Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO DE FINANÇAS PÚBLICAS AULA 1 Profª Karla Regina Quintiliano Santos Ribeiro 2 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo à disciplina de Gestão de Finanças Públicas. A Gestão de Finanças Públicas tem como finalidade administrar, controlar e coordenar os pagamentos das atividades do Estado. Na gestão destes recursos, estão a captação de recursos pelo Estado, a administração e os gastos. Os recursos públicos têm a finalidade exclusiva de atender às necessidades da coletividade e do próprio Estado. Tais necessidades, se referem, principalmente, à promoção do bem-estar da população. Para realizar a finalidade principal do Estado, que é a manutenção da coletividade, as finanças públicas do país têm como principal fonte de renda os tributos, que são obrigações pecuniárias. Essa arrecadação é a manifestação do poder de império do Estado, com a finalidade de obtenção de receitas. Entretanto, é importante que se esclareça quem é o Estado e como ele pode desempenhar suas funções, ou seja, quais os princípios que pautam o desenvolvimento das atividades financeiras deste órgão. Para isso, serão explorados alguns conceitos importantes. Entre eles, o que significa o Estado e a Administração Pública. Vídeo Verifique a diferença entre a Administração Pública Direta e Indireta. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7VqO_ejlqEA>. CONTEXTUALIZANDO O Estado é considerado um povo dentro de um território organizado sobre sua soberana vontade, que sempre deve pautar suas atividades no interesse da sociedade. Por meio da economia, da política e da tecnologia, o mundo foi se moldando. Por consequência, a função do Estado também foi se modificando. Atualmente, o Estado e a sociedade civil participam das decisões do Ente Público sobre quais são as prioridades da própria sociedade a serem atendidas, bem sobre como as finanças públicas devem ser utilizadas. O Estado tem as funções, entre outras, de garantir os direitos sociais e regular a economia da nação. Para realizá-las, o Estado desempenha algumas 3 atividades importantes. Entre elas, destacam-se as funções alocativa, distributiva e a estabilizadora. TEMA 1 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Antes de conceituar a Administração Pública, é necessário entender o que é o Estado, que pode ser compreendido como uma pessoa jurídica que tem sua formação pela indissociação de três elementos: povo, território e governo. Em resumo, o Estado pode ser percebido como um povo dentro de um território organizado sobre sua soberana vontade. Conforme a Constituição de 1988, a organização político-administrativa do Estado Brasileiro integra a união, os estados, o Distrito Federal e os municípios, sendo que todos têm autonomia política. Estes entes federados são considerados pessoas jurídicas de direito público, conforme o art. 41 do Código Civil Brasileiro. Entretanto, eles são chamados de pessoas políticas para diferenciá-los das demais pessoas jurídicas de direito público, pois somente eles têm autonomia política. Constituição Federal de 1988: Art. 18. A organização político- administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição. Quando nos deparamos com a ideia de Estado frente à organização política do território, percebe-se que o Estado Brasileiro é um estado federado, visto que a Constituição de 1988 traz, em seu contexto, que Brasil tem um poder político central, que é a união, os poderes regionais – estados e poderes locais, que são os municípios, além do Distrito Federal (que acumula os poderes estaduais e municipais). Estes entes federativos não possuem hierarquia, já que são política, administrativa e financeiramente autônomos, podendo exercer as competências que a Constituição lhes atribuiu. Conforme a estrutura política, o Estado tem uma divisão estrutural, denominada Poderes, que faz com que o poder emanado pelo povo não seja concentrado em apenas uma pessoa ou órgão. Os Poderes são divididos em Legislativo, Judiciário e Executivo, conforme o art. 2º da Constituição Brasileira. Ressalta-se que a função administrativa é predominantemente exercida pelo Poder Legislativo. Todavia, a Constituição não adota um modelo de rígida separação. O Judiciário e o Executivo também executam atividades atípicas, ou 4 seja, funções materialmente administrativas, que são regidas pelo direito administrativo. Constituição Federal de 1988: Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. O conceito de governo se considera um conjunto de órgãos responsáveis pela função política do Estado. No Brasil, o sistema de governo adotado pela Carta Magna de 1988 é o presidencialista, cujo chefe do Poder Executivo Federal é o Presidente da República. Suas responsabilidades de organização e estrutura estão elencadas nos artigos 61 e 84 da Constituição Federal de 88. A forma de governo brasileira é republicana, ou seja, os governantes são legitimados pelo povo de forma direita ou indireta. Eles devem exercer suas atividades de forma temporal, representando o povo e prestando contas. A Administração Pública compreende todos os órgãos do governo que exercem função política, assim como os órgãos e pessoas jurídicas que exercem funções administrativas. Neste caso, a funções políticas são determinações de políticas públicas. Já as funções administrativas são a execução destas políticas públicas e são pautadas por lei. Existem instituições da Administração Pública que exercem função administrativa. Outras desempenham atividades com fins lucrativos, como é o caso das empresas públicas e sociedades de economia mista. Contudo, existem entidades privadas que, apesar de terem finalidade pública e exercerem funções administrativas, não integram a Administração Pública propriamente dito, como é o caso das concessionárias de serviços públicos. Em suma, a Administração Pública pode ser entendida como o rol de pessoas jurídicas e de órgãos que exercem função administrativa do Estado, em conformidade com a lei - a administração direta e a administração indireta. No entanto, as sociedades de economia mista, as empresas públicas e as exploradoras de atividades econômicas são consideradas. Existem algumas atividades consideradas próprias da função administrativa, como é o caso das seguintes: Serviço público: são prestações oferecidas à sociedade em modo geral, por meio da administração pública ou por particulares delegatórios, sob regime público. 5 Polícia administrativa: refere-se às restrições que a administração pública impõe aos particulares em benefício do interesse público. Fomento: incentivos (fiscais, concessões de subvenções) para beneficiar a iniciativa privada. Intervenção: são os atos realizados pelo Estado, que atuam contra o setor privado, com a finalidade de interferência, como é o caso da desapropriação e do tombamento. A Administração Pública, como ressaltado anteriormente, é formada pelos órgãos que compõem as pessoas políticas do Estado, ou seja, a união, os estados, o Distrito Federal e os municípios, os quais têm competência constitucional para exercer essa prerrogativa, de forma centralizada. A Administração Indireta é o rol de pessoas jurídicas – sem autonomia política, que estão vinculadas à administração indireta, com competência exercida de forma descentralizada. O Decreto-Lei nº 200/1967 traz quem são consideradas Administração Indireta: Autarquias; Empresas Públicas; Sociedades de Economia Mista; Fundações Públicas. Decreto-Lei nº 200 de 25 de fevereiro de 1967: Art. 4° - A Administração Federal compreende: I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidênciada República e dos Ministérios. II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista; d) Fundações Públicas. Parágrafo único. As entidades compreendidas na Administração Indireta vinculam-se ao Ministério em cuja área de competência estiver enquadrada sua principal atividade. Na administração indireta, existem empresas públicas e sociedades de economia mista que não tem a finalidade de prestar serviço público, pois atuam no domínio econômico. São as que operam na exploração de atividade econômica, conforme o art. 173 da Constituição de 1988. Constituição Federal de 1988: Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos 6 imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributárias. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 2º As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. § 3º A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade. § 4º A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. § 5º A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando- a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular. Outras entidades importantes na estrutura da administração pública são as que estão entre a administração direta e a administração indireta. Elas têm o objetivo de desempenhar atividades de interesse público, mas sem fins lucrativos. São as denominadas entidades paraestatais, compostas por: O Serviços Sociais Autônomos (Sistema S); Organizações sociais; Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs); Instituições Comunitárias de Educação Superior (ICES); Entidades de apoio, como é o caso fundações, associações ou cooperativas, desde que privadas. Desta forma, as organizações paraestatais são pessoas jurídicas privadas, sem fins lucrativos, que compõem a administração pública e têm a finalidade social. 