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CARDIO – CAP 6 Doença Arterial Coronariana Larissa Sena Introdução Desconforto no peito de forma previsível e reprodutível em certo nível de esforço por desequilíbrio transitório entre suprimento sanguíneo e demanda metabólica Acomete portadores de DAC com obstrução de pelo menos 50% do lúmen de uma ou mais artérias epicárdicas Pode ocorrer também em casos de doenças cardíaca valvar, cardiomiopatia hipertrófica, hipertensão não controlada, espasmo coronariano ou disfunção da microcirculação Fisiopatologia Fatores relacionados Demanda metabólica – demanda de oxigênio » Frequência cardíaca » PAS - marcador clínico de pós carga » Pressão de parede – quanto mais espessa a parede do miocárdio, maior a demanda metabólica » Contratilidade miocárdica Suprimento sanguíneo (e de oxigênio) ao miocárdio » Diâmetro do tônus da artéria coronária » Fluxo sanguíneo colateral » Pressão de perfusão – gradiente de pressão da aorta para as artérias coronárias » Frequência cardíaca – fluxo da artéria coronária ocorre principalmente da diástole. A medida que a FC aumenta, reduz o tempo de diástole Sequência de alterações Disfunção diastólica Disfunção sistólica Alterações elétricas Dor (angina Mecanismo de angina São eles » Estenoses fixas ou dinâmicas das artérias coronárias epicárdicas » Disfunção microvascular – principalmente sexo feminino e diabéticos » Espasmo coronário epicárdico focal ou difuso Angina Estável Manifestações clínicas LOCALIZAÇÃO Tórax, próximo ao esterno Pode ser sentido em qualquer parte do epigastro até a mandíbula, incluindo MMSS Descrita como “aperto no peito” Sinal de Levine DURAÇÃO Breve – um a 10 minutos Incomum duração muito breve (segundos) ou muito prolongada (horas) FATORES EXACERBADORES E DE ALÍVIO Relação com exercício, atividades específicas e estresse emocional Agravam com o aumento do nível de esforço e desaparecem quando os fatores causais diminuem Exacerbação após refeições e ao acordar são clássicas EQUIVALENTES ANGINOS Mulheres idosos, diabéticos e transplantados cardíacos podem se apresentar sem dor e apenas com equivalentes anginosos (dispneia, fadiga, tontura, sensação de desmaio, palpitações) Classificação da dor torácica SOCIEDADE CANADENSE CARDIOVASCULAR (CCS 1 a IV) Exame físico Geralmente é normal Alterações transitórias durante um episódio de isquemia: » Aumento da FC – induzido pela ativação do SRAA » Elevação da PA – tanto pela ativação simpática quanto pela estimulação do quimiorreceptor da artéria coronária descendente anterior esquerda » Ausculta cardíaca Desdobramento de B2 B3 – disfunção sistólica B4 – disfunção diastólica » Sopros novos ou alterados – modificações transitórias na parede do VE por isquemia dos músculos papilares » Pulsação precordial – Pulsação anormal que se correlacionam com disfunção ventricular esquerda transitória Diagnóstico Diferencial Angina instável - aguda Angina em crescendo: paciente com angina prévia, porém, alteração do padrão (limiar anginoso menor, mais frequente, episódios de maior duração) Angina de início recente: início há no máximo dois meses, que evoluiu de forma rápida até classe III da CCS Angina de repouso – angina de repouso com mais de 20 minutos de duração, ocorrendo há no máximo uma semana de duração Espasmo esofagiano difuso – causa desconforto retroesternal em aperto que pode melhorar com repouso e nitrato e tem relação direta com a alimentação e não com o esforço DRGE – percordialgia que não possui relação direta com esforço e sim com refeições e decúbito Dor musculoesquelética – piora com a palpação e realização de movimentos Inflamação da cartilagem costoesternal – dor à palpação da cartilagem e esterno. Pode ter sinais flogísticos. Pericardite aguda – dor