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TRANSTORNOS PSICOTICOS CRONICOS – GUSTAVO Psicose é toda aquela síndrome psicótica que cursa com sintomas que tiram o paciente da realidade. O psiquismo produz sintomas, por um motivo qualquer, e o paciente começa a acreditar neles como se fossem realidade (vozes que não existem, pensamentos irreais, pensamentos delirantes de vários cunhos). Essas doenças que vamos ver hoje são do ramo da psicose. São síndromes crônicas e podem ter, assim como a esquizofrenia e os transtornos de humor, momentos de agudização mas são transtornos que se transformam em doenças crônicas e o complemento seria psicóticos atípicos. 1) TRANSTORNO ESQUIZOFRENIFORME -‐ Semelhante a esquizofrenia -‐ Sintomas psicóticos -‐ Duração menor que seis meses: nesse período ela tente a curar mesmo sem tratamento. A pessoa supera aquilo e volta para a vida normal. -‐ Sem embotamento afetivo: Diferentemente da esquizofrenia ela não vai deixar aqueles sintomas da cronicidade, o defeito esquizofrênico, que é o embotamento afetivo ou empobrecimento, esvaziamento afetivo e da vontade, falta de energia, falta de desejo. Então o curso dela na cura é benigno, não deixa sequelas a não ser a historia, então tem a evolução favorável, uma patologia benigna. -‐ Evolução favorável Se vocês lembrarem da aula de esquizofrênia, dentro daquelas prerrogativas para o diagnóstico, estava o tempo, pelo menos seis meses de sintomas com uma semana de sintomas agudos. Mas eu expliquei naquela aula que existem situações que duram menos de seis meses e se curam, com ou sem tratamento. Esse transtorno esquizofreniforme é uma delas – tem essa duração de até seis meses. Então é muito ruim você pegar um paciente com um mês de sintoma e dizer que ele é esquizofrênico porque você está dando um rotulo pra ele que seria pro resto da vida. Depois você vai ver a cura e vai ver que se enganou. Por isso esse nome: esquizofrenia like em inglês ou esquizofreniforme. É bastante semelhante a esquizofrenia na sintomatologia. O transtorno esquizofreniforme tem o mesmo fator desencadeante da esquizofrenia? Algumas coisas tem a ver. Ele tem alguns sintomas que você praticamente não diferencia da esquizofrenia se fizer só um retrato daquele momento, entrevistar o paciente naquele momento sem saber a historia pregressa, então você pode não ter condição de fazer o diagnóstico diferencial. Mas ele não tem por exemplo a carga genética que a esquizofrenia pode apresentar. E geralmente o transtorno esquizofreniforme tem uma causalidade muito identificada, então na verdade ele é uma reação psicótica muitas vezes a uma vivencia traumática, tipo assaltos, enchentes, violência, fenômenos da natureza, em que a pessoa passa por um estresse grande e depois passa a desenvolver sintomas. Por exemplo: você é assaltado na rua, sofre aquele trauma, pode ser agredido ou não e a partir daquele momento, dias após, você começa a desenvolver um comportamento de um transtorno delirante até de perseguição. Começa a ver o assaltante em todo lugar, chega na janela e pode estar vendo o cara. Então você passa a ter uma síndrome delirante e alucinatória mas que tem uma causalidade muito evidente e obviamente antes dessa causalidade não havia nenhum sintoma compatível. Era uma pessoa absolutamente normal. Ela pode ser também, por si própria, um gatilho para uma situação esquizofrênica. Muitas vezes você pega essa história que eu contei para vocês, houve um trauma, uma causalidade, o paciente desenvolve esse transtorno e durante seis meses você diagnostica ele com transtorno esquizofreniforme. Você espera que em seis meses ele se cure mas ele não cura, passa um ano, um ano e meio e o paciente não melhora e fica com sequelas. Pode até melhorar mas fica com sequelas, com sintomas. O que você vai levar em consideração é que aquilo que começou como um transtorno esquizofreniforme desencadeou num paciente que já tinha uma predisposição a um quadro esquizofrênico. Você vai achar talvez familiares com patologias esquizofrênicas ou mesmo transtorno de humor. Você pode achar uma carga genética ou daquele próprio paciente que tinha condições favoráveis ao desenvolvimento e o trauma fez o desencadeamento da doença. Pode acontecer de ter que mudar então pro diagnóstico definitivo de esquizofrenia. 2) PSICOSE REATIVA BREVE -‐ Sintomas psicóticos -‐ Fator estressante presente -‐ Duração menor que um mês Assim como a anterior, ela é reativa a uma causalidade mas é muito mais curta. Tem os sintomas psicóticos, tem os fatores estressantes de causalidade, vai cursar com uma sintomatologia muito semelhante a esquizofrenia podendo ter algum delírio ou alucinação, mas ela é bem mais curta (dura menos de um mês). Um não psiquiatra pode simplesmente fazer o diagnóstico de quadro psicótico e pronto – está certo o diagnóstico. O tratamento dessas duas patologias, assim como a esquizofrenia, vai ser medicação anti-psicótica, talvez algum tipo de terapia ocupacional, é muito usado terapias nas quais o paciente pode se manifestar, tem muito paciente que tem dificuldade de falar, então pode se manifestar através de desenhos e através da escrita. São estratégias que podemos usar para ter acesso ao paciente, assim como pintura, argila. Os pacientes, inclusive os psicóticos muito crônicos, que tem um discurso muito prejudicado, na manifestação artística eles conseguem colocar o que eles estão sentindo. Tem pessoas especializadas que são os terapeutas ocupacionais. A OMS quando quer discutir alguma patologia, elege alguns profissionais no mundo que tem um saber reconhecido, e pedem para eles colocar a experiência deles. A partir daí ela compila e usa dados estatísticos para criar uma patologia. Por exemplo, antigamente não existia síndrome do pânico e ela foi criada através desse modelo. A diferenças dessas classificações, por exemplo de um mês, na prática é pouca porque você vai tratar o sintoma psicótico de qualquer maneira através do anti-psicótico. Na academia essas coisas fazem diferença, tem gente que só trabalha pesquisando psicose reativa breve. Tem gente que só trabalha pesquisando transtorno esquizofreniforme com mais de um mês a seis meses de duração. 3) TRANSTORNO PSICOTICO INDUZIDO -‐ Folie a deux: loucura a dois -‐ Sintomas psicóticos -‐ A pessoa delirante é dominante -‐ Benigno para o dominado quando se afasta o dominante Ele é induzido a alguém. Temos sintomas psicóticos presentes em duas pessoas, sendo que uma delas é a personalidade dominante e a outra é uma personalidade passivo-dependente, podem ser casais ou amigos mas os dois sempre tem intimidade, normalmente moram juntos ou muito próximos, interagem conjuntamente o tempo todo. A pessoa mais passiva, mais dependente, mais insegura recebe a carga delirante da personalidade dominante e embarca no delírio do outro. Trata-se com afastamento. Pega o dominante e afasta da personalidade dependente que aquela influencia diminui e desaparece mesmo sem medicação. É um convencimento: a pessoa fala e o outro acaba acreditando e age junto. Não chega a alucinar junto pois é um sintoma mais complicado da pessoa dizer que está tendo mas ele é levado a acreditar que existem vozes e perseguidores. Professor teve dois pacientes desse no máximo. É um transtorno raro ou não chega para tratamento. Só vem para tratamento quando a personalidade dominante cria problema e entra em tratamento. E aí o outro pode acabar batendo na mão de outro profissional. Porque se não só quem vai é o principal, a personalidade dependente não, então a gente não vê. Eu classifico só o dependente nesse quadro pois ele que é o induzido. Quando ele entra na alteração de comportamento do paciente principal ele pode aparecer no consultório, se ele faz algum tipo de agressão ou comportamento de risco e o dependente embarca junto, aí os dois acabam indo. Se os dois não chegam nesse ponto, o dominador acaba indo e o dependente não. A mudança de comportamento pode ocorrer de um dia prooutro, quando você afasta o dominante no dia seguinte o outro já tem um comportamento mais adequado. 