7 TEMA 2 – PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Primeiramente, vamos destacar a diferença entre normas jurídicas e princípios. As normas são regras, comandos descritos de maneira formal considerando uma hipótese, que terá como consequência a previsão nesta normativa. As normas jurídicas são um comando que tem a finalidade de refletir numa determinada situação e gerar, no mundo jurídico, sequelas bem definidas. Os princípios são condutas que orientam e conduzem o ordenamento jurídico. Eles são genéricos, indeterminados e abstratos, e devem estar em todas as situações do caso concreto. Porém, tanto as regras quanto os princípios devem ser aplicados no caso concreto, visto que os princípios não são intenções e resultam em consequências, como é o caso da anulação do ato administrativo e a responsabilização do agente público. Perceba que existe uma força normativa nos princípios e que, por consequência, devem ser considerados um subsistema do ordenamento jurídico. Os princípios podem estar explícitos ou implícitos no ordenamento jurídico, mas deve ser seguido como um balizador das interpretações legais e das produções legislativas. Os princípios fundamentais que regem a atividade da administração pública estão implícitos ou explícitos na Constituição Federal de 1988. Dentre os dispositivos legais que trazem os princípios, destaca-se o art. 37, no seu caput, na Carta Magna, que traz alguns princípios; como é o caso da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Constituição Federal de 1988: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte [...]. A Lei 9.784/1999 menciona que a Administração Pública deverá seguir, dentro outros, “aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência”. Existem outros princípios dentro do ordenamento jurídico constitucional que se encontram implícitos, descritos na jurisprudência e na doutrina. É obrigatória a sua observância em todos os atos da Administração Pública, independentemente de qual ente federativo – união, estado, Distrito Federal ou 8 município – ou qual entidade (direta ou indireta) esteja cometendo a ação administrativa. Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999: Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 2.1 O princípio da supremacia do interesse público O princípio da supremacia do interesse público se trata de um princípio implícito, ou seja, não se encontra de forma nítida na Constituição Federal. Esse princípio deriva do sistema democrático adotado pelo Brasil, conforme a Carta Magna, fazendo com que o Estado brasileiro esteja disciplinado pelo interesse público. Assim, a ação do Estado não pode ser submetida à vontade do particular, mas sim da coletividade. Sempre que houver um conflito, entre os interesses público e privado, o Estado deverá assegurar o primeiro, observando, contudo, os direitos e garantias dos indivíduos particulares, conforme a Constituição. 2.2 O princípio da indisponibilidade do interesse público Este princípio é, junto ao princípio da supremacia do interesse público, um dos pilares do regime jurídico da administração, pois deles derivam todas as limitações das atividades públicas, visto que o Estado não é dono dos bens ou interesses públicos, mas sim o povo. Devido à administração pública ser meramente uma administradora da sociedade, os bens e interesses públicos são indisponíveis, ou seja, não pode o Estado ou os agentes públicos se utilizarem deles em prol de si mesmo. Os direitos e interesses públicos são de titularidade da coletividade. Já a administração não pode renunciar esses bens em nome da sociedade, além de não poderem onerar injustificadamente o cidadão. 2.3 Princípio da legalidadeEsse princípio é a base do Estado, pois dele discorre a ideia de Estado de direito, no qual todos os envolvidos devem agir dentro das normativas legais. Nenhum agente público poderá realizar qualquer ação que não esteja pautada na lei. O inciso II do art. 5º da Constituição Brasileira prevê que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Este 9 princípio se estabelece também para proteger os indivíduos particulares contra o poder do Estado. 2.4 Princípio da moralidade O princípio da moralidade faz com que as atuações dos agentes públicos sejam pautadas na ética. Porém, a moral administrativa se difere da moral comum. A moral administrativa é jurídica e pode invalidar os atos da administração, caso não estejam em conformidade com esse princípio. Os atos administrativos que não sejam realizados de acordo com a moral administrativa devem ser considerados nulos. O Poder Judiciário realiza, dentro de sua competência, o controle de legalidade e de legitimidade, ou seja, verifica quais os atos administrativos que o servidor público tem autonomia de exercer, conforme a lei. 2.5 Princípio da impessoalidade A ideia central deste princípio é impedir que o ato administrativo seja realizado com o objetivo de satisfazer interesses pessoais do agente ou de terceiros, uma vez que os atos administrativos devem atender apenas à vontade da lei de forma abstrata. Portanto, o princípio da impessoalidade evita que ocorra perseguições, favorecimentos e discriminações. Quando um ato administrativo é praticado com a finalidade diferente do interesse público, ele será considerado nulo por desvio de finalidade. Este princípio também tem como objetivo impedir que os administradores públicos utilizem propaganda oficial ou obras, por exemplo, como promoção pessoal. 2.6 Princípio da publicidade Este princípio traz dois sentidos importantes: 1. A obrigatoriedade de publicação dos atos administrativos, em via oficial, para que eles sejam considerados válidos e produzam efeitos. 2. A necessidade de transparência nas ações administrativas. A publicidade é um requisito para que o ato administrativo produza efeito jurídico. Porém, este ato não é totalmente inválido, visto que em várias situações 10 a ausência de publicidade faz com que o ato seja válido, mas não produza o efeito legal. Quando um ato administrativo não é publicado, é difícil atestar que ele existiu. Logo, o ato não pode sofrer nenhum tipo de controle. Diante disso, a Lei 9.784/1999 prevê que, no âmbito federal, os atos administrativos devem ser divulgados, salvo aqueles que os sigilos estão previstos na Constituição. Nesta mesma linha, o art. 61 da Lei 8.666/1993, parágrafo único, observa que para os contratos administrativos terem eficácia, é indispensável a publicidade. 2.7 Princípio da eficiência O princípio da eficiência foi introduzido no art. 37 da Constituição pela Emenda Constitucional 19/1998. A partir de então, a eficiência também deve ser aplicada a todos os atos administrativos de todos os Poderes da Federação. Sendo assim, a administração deve ser pautada por uma gestão mais produtiva, econômico, ágil e com resultados positivos. O princípio da eficiência pode ser interpretado de duas formas: 1. Quando o agente público exerce sua função de forma a obter melhores resultados; 2. Quando a Administração Pública, propriamente dito, se organiza, se estrutura e se disciplina de forma a prestar um serviço público com melhores resultados. 2.8 Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade Apesar dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade não estarem expressamente descritos na Constituição, eles devem ser aplicados também na Administração Pública, sobretudo nos atos sancionadores do Estado, ou seja, nos atos que impliquem restrições do direito do administrado. Neste caso, estes princípios são utilizados para pautar as ações dos servidores públicos, que devem ser razoáveis mediante as situações reais e utilizarem sanções proporcionais ao ato gravoso. O princípio da razoabilidade e da proporcionalidade mediam as ações dos servidores públicos que, frente a um caso concreto, devem executar esses atos de forma adequada, sem excessos. 