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Gestão de Finanças Públicas

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GESTÃO DE FINANÇAS 
PÚBLICAS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Karla Regina Quintiliano Santos Ribeiro 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Bem-vindo à disciplina de Gestão de Finanças Públicas. 
A Gestão de Finanças Públicas tem como finalidade administrar, controlar 
e coordenar os pagamentos das atividades do Estado. Na gestão destes 
recursos, estão a captação de recursos pelo Estado, a administração e os 
gastos. Os recursos públicos têm a finalidade exclusiva de atender às 
necessidades da coletividade e do próprio Estado. Tais necessidades, se 
referem, principalmente, à promoção do bem-estar da população. 
Para realizar a finalidade principal do Estado, que é a manutenção da 
coletividade, as finanças públicas do país têm como principal fonte de renda os 
tributos, que são obrigações pecuniárias. Essa arrecadação é a manifestação do 
poder de império do Estado, com a finalidade de obtenção de receitas. 
Entretanto, é importante que se esclareça quem é o Estado e como ele 
pode desempenhar suas funções, ou seja, quais os princípios que pautam o 
desenvolvimento das atividades financeiras deste órgão. Para isso, serão 
explorados alguns conceitos importantes. Entre eles, o que significa o Estado e 
a Administração Pública. 
 
Vídeo 
Verifique a diferença entre a Administração Pública Direta e Indireta. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7VqO_ejlqEA>. 
CONTEXTUALIZANDO 
O Estado é considerado um povo dentro de um território organizado sobre 
sua soberana vontade, que sempre deve pautar suas atividades no interesse da 
sociedade. 
Por meio da economia, da política e da tecnologia, o mundo foi se 
moldando. Por consequência, a função do Estado também foi se modificando. 
Atualmente, o Estado e a sociedade civil participam das decisões do Ente 
Público sobre quais são as prioridades da própria sociedade a serem atendidas, 
bem sobre como as finanças públicas devem ser utilizadas. 
O Estado tem as funções, entre outras, de garantir os direitos sociais e 
regular a economia da nação. Para realizá-las, o Estado desempenha algumas 
 
 
3 
atividades importantes. Entre elas, destacam-se as funções alocativa, 
distributiva e a estabilizadora. 
TEMA 1 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Antes de conceituar a Administração Pública, é necessário entender o que 
é o Estado, que pode ser compreendido como uma pessoa jurídica que tem sua 
formação pela indissociação de três elementos: povo, território e governo. Em 
resumo, o Estado pode ser percebido como um povo dentro de um território 
organizado sobre sua soberana vontade. 
Conforme a Constituição de 1988, a organização político-administrativa 
do Estado Brasileiro integra a união, os estados, o Distrito Federal e os 
municípios, sendo que todos têm autonomia política. Estes entes federados são 
considerados pessoas jurídicas de direito público, conforme o art. 41 do Código 
Civil Brasileiro. Entretanto, eles são chamados de pessoas políticas para 
diferenciá-los das demais pessoas jurídicas de direito público, pois somente eles 
têm autonomia política. 
Constituição Federal de 1988: Art. 18. A organização político-
administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, 
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos 
termos desta Constituição. 
Quando nos deparamos com a ideia de Estado frente à organização 
política do território, percebe-se que o Estado Brasileiro é um estado federado, 
visto que a Constituição de 1988 traz, em seu contexto, que Brasil tem um poder 
político central, que é a união, os poderes regionais – estados e poderes locais, 
que são os municípios, além do Distrito Federal (que acumula os poderes 
estaduais e municipais). Estes entes federativos não possuem hierarquia, já que 
são política, administrativa e financeiramente autônomos, podendo exercer as 
competências que a Constituição lhes atribuiu. 
Conforme a estrutura política, o Estado tem uma divisão estrutural, 
denominada Poderes, que faz com que o poder emanado pelo povo não seja 
concentrado em apenas uma pessoa ou órgão. Os Poderes são divididos em 
Legislativo, Judiciário e Executivo, conforme o art. 2º da Constituição Brasileira. 
Ressalta-se que a função administrativa é predominantemente exercida pelo 
Poder Legislativo. Todavia, a Constituição não adota um modelo de rígida 
separação. O Judiciário e o Executivo também executam atividades atípicas, ou 
 
 
4 
seja, funções materialmente administrativas, que são regidas pelo direito 
administrativo. 
Constituição Federal de 1988: Art. 2º São Poderes da União, 
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário. 
O conceito de governo se considera um conjunto de órgãos responsáveis 
pela função política do Estado. No Brasil, o sistema de governo adotado pela 
Carta Magna de 1988 é o presidencialista, cujo chefe do Poder Executivo Federal 
é o Presidente da República. Suas responsabilidades de organização e estrutura 
estão elencadas nos artigos 61 e 84 da Constituição Federal de 88. 
A forma de governo brasileira é republicana, ou seja, os governantes são 
legitimados pelo povo de forma direita ou indireta. Eles devem exercer suas 
atividades de forma temporal, representando o povo e prestando contas. 
A Administração Pública compreende todos os órgãos do governo que 
exercem função política, assim como os órgãos e pessoas jurídicas que exercem 
funções administrativas. Neste caso, a funções políticas são determinações de 
políticas públicas. Já as funções administrativas são a execução destas políticas 
públicas e são pautadas por lei. 
Existem instituições da Administração Pública que exercem função 
administrativa. Outras desempenham atividades com fins lucrativos, como é o 
caso das empresas públicas e sociedades de economia mista. Contudo, existem 
entidades privadas que, apesar de terem finalidade pública e exercerem funções 
administrativas, não integram a Administração Pública propriamente dito, como 
é o caso das concessionárias de serviços públicos. 
Em suma, a Administração Pública pode ser entendida como o rol de 
pessoas jurídicas e de órgãos que exercem função administrativa do Estado, em 
conformidade com a lei - a administração direta e a administração indireta. No 
entanto, as sociedades de economia mista, as empresas públicas e as 
exploradoras de atividades econômicas são consideradas. 
Existem algumas atividades consideradas próprias da função 
administrativa, como é o caso das seguintes: 
 Serviço público: são prestações oferecidas à sociedade em modo geral, 
por meio da administração pública ou por particulares delegatórios, sob 
regime público. 
 
 
5 
 Polícia administrativa: refere-se às restrições que a administração pública 
impõe aos particulares em benefício do interesse público. 
 Fomento: incentivos (fiscais, concessões de subvenções) para beneficiar 
a iniciativa privada. 
 Intervenção: são os atos realizados pelo Estado, que atuam contra o setor 
privado, com a finalidade de interferência, como é o caso da 
desapropriação e do tombamento. 
A Administração Pública, como ressaltado anteriormente, é formada pelos 
órgãos que compõem as pessoas políticas do Estado, ou seja, a união, os 
estados, o Distrito Federal e os municípios, os quais têm competência 
constitucional para exercer essa prerrogativa, de forma centralizada. 
A Administração Indireta é o rol de pessoas jurídicas – sem autonomia 
política, que estão vinculadas à administração indireta, com competência 
exercida de forma descentralizada. O Decreto-Lei nº 200/1967 traz quem são 
consideradas Administração Indireta: 
 Autarquias; 
 Empresas Públicas; 
 Sociedades de Economia Mista; 
 Fundações Públicas. 
Decreto-Lei nº 200 de 25 de fevereiro de 1967: Art. 4° - A 
Administração Federal compreende: 
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na 
estrutura administrativa da Presidênciada República e dos Ministérios. 
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias 
de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
c) Sociedades de Economia Mista; 
d) Fundações Públicas. 
Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração 
Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver 
enquadrada sua principal atividade. 
Na administração indireta, existem empresas públicas e sociedades de 
economia mista que não tem a finalidade de prestar serviço público, pois atuam 
no domínio econômico. São as que operam na exploração de atividade 
econômica, conforme o art. 173 da Constituição de 1988. 
Constituição Federal de 1988: Art. 173. Ressalvados os casos 
previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade 
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 
 
 
6 
imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, 
conforme definidos em lei. 
§ 1º A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras 
entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime 
jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações 
trabalhistas e tributárias. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem 
atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de 
prestação de serviços, dispondo sobre: 
I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela 
sociedade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, 
inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, 
trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, 
de 1998) 
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, 
observados os princípios da administração pública; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração 
e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos 
administradores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
§ 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não 
poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. 
§ 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado 
e a sociedade. 
§ 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação 
dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário 
dos lucros. 
§ 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes 
da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-
a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados 
contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. 
Outras entidades importantes na estrutura da administração pública são 
as que estão entre a administração direta e a administração indireta. Elas têm o 
objetivo de desempenhar atividades de interesse público, mas sem fins 
lucrativos. São as denominadas entidades paraestatais, compostas por: 
 O Serviços Sociais Autônomos (Sistema S); 
 Organizações sociais; 
 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs); 
 Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES); 
 Entidades de apoio, como é o caso fundações, associações ou 
cooperativas, desde que privadas. 
Desta forma, as organizações paraestatais são pessoas jurídicas 
privadas, sem fins lucrativos, que compõem a administração pública e têm a 
finalidade social. 
 
