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Livro_interpretacao_de_textos_para_concursos_publicos_19637

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Prévia do material em texto

INTERPRETAÇÃO 
DE TEXTOS 
PARA CONCURSOS INT
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Verônica Daniel Kobs
SérieSérie
Série Aprova Concursos
 
 Os concursos no Brasil atraem, todos os anos, milhares de 
pessoas interessadas em conquistar uma vaga em uma instituição pública. 
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 Raciocínio Lógico para Concursos 
 Conhecimentos Bancários para Concursos 
 Finanças Públicas para Concursos 
 Interpretação de Textos para Concursos 
 Legislação de Trânsito para Concursos 
 Legislação Especial para Concursos (Direito do Idoso – Direito 
das Pessoas Portadoras de Deficiência – Declaração Universal dos 
Direitos Humanos – Direito da Criança e do Adolescente)
 Questões Resolvidas de Língua Portuguesa para Concursos 
 Questões Resolvidas de Matemática para Concursos 
 Questões Resolvidas de Raciocínio Lógico para Concursos 
 Questões Resolvidas de Direito Constitucional para Concursos
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mais informações www.iesde.com.br
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 
PARA CONCURSOS
Verônica Daniel Kobs
IESDE Brasil S.A.
Curitiba
2010
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K75i Kobs. Verônica Daniel, / Interpretação de textos para concursos. / Verônica 
Daniel Kobs. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2010.
204 p. [Série Aprova Concursos]
ISBN: 978-85-387-1284-8
1. Interpretação. 2. Tipologia textual. 3. Estrutura. 4. Elementos coesivos. 
I. Título. 
CDD 869.07
IESDE Brasil S.A 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2010 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e 
do detentor dos direitos autorais.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.
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Verônica Daniel Kobs
Doutora em Estudos Literários mestra em Li-
teratura Brasileira e licenciada em Letras Portu-
guês-latim pela Universidade Federal do Paraná 
(UFPR).
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Elementos estruturais do texto 
9
9 | Parágrafo
11 | Período
Coesão 
27
30 | Elementos coesivos e relações lógicas
30 | Causa e efeito
33 | Coesão e sinonímia
Partes do texto e compreensão do texto 
45
45 | Partes do texto
50 | Compreensão do texto
Ambiguidade e paráfrase 
65
65 | Ambiguidade
70 | Paráfrase
Fato, opinião e tipos de discurso 
87
87 | O que é fato ou opinião no texto?
92 | Tipos de discurso
Tipos de texto 
107
107 | Informativos e literários
109 | Textos informativos
112 | Textos literários
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Texto argumentativo 
125
127 | Partes do texto argumentativo
130 | Recursos do texto argumentativo
Textos não verbais, humorísticos e irônicos 
143
143 | Textos não verbais
Estratégias e recursos na construção do texto 
165
168 | Pontuação e elementos coesivos
169 | Citação e exemplos
170 | Perguntas
171 | Oralidade
172 | Temas do cotidiano
174 | Comparação
175 | Escolha vocabular
176 | Repetição
Interpretação de textos complexos 
187
189 | Leitura do texto
190 | Análise do texto
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Interpretação de Textos 
para C
oncursos
Apresentação
O material de interpretação de textos é com-
posto de dez aulas e visa à apresentação dos ele-
mentos fundamentais para a elaboração textual 
nos aspectos de estrutura e conteúdo. Partindo 
das questões básicas para as mais complexas, os 
tópicos abordados objetivam treinar o aluno para 
a análise de textos diversos e com diferentes graus 
de dificuldade. Para isso, os conteúdos encontram-
se organizados conforme abaixo. 
 Capítulo 1 – Elementos estruturais do texto
 Capítulo 2 – Coesão
 Capítulo 3 – Partes do texto e compreensão 
do texto
 Capítulo 4 – Ambiguidade e paráfrase.
 Capítulo 5 – Fato, opinião e tipos de discurso
 Capítulo 6 – Tipos de texto
 Capítulo 7 – Texto argumentativo
 Capítulo 8 – Textos não verbais, humorísti-
cos e irônicos
 Capítulo 9 – Estratégias e recursos na cons-
trução do texto
 Capítulo 10 – Interpretação de textos 
complexos
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Elementos estruturais do texto
O texto é um conjunto de ideias acerca de um tema e deve desenvolver e 
aprofundar um assunto, a partir do encadeamento e da progressão de infor-
mações. Partindo da estrutura maior para a menor, temos
texto; �
parágrafos; e �
períodos. �
Parágrafo
Os parágrafos têm duas funções de muita importância na organização tex-
tual. A primeira delas é oferecer um leiaute agradável aos leitores. Ler um texto 
longo e com um parágrafo único não é uma tarefa muito fácil e muito menos 
atraente. Por isso, a paragrafação encarrega-se de dividir o texto em blocos.
Claro que essa divisão não é aleatória e é nesse ponto da questão que en-
tramos na segunda função desempenhada pelo parágrafo: a unidade temá-
tica. Cada parágrafo detém-se sobre uma parte do tema do texto. Vejamos 
um exemplo.
Britânicos desvendam mistério 
de cova com 51 crânios
(BRITÂNICOS desvendam mistério de cova com 51 crânios, 2010, grifos nossos)
As ossadas de 51 pessoas decapitadas encontradas no sul da Grã-Bretanha 
em junho do ano passado foram identificadas como pertencendo a povos vi-
kings que habitaram o país na virada para o segundo milênio. 
Desde que a cova foi encontrada em junho de 2009, durante a construção 
de uma rodovia no condado de Dorset para os Jogos Olímpicos de Londres-
-2012, arqueólogos vinham tentando desvendar o mistério da identidade da-
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10
Elementos estruturais do texto
queles ossos e por que os crânios estavam separados do restante dos corpos.
[…]
A partir do teste do carbono-14, os cientistas concluíram que aquelas 
pessoas foram mortas entre os anos 910 e 1030.
Nessa época, os anglo-saxões sofriam com as constantes incursões de 
povos vikings na Grã-Bretanha, e conflitos entre líderes dos dois lados por 
controle da região eram comuns. 
Com a leitura do trecho acima, comprovamos facilmente que, embora o 
texto esteja dividido em quatro parágrafos, há uma sequência lógica. Obser-
vando o começo e o final de cada parágrafo, a continuidade aparece como 
característica positiva e fundamental na organização do texto. 
Para entender como a relação entre os parágrafos funciona, vamos ana-
lisar o texto. Primeiro, vamos tentar recortar apenas o início e o fim de cada 
parágrafo, destacados em itálico. Se colarmos cada uma dessas partes uma 
ao lado da outra, na ordem em que aparecem, aparentemente não haverá 
continuidade e muito menos lógica. No entanto, o uso da expressão nessa 
época, no último parágrafo, só faz sentido quando percebemos claramente 
que ela se refere ao que já foi mencionado, anteriormente,no texto, ou seja, 
o período “entre os anos 910 e 1030”. 
Mas falávamos, antes, sobre a unidade temática do parágrafo. Pois bem: 
no terceiro parágrafo, o foco é o teste usado para determinar quando as pes-
soas tinham sido mortas. Já no quarto parágrafo, a opção do autor é clara: 
oferecer mais dados sobre a época informada no parágrafo anterior. 
Parágrafo e apresentação do texto
Vamos, agora, analisar um parágrafo apenas, sobre assunto diferente da-
quele abordado no texto acima:
Na semana passada, a indisciplina na escola foi notícia em diversos meios 
de comunicação. Diante das últimas notícias envolvendo adolescentes 
entre 14 e 18 anos, pais e especialistas em educação e comportamento têm 
se mobilizado para tentar entender a causa da agressividade dos jovens de 
hoje. A falta de limites e o acesso irrestrito à tecnologia aparecem como os 
fatores mais preocupantes.
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Elementos estruturais do texto
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O parágrafo que acabamos de ler faz uma síntese, o que é muito comum 
no início dos textos, quando o assunto é apresentado ao leitor. É a partir dele 
que outros parágrafos serão criados e organizados, para o desenvolvimento 
da ideia apresentada. Não temos o texto inteiro, ainda, mas já podemos tirar 
conclusões a partir desse início que nos foi exposto. Vamos lá!
Qual é o tema do texto? – A indisciplina de adolescentes na escola. �
A julgar pelo trecho lido, qual foi o resultado dessa indisciplina? – Algum �
caso de violência noticiado pelos principais meios de comunicação.
Que outros temas podem ser desenvolvidos, em parágrafos posterio- �
res, para aprofundar as informações do parágrafo inicial? – Algumas 
possibilidades são depoimentos de pais e pessoas ligadas à educação, 
como professores, diretores de escolas etc.; e detalhamento das causas 
que receberam destaque no parágrafo dado (“falta de limites” e “aces-
so irrestrito à tecnologia”).
Período
Assim como um texto é formado de parágrafos, o parágrafo é formado de 
unidades menores, chamadas períodos. Os períodos podem ser simples ou 
compostos, e o que determina o tipo ou a modalidade de cada período é o 
número de orações ou de verbos que ele apresenta. Considera-se um período 
cada bloco de palavras iniciado por letra maiúscula e finalizado por ponto.
Exemplo de período simples:
A instalação de mais radares eletrônicos garantirá mais segurança no 
trânsito.
(um verbo = uma oração = período simples) 
Exemplo de período composto:
O crescimento desenfreado, nas grandes cidades, provoca inúmeros pro-
blemas no trânsito, que passará a ser monitorado por novos radares. 
