Buscar

ea-_apostila

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Educação Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agosto de 2014 
 
 
MEIO AMBIENTE 
Meio ambiente envolve todas as coisas vivas e não-vivas que ocorrem na 
Terra, ou em alguma região dela, que afetam os ecossistemas e a vida dos 
humanos. O meio ambiente pode ter diversos conceitos, que são 
identificados por seus componentes. 
Na ecologia, o meio ambiente é o panorama animado ou inanimado onde 
se desenvolve a vida de um organismo. No meio ambiente existem vários 
fatores externos que têm uma influência no organismo. A ecologia tem 
como objeto de estudo as relações entre os organismos e o ambiente 
envolvente. 
Meio ambiente é um conjunto de unidades ecológicas que funcionam 
como um sistema natural, e incluem toda a vegetação, animais, micro 
organismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais que podem 
ocorrer em seus limites. Meio ambiente também compreende recursos e 
fenômenos físicos como ar, água e clima, assim como energia, radiação, 
descarga elétrica, e magnetismo. 
Para as Nações Unidas, meio ambiente é o conjunto de componentes 
físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou 
indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e as atividades 
humanas. 
A preservação do meio ambiente depende muito da sensibilização dos 
indivíduos de uma sociedade. A cidadania deve contemplar atividades e 
noções que contribuem para a prosperidade do meio ambiente. Desta 
forma, é importante saber instruir os cidadãos de várias idades, através de 
formação nas escolas e em outros locais. 
No Brasil existe a PNMA, que é a Política Nacional do Meio Ambiente. A 
PNMA define meio ambiente como o conjunto de condições, leis, 
influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, 
abriga e rege a vida em todas as suas formas. 
 
 
 
 
 
 
UMA REFLEXÃO 
 Homem X Meio Ambiente 
Nunca se falou tanto em meio ambiente e em impacto ambiental, pois está 
patente aos olhos de todos que o nosso planeta está passando por 
profundas e intensas mudanças, todas elas ocasionadas por nós, seres 
humanos. Nos últimos séculos a população humana só tem aumentado, e 
numa proporção ainda maior, tem aumentado de forma impressionante a 
nossa tecnologia, que nos disponibiliza inúmeras ferramentas, tornando-
nos capazes de alterar tudo à nossa volta. No mesmo ritmo frenético em 
que a tecnologia avança, temos visto o desaparecimento de plantas, 
animais e seus habitats. As florestas tropicais, as savanas, os campos e as 
áreas de bosques estão sendo eliminadas; os brejos e pântanos estão sendo 
drenados e aterrados; os rios, córregos e riachos têm sido canalizados e 
bloqueados por represas. É cada vez maior o número de áreas aradas e 
cultivadas para produzir cereais e outros produtos. Além, é claro, de todas 
as imensas áreas que têm sido usadas para a pecuária intensiva. Cada uma 
dessas alterações modifica as condições primordiais para a sobrevivência 
de plantas e animais silvestres. O aumento da taxa de extinção de espécies 
de aves e mamíferos apresenta uma relação positiva com a curva de 
crescimento populacional humano dos últimos três séculos. O número de 
espécies raras, ameaçadas ou em perigo de extinção é cada vez maior. 
Quando paramos para ver tudo isso, chegamos a ficar desanimados com o 
poder destrutivo que o ser humano possui. Mas vale lembrar que nem tudo 
está perdido, pois existe também uma parcela de nossa sociedade que está 
 
preocupada em contribuir positivamente para evitar que todos esses danos 
se agravem ainda mais. Hoje, os governos de diversos países, com apoio de 
inúmeras instituições não governamentais e com a colaboração de cidadãos 
comuns têm feito a diferença em muitos aspectos. É cada vez maior a 
criação de áreas protegidas (como por exemplo, Unidades de Conservação 
e Corredores Ecológicos), que são uma tentativa de conservar ambientes 
naturais por seu valor biológico, científico, econômico e estético. Essa 
prática está difundida, principalmente, em países desenvolvidos, mas 
também está se tornando bem comum em países em desenvolvimento, 
onde restam muitas áreas conservadas ou pouco impactadas, como é o 
caso do Brasil. As sociedades urbanas e industriais estão cada vez mais 
conscientes sobre a necessidade de reduzir, reciclar e reutilizar o lixo, pois 
assim podemos prolongar mais a disponibilidade de muitos recursos 
naturais não renováveis (especialmente o petróleo, o gás natural e alguns 
minerais) para as próximas gerações. Está cada vez mais claro para todos 
que o ecossistema humano (em particular o urbano-industrial) tem que 
alcançar um equilíbrio, onde o balanço entre o que entra e o que sai das 
cidades deve ser baseado em fontes renováveis. A busca crescente por 
fontes alternativas de energia renovável, é um exemplo claro de nossa 
preocupação com o futuro do planeta. Os debates recentes com ampla 
participação popular, em torno das mudanças climáticas, têm mostrado 
que os cidadãos estão mais conscientes sobre a necessidade do 
engajamento de todos na construção de cenários mais favoráveis. Muitas 
pessoas veem essa mobilização como algo funesto e que não trará 
resultados. Tais pessoas acham que não há mais como frearmos a 
destruição iminente de nosso planeta. Mas, eu quero estar sempre entre os 
mais otimistas, pois acredito que tais ações (por mais pequenas e singelas 
que pareçam!!!) são importantes para a construção de um futuro 
promissor. Por mais pessimista que sejam as opiniões à minha volta, não 
quero desanimar nunca. Não pretendo cruzar os braços, pois acredito que 
juntos podemos fazer a diferença. Trabalhando unidos podemos fazer a 
diferença, construindo um mundo melhor! 
(Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista 
em Direito Ambiental. Atualmente é Analista Ambiental do Governo 
Federal.) 
 
 
 
 
A Educação Ambiental 
A educação ambiental nasceu com o objetivo de gerar uma 
consciência ecológica em cada ser humano, preocupada com o ensejar a 
oportunidade de um conhecimento que permitisse mudar o 
comportamento voltado à proteção da natureza. 
A educação está em constante diálogo com a sociedade. A escola, 
portanto, tem a obrigação de formar cidadãos conscientes. Isto é, que 
saibam reconhecer os problemas da comunidade ou do mundo; e que 
tenham espírito comunitário para agir contra esses problemas. Uma 
prática pedagógica mais voltada para a educação ambiental é, então, uma 
das bases para reduzir os grandes problemas sociais, ambientais e 
econômicos que o mundo sofre hoje em dia. 
Principais marcos históricos mundiais da educação ambiental: 
Vários textos normativos no Brasil mencionam a educação 
ambiental como meio de se alcançar o desenvolvimento sustentável. 
Dispõe a Lei federal n.º 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): 
 
“Art. 2º. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à 
vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento 
socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da 
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: 
………………………… 
X – educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação 
da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa 
do meio ambiente.” 
 
Posteriormente, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
iria prever a educação ambiental como política pública assecuratória do 
direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
 
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo 
e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º – Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
………………………… 
VI – promover a educação ambiental em todos os níveisde ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.” 
 
Dentro desse contexto, merece destaque a lei federal n.º 9.795, de 
27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a 
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. 
 
Em seguida, a lei federal n.º 9.985/00, que regulamenta o art. 225, § 
1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional 
de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências, iria 
trazer alguns dispositivos sobre educação ambiental. 
“Art. 3º O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – 
SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, 
estaduais e municipais, de acordo com o disposto nesta Lei. 
Art. 4º O SNUC tem os seguintes objetivos: 
X – proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, 
estudos e monitoramento ambiental; 
XII – favorecer condições e promover a educação e interpretação 
ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; 
XIII – proteger os recursos naturais necessários à subsistência de 
populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e 
sua cultura e promovendo-as social e economicamente. 
 
 
Art. 5º O SNUC será regido por diretrizes que: 
II – assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao 
envolvimento da sociedade no estabelecimento e na revisão da política 
nacional de unidades de conservação; 
III – assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, 
implantação e gestão das unidades de conservação; 
IV – busquem o apoio e a cooperação de organizações não-
governamentais, de organizações privadas e pessoas físicas para o 
desenvolvimento de estudos, pesquisas científicas, práticas de educação 
ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico, monitoramento, 
manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação; 
V – incentivem as populações locais e as organizações privadas a 
estabelecerem e administrarem unidades de conservação dentro do 
sistema nacional.” 
 
