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SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL PROFESSORES Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Wilian D’Agostini Ayres ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3620 EXPEDIENTE C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. CHATALOV, Renata Cristina de Souza; MATOS, Natália Christina da Silva; AYRES, Wilian D’Agostini. Sustentabilidade e Responsabilidade Social. Renata Cristina de Souza Chatalov; Natália Christina da Silva Matos; Wilian D’Agostini Ayres. Maringá - PR.: UniCesumar, 2021. 184 p. “Graduação - EaD”. 1. Sustentabilidade 2. Social 3. Responsabilidade. EaD. I. Título. FICHA CATALOGRÁFICA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Coordenador(a) de Conteúdo Luciano Santana Pereira Projeto Gráfico e Capa Arthur Cantareli, Jhonny Coelho e Thayla Guimarães Editoração Juliana Duenha Design Educacional Bárbara Neves Revisão Textual Cindy Mayumi Okamoto Luca Cintia Prezoto Ferreira Ilustração André Azevedo Fotos Shutterstock CDD - 22 ed. 658.408 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-330-8 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 DIREÇÃO UNICESUMAR NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Head de Produção de Conteúdo Franklin Portela Correia Gerência de Contratos e Operações Jislaine Cristina da Silva Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisora de Projetos Especiais Yasminn Talyta Tavares Zagonel Supervisora de Produção de Conteúdo Daniele C. Correia Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi BOAS-VINDAS Neste mundo globalizado e dinâmico, nós tra- balhamos com princípios éticos e profissiona- lismo, não somente para oferecer educação de qualidade, como, acima de tudo, gerar a con- versão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profis- sional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, pro- duzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhe- cidos pelo MEC como uma instituição de exce- lência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educa- cionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos edu- cadores soluções inteligentes para as neces- sidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromis- so com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ati- vas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Reitor Wilson de Matos Silva Tudo isso para honrarmos a nossa mis- são, que é promover a educação de qua- lidade nas diferentes áreas do conheci- mento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. P R O F I S S I O N A LT R A J E T Ó R I A Me. Natália Christina da Silva Matos Graduada em Agronegócio pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2012). Espe- cialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2015). Mestre em Tecnologias Limpas pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (2018). http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4850526Y9 Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Possui Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Universitário Ce- sumar. Possui graduação em Tecnologia Ambiental pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Possui especialização em Gestão Ambiental pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão - FECILCAM. Tem Mestrado em Engenharia Urbana pela Universidade Estadual de Maringá - UEM. Foi professora no curso de graduação em Administração na Faculdade Metropolitana de Maringá. Foi professora da disciplina de Indústria e Meio Ambiente na Pós-graduação em Gestão Ambiental na Faculdade Metropolitana de Maringá. Professora da pós-graduação EAD - Unicesumar. Atualmente, é coordenadora dos cursos de Gestão da Qualidade e Tecnologia em Segurança no Trabalho na modalidade EAD - Unicesumar. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4400997J9 Me. Wilian D’Agostini Ayres Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Especia- lista em Docência no Ensino Superior: Novas Tecnologias Educacionais e Inovação, em Empreendedorismo e Inovação Social nas Organizações e em MBA em Coaching Aplicado à Gestão de Pessoas pela Unicesumar. Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Tem experiência acadêmica na área de Ciência Política, com ênfase em Sociologia do Desenvolvimento e em Meio Ambiente, atuando principalmente nos seguintes temas: conferências, participa- ção, meio ambiente, políticas públicas e desenvolvimento sustentável. Atualmente, é professor mediador e formador da Unicesumar, desenvolvendo atividades na modalidade de educação a distância (EaD). http://lattes.cnpq.br A P R E S E N TA Ç Ã O D A D I S C I P L I N A SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL Caro(a) aluno(a), neste material, trabalharemos o tema “sustentabilidade e a responsabilidade social”. Tratar desse assunto, nos dias atuais, é de grande importância para a sua carreira profissional, dada a sua relevância, independentemente da área do conhecimento. Considerando esse aspecto, estudaremos as questões históricas vinculadas às problemáti- cas ambientais que levaram à consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável e o papel da responsabilidade social nesse processo. Além disso, analisaremos as características do gerenciamento ambiental, as suas ferramentas e o seu princípio, os quais afetam outras áreas correlatas, tais como o marketing aplicado aos anseios da sustentabilidade. Também conheceremos as certificações e as normas relacionadas à sustentabilidade e, prin- cipalmente, à responsabilidade social, a qual será enfatizada, ao analisarmos as suas dimen- sões. Por fim, entenderemos a relevância das ações sustentáveis e apresentaremos os seus resultados por intermédio de relatórios, de balanços e de premiações. Nesse sentido, para o desenvolvimento dos estudos elencados, esta unidade foi dividida em cinco unidades. Na primeira unidade, o ponto de partida para os nossos estudos se dá com a necessidade de se debater o crescimento populacional e a escassez de recursos naturais a longo prazo. Assim, explicaremos os marcos históricos que levaram à consolidação do conceito de de- senvolvimento sustentável enquanto uma proposta para o novo modelo econômico e social, desde a Revolução Industrial, até chegarmos às problemáticas ambientais e à sustentabilidade propriamente, que será trabalhada em conjunto com os seus pilares, dimensões e objetivos. Na segunda unidade, trataremos dos aspectos empresariais acerca do meio ambiente. Paraisso, aprofundaremos os nossos estudos sobre o papel das empresas em relação às ques- tões ambientais, como a necessidade de prevenção dos acidentes ambientais. Além disso, explanaremos a importância da sustentabilidade econômica das organizações, o que envolve elementos vinculados à gestão e à distribuição eficiente de recursos naturais, assim como os atuais conceitos de economia ecológica e verde. Também será abordado o social na área da responsabilidade social empresarial, nas políticas e nos investimentos. Ao chegarmos à terceira unidade, estudaremos o marketing verde, as suas normatizações e certificações, com ênfase vinculada à sustentabilidade e à responsabilidade social, como a ISO 26000 e a NBR 16001. Em outras palavras, exploraremos as normas internacionais e nacionais sobre o tema. D A D I S C I P L I N AA P R E S E N TA Ç Ã O Na quarta unidade, conheceremos os fatores relacionados à ética empresarial, tais como as políticas e as práticas que influenciam nos âmbitos já mencionados, como os da responsa- bilidade social. Por fim, na quinta unidade, analisaremos as auditorias, os modelos de divulgação de ações sustentáveis e os elementos que as compõem. São exemplos: os demonstrativos de natu- reza social e ambiental, os modelos de balanço, os relatórios de sustentabilidade de maior aplicabilidade nesse contexto e as premiações das organizações mais reconhecidas da área. Com isso, almejamos que o conteúdo trabalhado seja de grande valia em sua rotina profissio- nal e pessoal. Também desejamos que os seus estudos não parem por aqui, mas que você aprenda cada vez mais, a fim de gerarmos uma sociedade sustentável. Bons estudos! ÍCONES Sabe aquele termo ou aquela palavra que você não conhece? Este ele- mento ajudará você a conceituá-lo(a) melhor da maneira mais simples. conceituando No fim da unidade, o tema em estudo aparecerá de forma resumida para ajudar você a fixar e a memorizar melhor os conceitos aprendidos. quadro-resumo Neste elemento, você fará uma pausa para conhecer um pouco mais sobre o assunto em estudo e aprenderá novos conceitos. explorando ideias Ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! pensando juntos Enquanto estuda, você encontrará conteúdos relevantes on-line e aprenderá de maneira interativa usando a tecno- logia a seu favor. conecte-se Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do aplicati- vo está disponível nas plataformas: Google Play App Store U N ID A D E 1 8 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO UNIDADE 01 UNIDADE 02 UNIDADE 03 UNIDADE 05 UNIDADE 04 FECHAMENTO O NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 10 EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE 40 79 MARKETING VERDE, SUSTENTABILIDADE E CERTIFICAÇÃO 110 DIMENSÕES DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 140 AUDITORIAS E MODELOS DE DIVULGAÇÕES DE AÇÕES SUSTENTÁVEIS 166 CONCLUSÃO GERAL 1 O NOVO MODELO DE DESENVOLVIMENTO sustentável PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • O crescimento populacional e o uso sustentável dos recursos naturais • Nosso Futuro Comum – Relatório Brundtland • Objetivos do desenvolvimento sustentável. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Analisar os problemas ambientais contemporâneos. • Compreender o histórico do desenvolvimento sustentável. • Apresentar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os conceitos de susten- tabilidade e de responsabilidade social. PROFESSORES Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Wilian D’Agostini Ayres INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a). Nesta primeira unidade, você fará um estudo que é de extrema importância para várias áreas do conhecimento: o desenvolvimento sustentável. Para iniciarmos essa dis- cussão, gostaríamos de esclarecer que o meio ambiente que conhecemos hoje sofreu muitas modificações ao longo dos séculos e os conceitos que são estudados atualmente nem sempre existiram. Assim, o grande desafio desta unidade é o de resgatar brevemente o contexto histórico ambiental e expor os conceitos que são fundamentais para o entendimento da necessi- dade de um novo modelo econômico e social que considere a capacidade de renovação dos recursos naturais. Dessa maneira, constataremos que o desenvolvimento sustentável está relacionado com a preservação dos recursos naturais utilizados pela nossa geração, tendo em vista as gerações vindouras. Assim, buscaremos esclarecer algumas especificidades dos conceitos que englobam o desenvolvimento sustentável, tais como o crescimento populacional, os problemas causados ao meio ambiente, devido à falta de conscientização ambiental, as interferências das organizações não governamentais (ONGs) na construção de um novo paradigma perante a humanidade, além das interferências governamentais. Ainda nesta unidade, você terá a oportunidade de ampliar a sua visão sobre a criação de uma cidadania sustentável. Isso representa uma riqueza de possibilidades, ao pensar de forma sistêmica e perceber que tudo possui conexão com tudo. Entretanto, é preciso estar atento, visto que, seja qual for a conexão estabelecida, ela deve estar em conformidade com a concepção de sustentabilidade. Além do mais, as metas devem ser conjuntas, conside- rando os aspectos econômicos, sociais e ambientais, para que, dessa forma, alcancemos os padrões consistentes de sustentabilidade. Diante disso, foram estabelecidas metas e propostas pautadas nos al- cances da sustentabilidade. Um exemplo são os Objetivos de Desenvolvi- mento Sustentável (ODS), que se referem a 17 metas globais determinadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas e as quais serão abordadas neste capítulo. Bons estudos! U N ID A D E 1 12 1 O CRESCIMENTO POPULACIONAL e o uso sustentável de recursos naturais Caro(a) aluno(a), iniciaremos os nossos estudos a partir da apresentação da relação do crescimento populacional com a sustentabilidade. Nesse sentido, conheceremos, a seguir, os problemas ambientais e o seu vínculo com a população humana. Problemas ambientais: consequência do modelo social e a sua relação com o crescimento popula- cional Para entendermos os fatores que geraram os debates sobre a necessidade de pro- moção do desenvolvimento sustentável, é importante compreendermos quais foram os marcos que influenciaram esse processo. Segundo o historiador Warren Dean (1995), em seu livro “A Ferro e Fogo”, a destruição da Mata Atlântica teve início no momento em que os portugueses tomaram conta do território brasi- leiro. A natureza era vista como uma força contraditória ao desenvolvimento, ou seja, um empecilho a ser eliminado para o cultivo das plantações, as quais eram baseadas na monocultura de exportação. Outro marco histórico é o desenvolvimento das máquinas a vapor, que ocor- reu por volta de 1760. A grande Revolução Industrial e os avanços tecnológicos proporcionaram a exploração de recursos naturais em escalas inigualáveis. Esses U N IC ES U M A R 13 avanços aumentaram a partir da invenção do motor à combustão, em 1876, e da eletricidade, em 1870. Esse crescimento tecnológico foi o responsável por proporcionar melhorias no crescimento econômico, mas também gerou gran- des problemas futuros. Imersos na mentalidade da época, a poluição vinda das fábricas era encarada como um símbolo de vitória e de prosperidade: a falta de consciência sobre a necessidade de se promover um crescimento ecologicamente viável e socialmente igual a todos era totalmente inexistente. Assim, surgiu uma sociedade baseada na produção e no consumo (DEAN, 1995). Na década de 60 e 70, em meio às mudanças socioculturais que domina- vam a sociedade, foram iniciadas as reflexões sobre os danos causados ao meio ambiente, o que proporcionou a elaboração dos primeiros esforços para uma consciência ecológica e ativa. O grande sinal de alerta foio lançamento da obra “Primavera Silenciosa”, no ano de 1962, pela bióloga Rachel Carson, em que se é discutido o uso indiscriminado de agrotóxicos. Esse se tornou um dos livros mais vendidos em relação à questão ambiental, em um contexto da organização da luta ecológica (DEAN, 1995). Além disso, historicamente, a humanidade passou por transformações, de- vido ao crescimento populacional, uma vez que o nascimento de mais pessoas representa um aumento da demanda por energia. Não só, mas também pressupõe um maior consumo de recursos não renováveis, tais como petróleo e minerais, a produção de mais recursos renováveis, como peixes e florestas, e a necessidade de aumento da produção de alimentos pela agricultura. O uso irracional desses re- cursos proporciona impactos que são difíceis de serem resolvidos (BURSZTYN; BURSZTYN, 2012; TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Diante desse cenário, levando em consideração os aspectos vinculados às influências ambientais, sociopolíticas e econômicas, surge a percepção de que o desenvolvimento é necessário, desde que atenda a um conjunto de princípios e os comportamentos humanos sejam amparados pelo senso de responsabilidade socioambiental. Segundo a Comissão Mundial do Meio Ambiente e do Desenvol- vimento – cuja escrita e sigla correspondentes, em inglês, são World Comission on Environment and Development (WCED) –, o conceito de desenvolvimento sustentável tem se difundido enquanto uma proposta para equilibrar as necessi- dades atuais satisfatórias, sem comprometer a manutenção das gerações futuras (WCED, 1987). Todavia, para obter uma visão macro da forma como se desen- volveram os fatos históricos que influenciaram os debates sobre o meio ambiente e o desenvolvimento, analise a tabela a seguir: U N ID A D E 1 14 ANO ACONTECIMENTO MARCO HISTÓRICO Livro sobre crise ambiental “Primavera Silenciosa” (título original: “Silent spring”). Livro sobre crise ambiental “Primavera Silenciosa” (título original: “Silent spring”). Formação do renomado Clube de Roma. Esse clube foi constituído com a �nalidade de compreender os fatores que in�uenciam o meio ambiente e, consequentemente, o sistema global em seus fatores naturais, sociais, políticos e econômicos. Conferência da Unesco sobre a conservação e o uso racional dos recursos da biosfera. Realizada em Paris, marca a criação do Programa “Homem e a Biosfera”, representado pela sigla MAB. Consolidação do programa Homem e Biosfera (MAB) (em inglês, Man and the Biosphere) da UNESCO. Voltado para as pesquisas sobre a relação causal entre a humanidade e o meio ambiente, tem a sua pauta vinculada às questões naturais e sociais, tais como a conservação da natureza e o bem-estar da humanidade. Novo livro sobre a crise ambiental, intitulada “Os limites do crescimento”. Material produzido pelo Clube de Roma, o qual alerta uma escassez de recursos naturais e contaminação da natureza nos próximos 100 anos. Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, Suécia. É marcado como primeiro evento de natureza governamental que vincula as questões econômicas ao meio ambiente. Reuniu 113 Estados-membros da ONU e possibilitou a criação do Programa das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA). Primeira Estratégia Mundial para a Conservação. Parceria entra o PNUMA e a WWF (World Wildlife Fund), estipula uma estratégia para a conservação dos recursos naturais. Marca, também, a primeira menção ao conceito de desenvolvimento sustentável. Criação da Comissão sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD). Essa comissão tinha a �nalidade de desenvolver estratégias plausíveis para as questões econômicas e ambientais. Foi presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Publicação do informe “Nosso Futuro Comum”, feito pela CMMAD, também conhecido como “Informe Brundtland”. Consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável, ao relacionar as questões ambientais ao desenvolvimento econômico. 