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HIV Coisas importantes: fisiopatologia, história natural, epidemiologia, manifestações clínicas, diagnóstico, complicações, tratamento, prevenção, histórico HISTÓRICO e EPIDEMIOLOGIA · Primeiros casos na década de 80, rapidamente se disseminou pelo mundo tornando-se uma pandemia · Vírus do macaco que se adaptou para os humanos na áfrica subsaariana · Primeiros casos diagnosticados em São Francisco nos EUA – jovens sem comorbidades começaram a morrer de doenças respiratórias e CA de pele · 84 – identificação do vírus e da transcriptase reversa · No início, a epidemia atingiu principalmente os usuários de drogas injetáveis, homens que faziam sexo com homens e pessoas que tinham recebido transfusão de sangue e de hemoderivados contaminados. Entretanto, na metade dos anos de 1990, verificou-se que a epidemia assumiu outro perfil. A transmissão heterossexual passou a ser a principal via de transmissão do HIV. Atualmente, há uma tendência de crescimento da infecção em jovens de 15 a 24 anos e em adultos com 50 anos ou mais, tanto em homens quanto em mulheres · Hoje o principal fator de risco é parceiros com alta carga viral HIV · HIV-1 e HIV-2 · Retrovírus – transcriptase reversa · Possui um envelope com as glicoproteínas gp120 e gp41 (responsável pela ligação com a célula hospedeira) · Proteína p24 que envolve o genoma viral e as enzimas, transcriptase reversa, integrase e protease · Outros retrovírus: HTL1 e 2 – causam doenças hematológicas e neurológicas como paraparesia espástica tropical INFECÇÃO · O HIV é capaz de infectar células que tenham os receptores CD4 na sua superfície, como os linfócitos T helper, macrófagos e células dendríticas · Doença progressiva e uma vez que o vírus se incorporou nas células produtoras do linfócito T não há cura HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA · VÍRUS: · DIA 0 – contato sexual, não tem vírus no sangue · DIA 7 – pico de vírus no sangue (pode chegar a 106) – fase em que o indivíduo mais transmite · Síndrome retroviral aguda (SRA) · 3 MESES – início do platô, que pode durar de 3 a 5 anos (depende da pessoa) · Latência e fase assintomática · Algumas pessoas não possuem o receptor CCR5 e não podem ser infectadas com o HIV · ANOS DEPOIS – carga viral volta a aumentar · Aids propriamente dita – infecções oportunistas e câncer · ANTICORPO: · IgM ou IgG – não tem diferença, o diagnóstico é com AC total · Só aparecem no sangue 1 mês após a infecção e permanecem constantes · IMUNIDADE (CD4): · Normal: CD4 corresponde a 1/3 dos linfócitos (linfócitos são 20-50% dos leucócitos) · Exemplo: 6000 leucócitos, 1800 linfócitos, 540 CD4 · Imunodeficiência: qualquer valor >30% (linfopenia em pessoas sem sintomas pode ser HIV) · > 350 já é diagnóstico de AIDS · Queda abrupta na fase de alta carga viral – linfocitose com linfócitos atípicos · SINTOMAS · SÍNDROME RETROVIRAL AGUDA: · Principais achados clínicos são febre, cefaleia, astenia, adenopatia, faringite, exantema e mialgia, sudorese e linfadenomegalia, comprometendo principalmente as cadeias cervicais anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar. Podem ocorrer, ainda, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão · Sintomas digestivos, como náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e úlceras orais podem estar presentes · Autolimitada e a maior parte dos sinais e sintomas desaparece em três a quatro semanas. Linfadenopatia, letargia e astenia podem persistir por vários meses. A presença de manifestações clínicas mais intensas e prolongadas (por período superior a 14 dias) pode estar associada à progressão mais rápida da doença · Síndrome mono-like · Hemograma: linfócitos atípicos · Diagnóstico: antígeno e carga viral · LATÊNCIA CLÍNICA E FASE ASSINTOMÁTICA: · Exame físico normal, paciente sem sintomas · Pode apresentar linfonodomegalia (geralmente cervical posterior indolor) · Laboratório: plaquetopenia, anemia normocrômica e normocítica e leucopenia · CD4 permanece acima de 350 · Pode durar anos · SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA: · Definida pela presença de infecções oportunistas e neoplasias · Entre as infecções oportunistas, destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus · As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens (CD4 < 200) · Também pode causas doenças por dano direto: miocardiopatia, nefropatia e neuropatias (demência, alterações cognitivas) · Placas de Peyer no intestino: local onde mais tem HIV no organismo do infectado – causa diarreia, emagrecimento (síndrome consumptiva) DIAGNÓSTICO · Testagem em todos os paciente sexualmente ativos, independente de sintomas ou queixas · Os testes laboratoriais atuais podem detectar os seguintes marcadores do HIV: RNA ou DNA pro-viral, proteína p24 e AC anti-HIV · Janela imunológica: período entre a infecção e o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas · Janela de soroconversão: período entre a infecção e o seu possível diagnóstico por meio de testes que detectam AC anti-HIV · Janela diagnóstica: o tempo decorrido entre a infecção e o aparecimento ou detecção de um marcador da infecção, seja ele RNA viral, DNA proviral, antígeno ou presença de anticorpos · Diagnóstico: depende se é na fase aguda ou na fase crônica · Fase aguda: testes de quarta geração, e se AC negativo, fazer teste molecular · Fase crônica: teste rápido · Teste de Western Blot: inclui 9 AC e diferencia em HIV 1 e 2. Utilizado quando há dúvidas com relação ao ELISA (se deu falso positivo). Não é mais obrigatório. Demora pra ficar pronto, mais ou menos 1 mês · Teste molecular: detectar o RNA viral ou detectar o vírus já modificado pela transcriptase. Utilizado quando não é possível ver AC, como infecção aguda, crianças > 1 ano, criança com mãe HIV+ · DIAGNÓSTICO: dois testes, 1 sangue e/ou 1 rápido (UBS, maternidade, PS) os testes tem 99% de coincidência se eu fiz um teste rápido e deu positivo, tenho que confirmar com um de sangue ou com outro teste rápido de outro fabricante e outro lote · Grávidas “normais”: protocolo de pré-natal teste rápido no 1º trimestre, no 2º e no 3º, porque elas se infectam no decorrer da gravidez TRATAMENTO · Terapia inicial deve incluir sempre 3 ARV: 2 ITRN + 1 IIN (ou 1 ITRNN ou 1 IPRO) · No brasil: Lamivudina (3TC) + Tenofovir (TDF) + Doludegravir (DGT) · Se a terceira droga for um ITRNN usa o Efavirenz · Se a terceira droga for um IPRO usa o Atazanavir ou Darunavir · Sempre associar com um inibidor do citocromo (Ritonavir 100mg/dia) · Atazanavir deixa o paciente muito ictérico · Darunavir é um medicamento muito potente, usado como medicamento de resgate · Casos especiais: · Gestantes, paciente com tuberculose e paciente psiquiátrico · Tuberculose: Lamivudina (3TC) + Tenofovir (TDF) + Raltegravir (RAL) ou Efavirenz (EFV) · Gestantes: Lamivudina (3TC) + Tenofovir (TDF) + Raltegravir (RAL) · Psiquiátricos: observar as interações pois depende do caso · ITRN: não deixam a fita de RNA viral chegar no núcleo · Zidovudina (AZT): mielotoxicidade e miosite · Lamivudina (3TC) · Tenofovir (TDF): pode fazer osteopenia e alterar a função renal · Abacavir (ABC): risco de alergia fatal · 3ª droga: aumenta a eficácia do tratamento e a redução da carga viral · IP: usados de 96-00, causavam muitas alterações metabólicas · ITRNN: usados a partir dos anos 00, causam tontura, alucinações, síndrome do pânico · IIN: a partir de 17, seguro, com pouca toxicidade e com eficácia igual a do Efavirenz · Comprimido combinado de Tenofovir + lamivudina · Comprimido combinado de Tenofovir + lamivudina + efavirenz DOENÇAS OPORTUNISTAS · Lembrando que CD4 < 350 já é definidor de AIDS Doenças respiratórias · Pneumocistose: · Caso clínico - paciente de 38 anos, trabalha na construção civil, não consegue mais trabalhar. Há 4 semanas tosse seca, seguida de dispneia progressiva há 3 semanas, acompanhada de emagrecimento, fraqueza e candidíase oral. Febre intermitente, que há 7 dias tornou-se diária.Ausculta sem alterações. Rx de tórax inicialmente normal, novo rx depois da piora com infiltrado difuso, bilateral, com lesões peri-hilares e em ápices · Causada por um fungo · Doença de evolução subaguda (em semanas) – morte em 1 mês · Paciente apresenta tosse seca ou com expectoração clara e sem pus · Diagnóstico é clínico: paciente jovem com quadro respiratório progressivo e inexplicado, pedir teste de HIV, se o teste der + já trata empírico pra pneumocistose · Bacterioscopia de escarro não serve para o diagnóstico – utiliza para afastar a hipótese de tuberculose · Na cultura de escarro são utilizadas colorações especiais, mas a sensibilidade é muito baixa – pode aumentar a sensibilidade com inalação de solução hipertônica · Biópsia brônquica pode ser feita em pacientes da UTI · Tratamento: a escolha do esquema depende da gravidade clínica · Pneumonia leve a moderada (pO2 > 70): · Pneumonia moderada a grave (pO2 < 70): significa mau prognóstico (associação de prednisolona) · Profilaxia: · Secundária – após o tratamento inicial até que o CD4 > 200: SMX-TMP na dose de 160-800mg três vezes por semana ou 80-400mg/dia, por pelo menos três meses · Primária – antes de o paciente