Buscar

Transtornos Psicóticos Crônicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

TRANSTORNOS PSICOTICOS CRONICOS – GUSTAVO 
 
Psicose é toda aquela síndrome psicótica que cursa com sintomas que tiram o paciente da realidade. O 
psiquismo produz sintomas, por um motivo qualquer, e o paciente começa a acreditar neles como se 
fossem realidade (vozes que não existem, pensamentos irreais, pensamentos delirantes de vários 
cunhos). Essas doenças que vamos ver hoje são do ramo da psicose. 
São síndromes crônicas e podem ter, assim como a esquizofrenia e os transtornos de humor, momentos 
de agudização mas são transtornos que se transformam em doenças crônicas e o complemento seria 
psicóticos atípicos. 
 
1) TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME 
-­‐ Semelhante a esquizofrenia 
-­‐ Sintomas psicóticos 
-­‐ Duração menor que seis meses: nesse período ela tente a curar mesmo sem tratamento. A pessoa 
supera aquilo e volta para a vida normal. 
-­‐ Sem embotamento afetivo: Diferentemente da esquizofrenia ela não vai deixar aqueles sintomas da 
cronicidade, o defeito esquizofrênico, que é o embotamento afetivo ou empobrecimento, 
esvaziamento afetivo e da vontade, falta de energia, falta de desejo. Então o curso dela na cura é 
benigno, não deixa sequelas a não ser a historia, então tem a evolução favorável, uma patologia 
benigna. 
-­‐ Evolução favorável 
Se vocês lembrarem da aula de esquizofrênia, dentro daquelas prerrogativas para o diagnóstico, estava o 
tempo, pelo menos seis meses de sintomas com uma semana de sintomas agudos. Mas eu expliquei 
naquela aula que existem situações que duram menos de seis meses e se curam, com ou sem tratamento. 
Esse transtorno esquizofreniforme é uma delas – tem essa duração de até seis meses. Então é muito ruim 
você pegar um paciente com um mês de sintoma e dizer que ele é esquizofrênico porque você está dando 
um rotulo pra ele que seria pro resto da vida. Depois você vai ver a cura e vai ver que se enganou. Por 
isso esse nome: esquizofrenia like em inglês ou esquizofreniforme. É bastante semelhante a esquizofrenia 
na sintomatologia. 
O transtorno esquizofreniforme tem o mesmo fator desencadeante da esquizofrenia? Algumas coisas tem 
a ver. Ele tem alguns sintomas que você praticamente não diferencia da esquizofrenia se fizer só um 
retrato daquele momento, entrevistar o paciente naquele momento sem saber a historia pregressa, então 
você pode não ter condição de fazer o diagnóstico diferencial. Mas ele não tem por exemplo a carga 
genética que a esquizofrenia pode apresentar. E geralmente o transtorno esquizofreniforme tem uma 
causalidade muito identificada, então na verdade ele é uma reação psicótica muitas vezes a uma vivencia 
traumática, tipo assaltos, enchentes, violência, fenômenos da natureza, em que a pessoa passa por um 
estresse grande e depois passa a desenvolver sintomas. Por exemplo: você é assaltado na rua, sofre 
aquele trauma, pode ser agredido ou não e a partir daquele momento, dias após, você começa a 
desenvolver um comportamento de um transtorno delirante até de perseguição. Começa a ver o assaltante 
em todo lugar, chega na janela e pode estar vendo o cara. Então você passa a ter uma síndrome delirante 
e alucinatória mas que tem uma causalidade muito evidente e obviamente antes dessa causalidade não 
havia nenhum sintoma compatível. Era uma pessoa absolutamente normal. 
Ela pode ser também, por si própria, um gatilho para uma situação esquizofrênica. Muitas vezes você 
pega essa história que eu contei para vocês, houve um trauma, uma causalidade, o paciente desenvolve 
esse transtorno e durante seis meses você diagnostica ele com transtorno esquizofreniforme. Você espera 
que em seis meses ele se cure mas ele não cura, passa um ano, um ano e meio e o paciente não melhora 
e fica com sequelas. Pode até melhorar mas fica com sequelas, com sintomas. O que você vai levar em 
consideração é que aquilo que começou como um transtorno esquizofreniforme desencadeou num 
paciente que já tinha uma predisposição a um quadro esquizofrênico. Você vai achar talvez familiares com 
patologias esquizofrênicas ou mesmo transtorno de humor. Você pode achar uma carga genética ou 
daquele próprio paciente que tinha condições favoráveis ao desenvolvimento e o trauma fez o 
desencadeamento da doença. Pode acontecer de ter que mudar então pro diagnóstico definitivo de 
esquizofrenia. 
 
2) PSICOSE REATIVA BREVE 
-­‐ Sintomas psicóticos 
-­‐ Fator estressante presente 
-­‐ Duração menor que um mês 
Assim como a anterior, ela é reativa a uma causalidade mas é muito mais curta. Tem os sintomas 
psicóticos, tem os fatores estressantes de causalidade, vai cursar com uma sintomatologia muito 
semelhante a esquizofrenia podendo ter algum delírio ou alucinação, mas ela é bem mais curta (dura 
menos de um mês). Um não psiquiatra pode simplesmente fazer o diagnóstico de quadro psicótico e 
pronto – está certo o diagnóstico. O tratamento dessas duas patologias, assim como a esquizofrenia, vai 
ser medicação anti-psicótica, talvez algum tipo de terapia ocupacional, é muito usado terapias nas quais o 
paciente pode se manifestar, tem muito paciente que tem dificuldade de falar, então pode se manifestar 
através de desenhos e através da escrita. São estratégias que podemos usar para ter acesso ao paciente, 
assim como pintura, argila. Os pacientes, inclusive os psicóticos muito crônicos, que tem um discurso 
muito prejudicado, na manifestação artística eles conseguem colocar o que eles estão sentindo. Tem 
pessoas especializadas que são os terapeutas ocupacionais. 
A OMS quando quer discutir alguma patologia, elege alguns profissionais no mundo que tem um saber 
reconhecido, e pedem para eles colocar a experiência deles. A partir daí ela compila e usa dados 
estatísticos para criar uma patologia. Por exemplo, antigamente não existia síndrome do pânico e ela foi 
criada através desse modelo. 
A diferenças dessas classificações, por exemplo de um mês, na prática é pouca porque você vai tratar o 
sintoma psicótico de qualquer maneira através do anti-psicótico. Na academia essas coisas fazem 
diferença, tem gente que só trabalha pesquisando psicose reativa breve. Tem gente que só trabalha 
pesquisando transtorno esquizofreniforme com mais de um mês a seis meses de duração. 
 
3) TRANSTORNO PSICOTICO INDUZIDO 
-­‐ Folie a deux: loucura a dois 
-­‐ Sintomas psicóticos 
-­‐ A pessoa delirante é dominante 
-­‐ Benigno para o dominado quando se afasta o dominante 
Ele é induzido a alguém. Temos sintomas psicóticos presentes em duas pessoas, sendo que uma delas é 
a personalidade dominante e a outra é uma personalidade passivo-dependente, podem ser casais ou 
amigos mas os dois sempre tem intimidade, normalmente moram juntos ou muito próximos, interagem 
conjuntamente o tempo todo. A pessoa mais passiva, mais dependente, mais insegura recebe a carga 
delirante da personalidade dominante e embarca no delírio do outro. Trata-se com afastamento. Pega o 
dominante e afasta da personalidade dependente que aquela influencia diminui e desaparece mesmo sem 
medicação. É um convencimento: a pessoa fala e o outro acaba acreditando e age junto. Não chega a 
alucinar junto pois é um sintoma mais complicado da pessoa dizer que está tendo mas ele é levado a 
acreditar que existem vozes e perseguidores. 
Professor teve dois pacientes desse no máximo. É um transtorno raro ou não chega para tratamento. Só 
vem para tratamento quando a personalidade dominante cria problema e entra em tratamento. E aí o outro 
pode acabar batendo na mão de outro profissional. Porque se não só quem vai é o principal, a 
personalidade dependente não, então a gente não vê. 
Eu classifico só o dependente nesse quadro pois ele que é o induzido. Quando ele entra na alteração de 
comportamento do paciente principal ele pode aparecer no consultório, se ele faz algum tipo de agressão 
ou comportamento de risco e o dependente embarca junto, aí os dois acabam indo. Se os dois não 
chegam nesse ponto, o dominador acaba indo e o dependente não. 
A mudança de comportamento pode ocorrer de um dia prooutro, quando você afasta o dominante no dia 
seguinte o outro já tem um comportamento mais adequado. 
 