 
7 
TEMA 2 – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Primeiramente, vamos destacar a diferença entre normas jurídicas e 
princípios. As normas são regras, comandos descritos de maneira formal 
considerando uma hipótese, que terá como consequência a previsão nesta 
normativa. As normas jurídicas são um comando que tem a finalidade de refletir 
numa determinada situação e gerar, no mundo jurídico, sequelas bem definidas. 
Os princípios são condutas que orientam e conduzem o ordenamento 
jurídico. Eles são genéricos, indeterminados e abstratos, e devem estar em todas 
as situações do caso concreto. Porém, tanto as regras quanto os princípios 
devem ser aplicados no caso concreto, visto que os princípios não são intenções 
e resultam em consequências, como é o caso da anulação do ato administrativo 
e a responsabilização do agente público. 
Perceba que existe uma força normativa nos princípios e que, por 
consequência, devem ser considerados um subsistema do ordenamento jurídico. 
Os princípios podem estar explícitos ou implícitos no ordenamento jurídico, mas 
deve ser seguido como um balizador das interpretações legais e das produções 
legislativas. 
Os princípios fundamentais que regem a atividade da administração 
pública estão implícitos ou explícitos na Constituição Federal de 1988. Dentre os 
dispositivos legais que trazem os princípios, destaca-se o art. 37, no seu caput, 
na Carta Magna, que traz alguns princípios; como é o caso da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
Constituição Federal de 1988: Art. 37. A administração pública direta 
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte [...]. 
A Lei 9.784/1999 menciona que a Administração Pública deverá seguir, 
dentro outros, “aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, 
interesse público e eficiência”. 
Existem outros princípios dentro do ordenamento jurídico constitucional 
que se encontram implícitos, descritos na jurisprudência e na doutrina. É 
obrigatória a sua observância em todos os atos da Administração Pública, 
independentemente de qual ente federativo – união, estado, Distrito Federal ou 
 
 
8 
município – ou qual entidade (direta ou indireta) esteja cometendo a ação 
administrativa. 
Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999: Art. 2º A Administração Pública 
obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla 
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
2.1 O princípio da supremacia do interesse público 
O princípio da supremacia do interesse público se trata de um princípio 
implícito, ou seja, não se encontra de forma nítida na Constituição Federal. Esse 
princípio deriva do sistema democrático adotado pelo Brasil, conforme a Carta 
Magna, fazendo com que o Estado brasileiro esteja disciplinado pelo interesse 
público. Assim, a ação do Estado não pode ser submetida à vontade do 
particular, mas sim da coletividade. 
Sempre que houver um conflito, entre os interesses público e privado, o 
Estado deverá assegurar o primeiro, observando, contudo, os direitos e 
garantias dos indivíduos particulares, conforme a Constituição. 
2.2 O princípio da indisponibilidade do interesse público 
Este princípio é, junto ao princípio da supremacia do interesse público, um 
dos pilares do regime jurídico da administração, pois deles derivam todas as 
limitações das atividades públicas, visto que o Estado não é dono dos bens ou 
interesses públicos, mas sim o povo. Devido à administração pública ser 
meramente uma administradora da sociedade, os bens e interesses públicos são 
indisponíveis, ou seja, não pode o Estado ou os agentes públicos se utilizarem 
deles em prol de si mesmo. 
Os direitos e interesses públicos são de titularidade da coletividade. Já a 
administração não pode renunciar esses bens em nome da sociedade, além de 
não poderem onerar injustificadamente o cidadão. 
2.3 Princípio da legalidadeEsse princípio é a base do Estado, pois dele discorre a ideia de Estado de 
direito, no qual todos os envolvidos devem agir dentro das normativas legais. 
Nenhum agente público poderá realizar qualquer ação que não esteja pautada 
na lei. O inciso II do art. 5º da Constituição Brasileira prevê que "ninguém será 
obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Este 
 
 
9 
princípio se estabelece também para proteger os indivíduos particulares contra 
o poder do Estado. 
2.4 Princípio da moralidade 
O princípio da moralidade faz com que as atuações dos agentes públicos 
sejam pautadas na ética. Porém, a moral administrativa se difere da moral 
comum. A moral administrativa é jurídica e pode invalidar os atos da 
administração, caso não estejam em conformidade com esse princípio. Os atos 
administrativos que não sejam realizados de acordo com a moral administrativa 
devem ser considerados nulos. 
O Poder Judiciário realiza, dentro de sua competência, o controle de 
legalidade e de legitimidade, ou seja, verifica quais os atos administrativos que 
o servidor público tem autonomia de exercer, conforme a lei. 
2.5 Princípio da impessoalidade 
A ideia central deste princípio é impedir que o ato administrativo seja 
realizado com o objetivo de satisfazer interesses pessoais do agente ou de 
terceiros, uma vez que os atos administrativos devem atender apenas à vontade 
da lei de forma abstrata. Portanto, o princípio da impessoalidade evita que ocorra 
perseguições, favorecimentos e discriminações. Quando um ato administrativo 
é praticado com a finalidade diferente do interesse público, ele será considerado 
nulo por desvio de finalidade. Este princípio também tem como objetivo impedir 
que os administradores públicos utilizem propaganda oficial ou obras, por 
exemplo, como promoção pessoal. 
2.6 Princípio da publicidade 
Este princípio traz dois sentidos importantes: 
1. A obrigatoriedade de publicação dos atos administrativos, em via oficial, 
para que eles sejam considerados válidos e produzam efeitos. 
2. A necessidade de transparência nas ações administrativas. 
 A publicidade é um requisito para que o ato administrativo produza efeito 
jurídico. Porém, este ato não é totalmente inválido, visto que em várias situações 
 
 
10 
a ausência de publicidade faz com que o ato seja válido, mas não produza o 
efeito legal. 
Quando um ato administrativo não é publicado, é difícil atestar que ele 
existiu. Logo, o ato não pode sofrer nenhum tipo de controle. Diante disso, a Lei 
9.784/1999 prevê que, no âmbito federal, os atos administrativos devem ser 
divulgados, salvo aqueles que os sigilos estão previstos na Constituição. Nesta 
mesma linha, o art. 61 da Lei 8.666/1993, parágrafo único, observa que para os 
contratos administrativos terem eficácia, é indispensável a publicidade. 
2.7 Princípio da eficiência 
O princípio da eficiência foi introduzido no art. 37 da Constituição pela 
Emenda Constitucional 19/1998. A partir de então, a eficiência também deve ser 
aplicada a todos os atos administrativos de todos os Poderes da Federação. 
Sendo assim, a administração deve ser pautada por uma gestão mais produtiva, 
econômico, ágil e com resultados positivos. 
O princípio da eficiência pode ser interpretado de duas formas: 
1. Quando o agente público exerce sua função de forma a obter melhores 
resultados; 
2. Quando a Administração Pública, propriamente dito, se organiza, se 
estrutura e se disciplina de forma a prestar um serviço público com 
melhores resultados. 
2.8 Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade 
Apesar dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade não 
estarem expressamente descritos na Constituição, eles devem ser aplicados 
também na Administração Pública, sobretudo nos atos sancionadores do 
Estado, ou seja, nos atos que impliquem restrições do direito do administrado. 
Neste caso, estes princípios são utilizados para pautar as ações dos servidores 
públicos, que devem ser razoáveis mediante as situações reais e utilizarem 
sanções proporcionais ao ato gravoso. O princípio da razoabilidade e da 
proporcionalidade mediam as ações dos servidores públicos que, frente a um 
caso concreto, devem executar esses atos de forma adequada, sem excessos. 
 
 
11 
2.9 Princípio da autotutela 
Refere-se a um poder que a Administração Pública possui de controlar 
seus próprios atos, tanto no âmbito do mérito quanto da legalidade. Apesar de a 
própria Administração Pública poder rever seus próprios atos e anulá-los, isso 
não exclui a responsabilidade do poder judiciário em averiguar os atos da 
Administração. Em síntese, o princípio da autotutela é entendido como a 
autorização que a Administração Pública tem de rever e anular seus próprios 
atos. 
2.10 Princípio da continuidade do serviço público 
O serviço público a que esse princípio faz alusão a todas as atividades 
realizadas pela administração pública regidas pelo direito público, com exceção 
das ações que o Estado realiza como agente econômico, assim como as ações 
da seara política do governo e das áreas legislativa e jurisdicional. 
São considerados serviços públicos as atividades que o Estado presta à 
coletividade sob o regime de direito público e cuja interrupção tende a prejudicar 
a sociedade. A observância deste princípio é obrigatória para a Administração 
Pública e para os particulares que exercem essa atividade sob o regime de 
delegação. 
ROTA 3 – TEORIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS 
Para entender sobre as finanças públicas, é necessário compreender 
cada parte que a compõe, além de analisá-la no contexto da realidade social. 
Antes disso, destacaremos o significado de orçamento, despesas públicas, 
tributos e das demais receitas públicas não tributárias. 
O conceito de finanças considera a situação do indivíduo (pessoa jurídica 
ou física de direito privado ou público) com seus bens e direitos. As finanças são 
o conjunto de recursos econômicos que os indivíduos possuem e tem o objetivo 
de satisfazer suas necessidades. Tais recursos podem ser moedas nacionais ou 
estrangeiras e outros tipos de bens, como é o caso de imóveis, por exemplo. 
Assim, os recursos podem ser de fácil alienação ou não. 
As finanças também se referem à mesma pessoa (titular do ativo) e à 
necessidade de verificação do montante do passivo. Isto é necessário verificar 
 