4) PSICOSE POS-PARTO -‐ Delírio e depressão graves -‐ Envolve riscos para a mão e o bebê -‐ Pode surgir antes do parto -‐ Sintomas psicóticos podem estar presentes É uma doença que vem após o parto ou um pouco antes, por exemplo a partir do oitavo mês de gravidez. É uma psicose que pode cursar com delírios ou alterações do humor (principalmente para depressão grave). Ele começa de forma branda, como todo quadro, mas pode evoluir de forma grave se ele não for tratado. O professor conhece uns dois ou três casos (são poucos dentro do universo de psiquiatria) em que a mãe matou o bebê por um delírio depressivo em que a mãe se sentia incapaz de cuidar da criança, que ia fazer mal a ela e ela ia entrar em grande sofrimento, então preferiu matar. Uma delas não foi quadro depressivo, foi um quadro alucinatório grave, em que ela ouvia vozes que mandaram matar o bebê e ela executou. Felizmente, os quadros de psicose puerperal são depressões moderadas. A maioria de 90% não chegam a esse nível de gravidade mas não podemos desprezar e achar que é uma coisa boba. As justificativas são em sua maioria por alterações hormonais que acontecem na mãe. São pessoas pré-disponentes. E existem explicações psicanalíticas que os colegas falam que essas mães veem o parto não como um ganho de um bebê, mas como uma perda pois a criança saiu. A mãe vivencia como uma perda e essa vivencia leva a um quadro depressivo. Essas mães podem negligenciar o filho: se recursar a trata-lo, não amamenta-lo. É preciso imediatamente a intervenção de terceiro, normalmente parentes, que vão assumir o cuidado desse bebê até que a mãe tenha condições. É uma doença que tende a ser beninga (regride com o tratamento). Na maioria das vezes até sem o tratamento, mas aí é mais prolongado pelo que vemos na literatura. Com o tratamento a mãe responde mais rápido e reassume plenamente o cuidado do bebê. Nessa fase inicial, vai ter que ter familiares que vão assumir o cuidado do bebê. Isso não necessariamente significa afastar a mãe do bebê completamente. A mãe pode continuar junto mas sob supervisão. Pela insegurança, acaba cometendo erros, por isso sob supervisão ela pode manter seus cuidados até que ela gradativamente vai sendo liberada para o cuidado isolado da criança. Não é absolutamente rara. A mãe muitas vezes verbaliza esses comandos/desejos que ela tem, ela pode falar da depressão, dos sintomas de tristeza, a incapacidade que sente ou familiares percebem que ela está negligenciando a criança. Eles percebem os sintomas delirantes ou depressivos clássicos: desanimo da mãe, tristeza, choro, falta de iniciativa de cuidar do bebê e fazer as coisas. Negligencia ao ponto de não dar banho, amamentação. A mãe não responde nos casos em que ela mata o bebê. Ela vai ser avaliada judicialmente e pericialmente e o psiquiatra uma vez constatando que o quadro é um quadro de psicose... O que a lei mostra pra gente é que o paciente mental que não pode ser punido é aquele que comete um crime ou um delito quando em privação do julgamento da realidade, mesmo que esse paciente (na verdade acontece com todos) ele tem uma atividade delirante mas também consegue ter uma atividade pratica. Por exemplo: acha que é Napoleão, mas quando você chama ele por João ele responde dentro da realidade mas ainda assim é um psicótico, então não pode ser responsabilizado. O juiz nesses casos impõe uma pena restritiva de algum modo e tratamento, que ele tem que submeter e comprovar que está em tratamento. Nos casos graves de violência ele pode ser recolhido ao manicômio judiciário e lá fazer o tratamento (mas um hospital de um manicômio judiciário é uma cadeia com um nome diferente – por mais que os profissionais queiram trabalhar é difícil). A diferença de ir para a cadeia ou manicômio judiciário é que na cadeia você é condenado a uma pena, a um tempo. Na nossa lei o limite é 30 anos. Se você vai para o manicômio judiciário não há tempo. Fica lá até que alguém da equipe faz um laudo dizendo que aquele paciente não é mais perigoso. Para ser classificado como psicose pós-parto tem um período limite para o diagnóstico? A maioria dos colegas aceita que você dê o diagnóstico até um ou dois meses após o parto. Você vai fazer esse diagnóstico principalmente também se essa mãe não tinha história anterior, se ela já tinha um diagnostico de transtorno do humor depressivo ou bipolar com fases maníacas ou deprimidas, ela vai estar simplesmente tendo mais uma fase depressiva da doença dela pois o transtorno de humor não tem cura. A gente tira o doente da fase critica e ele entra em comportamento normal, sem sequela nenhuma, mas ele pode vir dai a um tempo a voltar ou ter outro quadro agudo. Na psicose puerperal isso não acontece. Essa mãe, se for um quadro puro e simples de psicose puerperal, ela vai se curar e não vai desenvolver outro quadro. Pode ter por exemplo no terceiro parto e não teve no primeiro e segundo. Há talvez esse fator hormonal mas também fatores psicológicos e emocionais. Cada parto e cada filho é diferente um do outro. Pai e mãe não amam todos os filhos igual, tem preferencias. Depressão pós-parto é quando vem como depressão. A psicose puerperal pode vir não só como depressão, pode haver psicose ? (28 min 45 s), por exemplo. Nunca vi psicose grandiosa, psicose com conteúdos eróticos, conteúdo religioso há algo na literatura. 80/90% dos quadros vem com sintomas depressivos, por isso ela acaba tendo um nome especifico de depressão pós-parto. 5) SINDROMES CULTURAIS -‐ AMOK -> explosão agressiva: acontecia entre os tribos, indígenas americanos. Uma crise, uma explosão de agressividade súbita, de um momento para o outro em que poderia ser um comportamento agressivo muito violento e que da mesma forma como ele vinha poderia passar em pouco tempo. -‐ KORO -> reação de ansiedade aguda, idéia de encolhimento do pênis, típica do SE asiático: ocorre no sudeste asiático principalmente Japão, sudeste da China. É uma certeza delirante dessas pessoas de que o órgão sexual (nas mulheres a mama e nos homens o pênis) está encolhendo e vai sumir (falam que “vai entrar para dentro”). Alguns casos resultavam em suicídio. -‐ PIBLOKTO -> ataque de agitação com os gritos, rasgar roupas, corridas no gelo, por 12 hrs, típica dos esquimós: tinham um ataque súbito com gritos, corridas, fugas de casa e iam embora. Iam ser achados, se não fossem contidos, muito tempo depois e as vezes mortos por causa do congelamento. Isso durava um determinado número de horas, as vezes oito/dez/doze e depois regredia. Pela regressão e retorno a realidade, o professor acha que isso é um ataque histérico, psicológico, de ordem emocional e inconsciente. -‐ WINDIGO -> compulsão a comer carne humana, típica de alguns índios da América do Norte: algumas pessoas dessa tribo acometidas por isso passavam a acreditar que estavam possuídos por um demônio que os obrigava a matar e comer carne humana de outros índios que tinham acesso. Era um comportamento razoavelmente súbito em que o índio era acometido dessa crença de que estava possuído. Existe um ramo da psiquiatria chamado de psiquiatria transcultural – sub-área psiquiátrica que estuda somente manifestações de alteração de comportamento em determinadas culturas. É muito raro! Até 30 anos atrás que não havia essa globalização, você tinha culturas muito fechadas. As aparições dessas patologias especificas se tornaram muito raras. Vou apenas citar. 