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Estudo de caso: Falência da Varig

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Estudo de caso da empresa Varig com base na lei Nº 11.101, de 9 de Fevereiro de 20.
1. A História da Varig 
 Fundada em 7 de maio de 1927 pelo alemão Otto Ernst Meyer a Varig (Viação Aérea Rio-Grandense), foi umas das primeiras companhias aéreas brasileiras e uma das mais renomadas e conhecidas do mundo. Já em 1999, a companhia teve um impacto negativo nas suas finanças com a crise cambial no governo Fernando Henrique Cardoso. Eventos históricos também ajudaram a abalar a economia da Varig, a atendado terrorista as Torres Gêmeas, que aconteceu no dia 11 de setembro de 2001 fez com que as pessoas fossem tomadas, brevemente, por um sentimento de insegurança aérea. Além disso, também na virada de século, novos concorrentes chegaram no mercado, como a GOL e a TAM. 
 No começo dos anos 2000 a Varig já se encontrava com um balanço financeiro negativo, o que foi acentuada com falta de atitude da diretoria para evitar a crise e reduzir as dívidas da empresa. Em 2005 a justiça deferiu o pedido de recuperação judicial da empresa (primeira recuperação judicial conforme a nova lei de 2005), nessa época suas dívidas já alcançavam mais de 5,7 milhões de reais.
 Em 17 de junho de 2006 os credores da classe dois e da classe três não aceitaram a proposta feita pela Varig, mas tal recusa não fez com que o grupo convalescesse em falência, apenas houve a modificação da proposta. Ainda em 2006 a Varig vendeu a VRG Linhas Aéreas a Gol Linhas Aéreas Inteligentes pelo valor de 320 milhões de dólares, começou a demitir os funcionários, perdeu a autorização de viajar por diversos países do mundo e realizou sou último voou internacional.
 No dia 20 de agosto de 2010, o Poder Judiciário do Brasil decretou o fim da recuperação judicial e a falência da antiga Varig e de duas outras empresas do grupo: Rio sul Linhas Aéreas e Nordeste Linhas Aéreas. 
 Há quem diga que queda da Varig foi causada devido a motivações políticas. Segundo Paulo Antony, comandante da Varig por mais de 20 anos, o PT, que tinha o presidente Lula como representante do partido na presidência, boicotou a empresa por causa da recusa do então presidente da companhia, Ozieres Silva, a apoiar a campanha presidencial de 2002, seria então uma vingança.
2. A falência da Varig 
 O pedido de falência foi realizado pelo próprio administrador judicial e gestor judicial do grupo, Gustavo Licks. Tal requerimento está em consonância com o artigo 97 da lei de falência, onde elencam quem são os legitimados para requerer a falência do devedor. No inciso I do artigo discorre que o próprio devedor é passível de requerer, na forma do disposto no art. 105 a 107 da mesma lei. O artigo 105 em seu caput diz o seguinte: 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: 
 A Varig já havia obtido uma concessão recuperação judicial há menos de 5 anos e segundo o artigo 48, II o devedor que tiver obtido concessão de recuperação judicial há menos de 5 anos não poderá requerer uma nova. Além do mais, estando ciente da sua crise há mais de dez anos, por já ter passado por uma recuperação judicial, ter vendido a Varig Log a Varig Engenharia e Manutenção e a VRG Linhas Aéreas, a Varig AS, representada pelo Administrador e Gestor Judicial da empresa julgou que a Varig não tinha condições de pagar suas dívidas. 
 O artigo 105 também prevê alguns documentos que deverão acompanhar o pedido de falência como as demonstrações contábeis( balanço patrimonial, demonstração de resultados acumulados, demonstração do resultado desde o último exercício social e relatório do fluxo caixa) , relação nominal dos credores( no caso da Varig a Juíza decidiu aproveitar o quadro da recuperação judicial e estabeleceu um prazo de 15 dias para os que não estivessem incluídos apresentassem suas habilitações), relações dos bens e direitos que compõem ativo, prova da condição do empresário, os livros obrigatório e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei, relação dos administrares nos últimos 5 anos, isso é necessário para que se mostra a insolvência, já que muitos devedores tendem a requerer a falência para não pagar aos credores de forma correta. Então o gestor da Varig apresentou todos esses documentos, dentre os argumentos utilizados para demonstrar a insolvência estava os atrasos dos salários dos operadores dos serviços de rádio, que se fossem interrompidos poderia causar instabilidade na prestação de serviços. 
 Quando a sentença foi declarada, a juíza, para preservar os ativos, declarou que os estabelecimentos da empresa, exceto os envolvidos no funcionamento das estações de rádio e do centro de treinamento, fossem lacrados no prazo de 48 horas. Declarou que se as duas atividades citadas anteriormente fossem interrompidas abruptamente, elas se desvalorizariam e atrapalhariam o trafego aéreo, então ela decidiu que o centro de treinamento de aeronautas fosse mantido em funcionamento até a sua alienação judicial e que o serviço de comunicação por meio de estações de rádio continuasse operando por duas semanas, até ser transferida para a empresa de aviação Trip. 
 A alienação da empresa está prevista no art. 140 da lei de falência, e pode acontecer pela venda dos seus estabelecimentos em bloco, das suas filiais ou unidades produtivas isoladamente, em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor e dos bens individualmente. No caso da Varig a alienação está ocorrendo até os dias atuais.