Todos esses dispositivos da lei n.º 9.985/00 movem-se, direta ou 
indiretamente, para a formação de uma consciência ambiental, através da 
educação ambiental. Ainda, percebe-se a preocupação da lei n.º 9.985/00 
com a educação ambiental quando aborda a visitação pública nas 
diferentes categorias de unidades de conservação. Note-se que mesmo 
nos casos de estações ecológicas e reservas biológicas, em que a visitação 
pública é proibida, ainda assim será excepcionalmente permitida quando 
tenha objetivos educacionais. Mas, a questão é: o surgimento de uma 
legislação brasileira favorável à educação ambiental é fruto da 
preocupação mundial de proteção ambiental e desenvolvimento 
sustentável? Não há dúvidas de que a resposta a esse questionamento é 
em sentido afirmativo. O Brasil inseriu-se no contexto internacional das 
discussões ambientais, ao longo das últimas décadas, sendo sujeito ativo 
em vários encontros internacionais, mas também foi afetado pelas ideias 
resultantes de tais discussões. 
Pode-se afirmar que, de alguma forma, no Brasil, a educação 
ambiental se inicia com a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 
 
por D. João VI, ainda em 1808. Há que se reconhecer, todavia, que tal, 
nem de longe, se dava dentro da concepção de educação ambiental que 
se tem atualmente, nem se prestava aos mesmos anseios. 
A verdade é que a necessidade de instalação da educação ambiental 
brasileira contemporânea é produto das discussões ocorridas no cenário 
internacional, timidamente ainda no século XIX, mas principalmente a 
partir da segunda metade do século XX. A legislação nacional de proteção 
ambiental é um reflexo da circunstância mundial, vivenciada nas últimas 
décadas, em que o modelo desenvolvimentista destruidor da natureza 
gera uma sociedade de risco, no contexto mais amplo da sociedade 
tecnológica capitalista. Como não poderia deixar de ser, também a 
legislação de educação ambiental se apresenta como reflexo dessa 
preocupação mundial, e se destaca como mecanismo de desenvolvimento 
sustentável. 
Nessa esteira, é forçoso dizer que todas as discussões e encontros 
internacionais em matéria educacional ambiental só existiram porque a 
educação tradicional não atendia e não atende aos anseios de uma nova 
sociedade que deve preocupar-se com a conservação dos recursos 
naturais, até mesmo para própria sobrevivência humana na Terra. 
Palavras de Víctor Bedoy Velázquez, quando escreve: 
 
“(…) La educación tradicional olvidó crear y valorizar los componentes de 
responsabilidad con la problemática ambiental; siguió esquemas 
fragmentarios de la realidad; promovió la división entre las ciencias 
sociales y las naturales y desvinculó la relación entre las estructuras 
productivas y la destrucción del medio. A través de la educación se han 
reforzado valores de carácter mercantil, utilitario y competitivo, tales 
como el éxito material, el consumismo, el individualismo, el lucro y la 
sobrexplotación de los recursos naturales y el hombre, valores todos ellos 
más eficientes en sistemas deteriorantes del medio. 
La parcialización de la realidad favoreció respuestas aisladas, escasas, 
poco procesadas y dificultó el camino para llegar a la esencia de las cosas 
para transformarlas hacia relaciones más armónicas con el entorno. 
 
Para enfrentar la crisis ambiental, se necesita, por tanto, una nueva 
educación. (…).(1)” 
 
Estudar a história mundial da educação ambiental, assim, é de 
extrema relevância para a completa compreensão dos esforços da 
humanidade na busca pelo desenvolvimento sustentável. E mais: para que 
haja uma perfeita compreensão da educação ambiental no Brasil, é 
preciso enxergá-la como fenômeno da integração do país no cenário 
internacional, sendo por isso mesmo necessário que se efetue um estudo 
dos principais marcos históricos mundiais a respeito do tema. 
 
Marcos históricos da educação ambiental 
De forma bastante embrionária, a educação ambiental surge na 
segunda metade do século XIX. Em 1864, ocorre o lançamento do livro “O 
Homem e a Natureza”, ou “Geografia Física Modificada pela Ação do 
Homem”, de autoria do norte-americano Georges Perkins Marsh. Cinco 
anos depois, o vocábulo “ecologia” é proposto por Ernst Haeckel para 
definir os estudos a serem realizados sobre as relações entre as espécies e 
seu ambiente. Consta de 1872 a criação do primeiro parque nacional 
do mundo: “Yellowstone”, nos Estados Unidos da América. O Brasil não se 
demora em adequar-se a essa nova tendência. Em 1896, na fase 
republicana, cria-se o primeiro parque estadual em São Paulo, 
denominado “Parque da Cidade”. Após isso, teríamos a criação do Parque 
Nacional de Itatiaia (1937) e do Parque Nacional do Iguaçu (1939). 
No plano internacional, destaca-se em 1951 a publicação do 
“Estudo da Proteção da Natureza no Mundo”, organizado pela União 
Internacional para a Conservação da Natureza – UICN, que havia sido 
criada em decorrência da Conferência Internacional de Fontainbleau, na 
França, em 1948, com apoio da UNESCO. A UICN se transformaria no 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, em 1972, 
em razão da Conferência de Estocolmo. 
Momento relevante da educação ambiental surgiu em razão de uma 
catástrofe, no início da segunda metade do século XX. Em 1952, um 
 
acidente de poluição do ar decorrente da industrialização, ocorrido em 
Londres, Inglaterra, provoca a morte de cerca de 1.600 pessoas. Diante da 
necessidade de compreender-se esse quadro, realizou-se naquele país, em 
março de 1965, a “Conferência de Educação da Universidade de Keele”, 
onde pela primeira vez utilizou-se a expressão “Educação Ambiental” 
(Environmental Education). Houve recomendação de que a educação 
ambiental deveria se tornar uma parte essencial de educação de todos os 
cidadãos. Naquelaépoca, porém, a educação ambiental era vista como 
ecologia aplicada, ou seja, conservação, conduzida pela biologia. 
Em 1968 a UNESCO – Organização das Nações Unidas para a 
Educação, a Ciência e a Cultura, fundada em 16 de novembro de 1945, 
realizou estudo sobre educação ambiental, compreendendo a mesma 
como tema complexo e interdisciplinar. Nesse estudo sobre a relação 
entre meio ambiente e escola, realizado junto a seus países membros, a 
UNESCO entendeu que não se deve limitar a educação ambiental a uma 
disciplina específica no currículo escolar. Essa interpretação da eficácia 
educacional ambiental interdisciplinar acabou por influenciar, anos 
depois, a Política Nacional de Educação Ambiental, instituída pela Lei n.º 
9.795/99, que no art. 10, §1º, dispõe: “A educação ambiental não deve ser 
implantada como disciplina específica no currículo de ensino”. A 
Conferência de Estocolmo de 1972, realizada em razão das ideias 
divulgadas pelo Clube de Roma, principalmente pelo relatório intitulado 
“Os limites do crescimento”, trouxe dois importantes marcos para o 
desenvolvimento de uma política mundial de proteção ambiental, que 
foram: a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(PNUMA), com sede em Nairóbi, Quênia, e a recomendação de que se 
criasse o Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), 
conhecida como “Recomendação 96″. A Recomendação 96 sugere que “Se 
promova a educação ambiental como uma base de estratégias para atacar 
a crise do meio ambiente”. 
O princípio 19 da Conferência de Estocolmo de 1972 estabeleceu: 
“É indispensável um trabalho de educação em questões ambientais, 
dirigido, seja às gerações jovens, seja aos adultos, o qual dê a devida 
atenção aos setores menos privilegiados da população, a fim de favorecer 
a formação de uma opinião pública bem informada e uma conduta dos 
 
indivíduos, das empresas e das coletividades, inspiradas no sentido de sua 
responsabilidade com a proteção e melhoria do meio, em toda a sua 
dimensão humana.” 
No ano de 1973, surge nos Estados Unidos da América o Registro Mundial 
de Programas em Educação Ambiental. 
No Seminário de Educação Ambiental realizado em Jammi (Comissão 
Nacional Finlandesa para a UNESCO, 1974), foram fixados os Princípios de 
Educação Ambiental. Considerou-se que a educação ambiental permite 
atingir-se o escopo de proteção ambiental, e que não deve ser encarada 
com um ramo científico ou uma disciplina de estudos em separado, e sim 
como educação integral e permanente. 
Em 1975, é lançada a “Carta de Belgrado”, buscando uma estrutura global 
para a educação ambiental. A Carta, precipuamente, afirmou que a 
geração de então testemunhava um crescimento econômico e um 
processo tecnológico sem precedentes, os quais, ao tempo em que 
trouxeram benefícios para muitas pessoas, produziram também sérias 
consequências ambientais e sociais. Atenta à então recente Declaração 
das Nações Unidas para uma Nova Ordem Econômica Internacional, que 
pregava um novo conceito de desenvolvimento – o que leva em conta a 
satisfação das necessidades e desejos de todos os cidadãos da Terra, 
pluralismo de sociedades e do balanço e harmonia entre humanidade e 
meio ambiente -, a Carta de Belgrado entendeu como absolutamente vital 
que os cidadãos de todo o mundo insistissem a favor de medidas que 
dessem suporte ao tipo de crescimento econômico que não traga 
repercussões prejudiciais às pessoas e que não diminuam de nenhuma 
maneira as condições de vida e de qualidade do meio ambiente, propondo 
uma nova ética global de desenvolvimento, através, dentre outros 
mecanismos, da reforma dos processos e sistemas educacionais. 
A Carta de Belgrado de 1975 afirmou textualmente: 
“Governos e formuladores de políticas podem ordenar mudanças e novas 
abordagens para o desenvolvimento, podem começar a melhorar as 
condições de convívio do mundo, mas tudo isso não passa de soluções de 
curto prazo, a menos que a juventude mundial receba um novo tipo de 
educação. Esta implicará um novo e produtivo relacionamento entre 
 
estudantes e professores, entre escolas e comunidades, e entre o sistema 
educacional e a sociedade em geral.” 
No mesmo ano de 1975, a UNESCO, em colaboração com o 
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), criou o 
Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), em atenção à 
recomendação 96 da Conferência de Estocolmo de 1972. 
Em 1976 foi criada em Ohio, Estados Unidos da América, a primeira 
organização social reunindo educadores ambientais, “The International 
Society for Environmental Education”. 
Em 1977, entre 14 e 26 de outubro, na cidade de Tbilisi, antiga 
URSS, ocorreria o mais importante evento internacional em favor da 
educação ambiental até então já realizado. Foi a assim chamada “Primeira 
Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental”, que, 
fortemente inspirada pela Carta de Belgrado, seria responsável pela 
elaboração de princípios, estratégias e ações orientadoras em educação 
ambiental que são adotados até os dias atuais, em todo o mundo. A 
Declaração de Tbilisi de 1977, a exemplo das manifestações internacionais 
anteriores, também entendeu que a educação ambiental é o resultado da 
reorientação e compatibilidade de diferentes disciplinas e experiências 
educacionais que facilitam uma percepção integrada dos problemas 
ambientais, proporcionando capacitação para ações suficientes às 
necessidades sócio-ambientais, e definiu como objetivos da educação 
ambiental o seguinte: 
1) fomentar plena consciência e preocupação sobre a interdependência 
econômica, social, política e ecológica nas áreas urbanas e rurais; 
2) proporcionar, a cada pessoa, oportunidades de adquirir conhecimento, 
valores, atitudes, compromisso e habilidades necessários a proteger e 
melhorar o meio ambiente; 
3) criar novos padrões de comportamento de indivíduos, grupos e 
sociedade como um todo em favor do ambiente. 
A Declaração de Tbilisi de 1977 dividiu os objetivos da educação ambiental 
nas seguintes categorias: 
 
