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METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA DIRETOR GERAL Prof.ª Esp. Suzana Karling VICE-DIRETORA GERAL Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta DIRETOR PEDAGÓGICO Prof. Me. Argemiro Aluísio Karling COORDENADOR GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO Prof.ª Me. Nelci Gonçalves Dorigon ELABORAÇÃO DO MATERIAL Prof.ª Esp. Elisângela Otaviano REVISÃO DO MATERIAL, FORMATAÇÃO E ARTE FINAL Prof.ª Me. Daniela Caldas Acosta Prof.ª Me. Maria Eliza Spineli Nenhuma parte deste fascículo pode ser reproduzida sem autorização expressa do IEC e dos autores. Direitos reservados para: INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E DA CIDADANIA Av. Cerro Azul, 1411, Jardim Novo Horizonte - CNPJ – 02.684.150/0001-97 CEP: 87.010-055 - Maringá – PR – Fone: (44) 3034-4488 e-mail: fainsep@fainsep.edu.br mailto:fainsep@fainsep.edu.br METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Sumário PROGRAMA DO MÓDULO ..................................................................................... 5 Apresentação ................................................................................................. 5 Ementa do módulo ......................................................................................... 6 Objetivo geral ................................................................................................. 6 Objetivos específicos .................................................................................... 6 Conteúdo programático................................................................................. 7 Orientações didáticas .................................................................................... 7 Estratégias de estudo a serem utilizadas .................................................... 7 Avaliação ........................................................................................................ 7 UNIDADE I ....................................................................................................... 9 O conhecimento, o estudo e a pesquisa científica .............................. 9 Introdução ...................................................................................... 9 Estratégias de estudo ...................................................................... 9 Metodologia de estudo ....................................................................12 Atenção .........................................................................................13 Memória ........................................................................................14 Tipos de conhecimento ...................................................................15 Para pôr em prática ........................................................................17 Relevância da pesquisa científica ....................................................18 Neutralidade científica ....................................................................19 Para pôr em prática ........................................................................20 Síntese ..........................................................................................21 Saiba mais .....................................................................................21 UNIDADE II .................................................................................................... 22 Metodologia científica .....................................................................22 Introdução .....................................................................................22 Etapas de uma pesquisa .................................................................23 Escolha e delimitação do tema ........................................................23 Delimitação do tema .......................................................................24 Saiba mais .....................................................................................24 Levantamentos de fontes bibliográficas ...........................................25 Planejamento de pesquisa e elaboração do projeto ...........................25 Projeto de pesquisa ........................................................................26 Tema .............................................................................................27 Introdução .....................................................................................28 Justificativa ...................................................................................28 Problema .......................................................................................29 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Hipótese ........................................................................................29 Objetivos .......................................................................................30 