 
12 
para todos os direitos e deveres. Logo, obtém-se a posição patrimonial líquida 
do indivíduo, a qual se verifica subtraindo-se o ativo do passivo. 
A posição econômica e financeira de um indivíduo, seja de direito público 
ou privado, é avaliada por meio de: 
 Mecanismo de quantificação dos bens, direitos e deveres (salvo os já 
expressos em moeda corrente, como é ocaso dos saldos da conta 
corrente); 
 Sistema de ênfase, controle e gerenciamento a longo prazo. 
O modelo que for adotado para ressaltar as finanças – públicas ou 
privadas – deve conter grupos de contas que demonstrem a realidade da 
atividade empresarial, que contenham o registro e contabilização dos atos e fatos 
importantes e que apresentem uma demonstração financeira adequada, com 
exatidão no controle e na gestão do instituto, além de informar as situações: 
 Patrimonial; 
 Financeira; 
 Orçamentária. 
O mecanismo de quantificação monetária dos bens, direitos, deveres e 
demonstrações financeiras que ressaltam as finanças de um instituto são 
pressupostos para as finanças públicas, sobretudo com relação aos tributos, que 
são a fonte de arrecadação de recursos. 
 
Vídeo 
 Assista à aula sobre Orçamento e Finanças Públicas da Professora Taís 
Flores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=tQP9Rp5dC9I>. 
ROTA 4 – FUNÇÕES DO GOVERNO: FUNÇÃO ALOCATIVA, FUNÇÃO 
DISTRIBUTIVA E FUNÇÃO ESTABILIZADORA 
A teoria das finanças públicas está pautada na existência de imperfeições 
de mercado.Neste caso, a presença do Estado é necessária, assim como 
analisar as suas funções, a teoria da tributação e o gasto público. São três as 
funções do governo: 
1. Função alocativa; 
 
 
13 
2. Função distributiva; 
3. Função estabilizadora. 
A primeira função, a alocativa, sai do pressuposto de que o mercado opera 
com falhas. Se não houver a interferência do Estado, o resultado social será 
danoso. Por isso, a interferência do Estado impede ou reduz a produção de 
certos bens e serviços, além de estimular a produção de outros mais benéficos 
à sociedade. A função alocativa se refere, portanto, à atuação do governo na 
produção de bens, visando ao bem-estar social, sobretudo para restabelecer as 
falhas de mercado – desemprego, presença de externalidades e mercados 
incompletos, competição imperfeita, entre outros distúrbios da economia. 
Por meio de Orçamento Público, o Estado realiza locações de recursos 
para outras entidades para que atuem na oferta de bens à sociedade. Entre elas, 
destaca-se os investimentos governamentais na pesquisa e desenvolvimento 
(P&D), que têm como finalidade desenvolver tecnologia básica para a sociedade 
na tentativa de estimular o mercado na produção de novas tecnologias, e por 
consequência, tornar o mercado brasileiro mais competitivo. 
A segunda função do Estado é a estabilizadora, que consiste na ideia de 
ações do governo alusivas a políticas monetárias, fiscais e cambiais com o 
objetivo de diminuir efeitos das crises econômicas. A função estabilizadora da 
economia permite que o Estado atue na diminuição das taxas de inflação, do 
desemprego, entre outros, visando ao bom funcionamento do sistema financeiro. 
As políticas públicas que versam sobre a economia da sociedade – sejam 
elas políticas cambiais, monetárias, de crédito e de tarifas de bens importados –
são chamadas de politicas contracíclicas. Quando a economia está sob pressão 
inflacionária, o governo tende a reduzir os gastos públicos e aumentar os juros 
para que a economia da sociedade não entre em recessão. Outra forma de 
atuação do governo considerada função estabilizadora é quando o Estado atua 
sobre as taxas de juros aos consumidores. Ao estimular o consumo e aquecer a 
economia, a Administração Pública desenvolve uma política pública que diminui 
as taxas dos bancos. 
Enfim, a função estabilizadora tem como forma de atuação a política 
orçamentária, que emprega ações de redução de gastos públicos (consumo e 
investimento) ou de diminuição de alíquotas de impostos, o que gera uma maior 
renda ao setor privado. Mesmo que o mercado seja um mecanismo de alocação 
de recursos, às vezes ele não tem muita eficácia, como é o caso dos monopólios. 
 
 
14 
Por isso, justifica-se a intervenção do Estado com a finalidade de reorganizar a 
economia por meio da produção e dos bens públicos na limitação do poder dos 
monopólios. 
Por fim, a função distribuidora decorre da ideia de que o mercado é apto 
a desenvolver a produção, mas não de entregá-la. Quanto mais bem-sucedidas 
as instituições de produção, mais ganhos econômicos obterá. Sobrevive no 
mercado aquele que mais se adapta e os que não se amoldam ao mercado 
tendem a desaparecer. Da mesma forma, quanto mais o governo é liberal, mais 
o mercado cria riquezas. Por consequência, ocorre a desigualdade. A sociedade 
sócio-democrata tende a contrabalançar o mercado econômico. 
Desta maneira, a função distributiva tem o objetivo de organizar a 
distribuição de renda resultante da produção (capital, trabalho e terra) e da venda 
dos serviços no mercado econômico. Os mecanismos utilizados para essa 
redistribuição são as transferências, os impostos e os subsídios do governo, com 
a finalidade de uma justa distribuição. 
 
Vídeo 
Para se aprofundar neste tema, assista ao vídeo Funções do Governo - 
Finanças Públicas/Economia do Setor Público. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=0PTqfBTeEX8>. 
ROTA 5 - TEORIA DA TRIBUTAÇÃO 
Para que o Estado exerça suas funções – alocativa, estabilizadora e 
distributiva – são necessários recursos. A principal fonte de renda do Estado é a 
tributação, que advém dos indivíduos da sociedade. Esses tributos são criados 
mediante a lei e são cobrados pelo Estado, impedindo que entidades privadas 
recebam esse valor pecuniário. O conceito de tributo vem elencado no Código 
de Tributação Nacional, no seu art. 3º. 
Código de Tributação Nacional: Art. 3º Tributo é toda prestação 
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa 
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e 
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
A arrecadação do Estado deve ser equalizada de forma que os cidadãos 
não tenham dificuldade de pagá-la e, assim, não se crie risco à economia do país 
nem force os contribuintes a sonegar o tributo, com o intuito de sobreviver. O 
 
 
15 
sistema tributário deve ser o mais neutro possível, a ponto de não causar 
impactos sobre os empresários, trabalhadores e consumidores. 
Os tributos sofrem influência de alguns princípios que pautam esse 
sistema. Entre eles, destacam-se: 
 A capacidade contributiva dos cidadãos: o Estado deve levar em conta a 
justiça social no momento de tributar a renda do contribuinte. Este 
princípio diz que cada indivíduo deve contribuir com o Estado para as 
despesas da sociedade de acordo com seus recursos econômicos. Quem 
é possuidor de maior riqueza deve contribuir mais para a manutenção do 
Estado; 
 As regras para a fixação de impostos evitando arbitragens: este princípio 
tem como pressuposto que os Estados não realizarão atos que venham a 
prejudicar o contribuinte. A Constituição prevê que todos os impostos 
devem derivar de lei para que a sociedade não seja surpreendida com um 
tributo, limitando o poder do Estado quanto a novos tributos; 
 A facilidade para os contribuintes: o Estado deve utilizar-se de mecanismo 
de facilitação para a cobrança dos impostos, que devem ser cobrados de 
maneira que os contribuintes possam pagá-los; 
 O baixo custo do sistema arrecadador: não há sentido em o valor 
arrecadado do tributo ser menor que o custo do mecanismo de 
arrecadação. Por isso, a máquina arrecadadora deve ter um custo mínimo 
possível; 
 A eficiência econômica: esse princípio refere-se à ideia de que a atividade 
econômica do indivíduo não pode ser afetada negativamente pelos 
impostos. As distorções alocativas resultam na perda de capacidade 
produtiva dos contribuintes, minimizando o potencial de tributos a serem 
arrecadados. 
Os tributos estão proporcionalmente ligados à situação financeira do seu 
contribuinte. Quanto mais alto for o tributo, maior o impacto dele na vida do 
indivíduo que o paga. Isso leva a entender que a tributação é uma questão 
política, pois serve para assessorar a sociedade mais carente. 
Constituição Federal de 1988: Art. 145, § 1º Sempre que possível, 
os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a 
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração 
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, 
identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o 
 