 Após requerer a falência, a lei no seu art. 98, prevê a possiblidade de recurso no prazo de 10 dias para que o devedor possa contestar o pedido de falência, isso no caso em que do requerimento feito pelos credores, quando o requerimento é interposto pelo próprio devedor( ou pelo seu representante, como é o caso da Varig), ele não poderia contestar no prazo de 10 dias, mas poderia, no mesmo prazo, depositar o valor correspondente ao total do crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios.
 A juíza declarou a sentença atendendo ao art. 99, II, da lei 11-101-05, que dispõe justamente as determinações que deverão estar contidas na sentença. Conforme os incisos III e IV, a juíza determinou que deveria ser aproveitado o quadro de credores da recuperação judicial, marcando, ainda, o prazo de 15 dias para os credores apresentarem suas habilitações de crédito. Já em consonância com o inciso VI, do art. 99, proibiu a prática “de qualquer ato de disposição ou oneração de bens da falida e daqueles que estão também sob os efeitos da falência, ressalvados os bens inerentes a atividade de comunicação por rádio categoria ‘A’”. Também, determinou que fossem realizadas as publicações e comunicações previstas no art. 99, VIII, X, XIII e parágrafo único da Lei 11.101/05. 
 Seguindo o art. 99, IX, que prevê a nomeação de administrador judicial, nomeou a Licks Contadores Associados, grupo que já era administrador judicial desde a recuperação judicial. Quando se nomeia um administrador judicial, de acordo com o art. 103, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou de deles dispor, sendo que o falido poderá, contudo fiscalizar a administração da falência. Com a declaração de falência, é imposto ao falido diversos deveres, previstos no art. 104 da lei de falência, caso o falido descumpra algum dos deveres que lhe foram impostos, será intimado pelo juiz e responderá pelo crime de desobediência Por fim, ordenou que as publicações e comunicações previstas no art. III, X, XIII § único da lei 11.101. 
 O inciso VIII diz que na sentença ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro do devedor, para que conste a expressão “falido” e a data da decretação da falência. O X, diz respeito ordem de expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas, e o XIIIsalienta que deverá intimar o Ministério Público e a comunicação por carta as Fazendas Publicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência. 
 Como previsto no artigo 100, o decreto cabe agravo. No caso da Varig, A fundação Ruben Berta, que era a controladora da Varig, entrou com agravo e fez com que a sentença fosse suspensa. 
 Os bens do devedor foram levantados nos autos do processo de falência, e logo depois começa a realização dos ativos, a alienação dos bens da massa falida (acervo do ativo e passivo de bens do falido) podendo ser por leilões (por lances orais), propostas fechadas ou pregão. No que diz respeito ao pagamento dos credores, como previsto na Seção XI da Lei de Falência, a Varig vem realizando rateios administrados pelo gestor da Massa Falida SA, o advogado Wagner Bragança, sendo que o ultimo aconteceu em 2017. Sua dívida em pendencias previdenciárias, trabalhista e em impostos ultrapassam 5,6 bilhões de reais. A empresa desde então vem realizando leilões, já foram arrecadados mais de 103 milhões desde de 2011. Segundo o artigo 153 da lei de falências, quando todos os credores forem pagos, o saldo, se houver, será entregue ao falido.
 Apesar do disposto no art. 151 da lei, que diz que os créditos trabalhistas deverão ser pagos o mais rápido possível, boa parte dos créditos ainda não foram pagos, mais de 2.2 mil pessoais faleceram sem receberem seus direitos. Alguns supõem que o decreto de falência da Varig seja uma farsa, apenas tenha sido uma solução para a demissão em massa sem pagar os acertos e assim poder se fundir com outra empresa maior. Estima-se que a Varig ainda falte pagar as indenizações a mais de 10 mil ex-funcionários 
 E apesar desse longo processo entre crise, recuperação judicial e falência, a história judicial da Varig parece está longe de acabar, já que no dia 3 de Agosto de 2017 o Supremo decidiu por uma indenização em favor do Varig de mais de 3 bilhões de reais, A ação contra a União devido os prejuízos por conta do plano cruzado já durava mais de 20 anos. Agora, fica a expectativa do que vai acontecer com esse dinheiro, já que segundo a lei de falência, esse dinheiro deveria ser usado prioritariamente para o pagamento das dívidas trabalhista, porém alguns acham que existe o risco do dinheiro não sair da mão da União, que será confiscado e usado para o pagamento de impostos devidos ao governo. 
 
	
3. Referências: 
[1] Sentença Varig. Disponível em:https://www.amvvar.org.br/sentenca_varig.pdf
https://www.amvvar.org.br/sentenca_varig.pdf acessado em 22 de fevereiro de 2020
[2] Fentac. Em comunicado, Massa Falida da Varig explica suspensão do pagamento aos credores.10 de março de 2017. Disponível em https://fentac.org.br/divulgacao-390/ acessado em 24 de fevereiro de 2020 
[3]Galleti, Mariana. 11 ano após a falência, empresa Varig ainda não pagou ex-funcionários. Terça-feira 12 de dezembro de 2017. Disponível em 
https://www.esquerdadiario.com.br/11-anos-apos-falencia-empresa-Varig-ainda-nao-pagou-ex-funcionarios acessado em 24 de fevereiro de 2020 
[4]Made for Minds. Confira alguns fatos que provocaram a queda da Varig. 12 de julho de 2006. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/confira-alguns-fatos-que-provocaram-a-queda-da-varig/a-2094186 acessado em 24 de fevereiro de 2020 
[5] Planalto. LEI Nº 11.101, DE 9 DE FEVEREIRO DE 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm acessado em 24 de fevereiro de 2020

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