1962 1968 1968 1971 1972 1972 1980 1983 1987 1991 Segunda Estratégia Mundial para a Conservação: “Cuidando da Terra”. Dá continuidade ao Informe Brundtland, em esforços conjuntos entre o IUCN (International Union for Nature Conservation), o PNUMA e a WWF, ao vincular os fatores políticos e sociais para um desenvolvimento sustentável consistente. U N IC ES U M A R 15 Tabela 1 – Marcos históricos dos debates para o desenvolvimento sustentável Fonte: adaptada de Ayres (2018). O conceito de desenvolvimento sustentável é baseado no princípio de cresci- mento econômico, social e ambiental. Dessa forma, garante a acessibilidade das gerações futuras aos recursos naturais. ANO ACONTECIMENTO MARCO HISTÓRICO Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Cúpula da Terra e/ou Eco 92. Marca a primeira ocasião em que um debate governamental é realizado no Brasil. Nesse sentido, o Rio de Janeiro se tornou palco para a discussão de estratégias de ação mundial para o modelo de desenvolvimento sustentável. Na ocasião, estiveram representados 170 Estados, foi publicada a Declaração do Rio, além de outros quatro documentos. O mais importante foi a Agenda 21. Fórum Rio + 5. Cinco anos após a Eco 92, foi realizada, em Nova York, com a �nalidade de veri�car o andamento da Agenda 21 até então. Protocolo de Kyoto. Tinha, como �nalidade estratégica, o monitoramento da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera, reduzindo, assim, os impactos do aquecimento global e, consequentemente, do efeito estufa. Primeiro Foro Mundial de âmbito Ministerial realizado em Malmo, na Suécia. Gerou a Declaração de Malmo, que trata das perspectivas futuras para as questões ambientais. Os que estavam presentes asseguraram o seu engajamento com o desenvolvimento sustentável. Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável – Rio + 10, realizada em Johanesburgo, na Africa do Sul. Novo marco temporal após a Eco 92, passados 10 anos de sua precursora. Teve por �nalidade veri�car os resultados alcançados em relação ao desenvolvimento sustentável, além de debater sobre a fome. Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas realizada em Cophenhague, na Dinamarca. Reuniu 120 chefes de Estado e de governo. Gerou a substituição do Protocolo de Kyoto. Além disso, foi consagrado o acordo de Copenhague, que tratava das questões ambientais e das mudanças no clima. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio +20. Assim com a Eco 92, foi realizada no Rio de Janeiro, 20 anos depois. Procurou veri�car o andamento dos acordos realizados na Agenda 21, além de rea�rmar os compromissos com o desenvolvimento sustentável. 1992 1997 1997 2000 2002 2009 2012 2015 Cúpula das Nações Unidas sobreo Desenvolvimento Sustentável. Proposta dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) enquanto agenda para 2030. U N ID A D E 1 16 Assim como foi visível na Tabela 1, um documento marcante nesse processo foi a Agenda 21, que consiste em planejar as ações assertivas no que diz respeito à sustentabilidade. O referido documento possui cerca de 40 capítulos e tem por finalidade propor um novo modelo de desenvolvimento em escala global, com base em aspectos de preservação ao meio ambiente, bem-estar social e eficiência econômica (OLIVEIRA; MOREIRA, 2012). Desenvolvimento sustentável como um novo modelo Assim como estudamos no tópico anterior, a ONU e os Estados que a compõem estipularam estratégias de ação, considerando as demandas que o crescimento populacional geraria a curto e longo prazo. Além disso, foi estipulada a necessi- dade de oferta de matérias-primas para a manutenção dos meios de produção. Ambos os aspectos mencionados colocam em xeque a capacidade da natureza em oferecer os recursos suficientes para suprir tais necessidades. Para isso, o de- senvolvimento tecnológico mudariao cenário de insustentável para sustentável, com a maximização dos recursos (TOWNSEND; BEGON; HARPER, 2010). Nesse sentido, o conceito de desenvolvimento sustentável incorpora os padrões econômicos e sociais ao que o ambientalismo tratava apenas como ecológico. O crescimento populacional afeta a distribuição dos recursos, dado que a quan- tidade desses recursos não aumentou em conformidade com o crescimento da população. Diante disso, em detrimento do crescimento populacional, as demandas econômicas e sociais também tendem a aumentar, o que gera o risco de escassez de recursos. Assim, a preservação ambiental deixa de ser uma opção para se tornar uma prioridade (LIMA, 2001). A taxa de expansão populacional mundial é insus- tentável: embora seja menor do que já foi – em um espaço finito e com recursos finitos –, nenhuma população pode continuar crescendo para sempre. Seria interessante saber a quantidade máxima de população humana que poderia ser sustentada na Terra. Townsend, Begon e Harper (2010) propõem o seguinte questionamento: qual é a capacidade de suporte global? Com esse dado, seria possível desenvolver uma equação que considere os recursos versus as demandas, para chegarmos a uma informação que determine quando alcan- çaremos a sustentabilidade. U N IC ES U M A R 17 Você já se questionou o “quão ecológico” é o seu comportamento cotidiano? Já se perguntou se há aspectos que possuem maior engajamento, em com- paração aos demais? Vamos fazer um teste? conecte-se Nesse contexto, caro(a) aluno(a), para obtermos a sustentabilidade ou nos apro- ximarmos dela, é necessária aquisição e a aplicação da compreensão ecológica. O papel da ONU no desenvolvimento da consciên- cia ambiental Em dezembro de 1972, foi criado o programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU - Meio Ambiente), que coordena os trabalhos da organiza- ção em nome do meio ambiente global. Suas prioridades incluem as catástrofes ambientais, as substâncias nocivas, as mudanças climáticas, a gestão dos ecos- sistemas, a governança ambiental e a eficiência dos recursos. Desse modo, as estratégias voltadas a um novo modelo de desenvolvimento econômico e social são direcionadas à “defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras” que “se converteu na meta imperiosa da humanida- de” (CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O MEIO AMBIENTE HUMANO, 1972, on-line)¹. Dessa forma, o novo modelo não era apenas um desafio, mas era uma propos- ta de melhoria continuada de uma sociedade que precisa de equidade na distri- buição dos seus recursos, além de aperfeiçoamentos em seus padrões, visto que: “ É precisamente na dignidade de todos os seres humanos que deve incidir o esforço maior de oferecer uma tutela ecológica que se opo-nha aos constantes danos à natureza, às práticas abusivas que, por exemplo, provocam a poluição (atmosférica, hídrica, sonora, visual, etc.), aceleram os processos de desertificação, reduzem os recursos naturais e causam mudanças climáticas responsáveis por milhões de vitimados pelos danos ambientais. Não há que passar desperce- bido que, neste momento histórico, ocorre na ONU, em Nova York, a Conferência para a Proibição das Armas Nucleares (BARROS; CAÚLA, 2017, p. 8). http://www.pegadaecologica.org.br/2019/pegada.php U N ID A D E 1 18 Para o Brasil, houve dois momentos históricos que marcaram o engajamento nacional em relação às causas ambientais. São eles: 1. Resistência ao engajamento nas causas ambientais. Um exemplo disso é a participação na COP15 (XV Conferência das Partes da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas), que aconteceu na cidade de Cope- nhague, em 2009. Na ocasião, o país assumiu apenas o compromisso de reduzir cerca de 36,1% até 38,9% das emissões de gases que geram o efeito estufa, metas que tinham, como prazo, o ano de 2020. 2. Engajamento e compromisso com o desenvolvimento sustentável. En- quanto exemplo e marco, temos a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que consolidou a atuação do país nas causas ambientais. O posicionamento do Brasil foi diferente na Rio+20, comparado-se à primeira conferência realizada em 1992 (a Rio-92). Na década de 90, o país iniciava a sua atuação na política internacional do meio ambiente, com a finalidade de ganhar espaço no cenário político internacional. Desse modo, em 2012, na Rio+20, reafir- mou o seu engajamento com as causas ambientais e apresentou novas estratégias para trabalhar as metas relacionadas à sustentabilidade: “ A Rio+20 foi assim conhecida porque marcou os vinte anos de rea-lização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e contribuiu para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas prin- cipais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes (RIO+20, [2020], on-line)². U N IC ES U M A R 19 Desde 2014, a ONU passou a contar com a Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Unea), cuja primeira edição ocorreu em 2014, e a segunda, em 2016. A Unea é a mais importante plataforma da ONU para a tomada de decisões sobre o tema e marcou o início de um período em que o meio ambiente é considerado um problema mundial – ao considerar, pela primeira vez, as preocupações ambientais no mesmo âmbito da paz, da segurança, das finanças, da saúde e do comércio. Em sua primeira edição, reuniu mais de 160 líderes de alto nível. Fonte: adaptado de ONU ([2020], on-line)2. explorando Ideias Em setembro de 2015, às vésperas da abertura da 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas, aconteceu, em Nova York, a formulação da nova agenda oficialmente adotada pelos chefes de Estado e de governo na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvi- mento Sustentável. Acordada pelos 193 estados membros da ONU, nasceu, portanto, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, com seções sobre os meios de implementação e uma renovada parceria mundial (TRINDADE; LEAL, 2017). A Sociedade civil organizada e a sua atuação no Brasil O desenvolvimento sustentável teve os seus aspectos em constante pauta gover- namental, dada a atuação de representantes de causas sociais e organizações Não Governamentais. “Vale ressaltar que a sociedade civil organizada, por meio de ONGs e dos movimentos sociais, cumpre um papel fundamental na consolidação e na ampliação das questões ambientais no Brasil e no mundo” (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2003, p. 7). Para compreendermos melhor esse aspecto, é importante sabermos que a economia é composta por três setores distintos. São eles: U N ID A D E 1 20 Figura 1 - Setores que compõem a economia / Fonte: os autores. As Organizações da Sociedade Civil (OSC) têm atuado em várias áreas ligadas às necessidades sociais que existem. Por exemplo: saúde, emprego, educação, assis- tência social, direitos políticos, questões ambientais, entre outros. Nesse sentido, há uma lista de representantes da sociedade civil organizada que foi elaborada na quarta e na última Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2003), são eles: 1. Centro Multidisciplinar de Estudos em Resíduos Sólidos (CeRSOL). 