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João (MHenry)

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JOÃO 
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 Introdução 
 Capítulo 1 Capítulo 7 Capítulo 13 Capítulo 19 
 Capítulo 2 Capítulo 8 Capítulo 14 Capítulo 20 
 Capítulo 3 Capítulo 9 Capítulo 15 Capítulo 21 
 Capítulo 4 Capítulo 10 Capítulo 16 
 Capítulo 5 Capítulo 11 Capítulo 17 
 Capítulo 6 Capítulo 12 Capítulo 18 
 
Introdução 
O apóstolo e evangelista João parece ter sido o mais jovem dos 
doze. Foi favorecido de modo especial com a confiança e consideração 
do Senhor a ponto de ser chamado de "O discípulo a quem Jesus amava". 
Estava ligado ao Mestre de uma maneira muito sincera. Exerceu o seu 
ministério em Jerusalém com muito êxito, e sobreviveu à destruição 
desta cidade, segundo a pregação de Cristo (21.22). A história narra que 
após a morte da mãe do Senhor Jesus Cristo, João viveu principalmente 
na cidade de Éfeso. No final do reinado de Domiciano, foi deportado 
para a ilha de Patmos, onde escreveu o Apocalipse. Quando Nerva se 
instalou, foi posto em liberdade e regressou a Éfeso, onde crê-se que 
tenha escrito o Evangelho e as suas epístolas, por volta do ano de 97 
d.C., e morreu pouco depois. 
O objetivo deste Evangelho parece ser a transmissão ao mundo 
cristão de noções justas sobre a natureza, ofício e caráter verdadeiros do 
Mestre divino, que veio instruir e redimir a humanidade. Com este 
propósito, João foi dirigido a escolher, para a sua narração, as passagens 
da vida de nosso Salvador que mostram mais claramente a sua 
autoridade e o seu divino podei e aqueles discursos em que falou mais 
claramente a respeito de sua natureza, e sobre o poder de sua morte 
como expiação pelos pecados do mundo. Omitindo ou mencionando de 
forma breve os sucessos registrados pelos outros evangelistas, João dá 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 2 
testemunho de que os seus relatos são verdadeiros, e deixa lugar para as 
declarações doutrinárias já mencionadas, e para detalhes omitidos em 
outros Evangelhos, muitos dos quais de enorme importância. 
 
João 1 
Versículos 1-5: A divindade de Cristo; 6-14: As suas naturezas 
divina e humana; 15-18: O testemunho de Cristo que foi dado por João 
Batista; 19-28: O testemunho público de João a respeito de Cristo; 29-
36. Outros testemunhos de João a respeito de Cristo; 37-42: André e 
outro discípulo seguem a Jesus; 43-51: A chamada de Filipe e Natanael. 
Vv. 1-5. A razão mais simples pela qual se chama o Filho de Deus 
de "o verbo de Deus", parece ser que como nossas palavras explicam as 
nossas idéias aos demais, assim o Filho de Deus foi enviado para revelar 
o pensamento de seu Pai ao mundo. 
Aquilo que o evangelista disse acerca de Cristo prova que Ele é 
Deus. Afirma a sua existência no princípio; a sua coexistência 
juntamente com o Pai. O verbo estava com Deus. Todas as coisas foram 
feitas por Ele, e não como instrumento mas como Autor. Sem Ele, nada 
do que foi feito se fez; desde o anjo mais elevado até o verme mais 
baixo. Isto mostra quão bem qualificado estava para a obra de nossa 
redenção e salvação. A luz da razão e a vida dos sentidos derivam dEle, 
e dependem dEle. Este Verbo eterno, esta Luz verdadeira, resplandece; 
porém as trevas não a compreenderam. oremos sem cessar para que os 
nossos olhos sejam abertos e contemplemos esta luz, para que andemos 
nela – e assim sejamos feitos sábios para a salvação pela fé em Jesus 
Cristo. 
Vv. 6-14. João Batista veio dar testemunho de Jesus. Nada revelou 
com maior plenitude as trevas que estavam nas mentes dos homens do 
que quando apareceu a Luz, e houve a necessidade de um testemunho 
para chamar a atenção dela. Cristo era a luz verdadeira; esta grande luz 
merece ser chamada assim. Por seu Espírito e graça ilumina a todos 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 3 
aqueles que estão iluminados para a salvação. E aqueles que não estão 
iluminados por Ele, perecem nas trevas. 
Cristo esteve no mundo quando assumiu a nossa natureza e habitou 
entre nós, neste mundo inferior. Esteve no mundo, mas não era do 
mundo. veio salvar um mundo que se havia perdido, porque era um 
mundo que Ele mesmo havia criado perfeito. Contudo, o mundo não o 
conheceu. Quando vier o Juiz, o mundo o conhecerá. Muitos dizem que 
são de Cristo, mesmo não o recebendo porque não deixam os seus 
pecados, nem permitem que Ele reine sobre eles. 
Todos os filhos de Deus são nascidos de novo. Este novo 
nascimento acontece por meio da Palavra de Deus (1 Pe 1.25), e pelo 
Espírito de Deus, como seu autor. 
Cristo sempre esteve no mundo por sua presença divina; porém, 
agora que o cumprimento do tempo estava prestes a chegar, Ele foi, de 
outra maneira, Deus manifestando-se em carne. 
Observemos, contudo, os raios de sua glória divina que penetraram 
este véu de carne. Ainda que esteve em forma de servo quanto às 
circunstâncias exteriores, quanto à graça, a sua forma foi a de Filho de 
Deus, cuja glória divina se revela por meio da santidade de sua doutrina 
e em seus milagres. Foi cheio de graça, completamente aceitável a seu 
Pai, e portanto apto a interceder por nós; e cheio de verdade, plenamente 
consciente das coisas que iria revelar. 
Vv. 15-18. De forma cronológica em relação à obra que realizou na 
terra, o Senhor Jesus Cristo veio após João, porém em todas as demais 
coisas foi antes deste. A expressão mostra claramente que Jesus já existia 
antes de viver na terra como homem. Nele habita toda a plenitude. E os 
pecadores caídos recebem dEle, e somente dEle, e têm por fé tudo o que 
os torna sábios, fortes, santos, úteis e felizes. Tudo o que recebemos de 
Cristo se resume na seguinte palavra: Graça. Recebemos "Graça sobre 
graça", um dom tão grande, tão rico, cujo valor é inestimável; a boa 
vontade de Deus para conosco, e a boa obra de Deus em nós. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 4 
A lei de Deus é santa, justa e boa; e devemos utilizá-la de modo 
apropriado. Porém não podemos derivar desta o perdão, a justiça ou a 
força. Nos ensina a adornar a doutrina de Deus, nosso Salvador, porém, 
nada pode tomar o lugar desta doutrina. Como nenhuma das 
misericórdias de Deus para os pecadores vem de outra maneira senão por 
meio de Jesus Cristo, nenhum homem pode ir ao Pai exceto por meio 
dEle; ninguém pode conhecer a Deus, exceto aquele a quem Ele mesmo 
permitir que o conheça através de seu Filho unigênito e amado. 
Vv. 19-28. João nega ser o Cristo esperado. Veio no espírito e 
poder de Elias, mas não era Elias. João não era aquele profeta do qual 
Moisés falou, que o Senhor o levantaria para si dentre seus irmãos. Não 
era o profeta que eles esperavam que os resgataria dos romanos. 
João apresentou-se de tal maneira que poderia tê-los despertado 
para que o escutassem. Batizou o povo com água, como profissão de 
arrependimento e como sinal exterior das bênçãos espirituais que lhes 
seriam concedidas pelo Messias que estava no meio deles, mesmo que 
eles não o conhecessem, aquEle a quem o próprio João se considerava 
indigno de prestar o serviço mais vil. 
Vv. 29-36. João viu Jesus que vinha ao seu encontro, e referiu-se a 
Ele como sendo o Cordeiro de Deus. Quanto ao cordeiro pascal, o 
derramamento e espargir de seu sangue, o assar e comer a sua carne bem 
como todas as demais circunstâncias da ordenança, representavam a 
salvação dos pecadores por meio da fé em Cristo. Os cordeiros 
sacrificados a cada manhã e a cada tarde, somente podem se referir a 
Cristo, que foi morto para redimir-nos para Deus por seu sangue. 
João veio como um pregador do arrependimento, ainda que tenha 
dito a seus seguidores que deveriam buscar o perdão de seus pecados 
somente em Jesus e através de sua morte. Perdoar a todos aqueles que 
aceitam o sacrifício expiatório de Cristo está de acordo com a glória de 
Deus. Ele tira o pecado do mundo; adquiriu o perdão para todos aqueles 
que se arrependem e crêemno Evangelho. Este fato dá alento à nossa fé; 
se Cristo tira o pecado do mundo, então, porque não tiraria os meus 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 5 
pecados? Ele levou sobre si os nossos pecados e, assim, os tira de nós. 
Deus poderia ter tirado o pecado aniquilando o pecador, assim como 
tirou o pecado do mundo na antiguidade; porém, aqui está a maneira de 
tirar o pecado salvando o pecador, tornando o seu próprio Filho pecado 
por nós, isto é, fazendo dEle, que jamais pecou, uma oferta pelos nossos 
pecados. vejamos Jesus tirando o pecado, e que isto nos faça odiar o 
pecado, e decidirmos contra todo e qualquer tipo de pecados. Não nos 
apeguemos àquilo que o Cordeiro de Deus veio retirar. 
Para confirmar o seu testemunho a respeito de Cristo, João declara 
o comparecimento dEle ao seu batismo, fato que foi testemunhado pelo 
próprio Deus. Viu e destacou que Jesus é o Filho de Deus. Esta é a 
finalidade e o objetivo do testemunho de João: declarar que Jesus é o 
Messias prometido. João aproveitou todas as oportunidades que lhe 
foram oferecidas para dirigir o povo a Cristo. 
Vv. 37-42. O argumento mais forte e dominante de uma alma 
vivificada para seguir a Cristo, é que Ele é o único capaz de retirar o 
pecado. Qualquer que seja a comunhão que exista entre a nossa alma e 
Cristo, é Ele quem dá início ao seu relacionamento conosco. Jesus lhes 
perguntou: "Que buscais?". A pergunta que Jesus lhes faz é a mesma que 
deveríamos nos fazer quando começamos a seguí-lo: o que queremos e o 
que almejamos? Ao seguir a Cristo, buscamos o favor de Deus e a vida 
eterna? Convida-os a estarem com Ele sem demora. Estamos no tempo 
aceitável (2 Co 6.2). Bom é que estejamos aonde Cristo estiver, seja 
onde for. Devemos trabalhar pelo bem-estar espiritual de nossos 
parentes, e procurar levá-los a Ele. 
Aqueles que vão a Cristo devem fazê-lo com a completa decisão de 
serem firmes e constantes nEle, como pedras, sólidas e firmes; e é por 
sua graça que são assim. 
Vv. 43-51. Observemos a natureza do verdadeiro cristianismo: 
seguirmos a Jesus, dedicarmo-nos a Ele e seguirmos os seus passos. 
Prestemos atenção à objeção feita por Natanael. Todos aqueles que 
desejam ter proveito na Palavra de Deus devem acautelar-se dos 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 6 
preconceitos contra denominações ou lugares humanos. Cada um de nós 
deve examinar a si mesmo e, às vezes, encontrarão o bem onde não o 
buscaram. Muitas pessoas se mantêm fora dos caminhos da religião por 
causa dos preconceitos irracionais que concebem. A melhor maneira de 
eliminar as falsas noções em relação à religião é analisá-la. 
Não havia engano em Natanael. A sua profissão de fé não era 
hipócrita. Não era simulador nem desonesto; tinha um caráter são, um 
homem realmente reto e piedoso. Cristo conhece, sem dúvida, o que são 
os homens. Nos conhece? Desejemos conhecê-lo. Procuremos e oremos 
para que sejamos como verdadeiros israelitas, em quem não há engano, 
cristãos verdadeiramente aprovados pelo próprio Cristo. Algumas coisas 
frágeis, imperfeitas e pecaminosas encontram-se em todos, mas a 
hipocrisia não faz parte e não está de acordo com o caráter do crente. 
Jesus deu um testemunho sobre o que aconteceu na ocasião em que 
Natanael estava debaixo da figueira. Provavelmente, naquela ocasião 
Natanael estivesse orando fervorosamente, buscando direção acerca da 
esperança e da consolação de Israel, onde nenhum olhar humano poderia 
vê-lo. Este fato demonstrou a Natanael que o nosso Senhor conhecia os 
segredos de seu coração. 
Por meio de Cristo temos comunhão com os anjos que glorificam a 
Deus, e nos beneficiamos dos serviços que nos prestam em cumprimento 
às ordens do Senhor. Por meio de Cristo, todas as coisas do céu são 
reconciliadas e unidas às da terra. 
 