Metodologia de pesquisa ................................................................30 Definição do método .......................................................................31 Tipo de método de abordagem ........................................................34 Cronograma...................................................................................38 Referências bibliográficas ...............................................................38 Elaboração do relatório final de pesquisa .........................................39 Análise e interpretação dos dados ...................................................40 Apresentação pública do trabalho de pesquisa .................................41 Síntese ..........................................................................................41 Saiba mais .....................................................................................42 UNIDADE III ................................................................................................... 43 A formalização de um trabalho científico ..........................................43 Introdução .....................................................................................43 Associação brasileira de normas técnicas - ABNT .............................43 Normas Técnicas ...........................................................................43 A ABNT e os trabalhos científicos ....................................................44 Estrutura do trabalho acadêmico e científico .....................................44 Apresentação e formatação do trabalho acadêmico e científico ..........49 Exemplo de com fazer a referência de um livro ..................................53 Citações ........................................................................................55 Saiba mais .....................................................................................57 Síntese ..........................................................................................59 Saiba mais .....................................................................................60 Considerações finais ......................................................................61 Referências ...................................................................................62 Apêndice .......................................................................................64 5 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA PROGRAMA DO MÓDULO Apresentação Pensar a pesquisa é pensar em uma dimensão essencial ao processo evolutivo do homem, isto porque a pesquisa se apresenta como uma forma de sistematizar a realidade para compreendê-la. Dessa forma, o objetivo do módulo de Metodologia de Estudo e Pesquisa é oferecer possibilidades a você de entender a noção do ato de pesquisar contribuindo, assim, com a sua formação no que diz respeito à compreensão e ao domínio de métodos, técnicas, processos e modalidades de pesquisa acadêmico-científica. Portanto, as atividades propostas nessematerial envolverão as etapas de elaboração do trabalho científico, tais como a estruturação, a apresentação de um projeto e um artigo ou monografia. Geralmente, há uma grande resistência por parte dos estudantes quanto módulo de Metodologia de Estudo e Pesquisa, pois precisam aprender a lidar com regras e procedimentos metódicos, como as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT para a apresentação de trabalhos científicos. Todavia, conhecer e entender o que é fazer pesquisa é essencial a todos, porque há lista extensa de problemas em nossa sociedade e você será convidado a pensar em como solucioná-los. Ainda que não perceba, você fará pesquisa a vida toda. Assim, módulo de Metodologia de Estudo e Pesquisa não se restringe aos conteúdos a serem memorizados mecanicamente pelos alunos. Importa, nesse módulo, que você reconheça a importância da pesquisa científica, a qual é essencial ao desenvolvimento do ser humano, quanto ao desenvolvimento da sociedade, que é a principal beneficiária dos conhecimentos oriundos da investigação científica. Pensando nisso, os conteúdos estão organizados da seguinte forma: na unidade I: abordar-se-á a pesquisa propriamente dita, ou seja, os tipos de pesquisa, o conceito de neutralidade científica e os tipos de conhecimento que interferem na produção das pesquisas. Na unidade II: serão apresentados os processos que envolvem a realização do trabalho científico em seu aspecto formal, o que envolve a metodologia científica, ou seja, as etapas de uma pesquisa e os passos para a elaboração e a execução de um projeto de pesquisa; por fim, na unidade III: o propósito é auxiliá-lo na redação do trabalho científico, atentando para as normas da ABNT que regulamentam tal 6 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA apresentação. Portanto, tencionamos fornecer a você, aluno, um instrumento indispensável