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Aula 12 - Resinas Compostas

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Resinas Compostas
CONHECER AS PROPRIEDADES, AS CARACTERÍSTICAS, AS INDICAÇÕES E A MANIPULAÇÃO DOS
PRINCIPAIS POLÍMEROS UTILIZADOS PELO CIRURGIÃO-DENTISTA. NESTE TÓPICO, ESPECIALMENTE AS
RESINAS COMPOSTAS.
AUTOR(A): PROF. PAULO SERGIO LOPES DOS PRAZERES
AUTOR(A): PROF. ANDRE GUARACI DE VITO DE MORAES
 
As resinas compostas, também chamadas de compósitos, apresentam três componentes fundamentais: uma
porção orgânica formada por uma matriz resinosa caracterizada por um conjunto de monômeros, tais como
o Bis-GMA (bisfenol A glicidil dimetacrilato), o TEGDMA (trietileno glicol dimetacrilato), o UDMA (uretano
dimetacrilato) e o Bis-EMA (bisfenol A dimetacrilato etoxilado). Estes monômeros são usados em
substituição ao metil metacrilato (MMA) com o objetivo de aumentar o peso molecular dos componentes da
matriz resinosa obtendo uma massa mais modelável e, principalmente, uma menor contração durante a
polimerização. Há ainda uma porção inorgânica constituída por partículas de carga (quartzo, sílica coloidal
e vidros) e, por fim, um agente de união, o silano, capaz de unir quimicamente as partículas de carga à
matriz resinosa.
Além desses componentes, as resinas possuem um sistema iniciador, responsável por desencadear a reação
de polimerização, alguns estabilizadores e inibidores da polimerização que quando presentes aumentam o
tempo de armazenamento e a estabilidade química do produto nas prateleiras, evitando a polimerização
espontânea e acidental do material. Possuem ainda pigmentos e opacificadores que fornecem as cores do
material.
Diferentemente das resinas acrílicas, as resinas compostas, em geral, têm sua reação de polimerização
ativada por uma luz com o comprimento de onda específico do azul. A luz reage com o iniciador da reação
de polimerização que é a canforoquinona. Portanto, as resinas compostas devem ser fotoativadas para que
tomem presa.
Uma conseqüência natural do processo de fotoativação das resinas compostas, assim como ocorre com os
demais polímeros é a contração de polimerização. À medida em que os monômeros se unem formando
ligações químicas, eles passam a ocupar um volume menor do que aquele ocupado antes da polimerização.
A contração de polimerização é um empecilho ao bom comportamento das resinas compostas inseridas nas
cavidades dentais. Isso acontece porque ao inserirmos grandes porções de resina confinada em uma
cavidade e a polimerizarmos, a resina tende a se contrair em direção ao centro da massa e se descola das
paredes cavitárias.
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Se de fato a resina contraída se descolar das paredes da cavidade, uma fenda entre o material restaurador e
o dente pode-se abrir levando ao surgimento da microinfiltração e, conseqüentemente, da cárie secundária,
sensibilidade pós-operatória, fratura da restauração ou das paredes do órgão dental.
Uma estratégia utilizada pelo fabricante de resina para minimizar os problemas da contração de
polimerização é acrescentar grande quantidade de carga na composição do material. Quanto maior o
conteúdo de carga, menor o de matriz resinosa e, conseqüentemente, menor é a contração de
polimerização. Outra alternativa diz respeito à incorporação de monômeros de alto peso molecular na
composição da matriz resinosa. Esses monômeros de alto peso tendem a contrair menos à medida que
sofrem a polimerização.
No entanto, não são apenas os fabricantes das resinas compostas que podem lançar mão de estratégias para
minimizar os efeitos da contração de polimerização. O cirurgião-dentista pode e deve utilizar a técnica
mais adequada para a confecção de uma restauração em resina composta.
Manipulação: a técnica preconizada para a confecção de restaurações em resina é a técnica incremental
oblíqua. Nesta técnica, o dentista deve acrescentar pequenos volumes de resina composta dentro da
cavidade e de maneira inclinada ou oblíqua, fazendo com que a porção de resina inserida tenha contato
com o menor número possível de paredes cavitárias. O dentista deve fotopolimerizar cada uma das porções
que vai acrescentando. Colocando um incremento de no máximo 2mm de espessura, o dentista terá a
certeza que proporcionalmente menor será a contração e que a luz conseguirá atravessar toda a espessura
do incremento. O fato de ser oblíqua garante que a medida que a polimerização aconteça a resina não se
descole das paredes da cavidade, pois neste caso contrairá fazendo contato com um número reduzido de
paredes, o que faz com que a resina contraia não mais no sentindo de se soltar das paredes.