1) consciência: ajudar grupos sociais e indivíduos a adquirir consciência e 
sensibilidade para o ambiente e problemas conexos; 
2) conhecimento: ajudar grupos sociais e indivíduos a ganhar uma 
variedade de experiências e adquirir uma compreensão básica do 
ambiente e problemas conexos; 
3) atitudes: ajudar grupos sociais e indivíduos a adquirir um conjunto de 
valores e sentimentos de preocupação pelo ambiente e motivação para 
ativamente participarem na melhoria da proteção do ambiente; 
4) habilidades: ajudar grupos sociais e indivíduos a adquirir habilidades 
para identificar e resolver problemas ambientais; 
5) participação: providenciar para grupos sociais e indivíduos a 
oportunidade de ser ativamente envolvido em trabalhos para solução de 
problemas ambientais. 
A Declaração de Tbilisi de 1977 editou princípios norteadores da educação 
ambiental. No entendimento dos que exararam este importante 
documento internacional, a educação ambiental deve: 
1) considerar o ambiente em sua totalidade – natural, artificial, 
tecnológico e social (econômico, político, histórico-cultural, ético e 
estético); 
2) ser um processo contínuo ao longo da vida, iniciando-se na pré-escola e 
prosseguindo por todos os estágios seguintes, formais e não formais; 
3) ser interdisciplinar em sua abordagem, utilizando o conteúdo específico 
de cada disciplina para tornar possível uma perspectiva equilibrada e 
holística; 
4) examinar as questões ambientais maiores a partir dos pontos de vista 
locais, nacionais, regionais, e internacionais, para que os estudantes 
recebam informações sobre as condições ambientais em outras áreas 
geográficas; 
5) focar em questões ambientais potenciais e atuais sem descurar a 
perspectiva histórica; 
6) promover o valor e a necessidade da cooperação, local, nacional e 
internacional, na prevenção e solução de problemasambientais; 
 
7) explicitamente considerar os aspectos ambientais em planos para o 
desenvolvimento e crescimento; 
8) capacitar estudantes a terem um papel no planejamento de suas 
experiências de aprendizagem e providenciar-lhes oportunidade de tomar 
decisões e aceitar suas consequências; 
9) relacionar, para todas as idades, sensibilidade ambiental, 
conhecimentos, habilidades de solução de problemas e valores, mas com 
especial ênfase em sensibilidade ambiental para os aprendizes da 
comunidade em tenra idade; 
10) ajudar aprendizes a descobrirem sintomas e causas reais de problemas 
ambientais; 
11) enfatizar a complexidade dos problemas ambientais, e a necessidade 
de se desenvolver consciência crítica e habilidades de solução de 
problemas; 
12) utilizar diversos ambientes de aprendizagem e uma ampla coleção de 
métodos educacionais, para que se possa ensinar, aprender sobre, e 
aprender do ambiente, com devida atenção em atividades práticas e 
experiências originais. 
Importa mencionar ainda os seguintes acontecimentos mundiais 
que contribuíram para a discussão da importância e das políticas de 
educação ambiental: “Encontro Regional de Educação Ambiental para 
América Latina” em San José, Costa Rica (1979); “Seminário Regional 
Europeu sobre Educação Ambiental para Europa e América do Norte”, 
onde se destacou a importância de intercâmbio de informações e 
experiências (1980); “Seminário Regional sobre Educação Ambiental nos 
Estados Árabes”, em Manama, Bahrein (1980); e “Primeira Conferência 
Asiática sobre Educação Ambiental”, Nova Delhi, Índia (1980). Nota-se que 
os anos de 1979 e 1980 foram ávidos por discussões regionalizadas em 
educação ambiental. 
Em 1987 ocorreu a divulgação do Relatório “Nosso Futuro Comum”, 
conhecido como “Relatório Brundtland”, que inauguraria a terminologia 
“desenvolvimento sustentável”. No mesmo ano, realiza-se o “Congresso 
Internacional da UNESCO-PNUMA sobre Educação e Formação 
 
Ambiental”, em Moscou. Tal Congresso teve por objetivo avaliar os 
avanços obtidos em educação ambiental desde Tbilisi, além de reafirmar 
os princípios de educação ambiental e assinalar a importância e 
necessidade da pesquisa e da formação em educação ambiental. 
Depois disso, tivemos os seguintes eventos internacionais 
relevantes para educação ambiental: “Declaração de Caracas sobre Gestão 
Ambiental na América”, que denunciaria a necessidade de mudança no 
modelo de desenvolvimento (1988); o “Primeiro Seminário sobre 
materiais para a Educação Ambiental”, em Santiago, Chile (1989); a 
“Declaração de Haia” (1989), preparatória da RIO 92, que demonstra a 
importância da cooperação internacional nas questões ambientais. 
Em seguida a “Conferência Mundial sobre Educação para Todos: 
Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem”, realizada em 
Jomtien, Tailândia (1990), que aprovou a “Declaração Mundial sobre 
Educação para Todos”. Esse texto chamaria a atenção do mundo para o 
analfabetismo ambiental, ressaltando: 
“A educação pode contribuir para conquistar um mundo mais seguro, 
mais sadio, mais próspero e ambientalmente mais puro, e que, ao mesmo 
tempo, favoreça o progresso social, econômico e cultural, a tolerância e a 
cooperação internacional.” 
Relevante dizer que a ONU declarou o ano de 1990 como “Ano 
Internacional do Meio Ambiente”, com isso gerando discussões 
ambientais em todo o mundo. Vinte anos após a Conferência de 
Estocolmo, 1992 foi o ano em que realizou-se, no Rio de Janeiro, Brasil, a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
conhecida como Eco-92. Afirmou-se, no princípio 10 da Declaração ali 
proposta: 
“A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a 
participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No 
nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações 
relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, 
inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas 
comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos 
decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a 
 
participação popular, colocando as informações à disposição de todos. 
Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e 
administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de 
danos.” 
Deste evento, o capítulo 36 da Agenda 21, direcionado à educação 
ambiental, e apontado pelo portal da UNESCO na internet como um dos 
quatro mais importantes documentos mundiais da história da educação 
ambiental. Intitulado “Promoção do ensino, da conscientização e do 
treinamento”, afirma: 
“O ensino, o aumento da consciência pública e o treinamento estão 
vinculados virtualmente a todas as áreas de programa da Agenda 21 e 
ainda mais próximas das que se referem à satisfação das necessidades 
básicas, fortalecimento institucional e técnica, dados e informação, ciência 
e papel dos principais grupos. Este capítulo formula propostas gerais, 
enquanto que as sugestões específicas relacionadas com as questões 
setoriais aparecem em outros capítulos. A Declaração e as 
Recomendações da Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre 
Educação Ambiental, organizada pela UNESCO e o PNUMA e celebrada em 
1977, ofereceram os princípios fundamentais para as propostas deste 
documento.” As áreas de programas descritas neste capítulo são: 
1) reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável; 
2) aumento da consciência pública; 
3) promoção do treinamento. 
Sobre a “Reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento 
sustentável”, a Agenda 21 assim se manifesta: 
“O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o 
treinamento devem ser reconhecidos como um processo pelo qual os 
seres humanos e as sociedades podem desenvolver plenamente suas 
potencialidades. O ensino tem fundamental importância na promoção do 
desenvolvimento sustentável e para aumentar a capacidade do povo para 
abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento. Ainda que o 
ensino básico sirva de fundamento para o ensino em matéria de ambiente 
e desenvolvimento, este último deve ser incorporado como parte 
 
