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FINANÇAS E GESTÃO 
TRIBUTÁRIA
Autor: Nelson Chalfun Homsy
Dados Pessoais
Nome: _________________________________________________________
Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: __________________
Endereço: _____________________________________________________
Cidade: _____________________________________ UF: _______________
CEP: ________________ Telefone: _________________________________
E-mail: ________________________________________________________
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI 
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro 
Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 
INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-
9090 - www.uniasselvipos.com.br
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Dr. Malcon Anderson Tafner
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald
 Prof.ª Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Heraldo da Costa Reis
Revisão Gramatical: Marli Helena Faust
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
658.15
C436f Chalfun Homsy, Nelson
Finanças e gestão tributária / Nelson Chalfun Homsy. In-
daial : Uniasselvi, 2011.
133 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-507-9
1. Administração – Finanças.
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Copyright © UNIASSELVI 2011
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, 
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência 
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz 
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de 
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. 
A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos 
servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar 
condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de 
controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. 
Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este 
modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, 
da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos 
adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do 
IBAM com a UNIASSELVI. 
Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais 
que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação 
para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais 
do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação 
da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo 
desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes 
universitários.
A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, 
aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para 
o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para 
enriquecer o cenário que se quer alcançar. 
O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada 
de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; 
e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a 
articular-se com ele como cidadãos.
Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto 
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância
Grupo UNIASSELVI
Nelson Chalfun Homsy
É economista, professor e pesquisador 
com experiência em postos executivos nas áreas 
de economia regional, planejamento, orçamento, 
contabilidade e fi nanças privadas e públicas. É 
professor das disciplinas de Economia do Setor Público 
e Matemática Financeira do Instituto de Economia da 
UFRJ. Possui experiência como consultor nas áreas 
de desenvolvimento institucional, organização e gestão 
e arquitetura organizacional em estados e municípios, 
subsídios habitacionais, Lei de Responsabilidade Fiscal-
LRF, endividamento Público Municipal, política tributária 
e fi scal; mapeamento institucional de serviços públicos, 
planos diretores locais, capacitação em desenvolvimento 
local integrado, estudos de viabilidade econômico-fi nanceira 
e business plan, incentivos fi scais na área da Cultura, 
Ciência e Tecnologia, e estratégias para o fi nanciamento 
urbano, dentre outros temas. Sua formação acadêmica 
inclui Curso de Doutorado em Planejamento Urbano e 
Regional, Universidade da Pensilvânia, EUA - 1985 - 
1987. Curso de Mestrado em Planejamento Urbano e 
Regional na Universidade da Califórnia, Los Angeles, 
EUA. - 1976 – 1978. Curso de Pós-Graduação 
em Planejamento Econômico no IPEA/CENDEC 
Rio – 1970 e Curso de Graduação em Ciências 
Econômicas pela FEA/UFRJ - 1966 a 1969.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Sistema Tributário Nacional ..................................................9
CAPÍTULO 2
A Divisão Tributária ...............................................................29
CAPÍTULO 3
Competências da União, dos Estados, dos Municípios e
do Distrito Federal. Os Tributos Federais,
os Tributos Estaduais e os Tributos Municipais ...............49
CAPÍTULO 4
Receitas Públicas ..................................................................61
CAPÍTULO 5
Tributos Municipais ...............................................................79
CAPÍTULO 6
Gestão Tributária e Cadastro .............................................97
CAPÍTULO 7
Receitas Próprias e Receitas Compartilhadas ...............115
APRESENTAÇÃO
Caro(a) pós-graduando(a):
Em 1755, Jean-Jacques Rousseau, filósofo dedicado à reflexão sobre a 
liberdade, a cidadania e a democracia, escreveu o clássico “Discurso sobre a 
Economia Política”. Em uma das passagens do texto, o autor faz uma comparação 
entre o funcionamento da estrutura da organização política da sociedade com o 
funcionamento da estrutura do corpo humano, conforme o excerto a seguir.
O corpo político, tomado individualmente, pode ser considerado 
como semelhante ao de uma pessoa humana, um corpo organizado 
e vivo; 
O poder soberano representa a cabeça; as leis e os costumes 
são o cérebro; de onde se originam os nervos e onde se localiza a 
núcleo da compreensão, da vontade, e dos sentidos, cujos órgãos 
são representados pelos juízes e os magistrados; 
O comércio, a indústria e a agricultura são a boca e o estômago 
que preparam a subsistência comum; 
As finanças públicas são o sangue de uma sábia economia que 
desempenha as funções do coração, e cuida de distribuir o alimento 
e a vida por todo o corpo; 
Os cidadãos são o corpo e os membros que fazem mover, viver 
e trabalhar a máquina, e nenhuma parte dessa máquina pode ser 
danificada sem que esta sensação dolorosa seja, imediatamente, 
informada ao cérebro, admitindo-se que o animal seja sadio”.
Fonte: Extraído e adaptado de: Jean-Jacques Rousseau. 
Discours sur l’économie politique (1755) p. 9 (T.A.)
A comparação feita por Rousseau há mais de 250 anos, quando os Estados 
Nacionais modernos começavam a se formar, é bastante atual e oportuna, pois, 
quanto maior o avanço observado no estreitamento das relações entre governo 
e sociedade, maiores são as demandas por mais e melhores serviçospúblicos e 
por maiores níveis de participação e controle social da tributação, do gast, e dos 
resultados da ação pública.
Esse quadro de problemas implica o conhecimento profundo dos processos 
de gestão do gasto público e dos tributos, os “sistemas venoso e arterial”, aos 
quais Rousseau, provavelmente, queria se referir, quando denominou as Finanças 
Públicas de “sangue” que corre nas veias e artérias dos corpos do governo e da 
sociedade.
O objetivo da disciplina Finanças e Gestão Tributária Municipal é 
compreender o funcionamento do sistema tributário brasileiro no ambiente 
federativo, destacando as questões que dizem respeito aos municípios.
Para tanto, o primeiro Capítulo trata dos processos de natureza econômica 
referentes à imposição de tributos. No segundo Capítulo serão analisadas as 
diferenças conceituais e práticas entre as modalidades de tributos. O assunto 
referente à competência do poder de tributar de cada ente federativo é o tema 
do terceiro Capítulo, no qual os tributos serão também abordados segundo as 
modalidades e características e as formas pelas quais o produto arrecadado 
é partilhado pelos entes da federação. No quarto Capítulo serão estudados os 
assuntos referentes à estrutura de classificação, à destinação e ao registro das 
Receitas Públicas, enquanto que no quinto Capítulo será analisada a estrutura 
tributária municipal, partindo-se da Constituição Federal, passando pelas normas 
gerais e, finalmente, chegando às normas tributárias específicas. As modalidades 
de gestão, a estrutura da unidade gestora, os critérios de avaliação aplicáveis à 
gestão tributária e os cadastros municipais são assuntos a serem apresentados 
e discutidos no sexto Capítulo. No sétimo e último capítulo serão estudadas as 
modalidades e critérios de partilha das receitas no sistema federalista brasileiro.
Os textos apresentados incluem uma quantidade razoável de referências 
a Leis, Decretos e outros atos normativos, além da indicação de endereços 
eletrônicos nos quais você poderá consultar assuntos direta e indiretamente 
associados aos temas expostos ao longo dos Capítulos.
Bom trabalho! Bons estudos! 
.
CAPÍTULO 1
Sistema Tributário Nacional
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender os processos de natureza econômica, referentes à imposição de 
tributos e ao endividamento público.
� Avaliar as políticas tributária e fiscal sob a abordagem da eficiência e da 
equidade, tendo em vista a estrutura das relações econômicas e financeiras 
entre o governo central, os estados e os municípios.
10
 FinanÇas e Gestão tributária
11
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
ConteXtualiZaÇão
A cobrança do tributo, contribuição compulsória para fazer face às despesas 
de caráter coletivo das sociedades, remonta ao início da civilização. A instituição 
do dízimo, um mandamento bíblico ordenado por lei (Leis sobre dízimos, no Livro 
de Levítico) aos “fi lhos de Israel”, para que cumprissem o pagamento de 10% 
sobre toda produção da terra e toda criação de animais, é um exemplo clássico de 
tal contribuição.
Nos Estados Nacionais Modernos, as estruturas de funcionamento dos 
poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são sustentadas pela contribuição do 
valor correspondente a uma parcela da produção de bens e serviços gerados pela 
sociedade.
Em paralelo às atribuições de gestão e controle, o Estado desempenha a 
função de induzir e planejar o desenvolvimento econômico, executando parcial 
ou integralmente os investimentos em infraestrutura física e social de caráter 
coletivo, especialmente em relação aos projetos que demandam grande volume 
de recursos, longo prazo de recuperação e taxa de retorno comparativamente 
inferior à das atividades privadas.
