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1 Princípios Fundamentais II DIREITO CONSTITUCIONAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS II FEDERAÇÃO DE 3º GRAU, POR SEGREGAÇÃO, COOPERATIVA E ASSI- MÉTRICA 3º GRAU A Federação é de 3º grau porque é formada em três níveis: nacional, exercido pela União; regional, exercido pelos Estados-membros; e local, exercido pelos Municípios. O Distrito Federal é uma entidade federativa sui generis própria, com características peculiares, que reúne competências estaduais e municipais. POR SEGREGAÇÃO A Federação foi formada por segregação, criada a partir de um movimento centrífugo de distribuição do poder. A primeira Constituição brasileira foi a de 1824 e previa um Estado unitário. Ao longo da História brasileira, houve oito Constituições, e a única a prever o Estado unitário foi a de 1824. As sete restantes preveem o Estado federal. À luz da Constituição de 1824, o poder era exercido de forma central. Não havia distribuição do poder em função da distribuição do território. A segunda Constituição, de 1891, e as seguintes previram o Estado federal. O poder, que outrora era exercido de forma central, foi distribuído a partir de um movimento para fora, o movimento centrífugo. O poder foi segregado. Após a independência das 13 colônias nos Estados Unidos, estas se torna- ram Estados próprios e se voltaram para dentro, a partir de um movimento cen- trípeto para formar uma Federação agregada, diferentemente do Brasil, que era unitário e teve um movimento centrífugo de distribuição de poder. COOPERATIVA A Federação é cooperativa porque não há uma rígida repartição de competên- cias. O artigo 23º da Constituição Federal estabelece as competências comuns da União, dos Estados membros, do Distrito Federal e dos Municípios. ASSIMÉTRICA A Federação é assimétrica porque o ente de maior grau, a União, trata desi- gualmente os entes de menor grau, os Estados e Municípios. Se a União tra- tasse igualmente todos os Estados e Municípios, seria uma Federação simétrica. 2 Princípios Fundamentais II DIREITO CONSTITUCIONAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Tratar desigualmente vai de encontro aos princípios da República Federa- tiva do Brasil. O artigo 3º, que consagra os objetivos, atribui ao Estado brasileiro reduzir as desigualdades sociais e regionais. O ente de maior grau, a União, é obrigado a buscar recursos para reduzir as desigualdades regionais. Por isso, existe uma Zona Franca em Manaus, e não em São Paulo, para que as isenções tributárias possam beneficiar aqueles que moram na região do Amazonas. PRINCÍPIO REPUBLICANO O princípio federativo denota a forma do Estado, e o princípio republicano denota a forma de governo, que se extrai no artigo 1º da CF. Forma de Governo: art. 1º, caput Características: eletividade, exercício de mandato (alternância no poder) e dever de prestar contas. Na Monarquia não existe a eletividade, e sim hereditariedade. Também não existe cumprimento de mandato, mas vitaliciedade, e não se prestam contas. Na República, porém, os eleitos cumprem o seu mandato. • Não é cláusula pétrea. No rol estabelecido no art. 60, § 4º, da CF, o princípio republicano não é cláu- sula pétrea. • Limitação material implícita? Divergência (art. 2º, do ADCT). As cláusulas pétreas se constituem em limitação material explícita expres- samente trazida pela CF. Existe um rol de matérias que também são limitações materiais, também proíbem, por exemplo, o governo de reforma do Congresso Nacional, mas não estão trazidas expressamente pela CF, e a doutrina deno- mina essa matérias como limitação material IMPLÍCITA. Há divergência quanto à República ser uma limitação material implícita. O art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) dispôs, naquela data, cinco anos depois da promulgação da CF, que seria realizado um plebiscito para a escolha entre República e Monarquia, Parlamentarismo ou Presidencia- lismo. O povo, legítimo titular do poder, escolheu República Presidencialista. A partir dessa lógica do art. 2º do ADCT, parte da doutrina considera que, se o povo, enquanto legítimo titular do poder, escolheu República Presidencialista, 3 Princípios Fundamentais II DIREITO CONSTITUCIONAL www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online não poderia o Congresso Nacional, formado por meros representantes do povo, alterar de República para Monarquia. Havendo essa vedação, existe a limitação material implícita, por não estar expressamente trazida pela CF. A outra parcela da doutrina considera que, tendo havido um plebiscito, pode- ria ocorrer outro? Pode o Congresso nacional convocar mais um plebiscito para perguntar ao povo brasileiro se quer República ou Monarquia, e o povo pode mudar de ideia. Se há a possibilidade de um novo plebiscito, de uma mudança de opinião, não é uma limitação material implícita. PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO Art. 1º, caput, in fine. Estado Democrático Denota o Regime de governo. Um regime de governo estruturado de baixo para cima, porque observa a soberania popular. ESPÉCIES DE DEMOCRACIA 1. Democracia Direta: Todas as decisões políticas são tomadas diretamente pelo povo. Dada a densidade demográfica e extensão territorial, é impraticável, na forma da Grécia antiga, quando o povo se reunia na praça e escolhia os seus governantes. Tornou-se uma reminiscência histórica: 2. Democracia Indireta: representativa, em que todas as decisões políticas são tomadas por representantes eleitos; 3. Democracia Semidireta: também conhecida como participativa, na qual a maioria das decisões políticas são tomadas por representantes eleitos, porém há traços de democracia direta. No Brasil há a Democracia Semidireta, conforme o disposto no art. 1º, § único da CF, no qual está referida a soberania popular – todo o poder emana do povo, que o exerce por representantes eleitos ou diretamente nos termos da CF. A maioria das decisões são tomadas por representantes eleitos, mas há na CF traços de democracia direta. Quais são esses traços de democracia direta trazidos pela CF? 4 Princípios Fundamentais II DIREITO CONSTITUCIONAL www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online O art. 14º estabelece, como exemplos, três: plebiscito, referendo e iniciativa popular de leis. O Tribunal do Júri é uma marca de democracia direta: são representantes do povo que estão no conselho de sentença para decidir se absolvem ou condenam aquele que cometeu um crime doloso contra a vida. A ação popular é um instrumento que viabiliza o poder popular contra a coisa pública, dando ao cidadão a possibilidade de propor esse remédio constitucio- nal. As audiências públicas, o orçamento participativo, em que o povo pode par- ticipar diretamente na formulação do orçamento daquela entidade federativa. Portanto, há traços de democracia direta que não se resumem ao rol do art. 14º. ESTADO DE DIREITO O Estado de Direito é aquele que observa o império da lei diferentemente do Estado de Polícia, que é sinônimo do Estado absolutista, o Estado com poderes ilimitados. O Estado de Direito é aquele que observa as leis vigentes: o Estado cria as leis, mas se submete a elas. A CF atribui poderes ao Estado, mas também limita esses poderes. PRINCÍPIO DA SOBERANIA POPULAR Art. 1º, parágrafo único. Ligado ao ideal democrático. Todo o poder emana do povo umbilicalmente ligado ao ideal democrático. Democracia e soberania popular são duas faces da mesma moeda, insepará- veis. É o governo do povo, pelo povo e para o povo. �����������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Luciano Dutra.
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