para que seja capaz de atingir os objetivos do conhecimento científico, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento, sendo capazes de relacionar os conceitos teóricos com a prática, isto é, aprender fazendo. Esperamos que o conteúdo deste módulo contribua para a formação de novos pesquisadores, efetivamente comprometidos com a produção científica e a sociedade. Ementa do módulo O conhecimento: tipos e finalidades. A pesquisa científica. Neutralidade científica. Pesquisa quantitativa e qualitativa. Metodologia científica. Etapas da investigação científica: elaboração e execução do projeto de pesquisa; redação e leitura de textos acadêmico-científicos: artigo e monografia. Normatização para a apresentação do trabalho científico. Objetivo geral Oferecer subsídios que instiguem, no estudante, o interesse e o domínio dos processos teórico-metodológicos envolvidos na investigação científica, visando consolidar a formação de pesquisadores conscientes, autônomos e comprometidos com a produção científica. Objetivos específicos Compreender a relevância da pesquisa científica e seus diferentes objetivos. Desenvolver atitudes de pesquisador. Distinguir pesquisa quantitativa e qualitativa. Identificar as características de trabalhos acadêmicos e científicos. Desenvolver os conhecimentos que envolvem a elaboração de um projeto de pesquisa. Desenvolver a competência técnico-metodológica para a elaboração e a publicação de pesquisa científica. 7 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Conteúdo programático Tipos de conhecimento. A Pesquisa Científica: qualitativa e quantitativa. A neutralidade científica. Etapas da pesquisa científica: elaboração e execução do projeto de pesquisa; redação do artigo e da monografia. Normas para a apresentação de trabalho científico. Orientações didáticas Diferentemente do ensino presencial, o aluno que opta pela Educação a Distância precisa conhecer as características desta modalidade. O próprio aluno é o sujeito do processo, ou seja, ele é o principal agente da aprendizagem, e seu próprio professor. Para que isso ocorra, é importante que você faça uso correto das estratégias e recursos utilizados em EaD. Visando promover tal autonomia intelectual, você tem à disposição as ferramentas disponíveis no Moodle: material didático (textos, livros, filmes, vídeos e atividades); tutor a distância e fórum. Estratégias de estudo a serem utilizadas Leitura, pesquisa, discussões, debates, resumos. Utilização de diferentes recursos pedagógicos ofertados pela FAINSEP: biblioteca virtual (hemeroteca) e o Ambiente Virtual de Aprendizagem (MOODLE). Realização das atividades do dossiê e do exame, a fim de aprofundar e consolidar os conhecimentos desenvolvidos no módulo. Utilização de ferramentas síncronas e assíncronas para a interação com os tutores. Leitura de textos complementares. Avaliação A avaliação final consistirá na nota da atividade avaliativa on-line, que valerá de 0,0 a 10,0, com peso 4 e a da nota do exame on-line que valerá de 0,0 a 10,0, com 8 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA peso 6. A média final para aprovação é 7,0 (sete). Atividade avaliativa on-line constituída de 20 questões objetivas, com direito a 2 tentativas, sem limite de tempo. Apenas realize as atividades no Moodle, quando tiver estudado todas as unidades e se sentir seguro e preparado. O exame on-line, com 10 questões objetivas, estará à disposição, na plataforma Moodle, durante este período de oferta do módulo, fica a critério do aluno escolher o melhor horário para iniciar o exame, tendo o prazo de uma hora para sua conclusão. Logo após a conclusão do exame, o sistema apresentará automaticamente a nota do aluno. Fique atento(a)! O exame de segunda oportunidade abrirá automaticamente dentro do período de oferta do módulo, caso não seja atingida a nota 7,0 na atividade avaliativa ou no exame. No caso de não atingir a média após as tentativas no período de oferta do módulo, ou não conseguir fazer o exame no período estipulado, o aluno deverá requerer 3.ª oportunidade no período estipulado, tendo como referência o cronograma do referido curso. Para maiores informações consulte o guia acadêmico. Caro cursista, Pesquisar é a ação que torna o ser humano aberto e lhe possibilita interpretar a realidade atuando de forma crítica sobre ela. Pense nisso e Bons estudos! https://moodle.fainsep.edu.br/moodle35/course/view.php?id=47 9 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA UNIDADE I O conhecimento, o estudo e a pesquisa científica Introdução Nesta unidade, você revisará as estratégias de estudo e como elas contribuem para que você desenvolva habilidades e crie hábitos que favoreçam o autoaprendizado, a fim de obter os resultados esperados, principalmente, na EaD. Além disso, faremos uma abordagem referente à pesquisa científica, tendo como premissa que, a mesma é a aplicação de um