(dois verbos ou mais = duas ou mais orações = período composto) 
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Elementos estruturais do texto
Relação entre os períodos
Assim como a sequência dos parágrafos não pode ser aleatória no texto, os 
períodos contam com alguns elementos que garantem a construção lógica, 
a progressão de ideias e, principalmente, a completude da informação.
Vamos retomar o exemplo dado na parte anterior, para uma análise mais 
detalhada: 
O crescimento desenfreado, nas grandes cidades, provoca inúmeros pro-
blemas no trânsito, que passará a ser monitorado por novos radares.
De imediato, temos uma relação de causa (“crescimento desenfreado”) e 
consequência (“inúmeros problemas no trânsito”).
Para sanar o problema causado pelo crescimento desenfreado, uma so-
lução é apresentada. Logo, temos uma segunda relação de causa e conse-
quência, mas, agora, a causa (“inúmeros problemas no trânsito”) tem como 
consequência a instalação de novos radares.
Tudo o que mencionamos até agora pode ser resumido com o seguinte 
esquema:
Causa 1 → Consequência 1
 = Causa 2 → Consequência 2
Outra possibilidade de simplificação desse encadeamento de ideias é: 
Causa → Consequência/problema → Solução
O importante é que, independentemente do esquema que se utilize, con-
firma-se a clareza do período, que não atropela a sequência dos fatos. Ima-
ginem o caos que poderia ser causado se as partes do período aparecessem 
organizadas de outro modo:
O crescimento desenfreado passará a ser monitorado por novos radares, 
nas grandes cidades, provoca inúmeros problemas no trânsito. 
Agora, indo um pouco além da ordem das informações, dentro do perío-
do, pensemos sobre a função de determinadas palavras, sem as quais ficaria 
difícil entender a mensagem. Se tirarmos do período, por exemplo, a palavra 
que, o prejuízo será grande:
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Elementos estruturais do texto
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O crescimento desenfreado, nas grandes cidades, provoca inúmeros pro-
blemas no trânsito, passará a ser monitorado por novos radares.
A ausência do que faz com que o verbo passar (passará) não seja ligado 
a nenhum termo. O resultado é incompletude e confusão – afinal, não está 
claro o que “passará a ser monitorado por novos radares”. Seria o trânsito ou 
o crescimento desenfreado?
O problema do período incompleto
Quem já não escreveu um período incompleto? Observemos dois exem-
plos de ocorrências bastante comuns na língua portuguesa: 
O livro X, que comprei na semana passada. 
Nesse exemplo, o período simplesmente não tem um fim. Duas formas de 
arrumar essa construção facilmente são:
Comprei o livro X, na semana passada.
Ou:
O livro X, que comprei na semana passada, não custou caro.
Solucionar o problema não é difícil, mas saber por que o problema acon-
teceu é fundamental e aí vai o recado: cuidado com o uso do que. Esse pro-
nome relativo sempre insere no período uma informação complementar, 
mas o que de fato importa é não se esquecer de terminar ou completar a 
informação principal ou básica.
Para entender a função das informações básica e complementar no perí-
odo, observemos o esquema abaixo:
O Livro X que comprei na semana passada não custou caro.
Parte 1 da 
informação 
básica
Informação complementar
Parte 2 da 
informação 
básica
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Elementos estruturais do texto
Vejam que, somando as partes 1 e 2 da informação básica do período, 
temos uma ideia completa, formada por sujeito e predicado: 
O livro x não custou caro.
Sujeito Predicado
Se destacarmos do período apenas a informação complementar, teremos
…que comprei na semana passada…
Mas o que foi comprado? Faltam dados importantes nesse tipo de infor-
mação, mas a conclusão é simples: a informação complementar não é com-
pleta e não tem autonomia no período. 
Relatores
Relatores equivalem ao que muitos livros e gramáticas de língua portu-
guesa denominam conectivos e são as palavras encarregadas de, como o 
nome já diz, estabelecer relações entre os períodos ou entre suas partes. 
Essas relações podem ser de soma, contradição etc. Os tipos de relatores são 
bastante numerosos. Vejamos alguns exemplos.
Amanhã tenho um compromisso, mas darei um jeito de ir à reunião.
O mas estabelece uma relação de contrariedade entre as partes do perí-
odo porque o fato de já existir um compromisso teria como consequência a 
ausência na reunião. No entanto, isso não ocorre e o termo responsável por 
isso é o mas, que é uma conjunção adversativa.
Disse que não iria à reunião. Além disso, telefonou ao chefe comunicando 
que faltaria ao trabalho no dia seguinte. 
No exemplo acima, o relator além disso liga um período ao outro e ressal-
ta a ideia de soma (ausência na reunião + ausência no emprego).
A função de relator pode ser desempenhada por palavras ou locuções 
conjuntivas, assim como por pronomes ou substantivos, como nos exemplos 
abaixo.
A Lua, que é o satélite natural da Terra, tem quatro fases.
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Elementos estruturais do texto
15
O queé um pronome relativo, que dá nova informação sobre a Lua e ao mesmo 
tempo evita a repetição da palavra a que se refere (Lua). Sendo assim, podemos 
dizer que o período acima é o resultado da união de duas informações:
A Lua é o satélite natural da Terra + A Lua tem quatro fases.
A mesma função desempenhada pelo que pode ser desempenhada por um 
substantivo sinônimo da palavra sobre a qual temos duas informações a dar:
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas. A docente dá aulas 
às turmas de primeiro ano.
Outra opção de relator bastante comum é o uso de pronomes pessoais:
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas. Ela dá aulas às 
turmas de primeiro ano.
Vejamos, agora, alguns modos de transformar os dois períodos em um só, 
evitando repetições e organizando as informações logicamente:
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas e dá aulas às turmas 
de primeiro ano. 
(O e simplesmente une as duas informações sobre a professora.)
A professora de Educação Física só tem aulas às quartas, nas turmas de pri-
meiro ano. 
(Aqui, em vez de relatores, são usadas a pontuação e a abreviação da se-
gunda informação.)
A professora de Educação Física, que só tem aulas às quartas, dá aulas às 
turmas de primeiro ano. 
(O pronome relativo que é usado para transformar um dos períodos em 
informação complementar.)
Relatores internos e externos
É importante perceber que, na fala e na escrita, podem ser usados relato-
res externos, ou seja, elementos que não fazem referência a palavras men-
cionadas anteriormente. Nesse caso, a elucidação do termo usado como re-
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Elementos estruturais do texto
lator pode depender do ambiente que cerca os falantes, em uma situação 
de diálogo, por exemplo, ou do conhecimento prévio. Exemplos do uso de 
relatores externos na fala:
O que será que é aquilo ali?
Olha só a roupa dela!
E daí, conseguiu resolver aquela questão?
Para entender o uso dos relatores sem um antecedente expresso, façamos 
algumas suposições sobre os exemplos apresentados:
Os interlocutores veem um objeto que gera curiosidade, porque eles �
não sabem do que se trata, por isso o emprego de aquilo ali.
Os falantes podem estar, por exemplo, em um ônibus, e veem uma �
mulher na rua que lhes chama atenção pela roupa que usa, daí o em-
prego do relator dela.
Provavelmente, os falantes são amigos e já tinham conversado, anterior- �
mente, sobre aquela questão, que pode ser o pagamento de uma dívida, 
a ameaça de reprovação no colégio, uma briga com a namorada etc.
Pensando, agora, no uso dos relatores internos, é indispensável que eles 
se relacionem a um antecedente e que, como o nome já diz, que os antece-
dentes sejam apresentados antes dos relatores. Em uma escrita formal, que 
não pressupõe muita intimidade entre o escritor e o leitor do texto, não é 
adequado começar com a utilização de relatores sem antecedentes. Para en-
tender melhor a necessidade de obedecer à ordem antecedente + relator, 
vamos comparar as ocorrências abaixo:
A diretora dessa escola é muito rígida.
(Dessa escola? De qual escola?)
A escola X fica no bairro onde moro. A diretora dessa escola é muito rígida. 
(Dessa escola = Da escola X)
A primeira opção deixa uma lacuna que não pode ser preenchida sim-
plesmente porque o nome da escola não foi apresentado antes do uso do 
relator dessa.
Já a opção dois está correta, porque apresenta, em dois períodos diferentes, 
duas informações sobre a escola: uma sobre a localização e outra sobre a dire-
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Elementos estruturais do texto
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tora. Neste caso, o relator dessa cumpre duas funções: a de evitar a repetição 
do nome da escola e a de estabelecer uma relação lógica entre os períodos.
Texto complementar
Leia o texto abaixo observando o uso de relatores, a formação dos perío-
dos e a divisão do texto em parágrafos. Boa leitura!
Aula de redação
(GOMES, 2000, p. 74-77)
Dia desses meu filho João Marcelo veio com jeito de quem acabou de 
pensar no assunto, colocou a mão no meu ombro e pediu:
– Me ajuda a fazer uma redação?
Fiquei espantado. Primeiro, ele não é de pedir ajuda, cuidando de seus as-
suntos de escola com total independência – de resto, não admite que nin-
guém meta neles o nariz (o que inclui o meu nariz e o da mãe dele). Segundo, 
escreve com facilidade, por que estaria me fazendo aquele pedido? Terceiro, e 
pior de tudo, entrei em pânico com a perspectiva de “escrever uma redação”.
Sempre padeci de calafrios diante de professores de português. Lembro de 
um – o professor Salles, do Colégio D. Pedro II, em Blumenau –, que havia es-
crito um livro inteiro sobre as funções do pronome que, com o que nos assom-
brou ao longo de todo o segundo grau. A redação não me produzia tantos 
calafrios, mas era um sofrimento arranjar com o que preencher 30 linhas a 
respeito do “Fim de semana com meus pais” ou “A gota de orvalho”.