6) PSICOSE AUTOSCOPICA -‐ Visão de todo o corpo, ou parte dele que aparece como num espelho, incolor e transparente, como uma visão de um fantasma imitando a pessoa Em alguns livros pode achar como psicose heaustoscopica. É uma situação que ocorre em algumas pessoas sob determinadas situações. Qual é o sintoma? O paciente vê seu próprio corpo como se tivesse um espelho em sua frente um pouco embassado, mesmona visão invertida, incolor ou transparente. É como se ele visse sua imagem projetada. É uma imagem meio fantasmagórica da própria pessoa, do seu corpo. Isso é descrito em pacientes com transtorno de ansiedade aguda histérica, uma manifestação psicológica, emocional, inconsciente, que é absolutamente regressivel e curável. A gente vê isso em pacientes que tem alteração da consciência. Isso é relatado em pessoas durante ato cirúrgico, de pacientes que saem da cirurgia depois e dizem que ouviu tudo em que se falou na sala. Ele não sentiu dor, não acordou, apenas uma parte do psiquismo dele se ligou e prestou atenção no ambiente de alguma forma. E tem aquela turma da viagem astral, que usa o alucinógeno, até mesmo esses de anestesia, que o cara diz que saiu voando, voou pelo corpo, passou pela sala na mesa de cirurgia e etc. É muito típico dessas característica de pacientes com transtorno de ansiedade grave, histéricos e pacientes que estão submetidos a um nível de alteração de consciência por algum motivo (uso de drogas, mesmo licitas, como anestesia). 7) SINDROMES DE CAPGRAS -‐ Ilusão dos sósias É um quadro delirante. É raro. É o delírio da ilusão dos sósias. Exemplo: o paciente arruma confusão na família, é internado, e diz que não brigou com a família, mas sim com as pessoas que estão na casa dele (a família foi substituída por outros, por cópias). O paciente não sabe quem são, ele só tem essa certeza. Capgras foi o psiquiatra que desenvolveu essa síndrome, que é muito típica e muito semelhante nos pacientes que sofrem dela. Professor internou um paciente e teve dificuldade de dar alta para ele pois o paciente se sentia confortável dentro da clinica, fora ele se sentia ameaçado pelas sósias. Na clínica era cordial, afetivo, ajudava os outros pacientes mas quando o professor falava sobre a alta ele dizia que para casa ele não ia voltar. Depois com medicamento e tratamento essa crença regrediu e ele voltou para casa. Você, isso acontece com muitos esquizofrênicos, consegue fazer o delírio dele regredir a ponto dele não mais interagir com o delírio mas lá no fundo ele guarda aquela pequena certeza delirante encapsulada – é chamado de delírio enquistado (está lá protegido e não influencia mais, mas em um dado momento pode aparecer). Exemplo: paciente do professor achava que era Deus e depois de tratado ele disse “doutor, se eu falar que eu sou Deus ninguém vai acreditar e vão me internar, então eu não falo nada e sigo minha vida”. O que ele ta me dizendo? Eu continuo acreditando, mas isso não está tão forte a ponto de eu agir como tal. Muitos autores acham que é isso que acontece com o tratamento da esquizofrenia, não consegue curar mas fazemos com que o paciente deixe de reagir. É um pouco diferente das alucinações. A alucinação o paciente relata que para de ouvir vozes por exemplo. 8) SINDROME DE COTTARD -‐ Depressão grave -‐ Delírio de negação dos órgãos -‐ Sintomas alucinatórios Síndrome que tem o nome de um francês psiquiatra. É um quadro depressivo. Tem muitos quadros que podem ser simplesmente uma manifestação muito sui generes de uma depressão que se repete de forma muito semelhante nos pacientes que a possuem. É um quadro depressivo muito grave com todos aqueles sintomas em que há uma situação chamada de delírio de negação dos órgãos. Exemplo: paciente chegou ao ponto de dizer que estava morto (fazia um bafo na boca e falava “olha meu cheiro de podre”, meu coração já não bate mais, meu estomago e intestino estão em decomposição). Não adianta mostrar o coração no esteto (é uma gravação). O delírio é dito como inexplicável e irremovível. Não temos como explicar um delírio e nem como removê-lo, nós o amenizamos. Muitas vezes com o tempo ele desaparece. Geralmente são essas alucinações mais raras nos outros pacientes, como alucinação olfativa e gustativa (sente o gosto de podre). Tratou a depressão com o tratamento clássico e esse paciente começa a melhorar o humor, a crença desaparece. Esse paciente chegou a fazer crítica: “como que cheguei naquele ponto, achando que eu tava morto? Fiquei louco de pedra”. Esse paciente pode eventualmente ter uma outra crise depressiva sem essas características da síndrome de Cottard. Ela pode acontecer mas ela pode não se repetir no mesmo paciente que venha a ter outro quadro depressivo. 9) TRANSTORNO DELIRANTE CRONICO (PARANOIA) -‐ Delírio crônico, sistematizado -‐ Sem presença de alucinações -‐ Pode ser de grandeza, erotomaníaco, ciúme, persecutório, somático -‐ Não levam a deterioração da personalidade -‐ O humor é coerente com o delírio É um quadro que a gente isola ele e separa da esquizofrenia por causa de alguns sintomas que não existem nele e de uma evolução um pouco mais benigna no prejuízo do paciente, o que se chama de paranoia ou transtorno delirante crônico. Quando nós falarmos do doente paranoide, estamos falando do doente esquizofrênico paranoide. Quando falarmos do paranoico, estamos falando do doente que tem paranoia. No popular, isso não vai ter muita diferença. O doente paranoico é aquele que possui um delírio, portanto um sintoma psicótico, crônico e dito sistematizado, ou seja, muito bem organizado. Ele nunca tem alucinações de tipo nenhum. Um delírio sistematizado e organizado é um delírio rico, que só faz crescer com o tempo. Quando um paciente diz que é o super-homem e você manda ele voar e ele não voa, você pegou ele pelo pé. Ele fica sem resposta para te dar. Mas dali um tempo ele elabora uma resposta, por exemplo “não vou voar pois não tenho obrigação de te mostrar nada”. Isso vai acontecendo ao longo de anos. Quando você escuta esse paciente falar sobre o delírio dele, ele começa e não acaba, ele vai colocando coisas e escrevendo como se fosse um romance na vida dele, inserindo respostas e outras duvidas. Essa coisa vai crescendo e ele pode falar por horas, tudo com um pensamento absolutamente organizado e lógico, sem desagregação (por isso faz o delírio estruturado). Esse paciente tem um delírio de qualquer tipo: de cunho religioso, erótico, super bem organizado, ao longo dos anos. Ele não relata nenhuma alucinação e é uma pessoa afetivamente muito preservada (a personalidade dele não sofre como o esquizofrênico sofre, não tem o distanciamento e esvaziamento afetivo – se não entrar no delírio dele, ele participa de uma conversa de forma normal e que ninguém percebe nada, só manifesta se o tema cutuca o delírio dele). Como diferencio do esquizofrênico? Com o tempo. Ao longo do tempo você percebe que esse paciente não deteriora e não alucina. Ele consegue manter um lado sadio em perfeito funcionamento. Você leva a conclusão que esse paciente é um paranoico. Nos quadros leves, é a turma que é chamada de excêntrica e esquisita (“deixa pra lá, é assim mesmo”). O paranoico é tratado com anti-psicótico também. Esses transtornos são crônicos, dura a vida toda. Uma vez que se estabelece vai até a morte. ANTIPSICOTICOS Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções psicomotoras (são sedativos do SNC, então se você tem um episódio de quadro psicótico com delírio, agitação, alucinação e agressividade, é essa a medicação adequada, muito mais que um ansiolítico, que pode ter um efeito muito fraco), a qual pode encontrar-se aumentada em estados, por