2. Universidade de São Paulo (USP). 3. Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). 4. Conselho Nacional de Seringueiros (CNS). 5. Coletivo de Entidades Negras de Minas Gerais (CEN-MG). 6. Central Única dos Trabalhadores (CUT). 7. Força Sindical. 8. Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento (ASSE- MAE). 9. Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP). 10. Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM). 11. Rede Brasileira de Agendas 21 Locais (REBAL). 12. União Nacional de Cooperativas da AgriculturaFamiliar e Economia Solidária (UNICAFES). 13. União Nacional dos Estudantes (UNE). O Terceiro Setor é formado pela sociedade civil organizada, que é composta pelas Organizações da Sociedade Civil (OSC), as quais reúnem diversos formatos e naturezas institucionais, tais como: Organizações Não Governamentais (ONG); movimentos sociais; institutos; fundações; associações, entre outros. O terceiro setor visa oferecer produtos e serviços a grupos e/ou indivíduos que não são assistidos pelo Estado e/ou não tem poder aquisitivo para custear as suas necessidades. O Primeiro Setor é representado pelo Estado, que também compõe os serviços e os aspectos de acesso público. O Segundo Setor é o mercado, representado pelas empresas que oferecem os seus produtos e serviços, a �m de obter lucro. U N IC ES U M A R 21 Caro(a) aluno(a), você sabe o que é o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)? O Conama assessora, estuda e propõe, ao governo, as linhas de direção das políticas gover- namentais para a exploração e a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais. É o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), instituído por meio da Lei nº 6.938/1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274/1990. Fonte: adaptado de O Eco (2014, on-line)3. explorando Ideias 14. Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). 15. Instituto Nacional de Pesquisas e Defesa do Meio Ambiente (IMA). 2 NOSSO FUTURO COMUM - relatório brundtland A Comissão Brundtland foi a responsável por reunir aspectos econômicos em ambientais em um único conceito: o desenvolvimento sustentável. Esse conceito foi apresentado pela primeira vez no Relatório Nosso Futuro Comum e defende a preservação ambiental, para que as gerações atuais e futuras tenham acesso aos recursos naturais necessários para suprir as suas demandas. Além disso, alguns U N ID A D E 1 22 aspectos relacionados a essa questão se referem à necessidade de administrar o crescimento populacional como um dos responsáveis pelo esgotamento dos recursos naturais (OLIVEIRA, 2005). De acordo com o Relatório Brundtland (1987), em um mundo em que a de- sigualdade e a pobreza não são mais inevitáveis, o desenvolvimento sustentável deve privilegiar o atendimento das necessidades básicas de todos, ao oferecer oportunidades de melhoria de qualidade de vida para a população no presente e no futuro: “ Apesar de não definir quais são as necessidades do presente nem quais serão as do futuro, o relatório chamou a atenção do mundo sobre a importância de se encontrar novas formas de desenvolvi- mento econômico, sem redução e danos ao meio ambiente. Além disso, o relatório definiu três princípios básicos a serem cumpridos: desenvolvimento econômico, proteção ambiental e equidade so- cial. Colocando o desenvolvimento sustentável como um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o futuro para satisfazer as necessidades humanas. Mesmo assim, o referido relatório foi amplamente criticado por apresentar como causa da si- tuação de insustentabilidade do planeta o descontrole populacional e a miséria dos países subdesenvolvidos, colocando como um fator secundário a poluição ocasionada nos últimos anos pelos países desenvolvidos (BARBOSA, 2008, p. 20). Todos esses levantamentos apresentados pela Comissão Brundtland levaram à necessidade da realização de uma reunião no âmbito das Nações Unidas para fomentar o debate entre os países. Assim, surgiu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), realizada em 1992, no Rio de Janeiro: a Rio-92. A referida conferência teve como meta: “ […] a criação da Agenda 21, um plano de ação para ser adotado em âmbito global, nacional e local por organizações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. O documento constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada, cujo fim é U N IC ES U M A R 23 orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a integração da sustentabilidade ambiental, so- cial e econômica (NOVAES, 2008, p. 17). Após tais acontecimentos históricos, o desenvolvimento sustentável, enquanto proposta de modelo econômico e social, ganhou parâmetros consistentes que ampliaram as suas abordagens, a fim que as propostas se tornassem realidade, como é o caso dos pilares da sustentabilidade. Os pilares da sustentabilidade Após a ONU lançar, em 1987, o relatório “Nosso Futuro Comum” na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o conceito de desenvolvi- mento sustentável, na sociedade, passa a ser um assunto frequente. Anos depois, em 1994, John Elkington criou o triple bottom line (tripé da sustentabilidade), o qual é exemplificado na figura a seguir: Figura 2 – Tripé da sustentabilidade PILAR ECONÔMICO PILAR SOCIAL PILAR AMBIENTAL U N ID A D E 1 24 Esses fatores precisam estar integrados, para que a sustentabilidade, de fato, acon- teça. Segundo Sachs (2003), o tripé do desenvolvimento é entendido como algo que deve ser, simultaneamente: includente, do ponto de vista social; sustentável, do ponto de vista ecológico; e sustentado, do ponto de vista econômico. Além disso, esse método incorpora a visão ecológica nas empresas com base em três princípios: “ Social: engloba as pessoas e suas condições de vida, como educação, saúde, violência, lazer, dentre outros aspectos.Ambiental: refere-se aos recursos naturais do planeta e à forma como são utilizados pela sociedade, comunidades ou empresas. Econômico: relacionado com a produção, a distribuição e o consu- mo de bens e serviços. A economia deve considerar a questão social e ambiental (SACHS, 2003, p. 5). Ao aprofundarmos um pouco mais os nossos estudos acerca dos conceitos de desenvolvimento, devemos considerar os objetivos, os quais devem ser sempre éticos e sociais, em busca do progresso. Nesse contexto, devem ser baseados na solidariedade com as gerações presentes e futuras, respeitando as condições am- bientais. No entanto, para que isso possa acontecer, é necessário que os inves- timentos sejam economicamente viáveis. Portanto, a viabilidade econômica é uma das condições indispensáveis, mas não a suficiente, para alcançar o êxito do desenvolvimento includente e sustentável (SACHS, 2007). Dimensões da sustentabilidade Já sabemos que o Relatório de Brundtland foi um marco na evolução do desenvol- vimento sustentável. Diante disso, houve o surgimento do “ecodesenvolvimento”, que visa conciliar a proteção ambiental com o desenvolvimento socioeconômico, com o intuito de melhorar a qualidade de vida da humanidade. A sustentabilidade considera as necessidades humanas. O grande desafio, hoje, para a humanidade, talvez, seja encontrar um conjunto de transições in- terligadas para uma situação mais sustentável. Sachs (1993, p. 4) aponta cinco dimensões de sustentabilidade que devem ser observadas para planejar o de- senvolvimento. São elas: U N IC ES U M A R 25 Quando trabalhamos a sustentabilidade urbana, as estratégias de planejamento urbano são vitais ao processo de obtenção de padrões de sustentabilidade concretos para esse segmento. Dessa forma, as cidades do futuro devem agregar padrões ecológicos e tecno- lógicos em prol de ambientes sustentáveis. explorando Ideias Sustentabilidade ecológica, que se refere à base física do processo de crescimento. Tem como objetivo a manutenção de estoques dos recursos naturais incorporados às atividades produtivas. Sustentabilidade ambiental, que se refere à manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas, o que implica na capacidade de absorção e de recomposição dos ecossistemas, em face às agressões antrópicas. Sustentabilidade social, que se refere aodesenvolvimento. Tem por obje- tivo a melhoria da qualidade de vida da população. Para os países que pos- suem problemas de desigualdade e de inclusão social, é necessária a adoção de políticas distributivas e a universalização do