4) PSICOSE POS-PARTO 
-­‐ Delírio e depressão graves 
-­‐ Envolve riscos para a mão e o bebê 
-­‐ Pode surgir antes do parto 
-­‐ Sintomas psicóticos podem estar presentes 
É uma doença que vem após o parto ou um pouco antes, por exemplo a partir do oitavo mês de gravidez. 
É uma psicose que pode cursar com delírios ou alterações do humor (principalmente para depressão 
grave). Ele começa de forma branda, como todo quadro, mas pode evoluir de forma grave se ele não for 
tratado. O professor conhece uns dois ou três casos (são poucos dentro do universo de psiquiatria) em 
que a mãe matou o bebê por um delírio depressivo em que a mãe se sentia incapaz de cuidar da criança, 
que ia fazer mal a ela e ela ia entrar em grande sofrimento, então preferiu matar. Uma delas não foi quadro 
depressivo, foi um quadro alucinatório grave, em que ela ouvia vozes que mandaram matar o bebê e ela 
executou. 
Felizmente, os quadros de psicose puerperal são depressões moderadas. A maioria de 90% não chegam 
a esse nível de gravidade mas não podemos desprezar e achar que é uma coisa boba. As justificativas 
são em sua maioria por alterações hormonais que acontecem na mãe. São pessoas pré-disponentes. E 
existem explicações psicanalíticas que os colegas falam que essas mães veem o parto não como um 
ganho de um bebê, mas como uma perda pois a criança saiu. A mãe vivencia como uma perda e essa 
vivencia leva a um quadro depressivo. Essas mães podem negligenciar o filho: se recursar a trata-lo, não 
amamenta-lo. É preciso imediatamente a intervenção de terceiro, normalmente parentes, que vão assumir 
o cuidado desse bebê até que a mãe tenha condições. 
É uma doença que tende a ser beninga (regride com o tratamento). Na maioria das vezes até sem o 
tratamento, mas aí é mais prolongado pelo que vemos na literatura. Com o tratamento a mãe responde 
mais rápido e reassume plenamente o cuidado do bebê. Nessa fase inicial, vai ter que ter familiares que 
vão assumir o cuidado do bebê. Isso não necessariamente significa afastar a mãe do bebê 
completamente. A mãe pode continuar junto mas sob supervisão. Pela insegurança, acaba cometendo 
erros, por isso sob supervisão ela pode manter seus cuidados até que ela gradativamente vai sendo 
liberada para o cuidado isolado da criança. Não é absolutamente rara. 
A mãe muitas vezes verbaliza esses comandos/desejos que ela tem, ela pode falar da depressão, dos 
sintomas de tristeza, a incapacidade que sente ou familiares percebem que ela está negligenciando a 
criança. Eles percebem os sintomas delirantes ou depressivos clássicos: desanimo da mãe, tristeza, 
choro, falta de iniciativa de cuidar do bebê e fazer as coisas. Negligencia ao ponto de não dar banho, 
amamentação. 
A mãe não responde nos casos em que ela mata o bebê. Ela vai ser avaliada judicialmente e pericialmente 
e o psiquiatra uma vez constatando que o quadro é um quadro de psicose... O que a lei mostra pra gente é 
que o paciente mental que não pode ser punido é aquele que comete um crime ou um delito quando em 
privação do julgamento da realidade, mesmo que esse paciente (na verdade acontece com todos) ele tem 
uma atividade delirante mas também consegue ter uma atividade pratica. Por exemplo: acha que é 
Napoleão, mas quando você chama ele por João ele responde dentro da realidade mas ainda assim é um 
psicótico, então não pode ser responsabilizado. O juiz nesses casos impõe uma pena restritiva de algum 
modo e tratamento, que ele tem que submeter e comprovar que está em tratamento. Nos casos graves de 
violência ele pode ser recolhido ao manicômio judiciário e lá fazer o tratamento (mas um hospital de um 
manicômio judiciário é uma cadeia com um nome diferente – por mais que os profissionais queiram 
trabalhar é difícil). A diferença de ir para a cadeia ou manicômio judiciário é que na cadeia você é 
condenado a uma pena, a um tempo. Na nossa lei o limite é 30 anos. Se você vai para o manicômio 
judiciário não há tempo. Fica lá até que alguém da equipe faz um laudo dizendo que aquele paciente não é 
mais perigoso. 
Para ser classificado como psicose pós-parto tem um período limite para o diagnóstico? A maioria dos 
colegas aceita que você dê o diagnóstico até um ou dois meses após o parto. Você vai fazer esse 
diagnóstico principalmente também se essa mãe não tinha história anterior, se ela já tinha um diagnostico 
de transtorno do humor depressivo ou bipolar com fases maníacas ou deprimidas, ela vai estar 
simplesmente tendo mais uma fase depressiva da doença dela pois o transtorno de humor não tem cura. A 
gente tira o doente da fase critica e ele entra em comportamento normal, sem sequela nenhuma, mas ele 
pode vir dai a um tempo a voltar ou ter outro quadro agudo. Na psicose puerperal isso não acontece. Essa 
mãe, se for um quadro puro e simples de psicose puerperal, ela vai se curar e não vai desenvolver outro 
quadro. Pode ter por exemplo no terceiro parto e não teve no primeiro e segundo. Há talvez esse fator 
hormonal mas também fatores psicológicos e emocionais. Cada parto e cada filho é diferente um do outro. 
Pai e mãe não amam todos os filhos igual, tem preferencias. 
Depressão pós-parto é quando vem como depressão. A psicose puerperal pode vir não só como 
depressão, pode haver psicose ? (28 min 45 s), por exemplo. Nunca vi psicose grandiosa, psicose com 
conteúdos eróticos, conteúdo religioso há algo na literatura. 80/90% dos quadros vem com sintomas 
depressivos, por isso ela acaba tendo um nome especifico de depressão pós-parto. 
 
5) SINDROMES CULTURAIS 
-­‐ AMOK -> explosão agressiva: acontecia entre os tribos, indígenas americanos. Uma crise, uma 
explosão de agressividade súbita, de um momento para o outro em que poderia ser um 
comportamento agressivo muito violento e que da mesma forma como ele vinha poderia passar em 
pouco tempo. 
-­‐ KORO -> reação de ansiedade aguda, idéia de encolhimento do pênis, típica do SE asiático: ocorre 
no sudeste asiático principalmente Japão, sudeste da China. É uma certeza delirante dessas 
pessoas de que o órgão sexual (nas mulheres a mama e nos homens o pênis) está encolhendo e 
vai sumir (falam que “vai entrar para dentro”). Alguns casos resultavam em suicídio. 
-­‐ PIBLOKTO -> ataque de agitação com os gritos, rasgar roupas, corridas no gelo, por 12 hrs, típica 
dos esquimós: tinham um ataque súbito com gritos, corridas, fugas de casa e iam embora. Iam ser 
achados, se não fossem contidos, muito tempo depois e as vezes mortos por causa do 
congelamento. Isso durava um determinado número de horas, as vezes oito/dez/doze e depois 
regredia. Pela regressão e retorno a realidade, o professor acha que isso é um ataque histérico, 
psicológico, de ordem emocional e inconsciente. 
-­‐ WINDIGO -> compulsão a comer carne humana, típica de alguns índios da América do Norte: 
algumas pessoas dessa tribo acometidas por isso passavam a acreditar que estavam possuídos 
por um demônio que os obrigava a matar e comer carne humana de outros índios que tinham 
acesso. Era um comportamento razoavelmente súbito em que o índio era acometido dessa crença 
de que estava possuído. 
Existe um ramo da psiquiatria chamado de psiquiatria transcultural – sub-área psiquiátrica que estuda 
somente manifestações de alteração de comportamento em determinadas culturas. É muito raro! Até 30 
anos atrás que não havia essa globalização, você tinha culturas muito fechadas. As aparições dessas 
patologias especificas se tornaram muito raras. Vou apenas citar. 
 