11 2.9 Princípio da autotutela Refere-se a um poder que a Administração Pública possui de controlar seus próprios atos, tanto no âmbito do mérito quanto da legalidade. Apesar de a própria Administração Pública poder rever seus próprios atos e anulá-los, isso não exclui a responsabilidade do poder judiciário em averiguar os atos da Administração. Em síntese, o princípio da autotutela é entendido como a autorização que a Administração Pública tem de rever e anular seus próprios atos. 2.10 Princípio da continuidade do serviço público O serviço público a que esse princípio faz alusão a todas as atividades realizadas pela administração pública regidas pelo direito público, com exceção das ações que o Estado realiza como agente econômico, assim como as ações da seara política do governo e das áreas legislativa e jurisdicional. São considerados serviços públicos as atividades que o Estado presta à coletividade sob o regime de direito público e cuja interrupção tende a prejudicar a sociedade. A observância deste princípio é obrigatória para a Administração Pública e para os particulares que exercem essa atividade sob o regime de delegação. ROTA 3 – TEORIA DAS FINANÇAS PÚBLICAS Para entender sobre as finanças públicas, é necessário compreender cada parte que a compõe, além de analisá-la no contexto da realidade social. Antes disso, destacaremos o significado de orçamento, despesas públicas, tributos e das demais receitas públicas não tributárias. O conceito de finanças considera a situação do indivíduo (pessoa jurídica ou física de direito privado ou público) com seus bens e direitos. As finanças são o conjunto de recursos econômicos que os indivíduos possuem e tem o objetivo de satisfazer suas necessidades. Tais recursos podem ser moedas nacionais ou estrangeiras e outros tipos de bens, como é o caso de imóveis, por exemplo. Assim, os recursos podem ser de fácil alienação ou não. As finanças também se referem à mesma pessoa (titular do ativo) e à necessidade de verificação do montante do passivo. Isto é necessário verificar 12 para todos os direitos e deveres. Logo, obtém-se a posição patrimonial líquida do indivíduo, a qual se verifica subtraindo-se o ativo do passivo. A posição econômica e financeira de um indivíduo, seja de direito público ou privado, é avaliada por meio de: Mecanismo de quantificação dos bens, direitos e deveres (salvo os já expressos em moeda corrente, como é ocaso dos saldos da conta corrente); Sistema de ênfase, controle e gerenciamento a longo prazo. O modelo que for adotado para ressaltar as finanças – públicas ou privadas – deve conter grupos de contas que demonstrem a realidade da atividade empresarial, que contenham o registro e contabilização dos atos e fatos importantes e que apresentem uma demonstração financeira adequada, com exatidão no controle e na gestão do instituto, além de informar as situações: Patrimonial; Financeira; Orçamentária. O mecanismo de quantificação monetária dos bens, direitos, deveres e demonstrações financeiras que ressaltam as finanças de um instituto são pressupostos para as finanças públicas, sobretudo com relação aos tributos, que são a fonte de arrecadação de recursos. Vídeo Assista à aula sobre Orçamento e Finanças Públicas da Professora Taís Flores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tQP9Rp5dC9I>. ROTA 4 – FUNÇÕES DO GOVERNO: FUNÇÃO ALOCATIVA, FUNÇÃO DISTRIBUTIVA E FUNÇÃO ESTABILIZADORA A teoria das finanças públicas está pautada na existência de imperfeições de mercado.Neste caso, a presença do Estado é necessária, assim como analisar as suas funções, a teoria da tributação e o gasto público. São três as funções do governo: 1. Função alocativa; 13 2. Função distributiva; 3. Função estabilizadora. A primeira função, a alocativa, sai do pressuposto de que o mercado opera com falhas. Se não houver a interferência do Estado, o resultado social será danoso. Por isso, a interferência do Estado impede ou reduz a produção de certos bens e serviços, além de estimular a produção de outros mais benéficos à sociedade. A função alocativa se refere, portanto, à atuação do governo na produção de bens, visando ao bem-estar social, sobretudo para restabelecer as falhas de mercado – desemprego, presença de externalidades e mercados incompletos, competição imperfeita, entre outros distúrbios da economia. Por meio de Orçamento Público, o Estado realiza locações de recursos para outras entidades para que atuem na oferta de bens à sociedade. Entre elas, destaca-se os investimentos governamentais na pesquisa e desenvolvimento (P&D), que têm como finalidade desenvolver tecnologia básica para a sociedade na tentativa de estimular o mercado na produção de novas tecnologias, e por consequência, tornar o mercado brasileiro mais competitivo. A segunda função do Estado é a estabilizadora, que consiste na ideia de ações do governo alusivas a políticas monetárias, fiscais e cambiais com o objetivo de diminuir efeitos das crises econômicas. A função estabilizadora da economia permite que o Estado atue na diminuição das taxas de inflação, do desemprego, entre outros, visando ao bom funcionamento do sistema financeiro. As políticas públicas que versam sobre a economia da sociedade – sejam elas políticas cambiais, monetárias, de crédito e de tarifas de bens importados – são chamadas de politicas contracíclicas. Quando a economia está sob pressão inflacionária, o governo tende a reduzir os gastos públicos e aumentar os juros para que a economia da sociedade não entre em recessão. Outra forma de atuação do governo considerada função estabilizadora é quando o Estado atua sobre as taxas de juros aos consumidores. Ao estimular o consumo e aquecer a economia, a Administração Pública desenvolve uma política pública que diminui as taxas dos bancos. Enfim, a função estabilizadora tem como forma de atuação a política orçamentária, que emprega ações de redução de gastos públicos (consumo e investimento) ou de diminuição de alíquotas de impostos, o que gera uma maior renda ao setor privado. Mesmo que o mercado seja um mecanismo de alocação de recursos, às vezes ele não tem muita eficácia, como é o caso dos monopólios. 14 Por isso, justifica-se a intervenção do Estado com a finalidade de reorganizar a economia por meio da produção e dos bens públicos na limitação do poder dos monopólios. Por fim, a função distribuidora decorre da ideia de que o mercado é apto a desenvolver a produção, mas não de entregá-la. Quanto mais bem-sucedidas as instituições de produção, mais ganhos econômicos obterá. Sobrevive no mercado aquele que mais se adapta e os que não se amoldam ao mercado tendem a desaparecer. Da mesma forma, quanto mais o governo é liberal, mais o mercado cria riquezas. Por consequência, ocorre a desigualdade. A sociedade sócio-democrata tende a contrabalançar o mercado econômico. Desta maneira, a função distributiva tem o objetivo de organizar a distribuição de renda resultante da produção (capital, trabalho e terra) e da venda dos serviços no mercado econômico. Os mecanismos utilizados para essa redistribuição são as transferências, os impostos e os subsídios do governo, com a finalidade de uma justa distribuição. Vídeo Para se aprofundar neste tema, assista ao vídeo Funções do Governo - Finanças Públicas/Economia do Setor Público. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0PTqfBTeEX8>. ROTA 5 - TEORIA DA TRIBUTAÇÃO Para que o Estado exerça suas funções – alocativa, estabilizadora e distributiva – são necessários recursos. A principal fonte de renda do Estado é a tributação, que advém dos indivíduos da sociedade. Esses tributos são criados mediante a lei e são cobrados pelo Estado, impedindo que entidades privadas recebam esse valor pecuniário. O conceito de tributo vem elencado no Código de Tributação Nacional, no seu art. 3º. Código de Tributação Nacional: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. A arrecadação do Estado deve ser equalizada de forma que os cidadãos não tenham dificuldade de pagá-la e, assim, não se crie risco à economia do país nem force os contribuintes a sonegar o tributo, com o intuito de sobreviver. O 15 sistema tributário deve ser o mais neutro possível, a ponto de não causar impactos sobre os empresários, trabalhadores e consumidores. Os tributos sofrem influência de alguns princípios que pautam esse sistema. Entre eles, destacam-se: A capacidade contributiva dos cidadãos: o Estado deve levar em conta a justiça social no momento de tributar a renda do contribuinte. Este princípio diz que cada indivíduo deve contribuir com o Estado para as despesas da sociedade de acordo com seus recursos econômicos. Quem é possuidor de maior riqueza deve contribuir mais para a manutenção do Estado; As regras para a fixação de impostos evitando arbitragens: este princípio tem como pressuposto que os Estados não realizarão atos que venham a prejudicar o contribuinte. A Constituição prevê que todos os impostos devem derivar de lei para que a sociedade não seja surpreendida com um tributo, limitando o poder do Estado quanto a novos tributos; A facilidade para os contribuintes: o Estado deve utilizar-se de mecanismo de facilitação para a cobrança dos impostos, que devem ser cobrados de maneira que os contribuintes possam pagá-los; O baixo custo do sistema arrecadador: não há sentido em o valor arrecadado do tributo ser menor que o custo do mecanismo de arrecadação. Por isso, a máquina arrecadadora deve ter um