atendimento a questões, tais como saúde, educação, habitação e seguridade social. Sustentabilidade política, que se refere ao processo de construção da ci- dadania, a fim de garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento. Sustentabilidade econômica, que se refere a uma gestão eficiente dos re- cursos em geral. Caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e privado, o que exige a avaliação da eficiência por meio de processos macrossociais. Caro(a) aluno(a), todo o processo que envolve as dimensões da sustentabilidade pode ser uma resposta aos anseios da sociedade, o que propicia cidades que in- corporam os elementos naturais e sociais. Nesse sentido, Sen (2010, p. 21) defende que “[...] o desenvolvimento pode ser visto como um processo de expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam”. U N ID A D E 1 26 Responsabilidade é um padrão de comportamento valorizado pela sociedade e diz respei- to às questões individuais para uma boa convivência em grupo. Portanto, quando falamos em responsabilidade socioambiental, estamos nos referindo aos princípios individuais e coletivos acerca das questões ambientais e sustentáveis, ou seja, o comportamento das pessoas em relação às normas de conduta para o meio ambiente, a sociedade e a eco- nomia. pensando juntos Economia verde: um novo modelo econômico A expressão “economia verde”, que substituiu o conceito de “ecodesenvolvimento”, foi implantada pelo canadense Maurice Strong, primeiro diretor-executivo do PNUMA e secretário-geral da Conferência de Estocolmo (1972) e da Rio-92 (O ECO, 2015, on-line)4. A conferência Rio+20, realizada em 2012, além de discutir a redução da po- breza, teve, como tema central, a economia verde (ONU, 2011). Por meio da divulgação dessa expressão pelo mundo, em um relatório do PNUMA (UNEP 2011), em pouco tempo, ela foi aceita oficialmente pela comunidade internacio- nal e popularizada no mundo (BELINKY, 2011). Também se apresentou como alternativa ao desenvolvimento sustentável, que havia sido consagrado no Rio de Janeiro, na primeira Conferência da ONU no Brasil, em 1992: “[...] foi absor- vida por governos, empresas e pela sociedade civil, e empregada na formulação e execução tanto de políticas públicas quanto de iniciativas privadas ligadas à responsabilidade socioambiental” (O ECO, 2015, on-line)4. O conceito de economia verde pode ser resumido em atividades ou “projetos verdes” que são realizados atualmente, tais como a implantação de painéis fo- tovoltaicos, a reciclagem de lixo, as hortas orgânicas, entre outros. Todos eles possuem três características principais: baixa emissão de carbono, eficiência no uso de recursos e busca pela inclusão social (OECO, 2015, on-line) 4. Entretanto, na realidade, a maioria dos projetos que engloba a economia verde necessita de recursos governamentais. Um exemplo se dá para o pagamento de serviços ambientais existentes, tais como: U N IC ES U M A R 27 A economia verde busca a promoção de uma sociedade com equidade so- cial e econômica que se desenvolva junto com a tecnologia, a fim de obter padrões palpáveis para toda a população mundial. Além disso, forças cen- trífugas levam ao impulsionamento desse processo, ao colocar em xeque a capacidade da humanidade de se adaptar a novas realidades sociais, como foi o caso da pandemia de 2020. conecte-se “ [...] os fins de raciocínio, as Reservas Legais e APPs, previstas no Código Florestal brasileiro, supondo que essas reservas fossem uma área total de 100 milhões de hectares e os donos recebessem R$ 200,00 por hectare por ano, para não desmatar as áreas (valores conservadores), o total anual seria R$ 20 bilhões de reais, mais que o Programa Bolsa Família que custa por volta dos R$ 15 bilhões por ano (SAWYER, 2011, p. 20). Encontramos, ainda, outros riscos, como nos casos dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), em que alguns produtores recebem por seus serviços prestados à natureza. Isso sugere que outros sujeitos que não recebem pagamentos não são obriga- dos a se comprometer corretamente com a causa. Outro risco é quem recebe o PSA: se deixa de receber, pode acreditar que possui o direito de destruir (AMAZONAS, 2010). Dessa forma, pensando no planeta e nas gerações futuras, devemos promover tanto a economia verde quanto o desenvolvimento sustentável. Protocolo Verde O Protocolo Verde é um protocolo de intenções assinado por instituições financeiras públicas e pelo Ministério do Meio Ambiente no ano de 1995 e revisado em 2008. Tem como objetivo definir políticas e práticas bancárias, com a premissa de não financiar empreendimentos e/ou projetos que possam causar problemas ambientais. O protocolo se compromete a financiar o desenvolvimento com sustentabi- lidade, por meio de linhas de crédito e programas que promovam a qualidade de vida da população e a proteção ambiental. Quando o setor bancário faz adesão ao protocolo verde, traz um importante papel para o desenvolvimento sustentável, pois realiza incentivo ambiental para as empresas. https://nacoesunidas.org/economia-verde-as-escolhas-que-fazemos-agora-moldarao-o-futuro/ U N ID A D E 1 28 Em 1995, o BNDES liderou os bancos públicos federais (além do BNDES, participam a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, o Banco da Amazônia e o Banco do Nordeste do Bra- sil) na formalização do Protocolo Verde. Contudo, em agosto de 2008, o BNDES e os bancos públicos federais celebraram, com o Ministério do Meio Ambiente, o Protocolo de Intenções pela Responsabilidade Socioambiental, revisão atualizada do Protocolo Verde de 1995. Fonte: BNDES ([2020], on-line)5. explorando Ideias O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), se empenha continuamente em aprimorar as medidas que já foram definidas no Protocolo Verde, que incluem: as ações que evitem danos ambientais; a criação de equipes que tenham formação e consciência ambiental; a diminuição de desper- dícios; a utilização de materiais recicláveis; e o incentivo à eficiência energética. Princípio poluidor-pagador Esse princípio traz a ideia de que aquele que polui deve pagar pelo seu ato. Todavia, isso não significa que o fato de pagar lhe dá o direito de poluir, mas o pagamento deve ser feito para reverter possíveis danos ambientais, uma vez que “o pagamento de tributo, tarifa ou preço público não isentam o poluidor ou predador de ter exa- minada e aferida sua responsabilidade residual para reparar o dano” (MACHADO, 2009, p. 68). Portanto, conclui-se que não se compra o direito de poluir. O princípio em referência possui assento constitucional previsto nos § 2º e §3º do Art. 225 da CF/1988, que defende que: “ § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recu-perar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambien- te sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções pe- nais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988, p. 131). U N IC ES U M A R 29 O conceito de poluidor é definido pelo Art. 3°, inciso IV, da Lei nº 6.938/1981, nos seguintes termos: “poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental.” Fonte: Conteúdo Jurídico (2014, on-line)6. explorando Ideias Segundo Barbieri (2016), o princípio do poluidor-pagador atribui, ao Estado, o dever de estabelecer um tributo ao agente poluidor. Esse princípio é baseado em duas abordagens, segundo Barbieri (2016): 1. Natureza fiscal: há a necessidade de arrecadaçãode receita para o custeio de produtos e serviços públicos com respaldo ambiental. Considera a proteção da sociedade de abusos do setor privado que causam prejuízos, ao poluir o meio ambiente. 2. Natureza extrafiscal: a estimulação da responsabilidade social gera im- pactos nas atividades econômicas, influenciando o comportamento na economia. São aceitas condutas socioambientais e repudiadas as condutas poluidoras. Esses dois objetivos podem caminhar juntos. Por exemplo, quando há a cobrança de impostos sobre produtos que acabam gerando resíduos de natureza tóxica, em que a receita gerada é utilizada para cobrir gastos com a gestão pública desse resíduo, como a coleta, o tratamento e a disposição final adequada, é possível diminuir o consumo desses produtos. Outro exemplo é a diminuição ou a isen- ção da tributação de produtos com melhor desempenho ambiental, como uma geladeira que consome menos energia. U N ID A D E 1 30 O poluidor que usa gratuitamente o meio ambiente para lançar poluentes invade a pro- priedade pessoal de todos os outros que não poluem, o que confisca o direito de proprie- dade alheia. (Paulo Affonso Leme Machado) pensando juntos Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que também podem ser conhecidos como os “Objetivos Globais”, tratam de um chamado universal que visa às ações contra a pobreza e buscam a proteção do planeta e a garantia de que as pessoas tenham paz e prosperidade. Os ODS deverão orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional por quinze anos, de 2015 até 2030, decorrendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) que também duraram 15 anos, dos anos 2000 até 2015, quando foram atualizados e passaram a ser ODS. 3 OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO sustentável U N IC ES U M A R 31 O Brasil teve um papel importante e participou de todas as sessões da nego- ciação intergovernamental. Dessa forma, chegaram a um acordo que contempla 17 objetivos e 169 metas, as quais envolvem temáticas diferentes. Além disso, o Brasil teve grande importância na implantação dos ODM e tem mostrado gran- de empenho quanto aos ODS, com criações de diversos comitês para apoiar o processo após 2015 (ITAMARATY, [2020], on-line)7. Dessa forma, os resultados de todas as conferências das Nações Unidas es- tabeleceram uma base sólida para o desenvolvimento sustentável e ajudaram a moldar a nova agenda. Os novos objetivos entraram em vigor no dia 1° de janeiro de 2016, tendo como principal foco a erradicação da pobreza extrema até 2030. Os temas dos ODS: “ [...] envolvem temáticas diversificadas como erradicação da pobre-za, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraes- trutura e industrialização, governança, e meios de implementação (EMBRAPA, [2020], on-line)8. Os ODS são instrumentos acessíveis a diversas áreas da sociedade e são uma estratégia necessária para o desenvolvimento da sustentabilidade em suas dimen- sões. Para isso, a agenda que devemos embasar as nossas ações futuras já existe e se chama “Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”. Conheça Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): U N ID A D E 1 32 Figura 3 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) Fonte: ONU (2015, p. 15). Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, a melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Assegurar a disponibilidade da água, a sua gestão sustentável e o saneamento para todos. Promover sociedades pací�cas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições e�cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. dddd p aaa p in e rreesesspo innncclus ttooddoos o 13 14 15 16 17 Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as �orestas, combater a deserti�cação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis. Assegurar para todos o acesso con�ável, sustentável, moderno e barato à energia. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável, fomentar a inovação. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. 11 12 Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável (AGENDA 2030, 2015). U N IC ES U M A R 33 Nos anos 2000, com o Pacto Global, surgiram os Objetivos do Desenvolvi- mento do Milênio (ODM). Já em 2015, essas metas foram atualizadas e, as- sim, surgiram os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). conecte-se Para saber mais sobre o assunto, assista o vídeo. conecte-se U N ID A D E 1 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS A definição aceita e difundida até os dias atuais sobre o desenvolvimento sus- tentável trata da capacidade da geração atual em suprir suas necessidades, mas pensando nas gerações vindouras. Dessa maneira, durante os nossos estudos, conseguimos compreender que a nossa jornada rumo ao desenvolvimento sus- tentável teve início no Rio de Janeiro, em junho de 1992, quando houve a pri- meira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUCED) e foi adotada uma agenda para o meio ambiente e o desenvolvimento (século XXI). Referida como Agenda 21, a CNUCED convocou um Programa de Ação para o Desenvolvimento Sustentável que continha a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, além de reconhecer o direito de cada nação de progredir social e economicamente. Também foi atribuída aos Estados a responsabilidade de adotar um modelo de desenvolvimento sustentável. Também abordamos, nesta unidade, as estratégias de alcance global estrutura- das por meio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que têm o seu prazo estipulado o ano de 2030. Suas principais metas são acabar com a pobreza e quaisquer problemáticas econômicas e sociais que impactem negativamente a sustentabilidade. Assim, destacamos a participação do Brasil nas negociações e nos acordos dos 17 objetivos e 169 metas que envolvem diferentes temáticas. Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse desenvolvi- mento sugere a qualidade, ao contrário da quantidade. Além do mais, o resultado desses recursos depende não só da existência humana e da diversidade biológica, mas também do próprio crescimento econômico. Considerando esses aspectos, o desenvolvimento sustentável não se restringe aos fatores de preservação ambiental, mas a proposta vai além dessa visão eco- lógica. A sustentabilidade é constituída por melhorias na qualidade de vida da sociedade e por novas formasde consumo consciente. São esses os fatores que possibilitam a melhoria na administração dos recursos naturais e propagação de novos valores sociais. 35 na prática 1. O tripé da sustentabilidade, denominado de “triple bottom line”, está expresso em três dimensões: capital humano, capital natural e benefício econômico, que preci- sam estar relacionadas, para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Mediante o exposto, explique o tripé da sustentabilidade. 2. O desenvolvimento sustentável é uma expressão usada para designar um modelo que tenta conciliar a parte econômica e a preservação dos recursos naturais que estão disponíveis. Diante desse contexto, defina desenvolvimento sustentável. 3. O homem vive em aglomerações urbanas cada vez maiores, o que demanda maiores quantidades de recursos e gera grandes quantidades de resíduos que se encontram crescentes, em virtude dos crescimento do consumo e do desperdício. Mediante o exposto, como continuar a promover adaptações no ambiente natural, sem esgotar os recursos naturais disponíveis? 4. Os problemas ambientais globais, muitas vezes, exigem respostas globais. As iniciati- vas de gestão, nesse nível de abrangência, estão baseadas em acordos intergoverna- mentais e na atuação dos organismos criados para administrá-los. Diante disso, cite, pelo menos, dois problemas ambientais de ordem global e explique as suas causas. 5. As questões ambientais, dentro das organizações, surgiram a partir da necessidade do homem em organizar melhor as suas diversas formas de se relacionar com o meio ambiente. Sobre esse assunto, quais práticas de gestão ambiental uma organização pode implementar para reduzir e/ou controlar os impactos ambientais? 36 aprimore-se A RECENTE EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL É bem recente a integração da ideia de desenvolvimento econômico social sendo delimitada pela perspectiva de sustentabilidade ambiental, tendo por marco inicial as discussões sobre o meio ambiente, ocorridas na cidade sueca de Estocolmo, da- tada no ano de 1972. Portanto, são apenas quatro décadas. Até então, a perspectiva do desenvolvi- mentismo atuava como solução humana. Em síntese, o que se tinha era uma pro- dução crescente movimentando recursos em termos planetários cada vez maiores que acabaram por levar a alterações do ecossistema com reflexos cada vez mais intensos. Já em Estocolmo, chega-se à conclusão de que a produção é a maior res- ponsável pela degradação. O que fazer num mundo em expansão? A questão passa a ganhar corpo e, em 1983, a ONU indica Gro Harlem Brundtland – a primeira-ministra da Noruega – como chefe da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, cujo objetivo era o de analisar e refletir a questão ambiental em termos globais. O resultado surgirá em 1987, quando o grupo apre- sentou o documento Nosso Futuro Comum, que acabou conhecido como Relatório Brundtland e cujo texto se consagrou no conceito de desenvolvimento sustentável. O documento passou a utilizar a expressão “desenvolvimento sustentável”, com a seguinte definição: “forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessida- des sem, no entanto, comprometer a capacidade de as gerações futuras satisfaze- rem suas próprias necessidades”. O cenário atual do objeto de estudo é tema que institucionalmente encontra seu momento crucial no evento internacional realizado em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, batizada com a sigla de CNUMAD, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, mas cuja denominação acabou popularizada como Rio-92 ou Eco-92, em que se protagonizaram a discussão e a reflexão da ques- tão da proteção ambiental, enfatizando como instrumento a meta de se ajustar ao desenvolvimento sustentável. Resultante do encontro e lastreada por 179 países, foi produzida a Agenda 21, que visava constituir um plano de trabalho baseado na 37 aprimore-se hierarquização das prioridades quanto às diretrizes em relação à integração do de- senvolvimento do uso sustentável dos recursos do meio ambiente. O tema retoma a uma postura de destaque no ano 2000, a partir de um diag- nóstico das ações produzidas a partir do Rio-92, em torno do qual foram propostos os Objetivos de Desenvolvimento para o Milênio – ODM, agora endossado por 199 nações, como importante documento produzido dentro da Cúpula do Milênio pro- movida pela ONU e dando atenção especial aos países em desenvolvimento. Os ODM estabeleciam levantamento de indicadores para o monitoramento das ações, assim definiu-se o prazo para o segmento de tempo 2000 a 2015. O ano de 2012 vai marcar os vinte anos de Rio-92, daí a ideia de retomada e de reencontro em torno da temática na agora denominada Rio+20, que teve por resul- tante a confecção de documento que propunha a integração de lideranças políticas internacionais em ação comum, visando o desenvolvimento sustentável. Ainda foi cria- do o Grupo de Trabalho Aberto, que ao final de mais de ano de estudos propôs os 17 objetivos que deveriam compor os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS. Assim