6) PSICOSE AUTOSCOPICA 
-­‐ Visão de todo o corpo, ou parte dele que aparece como num espelho, incolor e transparente, como 
uma visão de um fantasma imitando a pessoa 
Em alguns livros pode achar como psicose heaustoscopica. É uma situação que ocorre em algumas 
pessoas sob determinadas situações. Qual é o sintoma? O paciente vê seu próprio corpo como se tivesse 
um espelho em sua frente um pouco embassado, mesmona visão invertida, incolor ou transparente. É 
como se ele visse sua imagem projetada. É uma imagem meio fantasmagórica da própria pessoa, do seu 
corpo. Isso é descrito em pacientes com transtorno de ansiedade aguda histérica, uma manifestação 
psicológica, emocional, inconsciente, que é absolutamente regressivel e curável. A gente vê isso em 
pacientes que tem alteração da consciência. Isso é relatado em pessoas durante ato cirúrgico, de 
pacientes que saem da cirurgia depois e dizem que ouviu tudo em que se falou na sala. Ele não sentiu dor, 
não acordou, apenas uma parte do psiquismo dele se ligou e prestou atenção no ambiente de alguma 
forma. E tem aquela turma da viagem astral, que usa o alucinógeno, até mesmo esses de anestesia, que o 
cara diz que saiu voando, voou pelo corpo, passou pela sala na mesa de cirurgia e etc. É muito típico 
dessas característica de pacientes com transtorno de ansiedade grave, histéricos e pacientes que estão 
submetidos a um nível de alteração de consciência por algum motivo (uso de drogas, mesmo licitas, como 
anestesia). 
 
7) SINDROMES DE CAPGRAS 
-­‐ Ilusão dos sósias 
É um quadro delirante. É raro. É o delírio da ilusão dos sósias. Exemplo: o paciente arruma confusão na 
família, é internado, e diz que não brigou com a família, mas sim com as pessoas que estão na casa dele 
(a família foi substituída por outros, por cópias). O paciente não sabe quem são, ele só tem essa certeza. 
Capgras foi o psiquiatra que desenvolveu essa síndrome, que é muito típica e muito semelhante nos 
pacientes que sofrem dela. Professor internou um paciente e teve dificuldade de dar alta para ele pois o 
paciente se sentia confortável dentro da clinica, fora ele se sentia ameaçado pelas sósias. Na clínica era 
cordial, afetivo, ajudava os outros pacientes mas quando o professor falava sobre a alta ele dizia que para 
casa ele não ia voltar. Depois com medicamento e tratamento essa crença regrediu e ele voltou para casa. 
Você, isso acontece com muitos esquizofrênicos, consegue fazer o delírio dele regredir a ponto dele não 
mais interagir com o delírio mas lá no fundo ele guarda aquela pequena certeza delirante encapsulada – é 
chamado de delírio enquistado (está lá protegido e não influencia mais, mas em um dado momento pode 
aparecer). Exemplo: paciente do professor achava que era Deus e depois de tratado ele disse “doutor, se 
eu falar que eu sou Deus ninguém vai acreditar e vão me internar, então eu não falo nada e sigo minha 
vida”. O que ele ta me dizendo? Eu continuo acreditando, mas isso não está tão forte a ponto de eu agir 
como tal. Muitos autores acham que é isso que acontece com o tratamento da esquizofrenia, não 
consegue curar mas fazemos com que o paciente deixe de reagir. É um pouco diferente das alucinações. 
A alucinação o paciente relata que para de ouvir vozes por exemplo. 
 
8) SINDROME DE COTTARD 
-­‐ Depressão grave 
-­‐ Delírio de negação dos órgãos 
-­‐ Sintomas alucinatórios 
Síndrome que tem o nome de um francês psiquiatra. É um quadro depressivo. Tem muitos quadros que 
podem ser simplesmente uma manifestação muito sui generes de uma depressão que se repete de forma 
muito semelhante nos pacientes que a possuem. É um quadro depressivo muito grave com todos aqueles 
sintomas em que há uma situação chamada de delírio de negação dos órgãos. Exemplo: paciente chegou 
ao ponto de dizer que estava morto (fazia um bafo na boca e falava “olha meu cheiro de podre”, meu 
coração já não bate mais, meu estomago e intestino estão em decomposição). Não adianta mostrar o 
coração no esteto (é uma gravação). O delírio é dito como inexplicável e irremovível. Não temos como 
explicar um delírio e nem como removê-lo, nós o amenizamos. Muitas vezes com o tempo ele desaparece. 
Geralmente são essas alucinações mais raras nos outros pacientes, como alucinação olfativa e gustativa 
(sente o gosto de podre). Tratou a depressão com o tratamento clássico e esse paciente começa a 
melhorar o humor, a crença desaparece. Esse paciente chegou a fazer crítica: “como que cheguei naquele 
ponto, achando que eu tava morto? Fiquei louco de pedra”. Esse paciente pode eventualmente ter uma 
outra crise depressiva sem essas características da síndrome de Cottard. Ela pode acontecer mas ela 
pode não se repetir no mesmo paciente que venha a ter outro quadro depressivo. 
 
9) TRANSTORNO DELIRANTE CRONICO (PARANOIA) 
-­‐ Delírio crônico, sistematizado 
-­‐ Sem presença de alucinações 
-­‐ Pode ser de grandeza, erotomaníaco, ciúme, persecutório, somático 
-­‐ Não levam a deterioração da personalidade 
-­‐ O humor é coerente com o delírio 
É um quadro que a gente isola ele e separa da esquizofrenia por causa de alguns sintomas que não 
existem nele e de uma evolução um pouco mais benigna no prejuízo do paciente, o que se chama de 
paranoia ou transtorno delirante crônico. Quando nós falarmos do doente paranoide, estamos falando do 
doente esquizofrênico paranoide. Quando falarmos do paranoico, estamos falando do doente que tem 
paranoia. No popular, isso não vai ter muita diferença. 
O doente paranoico é aquele que possui um delírio, portanto um sintoma psicótico, crônico e dito 
sistematizado, ou seja, muito bem organizado. Ele nunca tem alucinações de tipo nenhum. Um delírio 
sistematizado e organizado é um delírio rico, que só faz crescer com o tempo. Quando um paciente diz 
que é o super-homem e você manda ele voar e ele não voa, você pegou ele pelo pé. Ele fica sem resposta 
para te dar. Mas dali um tempo ele elabora uma resposta, por exemplo “não vou voar pois não tenho 
obrigação de te mostrar nada”. Isso vai acontecendo ao longo de anos. Quando você escuta esse paciente 
falar sobre o delírio dele, ele começa e não acaba, ele vai colocando coisas e escrevendo como se fosse 
um romance na vida dele, inserindo respostas e outras duvidas. Essa coisa vai crescendo e ele pode falar 
por horas, tudo com um pensamento absolutamente organizado e lógico, sem desagregação (por isso faz 
o delírio estruturado). 
Esse paciente tem um delírio de qualquer tipo: de cunho religioso, erótico, super bem organizado, ao longo 
dos anos. Ele não relata nenhuma alucinação e é uma pessoa afetivamente muito preservada (a 
personalidade dele não sofre como o esquizofrênico sofre, não tem o distanciamento e esvaziamento 
afetivo – se não entrar no delírio dele, ele participa de uma conversa de forma normal e que ninguém 
percebe nada, só manifesta se o tema cutuca o delírio dele). 
Como diferencio do esquizofrênico? Com o tempo. Ao longo do tempo você percebe que esse paciente 
não deteriora e não alucina. Ele consegue manter um lado sadio em perfeito funcionamento. Você leva a 
conclusão que esse paciente é um paranoico. Nos quadros leves, é a turma que é chamada de excêntrica 
e esquisita (“deixa pra lá, é assim mesmo”). 
O paranoico é tratado com anti-psicótico também. 
Esses transtornos são crônicos, dura a vida toda. Uma vez que se estabelece vai até a morte. 
 
ANTIPSICOTICOS 
 
Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções psicomotoras (são 
sedativos do SNC, então se você tem um episódio de quadro psicótico com delírio, agitação, alucinação e 
agressividade, é essa a medicação adequada, muito mais que um ansiolítico, que pode ter um efeito muito 
fraco), a qual pode encontrar-se aumentada em estados, por exemplo, de excitação e de agitação. 
Paralelamente eles atenuam também os sintomas neuro-psíquicos considerados psicóticos, tais como os 
delírios e as alucinações. São depressores do S.N.C. 
Os farmacologistas normalmente gostam do nome neuroléptico pois são medicações que tem o tropismo 
para o SNC. O termo antipsicótico fala da sua função, que é ser contra o sintoma psicótico. 
 