exemplo, de excitação e de agitação. Paralelamente eles atenuam também os sintomas neuro-psíquicos considerados psicóticos, tais como os delírios e as alucinações. São depressores do S.N.C. Os farmacologistas normalmente gostam do nome neuroléptico pois são medicações que tem o tropismo para o SNC. O termo antipsicótico fala da sua função, que é ser contra o sintoma psicótico. Os antipsicóticos têm sua primeira passagem pelo fígado, portanto, sofrem metabolização hepática. A grande maioria dos neurolépticos possui meia vida longa, entre 20 e 40 horas, e esse conhecimento é importantena medida em que permite prescrição em uma única tomada diária.São excretados na urina e bile. Normalmente essas medicações tem apresentação EV, IM ou oral. Quando você faz a introdução oral no paciente, vai passar pelo fígado e ele já sofre uma primeira metabolização hepática. Alguns tem metabólicos que são funcionais, outros não. Esse é o motivo pelo qual a medicação IM tem um efeito mais dramático que a oral em quadros de agitação – como ela não passa pelo fígado, do músculo é absorvida diretamente pela circulação sanguínea e vai a nível central, sem passar pela metabolização hepática. Então você tem um efeito muito mais acentuado quando você usa IM, sendo usado nos quadros agudos. O endovenoso nunca é usado. Em paciente psiquiátrico você nunca usa EV porque não há motivo. Essas são medicações muito seguras para serem usadas no sentido de levar o paciente a morte no abuso de substancias em uma dose, porém na dose oral. Se você entra na veia do paciente, como em qualquer outra medicação, ela entra direto no sistema sanguíneo, então você tem medicações, como a clorpromazina, que você corre o risco de uma hipotensão e uma parada cardíaca desse paciente. Isso dentro de uma clinica psiquiátrica é sinônimo de morte (psiquiatra não sabe intubar). Sempre IM nos quadros de agitação aguda! Tratamento de manutenção é oral. A gente vai ver outras possibilidades de uso IM também. A meia-vida varia de 20 a 40 horas, portanto são medicações que podem ser dadas apenas uma vez ao dia – isso é importante termos na cabeça pois facilita o trabalho da enfermagem no hospital e/ou dos familiares em casa que administra a medicação pro paciente. Tem que saber se essa dose dada como dose única não está sendo muito elevada, porque se é elevada ela vai ter um pico elevado de absorção e consequentemente um pico de efeito colateral grande. Os efeitos colaterais nem sempre são agradáveis. Portanto você é muitas vezes obrigado a diluir essa dose 2 a 3 vezes no dia apenas para evitar o pico alto. Uma vez ingeridos vão ser metabolizados no fígado e a excreção é principalmente urina (90%) e um pouco na bile. Por causa disso, o uso contínuo dos antipsicóticos resulta num acúmulo progressivo no organismo, até que o nível se estabiliza depois de alguns dias. O equilíbrio ideal seria atingir uma situação onde a quantidade absorvida seja igual à excretada. Neste momento ocorre chamado de Equilíbrio Plasmático. Quando você começa a administrar um antipsicótico no paciente ele leva um tempo clinico para agir, em torno de uma semana (7-10 dias) para começar a ver os efeitos antipsicóticos, por exemplo a diminuição de um delírio, alucinação e etc. Tudo depende da gravidade do quadro. Quadros leves vão responder mais rapidamente, quadros graves demoram mais. Mas em uma média de 10 dias você já espera que o paciente responda, se não responder, você talvez tenha que aumentar a dose. Ao longo do tempo ele sofre um processo de acumulação. Muitas vezes se você tem tempo e condição, você pode esperar que por exemplo um comprimido de haloperidol de 05 mg ele vai fazer efeito e você pode esperar até mais que 10/15 dias para isso pois ele vai acumular no organismo até chegar nessa dose que a farmacologia chama do equilíbrio, em que o que entra e o que é eliminado se equilibra e o paciente fica no caso com 05 mg circulando no organismo o tempo todo. Então não é imediatamente que ele vai ter 05 mg circulando no organismo, por isso que você tem que botar na balança: o quadro do paciente permite aguardar o resultado do tratamento ou se o risco que esse paciente está correndo ou colocando os outros em risco justifica uma internação. A internação é sempre o último recurso. MECANISMO DE ACAO Apesar dos neurolépticos tradicionais bloquearem ora os receptores adrenérgicos (alfa1), serotoninérgicos, ora os receptores colinérgicos e histaminérgicos, todos eles têm em comum a principal ação farmacológica de bloquear os receptores dopaminérgicos D2. O mecanismo principal de ação dos anti-psicóticos é a interrupção do sistema dopaminérgico. A indústria tenta a medicação o mais pura possível. Quando é dito que é um inibidor seletivo de recaptação de serotonina para os antidepressivos, não é que ele só iniba a receptação da serotonina, é que em 90% ele age na serotonina. Sempre é assim. O antipsicótico é igual. Ele vai agir em receptores adrenérgicos, alfa- 1, serotoninérgicos, mas a principal ação dele que faz com que o sintoma psicótico regrida é nos receptores dopaminérgicos. Ele é um inibidor do sistema dopaminérgico, receptor D2. Os receptores da dopamina mais conhecidos são o D1 e o D2 (ambos pós-sinápticos), além dos receptores localizados no corpo do neurônio dopamínico e no terminal pré-sináptico. A atividade terapêutica dos antipsicóticos parece estar relacionada, principalmente, com o bloqueio da dopamina nos receptores pós-sinápticos do tipo D2. É uma medicação que tem um espectro muito largo. Então você não consegue dizer: vou dar este porque esse só age no lobo pré-frontal. Você vai estar atuando então em todo o SNC, pois está inibindo tudo, quando talvez (espero que assim se descubra), você só precisaria agir em determinada área cerebral e não em todo o cérebro do paciente. Duas vias, mesolímbicas e mesocorticais, estão as envolvidas nos efeitos terapêuticos dos antipsicóticos, ambas se originam no segmento ventral do mesencéfalo. A via mesolímbica inerva diversos núcleos subcorticais do Sistema Límbico: amígdala, núcleo acumbens, tubérculo olfatório e o septo lateral. A via mesocortical tem suas terminações sinápticas localizadas no córtex frontal, na parte anterior do giro do cíngulo e no córtex temporal medial. Temos as vias mesolímbicas, mesocorticais, nigroestriatais e dependendo de onde o anti-psicótico tem uma função mais proeminente isso vai resultar em um tipo de efeito colateral mais evidente. Então, é muito comum você ter um paciente (pois hoje depressão é a epidemia mundial) que toma um inibidor da captação da serotonina, como a fluoxetina, que tem efeitos colaterais indesejáveis para esse paciente (dor de estomago, dor de cabeça), eu vejo colega que troca pela paroxetina, que também é inibidor de captação de serotonina, o mesmo efeito. Ou seja, troca seis por meia dúzia. Quando você tenta substituir uma medicação anti-psicótica, você vai tentar prestar atenção se ela não vai fazer efeito em uma dessas vias também, que vai apresentar o mesmo efeito colateral. Uma das saídas é você mudar essa medicação que tenha um outro efeito com uma outra via que dê menos aquele efeito colateral. Por exemplo a via mesolímbica vai de área subcortical, principalmente de sistema límbico (amígdala, núcleo acumbens, tubérculo olfatório). O sistema límbico é o sistema das emoções, então você vai interferir principalmente, embora os anti-psicóticos tenham um espectro de ação muito amplo, alguns tem ação preferencial pelo sistema mesolímbico outros pela via tuberoinfundibular, onde vemos que os efeitos colaterais pode ser muito a nível hormonal (alteração de determinados hormônios). Essa imagem mostra os tratos. O trato mesocortical vem