Por isso, sempre que posso saio em defesa dos pobres alunos de redação. 
Escrever, mesmo um bilhete para o vizinho, é uma tarefa solitária, que merece 
todo o respeito. Já os alunos são obrigados a escrever em público, em meio a 
uma multidão de carteiras, de olhos curiosos, risinhos de mofa, além do severo 
e vigilante olhar de águia do professor. É demais.
Depois, servem-se apenas de uma caneta e de uma folha de papel na qual 
devem depositar tantas linhas. Acho desumano. Eu, que já vou para o 12.º 
livro, escrevo no meu tugúrio, protegido por portas e campainhas, o telefo-
ne fora do gancho, armado com vários dicionários, diversas enciclopédias, o 
corretor ortográfico instalado no computador e, quando tudo isso falha, saio 
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18
Elementos estruturais do texto
pela casa ao encalço de minha mulher para fazer a ela, pela milésima vez, a 
pergunta humilhante, já errando na grafia:
– Cozinha é com z ou com s?
Não consigo decidir. Há um trauma profundo que me impede fixar de uma 
vez por todas a grafia de certas palavras, além de algumas concordâncias. 
Pensei que eu fosse um caso único no planeta dos escritores, mas dia destes li 
uma crônica do Fernando Sabino confessando ser incapaz, entre outras coisas, 
de lembrar se pêsames é com z ou com s.
Quando não descubro nos livros a resposta para minhas dúvidas e minha 
mulher não está em casa, telefono para dois amigos que são craques nesta 
seara. O João Alfredo Dal’Bello, meu consultor para latim, alemão, italiano e 
gramatiquices em geral, e o Sírio Possenti, que alcanço lá em Campinas, de 
onde me salva de minhas asnices, não raro aconselhando que eu mande a 
gramática cachimbar formiga.
Além de dispor de todo este arsenal, só escrevo quando bem entendo e 
sobre o que bem entendo, dono absoluto de meu nariz e de meus delírios. Por 
isso morro de pena dos estudantes obrigados a fazer redação. Sem dicioná-
rios, enciclopédias, sem o Sírio Possenti e o João Alfredo, sem o corretor orto-
gráfico do micro, engessados em 20 linhas que devem cobrir com letra legível 
– ó tormento dos tormentos! – e ideias originais a respeito de um assunto ao 
qual acabaram de ser apresentados! Pode tortura maior?
Por isso entrei em parafuso quando meu filho me fez o pedido fatal. E 
agora? E se a ação se passar na cosinha (ou cozinha) e, por alguma razão in-
sondável, for necessário dar pêsames (ou pêzames) a alguém? Como vou ex-
plicar ao João Marcelo que, depois de 12 livros, nem isso aprendi?
E como vou fazer uma introdução, um desenvolvimento, uma conclusão? 
Como vou ter certeza de que, num parágrafo, desenvolvi uma ideia completa? 
E o pronome que? E as regras da próclise e da ênclise? E a ordem direta e a 
clareza? E a crase, meu Deus, a crase!?
Estou há três dias sofrendo amargamente, rezando para que meu filho es-
queça do pedido ou não precise maisde mim. Ontem ele me disse que, antes 
de começarmos a redação, iria telefonar para uma amiga (a Fernanda, a Bruna, 
a Manu, não sei). Acabou engatado ao telefone pelas duas horas seguintes, 
esqueceu de mim, graças a Deus. Hoje, resolveu fazer um hambúrguer, depois 
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Elementos estruturais do texto
19
começaríamos. Fiquei aqui suando frio. Acabou dizendo que estava cansado, 
ia dormir. Respirei aliviado.
E amanhã? Que me espera? Além disso, acrescentei uma nova aflição a 
meus tormentos: o que pensará a professora de nossa redação? Posso vê-la 
com um imenso lápis vermelho em punho distribuindo bangornadas correti-
vas em minhas mal traçadas linhas. E, aflito, me imagino nos próximos dias a 
perguntar ao João Marcelo: que nota tiramos?
Pior ainda: e se a professora ler esta crônica? Acabo reprovado. Meu Deus, 
nada é mais assustador do que um professor de português! Ó, Senhor, tenha 
piedade dos escritores e dos pobres alunos obrigados a escrever redações! 
Atividades
O texto abaixo também foi retirado do site da Globo. O começo você leu 
no início deste capítulo. Leia, agora, o final.
1. Se tivéssemos de resumir o assunto de cada parágrafo apresentado, 
acima, faríamos a divisão abaixo.
Com base nas cerâmicas encontradas na cova, os arqueólogos 
suspeitaram inicialmente que as ossadas datavam de um período 
entre 800 a.C. e 43 d.C., ou seja, entre a Idade do Ferro e o início da 
Era Romana. Mas os exames do carbono 14 provaram que os restos 
mortais eram muito mais recentes.
Os cientistas sabem também que a maioria dos ossos pertencia 
a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa saúde. Há 
também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enterrados 
nus, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova. (BRITÂ-
NICOS..., 2010, grifos nossos)
 Primeiro parágrafo:
 
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Elementos estruturais do texto
 Segundo parágrafo: 
2. Classifique o último período do primeiro parágrafo como simples ou 
composto e explique o porquê.
3. Retome os relatores marcados no texto e cite a ideia que estabelecem 
ou os antecedentes a que se referem.
4. Retome os períodos do segundo parágrafo do texto e marque apenas 
as informações básicas de cada um deles. Justifique sua resposta.
5. Una os períodos abaixo usando relatores.
a) A moça era alta. A moça usava sapatos de salto alto.
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Elementos estruturais do texto
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b) Meu amigo excedeu o limite de velocidade. O limite de velocidade 
é de 60 km/h.
c) Ele adoeceu. Ele não foi à viagem com os amigos.
6. (EFOA - MG) Há período composto em
a) “Ao lado da dissertação, deveria restaurar-se também o prestígio 
da tabuada.”
b) “…o mesmo não se pode dizer de outros engenhos.”
c) “Temos aí, reproduzido, com a máxima fidelidade, o diálogo.”
d) “Aí, então, podem contar comigo para aplaudir a máquina.”
7. No período: Ele tentou ser rápido, porém não deixou de chegar atrasa-
do ao encontro, temos
a) ausência de relator.
b) relator que expressa sentido de acréscimo.
c) o uso do porém como relator adversativo, expressando contrarie-
dade.
d) o uso do porém como relator externo.
8. Considerando os exemplos abaixo, em qual deles está correta a rela-
ção entre pronome relativo e antecedente?
a) “A revista que procuro tem uma matéria sobre animais abandona-
dos.” (que: revista)
b) “O professor da matéria que não consigo entender ganhou uma 
bolsa de estudo.” (que: professor)
c) “Eu contei o segredo que guardava comigo, desde criança.” 
(que: eu)
d) “A igreja fica na praça central, que está sempre lotada. (que: igre-
ja)
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Elementos estruturais do texto
9. Marque a alternativa que faz uso de um relator externo.
a) “A moça que avistei na rua não me parecia estranha.”
b) “Parece que lá você pode encontrar o que está procurando.”
c) “Além de mandar um e-mail, telefonei para avisar da promoção.”
d. “Vim até aqui porque você não atendeu ao meu telefonema mais 
cedo.”
10. Leia o fragmento a seguir:
 A partir do teste do carbono 14, os cientistas concluíram que aquelas 
pessoas foram mortas entre os anos 910 e 1030.
 Sobre o período acima, é correto afirmar que
a) é composto por período simples.
b) é formado apenas por informação básica.
c) é formado por período composto.
d) tem como informação complementar o trecho: “que aquelas pes-
soas foram mortas entre os anos 910 e 1030”.
11. Observe as marcações das informações complementares, nos perío-
dos abaixo.
I. Apesar de chover forte, terá de sair.
II. A prova, da matéria de matemática, será realizada amanhã, na sala 
302.
III. A dívida, que passa dos dez mil reais, será paga em três meses ape-
nas.
 Estão corretas:
a) Apenas a alternativa I.
b) Apenas as alternativas I e II.
c) Apenas as alternativas II e III.
d) Apenas a alternativa III. 
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Elementos estruturais do texto
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12. Observe o parágrafo abaixo.
 Os cientistas sabem também que a maioria dos ossos pertencia 
a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa saúde. Há 
também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enterrados 
nus, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova.
 É correto afirmar que o relator destacado (eles)
a) refere-se a cientistas.
b) é o único relator que se refere a adolescentes e jovens.
c) exemplifica o uso do relator externo.
d) é usado (assim como o que) para retomar o antecedente adoles-
centes e jovens. 
13. Marque a opção que une os períodos abaixo corretamente.
 O etanol teve queda de preço, na semana passada. O etanol voltou 
a ser a opção de combustível mais barata.
a) O etanol, que teve queda de preço na semana passada, voltou a 
ser a opção de combustível mais barata.
b) O etanol teve queda de preço na semana passada, mas voltou a ser 
a opção de combustível mais barata.
c) O etanol teve queda de preço porque voltou a ser a opção de com-
bustível mais barata na semana passada. 
d) Além da queda de preço na semana passada, o etanol voltou a ser 
a opção de combustível mais barata.
Gabarito
1. Primeiro parágrafo: pesquisas científicas para determinar a época das 
ossadas encontradas.
 Segundo parágrafo: características das ossadas encontradas.
2. O período: “Mas os exames do carbono-14 provaram que os restos 
mortais eram muito mais recentes.” é composto, porque nele há dois 
verbos – provaram e eram.