custo mínimo possível; A eficiência econômica: esse princípio refere-se à ideia de que a atividade econômica do indivíduo não pode ser afetada negativamente pelos impostos. As distorções alocativas resultam na perda de capacidade produtiva dos contribuintes, minimizando o potencial de tributos a serem arrecadados. Os tributos estão proporcionalmente ligados à situação financeira do seu contribuinte. Quanto mais alto for o tributo, maior o impacto dele na vida do indivíduo que o paga. Isso leva a entender que a tributação é uma questão política, pois serve para assessorar a sociedade mais carente. Constituição Federal de 1988: Art. 145, § 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o 16 patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. Um dos objetivos da tributação é a “cidadania tributária”, ou seja, os contribuintes devem saber para que o tributo é destinado, podendo solicitar a sua prestação de contas e exigir que essa arrecadação seja melhor utilizada. A incidência tributária é a norma que legisla sobre o tributo e o contribuinte, pois a intenção do Estado é tributar o indivíduo de forma mais acentuada. A incidência formal é aquela em que a lei determina de quem determinado tributo é cobrado. Já a incidência real é aquela em que o tributo realmente recai. O Estado pode escolher quem será afetado pela tributação. Outro conceito importante é a renda, que significaa capacidade contributiva. Ela poder ser variada de pessoa para pessoa, de acordo com suas despesas. Para Lima (2017), o conceito de renda é considerado “uma soma algébrica dos bens consumidos mais a mudança no valor dos direitos de propriedade de determinado período”. Este conceito abrange o consumo real mais o aumento de patrimônio. Basicamente, o Estado tenta coibir artifícios dos contribuintes para o não pagamento de seus tributos, como a sonegação do imposto de renda. TROCANDO IDEIAS A Gestão de Finanças Públicas é um tema que merece ser estudado com mais profundidade. Caso você queira entender melhor sobre o assunto, consulte o livro Finanças públicas no Brasil: uma abordagem orientada para políticas públicas, de Pedro Jucá Maciel. Aproveite também para assistir a uma aula com questões atuais sobre a relação jurídico-tributária e um debate a hipótese de incidência tributária. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=eCbOSdh1-d0>. FINALIZANDO No Brasil, uma administração só pode ser considerada pública conforme diretrizes estabelecidas juridicamente, constituindo um rol de pessoas jurídicas e de órgãos que exerçam a função administrativa do Estado, em conformidade com a lei - a administração direta e a administração indireta. Ainda assim, as sociedades de economia mista, as empresas públicas e as exploradoras de atividades econômicas também são consideradas. 17 Conforme mencionado anteriormente, a Administração Pública é formada pelos órgãos que compõem as pessoas políticas do Estado, ou seja, a união, os estados, o Distrito Federal e os municípios, que têm competência constitucional para exercer essa prerrogativa de forma centralizada. A administração indireta é o rol de pessoas jurídicas – sem autonomia política – que está vinculado à administração indireta, que tem sua competência exercida de forma descentralizada. O Decreto-Lei 200/1967 determina quem são consideradas Administração Indireta: Autarquias; Empresas Públicas; Sociedades de Economia Mista; Fundações Públicas. Os princípios que norteiam a Administração Pública são: O princípio da supremacia do interesse público; Princípio da indisponibilidade do interesse público; Princípio da legalidade; Princípio da moralidade; Princípio da impessoalidade; Princípio da publicidade; Princípio da eficiência; Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade; Princípio da autotutela; Princípio da continuidade do serviço público. As finanças públicas correspondem ao mecanismo de quantificação monetária dos bens, direitos, deveres e das demonstrações financeiras, que representam a situação financeira de uma instituição. A teoria das finanças públicas está pautada na existência de imperfeições de mercado. Neste caso, a presença do Estado é necessária, assim como analisar as suas funções, a teoria da tributação e o gasto público. São três as funções do governo: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora. Para que o Estado exerça estas funções são necessários recursos. Neste caso, a principal fonte de renda do Estado é a tributação, que advém dos indivíduos da sociedade. Esses tributos são criados mediante a lei e são 18 cobrados pelo Estado, impedindo que entidades privadas recebam este valor pecuniário. A arrecadação do Estado deve ser equalizada de forma que os cidadãos não tenham dificuldade de pagá-la e, assim, não se crie risco à economia do país nem force os contribuintes a sonegar o tributo, com o intuito de sobreviver. O sistema tributário deve ser o mais neutro possível, a ponto de não causar impactos sobre os empresários, trabalhadores e consumidores. Os tributos sofrem influência de alguns princípios que pautam esse sistema. Entre eles, destacam-se: A capacidade contributiva dos cidadãos; As regras para a fixação de impostos; A facilidade para os contribuintes; O baixo custo do sistema arrecadador; A eficiência econômica. Os tributos estão proporcionalmente ligados à situação financeira do seu contribuinte. NA PRÁTICA 1. (Questão de Concurso – IBFC): Leia as afirmações abaixo e assinale a alternativa correta. I. A alocação de recursos pela atividade estatal acontece quando não houver eficiência da iniciativa privada ou quando a natureza da atividade indicar a necessidade da presença do Estado. II. O Estado deverá controlar os setores que produzem em bem público, entendido como o bem que não se limita a um único consumidor, mas deve estar à disposição de todos. III. Para financiar a produção de bens públicos, o setor governamental utiliza-se da tributação, ou seja, dos impostos cobrados direta ou indiretamente dos agentes econômicos e dos cidadãos. a. Todas as afirmações estão corretas. b. Nenhuma das afirmações está correta. c. Somente a afirmação I está correta. 19 d. Somente a afirmação II está correta. e. Somente a afirmação III está correta. 2. (Questão de Concurso – Banca COMPERVE – 2017): A Administração Pública, nos termos do art. 37 da Constituição Federal, deve obedecer a certos princípios. Tendo em vista os princípios constitucionais expressos no art. 37: a. a moralidade administrativa, embora seja observada por grande parte dos administradores, não se configura um princípio positivado no ordenamento jurídico brasileiro. b. a publicação do nome dos servidores públicos com seus respectivos vencimentos em sítios eletrônicos, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, é legítima, haja vista o princípio da publicidade dos atos administrativos. c. o princípio da legalidade determina que a Administração Pública não pode ser obrigada a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. d. o princípio da impessoalidade, de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, possibilita a contratação de parentes de terceiro grau da autoridade nomeante para o exercício de cargo em comissão. 3. (Questão de Concurso – Banca CESPE – 2011): Em relação à administração pública brasileira, assinale a opção correta. a. Cabe à união exercer a soberania do Estado brasileiro perante todos os seus cidadãos, utilizando, inclusive, em caso de necessidade, meios coercivos. b. Em relação ao controle da administração pública federal, os controles contábil, financeiro, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da administração pública são de responsabilidade exclusiva dos órgãos internos dessa administração. c. Os órgãos públicos descentralizam as atividades da administração pública. d. A administração pública opera todas as funções necessárias para atingir o objetivo do Estado e satisfazer o interesse público. e. Os órgãos públicos podem ser classificados em simples e compostos. 4. (Questão de Concurso – Banca FCC – 2011): Considere: 20 I. Na gestão pública só é lícito fazer o que a lei autoriza. II. Tanto na gestão pública como na gestão privada, só é lícito fazer o que a lei autoriza. III. Na gestão privada, as fronteiras demográficas são bem definidas. Considerando as convergências e diferenças entre a gestão pública e privada, está correto o que consta APENAS em: a. I. b. II. c. III d. II e III e. I e III 5. (Questão de Concurso – Banca ESAF – 2010): Segundo a Teoria da Tributação, é correto assumir que um sistema tributário ótimo depende: a. de um conjunto de instrumentos fiscais, das preferências das famílias e dos pesos sociais atribuídos ao bem-estar de diferentes indivíduos. b. da estrutura tributária, da progressividade do imposto de renda e de impostos sobre valor agregado. c. do nível de descentralização da receita e da despesa, da preferência dos consumidores e da política monetária. d. da independência do Banco Central e da Secretaria do Tesouro, da anualidade do orçamento e da existênciade IVA. e. da progressividade do sistema tributário, da relação tributação direta- indireta e da participação da carga tributária no PIB. 21 REFERÊNCIAS BEHR, A. Contabilidade aplicada ao setor público estudos e práticas. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade aplicada ao setor público: abordagem simples e objetiva. São Paulo: Atlas, 2015. COUTINHO, A. D. Manual de Direito Administrativo – Volume Único. Rio de Janeiro: Método, 2015. DI PIETRO, M. S. Z. Parcerias na administração pública: concessão, permissão, franquia, terceirização, parceria público-privada e outras formas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2015. FÓRUM DESENVOLVE LONDRINA, 11, 2016, Londrina. Gestão pública: um passo para mudanças históricas: republicanismo, meritocracia, governança. Londrina: Imaginacom, 2016. 104 p. FURTADO, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013. MARQUES, M. C. Improbidade Administrativa: temas atuais e controvertidos. Rio de Janeiro: Forense, 2016. MENDES, G. F.; CARNEIRO, R. A. Gestão Pública e Direito Municipal: Tendências e Desafios. São Paulo: Saraiva Educação, 2016. MATIAS-PEREIRA, J. Manual de Gestão Pública Contemporânea. 5. ed. Rio de Janeiro: Atlas, 2016. MACIEL, P. J. Finanças públicas no Brasil: uma abordagem orientada para políticas públicas. Revista Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 47, n. 5, set./out. 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034- 76122013000500007>. Acesso em: 6 set. 2017. SIQUEIRA, M. L.; RAMOS, F. S. A Economia da Sonegação: Teorias e Evidências Empíricas. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 9, p. 555-581, set./dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rec/v9n3/v9n3a04.pdf>. Acesso em: 6 set. 2017. 22 GABARITO 1. Resposta correta: a. Comentário: Para atingir esses objetivos – estabilidade, crescimento e correção das falhas de mercado –, o governo intervém na economia, utilizando-se do Orçamento Público e das funções orçamentárias. As três funções orçamentárias clássicas apontadas pelos autores são: 1. Função alocativa – relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a fim de oferecer bens e serviços públicos puros (por exemplo, ex.: rodovias, segurança, justiça) que não seriam oferecidos pelo mercado ou seriam em condições ineficientes; bens meritórios ou semipúblicos (ex.: educação e saúde); e criar condições para que bens privados sejam oferecidos no mercado pelos produtores, corrigir imperfeições no sistema de mercado (como oligopólios) e corrigir os efeitos negativos de externalidades. 2. Função distributiva – visa tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza, através da tributação e de transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população etc. (ex.: Fome Zero, Bolsa Família, destinação de recursos para o SUS, que é utilizado por indivíduos de menor renda). O governo tributa e arrecada de quem pode pagar e os distribui/redistribui a quem tem pouco ou nada tem, através de programas sociais. 3. Função estabilizadora – é a aplicação das diversas políticas econômico- financeiras a fim de ajustar o nível geral de preços, melhorar o nível de emprego, estabilizar a moeda e promover o crescimento econômico, mediante instrumentos de política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limitação etc.). 2. Resposta correta: b. Comentário a: Constituição Federal de 1988: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes da união, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte. 23 Comentário b: Publicidade: A administração deve evidenciar para toda a sociedade a maneira, onde e como os recursos públicos estão sendo aplicados. O principal instrumento de exteriorização utilizado pela administração é o Diário Oficial, porém a publicidade pode se dar por meio de boletins internos, certidões, jornais de grande circulação ou, até mesmo, pela internet, não sendo considerada a divulgação na TV ou rádio. Inciso XXXIII do Artigo 5 da Constituição Federal de 1988. Todos têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestados no prazo de lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível a segurança da sociedade e do Estado. Comentário c: A Administração Pública está vinculada à legalidade estrita. O agente público somente pode fazer o que a lei manda, ao contrário do particular, que pode fazer tudo aquilo que a lei não proíbe. Este princípio supracitado está implícito no art. 5º, inciso II da Constituição, que expõe “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”, indo ao encontro do disposto também no art. 5º, inciso XXXIX, que diz “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Comentário d: Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão , de confiança ou de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da união, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal. 3. Resposta correta: d. Comentário a: A união não tem soberania, quem tem é o país. A união tem autonomia. Comentário b: Controle político e financeiro é interno e externo. Comentário c: Desconcentram. 24 Comentário d: Correta. O objetivo do Estado é de interesse público. Comentário e: Correta. Os órgãos podem ser classificados: 1. Quanto a sua estrutura: simples ou composto; 2. Quanto a sua atuação funcional (composição): singulares ou colegiados; 3. Quanto a sua posição estatal: independentes, autônomos, superiores ou subalternos; 4. Quanto a sua esfera de ação: centrais ou locais. 4. Resposta correta: A. Comentário I: Princípio da legalidade em estrito censo (c). Comentário II: O erro está em afirmar que o princípio da legalidade se aplica igualmente à administração pública e privada. A administração pública só pode fazer o que a lei permite. A privada pode fazer tudo que a lei não proíbe (princípio da legalidade lato senso) (e). Comentário III: Incorreto, pois na gestão privada as fronteiras não são claramente definidas, ao contrário do que afirma o item e. 5. Resposta correta: a. 1 Profa. Karla R. Santos Ribeiro Gestão de Finanças Públicas Aula 1 Conversa Inicial Administração Pública Princípios da Administração Pública Teoria das finanças públicas Função do governo: função alocativa, função distributiva e função estabilizadora Teoria da tributação O objetivo desta aula é discorrer sobre os fundamentos básicos da Gestão de Finanças Públicas, bem como oportunizar aos alunos aprimoramento de conhecimentos, habilidades e atitudes no que refere ao Estado, principalmente à Gestão de Finanças Públicas Administração Pública Administração Pública compreende todos os órgãos do governo que exercem função política, bem como os órgãos e pessoas jurídicas que exercem funções administrativas 2 Administração Pública Administração direta Administração indireta Autarquias Fundações públicas Empresas públicas Sociedade de economia mista Atividades consideradas próprias da função administrativa: Serviço público Polícia administrativa Fomento IntervençãoAdministração Pública: é um rol de pessoas jurídicas e de órgãos que exercem função administrativa do Estado, em conformidade com a lei – a administração direta e a administração indireta Todavia, as sociedades de economia mista e as empresas públicas, bem como as exploradoras de atividades econômicas, também são consideradas Princípios da Administração Pública Constituição Federal, art. 37: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios (...) 3 (...) obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...] Princípio da publicidade Princípio da eficiência Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade Princípio da autotutela Princípio da continuidade do serviço público Teoria das finanças públicas Finanças: conjunto de recursos econômicos que os indivíduos possuem cujo objetivo é satisfazer suas necessidades Esses recursos financeiros podem ser moedas nacionais ou estrangeiras ou, ainda, outros tipos de bens, como imóveis Mecanismo de quantificação dos bens, direitos, deveres, salvo os já expressos em moeda corrente, como é o caso dos saldos da conta corrente Sistema de ênfase, controle e gerência a longo prazo Patrimonial Financeira Orçamentária 4 Funções do governo: alocativa, distributiva e estabilizadora Função alocativa Função distributiva Função estabilizadora A função alocativa refere-se à atuação do governo na produção de bens, visando ao bem-estar social, principalmente na tentativa de restabelecer as falhas de mercado (...) (...) como desemprego, presença de externalidades e mercados incompletos, competição imperfeita, entre outros distúrbios da economia A função estabilizadora consiste na ideia de ações do governo no que se refere a políticas monetárias, fiscais e cambiais, com o objetivo de diminuir efeitos das crises econômicas A função distribuidora