o triênio 2012-2015 será caracterizado por um extenso e intenso processo de consultas junto à sociedade civil, setores privados específicos e ao setor público dos diversos governos locais em relação aos ODS. O resultado será que no ano de 2015 a Cúpula das Nações Unidas, sobre o Desenvolvimento Sustentável, confirma os 17 objetivos e suas metas. Tratam-se dos seguintes aspectos: erradicação da po- breza; fome zero e agricultura sustentável; saúde e bem-estar; educação de quali- dade; igualdade de gênero; água potável e saneamento; energia acessível e limpa; trabalho decente e crescimento econômico, indústria inovação e infraestrutura; re- dução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; consumo e produção responsáveis; ação contra a mudança global do clima; vida na água; vida terrestre; paz, justiça e instituições eficientes e parcerias e meios de implementação. Há que se destacar o diferencial entre o ODM, Objetivos para Desenvolvimento para o Milênio do ano 2000, e ODS, Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável. Trata-se da participação e engajamento social desta última em contraposição ao primeiro, elaborado de cima para baixo, desenvolvida por grupo de especialistas, 38 aprimore-se que acaba por ser a característica que se destaca na Agenda 2030. Esta, seguindo os princípios que a constituíram, valoriza a participação da sociedade, seja na sua implementação, seja no monitoramento de seu acompanhamento, visando estabe- lecer um novo período futuro de planejamento; novamente se referirá a um seg- mento de tempo de 15 anos, entre 2016 – 2030. Como se pode observar, no curto período histórico do encaminhamento pro- posto à questão acima o problema é transformar intenções em prática, discurso em ação. Ou seja, talvez o problema não seja diagnosticar os problemas ou de ter conhecimento das práticas éticas que possam conduzir o ser humano a um futuro promissor, mas um gargalo entre o discurso e a operação, entre o que o sujeito diz e o que o sujeito faz. Se não enfrentarmos simultaneamente da discussão dos meios de financiamen- to destes objetivos, vamos estar trabalhando apenas no plano da retórica. Sem dú- vida a formulação dos objetivos é muito importante, mas sem se dispor da origem dos recursos e forma de alocá-los, a qualidade do gasto a produtividade deste inves- timento no enfrentamento no enfrentamento destes objetivos, nós não estaríamos proporcionando uma abordagem integral completa para enfrentar este desafio. Fonte: Marcon (2019, on-line)9. 39 eu recomendo! Sustentabilidade: O que é – O que não é Autor: Leonardo Boff Editora: Vozes Sinopse: a sustentabilidade representa, diante da crise socioam- biental generalizada, uma questão de vida ou morte. Nesse sen- tido, o autor faz um histórico desse conceito desde o século XVI até os dias atuais, submetendoos vários modelos existentes de desenvolvimento sustentável a uma rigorosa crítica. livro 2 EMPRESAS E O MEIO AMBIENTE PROFESSORES Me. Renata Cristina de Souza Chatalov Me. Natália Christina da Silva Matos Me. Wilian D’Agostini Ayres PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se as aulas que você estudará nesta unidade: • Modelos de sustentabilidade empresarial • Empresas e a sustentabilidade econômica • Responsabilidade socioambiental. OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar os modelos de sustentabilidade empresarial • Descrever a importância da sustentabilidade econômica para as organizações • Compreender as formas de Responsabilidade Social Empresarial. INTRODUÇÃO Caro(a) aluno(a), nesta unidade, compreenderemos a relação entre as em- presas e o meio ambiente. Para tanto, iniciaremos os nossos estudos a partir da apresentação do vínculo existente entre as organizações e a contamina- ção ambiental. Nesse sentido, serão expostos vários acidentes ambientais ocorridos no decorrer dos anos e que envolveram instituições. Dois desses acontecimentos foram extremamente castastróficos ao país: o desastre de Mariana, em Minas Gerais, que aconteceu no ano de 2015, e a tragédia de Brumadinho, também em Minas Gerais, ocasionado em 2019. Também abordaremos a questão da industrialização e o meio ambiente, uma vez que dependemos de muitas atividades industriais, mas devemos estar em consonância com o meio ambiente. Assim, apresentaremos a Declaração de Princípios da Indústria e os 16 princípios da gestão ambiental que envol- vem as empresas. Além disso, discutiremos as posturas das organizações no que diz respeito à questão ambiental, ou seja, qual deve ser a sua preocupação básica, a postura e as ações típicas, as áreas envolvidas, entre outros. Outro tema de estudo será a sustentabilidade econômica, uma dimen- são que afeta todos os setores, tendo em vista que uma atividade deve ser rentável e economicamente viável. Dessa forma, explicaremos as econo- mias da sustentabilidade (a neoclássica e a forte) e a economia verde, pos- tura a qual muitas empresas têm adotado, que é a de se preocupar com a sustentabilidade em seus negócios. Em relação aos negócios, constararemos que a sustentabilidade incor- porada nas organizações é um fator competitivo importante, uma vez que as empresas que desenvolvem condutas sustentáveis têm um diferencial de mercado. Isso gera alguns aspectos, tais como conquista de novos clientes, obtenção de ganhos indiretos e melhoria da imagem perante a sociedade. Se uma instituição deve investir em sustentabilidade, de onde virão es- ses recursos? Nesse contexto, conheceremos os investimentos e os custos de empresas sustentáveis. Não só, mas também serão trabalhados os investi- mentos em ecoeficiência, a produção mais limpa (P + L), os projetos para o meio ambiente, as licitações sustentáveis, o custo ambiental e os incentivos às práticas de sustentabilidade. Finalizaremos os nossos estudos tratando da Responsabilidade Social Empresarial, ao diferenciarmos as empresas que possuem ações filantrópicas daquelas que realmente praticam a res- ponsabilidade social. Bons estudos! U N ID A D E 2 42 1 MODELOS DE SUSTENTABILIDADE empresarial Neste tópico, estudaremos o vínculo existente entre as empresas e a contaminação ambiental. Além disso, apresentaremos alguns acidentes ambientais que tiveram grande notoriedade no Brasil. As empresas e a contaminação ambiental Em nossa primeira unidade, compreendemos que a Revolução Industrial foi um marco em relação aos problemas ambientais, dado que, a partir dela, tivemos um crescimento na ordem de produção e, consequentemente, foram geradas inúmeras catástrofes ambientais, as quais causaram grandes consequências regionais e globais. Segundo Dias (2017), a expansão industrial e toda a prática predatória rea- lizada durante a retirada da matéria-prima do meio ambiente aconteceram no decorrer de todo o século XIX e parte do século XX. O pensamento, nessa época, era o de que os recursos naturais eram infinitos, ou seja, estariam disponíveis para sempre ao homem. Foi somente a partir da década de 70 que essa visão começou mudar, pois foi visualizada a possibilidade de se esgotarem os recursos naturais. Dentre os problemas mais comuns e derivados da industrialização, podemos evidenciar a necessidade de se destinar adequadamente os resíduos sólidos, os efluentes e as emissões atmosféricas decorrentes de processos industriais. Caso U N IC ES U M A R 43 sejam lançados de forma inadequada, podem gerar problemas ambientais e danos à saúde humana que, de acordo com Barbieri (2016, p. 7): “ [...] ao longo do século XX, foram os grandes acidentes industriais e a contaminação resultante deles que acabaram chamando a atenção da opinião pública pela gravidade do problema. Alguns problemas ambientais se tornaram assunto global e, pela visibilidade e facili- dade de compreensão quanto à causa e efeito, constituíram-se na principal ferramenta de construção causados pela má gestão. No decorrer dos anos, tivemos muitos acidentes ambientais que, além de trazerem graves consequências ao meio ambiente e à saúde humana, também ocasionaram a morte de pessoas. É possível observar algumas das principais tragédias que influenciaram o meio ambiente na figura a seguir: 1956 – Houve uma contaminação na baía de Minamata, no Japão. Essa degradação ocorria desde 1939, devido a uma indústria química instalada às suas margens. 1966 – Em Feyzin, na França, um vazamento de Gás Liquefeito de Petró- leo (GLP) causou a morte de 18 pessoas e deixou 65 intoxicadas. 1976 – Em 10 de junho de 1976, em Seveso, na Itália, a fábrica Hoffmann- -La Roche liberou uma nuvem de um desfolhante conhecido como “agen- te laranja” que continha dioxinas. 1978 – Em San Carlos, na Espanha, um caminhão-tanque carregado de propano explodiu, o que gerou 216 mortes e deixou 200 feridos. 1984 – Em San Juanico, no México, um incêndio de Gás Liquefeito de Petró- leo (GLP) , seguido de explosão, causou 650 mortes e deixou 6.400 feridos. 1986 – Em 26 de abril, em Chernobyl, antiga URSS, houve um acidente em uma usina nuclear causado pelo desligamento do sistema de refrige- ração com o reator ainda em funcionamento. A radiação se espalhou e atingiu vários países. U N ID A D E 2 44 1987 – Em 13 de setembro de 1987, ocorreu o vazamento de Césio 137 em Goiânia, localizada no estado de Goiás, em detrimento de má gestão de um equipamento de radiologia. 2000 – No dia 18 de janeiro, um duto da Petrobrás se rompeu e despejou óleo na baía de Guanabara. 