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Doenças auto-imunes II Doenças sistémicas Faculdade de Medicina Dentária, Universidade do Porto 2015/2016 IMUNOLOGIA II Introdução Tolerância autóloga Conjunto de mecanismos que evita o desenvolvimento de doenças autoimunes A falência destes mecanismos induz a diferenciação e a activação de linfócitos auto-reactivos que causam doenças antoimunes Células T – falência no processo de selecção positiva Doenças autoimunes Autoimunidade vs doença autoimune Assemelham-se a respostas imunológicas normais dirigidas a agentes patogénicos (activação antigénica – autoantigénios) Doenças específicas de órgão Tiroidite de Hashimoto Lesão específica com produção de anticorpos dirigidos contra constituintes da tiróide Doenças sistémicas Lúpus eritematoso sistémico Existência de autoantigénios ubíquos – cromatina é um alvo preferencial. Lesões primárias do tecido conjuntivo, que afectam a pele, rim, articulações e vasos sanguíneos. Introdução Genética Existe uma tendência individual para prevalência aumentada de outras doenças autoimunes, dentro do mesmo grupo (sistémicas ou específicas de órgão) Tendência aumentada para o desenvolvimento de neoplasias do órgão afectado. Sistémicas ou específicas de órgão, de acordo com a doença autoimune. Existe também uma tendência familiar Associada a variações genéticas e a uma tendência aumentada para respostas inflamatórias sustentadas e perda de tolerância autóloga Variabilidade genética MHC, expressão de citocinas, balanço Th1/Th2, vias apoptóticas Regulação genética Influências hormonais Regulação genética Influências hormonais Falha do controlo de feedback na Artrite reumatóride Regulação genética e ambiental Gémeos Gémeos monozigóticos – 70% de prevalência de IDDM, se forem heterozigóticos HLA-DR3/DR4, mas só 40% se não forem Gémeos monozigóticos – 27% de prevalência no SLE Factores não microbianos Dieta, luz solar, solventes orgânicos Factores microbianos Febre reumática após faringite por Streptococus do grupo A Artrite reactiva após infecção por Chlamydia e Yersinia Paradoxalmente, a incidência de diabetes em ratos NOD aumenta se estes forem mantidos em condições assépticas Influência ambiental - microbiota Autoreactividade Processamento de autoantigénios pelas APCs Origina péptidos dominantes e crípticos (apresentados em menor quantidade) Risco de desenvolvimento de células T específicas para epítopos cripticos As células B são menos susceptíveis à tolerância (ver imagem) mais facilmente se desenvolvem células B autoreactivas Células B1 – sintetizam anticorpos naturais (geralmente IgM de baixa afinidade) por mecanismos T-independentes Reguladores (?) – uma fracção da IgM bloqueia as ligações dos fragmentos IgG F(ab’)2 a diversos autoantigénios Ligação não-específica entre o soro normal e autoantigénios. No entanto existem ligações fortes que aumentam com a idade Células T CD3+ CD4-8- reagem intensamente com células T autólogas Mas qual é o estímulo para a autoimunidade? São os antigénios? Desenvolvimento da autoimunidade Acção dos antigénios Galinhas obesas desenvolvem, espontaneamente, anticorpos contra a tiroglobulina Tiroidectomia neonatal previne a produção destes anticorpos A posterior injecção com tiroglobulina induz a produção de anticorpos Conclusão a autoimunidade, neste modelo, é iniciada e mantida pelos autoantigénios Desenvolvimento da autoimunidade Disponibilidade dos autoantigénios Locais imunologicamente privilegiados e sequestração antigénica Na maioria dos casos os autoantigénios estão acessíveis aos linfócitos O desenvolvimento da autoimunidade depende de: Presença das moléculas específicas de MHC Concentração do epítepo autoantigénico Sinais de co-estimulação Controlo da autoimunidade Regulação Ponto central - Células T auxiliares As células são inactivadas por: Delecção clonal Anergia clonal Supressão Apresentação inadequada Falha nos mecanismos Baixa expressão intra-tímica Alterações das vias de sinalização (selecção positiva e negativa) Alteração nas vias apoptóticas Mecanismos de autoimunidade Mecanismos de autoimunidade Regulação das células B Controlo da autoimunidade Mecanismos periféricos das células T Importância das células dendríticas na autoimunidade Mecanismos de bypass 1 – Modificação do autoantigénio 2 – Reactividade cruzada com os epítopos B 3 – Mimetismo molecular 4 – Epitope spreading Autoimunidade dependente de agentes patogénicos Patologia dependente de anticorpos Células sanguíneas Anemia hemolítica autoimune Anticorpos Linfopenia associada ao SLE e RA. Factor linfocitotóxico plasmático Púrpura trombocitopénica idiopática Anticorpos IgG Receptores de superfície Tiróide Doença de Graves Estimulação do receptor da TSH Hipertiroidismo Tiroidite de Hashimoto Autoanticorpos contra tiroglobulina, peroxidase tiroideia e receptor da TSH (bloqueio) Hipotiroidismo e eventual hipertiroidismo transitório Tirotoxicose neonatal Receptores de superfície Músculo Miastenia gravis Anticorpos (IgG) contra o receptor da acetilcolina, bloqueiam-nos e originam fraqueza muscular Sintomas miasténicos podem ser induzidos em animais após a administração de anticorpos anti-r-Ach Estômago Anemia perniciosa Anemia megaloblástica. Gastrite atrófica, em que um infiltrado crónico mononuclear está associado à degeneração glandular