decorre da ideia que o mercado é apto a desenvolver a produção, mas não de entregá-la Quanto mais bem- sucedidas as instituições de produção do mercado, mais ganhos econômicos serão obtidos 5 Teoria da tributação Lei nº 5.172, de 1966, art. 3º: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada Constituição Federal, art. 145, parágrafo 1º, sobre o princípio da capacidade contributiva: Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, (...) (...) facultando à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte O Estado tenta coibir artifícios dos contribuintes para o não pagamento de tributos, principalmente no que se refere à declaração de renda de forma enganosa Na Prática 6 (Banca CESPE – 2011) Em relação à administração pública brasileira, assinale a opção correta. A) Cabe à União exercer a soberania do Estado brasileiro perante todos os seus cidadãos, utilizando, inclusive, em caso de necessidade, meios coercivos B) Em relação ao controle da administração pública federal, os controles contábil, financeiro, operacional e patrimonial dos órgãos e entidades da administração pública são de responsabilidade exclusiva dos órgãos internos dessa administração C) Os órgãos públicos descentralizam as atividades da administração pública D) A administração pública opera todas as funções necessárias para atingir o objetivo do Estado e satisfazer o interesse público E) Os órgãos públicos podem ser classificados em simples e compostos Finalizando 7 Nesta aula, você estudou alguns temas muito relevantes: Administração Pública Princípios da Administração Pública Teoria das finanças públicas Funções do governo: alocativa, distributiva e estabilizadora Teoria da tributação GESTÃO DE FINANÇAS PÚBLICAS AULA 2 Profª Karla Regina Quintiliano Santos Ribeiro 2 CONVERSA INICIAL Olá! Bem-vindo à disciplina de Gestão de Finanças Públicas. O Estado, assim como as pessoas físicas ou jurídicas, para desenvolver suas atividades, contrai alguns direitos, bem como assume obrigações financeiras, visto que, para desenvolver suas atribuições, muitas vezes é necessário a realização de compras de produtos e serviços. Nesse contexto, verifica-se que o Estado tem um fluxo de recursos financeiros que devem ser geridos, por isso é importante a presença de uma área financeira, orçamentária e patrimonial oriunda ao Estado. Ressalta-se que nessas áreas a contabilidade deverá ser um instrumento de gestão imposto por normativa legal. Lembre-se de ainda que a contabilidade que norteia a gestão pública está conceituada na Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 16.1/2012 e se baseia principalmente na Lei 4.320, de 17 de março de 1964, e deve ser aplicada a todas as organizações (públicas ou privadas) que recebam de forma direta ou indireta recursos advindos do Estado. Observa-se ainda que a contabilidade tem como finalidade a defesa, o controle e a gestão do patrimônio público. Bom estudo! Vídeos Sobre contabilidade pública: CONTABILIDADE pública: conceitos atuais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wg1VJ65d0Xc>. Acesso em: 11 set. 2017. CONTEXTUALIZANDO A gestão pública é pautada pela utilização da contabilidade aplicada ao setor público, que tem como objetivo a coleta, o registro e o controle de todos os atos e fatos relacionados ao patrimônio público e suas alterações, bem como acompanha a execução do orçamento. A contabilidade vem sido aprimorada, principalmente, após a promulgação do Código de Contabilidade da União, de 1922. Em seguida, verifica-se a Lei n. 4.320/1964, que institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços, seja no âmbito da União, ou ainda, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. 3 Reforça-se que a Contabilidade Pública deve registrar todos os atos do administrador público, que afetam o patrimônio público, com a finalidade de subsidiar, com informações contábeis, o planejamento das ações do administrador público. TEMA 1 – CONTABILIDADE PÚBLICA A pessoa física ou a pessoa jurídica, o Estado (entes públicos ou órgão público) podem contrair direitos e assumir atribuições, bem como podem realizar atos, como é o caso de compras de bens e serviços, assim como vendas, produções, entre outros. Nesse contexto, verifica-se a importância da área financeira, orçamentária e patrimonial do Estado, visto que é por meio delas que são realizadas tais ações. Outro ponto importante é que os órgãos e as entidades públicas têm a capacidade de poder efetuar ações que modificam o seu patrimônio no futuro, por exemplo, as celebrações de contratos de convênios, concessões de avais, entre outros inerentes à administração pública. Ressalta-se que esses atos devem estar previstos na Lei Orçamentária, visto que ela é a responsável por quase todas as modificações patrimoniais. Os recursos financeiros utilizados nos gastos públicos, que estão previstos na Lei Orçamentária, advêm da população, ou seja, a sociedade proporciona o recurso, e por consequência, o Estado precisa da autorização deles para a utilização desses recursos, o que ocorre por meio da aprovação da Lei Orçamentária feita pelos representantes do povo – senadores, deputados e vereadores – e pelas Casas Legislativas, que são Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal. Em suma,pode-se entender que, por meio da Lei Orçamentária, os cidadãos delegam aos governantes o direito de arrecadar e realizar despesas em seu nome. Todavia, os gastos autorizados têm a finalidade de gerar o bem social. Outro ponto a ser destacado é que o patrimônio público, poucas vezes, tem como fonte de renda casos diversos do orçamento. Nesse cenário, pode-se entender a Contabilidade Pública como método responsável para acompanhar o desenvolvimento do patrimônio público. Ainda, a Contabilidade Pública também acompanha a execução da arrecadação de receita e a realização de despesas. 4 Ressalta-se que a Contabilidade Pública é uma subdivisão da contabilidade. Nesse sentido, pode-se defini-la como uma ciência que, por meio de técnicas, mantém o controle do permanente do patrimônio público. Nesse sentido, a Contabilidade Pública pode ser conhecida como uma ramificação da Contabilidade como ciência aplicada, que instrumentaliza as informações orçamentárias e controla o patrimônio público. Figura 1 – Contabilidade Pública Em suma, a Contabilidade Pública deriva das Ciências Contábeis e tem sua aplicação na administração pública, no que se refere a suas técnicas de registro dos atos e fatos administrativos, apurando os resultados e gerando relatórios contábeis. Nesse contexto, pode-se entender que a finalidade da Contabilidade Pública é propiciar aos indivíduos informações de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, para que se baseiem no processo decisório, bem como efetuem uma prestação de contas adequada; serve, ainda, como instrumento de informação social. Observa-se também que o campo de atuação da contabilidade, conforme as Normas Brasileira de Contabilidade – NB T 16.1/2016, são as entidades do setor público, ou ainda as instituições que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos advindos das entidades dos setores públicos visando à execução de suas atividades, no tocante aos aspectos contábeis da prestação de contas. Lembre-se de que as entidades do setor público são as pessoas jurídicas de direito público (União, estados, município e Distrito Federal), bem como os órgãos, ou ainda, entes públicos que recebem, guardam, movimentam, gerenciam ou apliquem dinheiro, bem e valores públicos na execução de suas atividades. Coincide, ainda, como entidades do setor público, as pessoas físicas 5 que recebem subvenção, benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público. A Contabilidade Pública no Brasil tem como diretrizes legais a Lei n. 4.320/1964, a Lei n. 6.404/1976 e a Lei n. 11.638/2007, entre outras. Sobre essas legislações destaca-se a Lei n. 11.638/2007, que modificou a Lei n. 6.404/1976 principalmente no que diz respeito à convergência da legislação contábil, às normas internacionais sobre a contabilidade e à transparência das informações oriundas da Contabilidade Pública. Verifica-se ainda outras mudanças importantes, que são: Publicação das Demonstrações dos Fluxos de Caixa – DFC. Obrigatoriedade da publicação da Demonstração do Valor Adicionado – DVA para as companhias abertas. Aumentos ou diminuições de valores de saldos de ativos e passivos decorrentes de avaliações e preços de mercado registrados na conta de Ajuste de Avaliação Patrimonial, no Patrimônio Líquido. Saldos vertidos a valor de mercado nos casos de fusões: cisões ou incorporações. Patrimônio Líquido: capital social, reserva de capital, ajuste de avaliação patrimonial, reserva de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Com edição da Medida Provisória 449, que se transformou em Lei n. 11.941/2009, verificou-se outras mudanças importantes nas leis n. 6.404/1976 