essencial do aprendizado. Tanto o ensino formal como o informal são 
indispensáveis para modificar a atitude das pessoas, para que estas 
tenham capacidade de avaliar os problemas do desenvolvimento 
sustentável e abordá-los. O ensino é também fundamental para conferir 
consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e 
comportamentos em consonância com o desenvolvimento sustentável e 
que favoreçam a participação pública efetiva nas tomadas de decisão. 
Para ser eficaz, o ensino sobre meio ambiente e desenvolvimento deve 
abordar a dinâmica do desenvolvimento do meio físico/biológico e do 
sócio-econômico e do desenvolvimento humano (que pode incluir o 
espiritual), deve integrar-se em todas as disciplinas e empregar métodos 
formais e informais e meios efetivos de comunicação.” 
Com objetivo de promover uma ampla consciência pública como 
parte indispensável de um esforço mundial de ensino para reforçar 
atitudes, valores e medidas compatíveis com o desenvolvimento 
sustentável, e na compreensão da importância de enfatizar o princípio da 
delegação de poderes, responsabilidades e recursos ao nível mais 
apropriado, e dar preferência para a responsabilidade e controle locais 
sobre as atividades de conscientização, o “Aumento da consciência 
pública” foi visto pela Agenda 21 da seguinte maneira: 
“Ainda há muito pouca consciência da inter-relação existente entre todas 
as atividades humanas e o meio ambiente devido à insuficiência ou 
inexatidão da informação. Os países em desenvolvimento, em particular, 
carecem da tecnologia e dos especialistas competentes. É necessário 
sensibilizar o público sobre os problemas de meio ambiente e 
desenvolvimento, fazê-lo participar de suassoluções e fomentar o senso 
de responsabilidade pessoal em relação ao meio ambiente e uma maior 
motivação e dedicação em relação ao desenvolvimento sustentável.” 
A Agenda 21 entendeu a “Promoção do treinamento” como um dos 
instrumentos mais importantes para desenvolver recursos humanos e 
facilitar a transição para um mundo mais sustentável, devendo ser dirigido 
a profissões determinadas e visar preencher lacunas no conhecimento e 
nas habilidades que ajudarão os indivíduos a achar emprego e a participar 
de atividades de meio ambiente e desenvolvimento. Segundo a Agenda 
21, ao mesmo tempo, os programas de treinamento devem promover 
 
uma consciência maior das questões de meio ambiente e 
desenvolvimento como um processo de aprendizagem de duas mãos. A 
“Promoção de treinamento” tem os seguintes objetivos: 
1) estabelecer ou fortalecer programas de treinamento vocacional que 
atendam as necessidades de meio ambiente e desenvolvimento com 
acesso assegurado a oportunidades de treinamento, independentemente 
de condição social, idade, sexo, raça ou religião; 
2) promover uma força de trabalho flexível e adaptável, de várias idades, 
que possa enfrentar os problemas crescentes de meio ambiente e 
desenvolvimento e as mudanças ocasionadas pela transição para uma 
sociedade sustentável; 
3) fortalecer a capacidade nacional, particularmente no ensino e 
treinamento científicos, para permitir que Governos, patrões e 
trabalhadores alcancem seus objetivos de meio ambiente e 
desenvolvimento e facilitar a transferência e assimilação de novas 
tecnologias e conhecimentos técnicos ambientalmente saudáveis e 
socialmente aceitáveis; 
4) assegurar que as considerações ambientais e de ecologia humana sejam 
integradas a todos os níveis administrativos e todos os níveis de manejo 
funcional, tais como marketing, produção e finanças. 
Após a Eco-92, merecem menção, na discussão das ideias da 
educação ambiental, o “Congresso Mundial para Educação e Comunicação 
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento”, Toronto, Canadá (1992) e o “I 
Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: uma estratégia para o 
futuro”, Guadalajara, México (1992), que se manifestaria em sequência, 
nos seguintes eventos: “II Congresso Ibero-americano de Educação 
Ambiental: em busca das marcas de Tbilisi”, Guadalajara, México (1997); 
“III Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: povos e caminhos 
para o desenvolvimento sustentável”, Caracas, Venezuela (2000); “IV 
Congresso Ibero-americano de Educação Ambiental: um mundo melhor é 
possível”, Havana, Cuba (2003) e “V Congresso Ibero-americano de 
Educação Ambiental”, Joinville, Brasil (2006). Ainda após a ECO-92, em 
matéria de educação ambiental destaco: “Congresso Sul-americano 
continuidade Eco/92″, Argentina (1993); “Conferência dos Direitos 
 
Humanos”, Viena, Áustria (1993); “Conferência Mundial da População”, 
Cairo, Egito (1994); “Conferência para o Desenvolvimento Social”, 
Copenhague, Dinamarca (1995); “Conferência Mundial da Mulher”, 
Pequim, China (1995); “Conferência Mundial do Clima”, Berlim, Alemanha 
(1995); “Conferência Habitat II”, Istambul, Turquia (1996); “II Congresso 
Ibero-americano de Educação Ambiental”, Guadalajara, México (1997); 
“Conferência sobre Educação Ambiental” em Nova Delhi (1997). 
Outro evento de grande importância para a educação ambiental foi 
a “Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade: Educação 
e Conscientização Pública para a Sustentabilidade”, realizado em 
Thessaloniki, Grécia (8 a 12 de dezembro de 1997). Organizada pela 
UNESCO e pelo Governo da Grécia, reuniu aproximadamente 1.200 
especialistas de 83 países. A Declaração de Thessaloniki inicia afirmando 
que as recomendações e planos de ação reconhecidos na “Conferência de 
Belgrado” (1975), na “Conferência Intergovernamental sobre Educação 
Ambiental” de Tbilisi (1977), na “Conferência sobre Educação e 
Treinamento Ambiental” de Moscou (1987), e no “Congresso Mundial 
para Educação e Comunicação sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 
de Toronto” (1992), continuam válidos e não foram totalmente 
explorados. Também de início reconhece que pouco progresso foi obtido 
desde a ECO-92 até então. A Declaração de Thessaloniki trouxe várias 
recomendações, como exortar governos e líderes de todo o mundo para 
que honrassem os compromissos já assumidos durante a série de 
Conferências das Nações Unidas, e concedessem à educação os meios 
necessários para cumprir seu papel no alcance do futuro sustentável. 
Destacando ainda as seguintes recomendações da Declaração de 
Thessaloniki: 
1) que governos e instituições financeiras internacionais, regionais e 
nacionais, bem como o setor produtivo, sejam encorajados a mobilizar 
recursos adicionais e aumentar os investimentos em educação e 
consciência pública; 
2) que a comunidade científica atue para garantir conteúdo de qualidade e 
atualizado nos programas de educação e consciência pública; 
3) que a mídia seja sensibilizada e convidada a mobilizar seu 
conhecimento e canais de distribuição para difundir mensagens-chaves, 
 
enquanto ajudam a traduzir a complexidade dos assuntos em informação 
significativa e compreensível ao público; 
4) que as escolas sejam encorajadas a ajustar currículos às necessidades 
de um futuro sustentável; 
5) que organizações não governamentais recebam adequado suporte 
financeiro e institucional para mobilizar pessoas em assuntos referentes 
ao meio ambiente e sustentabilidade, nas próprias comunidades e em 
níveis nacionais, regionais e internacionais; 
6) que todos os atores – governos, grupos majoritários, comunidade 
educacional, sistema das Nações Unidas e outras organizações 
internacionais, instituições financeiras, dentre outros, – contribuam para a 
implementação do Capítulo 36 da Agenda 21. 
A Declaração de Thessaloniki também recomendou que após dez anos, ou 
seja, no ano de 2007, fosse realizada outra conferência internacional, para 
verificação da implementação e progresso dos processos educacionais 
então sugeridos. Assim, realiza-se em Ahmedabad, na Índia, de 26 a 28 de 
novembro de 2007, a “Quarta Conferência Internacional sobre Educação 
Ambiental”. Ficará conhecida como Tbilisi + 30 e se desenvolverá sob a 
temática “Educação Ambiental para um Futuro Sustentável – Parceiros 
para a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável”. 
Portanto, da Índia surgirão rumos melhorados de educação ambiental. 
Não pode deixar de falar na Rio+ 20 
O que é a Rio+20 
Rio+20 é o nome da Conferência das Nações Unidas sobre 
Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro de 
13 a 22 de junho de 2012. Participaram líderes dos 193 países que fazem 
parte da ONU.O principal objetivo da Rio+20 foi renovar e reafirmar a 
participação dos líderes dos países com relação ao desenvolvimento 
sustentável no planeta Terra. Foi, portanto, uma segunda etapa da Cúpula 
da Terra (ECO-92) que ocorreu há 20 anos na cidade do Rio de Janeiro. 
Principais temas que foram debatidos: 
 
- Balanço do que foi feito nos últimos 20 anos em relação ao meio 
ambiente; 
- A importância e os processos da Economia Verde; 
- Ações para garantir o desenvolvimento sustentável do planeta; 
- Maneiras de eliminar a pobreza; 
- A governança internacional no campo do desenvolvimento sustentável. 
Infelizmente o resultado da Rio+20 não foi o esperado. Os impasses, 
principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em 
desenvolvimento, acabaram por frustrar as expectativas para o 
desenvolvimento sustentável do planeta. O documento final apresenta 
várias intenções e joga para os próximos anos a definição de medidas 
práticas para garantir a proteção do meio ambiente. Muitos analistas 
disseram que a crise econômica mundial, principalmente nos Estados 
Unidos e na Europa, prejudicou as negociações e tomadas de decisões 
práticas. 
Protocolo de Kioto 
É umacordo ambiental fechado durante a 3ª Conferência das Partes 
da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada 
em Kyoto, Japão, em 1997. O documento estabelece metas de redução 
das emissões de dióxido de carbono (CO2), que correspondem a cerca de 
70% das emissões relacionadas ao aquecimento global, e de outros gases 
causadores do efeito estufa para os países industrializados. O objetivo é 
reduzir, entre 2008 e 2012, a emissão de poluentes em 5,2% em relação 
aos níveis de 1990. Para entrar em vigor, o pacto precisa virar lei em pelo 
menos 55 países que somem, ao todo, 55% das emissões de CO2. Até 
agora, 146 nações - entre elas, o Brasil - já aderiram ao acordo, que, no 
entanto, não conta com o apoio dos Estados Unidos. "A ausência norte-
americana limita o desempenho do Protocolo de Kyoto, já que o país 
responde por cerca de um terço das emissões de poluentes no planeta", 
afirma Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia 
(Ipam). O governo dos Estados Unidos argumenta que o acordo é 
prejudicial a sua economia e que os países em desenvolvimento também 
deveriam se comprometer em reduzir suas emissões de gases estufa - 
 
hoje, eles podem aderir ao acordo, mas não têm metas de redução de 
emissões. Como nenhum país é obrigado a assinar o documento, não há 
punições para quem ficar de fora. 
 