 
16 
patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do 
contribuinte. 
Um dos objetivos da tributação é a “cidadania tributária”, ou seja, os 
contribuintes devem saber para que o tributo é destinado, podendo solicitar a 
sua prestação de contas e exigir que essa arrecadação seja melhor utilizada. 
A incidência tributária é a norma que legisla sobre o tributo e o 
contribuinte, pois a intenção do Estado é tributar o indivíduo de forma mais 
acentuada. A incidência formal é aquela em que a lei determina de quem 
determinado tributo é cobrado. Já a incidência real é aquela em que o tributo 
realmente recai. O Estado pode escolher quem será afetado pela tributação. 
Outro conceito importante é a renda, que significaa capacidade 
contributiva. Ela poder ser variada de pessoa para pessoa, de acordo com suas 
despesas. Para Lima (2017), o conceito de renda é considerado “uma soma 
algébrica dos bens consumidos mais a mudança no valor dos direitos de 
propriedade de determinado período”. Este conceito abrange o consumo real 
mais o aumento de patrimônio. 
Basicamente, o Estado tenta coibir artifícios dos contribuintes para o não 
pagamento de seus tributos, como a sonegação do imposto de renda. 
TROCANDO IDEIAS 
 A Gestão de Finanças Públicas é um tema que merece ser estudado com 
mais profundidade. Caso você queira entender melhor sobre o assunto, consulte 
o livro Finanças públicas no Brasil: uma abordagem orientada para políticas 
públicas, de Pedro Jucá Maciel. 
 Aproveite também para assistir a uma aula com questões atuais sobre a 
relação jurídico-tributária e um debate a hipótese de incidência tributária. 
Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=eCbOSdh1-d0>. 
FINALIZANDO 
No Brasil, uma administração só pode ser considerada pública conforme 
diretrizes estabelecidas juridicamente, constituindo um rol de pessoas jurídicas 
e de órgãos que exerçam a função administrativa do Estado, em conformidade 
com a lei - a administração direta e a administração indireta. Ainda assim, as 
sociedades de economia mista, as empresas públicas e as exploradoras de 
atividades econômicas também são consideradas. 
 
 
17 
Conforme mencionado anteriormente, a Administração Pública é formada 
pelos órgãos que compõem as pessoas políticas do Estado, ou seja, a união, os 
estados, o Distrito Federal e os municípios, que têm competência constitucional 
para exercer essa prerrogativa de forma centralizada. 
A administração indireta é o rol de pessoas jurídicas – sem autonomia 
política – que está vinculado à administração indireta, que tem sua competência 
exercida de forma descentralizada. O Decreto-Lei 200/1967 determina quem são 
consideradas Administração Indireta: 
 Autarquias; 
 Empresas Públicas; 
 Sociedades de Economia Mista; 
 Fundações Públicas. 
Os princípios que norteiam a Administração Pública são: 
 O princípio da supremacia do interesse público; 
 Princípio da indisponibilidade do interesse público; 
 Princípio da legalidade; 
 Princípio da moralidade; 
 Princípio da impessoalidade; 
 Princípio da publicidade; 
 Princípio da eficiência; 
 Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade; 
 Princípio da autotutela; 
 Princípio da continuidade do serviço público. 
As finanças públicas correspondem ao mecanismo de quantificação 
monetária dos bens, direitos, deveres e das demonstrações financeiras, que 
representam a situação financeira de uma instituição. 
A teoria das finanças públicas está pautada na existência de imperfeições 
de mercado. Neste caso, a presença do Estado é necessária, assim como 
analisar as suas funções, a teoria da tributação e o gasto público. São três as 
funções do governo: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora. 
Para que o Estado exerça estas funções são necessários recursos. Neste 
caso, a principal fonte de renda do Estado é a tributação, que advém dos 
indivíduos da sociedade. Esses tributos são criados mediante a lei e são 
 
 
18 
cobrados pelo Estado, impedindo que entidades privadas recebam este valor 
pecuniário. 
A arrecadação do Estado deve ser equalizada de forma que os cidadãos 
não tenham dificuldade de pagá-la e, assim, não se crie risco à economia do país 
nem force os contribuintes a sonegar o tributo, com o intuito de sobreviver. O 
sistema tributário deve ser o mais neutro possível, a ponto de não causar 
impactos sobre os empresários, trabalhadores e consumidores. 
Os tributos sofrem influência de alguns princípios que pautam esse 
sistema. Entre eles, destacam-se: 
 A capacidade contributiva dos cidadãos; 
 As regras para a fixação de impostos; 
 A facilidade para os contribuintes; 
 O baixo custo do sistema arrecadador; 
 A eficiência econômica. 
Os tributos estão proporcionalmente ligados à situação financeira do seu 
contribuinte. 
NA PRÁTICA 
1. (Questão de Concurso – IBFC): Leia as afirmações abaixo e assinale a 
alternativa correta. 
 
I. A alocação de recursos pela atividade estatal acontece quando não houver 
eficiência da iniciativa privada ou quando a natureza da atividade indicar a 
necessidade da presença do Estado. 
II. O Estado deverá controlar os setores que produzem em bem público, 
entendido como o bem que não se limita a um único consumidor, mas deve estar 
à disposição de todos. 
III. Para financiar a produção de bens públicos, o setor governamental utiliza-se 
da tributação, ou seja, dos impostos cobrados direta ou indiretamente dos 
agentes econômicos e dos cidadãos. 
 
a. Todas as afirmações estão corretas. 
b. Nenhuma das afirmações está correta. 
c. Somente a afirmação I está correta. 
 
 
19 
d. Somente a afirmação II está correta. 
e. Somente a afirmação III está correta. 
 
2. (Questão de Concurso – Banca COMPERVE – 2017): A Administração 
Pública, nos termos do art. 37 da Constituição Federal, deve obedecer a certos 
princípios. Tendo em vista os princípios constitucionais expressos no art. 37: 
 
a. a moralidade administrativa, embora seja observada por grande parte dos 
administradores, não se configura um princípio positivado no ordenamento 
jurídico brasileiro. 
b. a publicação do nome dos servidores públicos com seus respectivos 
vencimentos em sítios eletrônicos, de acordo com o entendimento do Supremo 
Tribunal Federal, é legítima, haja vista o princípio da publicidade dos atos 
administrativos. 
c. o princípio da legalidade determina que a Administração Pública não pode ser 
obrigada a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. 
d. o princípio da impessoalidade, de acordo com o entendimento do Supremo 
Tribunal Federal, possibilita a contratação de parentes de terceiro grau da 
autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão. 
 
3. (Questão de Concurso – Banca CESPE – 2011): Em relação à administração 
pública brasileira, assinale a opção correta. 
 
a. Cabe à união exercer a soberania do Estado brasileiro perante todos os seus 
cidadãos, utilizando, inclusive, em caso de necessidade, meios coercivos. 
b. Em relação ao controle da administração pública federal, os controles contábil, 
financeiro, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da administração 
pública são de responsabilidade exclusiva dos órgãos internos dessa 
administração. 
c. Os órgãos públicos descentralizam as atividades da administração pública. 
d. A administração pública opera todas as funções necessárias para atingir o 
objetivo do Estado e satisfazer o interesse público. 
e. Os órgãos públicos podem ser classificados em simples e compostos. 
 
4. (Questão de Concurso – Banca FCC – 2011): Considere: 
 
 
20 
 
I. Na gestão pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. 
II. Tanto na gestão pública como na gestão privada, só é lícito fazer o que a lei 
autoriza. 
III. Na gestão privada, as fronteiras demográficas são bem definidas. 
 
Considerando as convergências e diferenças entre a gestão pública e privada, 
está correto o que consta APENAS em: 
a. I. 
b. II. 
c. III 
d. II e III 
e. I e III 
 
5. (Questão de Concurso – Banca ESAF – 2010): Segundo a Teoria da 
Tributação, é correto assumir que um sistema tributário ótimo depende: 
 
a. de um conjunto de instrumentos fiscais, das preferências das famílias e dos 
pesos sociais atribuídos ao bem-estar de diferentes indivíduos. 
b. da estrutura tributária, da progressividade do imposto de renda e de 
impostos sobre valor agregado. 
c. do nível de descentralização da receita e da despesa, da preferência dos 
consumidores e da política monetária. 
d. da independência do Banco Central e da Secretaria do Tesouro, da 
anualidade do orçamento e da existênciade IVA. 
e. da progressividade do sistema tributário, da relação tributação direta-
indireta e da participação da carga tributária no PIB. 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
BEHR, A. Contabilidade aplicada ao setor público estudos e práticas. Rio 
de Janeiro: Atlas, 2016. 
BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade aplicada ao setor público: abordagem 
simples e objetiva. São Paulo: Atlas, 2015. 
COUTINHO, A. D. Manual de Direito Administrativo – Volume Único. Rio de 
Janeiro: Método, 2015. 
DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na administração pública: concessão, 
permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. 10. 
ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
FÓRUM DESENVOLVE LONDRINA, 11, 2016, Londrina. Gestão pública: um 
passo para mudanças históricas: republicanismo, meritocracia, 
governança. Londrina: Imaginacom, 2016. 104 p. 
FURTADO, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4. ed. Belo Horizonte: 
Fórum, 2013. 
MARQUES, M. C. Improbidade Administrativa: temas atuais e controvertidos. 
Rio de Janeiro: Forense, 2016. 
MENDES, G. F.; CARNEIRO, R. A. Gestão Pública e Direito Municipal: 
Tendências e Desafios. São Paulo: Saraiva Educação, 2016. 
MATIAS-PEREIRA, J. Manual de Gestão Pública Contemporânea. 5. ed. Rio 
de Janeiro: Atlas, 2016. 
MACIEL, P. J. Finanças públicas no Brasil: uma abordagem orientada para 
políticas públicas. Revista Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 47, n. 5, 
set./out. 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-
76122013000500007>. Acesso em: 6 set. 2017. 
SIQUEIRA, M. L.; RAMOS, F. S. A Economia da Sonegação: Teorias e 
Evidências Empíricas. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, 
v. 9, p. 555-581, set./dez. 2005. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/rec/v9n3/v9n3a04.pdf>. Acesso em: 6 set. 2017. 
 
