamente serão contempladas nas próximas edições. Números Atrasados Olá, meu nome é Henrique do Amaral Marti, sou Técnico em Eletrônica e traba- lho em uma empresa de telefonia. Comprei a primeira edição da revista MECATRÔNICA ATUAL e gostei muito, principalmente das reportagens sobre a porta paralela e a programação usando PASCAL, foi de muito proveito para mim, até já montei um projeto usando os conhecimentos que adquiri com a revista. Fiquei espe- rando a segunda edição para que pudesse conhecer mais coisas a respeito da mecatrônica e do uso de computadores para o controle de placas eletrônicas de- senvolvidas por mim, mas acontece que na cidade em que moro (São Roque, a 50 km da Grande São Paulo) as pessoas não são muito interessadas em publicações técnicas, principalmente das áreas de Eletrônica e Mecatrônica e até agora o jorna- leiro não comprou a segunda edição. Eu já conversei com ele, mas ele não pareceu muito interessado em resolver o meu problema. Será que não haveria uma forma para que eu pudesse comprar as revistas diretamente de vocês? Se houver, por favor me informem. Obrigado. Henrique do Amaral Marti Caro Henrique, Estamos muito contentes por receber um retorno tão positivo por parte de vocês, leitores. Agradecemos muito pelo incentivo e continuaremos nos empenhando em produzir materiais interessantes e, acima de tudo, úteis. Como ainda não estamos disponibilizando a assinatura da revista, a única forma delas serem adquiridas na Editora é depois que elas são recolhidas das bancas. È possível adquir ir os números atrasados através do site: http:// www.mecatronicaatual.com.br ou pelo telefone: 11 69124700. Há dois anos, aproximadamente, publicamos na Revista Saber Eletrônica uma série (composta por três artigos) sobre inversores de freqüência. Na época, as Revistas Mecatrônica Fáci l e Mecatrônica Atual estavam em uma fase “embrioná- ria”, fazendo com que todos os artigos de robótica e automação caminhassem para uma única obra, isto é, a própria “Saber”. Como agora temos não apenas uma, mas sim duas revistas de mecatrônica, decidimos rever os artigos voltados a essas áreas, e que fizeram sucesso devi- do ao seu alto nível técnico e aplicação em campo. A idéia é publicá-los novamente, visto que agora já te- mos um público “alvo” bem definido para mecatrônica. Seriamos injustos, entretanto, se não fizessemos um “up-grade” desses artigos, acrescentando as últimas tendências de mercado. Sem dúvida, dessa forma, os artigos agregarão valor ao nosso antigo e fiel leitor que, por ventura, já tenha lido a primeira versão. ELETRÔNICA ACIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS Um dos equipamentos mais clás- sicos da Eletrônica Industrial é o “acionamento”. Imaginem uma fábri- ca de papel, por exemplo. O produto deve ser “bobinado” pe- las várias etapas do seu processo fa- bril e, para isso, as bobinas devem manter o papel esticado. Notem pela figura 1 , que a rotação e o sincronis- mo entre os dois motores elétricos devem ser extremamente precisos, pois caso um motor A “gire” mais rá- pido que um B, o papel ficará com fol- ga (criando uma ‘barriga’). Por outro lado, se o motor B tender a “girar” mais rápido que o A, o papel poderá se es- ticar a ponto de quebrar. O acionamento, nesse caso, é uti- lizado para controlar a velocidade de rotação e torque do motor, de modo a manter a correta tensão mecânica do papel. Normalmente, utiliza-se um acionamento para cada motor. Assim como vimos o exemplo em uma “máquina de fazer papel”, os Alexandre Capelli MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/20028 ELETRÔNICA acionamentos são utilizados nos mais diversos equipamentos, tais como guindastes, elevadores, máquinas- ferramenta, etc... Há duas famílias de acionamentos: acionamentos de corrente contínua (também chamados conversores CC), e acionamentos de corrente alternada (também chamados de inversores de fre- qüência). O primeiro deles já se tornou obsoleto, sendo utilizado atualmente apenas em situações bem específicas. Mesmo assim, teremos de estudá-lo um pouco para que possamos compreen- der melhor os inversores de freqüência (assunto deste artigo). ACIONAMENTO CC O motor CC tem como principal qualidade seu alto torque, e prova disso é que no metrô de São Paulo, bem como nos ônibus elétricos, o motor é CC. Esse tipo de motor é largamente uti l izado em tração elétrica, situação em que neces- sitamos de alto torque (principal- mente na partida). Como tudo na vida, também te- mos desvantagens em corrente contínua. O motor CC, devido à construção do seu rotor, e à co- mutação do coletor (faiscamento), não pode atingir uma velocidade muito alta . Outra desvantagem é a necessidade de constante ma- nutenção (troca de escovas, lim- peza, balanceamento, etc...). Atu- almente, os custos de manutenção e o alto preço do motor CC limita- ram a sua utilização em situações que exigem um torque muito alto. A fórmula que mostra o comporta- mento de um motor CC é apresentada a seguir, onde: E = tensão de alimenta- ção (armadura); K = constante de mate- rial; φ = densidade do fluxo magnético; e η = velocidade de rotação (rpm). E = Κ . φφφφφ . ηηηηη Resumindo, em um motor CC a velocidade de rotação é proporcio- nal à sua tensão de alimentação, e o torque é proporcional à corrente que circula pela armadura (enrolamento do rotor). Também o fluxo magnético influen- cia a rotação, só que de modo inverso (quanto maior o fluxo, menor a rotação, e vice- versa). A figura 2 mostra o esquema geral de um acionamento CC. Notem que o acionamento é forma- do por 4 blocos básicos: regulador de velocidade; regulador de corrente; ge- rador de pulsos de disparo; e ponte retificadora. O primeiro bloco é forma- do por uma malha de amplificadores operacionais, cuja função é enviar ao próximo módulo uma tensão proporcio- nal à diferença entre a tensão de con- trole (velocidade desejada) e a tensão real (velocidade real do motor). Isso quer dizer que, para comandarmos uma velocidade para o motor, basta “in- jetarmos” umatensão DC na entrada do primeiro módulo. A rotação do motor será proporcio- nal a essa tensão de controle. Em má- quinas operatrizes, por exemplo, essa tensão é enviada pelo comando numé- rico, e seu valor está entre 0 a 10 V.Para garantir que essa rotação não se altere quando o motor estiver com carga, um pequeno gerador de tensão “DC” é acoplado mecanicamente ao eixo do motor. A tensão de saída desse gerador fica sujeita às variações de velocidade do motor, visto que o eixo do gerador gira na mesma velocidade do motor. Quando a rotação tende a cair, a tensão do gerador tende a diminuir e, imediatamente, a tensão de saída do módulo 1 aumenta, comandando um acréscimo de corrente para o segundo Figura 1 - Motores A e B, sincronizados. Figura 2 - Acionamento CC. 9MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 ELETRÔNICA módulo. Com uma corrente maior, o torque do motor aumenta, e sua velo- cidade volta ao valor desejado. Quan- do a carga do motor é retirada, o pro- cesso é o inverso, isto é, a tensão do gerador aumenta, a tensão proporcio- nal do módulo 1 diminui, e a corrente do módulo 2 também diminui, redu- zindo o torque e impedindo o acrésci- mo de velocidade. Nada disso funcionaria sem um “elo” de ligação entre as duas primei- ras “malhas” de controle e a ponte retificadora. Essa é justamente a função do terceiro bloco. Esse bloco é um gerador de pulsos de disparo. Através da tensão proporcional do módulo 2 (que é também resulta- do da proporção do módulo 1), esse módulo desloca os pulsos de disparo da ponte retificadora, au- mentando ou diminuindo a potên- cia do motor. O funcionamento detalhado desse bloco não será explorado neste artigo, porém é interessan- te para o leitor aprender sobre o circuito integrado mais utilizado para essa função, e que se trata do TCA 785. Na Saber Eletrônica número 322, o artigo “Controle de fase com o integrado TCA 785” de- monstra com mui tos deta lhes como esse dispositivo opera. No quarto e último bloco trata-se apenas de uma ponte retificadora trifásica (formada geralmente por SCR’s), que é ligada ao motor atra- vés de um sensor de corrente (S). Esse sensor propicia uma tensão de referência ao módulo 2 (regulador de corrente) proporcional à corrente consumida pelo motor. Conforme foi dito anteriormente, esse tipo de acionamento ficou ob- soleto e está sendo substituído pe- los inversores de freqüência . INVERSORES DE FREQÜÊNCIA A função do inversor de fre- qüência é a mesma do conversor CC, isto é, regular a velocidade de um motor elétrico mantendo seu torque (conjugado). A diferença agora é o tipo de motor utilizado. Os inversores de freqüência foram desenvolvidos para trabalhar com motores AC. O motor AC tem uma série de van- tagens sobre o DC: - baixa manutenção - ausência de escovas comutadoras - ausência de faiscamento - baixo ruído elétrico - custo inferior - velocidade de rotação superior. Essas vantagens levaram a in- dústria a desenvolver um siste- ma capaz de controlar a potên- cia (velocidade + torque) de um motor AC. Conforme vemos na fórmula a seguir, a velocidade de rotação de um motor AC depende da freqüên- cia da rede de alimentação. Quan- to maior for a freqüência, maior a rotação e vice-versa. N= 120.f / P onde: N= rotação em rpm f= freqüência da rede, em Hz p= número de pólos. Assumindo que o número de pó- los de um motor AC seja fixo (deter- minado na sua construção), ao vari- armos a freqüência de alimentação, variamos na mesma proporção, sua velocidade de rotação. O inversor de freqüência, portanto, pode ser considerado como uma fonte de tensão alternada de freqüência va- riável. Claro que isso é uma aproxima- ção grosseira, porém dá uma idéia pela qual chamamos um acionamento CA, de “inversor de freqüência”. Figura 3 - Esquema de um inversor de freqüência trifásico. Figura 4 - Esquema de um inversor (monofásico) de freqüência. MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200210 ELETRÔNICA Os circuitos internos de um inver- sor são bem diferentes de um acionamento CC (conversor CC). A fi- gura 3 ilustra um diagrama simplifi- cado dos principais blocos. A primeira etapa do circuito é for- mada por uma ponte retificadora (onda completa) trifásica, e dois capacitores de filtro. Esse circuito for- ma uma fonte DC simétrica, pois há um ponto de terra como referência. Temos então uma tensão contínua + V/2 (positiva) e uma –V/2 (negativa) em relação ao terra, formando o que chamamos de “barramento DC”. O barramento DC alimenta a segunda etapa, constituída de seis transistores IGBT’s e que, através de uma lógica de controle (terceira etapa), “liga e desliga” os transistores de modo a al- ternarem o sentido de corrente que circula pelo motor. Antes de estudarmos como é pos- sível transformar uma tensão DC em AC, através do chaveamento de tran- sistores em um circuito trifásico, va- mos fazer uma “prévia”, em um circui- to monofásico. Observem a fig. 4 , e notem que a estrutura de um inversor trifásico é praticamente igual ao nos- so modelo monofásico. A primeira eta- pa é o módulo de retificação e filtragem, que gera uma tensão DC fixa (barramento DC) e que alimenta 4 transistores IGBT’s. Imaginem agora que o circuito da lógica de controle ligue os transisto- res 2 a 2 na seguinte ordem : primeiro tempo- transistores T1 e T4 ligados, e T3 e T2 desligados. Nesse caso, a cor- rente circula no sentido de A para B (fig. 5) ; segundo tempo- transistores T1 e T4 desligados, e T3 e T2 ligados. Nesse caso, a corrente circula no sen- tido de B para A (fig. 6) . Ao inverter-se o sentido de corren- te, a tensão na carga (motor) passa a ser alternada, mesmo estando conectada a uma fonte DC. Caso au- mentemos a freqüência de desses transistores, também aumentaremos a velocidade de rotação do motor, e vice-versa. Como os transistores ope- ram como chaves (corte ou satura- ção), a forma-de-onda de tensão de saída do inversor de freqüência é sem- pre quadrada. Raramente encontramos aplica- ções monofásicas nas indústrias. A maioria dos inversores são trifásicos, portanto, façamos outra analogia de funcionamento tomando como base ainda o inversor trifásico da figura 3 . A lógica de controle agora precisa dis- tribuir os pulsos de disparos pelos 6 IGBT’s, de modo a formar uma ten- são de saída (embora quadrada), al- ternada e defasada de 120º uma da outra. Como temos 6 transistores, e devemos ligá-los 3 a 3, temos 8 com- binações possíveis, porém apenas 6 serão válidas, conforme veremos a seguir. Na figura 7 representamos os IGBT’s como chaves, pois em um in- versor é assim que eles funcionam. Caso o leitor tenha interesse em es- tudar mais detalhadamente o funcio- namento do IGBT, a revista Saber nº 326 publicou um artigo completo so- bre o assunto. A lógica de controle proporciona- rá as seguintes combinações de pul- sos para ativar (ligar) os IGBT’s: 1º tempo T 1 , T 2 , T 3 2º tempo T2, T3, T4 3º tempo T3, T4, T5 4º tempo T 4 , T 5 , T 6 5º tempo T5, T6, T1 6º tempo T6, T1, T2 As possibilidades T1,T3,T5 e T4, T6, T 2 não são válidas, pois ligam todas as fases do motor no mesmo potenci- al. Não havendo diferença de poten- cial, não há energia para movimentar o motor, portanto essa é uma condi- ção proibida para o inversor. Vamos analisar uma das condi- ções, e as restantes serão análogas. No 1º tempo temos T1,T2,e T3 ligados, e os restantes desligados. O barramento DC possui uma referên- cia central (terra), portanto temos +V/ 2, e –V/2 como tensão DC. Para que o motor AC possa funcionar bem, as tensões de linha Vrs, Vst, e Vtr devem estar defasadas de 120º. O fato da for- ma-de-onda ser quadrada e não senoidal (como a rede) não compro- mete o bom funcionamento do motor. Para esse primeiro tempo de chaveamento, teremos: Vrs = +V/2 – V/2 = 0 Vst = + V/2 – (- V/2)= + V Vtr = -V/2 – V/2 = - V Notem que, quando falamos em Vrs, por exemplo, significa a diferen- ça de potencial entre R (no caso como T1, está ligado é igual a + V/2)e S ( + V/2 também). Analogamente: Vst = + V/2 – ( -V/2)= + V , e por aí vai ! Caso façamos as seis condições (tempos) que a lógica de controle es- tabelece aos IGBT’s, teremos a se- guinte distribuição de tensões nas 3 fases do motor. Figura 5 - Sentido de circulação da corrente de A para B. Figura 6 - Correntede B para A. Figura 7 - IGBT's como chaves. 11MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 ELETRÔNICA “Traduzindo” essa tabela em um dia- grama de tempos, teremos as três for- mas-de-onda de tensão, conforme mostra a figura 8 . Notem que as três fa- ses estão defasadas de 120º elétricos, exatamente como a rede elétrica trifásica. CURVA V/F Como vimos anteriormente, se variar- mos a freqüência da tensão de saída no inversor , alteramos na mesma proporção a velocidade de rotação do motor. Normalmente, a faixa de variação de freqüência dos inversores fica en- tre 5 e 300 Hz (aproximadamente). A função do inversor de fre- qüência, entretanto, não é apenas controlar a velocidade de um mo- tor AC. E le prec isa manter o torque (conjugado) constante para não provocar alterações na rota- ção, quando o motor estiver com carga. Um exemplo clássico desse pro- blema é a máquina operatriz. Ima- ginem um inversor controlando a ve- locidade de rotação de uma placa (parte da máquina onde a peça a ser usinada é fixada) de um tor- no. Quando introduzimos a ferra- menta de corte, uma carga mecâ- nica é imposta ao motor, que deve manter a rotação constante. Caso a rotação se altere, a peça pode apresentar um mau acabamento de usinagem. Para que esse torque realmen- te fique constante, por sua vez, o inversor deve manter a razão V/F constante. Isto é, caso haja mu- dança de freqüência, ele deve mudar ( na mesma proporção) a tensão, para que a razão se man- tenha, por exemplo: f = 50 Hz V = 300 V V/f = 6 Situação 1: o inversor foi progra- mado para enviar 50 Hz ao motor, e sua curva V/f está parametrizada em 6. Automaticamente, ele alimenta o motor com 300 V. f = 60Hz V = 360 V V/f = 6 Situação 2 : o inversor recebeu uma nova instrução para mudar de 50 Hz para 60 Hz. Agora a tensão passa a ser 360 V, e a razão V/f mantém-se em 6. Acompanhe a curva mostra na figura 9 . O valor de V/f pode ser progra- mado (parametrizado) em um in- versor, e dependerá da aplicação. Quando o inversor necessita de um grande torque, porém não atin- ge velocidade muito alta, atribuí- mos a ele o maior V/f que o equi- pamento puder fornecer, e desse modo ele terá um melhor rendi- mento em baixas velocidades, e alto torque. Já no caso em que o inversor deva operar com altas ro- tações e com torques não tão al- tos, parametrizamos um V/f me- nor, e encontraremos o melhor rendimento para essa outra situa- ção. Mas, como o inversor poderá mudar a tensão V, se ela é fixada no barramento DC através da re- tif icação e fi ltragem da própr ia rede? O inversor altera a tensão V, oriunda do barramento DC, atra- vés da modulação por largura de pulso (PWM). A unidade lógica, além de distribuir os pulsos aos IGBT’s do modo já estudado, tam- bém controla o tempo em que cada IGBT permanece ligado (ci- clo de trabalho). Quando V tem que aumentar ,os pulsos são “alargados” (maior tempo em ON), e quando V tem que diminuir, os pulsos são “estrei- tados”. Dessa forma, a tensão efi- caz entregue ao motor poderá ser controlada. A freqüência de PWM também pode ser parametrizada, e geral- mente encontra-se entre 2,5 kHz e 16 kHz. Na medida do possível, devemos deixá-la próxima do limi- te inferior, pois assim diminuímos as interferências eletromagnéticas geradas pelo sistema (EMI). Observe na figura 10 um con- junto de cinco inversores de fre- qüência para centro de usinagem. O INVERSOR POR DENTRO A figura 11 mostra um diagrama de blocos de um inversor de freqüên- cia típico. Cabe lembrar que cada fa- bricante utiliza sua própria tecnologia, mas esse modelo abrange uma gran- de parte dos inversores encontrados no mercado atual. Podemos, portanto, dividi-lo em 4 blocos principais: Figura 8 - Forma-de-ondas da tensão. Figura 9 - Curva Tensão x Freqüência. MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200212 ELETRÔNICA 1º bloco – CPU A CPU (Unidade Central de Processamento) de um inversor de freqüência pode ser forma- da por um microprocessador ou por um microcontrolador (como o PLC). Isso depende apenas do fabricante. De qualquer forma, é nesse bloco que todas as infor- mações (parâmetros e dados do sistema ) estão armazenadas, visto que também uma memória está integrada a esse conjunto. A CPU não apenas armazena os dados e parâmetros relativos ao equipamen- to, como também executa a função mais vital para o funcionamento do inversor: geração dos pulsos de dis- paro, através de uma lógica de con- trole coerente, para os IGBT’s. O fun- cionamento dessa lógica está descri- to no artigo passado. 