Programa Nacional de Educação Ambiental 
O Programa Nacional de Educação Ambiental é coordenado pelo 
órgão gestor da Política Nacional de Educação Ambiental e tem como eixo 
orientador a marca institucional do atual governo: "Brasil, um País de 
todos". Suas ações destinam-se a assegurar, no âmbito educativo, a 
integração equilibrada das múltiplas dimensões da sustentabilidade - 
ambiental, social, ética, cultural, econômica, espacial e política - ao 
desenvolvimento do País, resultando em melhor qualidade de vida para 
toda a população brasileira, por intermédio do envolvimento e 
participação social na proteção e conservação ambiental e da manutenção 
dessas condições ao longo prazo. Nesse sentido, assume também as 
quatro diretrizes do Ministério do Meio Ambiente: 
Transversalidade 
Fortalecimento do Sisnama 
Sustentabilidade 
Participação e controle social 
O ProNEA representa um constante exercício de Transversalidade, 
criando espaços de interlocução bilateral e múltipla para internalizar a 
educação ambiental no conjunto do governo, contribuindo assim para a 
agenda transversal, que busca o diálogo entre as políticas setoriais 
ambientais, educativas, econômicas, sociais e de infra-estrutura, de modo 
a participar das decisões de investimentos desses setores e a monitorar e 
avaliar, sob a óptica educacional e da sustentabilidade, o impacto de tais 
políticas. Tal exercício deve ser expandido para outros níveis de governo e 
para a sociedade como um todo.Com a regulamentação da Política 
Nacional de Educação Ambiental, o ProNEA compartilha a missão de 
Fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), por 
intermédio do qual a PNEA deve ser executada, em sinergia com as 
demais políticas federais, estaduais e municipais de governo. Dentro das 
 
estruturas institucionais do MMA e do MEC, o ProNEA compartilha da 
descentralização de suas diretrizes para a implementação da PNEA, no 
sentido de consolidar a sua ação no Sisnama. Considerando-se a Educação 
Ambiental como um dos elementos fundamentais da gestão ambiental, o 
ProNEA desempenha um importante papel na orientação de agentes 
públicos e privados para a reflexão e construção de alternativas que 
almejem a Sustentabilidade. Assim propicia-se a oportunidade de se 
ressaltar o bom exemplo das práticas e experiências exitosas. 
A Participação e o Controle Social também são diretrizes que 
permeiam as estratégias e ações do ProNEA, por intermédio da geração e 
disponibilização de informações que permitam a participação social na 
discussão, formulação, implementação, fiscalização e avaliação das 
políticas ambientais voltadas à construção de valores culturais 
comprometidos com a qualidade ambiental e a justiça social; e de apoio à 
sociedade na busca de um modelo socioeconômico sustentável. 
No Brasil a educação ambiental fez-se tardiamente com a 
Constituição Federal de 1988, sendo isenta da participação popular. Ainda 
na década de 70 no Brasil o Departamento de Ensino Médio do MEC e a 
CETESB publicaram o documento chamado de Ecologia apresentando uma 
proposta para o ensino de 1º e 2º graus que tratava a temática ambiental 
de forma reducionista, uma visão exclusivamente de aspectos biológicos 
do meio ambiente, que foi rebatida na Conferência Internacional sobre 
educação ambiental deixando evidente que a educação ambiental deveria 
considerar os aspectos sociais, econômicos, culturais, políticos e éticos. 
Ainda na década de 1980 a educação ambiental começou a ganhar valores 
e seguindo as tendências europeias surge o partido verde (sem tradição 
alguma na questão ambiental), na qual tinha uma visão unicamente 
voltada para a questão da proteção ambiental e rejeitando a questão da 
melhoria da qualidade de vida da população e responsabilidade social. A 
visão na época era que a proteção dos recursos naturais seria um 
obstáculo no desenvolvimento do país. 
Em 1981 durante a ditadura militar ocorreu a primeira conquista do 
movimento ambientalista brasileiro diante da criação da Lei 6.938, que 
discorria sobre a política nacional do meio ambiente e suas finalidades, 
mecanismos de formulação e aplicação, constituindo um importante 
 
instrumento de consolidação da política ambiental em nosso país embora 
ainda relegada a prática do “ecologismo” ou do “biologismo”. Em termos 
educacionais a questão ambiental continuou sendo vista como algo 
pertinente aos recursos naturais e animais ameaçados de extinção 
abandonando a discussão das condições de vida do homem, os modelos 
de desenvolvimento predatórios, a exploração de povos, o sucateamento 
do patrimônio biológico e cultural, a expansão e o aprofundamento da 
pobreza no mundo e a cruel desigualdade social estabelecida entre os 
povos. 
A visão até o momento na história do país era centrada na falta de 
interesse quanto as questões sócio-ambientais. As normas estabelecidas 
pela Comissão interministerial para o meio ambiente da programação da 
ONU entravam em conflito com a postura governamental, que estabelecia 
a educação ambiental como uma solução administrativa e não 
educacional, descontextualizando-a como um problema puramente 
ambiental e não social com fundamentos unicamente ecológicos 
impossibilitava perspectivas sociais, portanto era realizada com baixa 
participação pública e subordinada aos interesses estabelecidos pelo 
Estado. Em 1983 foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento que em 1987 público o Nosso futuro em Comum 
conhecido como Relatório de Brudtland, onde a partir de então o termo 
Desenvolvimento Sustentável passou a substituir a palavra eco-
desenvolvimento. 
Na Década de 1990 após a Rio 92 o governo definiu ações mais 
efetivas com a temática ambiental produzindo o PNEA Programa Nacional 
de Educação ambiental (PNEA) que estabeleceu ações ligadas ao ensino 
formal, gestão ambiental, campanhas e instrumentalização para pessoas 
que vivem em meio aos recursos naturais e programas que incentivavam a 
sustentabilidade no processo produzido e finalmente a qualidade de vida 
com responsabilidade social embora, sendo criticada pelo modo na qual a 
questão da transversalidade foi imposta no ensino. 
Em 1993 com a Criação dos Centros de Educação Ambiental do MEC 
cria metodologias em Educação Ambiental, que passam a fazer parte da 
educação básica, com a publicação dos novos Parâmetros Curriculares do 
MEC que incluem a Educação Ambiental como tema transversal do 
 
currículo cursos de capacitação em educação Ambiental nos estados. 
Também ocorre a Criação daComissão Interministerial de Educação 
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Criação da Comissão de 
Educação Ambiental com Cursos de Educação Ambiental organizados pelo 
MEC. 
A educação ambiental entra nesse contexto, direcionada pela 
racionalidade ambiental transdisciplinar pensando no meio ambiente 
como sinônimo de uma base de interações entre o meio físico-biológico 
com as sociedades e a cultura produzida pelos seus membros. Em 1999 o 
PNEA contribui com a lei 9597/99 definindo a educação ambiental em seu 
artigo primeiro como processos pelos quais o indivíduo e o coletivo 
constroem e estabelecem valores no tecido social, bem como habilidades, 
capacidades, atitudes, competências voltadas para conservação do meio 
ambiente e recursos naturais para uso comum do povo, favorecendo a 
melhoria constante da qualidade de vida e incentivando a 
sustentabilidade. Desta forma deve fazer parte do cotidiano, fazendo 
parte de todos os níveis do processo educativo, seja ele formal ou não 
conforme estabelece o artigo 2º da lei: 
ART. 2O A EDUCAÇÃO AMBIENTAL É UM COMPONENTE ESSENCIAL 
E PERMANENTE DA EDUCAÇÃO NACIONAL, DEVENDO ESTAR PRESENTE, 
DE FORMA ARTICULADA, EM TODOS OS NÍVEIS E MODALIDADES DO 
PROCESSO EDUCATIVO, EM CARÁTER FORMAL E NÃO-FORMAL. 
Assim, a educação ambiental se insere nas políticas públicas do Estado 
brasileiro. Sendo uma estratégia de incremento da educação pública. 
Em 2001 foi estabelecido pelo Sistema Brasileiro de Informação em 
Educação Ambiental e Práticas Sustentáveis (SIBEA) objetivos que 
incentivavam a produção divulgação de informações sobre educação 
ambiental e práticas e tecnologias sustentáveis além de práticas de 
capacitação de atividades ligadas a temática socioambiental. 
Em 2002 com a finalidade de reforçar o que estabelecia a política 
pública estabelecida pela PNEA do ano de 1999 criou-se o Decreto 
4281/02 que fornece um roteiro para a prática da educação ambiental e 
sua regulamentação pelo Ministério da Educação e do Meio Ambiente 
 
como órgãos gestores dessa política de responsabilidade coletiva, de sua 
implementação, seus princípios básicos, objetivos e estratégias. 
 