 
 
22 
GABARITO 
1. Resposta correta: a. 
 
Comentário: Para atingir esses objetivos – estabilidade, crescimento e correção 
das falhas de mercado –, o governo intervém na economia, utilizando-se do 
Orçamento Público e das funções orçamentárias. As três funções orçamentárias 
clássicas apontadas pelos autores são: 
1. Função alocativa – relaciona-se à alocação de recursos por parte do 
governo a fim de oferecer bens e serviços públicos puros (por exemplo, 
ex.: rodovias, segurança, justiça) que não seriam oferecidos pelo mercado 
ou seriam em condições ineficientes; bens meritórios ou semipúblicos 
(ex.: educação e saúde); e criar condições para que bens privados sejam 
oferecidos no mercado pelos produtores, corrigir imperfeições no sistema 
de mercado (como oligopólios) e corrigir os efeitos negativos de 
externalidades. 
2. Função distributiva – visa tornar a sociedade menos desigual em termos 
de renda e riqueza, através da tributação e de transferências financeiras, 
subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais 
pobres da população etc. (ex.: Fome Zero, Bolsa Família, destinação de 
recursos para o SUS, que é utilizado por indivíduos de menor renda). O 
governo tributa e arrecada de quem pode pagar e os distribui/redistribui a 
quem tem pouco ou nada tem, através de programas sociais. 
3. Função estabilizadora – é a aplicação das diversas políticas econômico-
financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível de 
emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico, 
mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras 
medidas de intervenção econômica (controles por leis, limitação etc.). 
 
2. Resposta correta: b. 
 
Comentário a: Constituição Federal de 1988: Art. 37. A administração pública 
direta e indireta de qualquer dos poderes da união, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte. 
 
 
23 
 
Comentário b: Publicidade: A administração deve evidenciar para toda a 
sociedade a maneira, onde e como os recursos públicos estão sendo aplicados. 
O principal instrumento de exteriorização utilizado pela administração é o Diário 
Oficial, porém a publicidade pode se dar por meio de boletins internos, certidões, 
jornais de grande circulação ou, até mesmo, pela internet, não sendo 
considerada a divulgação na TV ou rádio. 
 
Inciso XXXIII do Artigo 5 da Constituição Federal de 1988. Todos 
têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu 
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão 
prestados no prazo de lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas 
aquelas cujo sigilo seja imprescindível a segurança da sociedade e do 
Estado. 
 
Comentário c: A Administração Pública está vinculada à legalidade estrita. O 
agente público somente pode fazer o que a lei manda, ao contrário do particular, 
que pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe. Este princípio supracitado está 
implícito no art. 5º, inciso II da Constituição, que expõe “ninguém será obrigado 
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, indo ao encontro 
do disposto também no art. 5º, inciso XXXIX, que diz “não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. 
 
Comentário d: Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou 
parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, 
da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em 
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em 
comissão , de confiança ou de função gratificada na administração pública direta 
e indireta em qualquer dos poderes da união, dos Estados, do Distrito Federal e 
dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola 
a Constituição Federal. 
 
3. Resposta correta: d. 
 
Comentário a: A união não tem soberania, quem tem é o país. A união tem 
autonomia. 
Comentário b: Controle político e financeiro é interno e externo. 
Comentário c: Desconcentram. 
 
 
24 
Comentário d: Correta. O objetivo do Estado é de interesse público. 
Comentário e: Correta. Os órgãos podem ser classificados: 
1. Quanto a sua estrutura: simples ou composto; 
2. Quanto a sua atuação funcional (composição): singulares ou colegiados; 
3. Quanto a sua posição estatal: independentes, autônomos, superiores ou 
subalternos; 
4. Quanto a sua esfera de ação: centrais ou locais. 
 
4. Resposta correta: A. 
 
Comentário I: Princípio da legalidade em estrito censo (c). 
Comentário II: O erro está em afirmar que o princípio da legalidade se aplica 
igualmente à administração pública e privada. A administração pública só pode 
fazer o que a lei permite. A privada pode fazer tudo que a lei não proíbe (princípio 
da legalidade lato senso) (e). 
Comentário III: Incorreto, pois na gestão privada as fronteiras não são 
claramente definidas, ao contrário do que afirma o item e. 
 
5. Resposta correta: a. 
1
Profa. Karla R. Santos 
Ribeiro
Gestão de Finanças 
Públicas
Aula 1
Conversa Inicial
Administração Pública
Princípios da Administração Pública
Teoria das finanças públicas
Função do governo: 
função alocativa, função 
distributiva e 
função estabilizadora
Teoria da tributação
O objetivo desta aula é discorrer 
sobre os fundamentos básicos da 
Gestão de Finanças Públicas, bem 
como oportunizar aos alunos 
aprimoramento de 
conhecimentos, 
habilidades e atitudes no 
que refere ao Estado, 
principalmente à Gestão 
de Finanças Públicas
Administração 
Pública
Administração 
Pública compreende 
todos os órgãos do 
governo que exercem 
função política, bem 
como os órgãos e 
pessoas jurídicas que 
exercem funções 
administrativas
2
Administração Pública
Administração direta
Administração indireta
Autarquias 
Fundações públicas
Empresas públicas
Sociedade de 
economia mista
Atividades 
consideradas próprias 
da função 
administrativa:
Serviço público 
Polícia 
administrativa 
Fomento 
IntervençãoAdministração Pública: 
é um rol de pessoas 
jurídicas e de órgãos 
que exercem função 
administrativa do 
Estado, em 
conformidade com a lei 
– a administração 
direta e a 
administração indireta
Todavia, as 
sociedades de 
economia mista e as 
empresas públicas, 
bem como as 
exploradoras de 
atividades 
econômicas, também 
são consideradas
Princípios da 
Administração Pública
Constituição Federal, 
art. 37: A administração 
pública direta e indireta 
de qualquer dos 
Poderes da União, dos 
estados, do Distrito 
Federal e dos 
municípios (...)
3
(...) obedecerá aos 
princípios de 
legalidade, 
impessoalidade, 
moralidade, 
publicidade e 
eficiência [...]
Princípio da 
publicidade
Princípio da eficiência
Princípio da 
razoabilidade e da 
proporcionalidade
Princípio da autotutela
Princípio da 
continuidade do 
serviço público
Teoria das 
finanças públicas
Finanças: conjunto de recursos 
econômicos que os indivíduos 
possuem cujo objetivo é satisfazer 
suas necessidades
Esses recursos 
financeiros podem ser 
moedas nacionais ou 
estrangeiras ou, ainda, 
outros tipos de bens, 
como imóveis
Mecanismo de 
quantificação dos bens, 
direitos, deveres, salvo 
os já expressos em 
moeda corrente, como 
é o caso dos saldos da 
conta corrente
Sistema de ênfase, 
controle e gerência a 
longo prazo
Patrimonial
Financeira 
Orçamentária
4
Funções do governo: 
alocativa, distributiva 
e estabilizadora
Função alocativa
Função distributiva
Função estabilizadora
A função alocativa
refere-se à atuação do 
governo na produção 
de bens, visando ao 
bem-estar social, 
principalmente na 
tentativa de 
restabelecer as falhas 
de mercado (...)
(...) como 
desemprego, presença 
de externalidades e 
mercados incompletos, 
competição imperfeita, 
entre outros distúrbios 
da economia
A função 
estabilizadora 
consiste na ideia de 
ações do governo no 
que se refere a 
políticas monetárias, 
fiscais e cambiais, 
com o objetivo de 
diminuir efeitos das 
crises econômicas
A função distribuidora decorre da 
ideia que o mercado é apto a 
desenvolver a produção, mas não 
de entregá-la
Quanto mais bem-
sucedidas as instituições 
de produção do mercado, 
mais ganhos econômicos 
serão obtidos
5
Teoria da tributação
Lei nº 5.172, de 1966, art. 3º: 
Tributo é toda prestação pecuniária 
compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que 
não constitua sanção de 
ato ilícito, instituída em
lei e cobrada mediante 
atividade administrativa 
plenamente vinculada
Constituição Federal, 
art. 145, parágrafo 1º, 
sobre o princípio da 
capacidade contributiva: 
Sempre que possível, os 
impostos terão caráter 
pessoal e serão 
graduados segundo a 
capacidade econômica 
do contribuinte, (...)
(...) facultando à administração 
tributária, especialmente para 
conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os 
direitos individuais e nos 
termos da lei, o 
patrimônio, os 
rendimentos e as 
atividades econômicas 
do contribuinte
O Estado tenta coibir 
artifícios dos 
contribuintes para o não 
pagamento de tributos, 
principalmente no que 
se refere à declaração 
de renda de forma 
enganosa
Na Prática
6
(Banca CESPE –
2011) Em relação à 
administração 
pública brasileira, 
assinale a opção 
correta.
A) Cabe à União 
exercer a soberania 
do Estado brasileiro 
perante todos os 
seus cidadãos, 
utilizando, inclusive, 
em caso de 
necessidade, meios 
coercivos
B) Em relação ao controle da 
administração pública federal, os 
controles contábil, financeiro, 
operacional e patrimonial 
dos órgãos e entidades 
da administração pública 
são de responsabilidade 
exclusiva dos órgãos 
internos dessa 
administração
C) Os órgãos públicos 
descentralizam as 
atividades da 
administração pública
D) A administração 
pública opera todas as 
funções necessárias 
para atingir o objetivo 
do Estado e satisfazer 
o interesse público
E) Os órgãos públicos 
podem ser 
classificados em 
simples e compostos
Finalizando
7
Nesta aula, você estudou alguns 
temas muito relevantes: 
Administração 
Pública
Princípios da 
Administração 
Pública
Teoria das finanças 
públicas
Funções do governo: 
alocativa, 
distributiva 
e estabilizadora
Teoria da tributação
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GESTÃO DE FINANÇAS 
PÚBLICAS 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Karla Regina Quintiliano Santos Ribeiro 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Bem-vindo à disciplina de Gestão de Finanças Públicas. 
O Estado, assim como as pessoas físicas ou jurídicas, para desenvolver 
suas atividades, contrai alguns direitos, bem como assume obrigações 
financeiras, visto que, para desenvolver suas atribuições, muitas vezes é 
necessário a realização de compras de produtos e serviços. 
Nesse contexto, verifica-se que o Estado tem um fluxo de recursos 
financeiros que devem ser geridos, por isso é importante a presença de uma 
área financeira, orçamentária e patrimonial oriunda ao Estado. Ressalta-se que 
nessas áreas a contabilidade deverá ser um instrumento de gestão imposto por 
normativa legal. 
Lembre-se de ainda que a contabilidade que norteia a gestão pública está 
conceituada na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 16.1/2012 e se 
baseia principalmente na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, e deve ser aplicada 
a todas as organizações (públicas ou privadas) que recebam de forma direta ou 
indireta recursos advindos do Estado. Observa-se ainda que a contabilidade tem 
como finalidade a defesa, o controle e a gestão do patrimônio público. Bom 
estudo! 
 