lá do centro, de camadas profundas, e vai atingir a córtex, é muito amplo. Temos também o mesolímbico, o nigroestriatal – os locais de ação dos antipsicóticos pegam uma anatomia cerebral grande. EFEITOS COLATERAIS A gente vai se deparar com efeitos colaterais em praticamente todos os pacientes psiquiátricos. Não existe um paciente que tome um antipsicótico que não apresente um efeito colateral de algum tipo, de maior ou menor gravidade. Entre os efeitos colaterais provocados pelos neurolépticos, o mais estudado é o chamado Impregnação Neuroléptica ou Síndrome Extrapiramidal. Essa situação é o resultado da ação do medicamento na via nigro-estriatal, onde parece haver um balanço entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas. Desta forma, o bloqueio dos receptores dopaminérgicos provocará uma supremacia da atividade colinérgica e, consequentemente, uma liberaçãodos sintomas ditos extra-piramidais. Estes efeitos colaterais, com origem no Sistema Nervoso Central, podem ser divididos em cinco tipos: 1 – Reação Distônica Aguda • Clinicamente se observam movimentos espasmódicos da musculatura do pescoço, boca, língua e às vezes um tipo crise oculógira, quando os olhos são forçadamente desviados para cima. São espasmos musculares, rigidez muscular (torcicolo, torcida do pescoço, paciente fica com o pescoço doloroso, pescoço com a cabeça torta, língua protusa podendo babar e crise oculógira onde o paciente fica com o olho para cima e dá para ver o branco – ele consegue abaixar mas logo volta para cima). Então são reações distônicas musculares agudas. 2 – Parkinsonismo Medicamentoso • Clinicamente há tremor de extremidades, hipertonia e rigidez muscular, hipercinesia e fácies inexpressiva. Tal se dá em função da inibição dopaminergica nos Núcleos da Base ( caudado, putamen e globo pálido). Essa alteração é chamada de síndrome parkinsonoide ou de Parkinson induzido medicamentosamente. O paciente apresenta uma síndrome que lembra a síndrome de Parkinson. É um doente que tem a face pouco expressiva (fácies de cera), fica com rigidez muscular e fica com o braço dobrado, andando durinho igual a um robô – quando você pega ele para examinar e pede para relaxar o braço o máximo possível movimentando-o e você percebe que tá duro, ele apresenta um sinal como se fosse uma roda dentada, isso é a sua força vencendo a rigidez muscular dele e quando atinge a sua força, o tônus necessário, ele relaxa e o braço vai. Na mesma hora que relaxa e vai ele enrijece de novo, esse é o sinal da roda dentada. Ele tem um outro sintoma que é o “petit pa” (1:17:37) – pequenos passos. Então ele anda com passos curtos, com o braço curto, feito um robô. Alguns autores chamam isso de impregnação dos núcleos da base. 3 – Acatisia • É caracterizada por inquietação psicomotora, desejo incontrolável de movimentar-se e sensação interna de tensão. O paciente assume uma postura típica de levantar-se a cada instante, andar de um lado para outro e, quando compelido a permanecer sentado, não para de mexer suas pernas. É uma inquietação motora em que não há ansiedade. É importante perguntar pro paciente porque ele está inquieto, se ele está nervoso, ansioso, angustiado. O paciente vai dizer que não está se sentindo ansioso mas não consegue parar quieto (fica balançando a perna, em pé fica marchando – você pede para ele parar de fazer isso, ele para mas em seguida começa de novo, ele não consegue controlar isso). É muito desagradável para o paciente. Isso não é por ansiedade, é um efeito colateral. Por que isso acontece? O mecanismo de ação não é o antidopaminérgico? Então você tem no organismo um equilíbrio entre acetilcolina e dopamina do cérebro. Quando eu dou um antipsicótico eu inibo o sistema dopaminérgico, desequilibro a balança. Então eu vou tratar desse paciente como? Ou eu diminuo essa medicação e ele volta a ter ação dopaminérgica (ele pode voltar a delirar, ser agressivo, alucinar) ou eu abaixo o sistema colinérgico com anticolinérgico. O tratamento pra isso é anticolinérgico. Quais são os que a gente usa? Prometazina (fernegan) e biperidina (akineton). A maioria dos colegas já entram direto com essa medicação pois os pacientes que sofrem esses efeitos colaterais costuma ser paciente novo que está tendo o primeiro surto por exemplo – o paciente acaba descobrindo que esses efeitos colaterais são da medicação e ele não vai mais querer tomar a medicação e vai ter uma resistência muito forte a uso de remédios. Primeiro que muitos acham que não são doentes e não tem doença mental, segundo, quando ele sente aqueles efeitos ele diz “agora mesmo é que não vou tomar isso”. Portanto, a maioria dos colegas prefere já entrar com a medicação para não sofrer os efeitos colaterais. Porém, se sofrer, tem que esclarecer o paciente e contar para ele que é sim o remédio, além de dizer que a solução é tomar esse outro, equilibrando a balança para não ter esses efeitos. Se você está no pronto-socorro e chega um paciente com síndrome parkinsonoide ou uma “histonia” (1:21:12) aguda, você vai colher a história e vê que é um paciente psiquiátrico que está começando a usar anti-psicótico ou está com uma dose excessiva, você vai pegar uma dose IM de fernegan. Em 15 minutos os sintomas passam. Você vai dizer para ele que tem que tomar o remédio se não vai dar isso de novo. Existe uma janela no uso da medicação que causa esse sintoma. Eu começo com 05 mg de periciazinha ou trifluoperazina, ele não tem nenhum sintoma colateral. Está grave e aumento a dose para 10, ele não tem nenhum sintoma colateral. Continua sem melhorar, agitado, vou para 15, aí ele tem efeito colateral. Então ele começa com 15 mg da medicação. Não melhorou e subo para 30, o efeito colateral desaparece. Ele tem uma janela de 15 a 30 em que ele tem os efeitos colaterais, acima de 30 ou abaixo de 15 ele não tem. Por que isso? Porque o antipsicótico também é anticolinérgico, ele é altamente antidopaminérgico e um pouco anticolinérgico. Quando aumento a dose o efeito antidopamina chega em um ponto que acaba, não vai mais aumentar a dose antidopamina, já está bloqueando tudo. Mas o efeito anticolinérgico vai subindo depois e aí eu tenho a síndrome colateral. Difícil é você convencer o paciente que aquele efeito é causado por um remédio x e se você aumentar a dose isso vai melhorar. Então você acaba entrando com mais uma medicação que é o anticolinérgico. 4 – Discinesia Tardia • Aparece com o uso crônico da medicação (90% dos pacientes sofrem esse efeito colateral por anos e anos de uso de antipsicótico, mas tem relato na literatura em paciente de primeira vez). Caracterizada por movimentos involuntários, principalmente da musculatura oro-língua-facial, ocorrendo protusão da língua com movimentos de varredura latero-lateral, acompanhados de movimentos sincrônicos da mandíbula. O tronco, os ombros e os membros também podem apresentar movimentos discinéticos. O paciente tem protusão da língua com movimentos de varredura latero-lateral (fica como se fosse um boi ruminando) e não consegue parar. Acompanhado a isso tem movimentos de braço e de tronco, em que ele tem movimentos atetósicos (são movimentos ondulatórios). Se apareceu isso tenho que tirar o remédio que regride. Tenho que imediatamente suspender a medicação e rezar para não vir um surto (usar um benzodiazepínico para tentar segurar a onça com vara curta e rezar para não surtar). Deixa passar de 15 dias a 30 e tentar voltar com o anti-psicótico e ver se não apresenta mais esse efeito. Se eu não tirar o anti-psicótico essa patologia se instala e não desaparece mais, fica para o resto da vida. O professor já viu isso em alguns pacientes. 