Educação Ambiental Transformadora e Tradicional. 
O artigo 1º da Lei de diretrizes e bases (LDB) de 1996 descreve a 
educação como um processo informativo abrangente que se desenvolvem 
em diferentes esferas; na vida familiar, nas relações sociais, movimentos 
sociais, trabalho instituições de ensino e pesquisa, manifestações culturais 
e todas as circunstâncias existenciais como formas de aprendizado e 
portanto, educação. 
A educação promovendo valores ambientais não se dá apenas pela 
aquisição de informações, mas principalmente pela aprendizagem ativa, 
entendida como construção de novos sentidos para a vida. Tal premissa 
nos remete a configurar o que entendemos como educação ambiental. 
Na atualidade se impõe a necessidade da educação para o 
desenvolvimento sustentável e do controle, por legislação do meio 
ambiente natural e da gestão ambiental. 
A aprendizagem será mais efetiva se a atividade estiver adaptada às 
situações da vida real da cidade, ou do meio em que vivem aluno e 
professor. 
O papel da educação ambiental em empresas por Lênia Ribeiro de 
Souza Vieira- 
Engenheira civil sanitarista com mestrado em Saneamento e Meio 
Ambiente (UFMG), especialização em Gerenciamento Ambiental (Tufts 
University/EUA), especialização em Educação Ambiental (UnB) e 
professora da PUC Minas. 
Tendo como objetivo alcançar uma transformação profunda dos 
funcionários dentro da organização do presidente ao "chão-de-fábrica", 
sobre questões como o uso inteligente dos recursos naturais, condições 
mais seguras sob o aspecto ambiental para os operários, redução das 
infrações ambientais e destinação final adequada de rejeitos. Muitos 
problemas ambientais, que à primeira vista parecem complicados nas 
 
empresas, podem se tornar de simples solução, desde que haja algum 
investimento em educação ambiental. A educação ambiental no trabalho 
pode se transformar num completo programa educacional incluindo 
material didático-pedagógico e pode ser adotada com eficácia e ser 
adaptada às necessidades de qualquer organização, com simplicidade e 
baixo custo. Ela conduz os profissionais a uma mudança de 
comportamento e atitudes em relação ao meio ambiente interno e 
externo às organizações. A educação ambiental nas empresas tem um 
papel muito importante, porque desperta cada funcionário para a ação e a 
busca de soluções concretas para os problemas ambientais que ocorrem 
principalmente no seu dia-a-dia, no seu local de trabalho, na execução de 
sua tarefa, portanto onde ele tem poder de atuação para a melhoria da 
qualidade ambiental dele e dos colegas. Esse tipo de educação extrapola a 
simples aquisição de conhecimento. Nas empresas industriais, por 
exemplo, a educação ambiental é um instrumento eficaz no controle da 
poluição. Nesses empreendimentos, o controle da poluição deve começar 
no processo, estando também parte desta responsabilidade nas mãos dos 
trabalhadores, pois mantêm-se envolvidos diretamente na produção. 
Portanto, não é somente na escola que a educação ambiental 
acontece. Os recursos para o ensino-aprendizagem da educação para o 
meio ambiente se encontram em todas as partes, como nas grandes, 
médias, pequenas e microempresas; nas indústrias e fábricas. Nesta 
década de 90, as perspectivas da educação ambiental em empresas são 
muito positivas, considerando-se que as organizações estão sendo 
estrategicamente sensibilizadas a adotar um novo modelo de gestão 
empresarial contemplando a qualidade ambiental. Em meio a tantas 
mudanças, no âmbito das empresas, a Educação Ambiental assume um 
papel fundamental. Tem como objetivo alcançar uma transformação 
profunda dos funcionários dentro da organização, do presidente ao "chão-
de-fábrica", sobre questões como o uso inteligente dos recursos naturais, 
condições mais seguras sob o aspecto ambiental para os operários, 
redução das infrações ambientais e destinação final adequada de rejeitos. 
 
 
 
 
Sustentabildade e Desenvolvimento Humano 
 
Define-se por Desenvolvimento Sustentável um modelo econômico, 
político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as 
necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das 
gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Esta concepção 
começa a se formar e difundir junto com o questionamento do estilo de 
desenvolvimento adotado, quando se constata que este é ecologicamente 
predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com 
geração de pobreza e extrema desigualdade social, politicamente injusto 
com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação 
aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos 
humanos e aos das demais espécies. 
O conceito de sustentabilidade comporta sete aspectos ou 
dimensões principais, a saber: 
 Sustentabilidade Social - melhoria da qualidade de vida da 
população, equidade na distribuição de renda e de diminuição das 
diferenças sociais, com participação e organização popular; 
 Sustentabilidade Econômica - públicos e privados, regularização do 
fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de 
produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à 
ciência e tecnologia; 
 Sustentabilidade Ecológica - o uso dos recursos naturais deve 
minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos 
resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, 
conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para 
uma adequada proteção ambiental; 
 Sustentabilidade Cultural - respeito aos diferentes valores entre os 
povos e incentivo a processos de mudança que acolham as 
especificidades locais; 
 Sustentabilidade Espacial - equilíbrio entre o rural e o urbano, 
equilíbriode migrações, desconcentração das metrópoles, adoção 
de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao 
 
ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização 
descentralizada; 
 Sustentabilidade Política - no caso do Brasil, a evolução da 
democracia representativa para sistemas descentralizados e 
participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior 
autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de 
recursos; 
 Sustentabilidade Ambiental - conservação geográfica, equilíbrio de 
ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos 
direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões 
anteriores através de processos complexos. 
Ente os aspectos citados, os que chamam mais atenção ao curso de 
Meio Ambiente; e requerem a verdadeira educação, está relacionado ao 
Desenvolvimento Humano Sustentável ( DHS ) e a sustentabilidade 
industrial. 
Cada vez mais empresas estão conscientes da importância de ações 
de sustentabilidade para preservação do meio ambiente. Atualmente, é 
possível contar com benefícios fornecidos pelo Governo para instituições 
que realizem atividades sustentáveis, como redução de impostos ou 
financiamentos para projetos. Inicialmente, é preciso que todos os 
colaboradores participem da iniciativa verde proposta e que façam sua 
parte para que os resultados possam aparecer. Algumas dicas importantes 
de sustentabilidade nas empresas são realizar mudanças no ambiente 
corporativo e no hábito das pessoas. Instalar lixeiras para reciclagem e 
realizar campanhas internas para o seu uso é uma ótima forma de fazer o 
descarte correto do lixo. Ainda dispor vários lixeiros em locais estratégicos 
permite uma melhor higienização do ambiente. Utilize os recursos da 
empresa (como papeis e copos descartáveis) de forma inteligente, isso 
contribui para a limpeza do local, diminui a quantidade de resíduos sólidos 
e reduz custos para a empresa. Outra dica é utilizar lâmpadas 
fluorescentes no lugar das comuns, que duram dez vezes mais e ainda 
podem ser recicladas. Da mesma forma, trocar o papel comum pelo 
reciclado e utilizar lápis de madeira produzidos por companhias que 
realizam o replantio é sempre bem-vindo. Os empresários também podem 
conscientizar seus colaboradores quanto à carona solidária ou, caso 
 
morem perto do local de trabalho, substituir o uso do carro ou transporte 
público pela bicicleta ou caminhada. Além disso, incentivar o uso de 
menos papel ou criar blocos usando papéis usados é um diferencial. No 
verão, permitir o uso de roupas leves evita o uso da capacidade máxima 
do ar condicionado. Aproveite para desligar o aparelho uma hora antes do 
fim do expediente. Caso a estrutura do prédio possua vários andares, 
permita a instalação de janelas melhora a circulação de ar no ambiente de 
trabalho, pois dá uma impressão maior de espaço e de liberdade. Por fim, 
preferia tons claros nas paredes, pois refletem mais energia solar e 
impedem que o local fique quente ou abafado. Medidas simples, que 
fazem diferença. 
Já o DHS trata de paradigmas, pois se relaciona diretamente com a 
economia. Durante muito tempo, o pensamento dominante foi que 
desenvolvimento e crescimento econômico seriam a mesma coisa: 
bastava que uma comunidade produzisse riqueza, medida pelo Produto 
Interno Bruto (PIB), para ser considerada desenvolvida. Acreditava-se 
também que o crescimento econômico “transbordaria” dos ricos para os 
pobres e que, por isso, bastaria atrair e incentivar empresas — de 
preferência grandes — para desenvolver uma região. Os empregos seriam 
automaticamente criados, a arrecadação de impostos aumentaria, e todos 
ganhariam com isso. 
O Desenvolvimento Humano Sustentável parte do princípio de que 
o objetivo principal é criar um ambiente que permita às pessoas 
usufruírem uma vida longa, saudável e criativa, na qual elas desfrutem da 
oportunidade de obter as coisas que mais valorizam: maior acesso ao 
conhecimento, melhor nutrição e melhores serviços de saúde, uma 
subsistência garantida, segurança em relação a crimes e violência física, 
horas satisfatórias de lazer, liberdade política e cultural, e um sentimento 
de participação nas atividades da comunidade. 
Por isso, o Desenvolvimento Humano Sustentável enfatiza que: 
• O desenvolvimento é das pessoas, isto é, ocorre pela ampliação 
das capacidades, oportunidades e potencialidades criativas e dos direitos 
de escolha dos indivíduos, por meio da oferta de nutrição, saúde, 
educação e de outras condições fundamentais para uma vida digna. 
 