 
Legenda: TéCNICA INCREMENTAL OBLíQUA
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Desde a descoberta do monômero BIS-GMA na década de 1960, as resinas compostas passaram por um
processo de evolução bastante importante e, desta forma, tiveram seu comportamento mecânico e estético
melhorado ao longo dos anos.
É importante esclarecer que toda a evolução sofrida por esse material baseou-se nas modificações
introduzidas pela indústria nas partículas de carga, ou seja na porção inorgânica da resina. A matriz
resinosa esteve todo este tempo pautada na presença de monômeros da família dos metacrilatos. Apenas
nos últimos anos é que foi possível notar modificações na matriz resinosa. Trataremos deste assunto mais
adiante.
Classificação Resinas Compostas
Para que você possa compreender melhor a evolução das resinas compostas, vamos classificá-las de acordo
com os tipos de partículas de carga utilizadas nos materiais que surgiram ao longo do tempo.
As primeiras resinas compostas que surgiram na odontologia foram chamadas de
resinas macroparticuladas  (início dos anos 1970). Essas resinas eram quimicamente ativadas e possuíam
como partículas de carga o quartzo com tamanho médio de 20 µm. O quartzo é um mineral de alta dureza o
que tornava esta resina difícil de polir, embora tivesse bom comportamento mecânico. Por este motivo, as
resinas macroparticuladas usadas em dentes anteriores apresentavam grande rugosidade superficial que
favorecia o manchamento da restauração. Além disso, as partículas de quartzo eram radiolúcidas
dificultando o diagnóstico de cárie secundária sob a restauração.
Em seguida, surgiram as resinas  microparticuladas  (fim dos anos 1970). Essas resinas tinham como
partículas de carga a sílica coloidal com tamanhos muito menores que os de quartzo (0,04 a 0,4 µm). A
sílica é uma partícula de baixa dureza permitindo uma melhora significativa no polimento. No entanto,
necessitam de grande quantidade de matriz resinosa quando são incorporadas à resina. Por este motivo, as
resinas microparticuladas apresentam teoricamente maior contração de polimerização e baixas
propriedades mecânicas. Atualmente são indicadas apenas para a confecção de uma camada superficial da
restauração, fazendo-a ganhar bom polimento.
As resinas sofreram nova modificação (fim dos anos 1980 e começo dos 1990) e passaram a apresentar como
partículas de carga principalmente os vidros de metais pesados (Ba, Li, Zr) com tamanho médio de partícula
em torno de 2 a 4 µm e com características radiopacas. Essas resinas foram classificadas como resinas
de partículas pequenas. Neste compósito foi possível incorporar grande quantidade de carga, melhorando
as propriedades mecânicas do material. Indicada, especialmente, para dentes posteriores.
Nessa mesma época, ou seja, final da década de 80 e começo da de 90, surgiram as resinas híbridas e micro-
híbridas. As resinas híbridas receberam este nome por apresentarem dois tipos diferentes de partículas de
carga: sílica coloidal, com 0,04µm em média, e vidros, com 1 a 5 µm de tamanho. Com a diminuição do
tamanho das partículas de vidro para 0,6 a 1µm, na década de 90, foram introduzidos os chamados
compósitos micro-híbridos. Estas categorias representam atualmente o maior contingentede marcas
comerciais e são consideradas de uso universal, ou seja, podem ser utilizadas para restaurações de dentes
anteriores e posteriores. Vale ressaltar que a combinação de dois tipos diferentes de partículas com
tamanhos variados permitiu ao fabricante aumentar a quantidade de carga presente na resina e, assim,
melhorar a resistência mecânica, diminuir a contração de polimerização e a sorção de água. As partículas
presentes nesta resina permitem alcançar um bom polimento.
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Já nos anos 2000, surgiram as resinas com nanotecnologia, ou seja, as resinas chamadas
de  nanoparticuladas ou nano-híbridas. Foi possível desenvolver nanopartículas de sílica e zircônia com
tamanhos entre 4 e 20nm. Através da formação de nanoaglomerados com 0,6 a 20 µm, formados pelo
agrupamento das partículas de sílica e zircônia com auxílio de um agente de união, essas resinas
apresentam alto percentual de carga e semelhante ao dos compósitos micro-híbridos. Assim, esses
compósitos somam as vantagens do ótimo polimento dos compósitos microparticulados com as boas
propriedades mecânicas dos micro-híbridos, sendo de uso universal.
Ressaltamos ainda que devemos diferenciar a classificação de algumas marcas comerciais que possuem,
além das nanopartículas, partículas de vidro e de sílica coloidal. Portanto, como possuem diferentes tipos
de partículas de carga com a presença de nanotecnologia, estas resinas foram denominadas de  nano-
híbridas e não nanoparticuladas, por não apresentarem somente nanopartículas.