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Elementos estruturais do texto
3. Mas: o antecedente é a ideia expressa no texto, em todo o primeiro 
período, e mas é uma conjunção adversativa; indica contrariedade.
 Os restos mortais: referem-se a “ossadas” (linha 2). O relator é sinônimo 
do antecedente. Que: é um pronome relativo que retoma adolescentes 
e jovens. Para confirmar isso, basta reler o período inteiro: “Os cientistas 
sabem também que a maioria dos ossos pertencia a adolescentes e 
jovens, que seriam altos e teriam boa saúde.”
4. Primeiro período: “Os cientistas sabem também que a maioria dos os-
sos pertencia a adolescentes e jovens, que seriam altos e teriam boa 
saúde.” A informação básica é a parte sublinhada, porque é composta 
de sentido completo e tem autonomia de significado. Segundo perío-
do: “Há também a suspeita de que eles tenham sido mortos ou enter-
rados nus, porque não há vestígio de roupas ou adornos na cova.” Aqui 
também a informação básica é a parte sublinhada, porque é composta 
de sentido completo e tem autonomia de significado.
 Repare que nos dois períodos as informações complementares são 
aquelas iniciadas por relatores (que e porque), o queas torna incom-
pletas e não autônomas.
5.
a) Resposta possível: A moça era alta e usava sapatos de salto alto.
b) Resposta possível: Meu amigo excedeu o limite de velocidade, 
que é de 60 km/h.
c) Resposta possível: Porque ele adoeceu, não foi à viagem com os 
amigos.
6. D
7. C
8. A
9. B
10. C
11. C
12. D
13. A
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Elementos estruturais do texto
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Dica de estudo
Para fixar os conteúdos apresentados, escreva um parágrafo a partir da 
oração:
É cada vez maior o número de adolescentes com problemas de alcoolismo.
Desenvolva a ideia proposta formando um parágrafo de cinco períodos 
ou mais. Não se esqueça de, nesse texto, usar relatores.
Referências
BRITÂNICOS desvendam mistério de cova com 51 crânios. G1 Globo.com, 12 
mar. 2010, Seção Ciência e Saúde. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/
Ciencia/0,,MUL1526589-5603,00.html>. Acesso em: 12 mar. 2010. 
GOMES, Roberto. Aula de redação. In: ______. Alma de Bicho. Curitiba: Criar Edi-
ções, 2000.
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Coesão
A coesão é o principal elemento de encadeamento e construção do texto. 
Os elementos coesivos desempenham a função de ligar as ideias umas às 
outras, sem descuidar da lógica e da progressão das informações dadas. Para 
que o texto seja coeso, não basta escrever um número razoável de períodos, 
agrupá-los sem muito critério em parágrafos e, depois, somar os parágrafos já 
formados a outros, para, da união deles, chegar à construção de um texto. 
Como se vê, de acordo com esse raciocínio, que retomou brevemente as 
etapas de formação de um texto, os períodos e os parágrafos não passam 
de peças de um grande quebra-cabeças. Sendo assim, para unir uma peça à 
outra e para conseguir, com numerosas combinações, formar um conjunto 
que faça sentido e seja compreendido pela maioria dos leitores, é necessário 
escolher com cuidado os elementos coesivos, que são os grandes responsá-
veis pela montagem textual.
Essa tarefa é desempenhada por diferentes tipos de palavras: conjunções, 
advérbios, pronomes, preposições, locuções etc. O correto emprego dos ele-
mentos coesivos gera a interdependência das informações apresentadas no 
texto, promovendo a continuidade e estabelecendo relações entre o que 
está sendo dito ou escrito e os dados já mencionados anteriormente.
Obviamente, a coesão relaciona-se fortemente à coerência do texto 
– afinal, para que um texto seja coerente é necessário que os conectivos 
tenham sido bem empregados, para evitar a incompletude de algumas 
partes do texto ou mesmo o conflito entre as ideias apresentadas. Vejamos 
um exemplo de texto coeso (e também coerente).
Scorsese domina um jogo de aparências
(NETTO, 2010)
Começa Ilha do medo, o detetive Teddy Daniels passa mal. Logo se 
descobre que ele está num navio e sente enjoo. No convés, ao lado do 
parceiro Chuck e debaixo de um céu cinza, carregado, ele conversa 
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Coesão
sobre o trabalho. Os dois viajam para uma ilha-presídio onde ficam os 
criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais tem disposição 
para tratar. Os doentes mais perigosos do país.
A cena é banal, nada demais acontece, mas a música de fundo sugere 
a presença do mal – parece que o navio vai ser engolido pelo mar ou 
outra tragédia qualquer. A composição de Krzysztof Penderecki não é um 
achado do diretor Martin Scorsese porque o polonês já trabalhou para 
David Lynch (o que diz muito sobre sua obra) e muitos o estimam. 
Para entender melhor a importância dos elementos coesivos no texto e iden-
tificar os antecedentes a que eles se referem, façamos uma rápida análise dos 
termos destacados no trecho transcrito.
Já no início, temos o uso de três relatores: 
ele � , que a aparece duas vezes;
no convés � ; e 
os dois � . 
Relembrando o início do texto, temos: 
Começa Ilha do medo, o detetive Teddy Daniels passa mal. Logo se desco-
bre que ele está num navio e sente enjoo. No convés, ao lado do parceiro 
Chuck e debaixo de um céu cinza, carregado, ele conversa sobre o trabalho. 
Os dois viajam […].
Fica claro que ele, nos dois casos, refere-se ao detetive Teddy Daniels, pois 
primeiro vem a informação de que ele “passa mal” e, logo depois, de que “ele 
está num navio e sente enjoo”. O uso do ele, pronome pessoal do caso reto, 
dá nova informação sobre o detetive e evita a repetição do seu nome.
A locução adverbial no convés serve para lembrar ao leitor que os perso-
nagens estão em um navio e para indicar a posição deles nesse ambiente. 
No mesmo período introduzido por essa locução há o uso do relator ele no-
vamente: “[…] ao lado do parceiro Chuck e debaixo de um céu cinza, carre-
gado, ele conversa sobre o trabalho”. Não há dúvida de que ele refere-se a 
Teddy e não a Chuck, já que esse segundo personagem ainda é periférico e 
secundário no texto. Mesmo ele tendo aparecido, o texto continua a infor-
mar sobre Teddy, principalmente.
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Coesão
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Porém, no próximo período, Chuck começa a ganhar importância. Como 
ele já foi apresentado, passa agora a dividir a cena com Teddy. Em razão 
disso, o relator os dois retoma Teddy e Chuck. Perceba que, nesse caso, não 
foi usado um pronome, mas um numeral que serve de sinônimo ao antece-
dente. Além disso, destaque-se que a substituição também evita a repetição 
e abrevia o texto.
Mas o que se diz sobre os dois? Diz-se que “viajam para uma ilha-presídio 
onde ficam os criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais tem 
disposição para tratar.” Pois bem: nessa continuidade, aparece outro relator, 
onde, um pronome relativo que retoma o local de destino dos personagens, 
ou seja, a ilha-presídio. Nesse mesmo período, há a informação de que, na-
quele local, “ficam os criminosos com distúrbios mentais que ninguém mais 
tem disposição para tratar”. 
Mas o autor do texto quer dar outra informação sobre as pessoas que 
habitam a ilha. Simples: ele substitui criminosos com distúrbios mentais por 
doentes, apenas, no período seguinte. Além disso, reparem que o período 
inteiro: “Os doentes mais perigosos do país” ainda não deixa o leitor se es-
quecer de que não se trata de doentes comuns, mas de criminosos doentes, 
por isso eles são também qualificados como os “mais perigosos do país”. O 
lembrete alinhava as partes do texto e acentua a ideia de que cada linha, 
cada período ou cada parágrafo é apenas uma pequena parte do todo.
Passemos agora à análise do segundo parágrafo do texto.
A cena é banal, nada demais acontece, mas a música de fundo sugere a 
presença do mal – parece que o navio vai ser engolido pelo mar ou outra 
tragédia qualquer. A composição de Krzysztof Penderecki não é um achado 
do diretor Martin Scorsese porque o polonês já trabalhou para David Lynch 
(o que diz muito sobre sua obra) e muitos o estimam.
De início, é usado o relator a cena, cujo antecedente pode ser facilmente 
identificado. Para tanto, basta que o leitor pergunte “Que cena?” para lembrar 
a viagem da dupla de detetives à ilha-presídio. Essa é a cena e ela é composta 
pela chegada deles e pelo que veem no local.
Na cena, o autor destaca a função da música, mencionando que ela 
“sugere a presença do mal”. Logo em seguida, o novo período afirma que 
“A composição de Krzysztof Penderecki não é um achado […].” A composição 
é um relator e serve de sinônimo para música. Perceba que as informações 
são apresentadas progressivamente. Primeiro, falou-se do efeito da música, 
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Coesão
depois, de quem a compôs. Na sequência, naturalmente, há relatoresque 
retomam o nome do compositor, para apresentar mais dados sobre ele. Isso 
explica a continuação: “o polonês já trabalhou para David Lynch (o que diz 
muito sobre sua obra) e muitos o estimam” – na qual o polonês retoma 
Krzysztof Penderecki, assim como sua obra (A obra de quem? De Krzysztof 
Penderecki) e muitos o estimam (Estimam quem? Krzysztof Penderecki).