2º bloco – IHM O 2º bloco é o IHM (Interface Homem Máquina). É através desse dispositivo que po- demos visualizar o que está ocorrendo no inversor (display), e parametrizá-lo de acordo com a aplicação (teclas). A figura 12 mostra um IHM típico, com suas respectivas funções. Esse módulo também pode ser remoto. 3º bloco – Interfaces A maioria dos inversores pode ser comandada através de dois tipos de sinais: analógicos ou digitais. Normal- mente, quando queremos controlar a velocidade de rotação de um motor AC no inversor, utilizamos uma ten- são analógica de comando. Essa ten- são se situa entre 0 a 10 Vcc. A velo- cidade de rotação (rpm) será propor- cional ao seu valor, por exemplo : 1 Vcc = 1000 rpm, 2 Vcc = 2000 rpm, etc... Para inverter o sentido de rotação, basta inverter a polaridade do sinal analógico (ex: 0 a 10 Vcc sentido horário , e – 10V a 0 anti - horário). Esse é o sistema mais utilizado em máquinas – ferramenta automáticas, sendo que a tensão analógica de controle é proveniente do controle numérico computadorizado (CNC). Além da interface analógica, o in- versor possui entradas digitais. Atra- vés de um parâmetro de programa- ção, podemos selecionar qual entra- da é válida (analógica ou digital). 4º bloco – Etapa de potência A etapa de potência é constituída por um circuito retificador , que alimen- ta (através de um circuito intermediá- rio chamado “barramento DC”) o cir- cuito de saída inversor (módulo IGBT). Maiores detalhes sobre essa eta- pa também poderão ser vistos no nú- mero já citado (Saber nº 327). INSTALAÇÃO DO INVERSOR Feita essa pequena revisão da estru- tura funcional do inversor, vamos mostrar como instalá-lo. A figura 13 mostra a con- figuração básica de instalação de um in- versor de freqüência. Existe uma grande quantidade de fabricantes, e uma infini- dade de aplicações diferentes para os inversores. Portanto, o esquema da fi- gura refere-se à versão mais comum. Figura 10 - Inversor de freqüência em um centro de usinagem. Figura 11 - D.B. de um Inversor de Freqüência. 13MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 ELETRÔNICA Sensores e chaves extras, com certeza, serão encontrados em campo, mas a es- trutura é a mesma. Os terminais identificados como: R,S,eT (ou L1, L2, e L3), referem-se à entrada trifásica da rede elétrica. Não é comum en- contrarmos inversores monofásicos aplica- dos na indústria. Para diferenciar a entrada da rede para a saída do motor, a saída( nor- malmente) vem indicada por: W,V,e U. Além da potência, temos os bornes de comando. Cada fabricante possui sua própria configuração, portanto, para sa- ber “quem é quem” temos de consultar o manual de respectivo fabricante. De qual- quer maneira, os principais bornes são as entradas (analógicas ou digitais), e as saídas (geralmente digitais). No exemplo da figura 13 , temos um CNC comandando um inversor através da sua entrada analógica (0 a 10 Vcc). Nesse caso, as entradas digitais foram utilizadas para um botão de emergência , e um sensor de veloci- dade de rotação (encoder). OS “DEZ MANDAMENTOS” DA INSTALAÇÃO DO INVERSOR DE FREQÜÊNCIA - Cuidado! Não há inversor no mundo que resista à ligação invertida de entrada da rede elétrica trifásica, com a saída trifásicapara o motor. - O aterramento elétrico deve es- tar bem conectado, tanto ao inversor como ao motor. - O valor do aterramento nunca deve ser maior que 5 Ω (norma IEC536), e isso pode ser facilmente comprovado com um terrômetro, antes da instalação. - Caso o inversor possua uma interface de comunicação( RS 232, ou RS 485) para o PC, o tamanho do cabo deve ser o menor possível. - Devemos evitar ao máximo, mis- turar (em um mesmo eletroduto ou canaleta) cabos de potência (rede elé- trica, ou saída para o motor) com ca- bos de comando (sinais analógicos, digitais, RS 232, etc...). - O inversor deve estar alojado próximo a “orifícios” de ventilação, ou, caso a potência seja muito alta, deve estar submetido a uma venti- lação (ou exaustão). Alguns inver- sores já possuem um pequeno exaustor interno. - A rede elétrica deve ser confiável, isto é, jamais ultrapassar variações de +ou- 10% em sua amplitude. - Sempre que possível, utilizar os cabos de comando devidamente blindados. - Os equipamentos de controle (PLC, CNC, PC, etc...), que funcionarem em conjunto com o inversor, devem possuir o “terra” em comum. Normalmente, esse terminal vem indicado pela referência “PE” ( proteção elétrica), e sua cor é amarela e verde ( ou apenas verde ). - Utilizar sempre parafusos e arruelas adequadas para garantir uma boa fixa- ção ao painel. Isso evitará vibrações me- cânicas. Além disso, muitos inverso- res utilizam o próprio painel em que são fixados como dissipador de calor. Uma fixação pobre, nesse caso, causará um aquecimento excessivo ( e possivelmen- te sua queima ). - Caso haja contatores e bobinas agre- gadas ao funcionamento do inversor, uti- lizar sempre supressores de ruídos elé- tricos (circuitos RC para bobinas AC, e diodos para bobinas DC). Essas precauções não visam apenas melhorar o funcionamento do inversor, mas evitar que ele interfira em outros equi- pamentos ao seu redor. O inversor de fre- qüência é, infelizmente, um grande gera- dor de EMI (interferências eletro- magnéticas) e, caso não o insta- Figura 12 - IHM típico. Figura 13 - Instalação de um inversor de freqüência. MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200214 ELETRÔNICA larmos de acordo com as orienta- ções acima, poderemos prejudicar toda a máquina ( ou sistema ) ao seu redor. Basta dizer que, para um equipamento atender o merca- do europeu, a certificação CE (Co- munidade Européia) exige que a emissão eletromagnética chegue a níveis baixíssimos (norma IEC 22G – WG4 (CV) 21). PARAMETRIZAÇÃO Para que o inversor funcione a con- tento, não basta instalá-lo corretamente. É preciso “informar” a ele em que condi- ções de trabalho irá operar. Essa tarefa é justamente a parametrização do inver- sor. Quanto maior o número de recursos que o inversor oferece, tanto maior será o número de parâmetros disponíveis. Existem inversores com tal nível de sofis- ticação, que o número de parâmetros ul- trapassa a marca dos 900! Obviamente, neste artigo, veremos apenas os principais e não utilizare- mos particularidades de nenhum fa- bricante, pois um mesmo parâmetro, com certeza, muda de endereço de fabricante para fabricante. A partir de agora, portanto, nosso in- versor imaginário será da marca “Saber”. O inversor de freqüência Saber tem as mesmas funções dos demais fabricantes ( Siemens, Yaskawa, ABB, etc... ), porém, temos a liberdade de nomearmos segun- do a nossa conveniência, a ordem dos parâmetros. Isso não deverá dificultar o trabalho com inversores reais, pois basta associarmos com os indicados pelo ma- nual do fabricante específico. Parâmetro 001: Tensão nominal do motor. Esse parâmetro existe na maioria dos inversores comerciais, lembran- do que não necessariamente como P 001, e serve para informarmos ao inversor qual é a tensão nominal em que o motor irá operar. Suponha que o motor tenha tensão nominal 380 VCA. Como vamos introduzir essa in- formação (parâmetro) no inversor? Tomando como base a figura 12 (IHM) vamos observar a seqüência de “teclas”. O display deverá estar 0.0 (pois só podemos parametrizar o in- versor com o motor parado). 