Os antipsicóticos têm sua primeira passagem pelo fígado, portanto, sofrem metabolização hepática. A 
grande maioria dos neurolépticos possui meia vida longa, entre 20 e 40 horas, e esse conhecimento é 
importantena medida em que permite prescrição em uma única tomada diária.São excretados na urina e 
bile. 
Normalmente essas medicações tem apresentação EV, IM ou oral. Quando você faz a introdução oral no 
paciente, vai passar pelo fígado e ele já sofre uma primeira metabolização hepática. Alguns tem 
metabólicos que são funcionais, outros não. Esse é o motivo pelo qual a medicação IM tem um efeito mais 
dramático que a oral em quadros de agitação – como ela não passa pelo fígado, do músculo é absorvida 
diretamente pela circulação sanguínea e vai a nível central, sem passar pela metabolização hepática. 
Então você tem um efeito muito mais acentuado quando você usa IM, sendo usado nos quadros agudos. 
O endovenoso nunca é usado. Em paciente psiquiátrico você nunca usa EV porque não há motivo. Essas 
são medicações muito seguras para serem usadas no sentido de levar o paciente a morte no abuso de 
substancias em uma dose, porém na dose oral. Se você entra na veia do paciente, como em qualquer 
outra medicação, ela entra direto no sistema sanguíneo, então você tem medicações, como a 
clorpromazina, que você corre o risco de uma hipotensão e uma parada cardíaca desse paciente. Isso 
dentro de uma clinica psiquiátrica é sinônimo de morte (psiquiatra não sabe intubar). Sempre IM nos 
quadros de agitação aguda! Tratamento de manutenção é oral. A gente vai ver outras possibilidades de 
uso IM também. 
 
A meia-vida varia de 20 a 40 horas, portanto são medicações que podem ser dadas apenas uma vez ao 
dia – isso é importante termos na cabeça pois facilita o trabalho da enfermagem no hospital e/ou dos 
familiares em casa que administra a medicação pro paciente. Tem que saber se essa dose dada como 
dose única não está sendo muito elevada, porque se é elevada ela vai ter um pico elevado de absorção e 
consequentemente um pico de efeito colateral grande. Os efeitos colaterais nem sempre são agradáveis. 
Portanto você é muitas vezes obrigado a diluir essa dose 2 a 3 vezes no dia apenas para evitar o pico alto. 
Uma vez ingeridos vão ser metabolizados no fígado e a excreção é principalmente urina (90%) e um 
pouco na bile. 
 
Por causa disso, o uso contínuo dos antipsicóticos resulta num acúmulo progressivo no organismo, até 
que o nível se estabiliza depois de alguns dias. O equilíbrio ideal seria atingir uma situação onde a 
quantidade absorvida seja igual à excretada. Neste momento ocorre chamado de Equilíbrio Plasmático. 
Quando você começa a administrar um antipsicótico no paciente ele leva um tempo clinico para agir, em 
torno de uma semana (7-10 dias) para começar a ver os efeitos antipsicóticos, por exemplo a diminuição 
de um delírio, alucinação e etc. Tudo depende da gravidade do quadro. Quadros leves vão responder mais 
rapidamente, quadros graves demoram mais. Mas em uma média de 10 dias você já espera que o 
paciente responda, se não responder, você talvez tenha que aumentar a dose. 
Ao longo do tempo ele sofre um processo de acumulação. Muitas vezes se você tem tempo e condição, 
você pode esperar que por exemplo um comprimido de haloperidol de 05 mg ele vai fazer efeito e você 
pode esperar até mais que 10/15 dias para isso pois ele vai acumular no organismo até chegar nessa dose 
que a farmacologia chama do equilíbrio, em que o que entra e o que é eliminado se equilibra e o paciente 
fica no caso com 05 mg circulando no organismo o tempo todo. Então não é imediatamente que ele vai ter 
05 mg circulando no organismo, por isso que você tem que botar na balança: o quadro do paciente permite 
aguardar o resultado do tratamento ou se o risco que esse paciente está correndo ou colocando os outros 
em risco justifica uma internação. A internação é sempre o último recurso. 
 
MECANISMO DE ACAO 
Apesar dos neurolépticos tradicionais bloquearem ora os receptores adrenérgicos (alfa1), 
serotoninérgicos, ora os receptores colinérgicos e histaminérgicos, todos eles têm em comum a principal 
ação farmacológica de bloquear os receptores dopaminérgicos D2. 
O mecanismo principal de ação dos anti-psicóticos é a interrupção do sistema dopaminérgico. A indústria 
tenta a medicação o mais pura possível. Quando é dito que é um inibidor seletivo de recaptação de 
serotonina para os antidepressivos, não é que ele só iniba a receptação da serotonina, é que em 90% ele 
age na serotonina. Sempre é assim. O antipsicótico é igual. Ele vai agir em receptores adrenérgicos, alfa-
1, serotoninérgicos, mas a principal ação dele que faz com que o sintoma psicótico regrida é nos 
receptores dopaminérgicos. Ele é um inibidor do sistema dopaminérgico, receptor D2. 
 
Os receptores da dopamina mais conhecidos são o D1 e o D2 (ambos pós-sinápticos), além dos 
receptores localizados no corpo do neurônio dopamínico e no terminal pré-sináptico. A atividade 
terapêutica dos antipsicóticos parece estar relacionada, principalmente, com o bloqueio da dopamina nos 
receptores pós-sinápticos do tipo D2. 
É uma medicação que tem um espectro muito largo. Então você não consegue dizer: vou dar este porque 
esse só age no lobo pré-frontal. Você vai estar atuando então em todo o SNC, pois está inibindo tudo, 
quando talvez (espero que assim se descubra), você só precisaria agir em determinada área cerebral e 
não em todo o cérebro do paciente. 
 
Duas vias, mesolímbicas e mesocorticais, estão as envolvidas nos efeitos terapêuticos dos antipsicóticos, 
ambas se originam no segmento ventral do mesencéfalo. A via mesolímbica inerva diversos núcleos 
subcorticais do Sistema Límbico: amígdala, núcleo acumbens, tubérculo olfatório e o septo lateral. A via 
mesocortical tem suas terminações sinápticas localizadas no córtex frontal, na parte anterior do giro do 
cíngulo e no córtex temporal medial. 
Temos as vias mesolímbicas, mesocorticais, nigroestriatais e dependendo de onde o anti-psicótico tem 
uma função mais proeminente isso vai resultar em um tipo de efeito colateral mais evidente. Então, é muito 
comum você ter um paciente (pois hoje depressão é a epidemia mundial) que toma um inibidor da 
captação da serotonina, como a fluoxetina, que tem efeitos colaterais indesejáveis para esse paciente (dor 
de estomago, dor de cabeça), eu vejo colega que troca pela paroxetina, que também é inibidor de 
captação de serotonina, o mesmo efeito. Ou seja, troca seis por meia dúzia. Quando você tenta substituir 
uma medicação anti-psicótica, você vai tentar prestar atenção se ela não vai fazer efeito em uma dessas 
vias também, que vai apresentar o mesmo efeito colateral. Uma das saídas é você mudar essa medicação 
que tenha um outro efeito com uma outra via que dê menos aquele efeito colateral. 
Por exemplo a via mesolímbica vai de área subcortical, principalmente de sistema límbico (amígdala, 
núcleo acumbens, tubérculo olfatório). O sistema límbico é o sistema das emoções, então você vai 
interferir principalmente, embora os anti-psicóticos tenham um espectro de ação muito amplo, alguns tem 
ação preferencial pelo sistema mesolímbico outros pela via tuberoinfundibular, onde vemos que os efeitos 
colaterais pode ser muito a nível hormonal (alteração de determinados hormônios). 
 
Essa imagem mostra os tratos. O trato mesocortical vem lá do centro, de camadas profundas, e vai atingir 
a córtex, é muito amplo. Temos também o mesolímbico, o nigroestriatal – os locais de ação dos 
antipsicóticos pegam uma anatomia cerebral grande. 
 