5 – Síndrome Neuroléptica Maligna • Clinicamente se observa um grave distúrbio extrapiramidal acompanhado por intensa hipertermia (de origem central) e distúrbios autonômicos. A Síndrome Neuroléptica Malígna leva a óbito numa proporção de 20 a 30% dos casos. Cursa com leucocitose, CPK elevada, Uréia e creatinina elevadas, levando a mioglobinúria (rabdomiolise) e insuficiência renal aguda. A literatura fala que 10% desses pacientes vai a óbito. É causada pelo uso dos antipsicóticos e ela provoca, não se sabe bem porque, um descompasso no nível do SNC em que o paciente passa a apresentar a seguinte síndrome: leucocitose, febre alta, aumenta a CPK, ureia e creatinina aumentam (insuficiência renal), passa a ter a mioglobinúria (excreção na urina de metabólitos do músculo – rabdomiólise: ele começa a digerir a própria musculatura e por isso leva a insuficiência renal, sua urina fica cor de coca-cola. Isso leva a óbito. A literatura pode dizer até 30% dos casos vão a óbito. A literatura diz que 1% dos pacientes podem ter essa síndrome mas talvez seja mais (porque os psiquiatras não chegam a ver – vai pro CTI direto). Talvez seja 5%. O tratamento é conservador.Ele está no CTI com uma insuficiência renal que pode se agravar e vai fazer medidas de suporte da vida. Pode chegar ao ponto de ser submetido a uma diálise ou não, vai tomar anti-térmico, vai ficar em observação até que ele vai regredindo nesse quadro, se cura e tem alta. Ele pode voltar a ter, ninguém sabe. A literatura fica em cima do muro. Nenhum autor diz “nunca mais dê antipsicótico”. Como vou tratar um esquizofrênico sem antipsicótico? A literatura não diz para não dar, diz apenas para ter cuidados na volta: volta em dose baixa, vai estudando o paciente, vai observando se a urina está com a cor normal, faz ureia e creatinina, vê se teve febre. Pouco a pouco, 1/3 meses, vai chegando na dose adequada para tratar a psicose. Não se sabe qual é a causa mas causa um descompasso no SNC. Então é uma síndrome que passa despercebida pelos psiquiatras, muitas vezes eles não veem, vai para a mão do clínico, muitas vezes não é chamado o psiquiatra (que não vai ter nada para fazer além de esclarecer o caso). O professor já viu clínico procurando a infecção e não achar – pois é síndrome neuroléptica maligna. Vai dar antibiótico e daqui a pouco o paciente melhora, mas não é por causa disso, é porque o organismo dele reagiu e ele melhorou. Outros efeitos: 1 - Efeitos Autonômicos: secura da boca e da pele, constipação intestinal, dificuldade de acomodação visual e, mais raramente, retenção urinária. Boca seca, pele seca, constipação intestinal, dificuldade de acomodação visual (os pacientes se queixam que tem dificuldade de focar de longe e perto ou visão turva). Em casos em que a secura é muito grande pode acontecer retenção urinária forte. 2 - Cardiovasculares: aumento do intervalo PR, diminuição do segmento ST e achatamento de onda T. Hipotensão (principalmente hipotensão postural – muitos deles são altamente hipotensores). 3 - Endocrinológicos: A ação no sistema túbero-infundibular repercute na hipófise anterior produzindo distúrbios hormonais. Embora incomum, esses antipsicóticos tradicionais podem produzir amenorréia (parada das menstruações) e, menos frequente, galactorréia e ginecomastia (aumento da mama). Todos esses efeitos são decorrentes do aumento de liberação de prolactina, ou seja, da hiperprolactinemia, por ação na hipófise em função do bloqueio da via túbero-infundibular. Os principais efeitos são nas mulheres: irregularidade ou diminuição e até mesmo parada de menstruação, lactorreia (produção de leite) – isso inclusive nos homens e ginecomastia (aumento da mama). Você tem uma alteração na prolactina, aumento da prolactina (hiperprolactinemia) e com isso o paciente aumenta a mama e começa a produzir leite. Tem medicações que agem mais nessa via – você retira e passa outro tipo de medicação. Não precisa dar nenhuma medicação especial para isso. 4 - Gastrintestinais: ação antiemética. A constipação intestinal e boca seca também podem ser observadas durante o tratamento, como conseqüência dos efeitos anticolinérgicos. A clorpromazina é um anti-psicótico muito usado que, antigamente, em pequenas doses era usado como antiemético, para inibir enjoo e vômitos. 5 - Oftalmológicos: depósito de pigmentos no cristalino por uso da Clorpromazina em altas doses e retinopatia pigmentosa, com o uso de altas doses de Tioridazina. Esse depósito de pigmentos no cristalino se não for tratado, se não houver suspensão da medicação, pode levar ao longo do tempo até a cegueira, uma retinopatia grave. Principal medicamento que dá isso é a Tioridazina (nome comercial: melleril) – mas qualquer um pode dar, em menor proporção. Se o paciente se queixa de visão turva você já acende um alerta. Pode ser só dificuldade de acomodação ou pode ser depósito no cristalino. O ideal é que pelo menos uma vez ao ano o paciente faça o fundo de olho. Se o oftalmo te relata que está vendo depósito de pigmentos no cristalino, você já vai suspender a medicação que está usando, trocando por uma outra, além de ver com o oftalmologista se ele pode tratar isso. 6 - Dermatológicos: com uma incidência de 5 a 10% podemos encontrar o aparecimento de um rash cutâneo (é uma vermelhidão), foto-sensibilização e aumento da pigmentação nos pacientes em uso de Clorpromazina. A gente dá medicação antipsicótica e os pacientes tem seus horários de pátio, de tomar sol e daqui a pouco você vê que o paciente está vermelho, o que é causado pela medicação. A carbamazepina, que é um anticonvulsivante, pode ser usada por pacientes na psiquiatria e também pode ser responsável por isso. É só substituir a medicação. TIPOS DE ANTIPSICOTICOS Os antipsicóticos podem ser divididos em três grupos: 1.Antipsicóticos Sedativos: tem efeito mais sedativo 2.Antipsicóticos Incisivos: tem efeito mais incisivos para a psicose 3.Antipsicóticos Atípicos e de última geração (quarta ou quinta) Entre os dois primeiros tem um equilíbrio: o que é mais sedativo é um pouco menos incisivo para os sintomas psicóticos, o que é mais incisivo é menos sedativo. Nenhum desses deixa de ser anti-psicóticos. 1. Antipsicóticos Sedativos Fenotiazínicos: Sua ação ansiolítica pode ocorrer por redução indireta dos estímulos sobre o Sistema Reticular do talo encefálico. Além disso, os efeitos de bloqueio alfa-adrenérgico podem ocasionar sedação. Se eu tenho um paciente mais instável posso escolher um desses. Principais Antipsicóticos Típicos Sedativos no Brasil Nome químico • CLORPROMAZINA (amplictil) • LEVOMEPROMAZINA (neozine) • TIORIDAZINA (melleril) • TRIFLUOPERAZINA (é no meio do caminho entre um grupo e outro – stelazine) • AMISULPRIDA (sulpiride) 2. Antipsicóticos Incisivos Butirofenonas: Sua ação antipsicótica deve-se ao bloqueio dos receptores pós-sinápticos dopaminérgicos D2 nos neurônios do SNC (sistema límbico e corpo estriado). Além dos receptores D2, outros são afetados, o que acaba gerando diferentes efeitos adicionais (bloqueio muscarínico, bloqueio alfa1 adrenérgico, bloqueio H1 histaminérgico), os quais podem ser terapêuticos ou adversos. Além do receptor D2, ele afeta outros receptores, que é bloqueio muscarínico, alfa-1 adrenérgicos. Principais Antipsicóticos Incisivos no Brasil Nome químico • FLUFENAZINA (anatensol) • HALOPERIDOL (haldol) • PENFLURIDOL (saiu do mercado – é uma medicação daquelas atípicas mas pode ser que ele volte) -> muitas vezes essa medicações vão e voltam. É um antipsicótico de um poder incisivo razoável, não tão poderoso quanto a flufenazina ou anatensol. Mas tem uma característica: tem um tempo de ação de 7 dias. Se eu tenho um paciente que está estabilizado e quero fazer um tratamento de manutenção, que ele não precisa de dose elevada de antipsicótico, ele era maravilhoso. Era só dar um comprimido por semana. Perfil de efeito colateral baixíssimo, pouquíssimas queixas. Você podia dar um ou dois comprimidos por semana que o paciente ia ficar bem. Saiu do mercado porque o comprimido era mais barato que a caixa que carregava ele, então a indústria não tinha lucro e parou de fabricar. Ele está inserido, por ter a duração de sete dias, nos antipsicóticos de longa duração. • PIMOZIDA (pimozide) • PIPOTIAZINA (“horap” - 1:39:27) • ZUCLOPENTIXOL Se é um paciente que não preciso ter uma ação sedativa, entro com esses. Os antipsicóticos mais incisivos costumam ter aqueles efeitos colaterais que eu citei de forma mais forte, principalmente os motores (síndrome extrapiramidal, rigidez muscular, torcicolo, distonia). Os antipsicóticos mais sedativos tem menos esses efeitos. 