desenvolver pneumocistose até o CD4 atingir 200 Sistêmicas · Entram pelo pulmão mas se disseminam pelo corpo inteiro – podem fazer sintomas respiratórios · CMV: vírus da família herpes · Permanece em estado latente após a infecção primária, e o risco de reativação se eleva quando CD4 < 100 · Os principais sítios de infecção são retina e aparelho digestivo, podendo ser acometidos também pulmões, fígado, vias biliares e SNC · Não tem resposta ao aciclovir, portanto tratamento com GANCICLOVIR EV (muito tóxico) · Retinite: uma das principais causas de cegueira em paciente com AIDS. Fundoscopia: coriorretinite por CMV Achado típico fundoscopia (pizza com queijo e ketchup) · Diagnóstico: PCR; obs: IgG estará + em 90% e IgM costuma estar ausente; ambos não são mutio bons para dx; biópsia se indicado · Profilaxia secundária até que os níveis de CD4 voltem a > 100 · Micobactérias atípicas (MAC) · Febre, hepatoesplenomegalia, leucopenia · Entre pelo pulmão, mas se dissemina atingindo medula óssea, baço e fígado · Diagnóstico: cultura para micobactérias · Histoplasmose · Causada por um fungo dimórfico com ergosterol · Pneumonia é a principal forma de apresentação · Febre, perda de peso, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, alterações pulmonares e lesões mucocutâneas numerosas · Exames de cultura de sangue, amostras respiratórias e outros tecidos, especialmente medula óssea, são o padrão-ouro para o diagnóstico da Histoplasmose · Difícil de diferencias das MAC · Tratamento: anfotericina ou azólicos Sistema nervoso central · Toxoplasmose · Manifestações clínicas de acordo com a topografia das lesões cerebrais e geralmente tem curso subagudo · Infecção latente, podendo ter reativação ocular (até mesmo em pessoas com CD4 normal) e reativação neurológica (somente em imunossuprimidos) · Fator de risco CD4 < 100 · Diagnóstico definitivo requer confirmação histopatológica · Na prática o diagnóstico se dá por manifestações clínicas e radiológicas compatíveis + melhora clínica e radiológica com tratamento antiparasitário · Tratamento empírico · A TC de crânio é o exame de imagem preferencial para o diagnóstico · Abscessos cerebrais por toxo: lesões múltiplas, principalmente periventricular e núcleos da base · Na TC: lesão única – diagnóstico diferencial com linfoma do SNC · Diagnóstico etiológico é ruim: IgG não adianta, PCR baixa sensibilidade e biópsia é muito difícil · Em função do edema: cefaleia, diária, febre, náuseas e vômitos, alterações psiquiátricas, crise convulsiva, déficits neurológicos focais · O prognóstico é bom, com chances de cura se o tratamento for precoce · Se atingir cerebelo ou ter tratamento tardio pode deixar sequelas · Tratamento: · Neuroccriptococose (meningite por cripto) · A criptococose é a causa mais frequente de meningite em pacientes HIV · CD4 < 100 · Fungo leveduriforme, que fica alojado nas fezes do pombo – meningite fúngica · Cápsula proteica antigênica que “entope” as cisternas do líquor, aumentando muito a pressão intracraniana · Manifestação de hipertensão intracraniana (HIC), pode haver vômitos, diplopia, confusão mental (confundidos com quadros psiquiátricos), coma e papiledema · Evolução subaguda · As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, febre, mal-estar geral, náuseas e/ou vômitos, e rebaixamento do nível de consciência · Diagnóstico: punção lombar · Tratamento: drenagem para a redução da pressão IC (a HIC é a principal causa de morte) + medicamento · Anfotericina B é a 1ª escolha, porém é muito tóxica · Fluconazol é a 2ª escolha, porém apenas se não tiver muito alto Trato gastrointestinal · Candidíase esofágica e orofaríngea · Comuns, geralmente em pacientes com CD4 < 200 · Candidíase orofaríngea: placas esbranquiçadas removíveis · Candidíase esofágica: dor retroesternal difusa, disfagia e/ou odinofagia, normalmente sem febre · Diagnóstico é clínico · CMV e herpes também causam úlceras, para fazer o diagnóstico diferencial PCR ou biópsia · Ganciclovir trata CMV e herpes · Tratamento: fluconazol · Intestino: o próprio HIV pode causar diarreia devido ao processo inflamatório crônico · CMV pode causar diarreia hemorrágica · Salmonela e E. coli · Protozoários: criptosporidium, isospora, microscopora SMX-TMP: profilaxia primária de pneumocistose, protozoários oportunistas e toxoplasmose Neoplasias associadas ao HIV · De modo geral pacientes HIV + tem risco aumentado para desenvolver câncer · Sarcoma de Karposi: tem como gatilho o vírus EB · Linfoma de SNC e de Burkit: EB também é gatilho · Linfoma não-hodking: HPV
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