 
 
EFEITOS COLATERAIS 
A gente vai se deparar com efeitos colaterais em praticamente todos os pacientes psiquiátricos. Não existe 
um paciente que tome um antipsicótico que não apresente um efeito colateral de algum tipo, de maior ou 
menor gravidade. 
Entre os efeitos colaterais provocados pelos neurolépticos, o mais estudado é o chamado Impregnação 
Neuroléptica ou Síndrome Extrapiramidal. Essa situação é o resultado da ação do medicamento na via 
nigro-estriatal, onde parece haver um balanço entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas. Desta 
forma, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos provocará uma supremacia da atividade colinérgica e, 
consequentemente, uma liberaçãodos sintomas ditos extra-piramidais. Estes efeitos colaterais, com 
origem no Sistema Nervoso Central, podem ser divididos em cinco tipos: 
 
1 – Reação Distônica Aguda 
• Clinicamente se observam movimentos espasmódicos da musculatura do pescoço, boca, língua e 
às vezes um tipo crise oculógira, quando os olhos são forçadamente desviados para cima. 
São espasmos musculares, rigidez muscular (torcicolo, torcida do pescoço, paciente fica com o pescoço 
doloroso, pescoço com a cabeça torta, língua protusa podendo babar e crise oculógira onde o paciente 
fica com o olho para cima e dá para ver o branco – ele consegue abaixar mas logo volta para cima). Então 
são reações distônicas musculares agudas. 
 
2 – Parkinsonismo Medicamentoso 
• Clinicamente há tremor de extremidades, hipertonia e rigidez muscular, hipercinesia e fácies 
inexpressiva. Tal se dá em função da inibição dopaminergica nos Núcleos da Base ( caudado, 
putamen e globo pálido). 
Essa alteração é chamada de síndrome parkinsonoide ou de Parkinson induzido medicamentosamente. O 
paciente apresenta uma síndrome que lembra a síndrome de Parkinson. É um doente que tem a face 
pouco expressiva (fácies de cera), fica com rigidez muscular e fica com o braço dobrado, andando durinho 
igual a um robô – quando você pega ele para examinar e pede para relaxar o braço o máximo possível 
movimentando-o e você percebe que tá duro, ele apresenta um sinal como se fosse uma roda dentada, 
isso é a sua força vencendo a rigidez muscular dele e quando atinge a sua força, o tônus necessário, ele 
relaxa e o braço vai. Na mesma hora que relaxa e vai ele enrijece de novo, esse é o sinal da roda dentada. 
Ele tem um outro sintoma que é o “petit pa” (1:17:37) – pequenos passos. Então ele anda com passos 
curtos, com o braço curto, feito um robô. Alguns autores chamam isso de impregnação dos núcleos da 
base. 
 
3 – Acatisia 
• É caracterizada por inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e sensação 
interna de tensão. O paciente assume uma postura típica de levantar-se a cada instante, andar de 
um lado para outro e, quando compelido a permanecer sentado, não para de mexer suas pernas. 
É uma inquietação motora em que não há ansiedade. É importante perguntar pro paciente porque ele está 
inquieto, se ele está nervoso, ansioso, angustiado. O paciente vai dizer que não está se sentindo ansioso 
mas não consegue parar quieto (fica balançando a perna, em pé fica marchando – você pede para ele 
parar de fazer isso, ele para mas em seguida começa de novo, ele não consegue controlar isso). É muito 
desagradável para o paciente. Isso não é por ansiedade, é um efeito colateral. 
Por que isso acontece? O mecanismo de ação não é o antidopaminérgico? Então você tem no organismo 
um equilíbrio entre acetilcolina e dopamina do cérebro. Quando eu dou um antipsicótico eu inibo o sistema 
dopaminérgico, desequilibro a balança. Então eu vou tratar desse paciente como? Ou eu diminuo essa 
medicação e ele volta a ter ação dopaminérgica (ele pode voltar a delirar, ser agressivo, alucinar) ou eu 
abaixo o sistema colinérgico com anticolinérgico. O tratamento pra isso é anticolinérgico. Quais são os que 
a gente usa? Prometazina (fernegan) e biperidina (akineton). A maioria dos colegas já entram direto com 
essa medicação pois os pacientes que sofrem esses efeitos colaterais costuma ser paciente novo que está 
tendo o primeiro surto por exemplo – o paciente acaba descobrindo que esses efeitos colaterais são da 
medicação e ele não vai mais querer tomar a medicação e vai ter uma resistência muito forte a uso de 
remédios. Primeiro que muitos acham que não são doentes e não tem doença mental, segundo, quando 
ele sente aqueles efeitos ele diz “agora mesmo é que não vou tomar isso”. Portanto, a maioria dos colegas 
prefere já entrar com a medicação para não sofrer os efeitos colaterais. Porém, se sofrer, tem que 
esclarecer o paciente e contar para ele que é sim o remédio, além de dizer que a solução é tomar esse 
outro, equilibrando a balança para não ter esses efeitos. 
Se você está no pronto-socorro e chega um paciente com síndrome parkinsonoide ou uma “histonia” 
(1:21:12) aguda, você vai colher a história e vê que é um paciente psiquiátrico que está começando a usar 
anti-psicótico ou está com uma dose excessiva, você vai pegar uma dose IM de fernegan. Em 15 minutos 
os sintomas passam. Você vai dizer para ele que tem que tomar o remédio se não vai dar isso de novo. 
Existe uma janela no uso da medicação que causa esse sintoma. Eu começo com 05 mg de periciazinha 
ou trifluoperazina, ele não tem nenhum sintoma colateral. Está grave e aumento a dose para 10, ele não 
tem nenhum sintoma colateral. Continua sem melhorar, agitado, vou para 15, aí ele tem efeito colateral. 
Então ele começa com 15 mg da medicação. Não melhorou e subo para 30, o efeito colateral desaparece. 
Ele tem uma janela de 15 a 30 em que ele tem os efeitos colaterais, acima de 30 ou abaixo de 15 ele não 
tem. Por que isso? Porque o antipsicótico também é anticolinérgico, ele é altamente antidopaminérgico e 
um pouco anticolinérgico. Quando aumento a dose o efeito antidopamina chega em um ponto que acaba, 
não vai mais aumentar a dose antidopamina, já está bloqueando tudo. Mas o efeito anticolinérgico vai 
subindo depois e aí eu tenho a síndrome colateral. Difícil é você convencer o paciente que aquele efeito é 
causado por um remédio x e se você aumentar a dose isso vai melhorar. Então você acaba entrando com 
mais uma medicação que é o anticolinérgico. 
 
4 – Discinesia Tardia 
• Aparece com o uso crônico da medicação (90% dos pacientes sofrem esse efeito colateral por 
anos e anos de uso de antipsicótico, mas tem relato na literatura em paciente de primeira vez). 
Caracterizada por movimentos involuntários, principalmente da musculatura oro-língua-facial, 
ocorrendo protusão da língua com movimentos de varredura latero-lateral, acompanhados de 
movimentos sincrônicos da mandíbula. O tronco, os ombros e os membros também podem 
apresentar movimentos discinéticos. 
O paciente tem protusão da língua com movimentos de varredura latero-lateral (fica como se fosse um boi 
ruminando) e não consegue parar. Acompanhado a isso tem movimentos de braço e de tronco, em que ele 
tem movimentos atetósicos (são movimentos ondulatórios). Se apareceu isso tenho que tirar o remédio 
que regride. Tenho que imediatamente suspender a medicação e rezar para não vir um surto (usar um 
benzodiazepínico para tentar segurar a onça com vara curta e rezar para não surtar). Deixa passar de 15 
dias a 30 e tentar voltar com o anti-psicótico e ver se não apresenta mais esse efeito. Se eu não tirar o 
anti-psicótico essa patologia se instala e não desaparece mais, fica para o resto da vida. O professor já viu 
isso em alguns pacientes. 
 