Verificamos, com essa análise, que o texto encadeia informações relacio-
nadas a um grande tema, o filme Ilha do medo, de Martin Scorsese, tornando 
perceptível a função dos elementos coesivos para o desenvolvimento gradual 
e progressivo do conteúdo do texto e para a riqueza do léxico ou vocabulário 
utilizado. Portanto, algumas informações dizem respeito a um mesmo objeto, 
que é nomeado de diferentes formas, com o uso de palavras sinônimas.
Elementos coesivos e relações lógicas 
Causa e efeito
Para estabelecer essa relação, são usados diversos tipos de relatores, tais 
como os que aparecem em destaque nos exemplos abaixo.
Como há muitas etapas burocráticas a serem cumpridas, o processo ainda 
demorará meses.
Por causa da falta de emprego, a situação financeira dessa família é precária.
Embora os exemplos tenham apresentado como relatores apenas como 
e por causa de, podemos ampliar essa lista, tentando substituir os elementos 
coesivos usados por outros, de sentido semelhante: 
Já que há muitas etapas burocráticas a serem cumpridas, o processo ainda 
demorará meses.
Porque há muitas etapas burocráticas a serem cumpridas, o processo ainda 
demorará meses.
Invertendo a ordem das orações do período, é possível também usar o pois:
O processo ainda demorará meses, pois há muitas etapas burocráticas a 
serem cumpridas.
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Coesão
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Tentando, agora, a substituição do relator por causa de, no outro exemplo, 
é possível a seguinte construção:
Em consequência da falta de emprego, a situação financeira dessa família 
é precária.
Outra possibilidade é dividir o período composto em dois outros, simples, 
interligados pelo relator portanto:
Há falta de emprego. Portanto, a situação financeira dessa família é precária.
A relação de causa e efeito está presente em todos os exemplos, ligando o 
fato gerador (excesso de burocracia e falta de emprego) à sua consequência 
(lentidão do processo e situação precária). Porém, variam os modos de rela-
cionar as duas partes da ideia, ou seja, variam os elementos coesivos usados 
e a prova disso é que, a partir de apenas dois exemplos, formamos muitos 
outros, mantendo o mesmo sentido.
Causa e efeito contrário
Esse tipo de relação rompe com o efeito esperado, ou seja, a consequên-
cia provocada vai contra o que se espera diante do fato gerador. Para simpli-
ficar essa ideia, observemos o período abaixo:
Embora estivesse com pressa, evitou pegar o atalho.
Nessa situação, a pressa justificaria o recurso de tomar um atalho. No en-
tanto, a ação esperada não foi concretizada. A causa (pressa) gerou o efeito 
contrário (recusa à possibilidade de pegar o atalho).
Nesse exemplo, o relator usado foi embora, mas há outros que podem 
cumprir a mesma função. Vejamos: 
Apesar de estar com pressa, evitou pegar o atalho.
Estava com pressa, mas evitou pegar o atalho.
Estava com pressa, mas evitou pegar o atalho.
Estava com pressa. Contudo, evitou pegar o atalho.
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Coesão
Estava com pressa. Entretanto, evitou pegar o atalho.
Evitou pegar o atalho, mesmo estando com pressa.
Além dessas possibilidades, há outras, mas mais importante do que mul-
tiplicar os exemplos é perceber que os relatores usados para estabelecer a 
relação de causa e efeito contrário são as conjunções adversativas ou conces-
sivas, porque ambas trabalham com a ideia de oposição ou contrariedade.
Condição
Essa relação também é bastante conhecida pelos falantes e escritores 
da língua portuguesa. A ideia básica que ela encerra é impor uma condição 
para que algo se realize. Exemplo:
Passarei de ano se estudar bastante.
Nessa possibilidade, foi empregado o relator se, porém é permitido o uso 
de outros elementos coesivos, pois o efeito será o mesmo. Vamos conferir:
Passarei de ano caso estude bastante.
Desde que estude bastante, passarei de ano.
Contanto que estude bastante, passarei de ano.
Finalidade
A finalidade, ou o objetivo, também pode ser marcada pelo uso de rela-
tores. Embora a preposição para seja o elemento coesivo mais utilizado em 
uma relação de finalidade, quase sempre é viável a substituição desse relator 
por a fim de ou a fim de que, como demonstram as ocorrências abaixo.
A fim de evitarem a cobrança abusiva de juros, resolveram pagar o impos-
to em dia. 
Para evitarem a cobrança abusiva de juros, resolveram pagar o imposto 
em dia. 
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Coesão
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Adição
Talvez a relação de acréscimo ou adição seja uma das mais utilizadas, pois apa-
rece não apenas na junção de períodos e parágrafos mas também nos termos de 
uma enumeração, caso que aparece entre os exemplos arrolados abaixo.
Comprei caneta, lápis, caderno e apontador.
Ela corre e faz musculação.
Ela corre, mas também faz musculação.
Ela faz musculação, além de correr.
Coesão e sinonímia
Assim como é possível substituir um elemento coesivo por outro, equi-
valente, sem grandes prejuízos de significado, pode-se usar um ou outro 
substantivo como relator. Esse tipo de recurso, também chamado sinonímia, 
permite que o texto se desenvolva e anule as repetições. Às vezes, depen-
dendo da palavra, usar sinônimo como relator é tarefa bastante complica-
da. No entanto, há palavras que admitem um número bastante variado de 
opções. Vejamos:
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a menina se divertia. 
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a garota se divertia. 
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a criança se divertia. 
A menina não cansava de brincar. Jogando bola, a pequena se divertia. 
Com base nessas possibilidades, é fácil concluir que é possível se refe-
rir ao sujeito (a menina) ao menos de quatro modos diferentes (a menina, a 
garota, a criança e a pequena). Isso, claro, sem contar a substituição da pa-
lavra em questão pelo pronome pessoal ela, por um nome próprio (Letícia, 
por exemplo), ou, ainda, por palavras específicas de determinadas regiões 
do país (como é o caso de guria, muito comum no extremo Sul do Brasil).
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Coesão
Sinonímia e manutenção do sentido
Para treinar o bastante usado recurso dos sinônimos, para demonstrar a 
imensa flexibilidade linguística que permite a construção de ideias similares 
a partir da combinação de diferentes elementos, vamos substituir por sinô-
nimos as palavras marcadas nos períodos abaixo.
O lembrete
O recado
O aviso
O comunicado
foi passado por e-mail a todos os funcionários. 
Durante o verão, a casa 
a moradia 
a habitação 
a propriedade
foi alugada. 
Nos dois conjuntos, as mudanças propostas não acarretaram alteração 
significativa no significado dos períodos. Isso quer dizer que, por mais que 
tenham sido usadas palavras diferentes, a ideia principal e inicial foi mantida.
Porém, isso nem sempre acontece. Há muitas palavras com sinônimos 
bastante conhecidos e utilizados, mas que, se empregados em determina-
das situações, podem sugerir intimidade, preconceito, emotividade e assim 
por diante. Para ilustrar essa possibilidade, vamos experimentar trocar a pa-
lavra casa por lar no último exemplo dado. Teríamos, então: 
Durante o verão, o lar foi alugado.
Obviamente, não se pode negar que lar e casa são sinônimos. Entretanto, 
lar não é a alternativa mais apropriada para a ocasião, já que seu significado 
envolve afetividade. Uma casa pode serqualquer casa, mas um lar é a sua 
casa e, justamente por esse laço afetivo, não é normal que ele seja alugado.
Sinonímia e alteração de sentido
Geralmente, a alteração de sentido acontece em casos de substituição de 
um termo por outro, em situações que imprimem à palavra um tom pejora-
tivo – encerrando, portanto, um juízo de valor negativo. Vamos analisar os 
exemplos abaixo, na ordem em que aparecem.
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Coesão
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Ontem, ele se excedeu na bebida.
Ontem, foi dia de bebedeira para ele.
Ontem, ele tomou um pileque.
A ordem dos períodos que nos servem de exemplo é fundamental, porque 
a escala vai desde a expressão comportada e formal se excedeu na bebida, 
passa pelo termo bebedeira, bem mais informal, e chega à expressão popu-
laríssima e quase de baixo calão tomou um pileque. Nessa pequena relação 
de períodos isolados, os sinônimos estão corretamente empregados. No en-
tanto, o uso de determinada palavra ou expressão deve ser sempre regulado 
pelo contexto, que envolve a situação da fala e da escrita e, principalmente, 
o público-alvo a quem se destina a fala ou o texto.
Outro exemplo similar acontece com os termos menino e moleque. A pri-
meira é uma forma mais “neutra” de se referir a uma criança do sexo mascu-
lino. Já a segunda depende dos gestos, da entonação etc. – afinal, quando 
alguém emprega o termo moleque pode estar querendo ressaltar a moleca-
gem ou o jeito brincalhão de uma criança, ou pode estar usando a palavra 
como modo de humilhar e desvalorizar a criança (nesse caso, é como se mo-
leque fosse igual a criança de rua, menor abandonado). Por isso, atenção aos 
sinônimos! Isoladamente, a substituição de um termo por outro pode pare-
cer a melhor escolha, mas sempre é bom analisar o contexto ou a moldura 
textual (o antes e o depois do texto) em que aquela palavra, tão cuidadosa-
mente selecionada, será encaixada.
Texto complementar
O texto abaixo reúne diversos exemplos de uso de elementos coesivos e 
relações lógicas por eles estabelecidas. 
Crise e literatura
A palavra escrita reconquistou um espaço avassalador no ambiente da vida. 