tende a ser contínua de caráter pleurítico e piora com decúbito dorsal. Melhora com posição genupeitoral. Transtorno conversivo – sintomas variados associados a ansiedade e baixa probabilidade pré-teste Exames Complementares Exames iniciais Laboratório geral – Hemograma completo, TSH (suspeita de doença da tirepoide), glicemia de jejum, hemoglobina gricada, perfil lipídico, creatinina e troponina (se suspeita de SCA) ECG repouso – pode demonstrar sinais de DAC e serve como linha de base para comparação futura. Refazer ECG na suspeita de SCA Ecocardiografia de repouso – importante para diagnóstico e para avaliação de prognóstico. Recomendado para todos os pacientes (visualização de alterações segmentares, mensuração da fração de ejeção do VE e avaliação da função diastólica Radiografia de tórax – recomendado para pacientes com sinais e sintomas de IC ou doença pulmonar. Pode ser utilizado na suspeita de outros quadros de dor torácica Teste de estresse para diagnóstico de isquemia TESTE ERGOMÉTRICO Método não invasivo Indicado para diagnóstico de angina estável em pacientes com probabilidade intermediária e determinação de prognóstico e conduta Principal alteração: depressão do seguimento ST horizontal ou descendente > 1mm em uma ou mais derivações do ECG – 15% dos pacientes as alterações do seguimento ST surgem apenas durante a recuperação Surgimento de desconforto precordial, dispneia, tontura, exaustão, elevação de ST > 2mm, queda da PA > 10mmHg ou taquiarritmias ventriculares obriga a suspensão do teste Considerado negativo quando a FC alcançar no mínimo 85% da FC máxima para idade e sexo do paciente Limitações: » ECG basal possuir alterações que impeçam a detecção do critério de isquemia (desvio do seguimento ST) como Síndrome de Wolff-Parkinson-White), BRE, masrca-passo. » Incapacidade de se exercitar » Contraindicações Angina de repouso nas últimas 48h Ritmo cardíaco instável Estenose aórtica grave Miocardite e Endocardite infecciosa Insuficiência cardíaca não controlada Hipertensão pulmonar grave ECOCARDIOGRAMA DE ESTRESSE Exercício ou fármaco (dobutamina) – boa sensibilidade Ver alteração da mobilidade durante o estímulo – aumentar a demanda metabólica e isso vai fazer uma disfunção sistólica ventricular transitória MEDICINA NUCLEAR Exercício ou fármaco (dipiridamol/adenosina) – boa sensibilidade Talio ou Tecnécio – se conectam melhor no tecido miocárdico com boa perfusão Estresse x repouso: avaliar perfusão » Hipoperfusão somente no estresse – transitória » Hipoperfusão no estresse e em repouso – fixa (cicatriz ou miocárdio hibernante) ANGIOTC DE CORONÁRIAS Contraste – boa sensibilidade Usado em casos especiais – paciente tem que ter o controle da respiração, obesidade não grave, ritmo sinusal (<65 bpm) e cálcio < 400ui TESTE ANATÔMICO INVASIDO – CATETERISMO Padrão ouro Situações em que o tratamento clínico demonstra resultados insatisfatórios ou que os pacientes apresentam fatores de mau prognóstico Diagnóstico Probabilidade de DAC Probablilidade pré-teste Influenciada pela prevalência da doença na população estudada e pelas características clínicas de um indivíduo Principais determinantes da PT são idade, sexo e classificação da angina Resultado: » < 10% - sem teste adicional » 10 – 90% - teste ergométrico e/ou teste de imagemde estresse » > 90% - já pe considerado angina estável Diagnóstico de DAC Após realização dos exames de estresse » Com isquemia – angina estável » Sem isquemia – investigar outras causas » Duvidoso – realizar outro método de imagem com estresse, angioTC de coronárias ou cateterismo cardíaco Probabilidade de evento Após confirmação do diagnóstico de DAC estável, é sugerido início do tratamento médico otimizado (TMO) e realização de teste funcional (ergométrico e/ou de