e incapacidade de produção de ácido Anticorpos bloqueiam as bombas de protões Úlceras gástricas – produção aumentada de ácido associada à activação por autoanticorpos (?) Intestino Doença celíaca Rim Lesão da membrana basal glomerular Deposição linear de IgG e C3 no glomérulo Patologia da deposição de imunocomplexos SLE Doença que afecta múltiplos órgãos e principalmente mulheres jovens Autoanticorpos contra antigénios nucleares Artrite ou artralgia – manifestação mais comum Afecção da pele e articulações, afecções pulmonares, renais e neurológicas Formas atípicas dificultam o diagnóstico Pericardite e endocardite Pneumonia e pleurisia Anticorpos antinucleares (ANAs) Características % Artrite/artralgia 62 Lesões cutâneas 20 Febre 4 Púrpura trombocitopénica 4 Anemia hemolítica 4 Alterações neurológicas 4 Órgão/tecido % pacientes com envolvimento Pele 98 Articulações Músculos 98 Pulmões 64 Sangue 60 Cérebro 60 Rins 40 Coração 20 Estimulação policlonal B (defeitos na apoptose?) Produção de autoanticorpos (defeitos na apoptose? Induzidos por infecção?) Fármacos/toxinas (alteração morfológica de antigénios autólogos ?) Luz UV (alteração morfológica de antigénios autólogos ?) Hormonas (estrogénio agrava a sintomatologia) Deficiências no complemento Congénitas ou adquiridas Deposição de imunocomplexos na junção derme-epiderme - Necrose de liquefacção na membrana basal, infiltrado inflamatório e púrpura SLE Glomerulonefrite (50% dos casos) Maior causa de morbilidade no SLE Envolvimento renal mesmo na ausência de proteinúria Lesões histológicas Nefrite difusa e proliferativa (60%) Nefrite membranosa (15%) Doença focal (10%) Deposição de autoanticorpos - imunofluorescência Espessamento dos loops capilares – consequência da deposição de imunocomplexos Aglomerados eritrocitários Aglomerados leucocitários SLE Manifestações ligeiras – evitar estímulos que induzam a exacerbação e controlar a produção de anticorpos Exacerbação ocorre por exposição solar ou infecção (medir a PCR) Imunusupressão Corticosteróides Antimaláricos – hidroxicloroquina Monitorização ANAs, C3, C4 e PCR ANAs aumentam antes da exacerbação diminuindoseguidamente Diminuição de C3 e C4 indicam afecção renal Prognóstico 80% - sobrevivência aos 5 anos Vasculite e inflamação crónica Anticorpos antinucleares (ANAs) ANAs Pattern Cell Target Disease Association Nuclear Homogeneous dsDNA SLE (95%) Discoid Lupus Autoimmune Hepatitis Rheumatoid Arthritis Histones SLE Nucleolar PM-Scl Extensive Scleroderma (30%) Polymyositis/Scleroderma overlap syndrome Primary Pulmonary Hypertension Nuclear Matrix hRNP Mixed Connective Tissue Disease SLE Speckled - fine SS-A (Ro) SS-B (La) Sjogren's Syndrome (95%) SLE (40%) Scleroderma (5%) Speckled - course snRNP SLE SLE overlap Syndromes Centromere CENT A-E Limited Scleroderma / CREST (60%) Raynauld's Phenomenon Proliferating Cell Nuclear Antigen (PCNA) Cyclin SLE (1-3%) - often associated with glomerulonephritis Nuclear Dots p80 coilin Autoimmune and viral liver disease ANAs – Padrões Padrão homogénio Padrão homogénio periférico Padrão nucleolar Padrão pontilhado Doença mista do tecido conjunctivo Manifestações clínicas Artrite, polimiosite, fibrose pulmonar, alterações cutâneas semelhantes ao escleroderma Títulos elevados de RNP na ausência de outros ANAs para o lupus (anti- Sm). Padrão pontilhado. Ausência de anticorpos ds-DNA e níveis normais de C3 e C4 Sem envolvimento renal ou cerebral Tratamento Corticosteróides Artrite reumatóide Mecanismos Proliferação de células sinoviais Hiper-reactividade imunológica com formação de folículos linfóides locais e produção elevada de Igs Factor reumatoide Antiglobulinas Anticorpo e antigénio ao mesmo tempo Artrite reumatóide Resposta inflamatória Por deposição do factor reumatóide (complexos de Ig+complemento muito glicosilados) Aumento da antigenicidade, da associação de Igs, interacção com factores inflamatórios (MBP) e ligação ao TNF Lesão tecidular ROIs, enzimas, citocinas (IL-1, IL-6 e TNF) destruição do osso e cartilagem Patologia associada às células T Diabetes melitus insulino-dependente Inflamação crónica e destruição tecidular dos ilhéus de Langherans (células b) Monócitos e APCs a expressar Cox2 Células Th1 Esclerose múltipla Formação de placas com ausência de mielina e oligodendrócitos Patologia Células Th1 reactivas contra a mielina Activadas por reactividade cruzada (vírus) por IL-12 e moléculas de co-estimulação Cascata inflamatória Terapia imunológica Indução de respostas Th2, Th2 e Treg que secretem IL-4 e IL- 10 As células Treg podem ser estimuladas por Acetato de glatirâmero (Copaxone) Ligantes peptídicos alterados Agentes que bloqueiem as vias de co-estimulação Doenças sistémicas com componente imunopatológico Síndrome de Sjogren Manifestações clínicas Destruição autoimune de glândulas exócrinas Principalmente das glândulas lacrimais e salivares Síndroma primário Anticorpos contra Ro e La Sindroma secundário Associado a RA, SLE ou escleroderma Risco aumentado de linfoma Bom prognóstico Teste de Schrimer Papel de filtro estéril colocado na pálpebra inferior. Em 5 minutos deve molhar 10 mm de papel Biópsia Glândulas minor do lábio com abundante infiltrado inflamatório 95% 95% 20% 10% 60% Vasculitis 10% Integração Tratamento
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