5 – Síndrome Neuroléptica Maligna 
• Clinicamente se observa um grave distúrbio extrapiramidal acompanhado por intensa hipertermia 
(de origem central) e distúrbios autonômicos. A Síndrome Neuroléptica Malígna leva a óbito 
numa proporção de 20 a 30% dos casos. Cursa com leucocitose, CPK elevada, Uréia e creatinina 
elevadas, levando a mioglobinúria (rabdomiolise) e insuficiência renal aguda. 
A literatura fala que 10% desses pacientes vai a óbito. É causada pelo uso dos antipsicóticos e ela 
provoca, não se sabe bem porque, um descompasso no nível do SNC em que o paciente passa a 
apresentar a seguinte síndrome: leucocitose, febre alta, aumenta a CPK, ureia e creatinina aumentam 
(insuficiência renal), passa a ter a mioglobinúria (excreção na urina de metabólitos do músculo – 
rabdomiólise: ele começa a digerir a própria musculatura e por isso leva a insuficiência renal, sua urina fica 
cor de coca-cola. Isso leva a óbito. A literatura pode dizer até 30% dos casos vão a óbito. A literatura diz 
que 1% dos pacientes podem ter essa síndrome mas talvez seja mais (porque os psiquiatras não chegam 
a ver – vai pro CTI direto). Talvez seja 5%. O tratamento é conservador.Ele está no CTI com uma 
insuficiência renal que pode se agravar e vai fazer medidas de suporte da vida. Pode chegar ao ponto de 
ser submetido a uma diálise ou não, vai tomar anti-térmico, vai ficar em observação até que ele vai 
regredindo nesse quadro, se cura e tem alta. Ele pode voltar a ter, ninguém sabe. A literatura fica em cima 
do muro. Nenhum autor diz “nunca mais dê antipsicótico”. Como vou tratar um esquizofrênico sem 
antipsicótico? A literatura não diz para não dar, diz apenas para ter cuidados na volta: volta em dose baixa, 
vai estudando o paciente, vai observando se a urina está com a cor normal, faz ureia e creatinina, vê se 
teve febre. Pouco a pouco, 1/3 meses, vai chegando na dose adequada para tratar a psicose. Não se sabe 
qual é a causa mas causa um descompasso no SNC. 
Então é uma síndrome que passa despercebida pelos psiquiatras, muitas vezes eles não veem, vai para a 
mão do clínico, muitas vezes não é chamado o psiquiatra (que não vai ter nada para fazer além de 
esclarecer o caso). O professor já viu clínico procurando a infecção e não achar – pois é síndrome 
neuroléptica maligna. Vai dar antibiótico e daqui a pouco o paciente melhora, mas não é por causa disso, é 
porque o organismo dele reagiu e ele melhorou. 
 
Outros efeitos: 
1 - Efeitos Autonômicos: secura da boca e da pele, constipação intestinal, dificuldade de 
acomodação visual e, mais raramente, retenção urinária. Boca seca, pele seca, constipação 
intestinal, dificuldade de acomodação visual (os pacientes se queixam que tem dificuldade de focar 
de longe e perto ou visão turva). Em casos em que a secura é muito grande pode acontecer 
retenção urinária forte. 
2 - Cardiovasculares: aumento do intervalo PR, diminuição do segmento ST e achatamento de 
onda T. Hipotensão (principalmente hipotensão postural – muitos deles são altamente 
hipotensores). 
3 - Endocrinológicos: A ação no sistema túbero-infundibular repercute na hipófise anterior 
produzindo distúrbios hormonais. Embora incomum, esses antipsicóticos tradicionais podem 
produzir amenorréia (parada das menstruações) e, menos frequente, galactorréia e ginecomastia 
(aumento da mama). 
Todos esses efeitos são decorrentes do aumento de liberação de prolactina, ou seja, da 
hiperprolactinemia, por ação na hipófise em função do bloqueio da via túbero-infundibular. Os 
principais efeitos são nas mulheres: irregularidade ou diminuição e até mesmo parada de 
menstruação, lactorreia (produção de leite) – isso inclusive nos homens e ginecomastia (aumento 
da mama). Você tem uma alteração na prolactina, aumento da prolactina (hiperprolactinemia) e 
com isso o paciente aumenta a mama e começa a produzir leite. Tem medicações que agem mais 
nessa via – você retira e passa outro tipo de medicação. Não precisa dar nenhuma medicação 
especial para isso. 
4 - Gastrintestinais: ação antiemética. A constipação intestinal e boca seca também podem ser 
observadas durante o tratamento, como conseqüência dos efeitos anticolinérgicos. A clorpromazina 
é um anti-psicótico muito usado que, antigamente, em pequenas doses era usado como 
antiemético, para inibir enjoo e vômitos. 
5 - Oftalmológicos: depósito de pigmentos no cristalino por uso da Clorpromazina em altas doses 
e retinopatia pigmentosa, com o uso de altas doses de Tioridazina. Esse depósito de pigmentos no 
cristalino se não for tratado, se não houver suspensão da medicação, pode levar ao longo do 
tempo até a cegueira, uma retinopatia grave. Principal medicamento que dá isso é a Tioridazina 
(nome comercial: melleril) – mas qualquer um pode dar, em menor proporção. Se o paciente se 
queixa de visão turva você já acende um alerta. Pode ser só dificuldade de acomodação ou pode 
ser depósito no cristalino. O ideal é que pelo menos uma vez ao ano o paciente faça o fundo de 
olho. Se o oftalmo te relata que está vendo depósito de pigmentos no cristalino, você já vai 
suspender a medicação que está usando, trocando por uma outra, além de ver com o 
oftalmologista se ele pode tratar isso. 
6 - Dermatológicos: com uma incidência de 5 a 10% podemos encontrar o aparecimento de um 
rash cutâneo (é uma vermelhidão), foto-sensibilização e aumento da pigmentação nos pacientes 
em uso de Clorpromazina. A gente dá medicação antipsicótica e os pacientes tem seus horários 
de pátio, de tomar sol e daqui a pouco você vê que o paciente está vermelho, o que é causado pela 
medicação. A carbamazepina, que é um anticonvulsivante, pode ser usada por pacientes na 
psiquiatria e também pode ser responsável por isso. É só substituir a medicação. 
 
TIPOS DE ANTIPSICOTICOS 
Os antipsicóticos podem ser divididos em três grupos: 
1.Antipsicóticos Sedativos: tem efeito mais sedativo 
2.Antipsicóticos Incisivos: tem efeito mais incisivos para a psicose 
3.Antipsicóticos Atípicos e de última geração (quarta ou quinta) 
 
Entre os dois primeiros tem um equilíbrio: o que é mais sedativo é um pouco menos incisivo para os 
sintomas psicóticos, o que é mais incisivo é menos sedativo. 
Nenhum desses deixa de ser anti-psicóticos. 
 
1. Antipsicóticos Sedativos 
 
Fenotiazínicos: Sua ação ansiolítica pode ocorrer por redução indireta dos estímulos sobre o Sistema 
Reticular do talo encefálico. Além disso, os efeitos de bloqueio alfa-adrenérgico podem ocasionar sedação. 
 
Se eu tenho um paciente mais instável posso escolher um desses. 
Principais Antipsicóticos Típicos Sedativos no Brasil 
Nome químico 
• CLORPROMAZINA (amplictil) 
• LEVOMEPROMAZINA (neozine) 
• TIORIDAZINA (melleril) 
• TRIFLUOPERAZINA (é no meio do caminho entre um grupo e outro – stelazine) 
• AMISULPRIDA (sulpiride) 
 
2. Antipsicóticos Incisivos 
 
Butirofenonas: Sua ação antipsicótica deve-se ao bloqueio dos receptores pós-sinápticos dopaminérgicos 
D2 nos neurônios do SNC (sistema límbico e corpo estriado). Além dos receptores D2, outros são 
afetados, o que acaba gerando diferentes efeitos adicionais (bloqueio muscarínico, bloqueio alfa1 
adrenérgico, bloqueio H1 histaminérgico), os quais podem ser terapêuticos ou adversos. 
Além do receptor D2, ele afeta outros receptores, que é bloqueio muscarínico, alfa-1 adrenérgicos. 
 
Principais Antipsicóticos Incisivos no Brasil 
Nome químico 
• FLUFENAZINA (anatensol) 
• HALOPERIDOL (haldol) 
• PENFLURIDOL (saiu do mercado – é uma medicação daquelas atípicas mas pode ser que ele 
volte) -> muitas vezes essa medicações vão e voltam. É um antipsicótico de um poder incisivo 
razoável, não tão poderoso quanto a flufenazina ou anatensol. Mas tem uma característica: tem um 
tempo de ação de 7 dias. Se eu tenho um paciente que está estabilizado e quero fazer um 
tratamento de manutenção, que ele não precisa de dose elevada de antipsicótico, ele era 
maravilhoso. Era só dar um comprimido por semana. Perfil de efeito colateral baixíssimo, 
pouquíssimas queixas. Você podia dar um ou dois comprimidos por semana que o paciente ia ficar 
bem. Saiu do mercado porque o comprimido era mais barato que a caixa que carregava ele, então 
a indústria não tinha lucro e parou de fabricar. Ele está inserido, por ter a duração de sete dias, nos 
antipsicóticos de longa duração. 
• PIMOZIDA (pimozide) 
• PIPOTIAZINA (“horap” - 1:39:27) 
• ZUCLOPENTIXOL 
Se é um paciente que não preciso ter uma ação sedativa, entro com esses. Os antipsicóticos mais 
incisivos costumam ter aqueles efeitos colaterais que eu citei de forma mais forte, principalmente os 
motores (síndrome extrapiramidal, rigidez muscular, torcicolo, distonia). Os antipsicóticos mais sedativos 
tem menos esses efeitos. 
 