3. Antipsicóticos Atípicos e de última geração Esses medicamentos têm se mostrado um novo e valioso recurso terapêutico nas psicoses refratárias aos antipsicóticos tradicionais, nos casos de intolerância aos efeitos colaterais extrapiramidais, bem como nas psicoses predominantemente com sintomas negativos, onde os antipsicóticos tradicionais podem ser ineficazes. A clozapina tem um mecanismo de ação que pode ser devidoao bloqueio seletivo dos receptores dopaminérgicos, tanto D1 como D2, no sistema límbico. Esse bloqueio seletivo explicaria a ausência de fenômenos extrapiramidais. Sua notável e rápida ação antipsicótica e antiesquizofrênica, se associa à um leve efeito sobre os níveis de prolactina. Devido a essa última ação o risco de efeitos adversos como ginecomastia, amenorréia, galactorréia e impotência são menores. Quais seriam os antipsicóticos mais modernos? O que a indústria quer? A indústria naturalmente quer um remédio que seja mais limpo, um remédio que faça mais o efeito a que ele se propõe com cada vez menos efeito colateral. Então na psiquiatria a gente quer que eles sejam mais sedativos, se forem os sedativos, mais incisivos, se forem os incisivos e que não dê tantos efeitos colaterais. Um dos primeiros que apareceram foram a clozapina, que tem um efeito antipsicótico espetacular com quase zero de efeito colateral, porém começou a ter alterações na crase sanguínea gravíssimas, discrasia sanguínea com baixa de leucócitos, baixa da imunidade dos pacientes que levavam a infecções e morte. Ela foi banida do mercado. Depois de alguns anos, com alguns estudos, as pessoas viram que bastava a gente fazer um controle laboratorial do paciente: hemograma quinzenal (semanal se fosse no início – ir controlando a serie branca dele). Quando começasse a aparecer uma alteração, deveria suspender a medicação. Isso era possível porque nem todos os pacientes tinham o efeito ruim. Ele voltou ao mercado então com muita restrição, tinha que trabalhar junto com um hematologista credenciado no Ministério da Saúde (só esses credenciados podiam fazer o acompanhamento). Chegaram a conclusão que o médico psiquiatria tinha condições de pedir e ler um hemograma – isso relaxou. Hoje é permitida e usada com um bom efeito e esse acompanhamento do hemograma eventualmente. A olanzapina por sua vez, possui um amplo perfil farmacológico, já que atua sobre vários tipos de receptores, dopaminérgicos, serotoninérgicos, adrenérgicos e histamínicos. Tem maior capacidade de união aos receptores da serotonina e, além disso, reduz seletivamente a descarga de neurônios dopaminérgicos mesolímbicos, com menor efeito sobre as vias estriatais, envolvidas na função motora. Da clozapina a indústria evoluiu para a onlanzapina, que não tem esse risco de alteração sanguínea. É uma medicação espetacular com um efeito antipsicótico sensacional com baixíssimo nível de efeito colateral. O problema é que é uma droga cara. Se uma caixa de haldol com 20 comprimidos custa 20/25 reais, uma caixa de onlanzapina custa 150 reais. Se for uma marca famosa vai custar 300. Se o paciente precisar usar 6 caixas por mês, a maioria da nossa população não vai usar. A olanzapina é uma dessas medicações que está incluída no rol de medicamentos excepcionais que o Ministério da Saúde fornece. O paciente tem que receber um laudo médico psiquiátrico atestando só esquizofrenia (só esquizofrenia é permitido) que ele foi submetido a outras medicações que não tiveram o efeito esperado e você está receitando olanzapina, e como ele é um paciente de baixo nível econômico, ele precisa que o Estado dê. Mas é aquela briga: ele vai lá e nunca tem. Só consegue quando ele entra com uma ação judicial, assim o Estado é obrigado a comprar e fornecer para ele. Mas é um recurso que acaba funcionando para alguns pacientes que precisam dele. Em relação à risperidona seu mecanismo de ação é desconhecido, embora se acredite que sua atividade seja devida a um bloqueio combinado dos receptores dopaminérgicos D2 e dos receptores serotoninérgicos S2 (antagonista dopaminérgico-serotoninérgico). Outros efeitos da risperidona podem ser explicados pelo bloqueio dos receptores alfa 2-adrenérgicos e histaminérgicos H1. Depois veio a risperidona (risperdal e etc). É uma boa medicação. A opinião do professor (pode ser que não seja a mesma encontrada na literatura) é que em casos de psicose grave não dá para usar, tem que ser com haldol. Risperidona funciona para quadros leves e moderados ou na manutenção. O problema dela é que é muito hipotensora. Você tem que ter cuidado em idoso, pacientes que tem uma propensão a pressão baixa e você tem que fazer uma entrada gradual. Ela é vendida em comprimidos de 1/2/3 mg. A dose eficaz antipsicótica geralmente corre entre 6 e 9 mg. Se você der 6 mg de cara a primeira levantada que o paciente der da cadeira ele vai cair. Se for um idoso, já quebrou o fêmur. Você começa com 1 mg, passa 4/5 dias vai para 2 mg, passa mais 3 dias, coloca 3 mg. Você perde mais tempo mas é uma medicação boa. Funciona para quadros moderados na opinião pessoal do professor. A medida que o paciente obtém essa resistência (o organismo se adapta e se equilibra, embora esse equilíbrio seja sempre relativo) -> orienta o paciente se estiver deitado a sentar na cama, contar até 10 e levantar apoiado na parede ou alguma coisa. Tem que ter uma levantada gradual para o organismo ter tempo. Principais Antipsicóticos Atípicos no Brasil Nome Químico • AMISULPRIDA ASENAPINA • CLOZAPINA PALIPERIDONA • OLANZAPINA SERTINDOLE • QUETIAPINA (é uma das relativamente mais novas – 5 anos pra cá – queropax, queti, tem várias. É um cara mas tem um bom efeito antipsicótico e um bom efeito sedativo, não tão forte quanto o amplictil. Se eu ou um de vocês tomar 100 mg de amplictil vamos dormir o dia todo, mas os pacientes acabam tendo uma resistência a esses efeitos sedativos ao longo dos anos. Pra sorte, o efeito antipsicótico não sofre essa resistência. Temos que usar aquelas medicações sedativas com certa parcimônia em pacientes esquizofrênicos por exemplo pois sabe que vai ter a doença para a vida toda porque se não, quando eu quiser sedá-lo, ele não vai responder. O aripiprazol é uma medicação que tem um efeito medicamentoso diferente. É um inibidor do receptor pós-sináptico dopaminérgico mas é um inibidor parcial. Então ele acaba não causando uma inibição completa do sistema dopaminérgico. Ele ajuda a controlar o efeito antipsicótico e não dá aqueles efeitos anti- colaterais. É uma medicação boa para ser usada mas é da área dos mais novos –tudo que é mais novo é mais caro. recentemente temos também a asenapina e paliperidona que são medicações de bom efeito mas para população de maior poder aquisitivo. No sistema publico não encontra isso. Encontra haloperidol, clorpromazina, risperidona, tioridazina e levomepromazina. • RISPERIDONA • ZIPRAZIDONA • ARIPIPRAZOL • ZUCLOPENTIXOL 4. Antipsicóticos de longa duração São chamados de Neurolepticos Depot ou de Depósito, de longa duração, geralmente usados pela via intra-muscular, tem duração de 15 a 30 dias. Indicados para pacientes de difícil adesão ao tratamento e/ou refratários. Trata-se da conjugação da medicação com Ac. Graxos de cadeia longa, assim a difusão oleosa da medicação para o interstício se dá de forma lenta. Um quarto tipo de antipsicóticos são os de longa duração (como o penfluridol). Aqui temos medicações IM com duração de 15 a 30 dias. Tenho uma cadeia de ácidos graxos, são cadeias longas, são medicações oleosas – contidas em substancias oleosas, com 9/10/11 ácidos graxos que você injeta IM no paciente e aquilo age durante 15 ou 30 dias de acordo com a medicação. Isso funciona muito bem para quadro de cronicidade, manutenção de tratamento. Para tratar o quadro agudo delirante, alucinatório, agressivo, agitado não é bom porque não tem efeito imediato. O haloperidol por exemplo que eu tenho o decanoato de haloperidol (10 moléculas de ácido graxo) – injeto no músculo do paciente o equivalente a 5 mg diários). Sabe quando ele vai ter 5 mg circulando no sangue dele? 3 meses. Tenho que aplicar um mês, no segundo repetir, no terceiro repetir e a partir daí vou ter a dose de um comprimido. Então se eu tenho pacientes que tomam necessariamente 2 a 3 comprimidos por dia, vou ter que dar 2 a 3 ampolas por mês.Como é 30 dias dá para dividir, tomar uma ampola 15 dias e 2 depois, uma 15 e 2 depois para dar 3 ampolas em um periodo de 30 dias. Por que eu tenho que usar isso se demora e o efeito é igual? Para evitar paciente refratário (“não vou tomar, maluco é você”). E aí teoricamente você não precisa de antipsicótico comprimido de uso diário pois vai suprir. É uma ampola não muito pequena, então se você injetar 3 de uma vez o braço fica dolorido, tem que colocar compressa. O professor prefere dividir de 15 em 15 ao invés de respeitar a duração de 30 dias. Neurolépticos Depot • Flufenazina (é o anatensol. Enantato de flufenazina, são 9 cadeias de ácido graxo. Essa duração é de 15 dias, tem que ser de 15 em 15 dias). • Pipotiazina • Haloperidol • Clopixol (duração de 30 dias) • Penfluridol (via oral) • Paliperidona (saiu há quatro/cinco anos. É um derivado da risperidona, que é usado com 30 dias de duração. Antigamente era exigido que ele fosse guardado em geladeira, mas já tem um novo compost que não precisa disso. Tem um efeito muito bom, inclusive em pacientes refratários a outras medicações. É um pouco cara, 2000 reais uma ampola. O tratamento começa com uma ampola de 100 mg, uma semana depois você tem que dar outra ampola e a partir daí de 30 em 30 dias. É uma medicação que o paciente tem que ter condição economica (pode ser que tenha que dar duas ampolas por mês por exemplo). É um tratamento caro mas para quem pode é muito bom porque o paciente não tem nenhum tipo de sedação. São pacientes que conseguem dirigir (medicações que são sedativas o paciente não pode dirigir – você não pode autorizar). A paliperidona não dá esses efeitos colaterais, não dá essa lentidão, não dá essa lentificação de reflexo. Indicações a) Tratamento de distúrbios psicóticos agudos e crônicos, incluindo-se: b) Esquizofrenia, c) Fase maníaca do Transtorno Afetivo Bipolar (por que não na fase depressiva? Se tiver sintoma psicótico como delírio de ruína, delírio de doença mortal, alucinações que mandam o paciente se matar, posso entrar com antipsicótico. Se não tiver, não posso porque é sedativo, é depressor do sistema nervoso central e o paciente deprimido já está ali, desanimado na cama, sem iniciativa, se eu der isso vou deixar ele mais para baixo), d) Psicose Induzida por Substâncias (por exemplo corticoide que a gente usa e induz a quadro psicótico transitório benigno – é um paciente com lúpus por exemplo, uma doença reumatológica qualquer que não pode deixar de tomar o corticoide em uma dose alta, em um período pequeno e faz uma alucinação, um quadro psicótico então posso ter que entrar) , e) Transtorno Delirante Persistente, f) Nas fases piores e mais desadaptadas dos transtornos Esquizóides, Paranóides e Obsessivo- Compulsivos da personalidade. E todos os outros quadros psicóticos. Transtorno obsessivo compulsivo dose muito baixa, não tem indicação clássica (nos graves dou dose baixa). E os outros que estão listados: agitação, agressividade em quadros de demência, Alzheimer – tem uma fase do Alzheimer que o paciente apresenta alucinações – brasileiro gosta de usar risperidona porque ela tem uma sedação, porém menor, é um antipsicótico e não dá aquele efeito musculares extrapiramidais de distonia, porém ele tem um efeito cardiológico grave, então tem velhinho que morre igual passarinho. Nos EUA você só dá risperidona se você cumprir um protocolo em que você afaste um monte de cardiopatias do seu idoso. Além da hipotensão que faz o idoso cair e quebrar o fêmur. O professor não gosta de usar por causa desse risco. Ele dá em casos de idosos agitados e agressivos periciazinha (neuleptil), que tem em gota. Quando damos gotas podemos dar de 1 a 100, então tenho um manjeo terapêutico de uma medicação que é muito boa para controlar agressividade e agitação do idoso que posso diminuir gota a gota para não deixar ele dopado na cama, pois não é essa a intenção. g) Problemas severos de comportamento em crianças como Hiperatividade grave, Síndrome de Gilles de La Tourette (é uma síndrome neurológica em que o paciente, dentre outros sintomas neurológicos ele desanda a falar impropérios – palavrões, obscenidades que ele não consegue controlar. Não é transtorno obscessivo compulsivo (TOC) que a pessoa fala bobagens, é uma síndrome neurológica acompanhada de sintomas neurológicos dentre outros sintomas – consegue melhorar com antipsicótico), Autismo infantil h) Alívio da psicopatologia da demência senil i) Dor neurogênica crônica. j) Tratamento coadjuvante do tétano Contra- Indicações Depressão grave do SNC, estados comatosos, doença cardiovascular grave, Mal de Parkinson, epilepsia, glaucoma, transtornos depressivos. Se eu estou com um paciente com depressão do SNC, pré-coma, comatoso, rebaixamento de consciência, vou piorar o quadro dele. Se um paciente é parkinsonoide/epiléptico – é contra-indicação relativa porque os antipsicóticos baixam o limiar convulsivo. Se eu tenho um paciente epiléptico que está equilibrado com 200 mg de fenobarbital e eu entro com antipsicótico ele pode ter convulsão. Eu tenho que elevar o fenobarbital para 300 mg porque por causa do antipsicótico ele tem uma baixa do limiar convulsivo e pode passar a ter convulsão. É uma questão de equilibrar. Nos glaucomas: pode aumentar a pressão intraocular, então tenho que avaliar junto com o oftalmologista se eu posso usar ou não nesse paciente. O paciente que está deprimido vou colocar ele mais embaixo ainda. A não ser que tenha uma indicação clara e urgente de controlar um quadro psicótico. Como eu trato o doente de Parkinson? Levodopa, que é um precursor de dopamina, ou seja, eu trato dando dopamina para ele e ele melhora aquele tremor “conta moedas” e melhora outros quadros. Se ele faz psicose, eu dou antipsicótico, que inibe a dopamina. Então se eu dou antipsicótico para Parkinson, eu pioro o Parkinson dele. Assim como se eu der levodopa para um esquizofrênico, eu coloco ele em surto (coloco ele em surto com antidepressivos também, pois ele vai jogar mais neurohormônio na fenda, dentre os neurohormônios, não é só serotonina e noradrenalina, vai entrar a dopamina, então eu surto esse paciente). Essa relação tem que ser muito bem dosada e evitado para ser dado.
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