Seguindo na contra mão dos recursos utilizados até o surgimento das resinas com nanotecnologia. Nos
últimos anos, os fabricantes resolveram alterar a formulação da matriz resinosa pela primeira vez desde que
o BIS-GMA foi criado na década de 1960. Essa alteração buscou novamente a minimização dos efeitos da
contração de polimerização que é o maior problema das resinas compostas.
A indústria desenvolveu uma matriz resinosa com monômeros pertencentes à família dos siloranos
substituindo a dos metacrilatos. Essas resinas são chamadas de resinas de “baixa contração”, pois as cadeias
monoméricas são formadas por moléculas distribuídas espacialmente sob a forma de anéis que ao se
ligarem, durante a polimerização, abrem a cadeia circular compensando a contração de polimerização.
Necessitam de um sistema adesivo específico, justamente por possuírem outra categoria de monômeros.
São indicadas apenas para dentes posteriores e possuem poucas opções de cores.
 
Legenda: CONTRAçãO DE POLIMERIZAçãO - SILORANOS
Devido ao fato de que resinas desenvolvidas com monômeros siloranos não podem ser misturadas com as
resinas convencionais (que utilizam monômeros metacrilatos), resinas de baixa contração, mas agora
pertencentes novamente à família dos metacrilatos surgiram com o mesmo objetivo de diminuir a
contração de polimerização ou as tensões geradas nas paredes cavitárias em consequência da contração.
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Algumas delas são resinas fluidas indicadas para o preenchimento da cavidade em incremento único (bulk
fill) e formadas por monômeros metacrilatos conjugados com moduladores da polimerização. Esses
moduladores diminuem a velocidade da reação de polimerização permitindo a acomodação dos monômeros
que se ligam para formar o polímero. Essa acomodação dos monômeros diminuiria a contração de
polimerização, pois neste instante em que se acomodam, os monômeros se espalham ocupando mais espaço
do que ocupariam em uma reação convencional de polimerização, minimizando a contração.
Outras são resinas com alta viscosidade (resinas em massa), mas também consideradas resinas de  “baixa
contração”. Apesar de utilizarem monômeros metacrilatos e com alto conteúdo de carga, os fabricantes
mudaram a matriz resinosa fazendo-a constituída por novos monômeros com características especiais
capazes de minimizar a contração de polimerização. A tecnologia empregada para a fabricação dessas novas
moléculas ainda não é totalmente conhecida, mas sabe-se que alguns desses monômeros utilizam-se de
núcleos rígidos na cadeia molecular que minimizam a contração de polimerização ou ainda moléculas
aliviadoras da tensão gerada nas paredes cavitárias durante a contração. São monômeros bem pouco
convencionais como por exemplo: o dimetacrilato derivado do dímero ácido ou o DX511.
Indicações:  as resinas compostas de maneira geral são indicadas para a confecção de restaurações diretas
ou indiretas em dentes anteriores ou posteriores.
ATIVIDADE FINAL
Em relação às resinas compostas responda a alternativa correta:
A. A técnica de inserção por incrementos consiste em aplicar o material
em pequenas camadas e polimerizar cada uma delas, entretanto, ela é
falha, pois o somatório das polimerizações acaba produzindo uma
contração maior.
B. A fotoativação das resinas compostas é produzida por um aparelho que
emite uma luz azul. Esta luz ativa o iniciador da reação, o peróxido de
benzoíla, que por sua vez inicia a polimerização. ?
C. A quantidade de carga, seu tipo e sua distribuição nas resinas
compostas é atualmente a melhor forma de se classificar esse material,
embora isso não influencie muito nas propriedades da resina. ?
D. As resinas compostas de uso universal (dentes anteriores e
posteriores) são resinas que tem maior distribuição no tamanho das
cargas. São elas: microhíbridas, nanohíbridas e nanoparticuladas. ?
REFERÊNCIA
Anusavice, K J; Shen, C; Rawls, H R. Philips Materiais Dentários, 12. Ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2013
Craig, R G; Sakagushi, R L; Powers, J M. Craig Materiais Dentários Restauradores, 13. ed. – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012
Katchburian E, Arana V. Histologia e Embriologia Oral, 3. ed. - Rio de Janeiro - Guanabara Koogan, 2012
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Van Noort, R. Introdução aos Materiais Dentários, 3. Ed. – Rio de Janeiro – Elsevier, 2010
Nakabayashi, N; Pashley, D H. Hibridização dos Tecidos Dentais Duros, 1. Ed. – São Paulo - Quintessence,
2000
Baratieri, L N; Chain, M. Restaurações estéticas com Resina Composta em Dentes Posteriores, 1. Ed. – São
Paulo, Artes Médicas, 1998
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