e 11.638/2008. Fazendo um retrospecto da legislação contábil pública, verifica-se que a Lei n. 4.320/1964 instituiu Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Entretanto, somente com a promulgação da Constituição de 1988 ocorreram novas modificações nas normas relativas ao orçamento, da qual se destacam os Instrumentos de Planejamento: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Orçamentos Anuais (Art. 165 e seguintes da CF/1988). Em 1999, constitui-se a Portaria 42/1999 do Ministério do Orçamento e Gestão, que estabeleceu a discriminação da despesa por funções conforme a Lei n. 4.320/1964. Entretanto, a Lei Complementar n. 101/2000, Lei de 6 Responsabilidade Fiscal, impactou diretamente na Contabilidade Pública visto que a imposição dessa lei trouxe alguns princípios importantes como a transparência, o equilíbrio entre a despesas e a receita, entre outros. Em 2001, baixou-se a Portaria Interministerial 16 com a finalidade de uniformizar os procedimentos da execução orçamentária no âmbito da União, estados, Distrito Federal e municípios. Nesse sentido, determinou-se que fosse utilizada a mesma classificação de receitas e despesas por todos os entes da Federação. Em 2008, o Conselho Federal de Contabilidade aprovou as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, as quais vem sendo aprimorada deste então, visto que no ano de 2012 ocorreu uma modificação conceitual sobre a contabilidade aplicada ao setor público. TEMA 2 – RECEITA PÚBLICA A Receita Pública, na maioria das vezes, tem como fonte os tributos, sendo denominada o seu total, nas leis de orçamento, como receita prevista ou estimada. O Manual de Procedimentos da Receita Pública (MPRP) define Receita Pública como sendo: “todos os ingressos de caráter não devolutivo auferidas pelo Poder Público, em qualquer esfera governamental, para alocação e cobertura das despesas públicas. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui uma Receita Pública, pois tem como finalidade atender às despesas públicas”. O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de setembro de 2016, que dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis, define que receita “corresponde a aumentos na situação patrimonial líquida da entidade não oriundos de contribuições dos proprietários.” Lei 4.320/1964 Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. § 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. § 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. 7 Nesse contexto, Receita Pública deve ser entendida como os recursos angariados pelo Estado com a finalidade de sanar as despesas públicas. Logo, receita são todas as entradas de recursos no cofre público para sanar os gastos públicos que são utilizados na aquisição de bens e serviços, que são utilizados para o bem comum da sociedade. Em suma, Receita Pública é todo e qualquer arrecadação dos cofres públicos, sejam valores numéricos ou bens. Observa-se que esses recolhimentos são em virtude de lei, contratos, ou ainda, títulos que resultam em direitos a favor do Estado. A Receita Pública também pode derivar de cobranças e de serviços gerais realizados pelo Estado por meio de impostos, taxas e contribuições. A regulamentação da Receita Pública está previstana Lei n. 4.320/1964, que dispõe sobre as entradas de todos os recursos financeiros nos entes da União, estados, município e Distrito Federal, classificando-os em dois grupos: orçamentários e extraorçamentários. Esses dois grupos se diferem porque os ingressos orçamentários são aqueles arrecadados com a finalidade exclusiva de executar os programas e as ações governamentais, sendo também chamados de Receita Pública. Entretanto, os ingressos extraorçamentários são aqueles arrecadados por exigências de contratos pactuadas e depois são devolvidos a esses terceiros. São também denominados recursos de terceiros. Sobre as Receitas orçamentárias, destaca-se que devem ser autorizadas pelo poder legislativo para serem arrecadas, e por consequência, devem configurar no Orçamento Público. Outro ponto importante é que as arrecadações das receitas orçamentárias devem estar previstas na Lei Orçamentária Anual – LOA. Observa-se o art. 11 da Lei n. 4.320/1964, que divide a receita orçamentária por categoria econômica, em: receita corrente. receita de capital. Essa divisão (em categoria econômica) é importante para analisar as ações do governo na política econômica do país, principalmente no controle do déficit público, ou ainda, no desenvolvimento nacional, por meio de fomento, entre outros. 8 A Portaria Interministerial STN/SOF n. 338/2006 detalha essas categorias econômicas em receitas correntes intraorçamentárias e receitas de capital intraorçamentárias. Esse detalhamento ocorreu pela necessidade de evidenciar as operações oriundas das receitas de órgãos, fundos ou entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social, bem como as despesas de outros órgãos, fundos ou entidades também constantes desses orçamentos no âmbito da mesma esfera de governo. Além de serem classificadas conforme a categoria econômica, as receitas podem também ser classificadas por origem de recursos. Logo, a receita corrente e a receita de capital podem ser classificadas conforme a origem de entrada nos cofres públicos. Nesse sentido, classifica-se, em conformidade com o Manual de Contabilidade aplicada ao Setor Público: Receita tributária é a que tem origem no poder de tributar do Estado, conforme a competência tributária instituída pela Constituição Federal. Receita de contribuições é oriunda das contribuições sociais e das contribuições de intervenção no domínio econômico. Receita patrimonial é a que deriva da utilização de bens imóveis, ou ainda, de ganhos de valores mobiliários. Receita agropecuária é a que tem origem na exploração agropecuária. Receita industrial é a oriunda de atividades industriais, cuja definição está prevista pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Receita de serviços é a advinda das atividades de prestação de serviço. Transferências correntes são os recursos financeiros que são auferidos de outra pessoa de direito público ou privado, independentemente de contraprestações diretas de bens ou serviços. Outras receitas correntes são as receitas advindas de multas e juros de mora, indenizações e restituições, receita da dívida ativa e receitas diversas. Receitas correntes intraorçamentárias são receitas correntes de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e de outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de materiais, bens e serviços, recebimentos de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, 9 fundação, empresa estatal dependente ou de outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo. Entretanto, a receita de capital também se classifica por origem de recursos, sendo dividida em, conforme o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público: Operações de crédito, as quais se referem aos recursos advindos da colocação de títulos públicos ou de empréstimos obtidos de entidades estatais ou particulares internos ou externos. Alienação de bens, que são valores advindos da alienação de bens imóveis e móveis. Amortização de empréstimos, que advém do retorno de recursos que haviam sido emprestados a terceiros. Transferências de capital, que sucedem de transferências correntes, de pessoas de direito público ou privado, e destinadas a atender a despesas necessariamente de gastos de capitais. Outras receitas de capital, que são as receitas não enquadradas em nenhuma das outras classificações. Receitas de capital intraorçamentárias, que são de capital de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social derivadas da obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos ou alienação de componentes do ativo permanente, quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de governo. Em suma, a Receita Pública é o montante em dinheiro recolhido pelo Estado, incorporado ao patrimônio público, que tem a finalidade de custear as despesas públicas. Porém, pode-se entender a despesa pública como um gasto ou dispêndio que a administração pública realiza com o objetivo de executar o planejamento e metas estabelecidas. Nesse sentido, a despesa faz parte do orçamento público. 