O crescente comprometimento da arrecadação de tributos com o custeio 
das atividades de gestão requer a obtenção adicional de recursos por meio do 
endividamento público.
Esses são os assuntos a serem tratados no presente capítulo. Serão 
destacadas a importância da tributação e a forma pela qual o Estado intervém no 
processo do desenvolvimento econômico. Será também apresentado o histórico 
da tributação no Brasil.
A IntervenÇão do Estado na Economia
A ação de tributar se associa de forma direta à ideia de intervenção do 
Estado. Mas, por que existem os tributos e por que são devidos ao Estado? 
Para responder a essas perguntas devemos entender por que e como o 
Estado intervém na economia.
Antes, porém, vamos apresentar a defi nição de Tributo. 
12
 FinanÇas e Gestão tributária
Do ponto de vista jurídico, o termo tributo representa toda 
prestação pecuniária compulsória instituída por lei e cobrada 
mediante atividade administrativa vinculada, que não constitua 
sanção de ato ilícito - Código Tributário Nacional (CTN), art. 3o.
O sistema tributário nacional compõe-se de tributos, que, de 
acordo com a Constituição Federal (CF), compreendem os impostos, 
as taxas e as contribuições de melhoria (CF, art. 145).
Por Que o Estado IntervÉm na Economia
De maneira sintética, cabe ao Estado oferecer as condições para o 
desenvolvimento econômico com justiça social. Para o fi el cumprimento desta 
obrigação o Estado deve elaborar e executar políticas capazes de:
• oferecer aos cidadãos e às empresas os meios para que eles possam 
contribuir de maneira plena para o crescimento econômico;
• garantir à sociedade a justa repartição dos frutos desse crescimento, com 
distribuição da renda, geração de emprego e provisão dos serviços sociais.
O termo provisão signifi ca a responsabilidade (do Estado) pela 
existência da oferta do bem ou do serviço. 
A produção do bem ou do serviço pode ser estatal ou privada.
Observe a situação:
Até meados da década de 1990, os serviços de telefonia apresentavam 
provisão e produção pelo Estado. Atualmente, apenas a responsabilidade pela 
provisão é estatal (ANATEL), enquanto que a produção do serviço é privada.
A intervenção do Estado é justifi cada pela incapacidade do mecanismo de 
mercado, por si só, de promover o desenvolvimento econômico, isto é, alocar 
e distribuir de forma efi ciente e justa os recursos destinados à oferta de bens e 
serviços à população.
13
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
Essa intervenção do Estado ocorre por meio das políticas econômicas do 
governo, assunto a ser tratado adiante.
O termo mercado signifi ca o ambiente onde ocorrem a alocação, 
a distribuição e o consumo de bens e serviços.
O mecanismo de mercado não atende de maneira apropriada aos objetivos 
do desenvolvimento econômico, pois é incapaz de, por si só, solucionar os 
seguintes problemas:
a) Distribuição de Renda
A existência do mercado não garante que todos disponham de recursos 
para, por exemplo, alimentar-se, vestir, morar, etc. Muitas pessoas não 
possuem o talento ou a habilidade, nem herdaram fortunas que lhes permitam 
uma vida digna. Outros são muito jovens, ou muito velhos, ou incapacitados 
para trabalhar. Muitas pessoas são incapazes de se sustentar sem que 
haja alguma forma de redistribuição de renda, realizada através da ação 
governamental.
b) Externalidades
Externalidades são efeitos (positivos e negativos) que afetam 
a sociedade como um todo, mas que decorrem de ações tomadas 
por uma pessoa, de forma isolada, por um grupo de pessoas ou 
empresas, ou pelo próprio Estado.
Veja os exemplos. 
Externalidade positiva: A vacinação pública tem a capacidade de proteger 
as pessoas que tomam a vacina e aquelas que não a tomam, em razão da 
diminuição do risco de contágio. 
Externalidade negativa: A emissão de fumaça carregada de partículas em 
suspensão expelida pelas chaminés de uma fábrica.
14
 FinanÇase Gestão tributária
Muitas vezes a sociedade “paga um preço” em troca de uma vantagem 
coletiva, como no caso de uma indústria que emprega muitos trabalhadores, 
mas que utiliza tecnologia ultrapassada, altamente poluidora do ar atmosférico. 
Nesse caso, o mecanismo de mercado também não funciona, tendo em vista a 
impossibilidade de se estimar o preço que a sociedade paga pela externalidade – 
poluição do ar atmosférico. 
c) Monopólios Naturais
Monopólio é a situação na qual uma fi rma detém quase ou 
integralmente a totalidade do mercado. 
O Monopólio Natural ocorre de forma mais explícita em 
determinados serviços de utilidade pública, tais como: distribuição 
de Energia Elétrica, Gás Canalizado e Saneamento. Essas 
atividades dependem de alto volume de investimento em ativo fi xo 
(equipamentos e instalações) e também apresentam longo prazo 
para recuperação do investimento. As tarifas são fi xadas pelo 
Governo, responsável pela provisão do serviço, e garantem uma 
rentabilidade mínima ao concessionário. 
A exploração dos Serviços de Utilidade Pública pela iniciativa privada não se 
confunde com a execução de atividades típicas de um mercado competitivo, pois 
no mecanismo mercado competitivo os preços não são administrados, variando 
em função da interação da oferta e da procura.
d) Flutuações Econômicas
O governo dispõe de uma estrutura de serviços básicos necessária para 
assegurar o funcionamento do mercado, garantindo a propriedade e regulando 
os contratos. O governo desempenha, também, um importante papel ao buscar 
garantir a estabilidade do nível de emprego, instituindo, por exemplo, condições 
especiais de empréstimos para a realização de projetos capazes de absorver 
grandes quantidades de trabalhadores, mesmo que tais projetos sejam menos 
efi cientes do que outros. O governo possui também a autonomia para alterar as 
taxas de juros e de câmbio.
15
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
e) Bens Públicos ou Bens de Consumo Coletivo
O termo bem público se refere a um determinado grupo de bens e serviços 
que são consumidos de maneira coletiva. Um exemplo é a Defesa Nacional. O 
controle do espaço aéreo, a vigilância das nossas fronteiras e da nossa costa são 
serviços que consumimos coletivamente e de maneira quase involuntária. Todos 
os 190 milhões de brasileiros recebem a “mesma quantidade de Defesa Nacional”.
Diferentemente da vacinação pública, situação em que nem todos são 
vacinados, mas a probabilidade de todos contraírem a doença diminui, no caso da 
Defesa Nacional todos recebem o serviço; não há exclusão, tornando-o um “bem 
público puro”.
O termo “bem público” sugere, a princípio, a ideia da 
“propriedade pública do bem”, quando na realidade o seu caráter 
“público” se associa ao seu uso coletivo, daí a denominação 
alternativa “bem de consumo coletivo”. Uma frota de ônibus urbanos, 
por exemplo, pode ser de propriedade privada, mas o serviço 
concedido é “transporte coletivo”, um bem público.
Como o Estado IntervÉm na Economia
Como vimos, o Estado elabora e executa políticas voltadas para o 
crescimento econômico e para a garantia da justa repartição dos frutos desse 
desenvolvimento em razão da incapacidade do sistema de mercado em atender 
plenamente aos objetivos (garantir o desenvolvimento econômico e repartir, de 
forma justa, os benefícios resultantes desse desenvolvimento).
A execução dessas políticas está associada às três funções clássicas 
específi cas do Estado: 
• Função Alocativa: pela qual é complementado ou regulado o fornecimento 
de bens e serviços privados não oferecidos adequadamente pelo sistema 
de mercado, além dos já citados bens públicos. Exemplo: O instrumento 
representativo dessa função é o orçamento. 
• Função Distributiva: pela qual, através da tributação, o governo retira 
recursos de determinados setores econômicos e de segmentos da sociedade 
16
 FinanÇas e Gestão tributária
e os transfere para outros, visando à maior efi ciência e equidade na 
distribuição das rendas do trabalho e do capital Exemplo: Além do orçamento, 
outro instrumento representativo é a tributação.
• Função Estabilizadora: pela qual o governo interfere com o objetivo de 
reduzir os efeitos das bruscas e consideráveis oscilações que ocorrem na 
economia, em especial nos níveis dos preços e do emprego. Exemplo: Além 
do orçamento e da tributação, o Estado executa essa função por meio dos 
instrumentos de gestão de crédito e monetária, e gestão cambial. 
As funções alocativa e distributiva procuram corrigir as falhas de mercado 
que afetam de maneira negativa determinados setores produtivos, parcelas 
específi cas da população e determinadas regiões ou locais que apresentam 
insufi ciência de recursos em relação às suas necessidades. 
A função estabilizadora enfoca todos os segmentos da população, todo o 
território e todos os setores produtivos como um grande bloco agregado, sem 
levar em consideração as especifi cidades das pessoas, das empresas e das 
regiões ou dos locais.