3. Antipsicóticos Atípicos e de última geração 
 
Esses medicamentos têm se mostrado um novo e valioso recurso terapêutico nas psicoses refratárias aos 
antipsicóticos tradicionais, nos casos de intolerância aos efeitos colaterais extrapiramidais, bem como nas 
psicoses predominantemente com sintomas negativos, onde os antipsicóticos tradicionais podem ser 
ineficazes. 
A clozapina tem um mecanismo de ação que pode ser devidoao bloqueio seletivo dos receptores 
dopaminérgicos, tanto D1 como D2, no sistema límbico. Esse bloqueio seletivo explicaria a ausência de 
fenômenos extrapiramidais. 
Sua notável e rápida ação antipsicótica e antiesquizofrênica, se associa à um leve efeito sobre os níveis 
de prolactina. Devido a essa última ação o risco de efeitos adversos como ginecomastia, amenorréia, 
galactorréia e impotência são menores. 
 
Quais seriam os antipsicóticos mais modernos? O que a indústria quer? A indústria naturalmente quer um 
remédio que seja mais limpo, um remédio que faça mais o efeito a que ele se propõe com cada vez menos 
efeito colateral. Então na psiquiatria a gente quer que eles sejam mais sedativos, se forem os sedativos, 
mais incisivos, se forem os incisivos e que não dê tantos efeitos colaterais. Um dos primeiros que 
apareceram foram a clozapina, que tem um efeito antipsicótico espetacular com quase zero de efeito 
colateral, porém começou a ter alterações na crase sanguínea gravíssimas, discrasia sanguínea com 
baixa de leucócitos, baixa da imunidade dos pacientes que levavam a infecções e morte. Ela foi banida do 
mercado. Depois de alguns anos, com alguns estudos, as pessoas viram que bastava a gente fazer um 
controle laboratorial do paciente: hemograma quinzenal (semanal se fosse no início – ir controlando a serie 
branca dele). Quando começasse a aparecer uma alteração, deveria suspender a medicação. Isso era 
possível porque nem todos os pacientes tinham o efeito ruim. Ele voltou ao mercado então com muita 
restrição, tinha que trabalhar junto com um hematologista credenciado no Ministério da Saúde (só esses 
credenciados podiam fazer o acompanhamento). Chegaram a conclusão que o médico psiquiatria tinha 
condições de pedir e ler um hemograma – isso relaxou. Hoje é permitida e usada com um bom efeito e 
esse acompanhamento do hemograma eventualmente. 
 
A olanzapina por sua vez, possui um amplo perfil farmacológico, já que atua sobre vários tipos de 
receptores, dopaminérgicos, serotoninérgicos, adrenérgicos e histamínicos. Tem maior capacidade de 
união aos receptores da serotonina e, além disso, reduz seletivamente a descarga de neurônios 
dopaminérgicos mesolímbicos, com menor efeito sobre as vias estriatais, envolvidas na função motora. 
 
Da clozapina a indústria evoluiu para a onlanzapina, que não tem esse risco de alteração sanguínea. É 
uma medicação espetacular com um efeito antipsicótico sensacional com baixíssimo nível de efeito 
colateral. O problema é que é uma droga cara. Se uma caixa de haldol com 20 comprimidos custa 20/25 
reais, uma caixa de onlanzapina custa 150 reais. Se for uma marca famosa vai custar 300. Se o paciente 
precisar usar 6 caixas por mês, a maioria da nossa população não vai usar. A olanzapina é uma dessas 
medicações que está incluída no rol de medicamentos excepcionais que o Ministério da Saúde fornece. O 
paciente tem que receber um laudo médico psiquiátrico atestando só esquizofrenia (só esquizofrenia é 
permitido) que ele foi submetido a outras medicações que não tiveram o efeito esperado e você está 
receitando olanzapina, e como ele é um paciente de baixo nível econômico, ele precisa que o Estado dê. 
Mas é aquela briga: ele vai lá e nunca tem. Só consegue quando ele entra com uma ação judicial, assim o 
Estado é obrigado a comprar e fornecer para ele. Mas é um recurso que acaba funcionando para alguns 
pacientes que precisam dele. 
 
Em relação à risperidona seu mecanismo de ação é desconhecido, embora se acredite que sua atividade 
seja devida a um bloqueio combinado dos receptores dopaminérgicos D2 e dos receptores 
serotoninérgicos S2 (antagonista dopaminérgico-serotoninérgico). Outros efeitos da risperidona podem ser 
explicados pelo bloqueio dos receptores alfa 2-adrenérgicos e histaminérgicos H1. 
 
Depois veio a risperidona (risperdal e etc). É uma boa medicação. A opinião do professor (pode ser que 
não seja a mesma encontrada na literatura) é que em casos de psicose grave não dá para usar, tem que 
ser com haldol. Risperidona funciona para quadros leves e moderados ou na manutenção. O problema 
dela é que é muito hipotensora. Você tem que ter cuidado em idoso, pacientes que tem uma propensão a 
pressão baixa e você tem que fazer uma entrada gradual. Ela é vendida em comprimidos de 1/2/3 mg. A 
dose eficaz antipsicótica geralmente corre entre 6 e 9 mg. Se você der 6 mg de cara a primeira levantada 
que o paciente der da cadeira ele vai cair. Se for um idoso, já quebrou o fêmur. Você começa com 1 mg, 
passa 4/5 dias vai para 2 mg, passa mais 3 dias, coloca 3 mg. Você perde mais tempo mas é uma 
medicação boa. Funciona para quadros moderados na opinião pessoal do professor. A medida que o 
paciente obtém essa resistência (o organismo se adapta e se equilibra, embora esse equilíbrio seja 
sempre relativo) -> orienta o paciente se estiver deitado a sentar na cama, contar até 10 e levantar 
apoiado na parede ou alguma coisa. Tem que ter uma levantada gradual para o organismo ter tempo. 
 
Principais Antipsicóticos Atípicos no Brasil 
Nome Químico 
 
• AMISULPRIDA ASENAPINA 
• CLOZAPINA PALIPERIDONA 
• OLANZAPINA SERTINDOLE 
• QUETIAPINA (é uma das relativamente mais novas – 5 anos pra cá – queropax, queti, tem várias. 
É um cara mas tem um bom efeito antipsicótico e um bom efeito sedativo, não tão forte quanto o 
amplictil. Se eu ou um de vocês tomar 100 mg de amplictil vamos dormir o dia todo, mas os 
pacientes acabam tendo uma resistência a esses efeitos sedativos ao longo dos anos. Pra sorte, o 
efeito antipsicótico não sofre essa resistência. Temos que usar aquelas medicações sedativas com 
certa parcimônia em pacientes esquizofrênicos por exemplo pois sabe que vai ter a doença para a 
vida toda porque se não, quando eu quiser sedá-lo, ele não vai responder. O aripiprazol é uma 
medicação que tem um efeito medicamentoso diferente. É um inibidor do receptor pós-sináptico 
dopaminérgico mas é um inibidor parcial. Então ele acaba não causando uma inibição completa do 
sistema dopaminérgico. Ele ajuda a controlar o efeito antipsicótico e não dá aqueles efeitos anti-
colaterais. É uma medicação boa para ser usada mas é da área dos mais novos –tudo que é mais 
novo é mais caro. recentemente temos também a asenapina e paliperidona que são medicações 
de bom efeito mas para população de maior poder aquisitivo. No sistema publico não encontra 
isso. Encontra haloperidol, clorpromazina, risperidona, tioridazina e levomepromazina. 
• RISPERIDONA 
• ZIPRAZIDONA 
• ARIPIPRAZOL 
• ZUCLOPENTIXOL 
 