João 2 
Versículos 1-11: O milagre em Caná; 12-22: Cristo expulsa do templo 
os compradores e os vendedores; 23-25: Muitos crêem em Cristo. 
Vv. 1-11. É muito bom que, quando houver um casamento, o 
Senhor Jesus Cristo o reconheça e o abençoe. Aqueles que desejam ter 
Cristo consigo em seu casamento, devem convidá-lo por meio da oração, 
e Ele virá. Enquanto estamos neste mundo, às vezes nos encontramos em 
apertos mesmo quando acreditamos estar em abundância. Havia uma 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 7 
necessidade naquela festa de casamento. Aqueles que costumam 
preocupar-se por causa das coisas do mundo, devem esperar por 
problemas e desilusões. Quando encontramos a Cristo, devemos expor o 
nosso caso com humildade diante dEle, e em seguida devemos dar-lhe a 
liberdade para que faça aquilo que lhe agradar. 
Não houve falta de respeito na resposta de Cristo à sua mãe. 
Utilizou a mesma palavra quando falou-lhe de modo amoroso, estando 
crucificado. Porém, sua resposta é um testemunho presente contra a 
idolatria das épocas posteriores, que rende honras indevidas à sua mãe. 
Os problemas chegam e muitas vezes não sabemos o que devemos 
fazer. O retardo da misericórdia não é uma resposta negativa às orações. 
Aqueles que esperam os favores de Cristo devem obedecer as suas 
ordens com prontidão. o caminho do dever é o caminho à misericórdia, e 
não se deve fazer objeções aos métodos de Cristo. 
O primeiro milagre de Moisés foi transformar água em sangue (Êx 
7.20); o primeiro milagre do Senhor Jesus foi transformar a água em 
vinho, o que pode nos recordar a diferença que existe entre a lei de 
Moisés e o Evangelho de Cristo. Ele demonstra que beneficia todos os 
crentes verdadeiros com consolos da criação, e converte-os em 
verdadeiro consolo. Todas as obras de Cristo tendem ao bem. O Senhor 
já transformou a sua água em vinho e lhe deu o conhecimento de sua 
graça? Se o fez, você deve aproveitá-lo; portanto, tire agora e utilize-o. A 
água foi transformada por Jesus no melhor vinho. As obras de Cristo 
recomendam-se por si mesmas, mesmo diante daqueles que não 
conhecem o seu Autor. Aquilo que é produzido por um milagre é sempre 
o melhor de sua categoria. Mesmo que através deste milagre o Senhor 
Jesus permita a utilização correta do vinho, não anula nem sequer de 
modo mínimo a sua advertência de que os nossos corações, em momento 
algum, devem estar carregados com glutonaria e embriaguez (Lc 21.54). 
Ainda que não devamos ser melindrosos para festejarmos com nossos 
amigos em ocasiões apropriadas, contudo, todas as reuniões sociais 
deveriam ser realizadas de tal modo que pudéssemos convidar o 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 8 
Redentor a reunir-se conosco, se Ele estivesse na terra. Toda leviandade, 
injúria e excesso o ofendem. 
Vv. 12-22. A primeira obra pública em que encontramos o Senhor 
Jesus Cristo, foi a de expulsar do templo os cambistas. Estes eram 
apoiados pelos cobiçosos sacerdotes e dirigentes, para que 
transformassem os átrios do templo em mercado. Aqueles que no 
presente fazem da casa de Deus um mercado, são aqueles que têm a 
mente repleta de interesses pelos negócios do mundo quando participam 
dos cultos e trabalhos religiosos, ou aqueles que desempenham ofícios 
divinos visando ganhos materiais. 
Tendo purificado o templo, o Senhor Jesus deu um sinal àqueles 
que pediram que comprovasse a sua autoridade para que agisse daquele 
modo. Anuncia a sua morte pela maldade dos judeus. Destruí este 
templo. Eu permitirei que o destruam. Anuncia a sua ressurreição por seu 
próprio poder. Em três dias o levantarei. Cristo voltou à vida por seu 
próprio poder. 
Os homens se equivocam quando entendem literalmente, aquilo que 
nas Escrituras deve ser entendido como linguagem figurada. Quando 
Jesus ressuscitou dentre os mortos, os seus discípulos se lembraram de 
que havia dito isto. Observarmos o cumprimento das Escrituras, nos 
auxilia muito no entendimento da Palavra divina. 
Vv. 23-25. O nosso Senhor conhece a todos os homens, a natureza 
de cada um, a sua disposição, os seus afetos e as suas intenções, de um 
modo que nós não conhecemos a ninguém, nem sequer a nós mesmos. 
Conhece os seus astutos inimigos, e todosos projetos secretos destes. 
Conhece os seus falsos amigos e seu verdadeiro caráter. Ele sabe quais 
são verdadeiramente seus, conhece tanto a retidão quanto a fraqueza 
deles. Nós conhecemos as atitudes dos homens; Cristo conhece aquilo 
que há no interior de cada um, pois Ele prova o coração. 
Cuidemo-nos para que jamais tenhamos uma fé morta ou uma 
profissão de fé formal: não se deve confiar nos professos carnais e 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 9 
vazios, e mesmo que os homens enganem a outros, ou a si mesmos, 
jamais poderão enganar ao Deus que esquadrinha o coração. 
 