Vídeos 
Sobre contabilidade pública: CONTABILIDADE pública: conceitos atuais. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wg1VJ65d0Xc>. Acesso 
em: 11 set. 2017. 
CONTEXTUALIZANDO 
A gestão pública é pautada pela utilização da contabilidade aplicada ao 
setor público, que tem como objetivo a coleta, o registro e o controle de todos os 
atos e fatos relacionados ao patrimônio público e suas alterações, bem como 
acompanha a execução do orçamento. 
A contabilidade vem sido aprimorada, principalmente, após a 
promulgação do Código de Contabilidade da União, de 1922. Em seguida, 
verifica-se a Lei n. 4.320/1964, que institui normas gerais de direito financeiro 
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços, seja no âmbito da União, 
ou ainda, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. 
 
 
3 
Reforça-se que a Contabilidade Pública deve registrar todos os atos do 
administrador público, que afetam o patrimônio público, com a finalidade de 
subsidiar, com informações contábeis, o planejamento das ações do 
administrador público. 
TEMA 1 – CONTABILIDADE PÚBLICA 
A pessoa física ou a pessoa jurídica, o Estado (entes públicos ou órgão 
público) podem contrair direitos e assumir atribuições, bem como podem realizar 
atos, como é o caso de compras de bens e serviços, assim como vendas, 
produções, entre outros. Nesse contexto, verifica-se a importância da área 
financeira, orçamentária e patrimonial do Estado, visto que é por meio delas que 
são realizadas tais ações. 
Outro ponto importante é que os órgãos e as entidades públicas têm a 
capacidade de poder efetuar ações que modificam o seu patrimônio no futuro, 
por exemplo, as celebrações de contratos de convênios, concessões de avais, 
entre outros inerentes à administração pública. Ressalta-se que esses atos 
devem estar previstos na Lei Orçamentária, visto que ela é a responsável por 
quase todas as modificações patrimoniais. 
Os recursos financeiros utilizados nos gastos públicos, que estão 
previstos na Lei Orçamentária, advêm da população, ou seja, a sociedade 
proporciona o recurso, e por consequência, o Estado precisa da autorização 
deles para a utilização desses recursos, o que ocorre por meio da aprovação da 
Lei Orçamentária feita pelos representantes do povo – senadores, deputados e 
vereadores – e pelas Casas Legislativas, que são Câmara dos Deputados, 
Assembleia Legislativa e Câmara Municipal. 
Em suma,pode-se entender que, por meio da Lei Orçamentária, os 
cidadãos delegam aos governantes o direito de arrecadar e realizar despesas 
em seu nome. Todavia, os gastos autorizados têm a finalidade de gerar o bem 
social. 
Outro ponto a ser destacado é que o patrimônio público, poucas vezes, 
tem como fonte de renda casos diversos do orçamento. 
Nesse cenário, pode-se entender a Contabilidade Pública como método 
responsável para acompanhar o desenvolvimento do patrimônio público. Ainda, 
a Contabilidade Pública também acompanha a execução da arrecadação de 
receita e a realização de despesas. 
 
 
4 
Ressalta-se que a Contabilidade Pública é uma subdivisão da 
contabilidade. Nesse sentido, pode-se defini-la como uma ciência que, por meio 
de técnicas, mantém o controle do permanente do patrimônio público. Nesse 
sentido, a Contabilidade Pública pode ser conhecida como uma ramificação da 
Contabilidade como ciência aplicada, que instrumentaliza as informações 
orçamentárias e controla o patrimônio público. 
Figura 1 – Contabilidade Pública 
 
Em suma, a Contabilidade Pública deriva das Ciências Contábeis e tem 
sua aplicação na administração pública, no que se refere a suas técnicas de 
registro dos atos e fatos administrativos, apurando os resultados e gerando 
relatórios contábeis. 
Nesse contexto, pode-se entender que a finalidade da Contabilidade 
Pública é propiciar aos indivíduos informações de natureza orçamentária, 
econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas 
mutações, para que se baseiem no processo decisório, bem como efetuem uma 
prestação de contas adequada; serve, ainda, como instrumento de informação 
social. 
Observa-se também que o campo de atuação da contabilidade, conforme 
as Normas Brasileira de Contabilidade – NB T 16.1/2016, são as entidades do 
setor público, ou ainda as instituições que recebam, guardem, movimentem, 
gerenciem ou apliquem recursos advindos das entidades dos setores públicos 
visando à execução de suas atividades, no tocante aos aspectos contábeis da 
prestação de contas. 
Lembre-se de que as entidades do setor público são as pessoas jurídicas 
de direito público (União, estados, município e Distrito Federal), bem como os 
órgãos, ou ainda, entes públicos que recebem, guardam, movimentam, 
gerenciam ou apliquem dinheiro, bem e valores públicos na execução de suas 
atividades. Coincide, ainda, como entidades do setor público, as pessoas físicas 
 