Hoje parece que tudo provoca curiosamente uma compulsão de ler e escrever
(TEZZA, 2010)
Uma velha pergunta: o que leva alguém a escrever? Parece que escre-
ver é sempre a manifestação de uma crise. Talvez seja preciso inverter a 
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Coesão
equação, da crise mundial (como todas, em todos os tempos, e essa não 
foi sequer a pior), para a crise da literatura, hoje quase um patinho feio da 
cultura. E penso que nem de longe ela voltará à glória com que explodiu no 
século XIX, quando se criaram enfim as suas condições modernas – o leitor, 
o lazer, o império da escrita, a circulação espetacular do livro, a valorização 
do indivíduo e a sempre importante separação política entre Igreja e Estado, 
marca registrada do Ocidente (sem essa separação crucial, abandonemos 
toda esperança).
Por um bom tempo a literatura foi a arena em que se discutiam, pela sim-
ples representação ficcional do mundo, praticamente todos os grandes temas 
das humanidades. Leia-se Dostoiévski, Dickens, Tolstói, Balzac, e é isso que 
se encontra. Mas a ficção foi perdendo terreno para outros meios da cultura 
popular, começando pelo cinema, avançando pela televisão e hoje chegando 
à internet (o que é outro momento e outra história). A primeira “vítima” (se é 
lícito falar assim) desse avanço foi o tempo de lazer – ingrediente indispensá-
vel de quem lê – agora repartido entre mil outras atividades, quem sabe muito 
mais atraentes, cantos da sereia tecnológica que ao mesmo tempo colocou 
o mundo inteiro à disposição e nos tirou a paz e as condições de desfrutá-lo. 
Não tenho nada contra os novos meios, é bom deixar claro. Escrevo esse texto 
num computador de última geração, sou viciado em Google e me encanta o 
infinito potencial informativo desses novos tempos – não sofro de nenhuma 
nostalgia da máquina de escrever. 
O que me interessa é localizar o espaço da literatura que restou nesse 
mundo novo. Não vou falar em “função” da literatura porque isso seria lhe 
dar uma direção e um sentido a priori; melhor pensar em “espaço” mesmo, o 
lugar em que ela surge, cria forma e se move. Pelo menos num ponto, estamos 
melhor do que há 30 anos: da era da televisão, um lugar de pura oralidade, 
passamos à internet, que é basicamente escrita. Sempre bato nessa tecla: a pa-
lavra escrita reconquistou um espaço avassalador no ambiente da vida. Hoje 
parece que tudo provoca curiosamente uma compulsão de ler e escrever.
Certo, todas são palavras “pragmáticas” – nesse mundo de utilidades, o 
escritor respira em solidão, afirmando uma contrapalavra. Não é a crise do 
mundo que faz nascer romancistas e poetas. Eles escrevem porque são eles 
mesmos que estão em crise – um poderoso sentimento de inadequação, que 
é a alma da arte, sopra-lhes a primeira palavra, com a qual eles tentam rede-
senhar o mundo. 
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Coesão
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Atividades
1. Retome o último parágrafo do texto de Cristovão Tezza, identifique os 
relatores e relacione-os aos antecedentes ou às funções que eles de-
sempenham.
2. Destaque os elementos coesivos nos períodos abaixo e explicite a re-
lação estabelecida por eles.
a) Apesar de ter chovido durante toda a semana, descerão para a 
praia.
b) Devido à falta de dinheiro, estão restringindo gastos. 
c) Para chegar ao hotel que não conhecia, imprimiu um mapa.
3. Substitua as palavras marcadas nos períodos abaixo por sinônimos.
a) Os detalhes da narração fizeram diferença!
b) A televisão está no conserto.
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Coesão
c) Ela não percebeu que havia sido vítima de um embuste.
d) Comprou um carro zero, no final do ano.
e) O show foi sensacional.
4. Analise o efeito dos termos em destaque, nas ocorrências abaixo.
I. O negócio foi celebrado pelos sócios da empresa.
II. A negociata gerou muito lucro para o comerciante.
5. No período “Caso consiga rever seus horários, irá à festa do sábado.”, 
temos um relator que expressa sentido de 
a) causa e efeito.
b) causa e efeito contrário.
c) finalidade.
d) condição.
6. Analise as substituições de termos propostas.
I. O prédio [edifício] fica em um bairro nobre da cidade.
II. A loja [o estabelecimento] tem um bom faturamento mensal.
III. Não conhecia ninguém que gostasse daquela comida [gororoba].
 O sinônimo proposto entre colchetes pode ser usado, sem prejuízo ao 
significado:
a) apenas na I e na III.
b) apenas na I e na II.
c) apenas na I.
d) apenas na II.
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Coesão
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7. Analise o período abaixo.
 Pelo menos num ponto, estamos melhor do que há 30 anos: da era 
da televisão, um lugar de pura oralidade, passamos à internet, que 
é basicamente escrita.
 É correto afirmar que o relator destacado, um lugar de pura oralidade,
a) refere-se à internet.
b) está incorreto, porque apenas as conjunções podem cumprir a 
função de relator.
c) exemplifica o uso do relator externo.
d) refere-se ao antecedente televisão. 
8. (FFCL Belo Horizonte - MG) Em todas as alternativas o que serve como 
elemento de retomada (relator), exceto em
a) “As empresas que decidem proibir o fumo em suas dependências 
têm todo o direito de fazê-lo.”
b) “Muitos funcionários que não fumam se incomodam com a fuma-
ça dos cigarros.”
c) “Muitos fumantes admitem que seu hábito de fumar não deveria 
ser imposto aos demais.” 
d) “Diante de uma afirmação tão contundente, vinda de uma orga-
nização que goza de credibilidade, a opinião pública americana 
reagiu no limite da histeria.”
9. (FCM Santa Casa - SP) “Ainda que fosse bom alfaiate,não acertou nas 
roupas daquele freguês.” 
 O período acima expressa
a) causa.
b) concessão.
c) finalidade.
d) condição.
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Coesão
10. “Como ele foi muito simpático, não pude recusar-lhe o favor.” 
 Começando o período com: “Não pude recusar-lhe o favor…”, seria 
exigido o uso de
a) porque.
b) à medida que.
c) então.
d) assim.
11. “Devido à escassez de comida, sofriam de desnutrição.” 
 Começando o período com: “Sofriam de desnutrição…”, seria exigido o 
uso de
a) mas.
b) por causa da.
c) além da.
d) portanto.
12. “Reforçou o recado, a fim de evitar esquecimentos.” 
 Começando o período com: “O recado foi reforçado…”, seria exigido o 
uso de
a) se.
b) além de.
c) para que.
d) entretanto.
Gabarito
1. “Certo, todas são palavras ‘pragmáticas’ – nesse mundo de utilidades, o 
escritor respira em solidão, afirmando uma contrapalavra. Não é a crise 
do mundo que faz nascer romancistas e poetas. Eles [romancistas e po-
etas] escrevem porque [relação de causa e efeito] são eles [romancistas 
e poetas] mesmos que estão em crise – um poderoso sentimento de 
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Coesão
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inadequação [crise], que [um poderoso sentimento de inadequação] 
é a alma da arte, sopra-lhes a primeira palavra, com a qual [a primeira 
palavra] eles [romancistas e poetas] tentam redesenhar o mundo.” 
2.
a) Apesar de – causa e efeito contrário.
b) Devido a – causa e efeito.
c) Para – finalidade.
3. 
a. Os detalhes [os pormenores, as minúcias, as particularidades] da 
narração fizeram diferença!
b. A televisão [a tevê, o aparelho] está no conserto.
c. Ela não percebeu que havia sido vítima de um embuste [uma cila-
da, uma armadilha].
d. Comprou um carro [um veículo, um automóvel] zero, no final do ano.
e. O show [o espetáculo, a apresentação] foi sensacional.
4. Os exemplos são bastante diferentes. Na opção I, o termo negócio não 
encerra juízo de valor negativo e, por isso, é usado quando o objetivo é 
passar certa neutralidade ou atender à formalidade exigida pela situa-
ção ou pelo público-alvo. Na opção II, o termo negociata compromete 
o sentido do período. A palavra negociata, embora se pareça muito 
com negócio, significa negócio ilegal e, portanto, tem um tom pejorati-
vo que desqualifica quem é adepto dessa prática.
5. D
6. B
7. D
8. C
9. B
10. A
11. B
12. C
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Coesão
Dica de estudo
Para saber mais sobre o uso de sinônimos, vale consultar um livro: 
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristovão. Prática de Texto. Petrópolis: 
Vozes, 1994.
Referências
NETTO, Irinêo Baptista. Scorsese domina um jogo de aparências. Gazeta 
do Povo, 12 mar. 2010.
TEZZA, Cristovão. Crise e literatura. Gazeta do Povo, 23 fev. 2010.
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Partes do texto 
e compreensão do texto
Partes do texto
Para que o texto seja completo, além do título, é preciso atender a três 
etapas: 
introdução, �
desenvolvimento, e �
conclusão. �
Devemos observar, porém, que essa estrutura não equivale a três pará-
grafos apenas. Geralmente, a introdução e a conclusão do texto são forma-
das de parágrafo único. No entanto, o desenvolvimento necessita de mais 
espaço, porque é nele que a ideia principal é aprofundada, discutida e com-
provada, dependendo do modelo de texto que está sendo produzido. Ao 
contrário do que muitos pensam, o título também é uma parte importante 
do texto, razão pela qual a escolha de um título apropriado às vezes é tarefa 
bastante difícil. Vamos a uma apresentação das características e das funções 
de cada parte formadora do texto, para detalhar algumas informações:
Título
O título deve fazer referência ao tema principal do texto e suas principais 
características são a concisão e a ligação estabelecida com o conjunto do 
texto. Observemos, entretanto, que a concisão deve ser medida sempre em 
relação ao tamanho do texto, o que significa que a brevidade do título não 
implica o uso de poucas palavras. Há bons títulos com uma linha ou pouco 
mais. O importante é que, comparando esse volume com o volume total de 
linhas do texto (por exemplo, 20 linhas), percebe-se claramente que a função 
de tentar passar apenas as coisas mais importantes foi de fato cumprida.