1º passo Acionamos a tecla P e as setas Ù Ú para acharmos o parâmetro. Ex: P , e Ù até achar o parâmetro res- pectivo. No nosso caso, é logo o 1º O O O 1 2º passo Agora aciona-se P novamente, e o va- lor mostrado no display será o valor do parâmetro, e não mais a ordem em que ele está. Ex: O 2 2 O 3º passo Como no exemplo a tensão desse parâmetro está em 220 VCA, e nosso motor funciona com 380 VCA, acionamos P , e Ù até chegar nos 380. O 3 8 O 4º passo Basta acionar P novamente, e o novo parâmetro estará programado. Cerca de 90% dos inversores comer- ciais funcionam com essa lógica! Todos os demais parâmetros são programados de forma análoga. Parâmetro 002: Freqüência máxima de saída . Esse parâmetro determina a velo- cidade máxima do motor. Parâmetro 003: Freqüência mínima de saída . Esse parâmetro determina a velo- cidade mínima do motor. Parâmetro 004: Freqüência de JOG. A tecla JOG é um recurso que faz o motor girar com velocidade bem baixa. Isso facilita o posicionamento de pe- ças antes da máquina funcionar em seu regime normal. Por exemplo : encaixar o papel em uma bobinadeira, antes do papel ser bobinado efetivamente. Parâmetro 005: Tempo de partida (“rampa de subida”). Esse parâmetro indica em quanto tempo deseja-se que o motor chegue à velocidade programada, estando ele parado. O leitor pode pensar : “Quanto mais rápido melhor”. Mas, caso o motor esteja conectado mecani- camente a cargas pesadas ( Ex: placas de tornos com peças grandes, guindas- tes, etc...), uma partida muito rápida po- derá “desarmar” disjuntores de proteção do sistema. Isso ocorre, pois o pico de corrente, necessário para vencer a inér- cia do motor, será muito alto. Portanto, esse parâmetro deve respeitar a massa da carga, e o limite de corrente do inver- sor (fig 14) . Parâmetro 006: Tempo de parada (rampa de descida). O inversor pode produzir uma pa- rada gradativa do motor. Essa facili- dade pode ser parametrizada e, como a anterior, deve levar em con- sideração a massa (inércia) da car- ga acoplada (fig 15) . Parâmetro 007 – Tipo de frenagem Parâmetro = 1 Parada por rampa Parâmetro = 0 Parada por CC No inversor “Saber”, o parâmetro 007 pode assumir dois estados: “1” ou “0”. Caso esteja em 1, a parada do motor obedecerá a rampa programada no P 006. Caso esteja em 0, o motor terá sua parada através da “injeção” de corrente contínua em seus enrolamentos. Em um motor AC, quando submete- mos seus enrolamentos a uma tensão CC, o rotor pára imediatamente (“estan- ca”), como se uma trava mecânica atuásse em seu eixo. Portanto, o projetista de máquinas deve pensar muito bem se é assim mesmo que ele deseja que a parada ocorra. Normalmente esse recurso é utilizado para cargas mecânicas pe- quenas (leves), e que necessitam de resposta rápida (Ex: eixos das máqui- nas - ferramenta). Parâmetro 008: Liberação de altera- ção de parâmetros: Parâmetro = 1 os parâmetros podem ser lidos e alterados. Parâmetro = 0 os parâmetros podem ser apenas lidos. Esse parâmetro é uma proteção contra “curiosos”. Para impedir que al- guém, inadvertidamente, altere algum parâmetro da máquina, utiliza-se um parâmetro específico como proteção. 15MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 ELETRÔNICA Parâmetro 009: Tipo de entrada Parâmetro = 1 a entrada significativa é analógica (0 – 10 Vcc). Parâmetro = 0 a entrada significativa é digital. Esse parâmetro diz ao inversor como vamos controlar a velocida- de do motor. Caso esteja em 1 , a velocidade será proporcional à tensão analógica de entrada. A entrada digital será ignorada. Caso o parâmetro esteja em 0, a velocidade será controlada por um sinal digital (na entrada digital), e o sinal analógico não mais influ- enciará. Parâmetro 010: Freqüência de PWM Parâmetro = 1 Freq. PWM = 2 kHz Parâmetro = 2 Freq. PWM = 4 kHz Parâmetro = 3 Freq. PWM = 8 kHz Parâmetro = 4 Freq. PWM = 16 kHz Esse parâmetrodetermina a freqüência de PWM do inversor. Notem que para P 010 = 1 te- mos 2 kHz, e os demais dobram de valor até 16 kHz (freqüência máxima). Para evitarmos perdas no motor, e interferências eletromagnéticas (EMI), quanto menor essa freqüên- cia, melhor. O único inconveniente de para- metrizarmos o PWM com freqüên- cias baixas (2 ou 4 kHz) é a gera- ção de ruídos sonoros, isto é, a má- quina fica mais “barulhenta”. Portan- to, devemos fazer uma “análise crí- tica” das condições gerais do ambi- ente de trabalho, antes de optarmos pelo melhor PWM. Como dissemos anteriormente, existe uma infinidade de parâmetros nos inversores. Neste artigo, mostramos apenas os 10 principais, que já serão suficientes para o leitor “colocar para rodar” qual- quer máquina. Lembrem-se que o inversor de freqüência da marca Saber é fictí- cio. A ordem dos parâmetros foi “in- ventada” para viabilizar a didática, porém, é bem parecida com a maio- ria dos inversores comerciais. Para parametrizar um inversor real, basta consultar o manual do fabricante, e fazer uma analogia com esse artigo. Temos cer teza que as pequenas diferenças não serão obstáculos para o leitor. DIMENSIONAMENTO Como posso saber : qual é o modelo, tipo, e potência do meu inversor para a minha aplicação? Bem, vamos responder a essa per- gunta em três etapas: Potência do inversor: Para calcularmos a potência do inversor, temos de saber qual mo- tor (e qual carga) ele acionará. Normalmente, a potência dos mo- tores é dada em CV ou HP. Basta fazermos a conversão para watts, e o resto é fácil. Vamos dar um exemplo prático: Rede elétrica = 380 VCA Motor = 1 HP Aplicação = exaustor industrial Cálculos: 1 HP = 746 W ( e 1 CV = 736 W ). Portanto, como a rede elétrica é de 380 VCA, e os inversores (nor- malmente) possuem um fator de potência = 0,8 (Cos ϕ = 0,80), te- remos: CI = Corrente do inversor CI = Pot em watt . Tensão rede x Cosϕ CI = 746 W = 2,45 ampères 380. 0,8 Tensão de entrada = 380 VCA Corrente nominal = 2,5 A (“arredondan- do 2,45 para cima”). Tipo de inversor: A maioria dos inversores utili- zados são do tipo escalar. Só uti- lizamos o tipo vetorial em duas ocasiões: extrema precisão de rotação e torque elevado para ro- tação baixa ou zero ( ex: guindas- te, pontes rolantes , elevadores , etc...). Como no nosso caso trata-se de um exaustor, um escalar é suficiente. Modelo e fabricante : Para escolher o modelo, basta consultarmos os catálogos dos fa- bricantes, ou procurarmos um que atenda (no nosso exemplo ) as se- guintes características mínimas : - Tensão de entrada : 380 VCA - Corrente nominal : 2,5 A - Tipo : escalar. Todas as demais funções são opcionais. Quanto ao fabricante, o preço deve determinar a escolha. Apenas como referência ao leitor, os mais encontra- dos na indústria são: Siemens, Weg, Yaskawa, e GE (Fanuc). CONCLUSÃO No próximo número estudaremos os inversores de freqüência vetoriais. Mais precisos, eles estão do- minando a tecnologia de movi- mento. Além disso, também anali- saremos os demais dispositivos de cont ro le e processos de au- tomação em máquinas, ferramen- tas e robôs industriais. l Figura 14 - Rampa de partida do inversor. Figura 15 - Rampa de descida do inversor. MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200216 PNEUMÁTICA O interesse deste tema está diretamente relacionado à redução do consumo de energia elétrica e, conseqüente- mente, redução dos custos, ao aumento da produtividade e ao aumento da vida útil dos equipamentos pneumáticos. Redução dos custos operacionais: A redução de energia elétrica, esta diretamente relacionada na utiliza- O AO AO AO AO AVVVVVANÇO DA PNEUMÁTICA AANÇO DA PNEUMÁTICA AANÇO DA PNEUMÁTICA AANÇO DA PNEUMÁTICA AANÇO DA PNEUMÁTICA ATRATRATRATRATRAVÉS DAVÉS DAVÉS DAVÉS DAVÉS DA “DUPLA PRESSÃO”“DUPLA PRESSÃO”“DUPLA PRESSÃO”“DUPLA PRESSÃO”“DUPLA PRESSÃO” José Carlos Amadeo Centro Universitário Salesiano de São Paulo O presente artigo tem como objetivo levar os projetistas de equipamentos pneumáticos a terem um raciocínio diferente, no que diz respeito à elaboração de sistemas e/ou equipamentos para Automação, que utilizem o ar comprimido como fonte principal de energia. ção da “Dupla Pressão”, porque irá proporcionar, nos circuitos pneumáticos, pressões diferenciadas , na qual os compressores não precisam “trabalhar” mais para suprir uma pressão maior, permanecendo , conforme o consumo dos equipamentos pneumáticos instalados, um bom tempo desligado, ou mesmo operando em “vazio” , consumindo menos energia. 