As Políticas Fiscal, Tributária, de 
CrÉdito e Monetária e Cambial
As Políticas Fiscal, Tributária, de Crédito e Monetária, e Cambial, 
executadas em conjunto e de forma articulada, constituem a Política Econômica 
do Governo.
a) A Política Fiscal
A política fi scal representa o conjunto de instrumentos destinados à execução 
do gasto público, cujo principal objetivo é reduzir as disparidades de renda e 
de oportunidades entre pessoas, setores econômicos e regiões e de prover a 
demanda de bens públicos pela sociedade.
Principais Instrumentos da Política Fiscal (tema que será 
desenvolvido pela Disciplina Planejamento Governamental e 
Controle): 
Política Fiscal 
trata do gasto 
do setor público 
nos três níveis de 
governo.
17
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
• Plano Plurianual de Aplicações (PPA)
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e 
• Lei Orçamentária Anual (LOA)
A política fi scal também compõe o elenco de instrumentos de que o governo 
se utiliza para a execução da função estabilizadora, com o objetivo de reduzir as 
fl utuações bruscas e intensas dos níveis de preços e do emprego.
b) A Política Tributária
A política tributária engloba o conjunto de ações cujo principal 
objetivo é reduzir os desequilíbrios de renda entre pessoas, 
setores econômicos e regiões e arrecadar recursos destinados ao 
fi nanciamento do gasto público (funções alocativa e distributiva).
Leva em consideração as características clássicas de neutralidade, equidade, 
simplicidade, fl exibilidade, produtividade e responsabilidade política.
A política tributária também compõe o elenco de instrumentos de que o 
governo se utiliza para a execução da função estabilizadora, situação em que 
busca reduzir as fl utuações bruscas e intensas dos níveis de preços e do emprego.
c) A Política de Crédito e Monetária
Enfatiza sua atuação sobre os meios de pagamento, títulos 
públicos e taxas de juros, modifi cando o custo e o nível de oferta de 
crédito. Esta política é executada pelo Banco Central, que possui 
poderes e competência próprios para controlar a quantidade de 
moeda na economia. 
d) A Política Cambial
Baseada na administração da taxa de câmbio, promove 
alterações das cotações cambiais – de competência do Ministério da 
Fazenda - e o controle das transações internacionais do país.
O grande desafi o do Estado é executar essas políticas de 
maneira articulada, pois enquanto a Política Fiscal e a Política 
Tributária apresentam competência dividida entre as três esferas de governo, a 
Política Tributária 
trata da tributação 
nos três níveis de 
governo.
Política de Crédito 
e Monetária atua 
sobre os meios de 
pagamento, títulos 
públicos e taxas de 
juros, modifi cando 
o custo e o nível de 
oferta decrédito.
Política Cambial 
administra a taxa de 
câmbio e controla 
as transações 
internacionais do 
país.
18
 FinanÇas e Gestão tributária
Política de Crédito e Monetária e a Política Cambial são de competência exclusiva 
do Governo Federal. 
Além disso, as Políticas de Crédito e Monetária e a Política Cambial 
apresentam características peculiares, tais como: 
• competência exclusiva do governo federal;
• abrangência nacional - a taxa de juros básica e a taxa de câmbio ofi cial se 
aplicam em todo o território; 
• decisões de alteração nas taxas de juros e de câmbio - ocorrem no âmbito 
da área econômica do executivo federal, sem qualquer interferência formal de 
outros setores do executivo e do legislativo; 
• imediata entrada em vigor; 
• efeitos da variação das taxas de câmbio e de juros são imediatos e se 
propagam por todos os setores da economia - em função da abrangência 
nacional e da intensidade da propagação dos efeitos da sua aplicação, os 
resultados – positivos ou negativos – são de grande magnitude.
Atividade de Estudos: 
Diferentemente dos bens privados, alguns bens e serviços 
que não obedecem às regras de mercado têm a sua oferta sob a 
responsabilidade dos governos locais, estaduais e federal. São 
os chamados bens públicos ou bens de consumo coletivo. Ao 
desempenhar as suas funções alocativa e distributiva de maneira 
efi ciente e equitativa, os governos estão propiciando o acesso dos 
mais pobres aos serviços de educação, saúde, segurança, etc. 
Para tanto é fundamental que eles executem as políticas tributária 
(arrecadação de recursos) e fi scal (gasto dos recursos) de forma 
articulada com as políticas de crédito e monetária e cambial. Ocorre 
que as duas últimas políticas estão a cargo somente do governo 
federal. 
O que o poder público local deve fazer, reconhecendo-se essa 
limitação, no sentido de fortalecer a sua capacidade própria em 
termos econômicos e institucionais?
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19
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
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ObJetivos do Sistema Tributário
 
Com base no que foi apresentado na Seção A intervenção do estado na 
economia, podemos afi rmar que os três objetivos básicos de um sistema tributário 
são:
a) Gerar recursos para fi nanciar a provisão de bens e serviços públicos 
Para produzir os serviços ofertados à população (ensino 
fundamental e médio; saúde e assistência social, dentre as funções 
mais evidentes) incorre-se no pagamento de salários e encargos 
de mestres, médicos e enfermeiros e assistentes sociais, além dos 
materiais por eles utilizados (giz, gaze etc.). 
Além desses gastos, há a necessidade de recursos para 
investimento na construção e aquisição de equipamentos e instalações. 
Geralmente tais investimentos são executados com recursos obtidos 
por meio de empréstimos. O gasto público não se resume, portanto, 
ao pagamento de despesas de custeio e de investimentos em obras e 
equipamentos, mas inclui também o pagamento de juros e amortizações 
de recursos obtidos por meio de empréstimos.
O gasto público não 
se resume, portanto, 
ao pagamento de 
despesas de custeio 
e de investimentos 
em obras e 
equipamentos, mas 
inclui também o 
pagamento de juros 
e amortizações de 
recursos obtidos 
por meio de 
empréstimos.
20
 FinanÇas e Gestão tributária
b) Promover a distribuição de renda entre pessoas, setores econômicos
 e regiões 
A cobrança de tributos produz efeitos diferenciados sobre pessoas, setores e 
áreas geográfi cas. Considere alguns efeitos decorrentes da redução da tributação 
sobre o consumo de determinadas mercadorias (cesta básica, por exemplo) ou 
serviços:
• Os preços relativos das mercadorias e dos serviços se alteram, pois o tributo 
é um “sobrepreço”. 
• Em decorrência, os indivíduos alteram os seus padrões de consumo. 
• Os custos de produção são afetados, provocando alterações na estrutura 
produtiva.
• A distribuição da renda entre os indivíduos se altera, fazendo com que 
determinados grupos sociais modifi quem seus hábitos de consumo.
Observe que essa cadeia de eventos teve origem no momento em que a 
autoridade tributária promoveu a redução da tributação sobre o consumo. Efeito 
semelhante pode ocorrer ao alterar-se a tributação sobre a renda de pessoas e 
setores econômicos de uma determinada região. (MUSGRAVE; MUSGRAVE, 
1980).
c) Reduzir as fl utuações bruscas e intensas dos níveis de preços e do
 emprego
Modifi cações na tributação sobre a renda de toda a população brasileira, 
alteração de limites ao endividamento de estados e municípios, contingenciamento 
dos gastos públicos são alguns exemplos de medidas de caráter tributário e fi scal 
preocupadas em afetar de maneira global o comportamento de todos os agentes 
públicos e privados do país.
Princípios de TributaÇão 
Princípios de Tributação e Princípios do Sistema Tributário tratam de 
aspectos distintos quando nos referimos ao pagamento de tributos.
21
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
Princípios de Tributação dizem respeito aos aspectos teóricos, 
de natureza econômica, associados à intervenção do Estado. 
Princípios do Sistema Tributário se associam aos aspectos 
jurídicos e administrativos envolvidos no processo de imposição e 
cobrança dos tributos.
Neste capítulo trataremos apenas dos Princípios de Tributação. Os aspectos 
referentes aos Princípios do Sistema Tributário serão abordados no segundo 
capítulo desta disciplina. Inicialmente vamos conhecer os Princípios do Benefício 
Recebido e posteriormente a Capacidade de Pagamento
a) Os Princípios do Benefício Recebido 
Do ponto de vista econômico, há dois princípios em que o Estado se apoia 
para tributar:
• princípio do benefício recebido, baseado na quantidade e tipo de bens e 
serviços públicos consumidos individualmente pelos contribuintes; 
• princípio da capacidade de pagamento, associado ao nível de renda dos 
contribuintes.
De acordo com o princípio do benefício recebido, cada 
indivíduo deve contribuir com um valor proporcional aos benefícios 
por ele auferidos com o consumo de bens e serviços públicos. 