João 3 
Versículos 1-21: O diálogo de Cristo e Nicodemos; 22-36: O 
batismo de João e o batismo de Cristo – O testemunho de João. 
Vv. 1-8. Provavelmente Nicodemos temia, ou envergonhava-se de 
ser visto com Cristo, portanto, foi encontrar-se com Jesus de noite. 
Quando a religião está fora de moda, existem muitos Nicodemos. Porém, 
mesmo tendo vindo de noite, Jesus o recebeu, e deste modo nos ensina a 
incentivar os bons princípios, ainda que sejam fracos. Mesmo tendo 
vindo desta vez de noite, posteriormente reconheceu o Senhor Jesus 
Cristo publicamente. Não conversou com Cristo assuntos referentes ao 
estado, mesmo sendo um governante; mas conversou a respeito dos 
interesses de sua própria alma e de sua salvação, falando sobre isto. 
O nosso Salvador fala da necessidade e da natureza da regeneração, 
ou do novo nascimento, e de imediato levou Nicodemos à fonte da 
santidade do coração. O nascimento é o princípio da vida; nascer de 
novo é começar a viver de novo, como aqueles que viveram muito 
equivocados ou uma vida de pouco sentido. Devemos ter uma nova 
natureza, novos princípios, novos afetos, novos objetivos. Pelo pecado 
corrompemos o nosso primeiro nascimento; portanto devemos ser 
transformados em novas criaturas. Não poderia ter sido escolhida uma 
expressão mais forte do que esta, para transmitir o significado uma 
mudança de estado e de caráter tão grande e tão notável. Devemos ser 
completamente diferentes daquilo que fomos no passado, como aquele 
cujo ser tem início a qualquer momento; que em determinado instante 
não é, e também não poderá ser o mesmo que já foi anteriormente. Este 
novo nascimento vem do céu (Jo 1.13), e tende ao céu. É uma grande 
transformação realizada no coração do pecador pelo poder do Espírito 
Santo. Significa que algo é feito em nós e a nosso favor, que não 
podemos fazer por nós mesmos. Algo que trabalha a favor de uma vida 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 10 
que durará para sempre. De outra maneira não podemos esperar por 
algum benefício de Cristo; é necessário para a nossa felicidade aqui e no 
porvir. 
Nicodemos entendeu mal o que Cristo lhe disse, como se não 
houvesse outra maneira de se regenerar e moldar novamente uma alma 
imortal, sem dar-lhe um novo corpo. Contudo, reconheceu a sua 
ignorância, o que demonstra o desejo que tinha de ser melhor informado. 
Então, o Senhor Jesus explicou-lhe ainda mais. Mostra-lhe quem é o 
Autor desta bendita transformação. 
Não é uma obra de nossa sabedoria ou de nosso próprio poder, mas 
do poder do bendito Espírito Santo. Somos formados em iniqüidade, o 
que faz com que seja necessário que a nossa natureza seja transformada. 
Não temos que nos maravilhar disto, porque quando consideramos a 
santidade de Deus, a nossa depravação e a felicidade que nos é oferecida, 
não devemos pensar que seja algo estranho que se dê tanta ênfase a este 
ponto. 
A obra regeneradora do Espírito Santo é comparada com a água. 
Também é provável que Cristo tenha-se referido à ordenança do batismo. 
Não está se dizendo que todos aqueles que forem batizados serão salvos, 
e somente eles; porém, sem o novo nascimento que é realizado pelo 
Espírito Santo, cujo significado é mostrado pelo batismo, ninguém será 
súdito do reino do céu. 
A mesma Palavra significa vento e Espírito. O vento sopra sobre 
nós de onde quer; Deus o dirige. o Espírito Santo envia a sua influência 
onde, quando, a quem, na medida e da maneira que lhe agrade. 
Mesmo que as causas estejam ocultas, os efeitos são evidentes 
quando a alma é levada a lamentar-se por causa do pecado, e a respirar 
segundo Cristo. 
Vv. 9-13. A exposição feita pelo Senhor Jesus Cristo da doutrina e 
da necessidade da regeneração, parece não ter ficado clara para 
Nicodemos. Assim, as coisas do Espírito de Deus são consideradas como 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 11 
néscias para o homem natural. Muitos pensam que aquilo em que não 
podem crer não pode ser comprovado. 
O discurso de Cristo sobre as verdades do Evangelho (vv. 11-13), 
mostram como são néscios aqueles que fazem com que estas coisas 
sejam estranhas para si mesmos; e nos recomenda que as investiguemos. 
Cristo é capaz de revelar-nos a vontade de Deus de todos os modos, 
porque Ele veio do céu e permanece no céu. Aqui temos uma observação 
quanto às duas naturezas distintas de Cristo em uma só pessoa, de modo 
que é o Filho do homem, mesmo estando no céu. Deus é "o que é", e o 
céu é a morada de sua santidade. Este conhecimento deve vir do alto, e 
somente poderá ser recebido por meio da fé. 
Vv. 14-18. Jesus veio nos salvar curando-nos, como fez com os 
filhos de Israel quando foram picados por serpentes ardentes. Foram 
curados e viveram quando olharam para a serpente de bronze (Nm 21.6-
9). Devemos observar nisto a natureza mortal e destruidora do pecado. 
Perguntemos às consciências vivificadas, aos pecadores outrora 
condenados, e estes dirão que por mais encantadoras que possam ser as 
seduções do pecado, ao final picarão como as serpentes. observemos o 
poderoso remédio contra esta enfermidade fatal. Cristo nos é claramente 
proposto no Evangelho. Aquele a quem ofendemos é a nossa Paz, e o 
modo de solicitar a cura é crer. Se alguém até agora toma de modo 
leviano a enfermidade do pecado, ou o método de cura que é ministrado 
pelo Senhor, e não recebe a Cristo sob as condições que Ele mesmo 
estabelece, a sua ruína pende sobre a sua própria cabeça. Ele disse que 
deveríamos olhar para Ele e ser salvos; devemos olhar para Ele e viver. 
Devemos alçar os olhos de nossa fé a Cristo crucificado. Enquanto não 
tivermos a graça para fazê-lo, não seremos curados, e continuaremos 
feridos pelos aguilhões de Satanás, e em estado moribundo. 
Cristo veio nos salvar perdoando-nos, para que não morrêssemos 
pela sentença da lei. Aqui está o Evangelho, a verdadeira boa nova. Aqui 
está o amor de Deus ao dar o seu Filho pelo mundo: Ele amou este 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 12 
mundo de maneira tão verdadeira e rica. olhai e maravilhai-vos de que o 
grande Deus ame um mundo tão indigno! 
Aqui também está o grande dever contido no Evangelho: crer em 
Jesus Cristo. Tendo Deus o concedido para que fosse o nosso Rei, 
Sacerdote e Profeta, nós devemos entregar a Ele a nossa vida para que 
sejamos governados, ensinados e salvos por Ele. Aqui está o grande 
benefício do Evangelho, que qualquer pessoa que creia em Cristo não 
perecerá, mas terá a vida eterna. Deus estava em Cristo reconciliando 
consigo o mundo, e deste modo, o estava salvando. O mundo não 
poderia ser salvo se não fosse por intermédio dEle; em nenhum outro há 
salvação. 
Tudo isto nos mostra a felicidade dos verdadeiros crentes. Aquele 
que crê em Cristo não é condenado. Mesmo que tenha sido um grande 
pecador, não é tratado conforme o que os seus pecados fariam com que 
merecesse. 
Vv. 18-21. Quão grande é o pecado dos incrédulos. Deus enviou, 
para que nos salvasse, aquEle a quem mais amava. E o Salvador não 
seria para nós aquele a quem mais amamos? 
Quão grande é a miséria dos incrédulos! Já foram condenados, o 
que nos fala de uma condenação certa; uma condenação presente. A ira 
de Deus é agora despejada sobre eles; e os seus próprios corações os 
condenam. Também existe uma condenação baseada em sua culpa 
anterior; eles estão expostos à lei por causa de todos os pecados que 
praticaram. Porque não estão interessados pela fé noperdão que é 
oferecido pelo Evangelho. A incredulidade é um pecado contrário ao 
remédio de Deus. Brota da inimizade do coração do homem para com 
Ele, sendo uma forma de amor ao pecado. Leia-se também a condenação 
daqueles que não querem conhecer a Cristo, As obras pecadoras são as 
obras das trevas. o mundo ímpio mantém-se tão afastado desta luz 
quanto possa, para que as suas obras não sejam reprovadas. odeiam a 
Cristo porque amam o pecado, se não odiassem o conhecimento da 
salvação, não estariam contentes com a ignorância que condena. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 13 
Por outro lado, os corações renovados dão as boas vindas à luz. Um 
homem bom age de modo verdadeiro e sincero em tudo o que faz. 
Deseja conhecer a vontade de Deus e cumpri-la, mesmo que esta seja 
contrária aos seus interesses mundanos. Há lugar para uma mudança em 
todo o seu caráter e conduta. O amor a Deus é derramado em seu coração 
pelo Espírito Santo, e chega a ser o princípio que governa as suas 
atitudes. À medida que prossiga sob uma carga de culpa não perdoada, 
poderá ter somente um temor a Deus de modo servil; porém, quando as 
suas dúvidas se dissipam, vê a base justa sobre a qual edifica-se o seu 
perdão, o assume como se fosse próprio, e une-se a Deus por meio de um 
amor não fingido. As nossas obras são boas quando a vontade de Deus é 
a regra delas, e quando a sua finalidade é glorificá-lo. quando são feitas 
em seu poder e por amor a Ele; a Ele e não aos homens. 
A regeneração, ou o novo nascimento é um assunto ao qual o 
mundo tem aversão; contudo é um grande ganho, comparado ao qual, 
todas as demais coisas tornam-se ninharias. O que significa termos 
comida em abundância para comermos, e uma variedade de roupas com 
que nos vestirmos, se não nascemos de novo? Se após muitas manhãs e 
tardes passadas em meio à alegria irracional, prazeres carnais e 
desordens, morrermos em nossos pecados e jazermos em nossas dores? 
De que vale que sejamos capazes de desempenhar a nossa parte na vida, 
em todos os demais aspectos, se ao final ouvirmos por parte do Juiz 
Supremo a frase: "Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que 
praticais a iniqüidade"? 
Vv. 22-36. João sentiu-se completamente satisfeito com a obra e o 
lugar que lhe foram designados, porém, Jesus viu uma obra ainda mais 
importante. Ele também sabia que Jesus cresceria em honra e influência, 
porque do seu reino e da paz não haverá fim, enquanto João seria cada 
vez menos seguido. João sabia que Jesus veio do céu como o Filho de 
Deus, enquanto que ele era um homem mortal e pecador, que era capaz 
de falar somente das coisas mais simples da religião. As palavras de 
Jesus eram a Palavra de Deus; Ele tinha o Espírito, não sob determinada 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 14 
medida como os profetas, mas em toda a sua plenitude. Somente se pode 
ter a vida eterna por meio da fé nEle, e assim pode ser obtida. Porém, 
aqueles que não crêem no Filho de Deus, não podem participar da 
salvação, e a ira de Deus permanecerá sobre eles para sempre. 
 