• O desenvolvimento é para as pessoas, o que significa enfatizar que 
os benefícios do desenvolvimento e do crescimento econômico devem 
expressar-se nas vidas das pessoas, ou seja, uma comunidade só pode ser 
considerada desenvolvida quando o que ela produz é apropriado de forma 
justa e equitativa por seus cidadãos, isto é, quando a riqueza que ela gera 
transforma-se em bem-estar para todos os seus habitantes. 
• O desenvolvimento se dá pelas pessoas, ou seja, o 
desenvolvimento deve ser promovido pelas próprias pessoas, mediante 
sua participação ativa e constante nas decisões que afetam suas vidas. O 
indivíduo e as comunidades são beneficiários e sujeitos criadores do 
desenvolvimento e devem ter poder de decisão durante o processo do 
desenvolvimento. 
Todas as pessoas devem ter a chance de desenvolver ao máximo as 
suas capacidades e de usar essas capacidades da melhor forma possível 
em todas as áreas da vida. Todos devem ter acesso às oportunidades de 
desenvolvimento. No entanto, se um grupo concentra a renda acumulada 
por uma sociedade ou os bens e serviços públicos ofertados, o restante 
segue com menores alternativas e poucas escolhas a fazer, ou seja, com 
uma baixa qualidade de vida. As alternativas de escolha e o poder de 
decisão dos cidadãos ficam reduzidos caso não se faça uma distribuição 
equilibrada dos benefícios do crescimento econômico. Por isso, do ponto 
de vista do DHS, o combate às desigualdades é tão importante quanto o 
combate à pobreza. 
 É possível haver desenvolvimento humano mesmo quando o 
crescimento econômico é baixo ou inexistente. Isso depende das 
prioridades estabelecidas para o gasto público e de quais políticas públicas 
são efetivamente implementadas. Para haver DHS, é necessário acontecer 
o provimento de bens e serviços públicos básicos, como saúde, educação, 
segurança e saneamento ambiental, mesmo que em escala inferior à ideal, 
assim como programas de combate à pobreza e às desigualdades dentro 
das comunidades e entre as comunidades. 
Algumas regiões têm obtido sucesso ao promover melhorias 
significativas no desenvolvimento humano, mesmo na ausência de 
crescimento adequado ou de uma boa distribuição. Porém, em regiões 
mais pobres, essas experiências geralmente não são sustentáveis, a não 
 
ser que a base econômica se expanda o suficiente para sustentar a base 
social. E mais, sem distribuir (ou redistribuir) com equidade os resultados 
do crescimento, não é possível alcançar um círculo virtuoso, onde o 
desenvolvimento humano contribui para gerar crescimento econômico e 
vice-versa, garantindo a sustentação de ambos através do tempo. A 
intenção de propiciar condições dignas de vida a todas as pessoas 
significa, também, garantir oportunidades iguais às pessoas de uma 
mesma geração e das gerações futuras. 
 O DHS enfatiza igualmente a questão da sustentabilidade: o que 
implica não só preservar o meio ambiente − os recursos naturais e os 
serviços que a natureza nos presta −, mas também assegurar as condições 
políticas, sociais, econômicas e culturais para que as gerações futuras 
possam exercer seus direitos e escolhas. 
Portanto, para que ocorra o desenvolvimento sustentável é 
necessário que haja uma harmonização entre o desenvolvimento 
econômico, a preservação do meio ambiente, a justiça social (acessoa 
serviços públicos de qualidade), a qualidade de vida e o uso racional dos 
recursos da natureza (principalmente a água). 
Sugestões para o desenvolvimento sustentável: 
- Reciclagem de diversos tipos de materiais: reciclagem de papel, 
alumínio, plástico, vidro, ferro, borracha e etc. 
- Coleta seletiva de lixo. 
- Tratamento de esgotos industriais e domésticos para que não sejam 
jogados em rios, lagos, córregos e mares. 
- Descarte de baterias de celulares e outros equipamentos eletrônicos em 
locais especializados. Estas baterias nunca devem ser jogadas em lixo 
comum; 
- Geração de energia através de fontes não poluentes como, por exemplo, 
eólica, solar e geotérmica. 
- Substituição, em supermercados e lojas, das sacolas plásticas pelas feitas 
de papel. 
- Uso racional (sem desperdício) de recursos da natureza como, por 
exemplo, a água. 
- Diminuição na utilização de combustíveis fósseis (gasolina, diesel), 
substituindo-os por biocombustíveis. 
http://www.suapesquisa.com/reciclagem/reciclagem_de_papel.htm
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_solar.htm
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/energia_geotermica.htm
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/biocombustiveis.htm
 
- Utilização de técnicas agrícolas que não prejudiquem o solo. 
- Substituição gradual dos meios de transportes individuais (carros 
particulares) por coletivos (metrô). 
- Criação de sistemas urbanos (ciclovias) capazes de permitir a utilização 
de bicicletas como meio de transporte eficiente e seguro. 
- Incentivo ao transporte solidário (um veículo circulando com várias 
pessoas). 
- Combate ao desmatamento ilegal de matas e florestas. 
- Combate à ocupação irregular em regiões de mananciais. 
- Criação de áreas verdes nos grandes centros urbanos. 
- Manutenção e preservação dos ecossistemas. 
- Valorização da produção e consumo de alimentos orgânicos. 
- Respeito às leis trabalhistas. 
- Não utilização de mão-de-obra infantil e trabalho escravo. 
- Uso da Gestão Ambiental nas indústrias, empresas prestadoras de 
serviços e órgãos públicos. 
- Implantação, nos grandes centros urbanos, da técnica do telhado verde. 
 
 Estas são apenas algumas sugestões para que o ser humano consiga 
estabelecer o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a 
manutenção do meio ambiente. Desenvolvimento sustentável é o grande 
desafio do século XXI e todos podem colaborar para que possamos atingir 
este importante objetivo. 
No Brasil, assim como nos outros países emergentes, a questão do 
desenvolvimento sustentável tem caminhado de forma lenta. Embora haja 
um despertar da consciência ambiental no país, muitas empresas ainda 
buscam somente o lucro, deixando de lado as questões ambientais e 
sociais. Ainda é grande no Brasil o desmatamento de florestas e uso de 
combustíveis fósseis. Embora a reciclagem do lixo tenha aumentado nos 
últimos anos, ainda é muito comum a existência de lixões ao ar livre. A 
poluição do ar, de rios e solo ainda são problemas ambientais comuns em 
nosso país. 
 
IDS (Indicadores de Desenvolvimento Sustentável) 
http://www.suapesquisa.com/desmatamento
http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/telhado_verde.htm
 
Desenvolvido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística) em 2002, tem como objetivo estabelecer comparações entre 
regiões do Brasil e com outros países, no tocante ao desenvolvimento 
sustentável. São utilizados dados econômicos, sociais, institucionais e 
ambientais. O último IDS, apresentado pelo IBGE em 2012, mostrou 
avanços nos últimos anos no tocante ao desenvolvimento sustentável no 
país. Porém, ainda estamos muito atrás com relação ao que tem sido feito 
nos países mais desenvolvidos. E por isso o país ainda sofre com : 
- Poluição do ar por gases poluentes gerados, principalmente, pela queima 
de combustíveis fósseis (carvão mineral, gasolina e diesel) e indústrias. 
- Poluição de rios, lagos, mares e oceanos provocada por despejos de 
esgotos e lixo, acidentes ambientais (vazamento de petróleo), etc; 
- Poluição do solo provocada por contaminação (agrotóxicos, fertilizantes 
e produtos químicos) e descarte incorreto de lixo; 
- Queimadas em matas e florestas como forma de ampliar áreas para 
pasto ou agricultura; 
- Desmatamento com o corte ilegal de árvores para comercialização de 
madeira; 
- Esgotamento do solo (perda da fertilidade para a agricultura), provocado 
pelo uso incorreto; 
- Diminuição e extinção de espécies animais, provocados pela caça 
predatória e destruição de ecossistemas; 
- Falta de água para o consumo humano, causado pelo uso irracional 
(desperdício), contaminação e poluição dos recursos hídricos; 
- Aquecimento Global, causado pela grande quantidade de emissão de 
gases do efeito estufa; 
- Diminuição da Camada de Ozônio, provocada pela emissão de 
determinados gases (CFC, por exemplo) no meio ambiente. 
 
 
 
 
 