Esse princípio procura tornar possível o efetivo desempenho da função 
alocativa do Estado, pois se preocupa diretamente com o custeio dos gastos 
do governo, os quais, em última instância, irão determinar como será realizada a 
provisão dos bens e serviços públicos.
Contudo, uma questão importante, mas não contemplada por este princípio, 
diz respeito ao desempenho da função (re)distributiva do Estado. O princípio 
do benefício recebido só servirá para alocar efi cientemente a parcela da receita 
tributária utilizada para custear a provisão dos serviços públicos.
22
 FinanÇas e Gestão tributáriaO princípio da capacidade de pagamento considera de maneira 
independente a questão tributária, isolando-a da determinação dos 
gastos. De acordo com este princípio um determinado montante de 
arrecadação total é necessário e cada indivíduo deverá contribuir de 
acordo com sua capacidade de pagamento.
 Esse princípio tem, portanto, um forte caráter (re)distributivo, pois os mais 
ricos contribuem para que os mais pobres possam ter acesso aos serviços de 
educação, saúde, assistência social, etc. 
Veja estes dois princípios mais detalhadamente:
• Princípio do Benefício Recebido
Pelo princípio do benefício recebido cada indivíduo pagará um tributo de 
acordo com o montante dos benefícios que ele recebe do governo, sob a forma de 
bens e serviços públicos. Esse princípio se apoia no funcionamento do sistema de 
mercado de bens privados, segundo o qual cada pessoa desembolsa uma quantia 
em função da quantidade X ou Y que deseja adquirir para seu consumo e o de 
sua família. Um dos atributos do mecanismo de mercado é a existência do preço 
(preço de mercado). Dimensionamos as quantidades adquiridas em função dos 
nossos desejos e necessidades e da nossa renda.
Já a oferta de bens e serviços públicos não se dá de forma orientada para 
este ou aquele grupo de cidadãos, em quantidades X e Y para esta ou aquela 
região. Além disso, tais bens e serviços não apresentam um preço único, mas 
custos associados à sua oferta. Ademais, estes custos são também de difícil 
determinação, pois envolvem um conjunto extenso de órgãos públicos (ministérios, 
secretarias estaduais, municipais, etc.) que participam de maneira associada do 
processo de entrega dos serviços à população.
• A oferta de Serviços Públicos
Considere a situação na qual seja ofertada uma quantidade igual de ensino 
fundamental, de saúde pública, de defesa nacional, por exemplo, o que torna 
praticamente impossível apontar este ou aquele indivíduo como “grande” ou 
“pequeno” consumidor desses serviços. 
23
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
Quem consome e quanto do serviço Defesa Nacional? 
É como se todos pegassem carona no consumo dos demais (consumo 
conjunto). Podemos, entretanto, indicar grupos sociais como potenciais 
consumidores de alguns desses serviços: as famílias de menor renda que 
dependem da oferta de ensino fundamental. Já o consumo dos serviços de 
Defesa Nacional, proporcionados pelas forças armadas, é exercido de forma 
igual, indistintamente, por todos.
Imaginemos, ainda, a situação daqueles indivíduos que estejam 
desempregados e incapazes de auferir qualquer tipo de rendimento. Estariam 
eles alijados do consumo desses bens? Certamente que não, pois, mesmo não 
pagando, ainda assim estariam sendo benefi ciados.
Devemos, portanto, admitir que o princípio do benefício recebido 
não funciona como parâmetro efi ciente do valor a ser tributado.
Atividade de Estudos: 
Imagine um(a) empresário(a) que p ossua uma fi rma com 500 
empregados.
90% dos seus funcionários ganham três salários mínimos e têm, 
em média, 2 fi lhos entre 5 e 15 anos de idade.
O(A) empresário(a) é solteiro(a), não tem fi lhos e despende 
mensalmente 5 salários mínimos com seu plano de saúde, além de 
todos os seus gastos pessoais.
No seu entender, este(a) empresário(a) consome direta ou 
indiretamente ensino público e saúde pública? Justifi que a sua 
resposta.
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24
 FinanÇas e Gestão tributária
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b) Princípio da Capacidade de Pagamento
Este princípio utiliza como base objetiva de cálculo a renda do indivíduo.
Em oposição ao princípio do benefício recebido, o fi nanciamento da 
produção de bens e serviços públicos não depende da cobrança pela aquisição 
ou utilização do bem ou serviço, já que todo indivíduo contribui de acordo com o 
seu nível de renda. E mais: indivíduos de mesma faixa de renda contribuem 
com a mesma alíquota (equidade horizontal) e indivíduos de diferentes faixas 
de renda contribuem com alíquotas diferenciadas (equidade vertical). 
O Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas – IRPF – é universalmente 
considerado o tributo mais justo, pois os tributos que incidem sobre o consumo 
fi nal – ou que não geram crédito – são tidos como injustos, por não distinguirem a 
condição econômica do indivíduo.
Marcos Históricos
Os marcos do sistema tributário brasileiro espelham as mudanças de 
natureza econômica e política que ocorreram ao longo do processo histórico de 
desenvolvimento do país.
Ao analisarmos as mudanças relevantes observadas constatamos que elas 
ocorrem em espaços de tempo bastante largos, pois, tendo em vista o caráter 
normativo da estrutura tributária, é necessário que as modifi cações introduzidas 
nesta estrutura tributária espelhem o resultado de um complexo e extenso 
processo de discussão entre os diversos grupos de interesse, confi gurando o 
chamado “pacto tributário”.
O processo legislativo que rege a tramitação das leis referentes 
ao planejamento e orçamento (Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes 
Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual - LOA) tem sua atualização quase 
que concomitante às mudanças de curto prazo que ocorrem no ambiente político-
econômico. 
25
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
Tanto a LDO quanto a LOA possuem vigência anual, enquanto que 
o PPA é reelaborado a cada quatro anos. Com isso, tanto a correção 
de equívocos cometidos por ocasião da aprovação do orçamento de um 
exercício, como as necessárias reorientações de rumo, por exemplo, podem 
ser promovidas em prazos curtos ou mesmo durante a vigência da lei que o 
aprovou.
Já um equívoco cometido na elaboração de uma lei instituindo 
ou excluindo um imposto, ou a adaptação às mudanças que ocorrem 
no ambiente econômico, por exemplo, implica uma série de ônus 
de natureza política, econômica e social, para a sua correção. Tais 
fatos infl uenciam as decisões dos agentes econômicos e impõem 
distorções à alocação de recursos, exercendo consideráveis impactos 
sobre a renda e o emprego. (CHALFUN; MÉLLO, 2001).
O estágio de desenvolvimento econômico de um país infl uencia 
a tributação na medida em que as economias mais evoluídas tendem 
a apresentar uma base tributável mais diversifi cada e mais estável do 
que as economias em grau inferior de desenvolvimento.
a) A História Institucional dos Tributos no Brasil
A História institucional dos tributos no Brasil tem início em 1534, com a 
criação das Provedorias da Fazenda Nacional.
O primeiro ônus foi imposto à indústria extrativa (extração do pau-brasil). A 
Coroa Portuguesa considerava o pau-brasil como monopólio real, autorizando 
sua extração mediante o compromisso de que o extrator erguesse fortifi cações 
ao longo da costa, iniciasse a colonização e pagasse o quinto (ou 20%) incidente 
sobre a receita com a venda do pau-brasil.
Ainda durante o período colonial os impostos cobrados pela Coroa 
Portuguesa incidiam sobre a produção do açúcar e do fumo, principais culturas 
desenvolvidas no Brasil colonial, e a cobrança do quinto de toda a extração do 
ouro obtido pelas jazidas brasileiras. (VARSANO, 1996).
No Brasil independente de 1822 delinearam-se alguns tipos de sistemas 
tributários em função da extensão territorial. A estrutura de sistema e administração 
tributáriosdo período colonial foi mantida: o Estado continuou centralizado e as 
províncias, administradas por presidentes nomeados e destituídos pelo imperador. 
(VARSANO, 1996).
Um equívoco 
cometido na 
elaboração de 
uma lei, instituindo 
ou excluindo 
um imposto, ou 
a adaptação às 
mudanças que 
ocorrem no ambiente 
econômico, por 
exemplo, implica 
uma série de ônus 
de natureza política, 
econômica e social, 
para a sua correção.
26
 FinanÇas e Gestão tributária
Ao longo do período que vai desde a proclamação da República até a 
promulgação da Constituição de 1934 a principal receita tributária brasileira 
resultava do imposto sobre a importação. 
Nas décadas de 1920 e 1930, iniciam-se os processos 
de industrialização e de urbanização no Brasil, ocorrendo o 
direcionamento para a tributação de base interna ao território nacional, 
sendo instituídos os impostos sobre a renda (1924) e sobre o consumo 
(1934).
Na Constituição de 1946 foram introduzidos novos impostos e adotado o 
mecanismo das transferências, elevando-se o volume de recursos à disposição 
dos municípios. 