conjunto de processos metódicos de investigação que são utilizados por um pesquisador para o desenvolvimento de um estudo. Por fim, daremos destaque aos tipos de conhecimento, à metodologia de estudo, conceitos que interferem na produção da pesquisa. Estratégias de estudo Você, ao longo de seu percurso acadêmico, já deve ter percebido que o estudo eficaz requer planejamento e organização. Nesse sentido, compete a você, estudante, executar estratégias que possibilitem alcançar seus objetivos de estudo, ou seja, aprender. O primeiro aspecto a considerar é formar hábitos de estudo, já que na rotina da maioria das pessoas, o tempo qualitativo de estudo não está incluso. Nesse sentido, é preciso priorizar o processo de aprendizagem, elegendo um tempo de qualidade, que lhe permita focar nos estudos de forma sistemática e contínua. Além disso, é fundamental que você organize o seu material de estudo, evitando perda de tempo e dispersões desnecessárias, e, também, escolha de um ambiente sem distrações, o que facilitaráo envolvimento com o estudo. Ademais, ressaltamos que um bom estudo requer o registro das informações mais relevantes, a fim de facilitar a rápida retomada do conteúdo estudado. Com essa finalidade, pode- se utilizar as seguintes estratégias: Anotação: comentários pessoais sobre o texto; palavras que sintetizem o conteúdo abordado; conceitos e dúvidas que requerem aprofundamento por meio de pesquisa ou termos a serem elucidados com o uso do dicionário; referências que remontem à ideia de outros autores ou textos conhecidos. 10 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Resumo: reprodução clara e concisa do texto, sem distorções quanto ao sentido das informações; registram-se, portanto, as ideias do autor com as próprias palavras, sem emitir juízo ou posicionamento pessoal. O resumo favorece a identificação das ideias centrais do texto, a compreensão do assunto e a associação de ideias. Esquema: é o “esqueleto” do texto; ferramenta de estudo extremamente eficaz, que permite ao estudante reunir os principais conceitos do texto, servindo-se da organização lógica do pensamento. Pode utilizar símbolos, palavras-chave, desenhos, tópicos, quadro comparativos etc. numa disposição ilustrativa e esquemática que evidencia a sequência e a hierarquia das principais ideias do texto, favorecendo a sua compreensão, por meio da inter-relação de ideias. Exemplo de esquema: Fonte: http://metodologiacjmj.blogspot.com/2012/03/esquema-textual.html Fichamento: registro, por meio de fichas, das principais informações de artigos e livros lidos e pesquisados, contendo as informações bibliográficas, a fim de facilitar a rápida retomada dessas fontes de pesquisa e, assim, aprofundar o assunto estudado, estabelecendo novas relações entre conteúdos e ideias. http://metodologiacjmj.blogspot.com/2012/03/esquema-textual.html 11 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA EXEMPLO 1: FICHA BIBLIOGRÁFICA Fonte: http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/cristala/materiais/T_cnicas_de_Leitura.pdf Estudo em grupo: caracteriza-se pela reunião, em grupo, de estudantes que compartilham das mesmas áreas de interesse. É uma ótima oportunidade para confrontar diferentes interpretações e posicionamentos sobre o assunto estudado, o que enriquece o estudo e a compreensão geral do conteúdo. Segundo Bastos e Keller (2014), para melhor aproveitamento do trabalho e estudo em grupo, é importante seguir alguns direcionamentos: a) o número de componentes não deve exceder a 5 (cinco), a fim de evitar a dispersão e o “parasitismo” (colegas que não agregam em nada ao estudo coletivo, por falta de interesse ou informação); b) deve-se eleger um coordenador, que marque os encontros, direcione as discussões e registre as informações e conclusões mais relevantes; c) deve-se primar pela responsabilidade e envolvimento de cada membro do grupo, respeitando-se os horários e cumprindo as atividades pré-estabelecidas, além de valorizar o esforço e a contribuição de cada membro da equipe. Uma vez estabelecido o hábito de estudo, caberá a você, definir as técnicas de aprendizagem que atendam ao seu planejamento de estudo. Na sequência sugerimos algumas: Ler: a leitura dos textos acadêmicos deve ser feita com foco e objetivo. É importante que você leia sobre o conteúdo em diferentes fontes para que consiga http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/cristala/materiais/T_cnicas_de_Leitura.pdf 12 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA formar a sua opinião sobre os conteúdos e para aperfeiçoar a leitura, pode-se também sublinhar o texto, destacando as ideias principais e palavras-chave, o que facilitará a releitura, abreviando o tempo despendido nessa atividade. Para sublinhar de forma eficaz, não é recomendado destacar trechos do texto já na primeira leitura, pois o leitor não tem condições de determinar o que é realmente