16 17MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 PNEUMÁTICA Aumento da produtividade: A produção será aumen- tada porque os equipamentos pneumáticos serão capa- zes de produzir mais peças/produtos em tempos meno- res, devido ao aumento da velocidade (no avanço) dos cilindros pneumáticos. Aumento da vida útil dos equipamentos pneumá- ticos: Está diretamente relacionado à baixa pressão, utilizada nos equipamentos pneumáticos , diminuindo os atritos internos e consequentemente os desgastes de seus componentes . POR QUE UTILIZAR VÁLVULAS REGULADORAS DE PRESSÃO? Sendo o ar comprimido um gás compressível, este dificilmente estará disponível nos pontos de consumo a uma pressão constante e/ou necessária para o comando dos componentes pneumáticos. A operação indispensável das válvulas reguladoras de pressão é aplicada entre a fonte geradora de ar com- primido e os diversos pontos de consumo. Sua principal função é, além de reduzir a pressão primária (também conhecida como “pressão a montante”), manter a pres- são secundária (“pressão a jusante”) constante. Condi- ções estas necessárias para o controle de equipamen- tos pneumáticos, tais como: ferramentas pneumáticas, cilindros lineares e/ou rotativos, motores pneumáticos, válvulas de controle, injetoras / prensas de impacto, sis- temas de pinturas, robótica entre outras aplicações... Se analisarmos todas as aplicações de uso do ar com- primido, iremos notar que os reguladores de pressão são componentes indispensáveis e os mais notados na dis- tribuição geral de uma rede de ar comprimido. COMO UTILIZAR OS REGULADORES DE PRES- SÃO, OBJETIVANDO A REDUÇÃO DE CUSTOS NA REDE DE AR COMPRIMIDO E NOS PONTOS DE CONSUMO? Para uma maior eficiência na distribuição de uma rede de ar, será necessário que as pressões nos pontos de consumo sejam inferiores a 20 % da pressão geradas pelo(s) compressor(es) de ar. Isto significa que, ao proje- tarmos qualquer equipamento pneumático, não devemos levar em consideração a pressão disponível na rede (a que sai dos compressores), mas sim a pressão disponí- vel e necessária no ponto de consumo, como medida de redução de custos e segurança operacional. EXEMPLO PRÁTICO Se dispusermos, na rede de ar comprimido, de uma pressão de 7 Bar (ou 102,9 psig), qual será a pressão ideal de operação no seu ponto de consumo? Caso o equipamento que desejamos empregar, por exemplo uma furadeira, tenha no seu manual de fabri- cante a pressão operacional especificada de 5,6 Bar (82,3 psig), mantida constante, reduziremos em 20 % a pressão utilizando a válvula redutora de pressão. Se reduzirmos a pressão em aplicações que não exi- gem forças de operação, teremos como resultado uma economia razoável, como veremos mais adiante. Cada vez que “exigimos” do compressor pressões maiores do que o necessário, teremos como resultado um gasto maior de energia elétrica, obrigando o compressor a operar em regime continuamente ligado, mantendo aquela pressão superdimensionada e desnecessária, em regime de ope- ração constante. O CUSTO DA GERAÇÃO DO AR COMPRIMIDO Poucos são os usuários que têm uma noção de quan- to custa o ar comprimido. A maioria o considera como uma fonte de energia barata. Daí o engano desses usuários. Vamos analisar os valores a seguir, extraídos dos prin- cipais fabricantes de componentes pneumáticos, e tam- bém dos próprios fabricantes de compressores de ar com- primido. O custo do ar comprimido é de aproximadamente US$ 0,30para cada 1000 SCFM (pés cúbicos por minuto) ou 28 metros cúbicos por minuto de ar comprimido consumido (valor em dólar para termos um referencial mais seguro). O exemplo a seguir irá nos demonstrar a real econo- mia de um sistema de Automação Pneumática operando com o princípio da “Dupla Pressão”. Lembramos que este exemplo está baseado na utili- zação de um atuador pneumático de ação dupla, que emprega ar para avançar e ar para retornar, e quando não forem exigidas forças para a execução das tarefas no seu retorno. EXEMPLO PRÁTICO II Neste exemplo, a função principal do atuador pneu- mático é avançar uma ferramenta para executar uma operação de prensagem. A pressão projetada para que este sistema execute sua função de prensagem é 65 psig (ou 4,5 Bar), realizando o trabalho de “força no avan- ço”. O retorno desta ferramenta será sem carga (força = 0), ou seja, apenas retornando a ferramenta à sua posi- ção inicial. Neste caso perguntamos: por que utilizarmos a mes- ma pressão empregada no avanço (de 65 psig) para retornar a ferramenta, se o atuador pneumático não irá executar nenhuma força? Procedimento: Introduzir uma Válvula Reguladora de Pressão e regular a pressão de retorno para uma pres- são inferior, por exemplo, igual a 25 psig (1,7 Bar). Aqui começam nossos argumentos para a redução de custos, vejamos nosso exemplo prático: Qual será a diferença de custo (por ano) entre operar o sistema com um único regulador de pressão (65psig) em um circuito pneumático e com dois reguladores de pressão, sendo um com 65 psig e o outro com 25 psig? MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200218 PNEUMÁTICA Antes, queremos lembrar que neste projeto estare- mos “investindo” na aquisição de mais um componente, o segundo regulador de pressão, cujo valor será “pago” em pouco tempo, pela economia de energia conseguida. Vamos lá, mãos a obra! Pegue uma calculadora para não se perder nos cálculos... DADOS DO PROJETO Pressão de alimentação da rede de ar comprimido = 100 psig (6,8 Bar) (D) = Diâmetro interno do cilindro pneumático = 5" (127 mm) (Dh) = (Diâmetro da haste) = 2" (51 mm) (S) = Curso do cilindro pneumático = 18 “ (457 mm) (Ta) =Tempo de avanço = 2 segundos (Tr) = Tempo de recuo = 1 segundo (Ht) =Horas de trabalho = 7 horas/dia (d) = Dias = 6 dias/semana (s) = Semanas = 50 semanas/ano Custo do ar comprimido = US$ 0,30 / 1000 SCFM consumido. CÁLCULOS O ciclo que este atuador pneumático irá executar será: T a + T r = 3 segundos ou 20 ciclos/minuto Sistema operacional 7 (horas/dia) X 6 (dias/semana) X 50 ( semanas/ano) X 60 (minutos) = 126.000 minutos/ano. Cálculo do volume de ar comprimido consumido pelo atuador pneumático durante o avanço Fórmula = (π x (D2/4)) x S (curso) Volume (consumo de ar no avanço) = (π x (52/4)) x 18 = 353,43 pol3/min ou 0,204 pés cúbicos por minuto. Cálculo do volume de ar comprimido consumido pelo atuador pneumático durante o recuo (π x (D2 - Dh 2)/4) X S = π ((52 - 22)/4) x 18 = 297 pol3/ min = 0,171pcm O próximo passo é calcular o fator de compressão do ar comprimido, ou seja, o quanto o ar está comprimido em relação à pressão atmosférica. Para isso, tomamos o valor da pressão de saída, somamos o valor da pres- são atmosférica (14,7 psig) e dividimos o resultado pela pressão atmosférica. Utilizando os valores temos, no avanço: Fc = Fator de compressão do ar comprimido = (65 + 14,7) / 14,7 = 5,42 e no retorno, a pressão de 25 psig: F c = (25 + 14,7) / 14,7 = 2,7 Agora, com os valores obtidos é possível calcular- mos os custos deste equipamento operando sem e com a utilização da “Dupla Pressão”. Inicialmente, faremos o cálculo do sistema operando com a mesma pressão, ou seja, 65 psig. PARA CONVERTER POLEGADAS CÚBICAS EM PÉS CÚBICOS Multiplicar pelo fator 0,0005787 ou dividir pelo fator 1.728 Exemplo: 353,43 polegadas cúbicas x 0,0005787 = 0,204 pés cúbicos ou 353,43 pol3 / 1.728 = 0,204 pés cúbicos. Tabela 1 - Pórticos de uma válvula 5/2. 19MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 PNEUMÁTICA Para isso, calcularemos o consumo anual de ar com- primido e multiplicaremos este valor pelo custo do ar (US$ 0,30 para cada 1.000 pcm produzidos). Custo no avanço A quantidade de ar consumida é: Volume consumido por minuto x Fator de compres- são x Ciclo do cilindro x Sistema operacional 0,204 (pcm) x 5,42 (Fc) x 20 (ciclos) x 126.000 (minu- tos por ano): = 2.786.313,6 pcm x US$ 0,30 (preço do ar comprimido) = US$ 835.894,08 dividido por 1000 pcm = US$ 835,89 Custo no retorno 0,171 (pcm) x 5,42 (Fc) x 20 (ciclos) x 126.000 (mi- nutos /ano) = 2.335.586,4 pcm x US$ 0,30 = US$ 700.675,92 - dividido por 1000 pcm = US$ 700,67 Total por ano : US$ 835,89 (no avanço ) + US$ 700,67 (no retorno) = US$ 1.536,56 Se operarmos o mesmo sistema com a “Dupla Pres- são”, ou seja, com pressões diferenciadas, teremos o seguinte: o custo de avanço permanece o mesmo, por- que necessito utilizar a pressão de 65 psig para realizar a “força” especificada no projeto: = US$ 835,89. A diferença ocorre no retorno, pois o cilindro volta com a pressão de 25 psig. Fazendo os cálculo do custo teremos: 0,171 x 2,7 x 20 x 126.000 = 1.163,48 pcm x US$ 0,30 = US$ 349.045,20 dividido por 1000 pcm = US$ 349,04 Total por ano = US$ 1.184,00 CONCLUSÃO Comparado este último resultado com os US$ 1.536,56 gastos utilizando a mesma pressão no avanço e no re- cuo, a economia por ano utilizando o sistema de “Dupla Pressão” será de: US$ 1.536,56 - US$ 1.184.93 = US$ 351,63 Observação: Para realizar este circuito pneumático, será necessário utilizar válvulas de comando que permi- tem esta aplicação. Nem todos os produtos pneumáticos disponíveis no mercado estão projetados para a aplica- ção da dupla pressão. EXEMPLO DE UM CIRCUITO PNEUMÁTICO UTILIZANDO DUAS PRESSÕES DE COMANDO Para uma melhor interpretação do circuito pneumáti- co mostrado na figura 1, descrevemos a seguir a função e o