Até 1966 observa-se uma participação crescente dos impostos internos, 
destacando-se os impostos sobre consumo, vendas e consignações.
A Lei no 5.172 de 25 de outubro de 1966, também conhecida como Código 
Tributário Nacional - CTN, ilustra o contexto político, social e econômico do 
período em que foi criada. Num sistema em que um único nível de governo (o 
governo federal) era o responsável por elaborar as políticas e implantá-las, seus 
interesses sempre predominavam. Com efeito, a composição do CTN revela a 
concentração dos impostos, taxas e contribuições no âmbito do governo federal. 
(VARSANO, 1996).
Na reforma de 1967 foi introduzido o Imposto sobre o Valor Adicionado. Com 
efeito, a reforma tributária de 1967 apresentava dois principais objetivos: 
• redução do défi cit por meio da elevação da receita; 
• implementação de um sistema tributário que estimulasse o investimento. 
Com a reforma, observou-se uma melhor alocação dos recursos, a 
priorização da tributação sobre o valor agregado e uma redução do número de 
tributos, dentre outras vantagens. Reconhece-se que, naquela época, o Brasil 
passou a contar com um dos sistemas tributários mais modernos do mundo.
Na reforma de 1988, com o aumento da participação dos estados e municípios 
na arrecadação dos impostos de renda e sobre produtos industrializados, o 
governo federal intensifi cou a arrecadação de contribuições sociais indiretas, não 
compartilhadas com estados e municípios, como COFINS, CSLL e CPMF.
Tributação de 
base interna são 
operações que se 
realizam no território 
nacional.
27
SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Capítulo 1 
No Brasil atual existe uma forte concentração do processo de decisão da 
alocação dos recursos nas mãos do Governo Federal, fruto da própria formação 
do Estado brasileiro. Entretanto, deve-se prestar atenção para as mudanças 
importantes que vêm ocorrendo desde a promulgação da Constituição de 1988, de 
maneira especial no que respeita à descentralização de alguns serviços públicos, 
principalmente nas áreas do ensino fundamental e da saúde.
As mudanças na maneira de se administrar a oferta de bens e serviços 
públicos seguem uma lógica baseada na classifi cação dos serviços públicos, 
que conjuga princípios de Administração Pública e a aplicação de conceitos de 
Economia do Setor Público. 
AlGumas ConsideraÇÕes
Neste capítulo foram destacadas a importância da tributação e a forma pela 
qual o Estado intervém no processo do desenvolvimento econômico e apresentado 
o histórico da tributação no Brasil.
Vimos que o mecanismo de mercado não é efi ciente ao alocar e distribuir 
os recursos disponíveis na sociedade, razão pela qual alguns bens e serviços 
de responsabilidade do Estado (tais como a saúde e a educação básicas) são 
fi nanciados via cobrança de tributos.
Há, porém, formas diferenciadas de se ofertar tais tipos de serviços, o que 
origina a classifi cação dos tipos de tributos: o imposto, a taxa e a contribuição.
Este será o assunto apresentado no Capítulo 2.
28
 FinanÇas e Gestão tributária
ReFerências BiblioGráFicas:
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de 
outubro de 1988. Contém as emendas constitucionais posteriores. Brasília, DF: 
Senado, 1988.
BRASIL. Lei no 5.172, de 25 de Outubro de 1966 (Código Tributário Nacional). 
Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito 
tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5172.htm>. Acesso em: 10 jan. 2012.
CHALFUN, N.; MÉLLO, L. Entendendo a contribuição da política fi scal, do PPA e 
da LDO para a gestão fi scal responsável. In: REIS, H. da C. R.; BARATTA, T. C.; 
NEVES, G. H. (Coord.). Lei de Responsabilidade Fiscal: Estudo em grupos de 
aprendizagem — Unidade de Estudo, 2, seção 1. Rio de Janeiro: IBAM/BNDES, 
2001. 72 p.
MUSGRAVE, R.; MUSGRAVE, P. Finanças Públicas: Teoria e Prática. Rio de 
Janeiro: Campus. 1980.
VARSANO, R. A Evolução do Sistema Tributário Brasileiro ao Longo do 
Século: Anotações e Refl exões para Futuras Reformas. IPEA. TD nº 405. 1996.
CAPÍTULO 2
A Divisão Tributária
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 � Conhecer as diferenças conceituais e práticas entre as modalidades de tributos.
 � Planejar a matriz de arrecadação de recursos com base na capacidade de 
pagamento dos impostos, das taxas referentes à contraprestação de serviços e 
das receitas de contribuições previstas no Código Tributário Municipal.
30
 FinanÇas e Gestão tributária
31
A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
ConteXtualiZaÇão
No capítulo 1 apresentamos os dois Princípios Teóricos de Tributação, cuja 
fundamentação possui origem de natureza econômica:
• o princípio do benefício recebido, baseado na quantidade e tipo de bens e 
serviços públicos consumidos individualmente pelos contribuintes; e
• o princípio da capacidade de pagamento, associado ao nível de renda dos 
contribuintes.
Quando consideramos a necessidade da imposição e da cobrança dos 
tributos, porém, os Princípios Teóricos de Tributação assumem o formato 
de normas jurídicas e administrativas, passando a constituir o conjunto dos 
Princípios do Sistema Tributário Nacional.
Os Princípios do Sistema Tributário Nacional tratam das regras jurídicas de 
subordinação dos contribuintes com relação ao Estado quanto às obrigações 
tributárias. Tratam também das regras que se referem à observância dos limites 
do Estado quanto ao seu poder de tributar.
Princípios do Sistema Tributário Nacional
Os Princípios do Sistema Tributário Nacional se subordinam à Constituição 
Federal de 1988 (CF/88), conforme ilustrado nas duas situações a seguir 
apresentadas:
 
Situação 1
Considere a realização de um contrato entre dois cidadãos, 
envolvendo os seus interesses privados (compra e venda de um 
automóvel, por exemplo). Neste caso as partes, conforme as suas 
vontades, poderão estabelecer o preço, a forma e o prazo de 
pagamento, a entrega do automóvel, e outras condições, mediante a 
assinatura de um contrato.
Nesta situação a existência de regras jurídicas funciona como:
garantia na relação entre as partes privadas.
32
 FinanÇas e Gestão tributária
Situação 2
Considere agora a obrigação de pagarmos os tributos ao Estado. 
Caso não haja formalmente uma imposição legal nos obrigando a 
fazê-lo, podemos deixar de pagá-los, seja porque não concordemos 
com o valor a ser pago, seu pagamento, e outras condições.
Nesta situação a existência de regras jurídicas funciona como:
garantiana relação entre a sociedade e o Estado.
Nas duas situações mencionadas, as regras aplicadas às relações contratuais 
entre cidadãos e entre cidadãos e o Estado são subordinadas à CF/88.
A Constituição de um país - chamada Lei Maior ou Carta Magna - é o conjunto 
de Princípios sobre a organização do Estado, sobre a relação do governo com a 
sociedade e sobre direitos e deveres recíprocos entre os cidadãos.
A CF/88 dispõe sobre os seguintes Princípios Constitucionais:
Princípios Fundamentais do Estado
República, 
Federação, 
Separação de Poderes e 
Estado Democrático de Direito.
Princípios Gerais
Legalidade, 
Isonomia,
Liberdade, 
Dignidade, dentre outros.
Princípios da Administração Pública
Legalidade, 
Impessoalidade, 
Moralidade, 
Publicidade,
Efi ciência, dentre outros.
33
A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
No Brasil, os dois principais diplomas legais que, de forma 
estruturada, tratam do Sistema Tributário Nacional são a Lei no 
5.172/66, denominada de Código Tributário Nacional (CTN), e a 
CF/88. A CF/88, de hierarquia mais elevada, previu a criação de 
impostos não constantes do CTN e mudou em muitos aspectos os 
impostos existentes.
Os Princípios do Sistema Tributário Nacional, descritos nos incisos do art.150 
da CF/88, e que a ela se subordinam, são os seguintes:
a) O Princ ípio da Legalidade
O art. 150, no Inciso i da CF/88 dispõe: “[...] é vedado à União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem que lei o 
estabeleça”.
O estabelecimento do conjunto de regras de tributação aprovadas por lei 
constitui um dos princípios do Sistema Tributário: o Princípio da Legalidade, 
ou seja, a garantia dada a todos os cidadãos de que os atos da Administração 
Pública somente serão válidos se respaldados em lei, assim evitando o abuso de 
poder por parte do Estado.
Admite-se que medidas provisórias operem nesse sentido, mas 
este instrumento é legislativamente fraco, porque fi ca na dependência 
de aprovação pelo Congresso no prazo de 30 dias. Deve-se notar, 
ainda, que a CF/88 permite que determinados impostos tenham as 
alíquotas alteradas por decreto, o que representa um enfraquecimento 
ao princípio. (MACHADO, 2000).
b) O Princípio da Anterioridade 
o Art. 150, inciso III, alínea b) dispõe que: “Cobrar tributos no mesmo exercício 
fi nanceiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.”