imagem de estresse) para avaliação de prognóstico da DAC estável Baixo risco – TMO Risco intermediário: fazer TMO ou cateterismo cardíaco Alto risco – Cateterismo cardíaco Tratamento Não farmacológico Controle dos fatores de risco para redução de morbimortalidade Devemos orientar: » Parar de fumar » Reduzir gordura, sal e carboidratos da dieta » Perder peso » Praticar exercícios regularmente » Controle da HAS e DM » Vacinação contra influenza Tratamento farmacológico – redução desfecho cardiovascular Redução de desfecho cardiovascular Sintomáticos AAS Efeitos antitrombóticos decorrente da inibição irreversível da ciclo-oxigenase-1 e consequente bloqueio da síntese do tromboxano A2 Relação risco benefício ótima com dose de 75 a 150 mg/dia Deve ser sempre prescrita Contraindicações – alergia ou intolerância, sangramento ativo, hemofilia, úlcera péptica ativa, alto risco de sangramento gastrointestinal ou geniturinário CLOPIDOGREL Antiplaquetário que atua no antagonismo do ADP Usado apenas em casos de contraindicação ou intolerância à aspirina na dose de 75 mg/dia HIPOLIPEMIANTES Estatina é o principal grupo para redução do LDL, sendo indicada quando paciente já apresenta doença aterosclerótica manifesta (prevenção secundária) Meta LDL < 50 ml/dl Efeito adicional na redução da inflamação na placa coronariana IECA Benefício comprovado em pacientes com DAC estável e FEVE reduzida, disfunção ventricular após IAM, IC, DM BRA podem ser usados em pacientes que não toleram IECA Tratamento farmacológico – redução sintomas e isquemia BETABLOQUEADOR Diminuem a frequência cardíaca, contratilidade miocárdica, condução atrioventricular e atividade ectópica ventricular Podem aumentar perfusão em áreas isquêmicas por aumento do tempo de diástole e da resistência vascular em áreas não isquêmicas Dose deve ser ajustada para manter FC em torno de 60bpm Primeira linha para todos os pacientes com DAC sintomática, principalmente com infarto do miocárdio prévio e/ou disfunção de VE Contraindicados em angina vasoespástica ANTAGONISTAS DOS CANAIS DE CÁLCIO Eficazes em reduzir tanto a isquemia na angina estável, quanto a isquemia silenciosa e a angina vasoespástica. Di-hidropiridínicos – Anlodipino » Em associação com BBQ para controle da angina estável sintomática Não di-hidropiridínicos – Verapamil e Diltiazem » Devem ser evitados em associação com BBQ – risco de bradicardia » Usados quando existe contraindicação ao uso de BBQ NITRATOS Ação curta – alívio de crises agudas de angina Ação prolongada – terceira linha para pacientes sintomáticos TRIMETAZIDINA Segunda linha Aumenta a tolerância ao exercício em pacientes com angina Ajudam a otimizar a energia do metabolismo cardíaco Pode ser associada à terapia antianginosa padrão (BB com ou sem antagonistas de cálcio), ou ser feita em monoterapia em pacientes que não toleram as referidas drogas IVABRADINA Segunda linha Atua no átrio reduzindo a FC sem reduzir contratilidade miocárdica Ideal para associar com BBQ em casos de FC >60 Opção para tratamento da angina refratária, especialmente em pacientes com disfunção de VE e FC basal > 70 bpm ALOPURINOL Efeito hipouricemiante Em altas doses exerce efeito antianginoso pouco compreendido Revascularização miocárdica Indicação: » Angina refratária » Alto risco (mesmo sem sintomas) CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO MIOCÁRDICA Bypass da circulação da aorta para leito nativo Não importa a complexidade e extensão da lesão. O principal ponto a ser avaliado é o leito nativo, onde serão colocadas as anastomoses dos enxertos INTERVENSÃO CORONARIANA PERCUTÂNEA Tratamento direto da lesão obstrutiva, sendo fundamental a avaliação da complexidade da lesão e extensão da mesma
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