2003 – Um incêndio provocado em uma unidade de enxofre da Al- -Mishraq, localizada perto de Mosul, no Iraque, prolongou-se durante um mês. Diante disso, foram liberadas 910.000 toneladas de óxido de enxofre. 2005 – Uma série de explosões de grandes proporções ocorreu em uma fábrica de produtos químicos em Jilin, na China. Houve milhares de ví- timas e um rio também foi atingido. 2010 – Em outubro, houve o rompimento da barragem de rejeito de uma mina de alumínio na Hungria. A lama tóxica derramada na região de Ajka, a 165 km de Budapeste, fez com que a Hungria declarasse estado de emergência. Foram despejados 1,1 milhões de metros cúbicos de lama tóxica vermelha, inundando três vilarejos. 2019 – Em 30 de agosto de 2019, foram identificadas manchas de óleo na costa do nordeste brasileiro. Esse desastre gerou um imensurável impacto ambiental, ainda sem identificação dos responsáveis. Figura 1 - Principais acidentes ambientais mundiais Fonte: adaptada de Barbieri (2016) e Dias (2017). No Brasil, em 05 de novembro de 2015, em Mariana, cidade localizada no estado de Minas Gerais, ocorreu o pior desastre socioambiental da história do nosso país: o rompimento de uma barragem de rejeitos provenientes da atividade de extração de minério de ferro, o que fez com que a lama tóxica fosse lançada. Isso causou a morte de 19 pessoas, atingiu 35 cidades do estado de Minas Gerais(MG) e trouxe consequências ambientais irreparáveis. U N IC ES U M A R 45 Figura 2 - Desastre ocorrido em Mariana (MG) Fonte: Augusto, Tomazela e Moura (2015, on-line)¹. Figura 3 - Desastre ocorrido em Mariana (MG) Fonte: Augusto, Tomazela e Moura (2015, on-line)¹. U N ID A D E 2 46 Já se passaram alguns anos desde o acontecimento desse desastre ambiental, mas os seus impactos ainda não são totalmente conhecidos. Ao relacionarmos esse acidente à nossa disciplina, podemos fazer uma reflexão: a respeito da dimensão social, como ela foi afetada nessa tragédia? Quais foram os impactos sociais oca- sionados por esse acidente ambiental? A tragédia ocorrida em Mariana não ocasionou somente a morte de 19 pes- soas, mas provocou um conjunto incalculável de prejuízos às cidades e aos po- voados localizados às margens do rio. Assim, famílias perderam as suas casas, milhares de pessoas tiveram o seu futuro incerto, a atividade pesqueira – fonte de renda para muitas famílias ribeirinhas – foi comprometida e a enxurrada de lama metálica causou assoreamento no rio, o que prejudicou o abastecimento de água e causou a morte de peixes. Além dos problemas sociais apresentados, será que a dimensão econômica também foi afetada? É possível afirmar que prejuízos imensos impactam a oferta de serviços essenciais, tais como a geração de energia, os serviços de abasteci- mento de água, a saúde pública, o transporte, a educação, dentre outros. Também devemos considerar os obstáculos para “tentar” recuperar a área que foi comple- tamente degradada. Diante do acidente acontecido em Mariana, é certo que houve um desequi- líbrio nas dimensões ambientais, econômicas e sociais: os prejuízos são incalcu- láveis. No entanto, infelizmente, tragédias ambientais continuam acontecendo: três anos depois do acidente ambiental em questão, no dia 25 de janeiro de 2019, rompeu-se uma barragem de rejeitos da empresa Vale, em Brumadinho, cidade localizada também em Minas Gerais, que ocasionou a morte de muitas pessoas, além de problemas ambientais. Pelo fato de que o acidente em Brumadinho é o mais recente, os seus reflexos são mais evidentes e presentes do que os de Mariana. O Córrego do Feijão, o qual foi impactado ambientalmente por esse acidente, tem passado por uma revitaliza- ção, mediante o projeto Território-Parque, que busca melhorar o meio ambiente afetado pelo rompimento da barragem (VALE, 2020). Para tentar minimizar os impactos causados, a empresa envolvida nos acidentes anteriores tem realizado um reforço nas barragens que compõem o sistema de mineração local. Também foi inaugurado um sistema de alarmes sonoros nos locais de habitação próximos às áreas de mineração e, em agosto de 2020, foram retomadas as buscas pelos desaparecidos na tragédia de Brumadinho (VALE, 2020). U N IC ES U M A R 47 A industrialização e o desenvolvimento sustentável Quando relacionamos a responsabilidade social à sustentabilidade, devemos refletir sobre o papel que as organizações devem assumir para a construção de uma sociedade mais sustentável. Desse modo, como vincular o processo de in- dustrialização às formas sustentáveis de produção? A industrialização agravou os problemas ambientais que ocorrem no planeta. Esse fato é evidenciado a partir da contaminação do ar, da água e do solo, além da ocorrência de um grande número de acidentes ambientais, tais como os expostos. Diante disso, o setor privado brasileiro tem passado por uma releitura de seus parâmetros de comportamento, defronte aos impulsionamentos sofridos por eventos governamentais, como as Conferências Nacionais do Meio Ambiente (CNMA). A quarta edição, em especial, ocorrida em 2013, defendeu a aborda- gem de temas, como a produção, o consumo sustentável, a redução dos impactos ambientais e a geração de trabalho, emprego e renda, os quais estão diretamente vinculados ao papel da indústria e do comércio nacional (AYRES, 2018). As empresas sustentáveis buscam modificar os seus processos produtivos e esse tipo de mudança implica na fabricação de produtos que não causam impac- tos ambientais. Em 1998, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) publicou a Declaração de Princípios da Indústria para o Desenvolvimento Sustentável (CNI, 2002) e promoveu a divulgação da relação entre a economia e a questão ambiental com o público empresarial. Os princípios defendidos pela CNI podem ser visualizados na figura a seguir: Os impactos ambientais gerados por acidentes, como os apresentados, ge- ram inúmeros reflexos na saúde pública, em detrimento do aumento de doenças provenientes do desequilíbrio ecológico. Para saber mais, acesse o QR Code ao lado. conecte-se http://www.greenpeace.org.br/hubfs/Campanhas/Agua_Para_Quem/documentos/RelatorioGreenpeace_saude_RioDoce.pdf U N ID A D E 2 48 DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS DA INDÚSTRIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 1. Promover a efetiva participação pró-ativa do setor industrial, em conjunto com a sociedade, os parlamentares, o governo e as organizações não go- vernamentais no sentido de desenvolver e aperfeiçoar leis, regulamentos e padrões ambientais. 2. Exercer a liderança empresarial, junto à sociedade, em relação aos assun- tos ambientais. 3. Incrementar a competitividade da indústria brasileira, respeitados os conceitos de desenvolvimento sustentável e o uso racional dos recursos naturais e de energia. 4. Promover a melhoria contínua e o aperfeiçoamento dos sistemas de ge- renciamento ambiental, saúde e segurança do trabalho nas empresas. 5. Promover a monitoração e a avaliação dos processos e parâmetros ambientais nas empresas. Antecipar a análise e os estudos das questões que possam causar problemas ao meio ambiente e à saúde humana, bem como implementar ações apropriadas para proteger o meio am- biente. 6. Apoiar e reconhecer a importância do envolvimento contínuo e perma- nente dos trabalhadores, bem como a importância do comprometimen- to da supervisão nas empresas, assegurando que esses trabalhadores tenham o conhecimento e o treinamento necessários em relação às questões ambientais. 7. Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias limpas, com o objetivo de reduzir ou eliminar impactos adversos ao meio ambiente e à saúde da comunidade. 8. Estimular o relacionamento e as parcerias do setor privado com o gover- no e com a sociedade, na busca do desenvolvimento sustentável, bem como da melhoria contínua dos processos de comunicação. 9. Estimular as lideranças empresariais a agirem permanentemente junto à sociedade com relação aos assuntos ambientais. 10. Incentivar o desenvolvimento e o fornecimento de produtos e serviços que não produzam impactos inadequados ao meio ambiente e à saúde da comunidade. 11. Promover a máxima divulgação e o conhecimento da Agenda 21 e esti- mular sua implementação. Figura 4 - Declaração de princípios da indústria para o desenvolvimento sustentável Fonte: CNI (2002, p. 24). U N IC ES U M A R 49 No início dos anos 90, a Câmara de Comércio Internacional (CCI), na busca por ações prioritárias para atingir o desenvolvimento sustentável, publicou a cha- mada “Carta de Negócios para o Desenvolvimento Sustentável”, que apresentava 16 princípios que direcionavam as estratégias de negócios voltadas à proteção ambiental. De acordo com Dias (2017), a carta foi estruturada, a fim de propiciar um olhar analítico sobre o tema para as organizações. Os seus princípios são apre- sentados a seguir: 1. Prioridade organizacional: estabelece políticas, programas e práticas ao desenvolvimento das operações voltadas a questão ambiental. 2. Gestão integrada: tem como intuito integrar programas e práticas ambien- tais aos negócios. 3. Processos de melhoria: visa à melhoria contínua no que diz respeito às questões ambientais. 4. Educação do pessoal: trata-se do treinamento e da motivação. 5. Prioridade de enfoque: considera as repercussões ambientais antes de ini- ciar uma nova atividade ou projeto
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