Uma lei instituindo ou alterando um tributo, ao entrar em vigor, tem sua 
efi cácia suspensa até o início do exercício fi nanceiro seguinte, quando, então, 
produzirá todos os efeitos jurídicos. 
O Princípio da 
Legalidade veda às 
pessoas de direito 
público exigir ou 
aumentar tributo 
sem que lei o 
estabeleça.
34
 FinanÇas e Gestão tributária
O tributo poderá ser criado mesmo depois de aprovada a lei orçamentária, 
portanto, até o último dia do ano. (MACHADO, 2000).
c) O Princípio da Igualdade 
O Art. 145, parágrafo 1o da CF/88 dispõe que: “Sempre que possível os 
impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade 
econômica do contribuinte”.
O Sistema Tributário deve observar o princípio constitucional da igualdade, 
pelo qual todos são iguais perante a lei. É a garantia do tratamento igual dos que 
sejam iguais. (MACHADO, 2000).
d) O Princípio da Competência 
Esteja atento para os seguintes Artigos: art. 153 e 154, para a União; art.155 
para os Estados e Distrito Federal; art.156 – para os Municípios. 
Cada ente tributante deve observar os limites da parcela de poder impositivo 
que lhe foi atribuída. Assim, a divisão das áreas dentro das quais a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios podem instituir e cobrar tributos não 
permite a invasão de uns pelos outros. (MACHADO, 2000).
e) O Princípio da Capacidade de Pagamento
O Art. 145, parágrafo 1o da CF/88 dispõe que: “Sempre que possível os 
impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade 
econômica do contribuinte”.
O princípio da Capacidade de Pagamento estabelece a necessidade de 
graduação dos tributos segundo a capacidade de pagamento dos contribuintes. 
A este princípio vincula-se a progressividade dos impostos (CF/88 art. 145 § 
1o).
Esse princípio surge como uma decorrência do caput do art. 5o, que rege: 
“Todos são iguais perante a lei”, devendo-se interpretar tal enunciado como tratar-
se de forma desigual os desiguais. (MACHADO, 2000).
35
A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
f) O Princípio da Vedação do Confi sco
De acordo com o art. 150, inciso IV da CF/88, “[...] é vedado à União, 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios utilizar tributo com efeito de 
confi sco”.
O princípio da Vedação do Confi sco exprime a noção de que a tributação não 
pode ser excessivamente onerosa, pois através dela o Estado obtém os meios 
fi nanceiros para desempenhar suas atividades, e não para transformar em público 
o patrimônio ou a renda privada. (MACHADO, 2000).
g) O Princípio da Liberdade de Tráfego (de Pessoas ou Bens)
O princípio da Liberdade de Tráfego atende ao prescrito no art. 5o, XV da 
CF/88, que assegura a liberdade de locomoção no território nacional. O artigo 
150, V da CF/88, veda a cobrança de tributos com a fi nalidade de limitar o tráfego 
de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. 
(MACHADO, 2000).
O quadro resumo, contendo as abordagens econômica e jurídica e os 
Princípios do Sistema Tributário Nacional, é apresentado a seguir:
Quadro 1 - As abordagens econômica e jurídica e os 
princípios do sistema tributário nacional
ABORDAGEM ECONÔMICA ABORDAGEM JURÍDICA
Princípios Teóricos de Tributação Princípios Constitucionais
Princípio da Capacidade de 
Pagamento
Princípios Fundamentais do Estado: República, Fede-
ração, Separação de Poderes e Estado Democrático de 
Direito;
Princípios Gerais: Legalidade, Isonomia, Liberdade, 
Dignidade, dentre outros; e
Princípios da Administração Pública: Legalidade, Impes-
soalidade, Moralidade, Publicidade, Efi ciência, dentre 
outros.
Princípio do Benefício Recebido
36
 FinanÇas e Gestão tributária
Fonte: Extraído e adaptado da Constituição Federal de 1988.
Princípios do Sistema Tributário Nacional
a) Princípio da Legalidade – 
 (CF/88, art. 150, I)
O estabelecimento do conjunto de regras de tributação 
aprovadas por lei constitui um dos princípios do Sistema 
Tributário: o Princípio da Legalidade (CF/88, art. 150, inc. 
I), ou seja, a garantia dada a todos os cidadãos de que os 
atos da Administração Pública somente serão válidos se 
respaldados em lei, assim evitando o abuso de poder por 
parte do Estado.
b) Princípio da Anterioridade –
 (art. 150, III, b)
Uma lei instituindo ou alterando um tributo, ao entrar em 
vigor, tem sua efi cácia suspensa até o início do exercício 
fi nanceiro seguinte, quando, então, produzirá todos os 
efeitos jurídicos.
c) Princípio da Igualdade – 
 (art. 145, § 1o da CF/88).
O Sistema Tributário deve observar o princípio constitucio-
nal da igualdade, pelo qual todos são iguais perante a lei.
d) Princípio da Competência 
Cada ente tributante deve observar os limites da parcela 
de poder impositivo que lhe foi atribuída. Assim, a divisão 
das áreas dentro das quais a União, os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios podem instituir e cobrar tributos 
não permite a invasão de uns pelos outros.
e) Princípio da Capacidade de 
Pagamento
Necessidade de graduação dos tributos segundo a capa-
cidade de pagamento dos contribuintes. A este princípio 
vincula-se a progressividade dos impostos (CF/88 art. 145 
§ 1o).
f) Princípio da Vedação do 
 Confi sco
A tributação não pode ser excessivamente onerosa, pois 
através dela o Estado obtém os meios fi nanceiros para 
desempenharsuas atividades, e não para transformar em 
público o patrimônio ou a renda privada.
g) Princípio da Liberdade de 
 Tráfego (de Pessoas ou 
Bens)
Este princípio atende ao prescrito no art. 5o, XV da CF/88, 
que assegura a liberdade de locomoção no território nacio-
nal. O artigo 150, V da CF/88, veda a cobrança de tributos 
com a fi nalidade de limitar o tráfego de pessoas ou bens, 
por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais.
37
A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
Divisão Tributária
Os tributos são divididos de acordo com as seguintes categorias (MACHADO, 
2000):
Quadro 2 - Classifi cação dos Tributos 
Fonte: Extraído e adaptado MACHADO (2000).
Observe que, além das espécies assinaladas no Art. 145 da CF/88, ocorrem 
a incidência e a exigibilidade de outras espécies de tributos: 
• Contribuições sociais (art. 149 da CF/88), que se dividem em:
 – contribuições de intervenção no domínio econômico; 
 – contribuições de interesse de categorias profi ssionais ou econômicas; 
 – contribuições de seguridade social.
• Empréstimos compulsórios (art. 148 da CF/88). 
Quanto à função 
Fiscais – quando o seu objetivo principal é a arrecadação de recursos 
fi nanceiros para o Estado.
Extrafi scais – quando o seu objetivo principal é a interferência no 
domínio econômico.
Parafi scais – quando o seu objetivo é a arrecadação de recursos 
para o custeio de atividades que não integram funções próprias do 
Estado, sendo desenvolvidas em seu nome por entidades específi -
cas.
Quanto à vincula-
ção com a atividade 
estatal
Vinculados: as Taxas, a Contribuição de Melhoria e as Contribuições.
Não Vinculados: os Impostos.
Quanto à competên-
cia impositiva
Federais
Estaduais
Municipais
Quanto à espécie
CF/88, Art. 145
Impostos 
Taxas
Contribuição de Melhoria 
38
 FinanÇas e Gestão tributária
Impostos
Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma 
situação independente de qualquer atividade estatal específi ca, 
relativa ao contribuinte (CTN, art. 16).
Entende-se como fato gerador a situação, defi nida em lei, como 
necessária e sufi ciente à ocorrência da obrigação de se pagar o tributo 
(CTN, art. 114).
Assim, o Imposto sobre a renda tem como fato gerador, por 
exemplo, o recebimento da renda. 
No Brasil, país em que o exercício do poder político federativo é 
territorialmente dividido, a atribuição da instituição de impostos cabe à União, aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
São exemplos:
• Imposto Federal – Imposto sobre a Renda (IR)
• Imposto Estadual - Imposto sobre a Propriedade de Veículos 
Automotores (IPVA)
• Imposto Municipal - Imposto Sobre Serviços de Qualquer 
Natureza (ISSQN)
Os impostos estão classifi cados no CTN, de acordo com a 
natureza econômica do fato gerador, respectivamente, em quatro grupos:
• Sobre o comércio exterior 
 – Imposto sobre as Importações
 – Imposto sobre as Exportações
• Sobre o patrimônio e a renda 
 – Imposto Territorial Rural 
 – Imposto Predial e Territorial Urbano 
 – Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis 
 – Imposto sobre a Renda
• Sobre a produção e circulação 
 – Imposto sobre Produtos Industrializados
Imposto é o tributo 
cuja obrigação tem 
por fato gerador 
uma situação 
independente de 
qualquer atividade 
estatal específi ca, 
relativa ao 
contribuinte.