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Partes do texto e compreensão do texto
Quanto à ligação entre título e texto, só depois da leitura o leitor consegue 
avaliar se a associação foi feita adequadamente ou não. Há títulos que têm 
maior clareza e outros que, embora se refiram ao tema principal do texto, 
optam por uma abrangência maior, omitindo os detalhes que um título 
mais completo ou claro revela. Isso não significa, entretanto, que aquele mais 
abrangente é inadequado. Se, depois de terminada a leitura, a escolha do 
título fizer sentido, a partir de sua comparação com o conteúdo desenvolvi-
do, significa que há o encaixe necessário entre o título e o conjunto do texto. 
Para entender melhor essa questão, imaginemos os títulos abaixo.
Filmes influenciam comportamento de adolescentes
O poder do cinema
O primeiro é mais explicativo que o segundo porque já associa o cinema ao 
comportamento dos adolescentes e até deixa clara a relação de causa e con-
sequência. O segundo é mais rápido, também subentende que o cinema seja 
a causa, mas sem informar exatamente do quê. Logo, o segundo título é mais 
aberto do que o primeiro, que restringe as informações. Por isso são diferentes, 
mas nenhum pode ser considerado errado se imaginarmos que o texto conta-
rá sobre mais um crime cometido por um adolescente que reproduziu o com-
portamento violento de um personagem de algum filme recém--lançado.
Outra coisa fundamental acerca do título é que se faz uma confusão recor-
rente entre ele e o tema do texto, mas na verdade o tema não corresponde 
ao título e o título não corresponde ao tema: tema é sinônimo de “assunto” e 
a única relação que existe entre o tema e o título é que o título deve se referir 
ao assunto principal do texto. 
Retomando os títulos dados acima, é fácil pensar em possibilidades para 
elucidar o assunto do texto que possivelmente os acompanhe:
Repercussão do cinema na sociedade
Cinema e violência
Analisando atentamente as opções dadas e comparando-as com os títulos 
sugeridos, conclui-se que não há repetição. O que existe é uma proximidade 
que estabelece a coerência entre o assunto do texto e uma de suas partes – 
o título. Afinal, que sentido teria um texto que falasse sobre um tema, mas 
apresentasse título totalmente diverso?
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Partes do texto e compreensão do texto
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Introdução
A introdução abre o texto e tem a função de apresentá-lo em linhas gerais. 
Funciona quase como um pequeno resumo do que o leitor encontrará no 
desenvolvimento. Aliás, aproveitando a relação entre introdução e desen-
volvimento, podemos considerar que o desenvolvimento detalha os dados 
apresentados rapidamente na introdução.
Vejamos um texto.
Com a cabeça no mundo da Lua
Alunos da rede estadual participam da Olimpíada de Astronomia
(COM A CABEÇA no mundo da lua, 2010)
Rio - Viagem à Lua, Sistema Solar, Via Láctea e corpos celestes: estudantes 
do 2.º e 3.º ano do ensino médio da rede estadual que dominam esses temas 
não podem perder a Olimpíada de Astronomia, promovida pela Secretaria de 
Estado de Educação, em parceria com o Jornal O Dia e a Fundação Planetário.As inscrições, que vão até o dia 19 de março, são através do site www.co-
nexaoaluno.rj.gov.br. Quem não tem login no site pode se inscrever através da 
secretaria da própria escola.
Inicialmente, a Olimpíada seria em dezembro do ano passado, mas para 
não entrar em conflito com as datas das últimas provas e o início das férias 
escolares, a competição foi adiada. Quem já tinha feito a inscrição terá que se 
cadastrar novamente.
Mesmo quem não é um estudioso da ciência dos astros não pode perder a 
chance de conhecer o Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida. A Olimpía-
da levará o vencedor para visitar o centro, que, além de ser local de lançamen-
to de foguetes e ônibus espaciais, é a sede da Nasa.
Além do prêmio principal, a disputa premiará até os 40 primeiros coloca-
dos: do segundo ao quinto lugar receberão telescópios, e 40 vão levar livros 
e kits de astronomia. As duas primeiras fases da Olimpíada serão através da 
internet pelo site do Conexão Aluno. A primeira etapa será de 5 a 9 de abril e 
a segunda, de 26 a 30 de abril. A decisão será no Planetário da Gávea, em 20 
e 21 de maio.
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Partes do texto e compreensão do texto
Retomando apenas a introdução do texto, temos: 
Viagem à Lua, Sistema Solar, Via Láctea e corpos celestes: estudantes do 2.º 
e 3.º ano do ensino médio da rede estadual que dominam esses temas não 
podem perder a Olimpíada de Astronomia, promovida pela Secretaria de 
Estado de Educação, em parceria com o jornal O Dia e a Fundação Planetário.
A partir desse parágrafo de introdução, é possível listar alguns temas que, 
depois, foram mais bem explorados no desenvolvimento:
a relação do texto com a área da astronomia; �
a realização de uma olimpíada de astronomia; e �
o papel dos estudantes no evento. �
Outra informação fundamental é a que abre a introdução, chamada de 
tópico frasal ou frase-guia. No parágrafo em análise, o tópico frasal já dá 
dicas preciosas para o leitor entender o título dado ao texto – afinal, fazendo 
uma brincadeira com o sentido real e figurado do título (“Com a cabeça no 
mundo da Lua”), o autor transfere para o leitor a tarefa de entender qual dos 
dois sentidos da expressão estará em jogo no texto. 
A percepção do sentido se dará logo depois da leitura da introdução e 
não implica divagação ou imaginação, porque em uma olimpíada de astro-
nomia os alunos precisarão conhecer “o mundo da lua” para responder às 
perguntas que serão feitas a eles. Obviamente, para vencer esse desafio, o 
sentido figurado de ter a cabeça no mundo da lua (= sonhar, sair da realida-
de) em nada ajudaria os candidatos.
Desenvolvimento
O desenvolvimento é o meio do texto, a parte que detalha e aprofunda as 
informações introdutórias. É composto de dois parágrafos ou mais e segue 
uma progressão no modo de apresentar o conteúdo, primando pelo encade-
amento e pela concatenação de ideias. Vamos analisar melhor a construção 
do desenvolvimento do texto lido há pouco:
As inscrições, que vão até o dia 19 de março, são através do site www.cone-
xaoaluno.rj.gov.br. Quem não tem login no site pode se inscrever através da 
secretaria da própria escola.
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Partes do texto e compreensão do texto
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Inicialmente, a Olimpíada seria em dezembro do ano passado, mas para 
não entrar em conflito com as datas das últimas provas e o início das férias 
escolares, a competição foi adiada. Quem já tinha feito a inscrição terá que 
se cadastrar novamente.
Mesmo quem não é um estudioso da ciência dos astros não pode perder a 
chance de conhecer o Centro Espacial John F. Kennedy, na Flórida. A Olim-
píada levará o vencedor para visitar o centro, que, além de ser local de lan-
çamento de foguetes e ônibus espaciais, é a sede da Nasa.
O desenvolvimento desse texto compreende três parágrafos. 
O primeiro menciona a data-limite para as inscrições na Olimpíada de Astro-
nomia e informa o site que deve ser acessado. Além disso, nesse parágrafo o autor 
enfatiza que a escola também pode auxiliar os alunos na etapa da inscrição.
O segundo parágrafo informa e justifica a mudança de data para a re-
alização do evento e ressalta a importância de repetir a inscrição, no caso 
daqueles alunos que a efetuaram antes da mudança de data.
Por fim, no terceiro parágrafo, o autor incentiva os alunos a participarem 
do evento mencionando a premiação: uma visita ao Centro Espacial John F. 
Kennedy, na Flórida.
Essa breve retomada do miolo do texto permite que seja confirmada a 
organização dos parágrafos, de acordo com a ordem de importância das in-
formações que cada um deles contém. É isso que delineia uma sequência 
progressiva no texto. Simplificando essa escala, chega-se à seguinte ordem: 
datas e inscrições; �
mudança no cronograma; e �
premiação. �
O desenvolvimento do texto analisado organizou adequadamente os pa-
rágrafos que o compõem.
Conclusão
A conclusão corresponde à parte final do texto e tem a função de arrema-
tar o conteúdo apresentado, reforçando algumas informações importantes. 
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Partes do texto e compreensão do texto
É preciso, no entanto, que não se associe essa retomada à repetição pura e 
simples. Mesmo no caso de o autor julgar importante mencionar novamente 
um dado que já foi mencionado anteriormente no texto, isso deve ser feito 
por meio de sinônimos e não de uma cópia do trecho que se quer ressaltar.
Vamos ver como foi feita a conclusão do texto que estamos analisando, 
sobre a Olimpíada de Astronomia:
Além do prêmio principal, a disputa premiará até os 40 primeiros colo-
cados: do segundo ao quinto lugar receberão telescópios, e 40 vão levar 
livros e kits de astronomia. As duas primeiras fases da Olimpíada serão 
através da internet pelo site do Conexão Aluno. A primeira etapa será de 
5 a 9 de abril e a segunda, de 26 a 30 de abril. A decisão será no Planetário 
da Gávea, em 20 e 21 de maio.