importante. Outro aspecto importante a considerar no processo de leitura, é avaliar constantemente o texto, questionando-se quanto ao sentido da leitura, argumentos, fundamentos, posicionamento do autor etc. Além disso, um bom leitor tem um vocabulário vasto, é capaz de associar diferentes assuntos e isso só é possível quando a leitura faz parte do cotidiano do estudante, pois na medida em que se lê sobre assuntos variados, é maior a gama de informações e experiências do leitor, viabilizando associações mentais com maior proficuidade. Pesquisar: quando você se deparar com um assunto novo, o ideal é se despir de qualquer ideia pré-concebida e buscar conteúdo em fontes variadas. Da mesma forma, ao se deparar com assuntos polêmicos, é preciso pesquisar tanto autores favoráveis quanto contrários, pois o debate é o melhor caminho para o crescimento intelectual. Nesse caso, a avaliação do texto permitirá a você inferir o posicionamento dos diferentes autores, bem como seus argumentos e a fundamentação teórica, abrindo caminho para a formação de sua opinião sobre determinado fato. Lembre-se de que a pesquisa favorece o aprofundamento dos estudos, abrindo novas possibilidades ao estudante. Quanto maior o domínio do assunto, mais consistente é a compreensão sobre o conteúdo estudado. Esse é um dos princípios da autonomia intelectual. Você pode optar pela simples reprodução das ideias de outrem ou pela criação de ideias, teorias e argumentos pessoais. Contudo, essa liberdade de pensamento e posicionamento só é possível mediante a vasta compreensão do assunto abordado, ou seja, mediante intensas pesquisas para aprofundar o assunto estudado, em fontes confiáveis, que primem pela cientificidade dos conteúdos. Metodologia de estudo Além das estratégias listadas acima, é importante que você utilize uma metodologia de estudo adequada a sua rotina de estudo, e como você já sabe, estudar 13 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA é direcionar a atenção e a reflexão para a compreensão e a produção de conhecimentos. Todavia, a ação de estudar não é tão simples quanto parece; exige esforço e perseverança, além de uma metodologia adequada, capaz de otimizar tal processo. Por isso, estabelecer uma metodologia de estudo, planejando as ações a serem desenvolvidas, assegurará maior eficácia e resultados mais positivos. Nesse sentido, abordaremos alguns aspectos importantes a considerar no processo de estudo e que concorrerão para você “aprender a aprender”. Atenção A atenção é a capacidade de se concentrar em determinado fato, fenômeno ou objeto, apesar da diversidade de estímulos que acontecem simultânea e sucessivamente e que tendem a dispersar o indivíduo, impedindo-o de se concentrar em algo específico. No processo de estudo, é fundamental desenvolver a habilidade de direcionar e conservar a atenção para o objeto de estudo. E, como salientam Bastos e Keller (2014, p. 25), “quanto maior é a turbulência ambiental, maior é o dispêndio de energia exigida para manter a atenção e maior é o desgaste do indivíduo”. Por isso, recomenda-se que o estudante escolha um ambiente calmo e silencioso para estudar, que evite dispersões desnecessárias. Além disso, para direcionar, eficazmente, a atenção para o estudo, é preciso considerar três princípios, apresentados por Bastos e Keller (2014, p. 25): Concentração: quando a atenção se direciona para um objeto específico; ocasionalmente, ela pode fixar-se em dois objetos, como estudar e ouvir música; porém, haverá perda de eficiência em um desses movimentos de concentração. Intermitência: a atenção é menos eficaz quando fixada por longo tempo; por isso, é fundamental intercalar períodos de atenção e descanso. Interesse: a facilidade de fixar a atenção está diretamente relacionada ao interesse do estudante pela área do conhecimento em estudo. A busca por assuntos e conteúdos vivenciais, ou seja, de interesse prático, tendem a facilitar o direcionamento da atenção. Por isso, talvez seja interessante, antes decomeçar a estudar, pesquisar sobre a aplicação e a relevância desse conteúdo, a fim de motivar o estudo. 14 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Memória O principal argumento de um estudante negligente, ou que desconhece os princípios da metodologia de estudo, é alegar que esquecerá tudo o que estudou, por isso não empregará muito tempo e esforço nessa empreitada. Contudo, cabe lembrar que nem todas as impressões são simplesmente esquecidas, muito do que a memória armazena, fica registrado no subconsciente ou inconsciente, dependendo da importância e significado existencial ou vivencial dessa informação para o sujeito (BASTOS E KELLER, 2014). A memória pode ser definida, assim, como a capacidade humana de reter, conservar e resgatar fatos vivenciados ou apreendidos pelo indivíduo. No processo de estudo, é fundamental que o estudante esteja ciente de que a memorização passiva e