No Brasil, a 
atribuição da 
instituição de 
impostos cabe à 
União, aos Estados, 
ao Distrito Federal e 
aos Municípios.
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A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
 – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços
 – Imposto sobre Operações Financeiras
 – Imposto Sobre Serviços
• Impostos especiais 
 – Imposto de competência da União, sobre operações relativas a 
combustíveis, a lubrifi cantes, a energia elétrica e a minerais em todo o 
País. 
TaXas
De maneira geral, as atividades estatais são realizadas com recursos de 
arrecadação de impostos gerais. Porém, quando há um serviço público específi co, 
divisível e mensurável, há a possibilidade da cobrança de taxa.
De acordo com o art. 77 do CTN, taxa é o tributo que tem como 
fato gerador duas fontes:
• O exercício regular do poder de polícia. Exemplo: Taxa para 
expedição de alvará de licença.
• A utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específi co e 
divisível, prestado ao contribuinte. Exemplo: Taxa de Incêndio.
“Poder de polícia é a prerrogativa de direito público que, 
calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir direitos 
individuais em favor de terceiros.” (MACHADO, 2000, p. 348). 
Como decorrentes do poder de polícia podem ser citadas as cobranças de 
taxas de atividades que tratam da poluição, do gabarito de prédios, da higiene e 
da ordem pública, por exemplo. 
A taxa de polícia, portanto, é cobrada em razão da atividade estatal, 
que verifi ca o cumprimento das exigências legais e concede a licença para o 
funcionamento de uma empresa, por exemplo.
Taxa é o tributo 
que tem como fato 
gerador o exercício 
regular do poder 
de polícia, ou a 
utilização, efetiva ou 
potencial, de serviço 
público específi co e 
divisível, prestado ao 
contribuinte.
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 FinanÇas e Gestão tributária
Alvará é uma palavra de origem árabe. Signifi ca, de maneira 
genérica, “o texto que autoriza”. 
Já as taxas cobradas em razão de serviço público se associam a todas as 
outras atividades estatais específi cas e divisíveis, prestadas, potencialmente ou 
efetivamente, ao contribuinte.
Os serviços públicos podem ser classifi cados como: 
• serviços públicos propriamente estatais; 
• serviços públicos essenciais ao interesse público; e 
• serviços públicos não essenciais.
TaXa, PreÇo Público Ou TariFa? 
Uma discussão sempre presente sobre a cobrança pela prestação de 
serviços públicos diz respeito às diferenças entre os conceitos de taxa, preço 
público e tarifa.
No âmbito jurídico, a diferença é estabelecida a partir da distinção entre o 
que é atividade própria do Estado (pela cobrança de taxa) e atividades que podem 
ser exercidas por particulares (pela cobrança de preço público ou tarifa).
Já sob a ótica fi nanceira e da remuneração dos serviços prestados é possível 
a aplicação de diferentes critérios para se estabelecer a distinção entre os 
conceitos de taxa, preço público e tarifa.
O primeiro critério é o da compulsoriedade, conceito que se associa ao 
pagamento de tributos. Na prática, a cobrança de preço não pode ser compulsória.
Outro critério se associa ao tipo do serviço prestado.
O serviço público pode ser considerado atividade propriamente estatal e 
indelegável, cuja prestação pelo Estado se associa ao exercício de sua soberania. 
A cobrança pela prestação de serviço judiciário ou de emissão de passaportes, 
por exemplo, somente ocorre se o serviço for utilizado, não sendo possível a 
cobrança pela mera potencialidade de sua utilização.
41
A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
No caso de o serviço público ser caracterizado como essencial ao interesse 
público, ele deve ser remunerado mediante taxa. Como é essencial à coletividade, 
a taxa incidirá sobre a utilização efetiva ou potencial do serviço. Como exemplo, 
pode-se mencionar o serviço de distribuição de água, de coleta de lixo e de 
esgoto.
Há ainda a situação em que o serviço público é considerado como não 
essencial, mas cuja não utilização não resulta em dano ou prejuízo para a 
coletividade. Nesses casos tal tipo de serviço é delegável, podendo ser concedido 
e ser remunerado mediante preço público. Exemplo: o serviço postal, os serviços 
telefônicos, de distribuição de energia, de gás, etc.
Em qualquer caso, porém, a cobrança de taxa, ou de preço público ou de 
tarifa, requer a sua instituição defi nida peloLegislativo e, em caso de dúvida, pode 
a lei defi nir a receita como taxa ou como preço público.
O importante é que, se a lei denomina a receita como taxa, vincula esta 
ao regime jurídico tributário. Tal receita fi cará, portanto, sujeita ao princípio da 
legalidade e da anterioridade da lei ao exercício fi nanceiro correspondente.
O critério de diferenciação para a aplicação de taxa e de preço público 
baseada no tipo de serviço não é tão exato quanto parece, uma vez que a noção 
de “serviço essencial” pode variar ao longo do tempo e pode ser aplicável em 
certas localidades e, em outras, não.
Após entendida a discussão envolvendo as diferenças entre 
a taxa, o preço público e a tarifa, podemos então defi nir cada um 
desses conceitos.
Taxa
Se o serviço público for específi co, divisível e indelegável 
(serviços propriamente estatais e serviços essenciais), deve ser 
prestado pelo próprio Estado, em regime jurídico exclusivamente 
tributário, sendo remunerado por taxa. Deve-se ressaltar que as 
taxas são compulsórias e têm sua cobrança condicionada à prévia 
autorização orçamentária.
Preço Público
A prestação de serviço específi co, divisível e delegável, isto é, 
serviço não-essencial, poderá ser feita pelo próprio Estado, situação 
em que o serviço poderá ser remunerado tanto por taxa quanto por 
preço público, fi cando a critério do Estado tal defi nição.
42
 FinanÇas e Gestão tributária
Tarifa
Caso a prestação do serviço seja delegada a terceiros, é cobrada 
tarifa do usuário, sendo o regime jurídico de direito privado.
Atividade de Estudos: 
REFLEXÃO SOBRE O CONCEITO DE PODER DE POLÍCIA
O Poder de Polícia manifesta-se de quatro formas:
• ordem de polícia. Exemplo: Código de Trânsito;
• consentimento de polícia. Exemplo: Expedição de carteira nacional 
de habilitação;
• fi scalização de polícia. Exemplo: Radares mantidos por particulares 
em rodovias; e
• sanção de polícia. Exemplo: Multa de trânsito.
• Em que situações é possível a privatização do Poder de Polícia? 
Para responder a esta pergunta consulte o conteúdo da seção 
sobre Taxas e aponte em quais das quatro formas acima você julga 
ser possível a delegação a particulares.
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A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
As ContribuiÇÕes e Outros Tributos
Vamos conhecer as contribuições de melhorias e outros tipos de tributos.
a) A Contribuição de Melhoria
É o tributo cuja obrigação tem como fato gerador a valorização de imóvel de 
particular em decorrência da realização de obra pública.
A contribuição de melhoria se distingue do imposto porque o fato 
gerador de um imposto não pressupõe qualquer retribuição direta do 
Estado.
Distingue-se também da taxa, pois a taxa está ligada à 
prestação permanente de um serviço público, enquanto a cobrança 
da contribuição de melhoria se associa à valorização imobiliária 
efetivamente gerada pela realização de uma obra pública.
b) Outras Contribuições
Além da contribuição de melhoria, há ainda três tipos de contribuições com 
fi nalidade constitucionalmente defi nida na CF/88 arts. 146, III, 149, 150 I e III e 
195 § 6o (MACHADO, 2000):
• as contribuições de intervenção no domínio econômico; 
• as contribuições de interesse de categorias econômicas ou profi ssionais; e 
• as contribuições destinadas ao fi nanciamento da seguridade social.
Essas contribuições não possuem a função expressa de suprir o Tesouro 
Nacional de recursos fi nanceiros, daí dizer-se que elas possuem natureza 
parafi scal, algumas, e extrafi scal, outras.
• Contribuições de intervenção no domínio econômico
A fi nalidade da intervenção no domínio econômico caracteriza essa espécie 
de contribuição como tributo de função nitidamente extrafi scal, pois tem como 
objetivo induzir os agentes econômicos a incorporar a preocupação com os 
interesses sociais em suas ações individuais. 
A contribuição 
de melhoria tem 
como fato gerador 
a valorização de 
imóvel de particular 
em decorrência da 
realização de obra 
pública.