João 4 
Versículos 1-3: A partida de Cristo para a Galiléia; 4-26. A sua 
conversa com a mulher samaritana; 27-42: Os resultados da conversa de 
Cristo com a mulher samaritana; 43-54: Cristo cura o filho de um nobre. 
Vv. 1-3. Jesus dedicou-se mais a pregar do que a batizar, por ser 
esta uma atividade mais excelente (1 Co 1.17), Ele honraria os seus 
discípulos empregando-os na tarefa de batizar. Ensina-nos que o 
benefício dos sacramentos não depende da mão que os administra. 
Vv. 4-26. Havia muito ódio entre os samaritanos e os judeus. o 
caminho que Cristo percorreria da Judéia, em direção à Galiléia, passava 
por Samaria. Não devemos ir a lugares que podem nos trazer tentações, a 
não ser quando somos por alguma razão obrigados a isto, e, então, não 
devemos permanecer nestes lugares, mas apressar-nos a passar por eles. 
Aqui temos nosso Senhor Jesus Cristo sujeito à fatiga que é comum 
aos viajantes. Assim vemos que possuía verdadeiramente a natureza 
humana. o trabalho que esgota as forças veio por causa do pecado; 
portanto, Cristo, tendo-se feito maldição por nossa causa, esteve sujeito a 
isto. Além do mais, como pobre, fez todas as suas viagens a pé. Cansado, 
pois, sentou-se junto ao poço. Não tinha uma almofada para nela 
descansar. Assim sentou-se, como alguém que se senta cansado por 
causa de uma viagem. Com toda a segurança, devemos nos submeter 
rapidamente a sermos como o Filho de Deus em todas as situações como 
estas. 
Cristo pediu água à mulher. Ela se sentiu surpresa porque Ele não 
demonstrou a ira de sua nação contra os samaritanos. os homens 
moderados de todas as partes são os homens que causam espanto. Cristo 
aproveitou a ocasião para ensinar-lhe verdades divinas: converteu esta 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 15 
mulher demonstrando-lhe a ignorância e a pecaminosidade em que vivia, 
bem como a necessidade que tinha do Salvador. É feita alusão ao 
Espírito Santo, quando o Senhor fala da água viva. Com esta 
comparação, a bênção do Messias havia sido prometida no Antigo 
Testamento. A graça do Espírito e as suas consolações satisfazem a alma 
sedenta, conhecedora de sua própria natureza e necessidade. 
Aquilo que foi dito por Jesus de modo figurado, foi compreendido 
pela mulher de modo literal. Cristo destaca que a água do poço de Jacó 
satisfazia brevemente. Tornaremos a ter sede, não importa quais sejam as 
águas de consolação que bebamos. Porém, àqueles que participam do 
Espírito de graça e da consolação do Evangelho jamais faltará abundante 
satisfação à alma. os corações carnais não contemplam algo mais 
elevado do que as metas carnais. Dá-me, disse ela, não para que tenha a 
vida eterna proposta por Cristo, mas para que não tenha mais que vir 
aqui para buscar água. 
A mente carnal é muito engenhosa para mudar as convicções e 
impedir que outras sejam estimuladas; porém, nosso Senhor Jesus dirige 
de modo muito claro a convicção de pecado e a consciência desta! 
Repreendeu-a severamente por causa do estado de sua vida naquela 
ocasião. 
A mulher reconheceu que o Senhor Jesus Cristo era profeta. o poder 
de sua Palavra para esquadrinhar o coração e convencer a consciência de 
coisas secretas, é prova da autoridade divina. 
Pensar que as coisas pelas quais lutamos desaparecem, deveria 
aplacar as nossas contendas. o motivo da adoração continuava sendo o 
mesmo; deveriam adorar a Deus como Pai; porém, será colocado um fim 
a todas as diferenças quanto ao lugar de adoração. A razão nos ensina a 
considerar a decência e a conveniência nos lugares aonde adoramos ao 
Senhor, porém a religião não dá preferência a um lugar em detrimento de 
outro, quanto à santidade e a aprovação de Deus. 
Os judeus tinham por certo a razão. Aqueles que obtiveram certo 
conhecimento de Deus por meio das Escrituras, sabem a quem adoram. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 16 
A Palavra da salvação pertencia aos judeus, e chegou a outras nações 
através deles. Cristo preferiu, com justiça, a adoração judaica em 
detrimento da adoração samaritana, mas aqui fala do anterior como algo 
que logo terminará. Deus estava por ser revelado como o Pai de todos os 
crentes que viviam em todas as nações. 
O espírito ou a alma do homem, influenciado pelo Espírito Santo, 
deve adorar a Deus e ter comunhão com Ele. Os afetos espirituais, como 
se demonstram nas fervorosas orações, súplicas e ação de graças, 
constituem a adoração de um coração reto, no qual Deus se deleita e é 
glorificado. 
A mulher estava disposta a deixar a questão sem uma decisão até a 
vinda do Messias, mas Cristo disse-lhe: "Eu o sou, eu que falo contigo". 
Aquela mulher era uma samaritana, uma estrangeira hostil; o simples ato 
de falar com ela já seria considerado um desprestígio para o Senhor 
Jesus. contudo, Ele revelou-se a esta mulher com mais plenitude do que 
havia feito a qualquer um de seus discípulos. Nenhum pecado cometido 
no passado é capaz de impedir que sejamos aceitos por Ele,se nos 
humilharmos em sua presença, crendo nEle como sendo o Cristo, o 
Salvador do mundo. 
Vv. 27-42. Os discípulos sentiram-se admirados pelo fato de o 
Senhor estar conversando com uma samaritana, mesmo que soubessem 
que era por uma boa razão e para um bom propósito. Assim, pois, 
quando surgem dificuldades em detalhes relacionados à Palavra e à 
providência de Deus, é bom que nos satisfaçamos e tenhamos como bom 
a tudo o que o Senhor Jesus Cristo diga e faça. 
A mulher sentiu-se tocada por duas coisas: Pela magnitude do 
conhecimento do Senhor, pois Ele conhece todos os pensamentos, 
palavras e atitudes de todos os filhos dos homens; e pelo poder de sua 
Palavra, pois falou-lhe poderosamente sobre os pecados que ela 
mantinha em segredo. Apegou-se a esta pane do discurso de Cristo. 
Muitos pensariam que ela poderia mostrar-se resistente a aceitar a 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 17 
verdade, porém, o conhecimento de Cristo, ao qual somos dirigidos por 
meio da convicção do pecado, cura e salva. 
O povo daquele lugar foi a Ele. Aqueles que desejam conhecer a 
Cristo devem encontrá-lo onde Ele registra o seu nome. O nosso Mestre 
deixou-nos um exemplo para que aprendamos a fazer a vontade de Deus, 
assim como Ele a fez; com diligência, como aqueles que fazem dela a 
sua tarefa; com deleite e prazer nela. Cristo compara a sua obra à sega. A 
sega está determinada e cuida-se desta antes mesmo que chegue; assim 
foi com o Evangelho. O tempo de colher é um tempo de muito trabalho; 
então, todos devem estar ocupados no trabalho. O tempo da sega é curto 
e a obra da colheita deve então ser feita, ou definitivamente não se fará; 
assim pois o tempo do Evangelho será uma temporada impossível de ser 
recuperada quando passar. Às vezes Deus utiliza instrumentos muito 
frágeis e improváveis para começar e dar prosseguimento à boa obra. O 
nosso Salvador difundiu o conhecimento para todo um povo nesta 
ocasião, ensinando a uma pobre mulher. Benditos são aqueles que não se 
ofendem nem se escandalizam com Cristo, Aqueles que são ensinados 
por Deus desejam realmente aprender mais, vencer preconceitos 
acrescenta muito ao louvor de nosso amor por Cristo e por sua Palavra. 
A fé dos habitantes daquele lugar cresceu. Quanto a isto, eles 
creram que Ele é o Salvador não somente dos judeus, mas do mundo 
todo. com esta certeza, souberam que Cristo era verdadeiramente aquEle 
que havia de vir, e sobre esta base se fundamentaram, porque eles 
mesmos o ouviram. 
Vv. 43-54. Este pai era um oficial do rei, mas seu filho estava 
enfermo. As honras e os títulos não são garantias contra as enfermidades 
e a morte: Os homens mais importantes devem ir a Deus, devem tornar-
se os mais humildes possíveis, quase como mendigos. O nobre não se 
deteve em sua petição até que foi atendido, mas primeiramente descobriu 
a fraqueza de sua fé no poder de Cristo. É difícil convencer-nos de que a 
distância de tempo e lugar não se tornaram obstáculo ao conhecimento, à 
misericórdia e ao poder de nosso Senhor Jesus Cristo. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 18 
Cristo deu-lhes uma resposta de paz. Se Cristo disse que a alma 
vive, ela viverá. O pai do menino seguiu o seu caminho, o que 
demonstrou a sinceridade de sua fé. Satisfeito, não se apressou a retornar 
à sua casa naquela noite; regressou como quem está em paz com a sua 
consciência. Seus servos saíram ao seu encontro com a notícia da 
recuperação de seu filho. 
A boa nova sairá ao encontro daqueles que esperam na Palavra de 
Deus. Compararmos diligentemente as obras de Jesus com a sua Palavra 
é algo que confirma a nossa fé. E a cura trouxe a salvação àquela família. 
Assim, pois, experimentar o poder de uma Palavra de Cristo pode 
estabelecer a autoridade de Cristo na alma. Toda a família creu 
igualmente. O milagre fez com que quisessem Jesus para si mesmos. O 
conhecimento de Cristo ainda se difunde em meio às famílias, e os 
homens encontram saúde e salvação para as suas almas. 
 
João 5 
Versículos 1-9: A cura no tanque de Betesda; 10-16. O 
descontentamento dos judeus; 17-23: Cristo reprova os judeus; 24-27: O 
sermão de Cristo. 
Vv. 1-9. Por natureza, todos nós somos, em assuntos espirituais, 
impotentes, cegos, coxos e frágeis. Porém, a provisão completa para a 
nossa cura já está consumada, se atentarmos para ela. Um anjo descia do 
céu de tempos em tempos e revolvia a água, que curava qualquer 
enfermidade, mas somente o primeiro que entrasse na água era 
beneficiado. Esta situação nos ensina a sermos cuidadosos, para que não 
deixemos passar uma oportunidade que poderá não regressar novamente. 
Aquele homem perdera os seus movimentos há trinta e oito anos. 
Nos queixaremos de uma noite cansativa, nós que, talvez por anos, 
apenas sabemos o que é estar enfermos por um dia, enquanto muitos 
outros, melhores do que nós, sabem o que é estar bem por um dia? 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 19 
Cristo separou a este dos demais. Aqueles que são afligidos por 
muito tempo, podem ter como consolo que Deus leva em conta e 
conhece exatamente quantos dias já se passaram. 
Observemos que este homem fala da falta de amabilidade daqueles 
que o rodeavam, sem expressar qualquer aborrecimento por isto. Assim 
como devemos ser agradecidos, devemos também ser pacientes. O 
Senhor Jesus curou este homem, mesmo não o tendo pedido e nem 
imaginado. Levanta-te e anda. A ordem de Deus: volte-se e viva; prepare 
para ti um novo coração, não pressupõe em nós o poder sem a graça de 
Deus, pois é a sua graça que distingue a ordem que deu ao homem 
incapacitado. O milagre foi realizado pelo poder de Cristo e Ele deve ter 
toda a glória. Que surpresa feliz para o pobre inválido, encontrar-se 
repentinamente tão bem, tão forte, tão capaz de conduzir-se a si mesmo! 
A prova de nossa saúde espiritual é que nos levantamos e andamos. 
Se Cristo curou as nossas enfermidades espirituais, vamos aonde 
Ele nos mandar ir, levemos aquilo que Ele nos impuser e andemos na 
presença dEle. 
Vv. 10-16. Aqueles que são aliviados dos castigos que vêm por 
causa do pecado, correm o perigo de voltarem a pecar quando terminam 
o terror e a restrição, a menos que a graça divina seque a fonte de seu 
pecado. A miséria a partir da qual os crentes são libertos e tornados 
íntegros, nos adverte a que não pequemos mais, por termos sentido o 
aguilhão do pecado. Esta é a voz de cada providência: vai-te e não 
peques mais. O Senhor Jesus Cristo viu que era necessário dar esta 
advertência, porque é freqüente que as pessoas prometam muito quando 
estão enfermas; e quando estão recém curadas cumprem somente pane 
daquilo que disseram; porém, após certo tempo, esquecem-se de tudo. 
Cristo fala da ira vindoura, a qual supera a comparação com as muitas 
horas, sim, com as semanas e anos de dor que alguns homens ímpios têm 
que sofrer, em conseqüência de suas indulgências ilícitas, e se tais 
aflições forem severas, quão temível será o castigo eterno do ímpio! 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 20 
Vv. 17-23. O poder divino do milagre demonstra que Jesus é o 
Filho de Deus, e Ele declara que trabalhava com o seu Pai, e o fazia 
como melhor lhe parecera. Os antigos inimigos de Cristo o 
compreenderam, e tornaram-se ainda mais violentos, acusando-o não 
somente de infringir o dia de repouso, mas de blasfemar chamado a Deus 
de seu próprio Pai, igualando-se deste modo a Deus. contudo, todas as 
coisas estavam confiadas ao Filho, agora e no juízo final, de modo 
intencional, para que todos honrem o Filho do mesmo modo com que 
honram o Pai. E todo aquele que não honre deste modo o Filho, seja o 
que for que pense ou planeje, não estará de maneira nenhuma honrando o 
Pai, que o enviou. 
Vv. 24-29. O nosso Senhor declara a sua autoridade e caráter como 
Messias. Chegaria o tempo em que os mortos ouviriam a sua voz como 
Filho de Deus e viveriam. O Senhor refere-se ao fato de, pelo poder do 
Espírito Santo, primeiro levantar aos que estavam mortos no pecado, 
dando-lhes uma nova vidae, em seguida, levantar os mortos dos 
sepulcros. 
O ofício de Juiz de todos os homens, somente pode ser exercido por 
aquEle que tem todo o conhecimento e poder onipotente. creiamos em 
seu testemunho: assim, a nossa fé e esperança estarão em Deus, e não 
entraremos em condenação. Que a sua voz chegue aos corações daqueles 
que estão mortos em pecados, para que possam fazer as obras do 
arrependimento, e prepararem-se para o dia solene. 
Vv. 30-38. O nosso Senhor retorna à sua declaração de completo 
acordo que existe entre o Pai e o Filho, e declara-se Filho de Deus. Tinha 
um testemunho superior ao de João; suas obras dão testemunho de tudo 
aquilo que Ele diz. Porém, a Palavra divina não tinha lugar permanente 
em seus corações, porque negavam-se a crer nEle, a quem o Pai havia 
enviado, conforme as suas antigas promessas. A voz de Deus, 
acompanhada pelo poder do Espírito Santo, feita eficaz para a conversão 
dos pecadores, ainda proclama que este é o Filho amado em quem Deus, 
o Pai se compraz. Não há lugar para que a Palavra de Deus permaneça 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 21 
nos homens, quando seus corações estão cheios de orgulho, ambição e 
amor ao mundo. 
Vv. 39-44. Os judeus consideravam que a vida eterna lhes era 
revelada em suas Escrituras, e que a possuíam porque tinham a Palavra 
de Deus em suas mãos. Jesus insiste com eles para que examinem as 
Escrituras com mais diligência e atenção. "Examinais as Escrituras", e 
fazeis bem nisto. Sem dúvida eles examinavam as Escrituras, mas com 
um enfoque em sua própria glória. É possível que os homens sejam 
muito estudiosos das letras das Escrituras, porém, estejam alheios ao 
poder nelas contido. Disse-lhes: "Examinais as Escrituras", e assim 
falou-lhes da natureza da aplicação destas. vós, que professais ter 
recebido e crido nas Escrituras, deixai que vos julguem; isto foi dito e 
aplica-se a todos nós, que somos cristãos, para que esquadrinhemos as 
Escrituras. Não devemos somente lê-las ou ouvi-las, e sim esquadrinhá-
las, o que denota diligência para estudá-las. 
Devemos esquadrinhar as Escrituras em busca do céu como o nosso 
maior objetivo: nelas temos a vida eterna. Devemos esquadrinhar as 
Escrituras em busca de Cristo, como o novo e vivo caminho que conduz 
a este objetivo. O Senhor Jesus Cristo acrescenta a este testemunho as 
repreensões por causa da incredulidade e iniqüidade deles; a rejeição de 
sua pessoa, e de sua doutrina. Além do mais, reprova-os por causa da 
falta de amor deles para com Deus. Porém, em Jesus Cristo há vida para 
as pobres almas. 
Muitos que fazem uma grande profissão de serem religiosos, 
mostram, contudo, que falta-lhes o amor de Deus, pelo fato de rejeitarem 
a Cristo, e pelo desprezo que demonstram em relação aos seus 
mandamentos. o amor de Deus em nós, que é o princípio vivo e que age 
no coração, é o que Deus aceitará. Eles desprezaram e atribuíram pouco 
valor a Cristo, porque admiravam e valorizavam excessivamente a si 
mesmos. Como podem crer, aqueles que fazem do aplauso e do elogio 
dos homens o seu ídolo?! Sendo Cristo e os seus seguidores homens 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 22 
admiráveis, como poderão crer aqueles cuja suprema ambição é dar um 
bom espetáculo carnal?! 
Vv. 45-47. Muitos daqueles que confiam em alguma forma de 
doutrina ou partido não penetram nestes mais do que os judeus na lei de 
Moisés, quanto ao significado das doutrinas, ou dos pontos de vista das 
pessoas cujos nomes levam. Esquadrinhemos as Escrituras e oremos em 
relação a elas, com o intento de encontrar a vida eterna; observemos 
como Cristo é o grande tema delas, e vamos a Ele diariamente de modo 
cuidadoso, em busca da vida que somente Ele é capaz de nos conceder. 
 