 
5 
que recebem subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão 
público. 
A Contabilidade Pública no Brasil tem como diretrizes legais a Lei n. 
4.320/1964, a Lei n. 6.404/1976 e a Lei n. 11.638/2007, entre outras. Sobre 
essas legislações destaca-se a Lei n. 11.638/2007, que modificou a Lei n. 
6.404/1976 principalmente no que diz respeito à convergência da legislação 
contábil, às normas internacionais sobre a contabilidade e à transparência das 
informações oriundas da Contabilidade Pública. Verifica-se ainda outras 
mudanças importantes, que são: 
 Publicação das Demonstrações dos Fluxos de Caixa – DFC. 
 Obrigatoriedade da publicação da Demonstração do Valor Adicionado – 
DVA para as companhias abertas. 
 Aumentos ou diminuições de valores de saldos de ativos e passivos 
decorrentes de avaliações e preços de mercado registrados na conta de 
Ajuste de Avaliação Patrimonial, no Patrimônio Líquido. 
 Saldos vertidos a valor de mercado nos casos de fusões: cisões ou 
incorporações. 
 Patrimônio Líquido: capital social, reserva de capital, ajuste de avaliação 
patrimonial, reserva de lucros, ações em tesouraria e prejuízos 
acumulados. 
Com edição da Medida Provisória 449, que se transformou em Lei n. 
11.941/2009, verificou-se outras mudanças importantes nas leis n. 6.404/1976 e 
11.638/2008. 
Fazendo um retrospecto da legislação contábil pública, verifica-se que a 
Lei n. 4.320/1964 instituiu Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração 
e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e 
do Distrito Federal. Entretanto, somente com a promulgação da Constituição de 
1988 ocorreram novas modificações nas normas relativas ao orçamento, da qual 
se destacam os Instrumentos de Planejamento: Plano Plurianual (PPA), Lei de 
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Orçamentos Anuais (Art. 165 e seguintes da 
CF/1988). 
Em 1999, constitui-se a Portaria 42/1999 do Ministério do Orçamento e 
Gestão, que estabeleceu a discriminação da despesa por funções conforme a 
Lei n. 4.320/1964. Entretanto, a Lei Complementar n. 101/2000, Lei de 
 
 
6 
Responsabilidade Fiscal, impactou diretamente na Contabilidade Pública visto 
que a imposição dessa lei trouxe alguns princípios importantes como a 
transparência, o equilíbrio entre a despesas e a receita, entre outros. Em 2001, 
baixou-se a Portaria Interministerial 16 com a finalidade de uniformizar os 
procedimentos da execução orçamentária no âmbito da União, estados, Distrito 
Federal e municípios. Nesse sentido, determinou-se que fosse utilizada a mesma 
classificação de receitas e despesas por todos os entes da Federação. 
Em 2008, o Conselho Federal de Contabilidade aprovou as Normas 
Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, as quais vem sendo 
aprimorada deste então, visto que no ano de 2012 ocorreu uma modificação 
conceitual sobre a contabilidade aplicada ao setor público. 
TEMA 2 – RECEITA PÚBLICA 
A Receita Pública, na maioria das vezes, tem como fonte os tributos, 
sendo denominada o seu total, nas leis de orçamento, como receita prevista ou 
estimada. O Manual de Procedimentos da Receita Pública (MPRP) define 
Receita Pública como sendo: “todos os ingressos de caráter não devolutivo 
auferidas pelo Poder Público, em qualquer esfera governamental, para alocação 
e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário 
constitui uma Receita Pública, pois tem como finalidade atender às despesas 
públicas”. 
O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da NBC TSP Estrutura 
Conceitual, de 23 de setembro de 2016, que dispõe sobre a estrutura conceitual 
para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, define que 
receita “corresponde a aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não 
oriundos de contribuições dos proprietários.” 
Lei 4.320/1964 Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes 
categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. 
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, 
patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as 
provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de 
direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas 
classificáveis em Despesas Correntes. 
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de 
recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, 
em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras 
pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas 
classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do 
Orçamento Corrente. 
 
 
7 
Nesse contexto, Receita Pública deve ser entendida como os recursos 
angariados pelo Estado com a finalidade de sanar as despesas públicas. Logo, 
receita são todas as entradas de recursos no cofre público para sanar os gastos 
públicos que são utilizados na aquisição de bens e serviços, que são utilizados 
para o bem comum da sociedade. 
Em suma, Receita Pública é todo e qualquer arrecadação dos cofres 
públicos, sejam valores numéricos ou bens. Observa-se que esses 
recolhimentos são em virtude de lei, contratos, ou ainda, títulos que resultam em 
direitos a favor do Estado. A Receita Pública também pode derivar de cobranças 
e de serviços gerais realizados pelo Estado por meio de impostos, taxas e 
contribuições. 
A regulamentação da Receita Pública está previstana Lei n. 4.320/1964, 
que dispõe sobre as entradas de todos os recursos financeiros nos entes da 
União, estados, município e Distrito Federal, classificando-os em dois grupos: 
orçamentários e extraorçamentários. 
Esses dois grupos se diferem porque os ingressos orçamentários são 
aqueles arrecadados com a finalidade exclusiva de executar os programas e as 
ações governamentais, sendo também chamados de Receita Pública. 
Entretanto, os ingressos extraorçamentários são aqueles arrecadados por 
exigências de contratos pactuadas e depois são devolvidos a esses terceiros. 
São também denominados recursos de terceiros. 
Sobre as Receitas orçamentárias, destaca-se que devem ser autorizadas 
pelo poder legislativo para serem arrecadas, e por consequência, devem 
configurar no Orçamento Público. Outro ponto importante é que as arrecadações 
das receitas orçamentárias devem estar previstas na Lei Orçamentária Anual – 
LOA. 
Observa-se o art. 11 da Lei n. 4.320/1964, que divide a receita 
orçamentária por categoria econômica, em: 
 receita corrente. 
 receita de capital. 
Essa divisão (em categoria econômica) é importante para analisar as 
ações do governo na política econômica do país, principalmente no controle do 
déficit público, ou ainda, no desenvolvimento nacional, por meio de fomento, 
entre outros. 
 
 
8 
A Portaria Interministerial STN/SOF n. 338/2006 detalha essas categorias 
econômicas em receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital 
intraorçamentárias. Esse detalhamento ocorreu pela necessidade de evidenciar 
as operações oriundas das receitas de órgãos, fundos ou entidades integrantes 
dos orçamentos fiscal e da seguridade social, bem como as despesas de outros 
órgãos, fundos ou entidades também constantes desses orçamentos no âmbito 
da mesma esfera de governo. 
Além de serem classificadas conforme a categoria econômica, as receitas 
podem também ser classificadas por origem de recursos. Logo, a receita 
corrente e a receita de capital podem ser classificadas conforme a origem de 
entrada nos cofres públicos. Nesse sentido, classifica-se, em conformidade com 
o Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público: 
 Receita tributária é a que tem origem no poder de tributar do Estado, 
conforme a competência tributária instituída pela Constituição Federal. 
 Receita de contribuições é oriunda das contribuições sociais e das 
contribuições de intervenção no domínio econômico. 
 Receita patrimonial é a que deriva da utilização de bens imóveis, ou ainda, 
de ganhos de valores mobiliários. 
 Receita agropecuária é a que tem origem na exploração agropecuária. 
 Receita industrial é a oriunda de atividades industriais, cuja definição está 
prevista pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – 
IBGE. 
 Receita de serviços é a advinda das atividades de prestação de serviço. 
 Transferências correntes são os recursos financeiros que são auferidos 
de outra pessoa de direito público ou privado, independentemente de 
contraprestações diretas de bens ou serviços. 
 Outras receitas correntes são as receitas advindas de multas e juros de 
mora, indenizações e restituições, receita da dívida ativa e receitas 
diversas. 
 Receitas correntes intraorçamentárias são receitas correntes de órgãos, 
fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e de 
outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social 
decorrentes do fornecimento de materiais, bens e serviços, recebimentos 
de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o 
fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, 
 
 
9 
fundação, empresa estatal dependente ou de outra entidade constante 
desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo. 
Entretanto, a receita de capital também se classifica por origem de 
recursos, sendo dividida em, conforme o Manual de Contabilidade Aplicada ao 
Setor Público: 
 Operações de crédito, as quais se referem aos recursos advindos da 
colocação de títulos públicos ou de empréstimos obtidos de entidades 
estatais ou particulares internos ou externos. 
 Alienação de bens, que são valores advindos da alienação de bens 
imóveis e móveis. 
 Amortização de empréstimos, que advém do retorno de recursos que 
haviam sido emprestados a terceiros. 
 Transferências de capital, que sucedem de transferências correntes, de 
pessoas de direito público ou privado, e destinadas a atender a despesas 
necessariamente de gastos de capitais. 
 Outras receitas de capital, que são as receitas não enquadradas em 
nenhuma das outras classificações. 
 Receitas de capital intraorçamentárias, que são de capital de órgãos, 
fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras 
entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social 
derivadas da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, 
amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de 
componentes do ativo permanente, quando o fato que originar a receita 
decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa 
estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no 
âmbito da mesma esfera de governo. 
Em suma, a Receita Pública é o montante em dinheiro recolhido pelo 
Estado, incorporado ao patrimônio público, que tem a finalidade de custear as 
despesas públicas. Porém, pode-se entender a despesa pública como um gasto 
ou dispêndio que a administração pública realiza com o objetivo de executar o 
planejamento e metas estabelecidas. Nesse sentido, a despesa faz parte do 
orçamento público. 
 