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 FinanÇas e Gestão tributária
Os recursos arrecadados pela cobrança da contribuição de intervenção 
sobre o domínio econômico aplicada nos combustíveis destinam-se a custear 
o desenvolvimento de produtos e processos poupadores de combustíveis, 
investimentos em melhorias das estradas e redução da poluição ambiental, por 
exemplo.
Dentre as mais importantes contribuições de intervenção sobre o domínio 
econômico podem ser listadas:
 – Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE, incidente 
sobre a importação de petróleo, gás natural e álcool combustível;
 – Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE, sobre o 
consumo de Combustíveis;
 – Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico – CIDE, sobre 
remessas para o exterior;
 – Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública;
 – Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfi ca 
Nacional – CONDECINE. 
• Contribuições de interesse das categorias profi ssionais ou econômicas 
São contribuições que objetivam atender a determinadas categorias 
profi ssionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as 
instituíram, não sendo computadas pelo Orçamento da União.
Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse 
de grupos profi ssionais, como, por exemplo: OAB, CREA, CRM, entre outras. 
Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no interesse 
das categorias, como SESI, SESC e SENAI, mas que não integram o Sistema de 
Financiamento da Seguridade Social.
Deve-se fazer ainda uma distinção entre a contribuição confederativa e a 
contribuição sindical:
 – A contribuição confederativa não é tributo, pois é instituída pela assembleia 
geral da categoria profi ssional e não por lei. 
 – A contribuição sindical é instituída por lei, portanto compulsória, (art. 149 
da CF/88), possuindo assim natureza de tributo.
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A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
• Contribuições para a Seguridade Social
A competência da instituição das contribuições de seguridade social é da 
União Federal, mas só quem as pode arrecadar é a pessoa, necessariamente 
distinta da União em virtude do disposto no art. 194, parágrafo único, inciso VII da 
CF/88.
Com isso, temos as contribuições para a Seguridade Social dos empregadores 
domésticos, dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição, 
as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro e as incidentes sobre a 
receita de concursos de prognósticos.
São exemplos de contribuições da seguridade social: o FGTS, o PASEP, o 
PIS, a CSL e a CPMF. É importante ressaltar, contudo, que há outras, como é o 
caso do salário-educação, da contribuição parafi scal administrada pelo Fundo 
Nacional do Desenvolvimento da Educação (“FNDE”) e das contribuições 
destinadas a entidades privadas (sistema “S” – SENAI, SENAC, SESC, SESI, 
SEBRAE). 
Atividade de Estudos: 
A CPMF ou ContribuiçãoProvisória sobre Movimentação ou 
Transferência de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza 
Financeira (“CPMF”), também conhecida como “imposto sobre o 
cheque”, é um tributo que vem sendo instituído e revogado desde 
1996, tendo sido criado para fi nanciar a saúde, um dos elementos da 
Seguridade Social. 
A alternância entre a sua instituição e revogação revela a 
importância da participação da sociedade no processo político que 
envolve as questões tributárias. 
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 FinanÇas e Gestão tributária
c) Os Empréstimos Compulsórios
O artigo 148 da CF/88 ainda prevê a possibilidade de a União instituir 
empréstimos compulsórios, nas seguintes hipóteses: 
 – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência; ou 
 – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional.
Dispõe, também, que a aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
No caso de guerra externa a União poderá instituir empréstimo compulsório, 
conforme citado no art. 148, I da CF/88, e impostos extraordinários, os quais 
serão suprimidos gradativamente, cessadas as causas de sua criação, como 
disposto no art. 154, II.
 
As diferenças entre o empréstimo compulsório e o imposto 
extraordinár io são:
O Empréstimo Compulsório deve ser instituído por lei 
complementar e ocorre para atender a despesas extraordin árias 
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua 
iminência ou no caso de investimento publico de caráter urgente e de 
relevante interesse nacional.
O Imposto Extraordinário pode ser instituído por lei ordinária e 
ocorre na iminência ou no caso de guerra externa.
AlGumas ConsideraÇÕes
Enquanto que no Capítulo I foi adotada uma análise baseada em critérios 
econômicos, este capítulo destacou as diferenças conceituais e práticas entre as 
modalidades de tributos sob a ótica da legislação, podendo ser observado o rigor 
jurídico empregado na defi nição e na classifi cação dos tributos, a fi m de que os 
cidadãos e o Estado possuam o exato conhecimento dos seus direitos e deveres 
em matéria tributária.
47
A DIVISÃO TRIBUTÁRIA Capítulo 2 
No próximo capítulo será estudada a classifi cação quanto à competência 
impositiva, isto é, os tributos federais, estaduais e municipais.
Com isso poderemos compreender a importância das três esferas de 
governo em dimensionar de maneira conjunta o volume de recursos tributados 
para o atendimento das necessidades da população no contexto do crescimento 
local, estadual, regional e nacional. 
Do ponto de vista prático o objetivo é o de podermos estabelecer os limites 
da participação dos governos federal e estadual no conjunto dos investimentos e 
custeio do governo local. 
Para fi nalizar, agora que já sabemos um pouco mais sobre os 
tributos, que tal visualizar a lista de todos os tributos atualmente 
vigentes em nosso país, na qual estão incluídos os mencionados 
na CF/88, no CTN e os que foram introduzidos por meio de outros 
instrumentos legais? Para ver a lista, vá ao endereço: 
http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm
ReFerências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
(CF/88). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 22 dez. 2011.
BRASIL. Lei no 5.172, de 25 de Outubro de 1966 (CTN). Dispõe sobre o 
Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis 
à União, Estados e Municípios. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L5172.htm>. Acesso em: 22 dez. 2011.
MACHADO, H. B. Curso de Direito Tributário. 18 ed. São Paulo: Malheiros, 
2000. 
PORTAL TRIBUTÁRIO. Disponível em: <http://www.portaltributario.com.br>. 
Acesso em: 22 dez. 2011.
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 FinanÇas e Gestão tributária
CAPÍTULO 3
Competências da União, dos
Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal. Os Tributos
Federais, os Tributos Estaduais
e os Tributos Municipais
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender a importância das três esferas de governo em dimensionar 
de maneira conjunta o volume de recursos tributados para o atendimento 
das necessidades da população no contexto do crescimento local, estadual, 
regional e nacional.
� Estabelecer os limites da participação dos governos federal e estadual no 
conjunto dos investimentos e custeio do governo local.
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 FinanÇas e Gestão tributária
51
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DOS MUNICÍPIOS E 
DO DISTRITO FEDERAL. OS TRIBUTOS FEDERAIS, OS TRIBUTOS 
ESTADUAIS E OS TRIBUTOS MUNICIPAIS
 Capítulo 3 
ConteXtualiZaÇão
No capítulo 2 foram destacadas as diferenças conceituais e práticas entre as 
modalidades de tributos sob a ótica da legislação, podendo ser observado o rigor 
jurídico empregado na defi nição e na classifi cação dos tributos, a fi m de que os 
cidadãos e o Estado partilhem o exato conhecimento dos seus direitos e deveres 
em matéria tributária. 
De acordo com o art.1o da CF/88, o Brasil é uma república federativa formada 
pela União indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, entes 
federativos independentes e autônomos. Sua autonomia fi nanceira, entretanto, 
decorre da competência conferida a cada um deles para instituírem seus próprios 
tributos.
A classifi cação das competências de tributar é importante para que as 
três esferas de governo possam dimensionar de maneira conjunta o volume 
de recursos tributados para o atendimento das necessidades da população no 
contexto do crescimento local, estadual, regional e nacional.
Neste capítulo 3 é estudada a competência do poder de tributar, conferida 
pela CF/88 a cada ente federativo. Serão vistas as modalidades e características 
da competência de tributar e as formas pelas quais o produto arrecadado é 
partilhado pelos entes da federação.
Competência tributária é a parcela do poder de tributar 
conferida pela Constituição a cada ente federativo para instituir, 
fi scalizar e cobrar tributos, em suas esferas específi cas (federal, 
estadual e municipal).
Do ponto de vista prático o objetivo é o de podermos estabelecer os limites 
da participação dos governos federal e estadual no conjunto dos investimentos e 
custeio do governo local. 
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 FinanÇas e Gestão tributária
A RepartiÇão de Competências Tributárias
Embora a CF/88 disponha que no Estado Brasileiro coexistem 
entes políticos independentes e autônomos, - a União, o Distrito 
Federal, os Estados e Municípios -, não há referência à relação 
hierárquica entre tais entes, sendo necessário, portanto, determinar a 
repartição da competência quanto ao poder de tributar. 
De acordo com descrição de Rosa Junior (1999), há três modalidades de 
competência tributária: 
a) Privativa
É a competência para instituir impostos, atribuída com exclusividade a um 
ente federativo.
Exemplifi cando: o Imposto de Importação é de competência privativa da 
União; o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é da 
competência privativa dos Estados e do Distrito Federal; e o Imposto sobre 
Serviços (ISS) é da

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