João 6 
Versículos 1-14: Cerca de cinco mil pessoas alimentadas 
milagrosamente; 15-21: Jesus caminha sobre o mar. 22-27: Jesus indica 
a comida espiritual; 28-65: O seu sermão à multidão; 66-71: Muitos dos 
discípulos deixam Jesus. 
Vv. 1-14. João narra o milagre de alimentar a multidão, para referir-
se ao sermão que vem a seguir. Observe o efeito deste milagre sobre o 
povo. Até os judeus comuns esperavam que o Messias viesse ao mundo e 
fosse um grande profeta. Os fariseus os desprezavam por não 
conhecerem a lei; porém, eles conheciam mais aquEle que é o final da 
lei. Isso mostra que os homens podem admitir que Cristo é este Profeta, e 
ainda fazerem-se de surdos. 
Vv. 15-21. Aqui estavam os discípulos de Cristo no caminho de seu 
dever, e Cristo ora a favor deles; contudo, estão aflitos. Podem haver 
perigos e aflições neste tempo presente, mesmo aonde exista o interesse 
em Cristo. As nuvens e as trevas costumam rodear os filhos da luz e do 
dia. Vêem Jesus caminhando sobre o mar. Mesmo quando a libertação e 
o consolo se aproximam, costumam entendê-los tão mal, que convertem-
se em ocasião para temer. 
Nada é mais forte para convencer os pecadores do que a Palavra: 
"Eu sou Jesus, a quem tu persegues"; e nada é mais forte para consolar 
os santos do que isto: "Eu sou Jesus, a quem tu amas". Se recebemos a 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 23 
Cristo Jesus, o Senhor, ainda que a noite seja escura e o vento seja forte, 
mesmo assim, poderemos ter o consolo de que em breve estaremos na 
outra margem. 
Vv. 22-27. Ao invés de responder a pergunta que tinham em seus 
corações sobre como chegou até ali, Jesus os repreende. A maior 
seriedade deveria ser empregada para buscar a salvação através dos 
meios determinados, porém, deve ser buscada somente como um dom do 
Filho do homem. Fica provado que aquEle a quem o Pai tem designado é 
Deus. Ele declara com poder que o Filho do homem é o Filho de Deus. 
Vv. 28-35. O exercício constante da fé em Cristo é a parte mais 
importante e mais difícil da obediência que nos é exigida, como 
pecadores que buscam a salvação. Quando somos capacitados por sua 
graça para levarmos uma vida de fé no Filho de Deus, seguem os 
temperamentos santos e podem ser oferecidos cultos e adorações 
aceitáveis. 
Deus, o seu próprio Pai, que deu este alimento do céu aos 
antepassados dos judeus para sustentar a vida natural deles, agora deu-
lhes o verdadeiro Pão para a salvação da alma de cada um deles. 
Ir a Jesus e crer nEle significa o mesmo. Cristo mostra que Ele é o 
verdadeiro Pão; Ele é para a alma aquilo que o pão é para o corpo, pois 
nutre e sustenta a vida espiritual. É o Pão de Deus, dado pelo Pai, que 
alimenta a nossa alma. O pão comum é capaz de alimentar somente 
através do trabalho do organismo vivo; porém, o próprio Cristo, que é o 
Pão vivo, alimenta-nos por seu próprio poder. A doutrina de Cristo 
crucificado é agora tão fortalecedora e consoladora para os crentes como 
sempre tem sido. 
Ele é o Pão que veio do céu. Indica a divindade da pessoa de Cristo 
e a sua autoridade; além do mais, a origem divina de todo o bem que nos 
vem por meio dEle. Digamos com inteligência e fervor: "Senhor, dá-nos 
sempre deste Pão". 
Vv. 36-46. O descobrimento da culpa, perigo e remédio para estes, 
por meio do ensino do Espírito Santo, faz com que os homens se 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 24 
disponham e alegrem-se por ir, e abandonem tudo o que os impede de ir 
a Ele em busca da salvação. A vontade do Pai é que nenhum daqueles 
que foram dados ao Filho sejam rejeitados ou perdidos por Ele. Ninguém 
virá a Ele até que a graça divina o subjugue e, ao menos em pane, 
transforme o seu coração; portanto, ninguém que venha será lançado 
fora. o Evangelho não encontra ninguém disposto a ser salvo na forma 
santa e humilde que aqui se dá a conhecer, e é Deus quem atrai a cada 
um por sua Palavra e por seu Espírito Santo. O dever do homem e da 
mulher é ouvir e aprender; ou seja, receber a graça oferecida e estar de 
acordo com a promessa. 
Ninguém jamais viu o Pai, exceto o seu amado Filho; e os judeus 
devem esperar que sejam ensinados por seu poder interior, exercido 
sobre as suas mentes por sua Palavra e pelos ministros que lhes envie. 
Vv. 47-51. A vantagemdo maná não era grande, pois servia 
somente para esta vida. o Pão da vida é tão excelente que aquele que se 
alimentar dele jamais morrerá. Este Pão representa a natureza humana de 
Cristo, que Ele tomou para apresentar ao Pai como sacrifício pelos 
pecados do mundo; para adquirir todas as coisas que estão relacionadas à 
vida e à piedade, para que os pecadores de todas as nações e épocas se 
arrependam e creiam nEle. 
Vv. 52-59. A carne e o sangue do Filho do homem denotam o 
Redentor em sua natureza humana; Cristo, crucificado, e a redenção 
realizada por Ele, com todos os benefícios preciosos da redenção: o 
perdão dos pecados, a aceitação por parte de Deus, o caminho ao trono 
da graça, as promessas do pacto, e a vida eterna. chama-se de carne e 
sangue de Cristo, porque foram comprados mediante o sacrifício de seu 
corpo e o derramamento de seu sangue. Além disto, porque são comida e 
bebida para a nossa alma. Comer esta carne e beber este sangue significa 
crer em Cristo. Participamos de Cristo e de seus benefícios por meio da 
fé. A alma que conhece corretamente o seu estado e a sua necessidade, 
encontra no Redentor, no Deus que foi manifestado em carne, todas as 
coisas que são capazes de acalmar a consciência e fomentar a verdadeira 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 25 
santidade. Meditar na cruz de Cristo dá vida ao nosso arrependimento, 
amor e gratidão. Vivemos por Ele, assim como os nossos corpos vivem 
por meio dos alimentos. Vivemos por Ele, assim como os membros de 
nosso corpo dependem da cabeça, e os galhos das árvores dependem da 
raiz; porque Ele vive, nós também viveremos. 
Vv. 60-65. A natureza humana de Cristo jamais havia estado no 
céu, porém, sendo simultaneamente Deus e homem, é dito com verdade 
que esta maravilhosa Pessoa desceu do céu. 
O reino do Messias não era deste mundo; eles deveriam 
compreender, por meio da fé, aquilo que Ele disse em relação a uma vida 
espiritual nEle e em sua plenitude. Como a carne do homem sem a alma 
não tem nenhum valor, assim, sem a vida que o Espírito de Deus traz, 
todas as formas de religião são monas e nulas. AquEle que fez esta 
provisão para a nossa alma é o único capaz de ensinar-nos estas coisas e 
atrair-nos a Cristo para que vivamos por meio da fé nEle. Apressemo-
nos em ir a Cristo, agradecidos por Ele ter declarado que todo aquele que 
queira ir a Ele será recebido. 
Vv. 66-71. Quando admitimos em nossa mente duros pensamentos 
acerca das Palavras e das obras de Jesus, entramos em tentação de modo 
que, se o Senhor não o evitasse em sua misericórdia terminaríamos 
retrocedendo. O coração do homem, corrupto e mau, faz com que aquilo 
que é algo para o maior consolo seja uma ocasião de ofensa. o Senhor havia 
prometido vida eterna aos seus seguidores no sermão anterior; os discípulos 
aderiram a esta palavra simples e decidiram apegar-se fortemente a Ele, 
enquanto os demais aderiram às palavras duras e o abandonaram. 
A doutrina de Cristo é a Palavra de vida eterna. Portanto, devemos 
viver e morrer por ela. Se abandonarmos a Cristo, estaremos 
abandonando as nossas próprias misericórdias. 
Eles creram que Jesus era o próprio Messias que foi prometido aos 
seus patriarcas e pais, o Filho do Deus vivo. Quando somos tentados a 
nos desviar, é bom que nos lembremos dos princípios antigos e 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 26 
mantenhamo-nos neles. Lembremo-nos sempre da pergunta de nosso 
Senhor: "Quereis vós também retirar-vos?". 
Abandonaremos e nos afastaremos de nosso Redentor? Para quem 
iremos nós? Somente Ele é capaz de dar a salvação por meio do perdão 
dos pecados. Somente este fato é capaz de dar-nos a confiança, consolo e 
gozo, e faz com que o temor e o abatimento fujam. É somente assim que 
se pode alcançar a única felicidade que é firme neste mundo, e abre o 
caminho à felicidade eterna no porvir. 
 