a mecânica, vulgo “decoreba”, será deletada num curto espaço de tempo, justamente porque retém somente o aspecto material e não o conteúdo da informação. Já a memorização ativa e a significativa caracterizam-se pelo registro eficaz da informação e do conhecimento, pois requer a compreensão do conteúdo. Desse modo, a retenção de informações envolve movimentos de pensamento que tornam o conteúdo significativo. Exemplo disso é a associação, uma habilidade que permite ao estudante relacionar fatos e ideias, evocando conhecimentos e experiências anteriores para ressignificar o conteúdo que está estudando. Para Bastos e Keller (2014), a associação de ideias é facilitada quando as ideias apresentam relação entre si, como causa e efeito, meio e fim, semelhança ou contraste. Além disso, os autores enfatizam que a afetividade pode favorecer a associação e consequente registro de informações, especialmente quando envolve experiências individuais e/ou práticas. Sabendo disso, compete ao estudante buscar estratégias que favoreçam a memorização ativa, tornando o processo de estudo verdadeiramente consciente. Destacamos que o importante é compreender que o movimento de estudo sempre antecede o processo de pesquisa científica, tema central desse módulo, por isso é fundamental que você saiba otimizar seu processo de estudo, criando hábitos e estratégias eficazes que lhe auxilie na compreensão dos novos conhecimentos. No próximo tópico, vamos abordar os diferentes tipos de conhecimento, os quais são úteis ao homem, pois permite a ele construir-se como um ser pensante, 15 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA conhecendo mais o mundo e a realidade que o cerca. Os tipos de conhecimento Sabemos que conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer, sendo o conhecimento oriundo das vivências que acumulamos em nossa vida cotidiana, por meio de experiências, de relacionamentos interpessoais, de leituras de livros e artigos diversos (PIAGET, 1978). O ser humano distingue-se dos animais justamente pela capacidade de produzir conhecimento, de forma racional e sistematizada; e ao conjunto de conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade denominamos cultura, componente indispensável ao desenvolvimento humano e social. O homem é, portanto, capaz de criar e transformar o conhecimento, aplicando aquilo que aprende, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento. Todavia, dentre todos os tipos de conhecimentos existentes (empírico, filosófico, teológico ou científico), os quais compõem a cultura da humanidade, o conhecimento científico é considerado o mais aprimorado, devido ao rigor metodológico que o configura. Castro (2006) define os diferentes tipos de conhecimento: conhecimento empírico (senso-comum) é o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas. Trata-se do saber espontâneo, que visa solucionar problemas cotidianos, sendo transmitido de geração em geração. Resulta das vivências socioculturais, é assistemático, acrítico, não é infalível e não denota preocupação com a validação, sendo transmitido por meio da educação informal; conhecimento filosófico é fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre fatos e fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos acontecimentos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Envolve a reflexão sobre a experiência e a realidade, visando [...] questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 61); conhecimento teológico é revelado pela fé divina ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Vinculado à formação moral e às crenças de cada indivíduo, apoia-se em doutrinas, consideradas irrefutáveis, 16 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA por terem sido reveladas pelo sobrenatural, ou seja, divindades; conhecimento científico é o conhecimento racional, crítico, sistemático e verificável. Está atrelado aos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica, principal objeto de estudo desse módulo e possui objetivo ou finalidade, função social e objeto (aquilo que se pretende estudar). Dessa forma, Galliano (1979, p. 24-30) explica que o conhecimento científico tem as seguintes características, [...] é racional e objetivo; atém-se aos fatos; transcende aos fatos; é analítico; requer exatidão e clareza; é comunicável; é verificável; depende de investigação metódica; busca e aplica leis; é explicativo. pode fazer predições; é aberto; é útil. Resulta, portanto, da pesquisa científica, atividade voltada à solução de problemas, à criação de teorias e/ou à investigação de hipóteses, nas diversas áreas do conhecimento, como destaca Gil (2010, p. 1), quando ao conceito de pesquisa, [...] procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. [...] desenvolvida mediante a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação. Nesse sentido, a pesquisa científica pode ser motivada por questionamentos