significado de cada pórtico de uma válvula 5/2 vias (cinco vias – duas posições – simples solenóide de ação direta) representada na figura 2, levando em considera- ção a observação mencionada acima. Os números (código americano) ou letras (código eu- ropeu) utilizados, estão de conformidade com o Sistema Internacional. Note a configuração das setas, contrárias à uma Simbologia Normal. A entrada nº 1 ficou como escape único, as saídas nº 3 e 5 ficaram com entradas de ar, e as saídas nº 2 e 4 permaneceram como fontes alimentadoras de ar para o Atuador Pneumático. Note também que na saída 1 da figura 1 é utilizado apenas um silenciador de escape. l Figura 1 - Exemplo de um circuito pneumático utilizando duas pressões de comando. Figura 2 - Válvula solenóide de 5/2 vias - retorno por mola. MANIPULADORES MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200220 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS ROBÔS Na indústria moderna e também em laboratórios de ensino e pesquisa, cada vez mais estão sendo utilizados diversos tipos de robôs nos processos de manufatura, de “ensamblamento” de dispositivos, de embalagem, de seleção de materiais ou de controle da qualidade. Mas, o quê se entende exatamente por um robô? Existem muitas definições diferentes, dependendo do ponto de vista e, em geral, da área na qual se traba- lha com os robôs. Uma acepção supostamente “ofici- al” do termo robô foi estabelecida pela Associação das Indústrias de Robótica (RIA): “Um robô industrial é um manipulador reprogramável e multifuncional, pro- jetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dispositivos especiais em movimentos variáveis pro- gramados para a realização de uma variedade de tarefas”. Essa definição, do ponto de vista de uma concepção ampla do termo robô, corresponde apenas a uma classe es- pecífica, precisamente a dos robôs manipuladores. Contudo, ela pode ser ampliada. Primeiramente, para entender o sig- nificado de “robô” deve-se começar por definir alguns conceitos básicos, par- tindo do conceito de máquina. O que se entende exatamente quando se fala em máquina? Muitas definiçõespo- dem ser dadas também. Aqui esse conceito será focalizado do ponto de vista da utilidade, e para isso será definida máquina como “qualquer dispositivo capaz de transformar energia em trabalho útil”. Que ener- gia? Qualquer uma, sem distinção da fonte, podendo ser energia elétrica, térmica, nuclear, solar, química, magnética e até energia proveniente da força huma- na. O que se entende por trabalho útil? O conceito de trabalho do ponto de vista físico é a aplicação dessa energia, por exemplo, numa força que se desloca por uma determinada distância. Veja a figura 1. Observe-se que obedecendo e atendendo essa definição, muitas coisas podem ser entendidas como máquinas, desde objetos simples de uso quotidiano até complexos dispositivos eletrônicos e/ou mecâni- cos. Por exemplo, uma alavanca, um plano inclinado, uma polia, uma engrenagem, Fernando A. Pazos Coordenador do Laboratório de Robótica Instituto de Tecnologia ORT do Rio de Janeiro 1ª Parte MANIPULADORES MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200220 MANIPULADORES 21MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 um alicate, são máquinas simples. Um motor, um com- putador, uma lavadora de roupas, são máquinas mais complexas. É possível estabelecer inclusive diferentes classi- ficações das máquinas focalizando diversos pontos de vista, discriminando-as segundo o tipo de energia empregada para gerar esse trabalho, o que as dividiria em máquinas elétricas, térmicas, manuais, etc. A clas- sificação que será utilizada aqui está baseada na ori- gem da fonte de energia, isto é, se a fonte de energia for proveniente da força humana ou externa à ação do operador. Assim, serão divididas as máquinas em automáti- cas e não automáticas ou manuais. Por máquina au- tomática entende-se toda aquela cuja energia provém de uma fonte externa, tipo energia elétrica, térmica, etc., constituindo os casos das máquinas elétricas, de combustão, a vapor, entre outras fontes possíveis. Por máquina não automática ou manual entende-se toda aquela que precisa da energia permanente do operador para efetuar o trabalho. Dentre as máquinas automáticas é possível fazer também diversas classificações, segundo o tipo de energia, características construtivas, peso ou tama- nho. Mas aqui será apresentada a seguinte classifica- ção: serão divididas as máquinas automáticas em programáveis e não programáveis. Por máquina automática não programável enten- de-se toda aquela que, ao receber a energia da fonte, efetua sempre o mesmo trabalho, enquanto que por máquina automática programável entende-se aquela cujo trabalho depende em certa medida de instruções previamente dadas pelo operador, seja qual for o meio pelo qual foram introduzidas essas instruções na má- quina e o formato delas. Essas instruções serão cha- madas genericamente pelo nome de programa. Imagine-se uma máquina que possui uma série de chaves ou switches e que, ao receber energia, o tra- balho que efetua depende da posição desses switches. Estamos na presença de uma máquina automática programável. É claro que uma máquina controlada por um computador (ou algum outro tipo de processador eletrônico digital) cuja tarefa dependerá também do programa que execute o processador, ainda é uma máquina automática programável. Mas uma máquina automática com um controle de tempo, efetuado através de um temporizador que o usuário pode ajustar determinando o seu período de funcionamento, não é uma máquina automática programável, uma vez que o ajuste de tempo não pode ser considerado um programa. A tarefa é sem- pre a mesma, mudando apenas a sua duração. São exemplos dessas máquinas automáticas não programáveis a lavadora de roupas e a televisão. Igual- mente não podem ser consideradas máquinas auto- máticas programáveis aquelas que possuem um con- trole de intensidade, que o usuário pode regular. Nes- te caso, a tarefa é sempre a mesma e não depende de programa nenhum, somente muda a intensidade dela. Exemplos disso são os condicionadores de ar que possuem um termostato, as lâmpadas com regu- ladores de intensidade de luz, etc. Neste ponto, já existem condições de definir o ter- mo robô, pelo menos no que concerne ao interesse deste artigo. Será definido robô justamente como uma máquina automática programável. Também podem se classificar de diversas manei- ras os diferentes tipos de robôs, o que será feito do ponto de vista das suas diferentes utilidades. A primeira classe a considerar é a dos robôs manipuladores, já definidos anteriormente. São exem- plos de robôs manipuladores os braços mecânicos, ou qualquer sistema que, em geral, tenha por objetivo deslocar material de um ponto para outro do espaço ou acompanhando uma trajetória dentro de um volu- me de trabalho. Serão distinguidos também os robôs explorado- res, ou robôs que têm como objetivo explorar um de- terminado ambiente, o qual pode não ser necessaria- mente uma superfície plana, e sim um determinado espaço ou inclusive um objeto fixo, revelando atra- vés de sensores as características físicas dele. Um claro exemplo dessa classe é o robô enviado a Marte para monitoramento da superfície do planeta. A terceira classe a considerar aqui será a das má- quinas-ferramenta, ou robôs que têm por objetivo pro- cessar uma determinada matéria prima, aumentando o valor agregado. São exemplos disso os robôs de solda, nos quais devem ser programados os movi- mentos da ponta de solda para acompanhar os con- tornos das peças a soldar; as furadeiras de controle numérico, onde no programa figuram as coordenadas e diâmetros dos furos a serem realizados; os tornos de controle numérico, entre muitas outras máquinas de uso comum na indústria metalúrgica. Figura 1: Transformação de energia em trabalho útil. MANIPULADORES MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200222 Finalmente, serão entendidos os outros tipos de robôs que não entram nas definições anteriores como de uso geral. Um exemplo disso é um controlador de temperatura programável, que tem por objetivo man- ter a temperatura de um ambiente ou sistema em um determinado nível, ou percorrendo uma determinada excursão térmica, segundo um programa previamen- te indicado ao controlador. Observe-se que, segundo a definição especificada aqui, este controlador de tem- peratura é considerado um robô, mesmo que não pos- sa efetuar movimento algum. Acompanhe a ilustra- ção da figura 2. ROBÔS MANIPULADORES Um dos tipos de robôs mais utilizados, tanto na indústria quanto nos laboratórios de pesquisa, são os robôs manipuladores. Da definição dada podem ser extraídas diversas conclusões sobre as características dos robôs manipuladores. Uma