João 7 
Versículos 1-13: Cristo comparece à festa dos tabernáculos; 14-39: O 
seu sermão durante a festa; 40-53: O povo discute a respeito de Cristo. 
Vv. 1-13. Os irmãos ou parentes de Jesus desgostaram-se, quando 
deram-se conta de que não tinham possibilidades de alcançar vantagens 
mundanas por meio dEle. Os homens ímpios, às vezes, se dispõem a 
aconselhar aqueles que estão ocupados na obra de Deus, mas somente 
dão conselhos na direção daquilo que provavelmente promova as 
vantagens neste mundo. 
Houve discórdia entre o povo sobre a sua doutrina e os seus 
milagres, enquanto aqueles que eram a seu favor não se atreviam a 
reconhecer os seus sentimentos de forma aberta. Aqueles que 
consideram que os pregadores do Evangelho são enganadores, dizem 
aquilo que pensam, enquanto muitos que estão a favor dos pregadores 
temem ser censurados por reconhecer que os consideram como bons. 
Vv. 14-24. Todo ministro fiel pode adotar humildemente as 
Palavras de Cristo. A doutrina que pregam não é uma invenção própria, 
mas é a Palavra de Deus, por meio do ensino de seu Espírito. E em meio 
às disputas que perturbam o mundo, se um homem de qualquer nação 
procurar fazer a vontade de Deus, saberá se a doutrina é de Deus ou se os 
homens falam de si mesmos. Somente aqueles que odeiam a verdade 
serão entregues a erros que lhes serão fatais. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 27 
Certamente restaurar a saúde de um aflito está de acordo com o 
propósito do dia do repouso, da mesma forma que administrar um culto 
exterior. Jesus disse-lhes que deveriam decidir sobre a sua conduta, 
conforme a importância espiritual da lei divina. Não devemos julgar a 
alguém por seu aspecto exterior, mas pelo valor que esta pessoa tem, 
bem como pelos dons e pela graça do Espírito de Deus em sua vida. 
Vv. 25-30. Cristo proclamou em alta voz, que estavam equivocados 
em seus pensamentos em relação à sua origem. Ele foi enviado por Deus, 
porque demonstrou as promessas de Deus de modo fiel. Esta declaração 
de que eles não conheciam a Deus, com a pretensão que possuíam de ter 
um conhecimento peculiar, provocou os ouvintes; eles procuraram detê-
lo, mas Deus pode atar as mãos dos homens, mesmo que não converta os 
seus corações. 
Vv. 31-36. Os sermões de Jesus convenceram a muitos de que Ele 
era o Messias, mas não tinham a coragem necessária para reconhecê-lo. 
É um consolo para aqueles que estão neste mundo, mas que não são 
daqui, e por esta razão são odiados e estão cansados deste, que não 
estarão aqui para sempre. Bom é que os nossos dias não sejam muitos 
por serem maus. Os dias de vida e graça não duram muito; e quando os 
pecadores estiverem em desgraça, se alegrariam se tivessem a ajuda que 
agora desprezam. Os homens discutem sobre suas palavras, e quando 
chegar o dia determinado, tudo se explicará. 
Vv. 37-39. No último dia da festa dos tabernáculos, os judeus 
tiravam água e derramavam-na perante o Senhor. Supõe-se que Cristo 
faça alusão a esta prática. Quem desejar ser realmente feliz, e para 
sempre, venha a Cristo e submeta-se a Ele. A sede significa o forte 
desejo de bênçãos espirituais, que nenhuma outra coisa é capaz de 
satisfazer; assim, pois, as influências santificadoras e consoladoras do 
Espírito Santo, estão representadas pelas águas, às quais Jesus convida 
que vão e bebam. A consolação flui de Jesus de modo abundante e 
constante como em um rio; forte como uma torrente, para derrubar a 
oposição das dúvidas e dos temores. Há em Cristo uma plenitude de 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 28 
graça sobre graça. O Espírito que mora e trabalha na vida dos crentes é 
como uma fonte de águas vivas, uma corrente da qual fluem rios 
abundantes, que refrescam e limpam como a água. Busquemos os dons 
miraculosos do Espírito Santo, e peçamos as influências mais comuns e 
mais valiosas. Estes rios de águas vivas fluem de nosso Redentor 
glorificado até hoje, alcançando os lugares mais remotos da terra. 
Tenhamos o desejo de dá-los a conhecer ao nosso próximo. 
Vv. 40-53. A maldade dos inimigos de Cristo é sempre irracional e, 
às vezes, não se pode esperar que seja refreada, jamaisalgum homem 
falou com a sabedoria, poder, graça, e com a doçura com que Cristo fala. 
Ah! Muitos daqueles que estiveram por certo tempo refreados e que 
falaram bem da Palavra de Jesus, perderam rapidamente as suas 
convicções e continuaram em seus pecados! Alguns são motivados de 
modo néscio em assuntos que possuem peso eterno, por motivos 
exteriores, tornando-se até mesmo dispostos a serem condenados por 
amor à moda, como a sabedoria de Deus escolhe aquilo que os homens 
desprezam, assim, por suas atitudes néscias os homens desprezam 
freqüentemente aqueles a quem Deus tem escolhido. O Senhor muitas 
vezes poupa os seus discípulos tímidos e frágeis tirando-os da linha de 
frente, e às vezes utiliza-os para derrotar os desígnios de seus inimigos. 
 