10 TEMA 3 – DESPESA PÚBLICA Lembrando, Receita Pública são os bens e direitos que o Estado incorporam no Patrimônio Público com a finalidade de custear as despesas públicas. Na maioria das vezes, as receitas são derivadas de o poder impositivo do Estado cobrar os impostos. Nesse contexto, é importante verificar o que significa despesa pública, logo, conceitua-se esse tipo de despesa como sendo os gastos ou dispêndios que o Estado realiza com o objetivo de promover o bem comum. Observa-se ainda que despesa pública são as retiradas de recursos dos cofres públicos para o pagamento de dívidas, ou ainda, a devolução de importâncias recebidas a título de cação, depósito e consignações. Lembre-se, também, de que as despesas estatais são realizadas com recursos financeiros que constam no caixa do órgão público, sendo ainda que essas ações de pagamento devem levar em conta as receitas previstas. Por conseguinte, verifica-se a relevância do Estado em elaborar em conformidade com a LOA, estabelecendo de forma precisa as despesas, evitando, assim, erros e omissões que poderão comprometer o orçamento. Assim como as receitas, as despesas públicas classificam-se em dois grupos, que são: Despesa orçamentária. Despesa extraorçamentária. Lembre-se de que essa divisão se faz levando em conta a participação da despesa no orçamento. Despesa extraorçamentária são aquelas que os pagamentos não têm vínculo com a autorização legislativa, logo, não estão evidenciadas no orçamento público. A execução da despesa extraorçamentária está vinculada às receitas extraorçamentárias, ou seja, são as devoluções de cauções, fianças, depósitos de terceiros, entre outras. Em suma, pode-se entender a despesa extraorçamentária como uma simples devolução de recursos financeiros. Entretanto, as despesas orçamentárias se referem aos gastos que necessitam de autorização do poder legislativo para poderem ser realizado, logo, essas despesas devem estar contidas no orçamento público para serem executadas. 11 Observe, ainda, a Lei n. 4.320/1964, que define que a despesa pública seja classificada em: Despesa institucional. Despesa funcional. Despesa econômica. Ressalta-se ainda que o art. 165, parágrafo 5.º da Constituição Federal de1988, prevê que a classificação seja por esfera orçamentária, no caso da União, com o objetivo de demonstrar se o orçamento é fiscal, da seguridade social ou de investimento das empresas estatais. Sobre a classificação institucional, ressalta-se que tem que ser elaborada em conformidade com a Lei de Estrutura Organizacional do órgão ou ente estatal, e deve ser elaborada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. No que se refere à classificação funcional, é importante destacar que a atividade, o projeto e a operação especial vinculará a função e a subfunção do gasto público à área de ação governamental nas três esferas de governo. Constituição Federal, art. 165, § 5.º A lei orçamentária anual compreenderá: I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II – o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público. Nesse sentido, faz-se necessário conceituar projeto, atividade e operações estatais. Conforme a Portaria n. 42/1999, do então Ministério do Orçamento e Gestão: Projeto é um rol de operações com prazo determinado, do qual resulta um produto para a expansão ou aperfeiçoamento de uma ação do governo. Atividade refere-se a um conjunto de ações permanentes que tem a função de manutenção da ação estatal. Operações especiais são as despesas que não são de preservação das ações estatais, que não resultam um produto nem constituem contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. 12 Conforme a Portaria 42/1999, entende-se como função encargos especiais as despesas que não se podem vincular com um bem ou serviço estatal, ou seja as dívidas, ressarcimentos, indenizações e outras afins. Essa classificação (funcional) não é rígida no que se refere à sua aplicação, visto que informa as realizações pretendidas pelo poder estatal. As subfunções podem se vincular, não necessariamente, apenas com as funções que estejam vinculadas. Logo, os programas têm uma estrutura flexível, se adaptando à solução dos seus problemas, e sua origem ocorre no processo de planejamento, mais especificamente no Plano Plurianual – PPA. Ressalta-se, ainda, que a ligação entre o Plano Plurianual e do Orçamento Anual passa a ser o programa, logo, o orçamento deve começar a ser verificado no programa. E, conforme a Portaria n. 42/1999, cada esfera estatal determina, por atos próprios, a constituição dos programas, bem como os códigos e a identificação, em conformidade com essa Portaria. Sobre a natureza da despesa, é importante cerificar os arts. 12 e 13 da Lei n. 4.320/1964, que prevê a classificação da despesa por categoria econômica e elementos. O art. 8º dessa mesma lei traz que os itens da despesa serão identificados por números de código decimal. Lembre-se ainda de que o código é um conjunto de informações que classificam por natureza a despesa, bem como indicam a categoria econômica, o grupo que a despesa pertence, a modalidade de aplicação e o elemento. A Portaria interministerial 163/2001 classifica a despesa, em conformidade com sua natureza, e estabelece: I. Categoria econômica. II. Grupo de natureza da despesa. III. Elemento de despesa. Lembre-se, ainda, de que a natureza da despesa deverá conter também a “modalidade de aplicação”, ou seja, a finalidade dos recursos. Sendo assim, os elementos das despesas têm por objetivo identificar os objetos de gasto, por exemplo: vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, entre outros. TEMA 4 – ORÇAMENTO PÚBLICO A ideia de orçamento na modernidade surge no século XX, sendo idealizado para ser um documento que prevê as diretrizes do chefe executivo, 13 principalmente no que se refere às fontes de renda estatais, bem como deve prever os gastos públicos que serão realizados para financiar o exercício do programa de trabalho do Estado, que tem como objetivo maior a sociedade. O Estado tem como finalidade o bem comum da sociedade, e para a execução dessa tarefa são necessários recursos. Logo, para satisfazer os objetivos elencados na Constituição Federal, no seu art. 3.º, que prevê como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, entre outras, “erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”, é necessário a obtenção de recursos financeiros. Nesse sentido, para que a Administração Pública exerça sua função, ela realiza várias ações, que devem ser pautadas por regras legais, envolvendo várias pessoas que realizam atos administrativos baseados nos princípios legais; entre eles, destaca-se o da publicidade. Entre outros instrumentos para a realização das atividades do Estado, destaca-se o orçamento público. Antes de falar sobre o orçamento público propriamente dito, é importante analisar o que significa orçamento. Nesse sentido, o dicionário descreve a seguir (Priberam, 2017): 1. Conjunto das contas provisionais e anuais das receitas e das despesas do Estado, das colectividades e estabelecimentos públicos (ex.: orçamento do Estado). 2. Conjunto das receitas e das despesas de um particular, de uma família, de um grupo. 3. Quantia de que se dispõe (ex.: as obras ficaram abaixo do orçamento da família). 4. Custo estimado de algo (ex.: orçamento de uma obra). (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa) Saindo dos conceitos anteriores, verifica-se que orçamento se refere à uma parte do processo financeiro que comtempla as receitas e despesas de um determinado período de tempo. Quando o orçamento se aplica ao setor governamental, pode ser definido como um mecanismo que o Poder Público dispõe para demonstrar sua atuação, discriminado o montante de recurso obtido, bem como utilizado, em determinado período. Segundo Lima (2017), o orçamento público tem como finalidade controlar as atividades financeiras do governo, sendo esse um dos mais importantes sistemas utilizados pela Administração Pública. Saindo desse pressuposto, verifica-se que o termo “controle”, que está ligado à ideia de verificação dos atos do governo, visa à prestação de contas financeiras à sociedade. Logo, entende- 14 se orçamento público como um instrumento primordial para a gestão pública, pois, por meio dela, estima-se a receita e fixa-se as despesas. Ressalta-se, ainda, que o orçamento tem uma importância proeminente pelo fato de o legislador reservar um capítulo inteiro, na Constituição de 1988, para sua imposição. Lembrando que, nos arts. 165 a 169 dessa lei, verifica-se a obrigatoriedade do plano plurianual, de quatro anos, bem como a Lei de Diretrizes Orçamentária e as Lei Orçamentária Anual, que devem constituir um sistema de planejamento. Em suma, o orçamento público é uma obrigação advinda da lei, pode ser entendida como um instrumento gerencial do Estado e tem como objetivo atender às necessidades sociais de um período de tempo por meio das ações de gestão pública. Destaca-se a legislação em que o orçamento público está pautado: Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988, nos seus arts. 165 a 169, sob o título de “Orçamentos”. Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964. Portaria n. 42, de 14 de abril de 1999. Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000. Portaria Interministerial n. 163, de 4 de maio de 2001. No Brasil, o orçamento público é classificado em três legislações, conforme o artigo 165 da Carta Magna de 1988: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes
Compartilhar