delas é que, como qualquer robô, a tarefa a realizar deve estar previamente programa- da e seu acionar dependerá desse programa de con- trole. Essa característica é invariável para todo robô, portanto também para os manipuladores. Uma outra conclusão é que os manipuladores têm como princi- pal objetivo deslocar materiais, que podem ser peças diversas, ferramentas que irão trabalhar sobre uma peça, ou sistemas de visão que deverão monitorar o andamento de um processo determinado, entre ou- tras possibilidades. O tipo mais conhecido de robô manipulador é o famoso braço mecânico. Ele consiste numa série de corpos rígidos interligados por juntas que permitem um movimento relativo entre esses corpos, asseme- lhando-se assim sua forma geral à de um braço hu- mano, às vezes quase com as mesmas possibilida- des de movimento. Todo robô manipulador possui em algum ponto da sua estrutura física um dispositivo chamado de efetuador, o qual tem como função operar sobre o objeto a ser manipulado. Ele pode ser uma ferramen- ta, como uma ponta de solda, por exemplo, destina- da a soldar uma superfície; pode ser algum dispositi- vo especial, como uma câmera de vídeo; mas em geral trata-se de algum tipo de garra capaz de segu- rar uma peça com o intuito de deslocá-la pelo seu espaço de trabalho. Em particular, os braços mecâni- cos costumam ter uma garra como efetuador, embo- ra a maioria dos braços industriais permitamtrocar esse dispositivo efetuador com facilidade. ESTRUTURA DOS ROBÔS MANIPULADORES Os robôs industriais são projetados com o intuito de realizar um trabalho produtivo. O trabalho é execu- tado quando o robô movimenta sua estrutura a fim de deslocar o objeto a ser manipulado. A estrutura de um robô manipulador consiste basicamente numa série de corpos rígidos, idealmente sem deformação pela ação de forças aplicadas sobre eles e que, em geral, são feitos de um material resistente como aço, que se denominam elos (diversas bibliografias utili- zam sua denominação em inglês: links). Esses elos podem ter diversos tamanhos e formas dependendo da aplicação, estando unidos por juntas que lhes per- mitem ter um movimento relativo entre eles. Assim, em alguma localização do elo, existirá uma junta que o une com o elo seguinte, permitindo-lhe um movi- mento. Conforma-se assim uma cadeia cinemática aberta de elos interligados por juntas. Em geral, os manipuladores estão montados so- bre uma base fixa, à qual está unido o primeiro elo através da primeira junta. Esta base pode estar mon- tada sobre uma superfície também fixa, ou num veí- culo (automatizado ou não), que lhe permita um des- locamento pelo local de trabalho. O ponto extremo do último elo é conhecido com o nome de punho, e é onde costuma estar fixado o efetuador; no caso particular dos braços mecânicos ele se assemelha à mão no extremo do antebraço. As possibilidades de movimento de um elo com respeito ao anterior estão determinadas pelo tipo de junta que os une. Este movimento pode ser de rota- ção, onde o elo pode girar um determinado ângulo com respeito ao anterior; nesse caso a junta chama- Figura 2: Classificação das máquinas. MANIPULADORES 23MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 se de revolução, seja qual for a orientação deste ân- gulo. O movimento também pode ser de deslocamen- to linear, onde um elo se afasta ou aproxima do ante- rior uma determinada distância, caso em que a junta é chamada de prismática, seja qual for também a di- reção deste movimento linear relativo. Um mesmo manipulador não precisa ter todas as juntas do mes- mo tipo, podendo ser algumas de revolução e outras prismáticas, segundo a conveniência da configuração projetada. Nos braços mecânicos as juntas costumam ser de revolução, justamente por visarem uma proxi- midade com o braço humano. Na figura 3 são mostrados vários tipos de juntas. As juntas, então, determinam os movimentos pos- síveis do manipulador, e juntamente com as caracte- rísticas físicas dos elos como suas formas e tama- nhos, determinam a anatomia do manipulador. A ana- tomia do robô deve considerar suas aplicações espe- cíficas. Por exemplo, um manipulador destinado a co- locar componentes eletrônicos numa placa de circui- to impresso deve ser substancialmente diferente de um outro destinado a deslocar carros de um ponto da linha de produção a outro. COORDENADAS GENERALIZADAS As variáveis características das juntas são aque- las grandezas físicas que permitem representar este movimento relativo de um elo com respeito ao anteri- or. No caso das juntas de revolução, serão os ângu- los de rotação entre um elo e o anterior; no caso das juntas prismáticas, a distância entre um elo (ou um ponto determinado dele) e a junta que o une com o elo anterior. Observe-se que o estado dessas variáveis é sufi- ciente para determinar a posição do efetuador, pois, se for conhecida a posição de cada uma das juntas a partir da primeira (a que une a base com o primeiro elo) e os comprimentos dos elos, é possível conhe- cer a posição do efetuador. Essas variáveis são co- nhecidas pelo nome de coordenadas generalizadas. Em geral elas são representadas por meio de um vetor de tantas componentes quantas juntas tem o manipulador, independentemente de que algumas dessas compo- nentes representem ângulos, e outras distâncias. Na figura 4 é mostrado um robô manipulador de duas juntas de revolução. As coordenadas generali- zadas serão dadas pelo vetor [q1 q2], cujas compo- nentes representam os ângulos dessas juntas. Co- nhecendo o valor desse vetor, bem como os compri- mentos dos elos, os quais foram denominados no desenho como L1 e L2, é possível determinar a posi- ção do efetuador (ou, mais precisamente, do extremo do último elo), expressa em função de um par de ei- xos cartesianos ortogonais (x;y) com a origem soli- dária com a primeira junta. Figura 3: Juntas prismática e de revolução. MANIPULADORES MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200224 GRAUS DE LIBERDADE O número total de juntas do manipulador é conhe- cido com o nome de graus de liberdade (ou DOF, se- gundo as iniciais em inglês). Um manipulador típico possui 6 graus de liberdade, sendo três para o posicionamento do efetuador dentro do espaço de tra- balho, e três para obter uma orientação do efetuador adequada para segurar o objeto. Com menos de 6 graus de liberdade, o manipulador poderia não atingir uma posição arbitrária com uma orientação arbitrária den- tro do espaço de trabalho. Para certas aplicações como, por exemplo, manipular objetos num espaço que não se encontra livre de obstáculos, poderiam ser neces- sários mais de 6 graus de liberdade. A dificuldade de controlar o movimento aumenta com o número de elos do braço. Na figura 5 apresenta-se uma representação dos três graus de liberdade de um braço mecânico, refe- rentes às três primeiras juntas, necessárias para o posicionamento do efetuador. Neste exemplo particu- lar, observa-se que as duas primeiras juntas são de revolução e a terceira é prismática, permitindo ao últi- mo elo se afastar ou aproximar do segundo. As últimas três juntas recebem usualmente o nome de punho. Como foi mencionado, elas têm por objeti- vo orientar o efetuador numa direção arbitrária, con- veniente para a tarefa a ser realizada. Por exemplo, uma garra deve estar orientada convenientemente com respeito à peça de trabalho, a fim de poder agarrá-la. Essas juntas são sempre de revolução, pois o objeti- vo é a orientação do efetuador e não seu posicionamento. As coordenadas generalizadas, ou variáveis que caracterizam o movimento dessas três juntas, são ângulos que recebem o nome genérico de “pitch”, “yaw”, e “roll”, respectivamente. A junta de “roll” representa a rotação do efetuador com respeito ao eixo transversal do último elo, ou eixo que coincide com a orientação dele. Na de “yaw”, o eixo de rotação está em uma perpendicular ao últi- mo elo, e envolveria o giro do efetuador à direita e à esquerda. Na junta de “pitch” o eixo de rotação é per- pendicular ao anterior, e envolveria o giro do efetuador para cima e para baixo. Esta junta é chamada às ve- zes de inclinação do efetuador. Observe-se que nes- tas três juntas os eixos de rotação são sempre per- pendiculares, permitindo uma orientação do efetuador em qualquer ângulo de rotação, de inclinação à es- querda ou direita, e de inclinação para cima e para baixo. É claro que os limites de movimento de cada uma dessas três juntas limitarão as orientações pos- síveis do efetuador. Na figura 6 são representadas essas três juntas. No extremo do punho é fixado o efetuador, ou dis- positivo destinado a trabalhar sobre o objeto a ser manipulado. Em geral, os punhos nos braços mecâ- nicos e em outros tipos de manipuladores permitem a remoção e troca do dispositivo