No último parágrafo desse texto, há informações novas. No entanto, elas 
estão automaticamente ligadas a outras, citadas na introdução ou no desen-
volvimento. Para entender melhor como funciona o processo de retomada não 
textual, basta atentarmos para o fato de que, quando o autor do texto informa 
os outros prêmios da competição, o prêmio principal vem à tona novamente. O 
mesmo acontece no momento em que o escritor detalha o número de etapas 
e as datas em que cada uma irá ocorrer, porque, logicamente, o cronograma 
acontecerá depois de encerradas as inscrições – mas até quando mesmo os 
alunos podem se inscrever no evento? Com essa pergunta, volta-se ao início 
do texto, reforçando, portanto, o prazo das inscrições.
Compreensão do texto
Introdução à compreensão textual
A compreensão de um texto é feita em dois níveis – um mais superficial e 
outro mais profundo. 
No primeiro caso, trata-se de fazer uma leitura atenta e de ser capaz de 
localizar as principais informações do conteúdo apresentado. Para cumprir 
essa etapa, são feitas perguntas bem objetivas acerca do texto, as quais 
exigem apenas que o leitor retome o texto, em busca das respostas pedidas, 
a fim de fixar os pontos mais importantes da explanação feita pelo autor. 
Logo, nesse nível o teste é mais de leitura e de atenção, porque as respostas 
pedidas aparecem de maneira explícita, em diferentes partes do texto.
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Partes do texto e compreensão do texto
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O segundo nível obriga que o leitor vá além do texto, desempenhando 
tarefas um pouco mais complexas. Depois do mapeamento feito na primeira 
etapa da compreensão do texto, agora o leitor deve estabelecer relações, 
fazer inferências, desenvolver um raciocínio lógico sobre determinadas ques-
tões que, partindo do texto, permitemuma extensão de conteúdo à medida 
que o texto possibilita ao leitor o uso de conhecimentos prévios no debate 
de algumas questões relevantes e representativas – do aspecto social, por 
exemplo.
Informações explícitas no texto
A retomada das informações mais importantes do texto visa ao objetivo 
de funcionar como síntese e reforço daquilo que o leitor deve reter em meio 
ao conjunto de ideias que lhe foi apresentado. Logo, esse primeiro passo da 
compreensão textual funciona como um exercício de fixação. Como as ques-
tões, nesse tipo de interpretação, são objetivas, elas também cumprem a 
função de suprir a lacuna resultante de alguma desatenção durante a leitura, 
ou mesmo corrigir desvios de entendimento, possibilitando a confirmação 
dos dados essenciais do texto lido.
Usando novamente o texto sobre a Olimpíada de Astronomia, façamos 
um exercício de interpretação que consiste em um resgate de informações 
explícitas no texto.
Resgate de informações
A que público se destina a Olimpíada de Astronomia? �
O evento destina-se a “estudantes do 2.º e 3.º ano do ensino médio da rede 
estadual” e que conhecem os temas da área.
Até quando podem ser feitas as inscrições para participação no evento? �
As inscrições serão aceitas até “o dia 19 de março”. 
Por que houve mudança no cronograma do evento? �
A mudança aconteceu para evitar que o período de realização da Olimpí-
ada entrasse “em conflito com as datas das últimas provas e o início das férias 
escolares”. 
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Partes do texto e compreensão do texto
Quais os prêmios oferecidos pelos realizadores do evento e que coloca- �
ções serão premiadas?
O primeiro prêmio é uma visita ao “Centro Espacial John F. Kennedy, na Fló-
rida”. Porém, “a disputa premiará até os 40 primeiros colocados”. Os alunos que 
alcançarem colocações “do segundo ao quinto lugar receberão telescópios” e 
os 40 primeiros colocados “vão levar livros e kits de astronomia”.
Como será dividida a Olimpíada de Astronomia e quando ela será rea- �
lizada?
O evento será dividido em duas etapas: “A primeira etapa será de 5 a 9 de 
abril e a segunda, de 26 a 30 de abril.” 
Depois de respondidas as questões propostas, algumas conclusões sobre 
essa etapa interpretativa inicial devem ser apresentadas. 
A primeira delas diz respeito à ordem das perguntas – que, em geral, 
seguem a ordem do texto. 
A segunda conclusão remete ao título da parte que estamos estudando 
– “Informações explícitas no texto”. Como o exercício retoma informações 
já apresentadas e lidas no texto, a função do leitor é apenas identificá-las e 
usá-las na formulação das respostas, que se compõem de muitas palavras 
do próprio texto, o que significa que as respostas estão explícitas no texto 
apresentado. 
Informações não explícitas no texto
As informações que não são explícitas no texto, mas que se relacionam 
ao seu conteúdo, fazem parte da segunda etapa da interpretação e impli-
cam certa profundidade. Além da identificação e da fixação do assunto e da 
sequência textual, as informações não explícitas no texto obrigam o leitor 
a pensar sobre o conteúdo lido, relacionando-o à realidade, a outros textos 
já conhecidos ou mesmo ao julgamento da posição defendida pelo autor. 
Sendo assim, as perguntas que compreendem essa etapa do exercício inter-
pretativo funcionam como dicas de possíveis desdobramentos que ampliam 
o significado do texto. Vejamos, com base no texto que estamos analisando, 
três exemplos desse nível mais avançado de compreensão.
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Partes do texto e compreensão do texto
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Ampliação de significado
A partir do início do texto (“Viagem à Lua, Sistema Solar, Via Láctea e �
corpos celestes”), pesquise outros temas de astronomia que poderiam 
figurar na lista dos conteúdos a serem conhecidos e estudados pelos 
participantes da competição.
	 Ao lado dos conteúdos mencionados, poderiam ser incluídos temas 
como movimentos de translação e rotação, resultados das principais 
experiências sobre indícios de vida em outros planetas, fases da lua e 
suas influências sobre as marés etc. 
Considerando o fragmento “Inicialmente, a Olimpíada seria em dezem- �
bro do ano passado, mas para não entrar em conflito com as datas das 
últimas provas e o início das férias escolares, a competição foi adiada.”, 
é possível aventar outra(s) hipótese(s) para a mudança da data de reali-
zação do evento? Por quê? 
	 Sim, outra hipótese para a transferência do evento leva em conta o 
número de participantes e a visibilidade da competição. O número de 
candidatos inscritos sofreria uma diminuição, em função do período 
atribulado das provas ou do início das férias, quando muitos alunos via-
jam. Diante disso, a reduzida participação não resultaria na repercussão 
esperada pelos realizadores dessa olimpíada.
No texto, há duas referências à internet: a informação do site � que deve 
ser acessado pelos alunos interessados em fazer a inscrição para o even-
to e a informação de que as duas etapas da competição serão on-line. 
Com base nesses elementos, comente o papel da tecnologia na socie-
dade contemporânea.
Esta questão, por ser mais aberta, admite vários tipos de resposta. 
Uma possibilidade abrange a afirmação de um papel de destaque da tec-
nologia, atualmente. Para embasar essa ideia, podem ser citados exemplos 
como a comunicação por e-mails e salas de bate-papo, que, muitas vezes, 
substituem as ligações telefônicas; a metodologia do ensino a distância (EaD), 
que vem se consolidando ano após ano; as possibilidades de se encontrar na 
internet, com extrema facilidade, livros, músicas e filmes, antes de acesso to-
talmente restrito. A conclusão é simples: com certeza o avanço tecnológico 
influencia os costumes e o modo de vida das pessoas – afinal, quando pode-
ríamos pensar em uma Olimpíada realizada com cada competidor no recinto 
do seu lar, diante de seu computador, talvez a apenas um clique da vitória?
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Partes do texto e compreensão do texto
Com os exemplos dados, percebemos claramente que, apesar de terem 
partido do texto lido, as questões propostas levaram o leitor a expandir o 
conteúdo apresentado, tornando possível a comparação, a efetiva aplicação 
do texto na sua vida e na sociedade que o cerca. Além disso, incentivou-se o 
aprofundamento de tópicos que passariam despercebidos se a interpretação 
ficasse restrita àquela primeira etapa, mais superficial.
Texto complementar
Observe a divisão do texto abaixo nas partes que o compõem: título, in-
trodução, desenvolvimento e conclusão. 
Uma tempestade do tamanho de três Terras que 
já dura 400 anos (e está aquecendo)
(BARBOSA, 2010)
Quando se fala em grande mancha vermelha, Júpiter vem à mente na hora. 
Falou em Júpiter imediatamente vem à cabeça a grande mancha vermelha. 
São coisas absolutamente indissociáveis. Essa mancha especial é na verdade 
uma imensa tempestade na atmosfera de Júpiter, tão grande que nela cabe-
riam duas ou três Terras.
A tempestade já dura pelo menos 400 anos. Foi observada pela primeira 
vez no século XVII. Existe alguma controvérsia de quem teria sido o primeiro a 
fazê-lo, é difícil acreditar que Galileu, com o seu telescópio rudimentar, tenha 
conseguido. Robert Hook, físico e astrônomo britânico, foi o primeiro a des-
crever uma mancha na “superfície” de Júpiter, só que a descrição não corres-
ponde com a posição da grande mancha.
Certeza mesmo, apenas dos relatos de Giovanni Cassini, que em 1665 des-
creveu uma mancha permanente em Júpiter. Cassini também é reconhecido 
pela descoberta da rotação diferencial de Júpiter, bem como da faixa escura 
no sistema de anéis de Saturno que recebe o seu nome.
De todo modo, essa tempestade tem, por baixo, uns 400 anos de idade, 
e não parece perder força ano

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