João 8 
Versículos 1-11: Os fariseus e a mulher adúltera; 12-59: O diálogo 
entre Cristo e os fariseus. 
Vv. 1-11. Cristo não encontrou defeitos na lei, nem escusou a culpa 
da mulher prisioneira; tampouco levou em conta o pretenso zelo dos 
fariseus. Condenam-se a si mesmos aqueles que julgam aos demais e, 
contudo, fazem o mesmo que estes. Todos aqueles que de alguma 
maneira são chamados a atribuir culpas ao próximo por causa das faltas 
que cometem, deverão estar especialmente preocupados por cuidarem de 
si mesmos e manterem-se puros. Neste assunto, Cristo deu ênfase à 
grande obra pela qual veio ao mundo, que consiste em levar pecadores 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 29 
ao arrependimento, não para destruí-los, mas para salvá-los. O Senhor 
desejava levar ao arrependimento não somente ao acusado, mostrando-
lhe a sua misericórdia, mas também aos acusadores, mostrando-lhes os 
pecados que eles praticavam. Pensaram que estavam colocando uma 
armadilha diante do Senhor Jesus, porém, Ele procurou convencê-los e 
convertê-los. O Senhor se recusou a mudar naquele momento o seu 
ofício de Salvador para juiz. 
Muitos delitos merecem um castigo mais severo do que o recebido, 
e jamais devemos deixar a nossa própria obra para assumirmos alguma 
outra à qual não fomos chamados. Quando o Senhor mandou que a 
mulher fosse embora, despediu-a sob a seguinte recomendação: "Vai-te e 
não peques mais". 
Aqueles que ajudam a salvar a vida de um transgressor, devem 
empregar o mesmo cuidado para ajudar a salvar a alma deste. 
Aqueles a quem Cristo não condena são verdadeiramente felizes. O 
favor de Cristo para conosco ao perdoar os pecados que cometemos no 
passado, deve prevalecer em nossa vida: Vai-te e não peques mais. 
Vv. 12-16. Cristo é a Luz do mundo. Deus é luz, e Cristo é a 
imagem do Deus invisível. Um sol ilumina todo o mundo; da mesma 
maneira, um só Cristo o faz, e não é necessário mais de um. Que 
masmorra escura o mundo seria se não tivesse o sol! Assim seria sem 
Jesus, por quem a luz veio ao mundo. 
Aqueles que seguem a Cristo não andarão em trevas. Não serão 
deixados sem o conhecimento das verdades necessárias para impedir o 
erro destruidor, mas terão as instruções necessárias no caminho do dever, 
para guardá-los do pecado que condena a todos. 
Vv. 17-20. Se conhecêssemos melhor a Cristo, conheceríamos 
melhor ao Pai. Aqueles que não aprendem de Cristo tornam-se vãos em 
suas imaginações a respeito de Deus. Aqueles que não conhecem a sua 
glória e nem a sua graça, não conhecem o Pai que o enviou, o tempo de 
nossa partida deste mundo depende de Deus, os nossos inimigos não são 
capazes de apressá-la, e nem os nossos amigos são capazes de retardar o 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 30 
tempo designado pelo Pai. Todo crente verdadeiro pode olhar para cima 
e dizer com prazer: os meus dias estão em tuas mãos, e é melhor que 
estejam nelas do que nas minhas. Para todos os propósitos de Deus há 
um tempo determinado. 
Vv. 21-29. Aqueles que vivem uma vida de incredulidade estarão 
perdidos para sempre se morrerem na incredulidade. os judeus 
pertenciam a este mundo mau atual, mas a natureza de Jesus é divina e 
celestial, de modo que a sua doutrina, o seu reino e as suas bênçãos 
jamais se adaptariam ao gosto deles. A maldição da lei é retirada, para 
todos aqueles que se submetem à graça do Evangelho. 
Nada, exceto a doutrina da graça de Cristo, será um argumento 
suficientemente poderoso para fazer com que nos voltemos do pecado a 
Deus; este Espírito e esta doutrina são dados para que trabalhe somente 
naqueles que crêem em Cristo. Alguns dizem: Quem é este Jesus? Eles o 
reconhecem como um profeta, um Mestre excelente, e até mesmo como 
alguém maior do que uma criatura, mas são incapazes de reconhecê-lo, 
acima de tudo, como o Deus bendito pelos séculos dos séculos. Isto não 
será o bastante? Jesus aqui responde à pergunta: Isto tem a finalidade de 
honrá-lo como Pai? Reconhece que Jesus é a Luz do mundo e a Vida dos 
homens, e que Ele é um com Deus Pai? Todos saberão, por sua 
conversão ou em sua condenação, que Ele sempre falou e realizou aquilo 
que era do agrado do Pai, mesmo quando reivindicava para si mesmo as 
honras mais excelsas. 
Vv. 30-36. Um poder tão grande acompanhava as palavras que 
eram proferidas por nosso Senhor, que muitos se convenceram e 
professaram que criam nEle. Ele os estimulou para que escutassem os 
seus ensinos, para que confiassem em suas promessas, e obedecessem os 
seus mandamentos, apesar de todas as tentações que sofriam para que 
praticassem o mal. Agindo desta maneira seriam verdadeiramente seus 
discípulos, e aprenderiam por meio dos ensinos de sua Palavra e de seu 
Espírito Santo, aonde estão a esperança e a força deles. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 31 
Cristo falou de liberdade espiritual; porém, os corações carnais não 
sentem outros pesares além daqueles que prejudicam o corpo, e que 
perturbam os seus assuntos mundanos. Se lhes for falado sobre a sua 
liberdade e daquilo que lhes é próprio, do desperdício ocorrido em suas 
terras, ou do dano infligido às suas casas, entenderão muito bem. Porém, 
se lhes for falado sobre a escravidão do pecado, do cativeiro de Satanás, 
e da liberdade que é concedida por Cristo, do mal que é feito às suas 
próprias almas, e o risco que existe contra o seu bem-estar eterno, então 
comportam-se como se alguém estivesse levando coisas estranhas aos 
seus ouvidos. Jesus recordou-lhes claramente que o homem que pratica 
qualquer pecado é efetivamente um escravo do pecado, como era o caso 
da maioria deles. o Senhor Jesus Cristo nos oferece liberdade no 
Evangelho. Somente Ele tem poder para conceder esta liberdade, e 
aqueles a quem Cristo liberta, verdadeiramente são livres. Contudo, 
muitas vezes vemos pessoas que debatem a respeito de muitos tipos de 
liberdade, enquanto elas mesmas são escravas de alguma luxúria 
pecaminosa. 
Vv. 37-40. O Senhor resiste ao orgulho e à vã confiança destes 
judeus, mostrando-lhes que o fato de serem descendentes de Abraão não 
é de nenhum proveito àqueles que têm o espírito contrário ao que o 
próprio Abraão teve. Não se pode esperar por nada de bom, aonde a 
Palavra de Deus não tem lugar; aí se dá lugar a todo o tipo de iniqüidade. 
Um enfermo que regressa de sua consulta médica, e não toma 
nenhum remédio e nem se alimenta, perdeu a esperança de recuperar-se. 
A verdade cura e alimenta os corações daqueles que a recebem. A 
verdade ensinada pelos filósofos não tem este poder e nem este efeito, 
que somente a verdade de Deus possui. Aqueles que reclamam os 
privilégios de Abraão, devem praticar as obras que Abraão praticou. 
Devem ser estrangeiros e peregrinos neste mundo; devem manter a 
adoração a Deus em sua família e devem andar sempre na presença de 
Deus. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 32 
Vv. 41-47. Satanás dispõe os homens a cometerem excessos, pelos 
quais assassinam a si mesmos e ao próximo, enquanto aquilo que ele 
coloca nas mentes tende a destruir as almas dos homens. Ele é o grande 
causador de todo o tipo de falsidade. É mentiroso, e realiza todas as suas 
tentações chamando de bom aquilo que na verdade é mau, e chamando 
de mau aquilo que é bom, prometendoliberdade para aqueles que 
pecarem. Ele é o autor de todas as mentiras; os mentirosos se parecem 
com ele, e terão a sua parte juntamente com ele para todo o sempre. As 
luxúrias especiais do Diabo são a maldade espiritual, o desejo da mente e 
os argumentos corruptos, a soberba e a inveja, a ira e a malícia, a 
inimizade contra tudo o que é bom, e o estímulo ao próximo para que 
pratique o mal. Aqui, a verdade é a vontade revelada de Deus para a 
salvação dos homens por meio de Jesus Cristo, a verdade que Cristo 
estava agora pregando, à qual os judeus se opuseram. 
Vv. 48-53. Observe o desprezo de Cristo em relação aos aplausos 
dos homens. Aqueles que estão mortos para os elogios dos homens 
podem suportar o desprezo destes. Deus procura a honra de todos 
aqueles que não buscam aquilo que é exclusivamente seu. 
Nestes versos temos a doutrina da felicidade eterna dos crentes. 
Temos o caráter do crente; este é o que guarda as palavras do Senhor 
Jesus, o privilégio do crente é que não verá a morte para sempre. Mesmo 
que agora não possa evitar ver a morte, e também não possa deixar de 
prová-la, contudo, dentro de pouco tempo, estará naquele lugar bendito 
aonde não haverá mais morte (Êx 14.13). 
Vv. 54-59. Cristo e todos os seus dependem de Deus quanto à 
honra, os homens podem ser capazes de debater a respeito de Deus, 
mesmo sem conhecê-lo. Aqueles que não conhecem a Deus, são 
colocados juntamente com aqueles que não obedecem o Evangelho de 
Cristo (2 Ts 1.8). Todos aqueles que conhecem algo a respeito de Cristo 
de modo reto, desejam fervorosamente conhecer mais sobre Ele. Aqueles 
que discernem o alvorecer da luz do Sol da justiça, desejam ver o seu 
levante. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 33 
"Antes que Abraão existisse, eu sou". Esta declaração refere-se a 
Abraão como uma criatura e a nosso Senhor Jesus Cristo como seu 
Criador. Portanto, Ele pode de modo justo engrandecer-se mais do que 
Abraão. "Eu Sou" é o nome de Deus (Êx 3.14). Esta frase fala de sua 
existência, de si mesmo e por meio de si mesmo; Ele é o Primeiro e o 
Último, é sempre o mesmo (Ap 1.8). Assim, pois, não somente era antes 
de Abraão, mas antes de todos os mundos (Jo 1.1). Como Mediador, foi 
o Messias ungido muito antes de Abraão, o Cordeiro imolado desde a 
fundação do mundo (Ap 13.8). Cristo foi feito Sabedoria, Justiça, 
Santificação e Redenção de Deus para Adão e Abel, e para todos aqueles 
que antes de Abraão viveram e morreram pela fé nEle. 
Os judeus estavam prestes a apedrejar Jesus acusando-o de 
blasfemar, mas Ele se retirou; por seu poder miraculoso passou ileso 
pelo meio deles. Professemos constantemente o que sabemos e aquilo em 
que cremos em relação a Deus. E se somos herdeiros da fé de Abraão, 
nos regozijaremos esperando o dia em que o Salvador aparecerá em 
glória para a confusão dos seus inimigos, e para completar a salvação de 
todos aqueles que nEle crêem. 
 