efetuador com faci- lidade, adequando o robô para diferentes tarefas que exijam diferentes tipos de efetuadores. ESPAÇO DE TRABALHO O espaço de trabalho do manipulador é o termo que se refere ao espaço dentro do qual ele pode mo- vimentar o efetuador. Ele é definido como o volume Figura 4: Manipulador com duas juntas de revolução no mesmo plano. Figura 5: Braço mecânico de 3 DOF. Duas juntas de revolução e uma prismática. MANIPULADORES 25MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 total conformado pelo percurso do extremo do último elo (o punho), quando o manipulador efetua todas as trajetórias possíveis. Em geral, não é considerada a presença do efetuador para definir este volume de trabalho,pois se fosse assim este volume ficaria determinado pelo seu tamanho, o qual depende do dispositivo terminal utilizado. Por exemplo, este volume variaria dependendo do efetuador ser uma garra ou uma ponta de solda comprida. Note-se que este volume dependerá da anatomia do robô, do tamanho dos elos, assim como dos limi- tes dos movimentos das juntas (nas juntas de revolu- ção, por exemplo, existirá um ângulo máximo de giro, determinado por limites mecânicos). A posição do punho do manipulador pode ser re- presentada no espaço de trabalho ou no espaço das juntas. A “posição no espaço de trabalho” é determi- nada pela posição do punho segundo um sistema de três eixos cartesianos ortogonais, cuja origem em geral é solidária com a base do robô. Portanto, a posi- ção do punho é representada no espaço de trabalho como um vetor de três componentes [x y z]. A “posi- ção no espaço das juntas” é representada pelo vetor de coordenadas generalizadas, ou vetor cujas com- ponentes significam a posição de cada junta (ângulo, Figura 6: Representação das três juntas do punho do manipulador. Figura 7: Diferentes espaços de trabalho em manipuladores de diferentes anatomias. MANIPULADORES MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/200226 se for de revolução ou distância, se for prismática), relativas a uma posição inicial arbitrária. Como foi es- pecificado anteriormente, o conhecimento dos valo- res das coordenadas generalizadas é suficiente para determinar a posição do punho dentro do espaço de trabalho. A influência da configuração física sobre o vo- lume de trabalho é ilustrada na figura 7. Observe- se que, dependendo da configuração, este volume pode ser um semi-esfera parcial, um cilindro, ou um prisma. Nos robôs reais, os limites mecânicos no movi- mento das juntas produzem um espaço de trabalho com contornos complexos, como é ilustrado na figura 8, acima. ANATOMIA DOS MANIPULADORES Existem diferentes configurações físicas ou dife- rentes anatomias, nos robôs manipuladores. Cada uma delas encontrará utilidade em alguma aplicação específica. Essas configurações estão determinadas pelos movimentos relativos das três primeiras juntas, aquelas destinadas ao posicionamento do efetuador. Efetivamente, elas podem ser prismáticas, de revolu- ção, ou uma combinação de ambas. Para cada com- binação possível haverá uma configuração física ou anatomia, diferente. Observe-se que a configuração física independe do tamanho dos elos, pois eles de- terminarão em todo caso o tamanho do espaço de trabalho, mas não sua forma. As configurações físicas, então, estão caracteri- zadas pelas coordenadas de movimento das três pri- meiras juntas, ou pelas três primeiras coordenadas generalizadas, que são as variáveis que represen- tam o movimento delas. Na maioria dos robôs manipuladores industriais, independentemente do tamanho e formas dos seus elos, dispõe-se de quatro configurações básicas: Coordenadas cartesianas; Coordenadas cilíndricas; Coordenadas esféricas ou polares; e Coordenadas de revolução. ACIONAMENTO DO MANIPULADOR O movimento em cada junta é realizado por atuadores. Os principais utilizados são motores elé- tricos, pistões hidráulicos e pistões pneumáticos, os Figura 8 - Manipuladores de configurações cartesianas (a), cilíndrica (b), esférica (c) e de revolução (d). MANIPULADORES 27MECATRÔNICA ATUAL Nº 2 - FEVEREIRO/2002 quais podem dar às juntas um movimento linear ou de rotação. Os atuadores são conectados mecanicamente às juntas por meio de diferentes mecanismos de trans- missão de potência mecânica, tais como engrenagens, polias, correntes e parafusos de acionamento desti- nados a dar ao movimento a desejada direção, força e velocidade. No caso dos braços mecânicos, o mais comum é empregar motores elétricos, que podem ser de cor- rente contínua, com ímã permanente ou de passo. Na hipótese de alguma das juntas ser prismática, em geral o movimento linear é conseguido através de um para- fuso de acionamento, que transforma o movimento de rotação do motor num deslocamento linear. O acionamento elétrico propicia ao robô uma maior pre- cisão, além de requerer espaços reduzidos para sua montagem, podendo se colocar os atuadores na pró- pria estrutura física do manipulador. O acionamento hidráulico é geralmente associado a manipuladores de maior porte, pois eles propiciam ao robô maior velocidade e força. Em contrapartida, ele se soma ao espaço útil requerido pelo robô, o que o aumenta consideravelmente, além de sofrer de outros inconvenientes tal como a possibilidade de vazar óleo. Os robôs com acionamento hidráuli- co podem ter juntas prismáticas, movimentadas por meio de pistões, ou de revolução, através de motores hidráulicos. O acionamento pneumático é empregado em ro- bôs manipuladores de pequeno porte e com poucos graus de liberdade, geralmente não mais de dois. Por não terem os pistões pneumáticos uma grande preci- são, devido à compressibilidade do ar, esses robôs assim acionados são utilizados em operações de “pega e põe” (conhecidos como pick & place), onde os elos se deslocam bruscamente entre dois extremos pos- síveis, dados pelos limites mecânicos dos pistões no modo de bang-bang, sem possibilidade de controle sobre a trajetória intermédia do efetuador. Como já foi visto anteriormente, o controlador cui- da, através do programa de controle, para que o manipulador realize a tarefa programada com a maior precisão possível dentro das especificações técnicas. Em caso do robô ser movimentado por motores de passo, ele pode ser controlado em malha aberta, por possuirem esses dispositivos precisão na rotação. Mas se for acionado por motores de corrente contínua, é necessário fechar a malha através de sensores, por- que o controlador precisa conhecer a resposta do manipulador a fim de imprimir nos motores os sinais de excitação necessários para executar a trajetória com precisão. Os sensores utilizados são sensores de posição, um para cada junta. Os mais comuns são os encoders óticos incrementais, onde o controlador vai contando os pulsos entregues pelo sensor ótico para conhecer a posição da junta. Às vezes são em- pregados potenciômetros rotativos também, onde o sinal analógico entregue é proporcional ao ângulo de rotação da junta. Na hipótese da junta ser prismática, uma engrenagem pode converter o movimento linear para uma rotação e assim entregar a informação para um encoder. Também podem ser usados sistemas de visão digitais, pois analisando a imagem fornecida, o controlador pode conhecer a posição de todas as jun- tas do braço. Dependendo da tarefa, o efetuador é capaz de exer- cer uma determinada força sobre uma superfície so- bre a qual desliza, por exemplo para efetuar uma sol- da, ou um corte, entre outras aplicações possíveis. Nesse caso, o controlador não mais controlará ape- nas a trajetória do efetuador, mas também a força que este exerce sobre a superfície, a fim de não quebrá-la ou não deteriorar a ferramenta utilizada. Para isso é necessária a utilização de sensores de força no punho do manipulador, e em geral são usados strain gauges. Em alguns casos os programas de controle preci- sam conhecer as velocidades das juntas também, não apenas as posições, e isto depende da lei de controle a ser implementada. Porém, não é comum utilizar tacômetros nos manipuladores por causa do alto nível de ruído desses dispositivos. Em geral, o controlador deriva a posição com respeito ao tempo para estimar a velocidade. O manipulador deve ser controlado por algum tipo de controlador programável. No caso dos braços me- cânicos, o mais comum é trabalhar com computado- res digitais. O programa de controle é responsável por conseguir que a operação feita pelo manipulador acompanhe, da maneira mais fiel possível, a posição de referência. Esta posição pode ser inserida exter- namente através de um mouse, um joystick, ou pelo teclado, ou pode estar já programada dentro do software de controle. Interfaces, placas de potência e conversores A/ D e D/A completam a estrutura do sistema de con- trole e
Compartilhar