ECONOMIA VERDE 
Economia Verde é uma expressão de significados e implicações 
ainda controversos, relacionada ao conceito mais abrangente de 
Desenvolvimento Sustentável, consagrado pelo Relatório Brundtland, de 
1987, e assumido oficialmente pela comunidade internacional na Rio-92, 
gradualmente tomando o lugar do termo “eco desenvolvimento” nos 
debates, discursos e formulação de políticas envolvendo ambiente e 
desenvolvimento. A ideia central da Economia Verde é que o conjunto de 
processos produtivos da sociedade e as transações deles decorrentes 
contribua cada vez mais para o Desenvolvimento Sustentável, tanto em 
seus aspectos sociais quanto ambientais. Para isso, propõe como essencial 
que, além das tecnologias produtivas e sociais, sejam criados meios pelos 
quais fatores essenciais ligados à sustentabilidade socioambiental, hoje 
ignorada nas análises e decisões econômicas, passem a ser considerados. 
O eco desenvolvimento foi mencionado inicialmente pelo 
canadense Maurice Strong, primeiro diretor executivo do Pnuma 
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e secretário-geral da 
Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-92. Foi Strong quem pediu ao 
economista e sociólogo polonês Ignacy Sachs que desenvolvesse o 
conceito para inspirar documentos e projetos do Pnuma, criado na 
conferência. Sachs escreveu vários livros e artigos sobre o eco 
desenvolvimento, que compreende cinco dimensões da sustentabilidade: 
social, econômica, ecológica, espacial e cultural. Em sua autobiografia 
intitulada A Terceira Margem, Sachs conta que o termo caiu em desgraça 
em consequência da repercussão negativa que teve no governo dos 
Estados Unidos a Declaração de Cocoyoc, aprovada em outubro de 1974, 
na cidade mexicana de mesmo nome e que tratava de Educação 
Ambiental. 
Embora não haja consenso teórico sobre uma definição universal do 
Desenvolvimento Sustentável, a expressão popularizou-se no mundo a 
partir da Rio-92. Depois da conferência, a expressão foi sendo pouco a 
pouco absorvida por governos, corporações e entidades da sociedade civil, 
geralmente relacionada à formulação e execução tanto de políticas 
públicas quanto de iniciativas privadas ligadas à responsabilidade 
http://www.radarrio20.org.br/index.php?r=conteudo/view&id=9
 
socioambiental. Uma parcela dos movimentos sociais e ambientalistas e 
pesquisadores das áreas de meio ambiente e desenvolvimento têm 
questionado o que consideram a banalização, ou esvaziamento, do 
conceito de Desenvolvimento Sustentável, erroneamente apresentado 
como objetivo de práticas superficiais e de pouca relevância. É o que se 
tornou conhecido como greenwashing ou maquiagem verde, em 
português. Em outras palavras, avaliam que, para muitos a expressão 
transformou-se em artifício para melhorar a imagem pública de governos 
e empresas, sem que seu uso traduza mudanças efetivas na sua gestão e 
práticas, sintonizadas com os princípios e diretrizes emanados da Rio-92 
por meio de seus principais documentos. (Veja quadro Documentos daRio-92, em As Conferências da ONU e Desenvolvimento Sustentável).Há, 
também, movimentos sociais que veem no Desenvolvimento Sustentável 
uma nova roupagem para o sistema econômico, que até implicaria 
melhorias em áreas como eficiência energética e gerenciamento da água, 
mas que não modificaria o capitalismo contemporâneo em seus 
fundamentos, sobretudo o da maximização do lucro, o rebaixamento dos 
custos de produção e – especialmente – a mercantilização da vida e da 
natureza. Ainda que essa nunca tenha sido a proposta original de 
Desenvolvimento Sustentável. 
 
 A diminuição de restrições ambientais, característica do 
neoliberalismo dos anos 1980 e 1990, e a falta de internalização das 
externalidades (ou seja, a não valoração e não contabilização dos 
impactos socioambientais negativos nos preços de bens e serviços) 
reforçam a equação básica da maximização do lucro e rebaixamento dos 
custos de produção. Do mesmo modo, a transformação de bens comuns 
em mercadorias – por exemplo, a compra e venda de espaço na atmosfera 
por meio do mercado de emissões de carbono – é vista por alguns desses 
movimentos não como a forma de gestão de um patrimônio natural, mas 
como meio de criação de novos mercados e mercadorias, passíveis de 
especulação e de apropriação privada, e assim capazes de servir à 
contínua acumulação capitalista. 
 
 Segundo estudiosos e ambientalistas, uma solução para os dilemas 
teóricos com a formulação do Desenvolvimento Sustentável seria 
http://www.radarrio20.org.br/index.php?r=conteudo/view&id=9
 
substituí-lo ou, ao menos, subordiná-lo a outro ainda mais abrangente, o 
de sociedades sustentáveis. De alguma maneira, a ideia da sociedade 
sustentável resgata a pioneira formulação do eco desenvolvimento por ser 
composta de várias dimensões da sustentabilidade (característica de uma 
situação que pode manter-se em equilíbrio ao longo do tempo), incluindo 
a cultural. “Sociedade sustentável” soa, ainda, compatível com a noção de 
sustentabilidade, que geralmente é utilizada para ampliar o escopo do 
“Desenvolvimento Sustentável”, questionado por alguns que o entendem 
como um termo que traz implicitamente a noção de crescimento 
contínuo, e também mais associado à dimensão econômica do que ao 
modelo de sociedade como um todo, com seus múltiplos aspectos 
culturais e materiais. Eco desenvolvimento, sustentabilidade, sociedade 
sustentável, economia de baixo carbono, economia sustentável, economia 
inclusiva e economia solidária. Esses jargões – e muitos outros no campo 
do Desenvolvimento Sustentável – possuem definições várias, muitas 
vezes ambíguas e imprecisas. Assim, mais importante que a definição 
precisa de cada termo é a noção de que todos eles sintetizam ideias para 
chamar a atenção da opinião pública e dos especialistas quanto à 
necessidade de tornar os processos de desenvolvimento e os 
instrumentos econômicos ferramentas de promoção da igualdade social e 
erradicação da pobreza, com respeito aos direitos humanos e sociais e 
conservação e uso sustentável dos recursos naturais. 
 
 O mesmo ocorre com a expressão Economia Verde, mas com uma 
importante diferença: ao ser colocada no centro dos debates da Rio+20, 
passou a ser vista como um grande guarda-chuva, sob o qual, espera-se, 
poderão se abrigar e articular as várias propostas de alcance mais 
específico. Por exemplo, a Economia Verde é mais abrangente do que a 
economia de baixo carbono, visto que não se limita a processos 
econômicos com baixa ou nenhuma emissão de gases de efeito estufa. Ela 
inclui processos relacionados ao combate às mudanças climáticas de 
origem antrópica, mas também trata de reverter outras tendências 
insustentáveis, quer sociais – como o consumismo e a crescente 
desigualdade – quer ambientais – como a vasta contaminação dos 
ecossistemas e do próprio corpo humano por substâncias químicas. Pode-
se afirmar que a economia de baixo carbono está geralmente 
 
contemplada pela Economia Verde, mas esta vai além, pois implica 
promover processos limpos de produção e consumo que não agravem as 
tendências atuais de rompimento dos limites dos sistemas naturais que 
garantem a manutenção de nossas condições de vida no planeta. 
 
 Como elemento do Desenvolvimento Sustentável, a Economia 
Verde também deve ser necessariamente inclusiva, demandando a 
erradicação da pobreza, a redução das iniquidades e a promoção dos 
direitos humanos e sociais, segundo preconizam seus principais 
defensores junto a fóruns internacionais e agências multilaterais, como o 
Pnuma, o Banco Mundial e a Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE). 
A Iniciativa Economia Verde (IEV, ou GEI-Green Economy Initiative, 
em inglês) do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(Pnuma), lançada em 2008, concebe a Economia Verde como aquela que 
resulta em melhoria do bem-estar humano e da igualdade social, ao 
mesmo tempo em que reduz significativamente os riscos ambientais e a 
escassez ecológica. Ela tem três características preponderantes: é pouco 
intensiva em carbono, eficiente no uso de recursos naturais e socialmente 
inclusiva. Nessa proposta de Economia Verde, o crescimento na renda e 
no emprego é puxado por investimentos públicos e privados que reduzem 
emissões de carbono e a poluição. Essa rota de desenvolvimento deve 
manter, aprimorar e, onde necessário, recuperar o capital natural 
degradado, enfocando-o como ativo econômico crítico e fonte de 
benefícios públicos, especialmente para a população pobre cuja 
sobrevivência e segurança são mais direta e imediatamente afetadas por 
desequilíbrios nos sistemas naturais (como demonstram os efeitos das 
secas e cheias em regiões pobres, por exemplo). Análises detalhadas sobre 
as perspectivas da Economia Verde, com cenários de curto, médio e longo 
prazos, podem ser conferidas em dois relatórios lançados pela IEV. O 
primeiro foi o Global Green New Deal, em 2009, que teve como finalidade 
recomendar incentivos a tecnologias verdes nas estratégias de 
recuperação econômica que os países lançaram para atenuar os efeitos 
nefastos da crise financeira global iniciada nos Estados Unidos em 
setembro de 2008. 
 
O segundo documento é o Relatório de Economia Verde (REV), uma 
das principais contribuições do Pnuma para a Rio+20. Publicado em 
fevereiro de 2011, ele possui uma versão compacta para formuladores de 
política sob o título Rumo a uma Economia Verde: Caminhos para o 
Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza. Resultado de 
um trabalho de diversos especialistas de diferentes partes do mundo, o 
documento indica que a transição para a Economia Verde redundaria em 
taxas superiores de crescimento global do Produto Interno Bruto (PIB) e 
do nível de emprego nos cenários de médio e longo prazos, em 
comparação ao cenário tendencial (ou business as usual (BAU) ). Para isso, 
o estudo compara, por meio de modelos econométricos, o cenário 
tendencial com um cenário alternativo, com investimentos totalizando 2% 
do PIB global ao ano em áreas como eficiência energética, energias 
renováveis, tecnologias ambientais e incentivos públicos verdes. A 
repercussão do REV entre distintos atores sociais oscila de um 
alinhamento geral com questionamentos tópicos à oposição frontal ao 
relatório e à própria ideia de Economia Verde. As posições são as mais 
diversas tanto entre movimentos sociais e ONGs quanto entre governos e 
empresas.A grosso modo, o empresariado mais ativo no campo da 
sustentabilidade foi o setor mais favorável ao REV, ainda que levante 
problemas pontuais no documento. É o caso da avaliação divulgada pela 
Câmara Internacional de Comércio (ICC) denominada ICC initial comments 
on the UNEP draft Green Economy Report. 
Publicado em maio de 2011, a avaliação recomendou ao Pnuma que 
defina mais claramente ou estimule a elaboração de indicadores e 
métricas

Continue navegando