 
10 
TEMA 3 – DESPESA PÚBLICA 
Lembrando, Receita Pública são os bens e direitos que o Estado 
incorporam no Patrimônio Público com a finalidade de custear as despesas 
públicas. Na maioria das vezes, as receitas são derivadas de o poder impositivo 
do Estado cobrar os impostos. 
Nesse contexto, é importante verificar o que significa despesa pública, 
logo, conceitua-se esse tipo de despesa como sendo os gastos ou dispêndios 
que o Estado realiza com o objetivo de promover o bem comum. Observa-se 
ainda que despesa pública são as retiradas de recursos dos cofres públicos para 
o pagamento de dívidas, ou ainda, a devolução de importâncias recebidas a título 
de cação, depósito e consignações. 
Lembre-se, também, de que as despesas estatais são realizadas com 
recursos financeiros que constam no caixa do órgão público, sendo ainda que 
essas ações de pagamento devem levar em conta as receitas previstas. Por 
conseguinte, verifica-se a relevância do Estado em elaborar em conformidade 
com a LOA, estabelecendo de forma precisa as despesas, evitando, assim, erros 
e omissões que poderão comprometer o orçamento. 
Assim como as receitas, as despesas públicas classificam-se em dois 
grupos, que são: 
 Despesa orçamentária. 
 Despesa extraorçamentária. 
Lembre-se de que essa divisão se faz levando em conta a participação da 
despesa no orçamento. 
Despesa extraorçamentária são aquelas que os pagamentos não têm 
vínculo com a autorização legislativa, logo, não estão evidenciadas no 
orçamento público. A execução da despesa extraorçamentária está vinculada às 
receitas extraorçamentárias, ou seja, são as devoluções de cauções, fianças, 
depósitos de terceiros, entre outras. Em suma, pode-se entender a despesa 
extraorçamentária como uma simples devolução de recursos financeiros. 
Entretanto, as despesas orçamentárias se referem aos gastos que 
necessitam de autorização do poder legislativo para poderem ser realizado, logo, 
essas despesas devem estar contidas no orçamento público para serem 
executadas. 
 
 
11 
Observe, ainda, a Lei n. 4.320/1964, que define que a despesa pública 
seja classificada em: 
 Despesa institucional. 
 Despesa funcional. 
 Despesa econômica. 
Ressalta-se ainda que o art. 165, parágrafo 5.º da Constituição Federal 
de1988, prevê que a classificação seja por esfera orçamentária, no caso da 
União, com o objetivo de demonstrar se o orçamento é fiscal, da seguridade 
social ou de investimento das empresas estatais. 
Sobre a classificação institucional, ressalta-se que tem que ser elaborada 
em conformidade com a Lei de Estrutura Organizacional do órgão ou ente 
estatal, e deve ser elaborada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e 
unidade orçamentária. 
No que se refere à classificação funcional, é importante destacar que a 
atividade, o projeto e a operação especial vinculará a função e a subfunção do 
gasto público à área de ação governamental nas três esferas de governo. 
Constituição Federal, art. 165, § 5.º A lei orçamentária anual 
compreenderá: 
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, 
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; 
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta 
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; 
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades 
e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem 
como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. 
Nesse sentido, faz-se necessário conceituar projeto, atividade e 
operações estatais. Conforme a Portaria n. 42/1999, do então Ministério do 
Orçamento e Gestão: 
 Projeto é um rol de operações com prazo determinado, do qual resulta um 
produto para a expansão ou aperfeiçoamento de uma ação do governo. 
 Atividade refere-se a um conjunto de ações permanentes que tem a 
função de manutenção da ação estatal. 
 Operações especiais são as despesas que não são de preservação das 
ações estatais, que não resultam um produto nem constituem 
contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. 
 
 
12 
Conforme a Portaria 42/1999, entende-se como função encargos 
especiais as despesas que não se podem vincular com um bem ou serviço 
estatal, ou seja as dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins. 
Essa classificação (funcional) não é rígida no que se refere à sua 
aplicação, visto que informa as realizações pretendidas pelo poder estatal. As 
subfunções podem se vincular, não necessariamente, apenas com as funções 
que estejam vinculadas. Logo, os programas têm uma estrutura flexível, se 
adaptando à solução dos seus problemas, e sua origem ocorre no processo de 
planejamento, mais especificamente no Plano Plurianual – PPA. 
Ressalta-se, ainda, que a ligação entre o Plano Plurianual e do Orçamento 
Anual passa a ser o programa, logo, o orçamento deve começar a ser verificado 
no programa. E, conforme a Portaria n. 42/1999, cada esfera estatal determina, 
por atos próprios, a constituição dos programas, bem como os códigos e a 
identificação, em conformidade com essa Portaria. 
Sobre a natureza da despesa, é importante cerificar os arts. 12 e 13 da 
Lei n. 4.320/1964, que prevê a classificação da despesa por categoria econômica 
e elementos. O art. 8º dessa mesma lei traz que os itens da despesa serão 
identificados por números de código decimal. 
Lembre-se ainda de que o código é um conjunto de informações que 
classificam por natureza a despesa, bem como indicam a categoria econômica, 
o grupo que a despesa pertence, a modalidade de aplicação e o elemento. A 
Portaria interministerial 163/2001 classifica a despesa, em conformidade com 
sua natureza, e estabelece: 
I. Categoria econômica. 
II. Grupo de natureza da despesa. 
III. Elemento de despesa. 
Lembre-se, ainda, de que a natureza da despesa deverá conter também 
a “modalidade de aplicação”, ou seja, a finalidade dos recursos. Sendo assim, 
os elementos das despesas têm por objetivo identificar os objetos de gasto, por 
exemplo: vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, entre outros. 
TEMA 4 – ORÇAMENTO PÚBLICO 
A ideia de orçamento na modernidade surge no século XX, sendo 
idealizado para ser um documento que prevê as diretrizes do chefe executivo, 
 
 
13 
principalmente no que se refere às fontes de renda estatais, bem como deve 
prever os gastos públicos que serão realizados para financiar o exercício do 
programa de trabalho do Estado, que tem como objetivo maior a sociedade. 
O Estado tem como finalidade o bem comum da sociedade, e para a 
execução dessa tarefa são necessários recursos. Logo, para satisfazer os 
objetivos elencados na Constituição Federal, no seu art. 3.º, que prevê como 
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, entre outras, 
“erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais”, é necessário a obtenção de recursos financeiros. 
Nesse sentido, para que a Administração Pública exerça sua função, ela 
realiza várias ações, que devem ser pautadas por regras legais, envolvendo 
várias pessoas que realizam atos administrativos baseados nos princípios legais; 
entre eles, destaca-se o da publicidade. Entre outros instrumentos para a 
realização das atividades do Estado, destaca-se o orçamento público. 
Antes de falar sobre o orçamento público propriamente dito, é importante 
analisar o que significa orçamento. Nesse sentido, o dicionário descreve a seguir 
(Priberam, 2017): 
1. Conjunto das contas provisionais e anuais das receitas e das 
despesas do Estado, das colectividades e estabelecimentos públicos 
(ex.: orçamento do Estado). 
2. Conjunto das receitas e das despesas de um particular, de uma 
família, de um grupo. 
3. Quantia de que se dispõe (ex.: as obras ficaram abaixo do 
orçamento da família). 
4. Custo estimado de algo (ex.: orçamento de uma obra). (in Dicionário 
Priberam da Língua Portuguesa) 
Saindo dos conceitos anteriores, verifica-se que orçamento se refere à 
uma parte do processo financeiro que comtempla as receitas e despesas de um 
determinado período de tempo. Quando o orçamento se aplica ao setor 
governamental, pode ser definido como um mecanismo que o Poder Público 
dispõe para demonstrar sua atuação, discriminado o montante de recurso obtido, 
bem como utilizado, em determinado período. 
Segundo Lima (2017), o orçamento público tem como finalidade controlar 
as atividades financeiras do governo, sendo esse um dos mais importantes 
sistemas utilizados pela Administração Pública. Saindo desse pressuposto, 
verifica-se que o termo “controle”, que está ligado à ideia de verificação dos atos 
do governo, visa à prestação de contas financeiras à sociedade. Logo, entende-
 
 
14 
se orçamento público como um instrumento primordial para a gestão pública, 
pois, por meio dela, estima-se a receita e fixa-se as despesas. 
Ressalta-se, ainda, que o orçamento tem uma importância proeminente 
pelo fato de o legislador reservar um capítulo inteiro, na Constituição de 1988, 
para sua imposição. Lembrando que, nos arts. 165 a 169 dessa lei, verifica-se a 
obrigatoriedade do plano plurianual, de quatro anos, bem como a Lei de 
Diretrizes Orçamentária e as Lei Orçamentária Anual, que devem constituir um 
sistema de planejamento. 
Em suma, o orçamento público é uma obrigação advinda da lei, pode ser 
entendida como um instrumento gerencial do Estado e tem como objetivo 
atender às necessidades sociais de um período de tempo por meio das ações 
de gestão pública. 
Destaca-se a legislação em que o orçamento público está pautado: 
 Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, nos seus 
arts. 165 a 169, sob o título de “Orçamentos”. 
 Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. 
 Portaria n. 42, de 14 de abril de 1999. 
 Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. 
 Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. 
No Brasil, o orçamento público é classificado em três legislações, 
conforme o artigo 165 da Carta Magna de 1988: 
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: 
I – o plano plurianual; 
II – as diretrizes

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