João 9 
Versículos 1-7: Cristo dá a visão a um cego de nascença; 8-12: O 
relato do cego; 13-17: Os fariseus interrogam o homem que havia sido 
cego; 18-23: Perguntam-lhe a respeito dEle; 24-34: Expulsam-no; 35-
38: As palavras de Cristo ao homem que havia sido cego; 39-41: Jesus 
repreende os fariseus. 
Vv. 1-7. Cristo curou a muitos que eram cegos por causa de 
enfermidades ou acidentes. Nesta passagem o Senhor cura um homem 
que nasceu cego. Assim, mostrou o poder que possui para socorrer as 
pessoas nos casos de maior desespero, bem como a obra de sua graça nas 
almas dos pecadores, que dá vista àqueles que são cegos por natureza. 
Este pobre homem não podia ver a Cristo, porém, Cristo o viu. E se 
sabemos ou percebemos algo relacionado a Cristo, isto se deve a termos 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 34 
sido primeiramente conhecidos por Ele, o Senhor fala de calamidades 
extraordinárias, que nem sempre devem ser consideradas como castigos 
especiais por causa de pecados. Às vezes, são para a glória de Deus e 
para manifestar as suas obras. 
A nossa vida é o nosso dia, em que temos como obrigação realizar o 
nosso trabalho diário. Devemos estar ocupados e não desperdiçar o 
tempo do dia; o tempo de repouso deve ser quando o nosso dia tiver 
terminado, porque é apenas um dia. A aproximação da morte deveria nos 
estimular para que aproveitássemos todas as oportunidades de fazer e 
receber o bem. Devemos fazer rapidamente o bem que tenhamos 
oportunidade de fazer. E aquele que nunca faz uma boa obra, de modo 
que não haja nenhuma objeção em relação a ela, deixará mais tarde uma 
boa obra ainda por fazer (Ec 11.4). 
O Senhor Jesus Cristo magnificou o seu poder, ao fazer com que 
um cego enxergasse, fazendo aquilo que alguém poderia pensar que teria 
como resultado mais provável tornar cego a alguém que enxergasse. A 
razão humana não pode julgar os métodos do Senhor, que utiliza meios e 
instrumentos que os homens desprezam. Aqueles que serão curados por 
Cristo devem ser governados por Ele. Regressou do tanque 
maravilhando-se e maravilhado; saiu dali enxergando. Este fato 
representa os benefícios de prestar atenção às ordenanças determinadas 
por Cristo. As almas chegam a Ele fracas e se vão fortalecidas; chegam 
duvidando e se vão satisfeitas; chegam com dores e se vão com júbilo; 
chegam cegas e se vão enxergando. 
Vv. 8-12. Sabemos que aqueles cujos olhos são abertos e cujos 
corações são limpos pela graça, são as mesmas pessoas. Porém, estas 
passam a ter um caráter completamente diferente, e vivem como 
monumentos da glória do Redentor, e recomendam a sua graça a todos 
aqueles que desejam a mesma preciosa salvação. Bom é que prestemos 
bastante atenção no caminho e no método das obras de Deus, e veremos 
então mais maravilhas. Apliquemos este fato espiritualmente. Vemos a 
transformação que é realizada na alma por meio da obra da graça, mas 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 35 
não vemos a mão que a realiza. o caminho do Espírito Santo é como o 
caminho do vento, do qual alguém ouve o som, mas não é capaz de dizer 
de onde vem nem para onde vai. 
Vv. 13-17. O Senhor Jesus Cristo não somente realizou milagres no 
dia do repouso, mas o seu modo fez com que os judeus se sentissem 
ofendidos, porque pareceu não ceder diante dos escribas e fariseus. o 
zelo que estes tinham somente pelos rituais, consumiu os assuntos 
importantes da religião. Portanto, Cristo não permitiu que eles se 
estendessem. Além do mais, as obras necessárias e as obras de 
misericórdia são permitidas, e o repouso sabático deveria ser guardado 
para a obra do dia de repouso. Quantos olhos cegos têm sido abertos por 
meio da pregação no dia do Senhor! Quantas almas impotentes são 
curadas neste dia! Muitos juízos ímpios e desapiedados vêm dos homens 
que acrescentam as suas próprias fantasias aos desígnios de Deus. Quão 
perfeito em sabedoria e santidade é o nosso Redentor, a ponto dos seus 
inimigos não poderem encontrar nada contra Ele, senão a acusação de 
violação do dia de repouso, por tantas vezes refutada! Fazendo o bem, 
sejamos capazes de silenciar a ignorância dos homens néscios. 
Vv. 18-23. Os fariseus tinham a vã esperança de refutar este notável 
milagre. Esperavam por um Messias, e sequer suportavam pensar que 
Ele fosse este Jesus, porque os seus preceitos eram completamente 
contrários às tradições deles, e porque tinham a expectativa de um 
Messias com pompa e esplendor exterior. O temor do homem armará 
laços (Pv 29.25) e, muitas vezes, faz com que as pessoas neguem e 
desconheçam a Cristo, as suas verdades e os seus caminhos, e atuem 
contra as suas consciências. Os indoutos e pobres que têm corações 
simples, extraem rapidamente inferências apropriadas das provas da luz 
do Evangelho, mas aqueles cujos desejos são de outro caminho, ainda 
que estejam sempre aprendendo, jamais chegam ao conhecimento da 
verdade. 
Vv. 24-34. Como as misericórdias de Cristo são de valor supremo 
para aqueles que percebem as suas necessidades, eram cegos mas agora 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 36 
vêem. Assim,os afetos mais poderosos e duradouros por Cristo, surgem 
de conhecê-lo verdadeiramente. 
Ainda que não possamos dizer quando, como e por meio de quais 
passos se realiza a transformação da obra da graça na alma, ainda assim 
podemos ter o consolo, se por meio da graça pudermos dizer: Eu era 
cego, mas agora vejo. Eu levava uma vida mundana, uma vida sexual 
pecaminosa, porém agora, graças a Deus, tudo mudou (Ef 5.8). A 
incredulidade daqueles que desfrutam dos meios de conhecimento e 
convicção é sem dúvida prodigiosa. Todos aqueles que já sentiram o 
poder e a graça do Senhor Jesus, maravilham-se perante a disposição 
voluntária de outros que a rejeitam. Este discute com eles de modo 
vigoroso, que Jesus não era pecador e que era de Deus. Que cada um de 
nós possa saber por isto se somos ou não de Deus: O que fazemos? O 
que fazemos para Deus? O que fazemos por nossa alma? O que fazemos 
mais do que outros? 
Vv. 35-38. Cristo reconhece aqueles que o reconhecem, que 
reconhecem a sua verdade e os seus caminhos. Nota-se em particular 
aqueles que sofrem na causa de Cristo, e pelo testemunho de uma boa 
consciência, o Senhor Jesus revela-se ao homem por sua graça. 
Agora este tornou-se sensato; que misericórdia impossível de se 
expressar foi ser curado de sua cegueira, para que pudesse ver o Filho de 
Deus. Ninguém senão Deus deve ser adorado; assim, ao adorar Jesus, 
reconheceu-o como Deus. Todos aqueles que nEle crêem o adorarão. 
Vv. 39-41. O Senhor Jesus Cristo veio ao mundo para dar vista 
àqueles que são espiritualmente cegos. Além do mais, para que todos 
aqueles que vêem tornem-se cegos; para que aqueles que têm um 
elevado conceito de sua própria sabedoria sejam selados em sua 
ignorância. A pregação da cruz era considerada loucura por aqueles que 
não conheceram a Deus, que tinham somente sabedoria carnal. Nada é 
capaz de fortalecer os corações corruptos dos homens contra as 
convicções da Palavra, mais do que a elevada opinião que os outros têm 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 37 
em relação a eles, como se tudo o que os homens aplaudem devesse ser 
aceito por Deus. 
Cristo os silenciou, porém persiste o pecado daquele que é vaidoso 
e daquele que confia em si mesmo. Eles rejeitam o Evangelho da graça, e 
portanto, a culpa por seu pecado continua sem ser perdoada, e o poder de 
seu pecado continua intacto. 
 
João 10 
Versículos 1-5: A parábola do bom pastor. 6-9: Cristo, a porta; 10-
18: Cristo, o Bom Pastor. 19-21: A opinião dos judeus sobre Jesus; 22-
30: O Seu sermão na festa da dedicação; 31-38: Os judeus procuram 
apedrejar Jesus; 39-42: A saída de Jerusalém. 
Vv. 1-5. Aqui está uma parábola ou uma símile tomada dos 
costumes do oriente, para cuidar de ovelhas. Os homens, como criaturas 
que dependem de seu criador, são chamados de ovelhas do seu pasto. A 
Igreja de Deus no mundo é como um redil de ovelhas, exposto aos 
enganadores e aos perseguidores. O grandioso Pastor das ovelhas 
conhece todas as suas, cuida delas por meio de sua providência, dirige-as 
por seu Espírito e por sua Palavra, e vai adiante delas como os pastores 
orientais iam adiante de suas ovelhas para colocá-las no caminho após os 
seus passos. Os ministros devem servir as ovelhas em suas preocupações 
espirituais. O Espírito de Cristo lhes colocará diante de uma poria aberta. 
As ovelhas de Cristo obedecerão ao seu Pastor, e serão cautelosas e 
tímidas com os estranhos que as queiram tirar do caminho da fé nEle, e 
levá-las às fantasias a respeito dEle. 
Vv. 6-9. Muitos que ouvem a Palavra de Cristo não a compreendem 
porque não querem; porém, nós encontraremos que uma passagem 
explica a outra, e o bendito Espírito Santo dá a conhecer o bendito 
Senhor Jesus. 
Cristo é a porta; e que maior segurança a Igreja de Deus poderia ter 
do que saber que o Senhor Jesus está entre ela e todos os seus inimigos? 
Ele é uma poria aberta para passar e para comunicar. Aqui estão 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 38 
instruções claras sobre como entrar no redil. Devemos entrar por Jesus 
Cristo pois Ele é a poria. Pela fé nEle, como o grande Mediador entre 
Deus e o homem. Além do mais, temos promessas preciosas para aqueles 
que obedecem esta instrução, Cristo dá todo o cuidado à sua Igreja, e a 
cada crente, assim como um bom pastor o faz para o seu rebanho. E Ele 
espera que a Igreja e cada crente o atendam e mantenham-se em seu 
redil. 
Vv. 10-18. Cristo é o Bom Pastor; muitos não eram ladrões, mas 
foram negligentes com o seu dever, e o rebanho sofreu muitos danos por 
causa do descuido destes. os maus princípios são a raiz dos maus 
costumes. 
O Senhor Jesus conhece aqueles a quem escolheu, e os tem em 
segurança; eles também sabem em quem confiaram e estão seguros nEle. 
Observemos aqui a graça de Cristo. Uma vez que ninguém poderia 
tirar-lhe a vida, Ele mesmo a entrega, para que nós sejamos redimidos. 
Ele se ofereceu para ser o Salvador: Eis aqui venho (Sl 40.7). A 
necessidade de nosso caso pedia que fosse deste modo, e Ele se ofereceu 
para o sacrifício. Ele foi o ofertante e a oferta, de modo que a entrega de 
sua vida foi uma oferta que Ele mesmo realizou. A partir disto fica claro 
que Ele morreu no lugar e como substituto dos homens, para conseguir 
que eles fossem livres do castigo do pecado, para alcançar para eles o 
perdão e para que por sua morte adquirisse este perdão. O nosso Senhor 
não entregou a sua vida por sua doutrina, mas por suas ovelhas. 
Vv. 19-21. Satanás consegue destruir a muitos, tirando deles o 
interesse pela Palavra e pelos mandamentos. os homens não toleram que 
alguém zombe deles por precisarem de alimento, mas permitem que 
zombem deles por causa daquilo que é muito mais necessário. 
Se o nosso zelo e fervor na causa de Cristo, especialmente na 
bendita obra de levar as suas ovelhas ao seu redil, nos causa uma má 
fama, não a ouçamos, e lembremo-nos que assim rejeitaram o nosso 
Mestre antes de nós. 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 39 
Vv. 22-30. Todos aqueles que têm algo a dizer a Cristo podem 
encontrá-lo no templo. Cristo nos fará crer; nós causamos dúvidas a nós 
mesmos. os judeus entenderam o significado, mas não puderam dar 
forma às suas palavras como uma acusação completa contra Ele. 
O Senhor descreveu a disposição da graça e o estado de felicidade 
de suas ovelhas; elas ouviram e creram em sua Palavra, seguiram-no 
como seus fiéis discípulos, e nenhum deles perecerá, porque o Filho e 
Deus Pai são um. Assim, pode defender as suas ovelhas contra os seus 
inimigos, o que prova que o plano da salvação inclui Cristo demonstrar 
que temo mesmo poder e perfeição divinos, iguais ao Pai. 
Vv. 31-38. As obras de poder e misericórdia de Cristo o proclamam 
como sendo o Deus bendito, acima de tudo e de todos, e pelos séculos 
dos séculos. Todos devem saber e crer que Ele está no Pai, e que o Pai 
está nEle. O Pai santifica aqueles a quem envia. o Santo Deus 
recompensará e, portanto, somente empregará aqueles a quem Ele 
santificar. O Pai está no Filho, de modo que pelo poder divino, o Filho 
realizou os seus milagres; o Filho estava no Pai, de modo que conhecia a 
sua mente de modo completo. Não podemos compreender 
profundamente estes fatos, nem mesmo buscando-o, mas podemos 
conhecer e crer nestas declarações de Cristo. 
Vv. 39-42. Nenhuma arma forjada contra o Senhor prosperará. Não 
escapou porque temesse o sofrimento, mas porque a sua hora ainda não 
havia chegado. AquEle que sabia livrar a si mesmo, sabe como livrar os 
santos das tentações que enfrentam, e preparar-lhes um caminho para 
que escapem, os perseguidores podem expulsar a Cristo ou ao seu 
Evangelho de suas cidades ou países, porém, não podem expulsá-los do 
mundo. Quando conhecemos a Cristo por meio da fé que há em nossos 
corações, encontramos que tudo o que as Escrituras dizem a respeito 
dEle é verdade. 
 
 
 
João (Comentário Bíblico de Matthew) 40 
João 11 
Versículos 1-6. A enfermidade de Lázaro; 7-10: Cristo retorna à 
Judéia; 11-16. A morte de Lázaro;

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