4. Antipsicóticos de longa duração 
 
São chamados de Neurolepticos Depot ou de Depósito, de longa duração, geralmente usados pela via 
intra-muscular, tem duração de 15 a 30 dias. Indicados para pacientes de difícil adesão ao tratamento e/ou 
refratários. Trata-se da conjugação da medicação com Ac. Graxos de cadeia longa, assim a difusão oleosa 
da medicação para o interstício se dá de forma lenta. 
Um quarto tipo de antipsicóticos são os de longa duração (como o penfluridol). Aqui temos medicações IM 
com duração de 15 a 30 dias. Tenho uma cadeia de ácidos graxos, são cadeias longas, são medicações 
oleosas – contidas em substancias oleosas, com 9/10/11 ácidos graxos que você injeta IM no paciente e 
aquilo age durante 15 ou 30 dias de acordo com a medicação. Isso funciona muito bem para quadro de 
cronicidade, manutenção de tratamento. Para tratar o quadro agudo delirante, alucinatório, agressivo, 
agitado não é bom porque não tem efeito imediato. O haloperidol por exemplo que eu tenho o decanoato 
de haloperidol (10 moléculas de ácido graxo) – injeto no músculo do paciente o equivalente a 5 mg 
diários). Sabe quando ele vai ter 5 mg circulando no sangue dele? 3 meses. Tenho que aplicar um mês, no 
segundo repetir, no terceiro repetir e a partir daí vou ter a dose de um comprimido. Então se eu tenho 
pacientes que tomam necessariamente 2 a 3 comprimidos por dia, vou ter que dar 2 a 3 ampolas por mês.Como é 30 dias dá para dividir, tomar uma ampola 15 dias e 2 depois, uma 15 e 2 depois para dar 3 
ampolas em um periodo de 30 dias. Por que eu tenho que usar isso se demora e o efeito é igual? Para 
evitar paciente refratário (“não vou tomar, maluco é você”). E aí teoricamente você não precisa de 
antipsicótico comprimido de uso diário pois vai suprir. É uma ampola não muito pequena, então se você 
injetar 3 de uma vez o braço fica dolorido, tem que colocar compressa. O professor prefere dividir de 15 
em 15 ao invés de respeitar a duração de 30 dias. 
 
Neurolépticos Depot 
• Flufenazina (é o anatensol. Enantato de flufenazina, são 9 cadeias de ácido graxo. Essa duração é 
de 15 dias, tem que ser de 15 em 15 dias). 
• Pipotiazina 
• Haloperidol 
• Clopixol (duração de 30 dias) 
• Penfluridol (via oral) 
• Paliperidona (saiu há quatro/cinco anos. É um derivado da risperidona, que é usado com 30 dias 
de duração. Antigamente era exigido que ele fosse guardado em geladeira, mas já tem um novo 
compost que não precisa disso. Tem um efeito muito bom, inclusive em pacientes refratários a 
outras medicações. É um pouco cara, 2000 reais uma ampola. O tratamento começa com uma 
ampola de 100 mg, uma semana depois você tem que dar outra ampola e a partir daí de 30 em 30 
dias. É uma medicação que o paciente tem que ter condição economica (pode ser que tenha que 
dar duas ampolas por mês por exemplo). É um tratamento caro mas para quem pode é muito bom 
porque o paciente não tem nenhum tipo de sedação. São pacientes que conseguem dirigir 
(medicações que são sedativas o paciente não pode dirigir – você não pode autorizar). A 
paliperidona não dá esses efeitos colaterais, não dá essa lentidão, não dá essa lentificação de 
reflexo. 
 
Indicações 
a) Tratamento de distúrbios psicóticos agudos e crônicos, incluindo-se: 
b) Esquizofrenia, 
c) Fase maníaca do Transtorno Afetivo Bipolar (por que não na fase depressiva? Se tiver sintoma psicótico 
como delírio de ruína, delírio de doença mortal, alucinações que mandam o paciente se matar, posso 
entrar com antipsicótico. Se não tiver, não posso porque é sedativo, é depressor do sistema nervoso 
central e o paciente deprimido já está ali, desanimado na cama, sem iniciativa, se eu der isso vou deixar 
ele mais para baixo), 
d) Psicose Induzida por Substâncias (por exemplo corticoide que a gente usa e induz a quadro psicótico 
transitório benigno – é um paciente com lúpus por exemplo, uma doença reumatológica qualquer que não 
pode deixar de tomar o corticoide em uma dose alta, em um período pequeno e faz uma alucinação, um 
quadro psicótico então posso ter que entrar) , 
e) Transtorno Delirante Persistente, 
f) Nas fases piores e mais desadaptadas dos transtornos Esquizóides, Paranóides e Obsessivo-
Compulsivos da personalidade. E todos os outros quadros psicóticos. Transtorno obsessivo compulsivo 
dose muito baixa, não tem indicação clássica (nos graves dou dose baixa). E os outros que estão listados: 
agitação, agressividade em quadros de demência, Alzheimer – tem uma fase do Alzheimer que o paciente 
apresenta alucinações – brasileiro gosta de usar risperidona porque ela tem uma sedação, porém menor, 
é um antipsicótico e não dá aquele efeito musculares extrapiramidais de distonia, porém ele tem um efeito 
cardiológico grave, então tem velhinho que morre igual passarinho. Nos EUA você só dá risperidona se 
você cumprir um protocolo em que você afaste um monte de cardiopatias do seu idoso. Além da 
hipotensão que faz o idoso cair e quebrar o fêmur. O professor não gosta de usar por causa desse risco. 
Ele dá em casos de idosos agitados e agressivos periciazinha (neuleptil), que tem em gota. Quando 
damos gotas podemos dar de 1 a 100, então tenho um manjeo terapêutico de uma medicação que é muito 
boa para controlar agressividade e agitação do idoso que posso diminuir gota a gota para não deixar ele 
dopado na cama, pois não é essa a intenção. 
g) Problemas severos de comportamento em crianças como Hiperatividade grave, Síndrome de Gilles de 
La Tourette (é uma síndrome neurológica em que o paciente, dentre outros sintomas neurológicos ele 
desanda a falar impropérios – palavrões, obscenidades que ele não consegue controlar. Não é transtorno 
obscessivo compulsivo (TOC) que a pessoa fala bobagens, é uma síndrome neurológica acompanhada de 
sintomas neurológicos dentre outros sintomas – consegue melhorar com antipsicótico), Autismo infantil 
h) Alívio da psicopatologia da demência senil 
i) Dor neurogênica crônica. 
j) Tratamento coadjuvante do tétano 
 
Contra- Indicações 
Depressão grave do SNC, estados comatosos, doença cardiovascular grave, Mal de Parkinson, epilepsia, 
glaucoma, transtornos depressivos. 
Se eu estou com um paciente com depressão do SNC, pré-coma, comatoso, rebaixamento de 
consciência, vou piorar o quadro dele. Se um paciente é parkinsonoide/epiléptico – é contra-indicação 
relativa porque os antipsicóticos baixam o limiar convulsivo. Se eu tenho um paciente epiléptico que está 
equilibrado com 200 mg de fenobarbital e eu entro com antipsicótico ele pode ter convulsão. Eu tenho que 
elevar o fenobarbital para 300 mg porque por causa do antipsicótico ele tem uma baixa do limiar 
convulsivo e pode passar a ter convulsão. É uma questão de equilibrar. 
Nos glaucomas: pode aumentar a pressão intraocular, então tenho que avaliar junto com o oftalmologista 
se eu posso usar ou não nesse paciente. 
O paciente que está deprimido vou colocar ele mais embaixo ainda. A não ser que tenha uma indicação 
clara e urgente de controlar um quadro psicótico. 
 
Como eu trato o doente de Parkinson? Levodopa, que é um precursor de dopamina, ou seja, eu trato 
dando dopamina para ele e ele melhora aquele tremor “conta moedas” e melhora outros quadros. Se ele 
faz psicose, eu dou antipsicótico, que inibe a dopamina. Então se eu dou antipsicótico para Parkinson, eu 
pioro o Parkinson dele. Assim como se eu der levodopa para um esquizofrênico, eu coloco ele em surto 
(coloco ele em surto com antidepressivos também, pois ele vai jogar mais neurohormônio na fenda, dentre 
os neurohormônios, não é só serotonina e noradrenalina, vai entrar a dopamina, então eu surto esse 
paciente). Essa relação tem que ser muito bem dosada e evitado para ser dado.

Continue navegando