teóricos ou práticos e, portanto, deve ser reconhecida como próprio da curiosidade humana, isto porque é a insatisfação permanente diante da realidade que impulsiona o homem a buscar o conhecimento, e a pesquisa científica é o resultado dessa constante busca. Logo, o ato de pesquisar torna-se fundamental para todas as áreas do conhecimento, uma vez que é o caminho à produção de novos conhecimentos. É nesse contexto que o papel das instituições de ensino superior torna-se essencial ao espaço social porque prepara o acadêmico para ter um olhar mais crítico diante da realidade que o cerca. No decorrer dessa unidade, aprofundaremos essa temática. Entretanto, na tabela que segue, para efeito de ilustração e reforço, veremos algumas características dos conhecimentos acima citado, assim como, o que os diferencia: 17 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Caro cursista, Após a leitura desse tópico, assista ao vídeo Senso comum e o Método científico https://www.youtube.com/watch?v=gbBPnh3wI-c e teça um comentário sobre a importância desses conhecimentos. TABELA 1 – SÍNTESE DAS CARACTERÍSTICAS DOS DIFERENTES TIPOS DE CONHECIMENTO. Tipo de Conhecimento Empírico Científico Filosófico Teológico O que é? Esse tipo de conhecimento surge a partir da interação do ser humano com o ambiente que o rodeia. Engloba informações e fatos que foram comprovados, tendo como base análises e testes científicos. É o conhecimento que surge das reflexõesque o homem faz sobre as questões imateriais e subjetivas. Acredita que a fé religiosa possui a verdade absoluta e apresenta todas as explicações para justificar esta crença. Valor Valorativo, apoiando-se nas experiências pessoais. Factual, lida com fatos e ocorrências. Valorativo, pois lida com hipóteses que não podem ser observadas. Valorativo, apoiando-se nas doutrinas sagradas. Verificação É verificável É verificável Não é verificável Não é verificável Exatidão Falível e inexato. Falível e aproximadamente exato. Infalível e exato. Infalível e exato. Sistema Assistemático, pois é organizado com bases nas experiências de um sujeito, e não em um estudo para observar o fenômeno. Sistemático, pois é um saber ordenado logicamente. É sistemático, pois busca uma coerência com a realidade. Conhecimento sistemático do mundo. Fonte:https://www.diferenca.com/conhecimento-empirico-cientifico-filosofico-e-teologico/ Para pôr em prática https://www.youtube.com/watch?v=gbBPnh3wI-c https://www.diferenca.com/conhecimento-empirico-cientifico-filosofico-e-teologico/ 18 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Relevância da pesquisa científica A pesquisa é o ato que ajuda o homem a ampliar sua visão da realidade e solidificar ainda mais a sua visão do conhecimento, e neste tópico, vamos abordar a relação entre o estudo e a pesquisa, e você já deve ter percebido que estas são ações que demandam esforço, perseverança e objetivo. A partir da definição de pesquisa, o acadêmico muitas vezes se pergunta: por que a necessidade da realização de um trabalho científico? Essa explicação está contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - 9394/96 (BRASIL, 1996) que diz: Art. 43 A educação superior tem por finalidade: - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; - formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive. - promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade, - promover a extensão, aberta à participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Verifica-se, ainda, que o trabalho acadêmico a ser apresentado ao final de cada curso é sugerido pelas respectivas Diretrizes Curriculares. Segundo Eco (1996), o termo usado pela legislação para o trabalho de pesquisa no curso de Graduação\Pós- 19 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Graduação é Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Este trabalho pode ser realizado em forma de monografia ou de um artigo. Monografia quer dizer (mono = um; grafia = escrita) escrita de um, ou seja, monografia é a escrita de um assunto, baseado em um problema específico. Artigo científico é o trabalho acadêmico que apresenta o resultado sucinto de uma pesquisa realizada de acordo com a metodologia da ciência e o crivo de uma comunidade de pesquisadores. Por esse motivo, considera-se científico o artigo que foi submetido ao exame de outros pesquisadores, que verificam as informações, os métodos e a precisão lógico metodológica das conclusões ou resultados obtidos. Neutralidade científica Outro ponto importante no processo da pesquisa é a objetividade do pesquisador. De acordo com Johann (1997), o conceito de ciência normalmente está vinculado às ciências exatas, devido à valorização da objetividade, do rigor metodológico e da absoluta neutralidade científica que caracterizam a matemática, a física, a química etc. Nesse sentido, há certa desconfiança sobre o caminho metodológico e a investigação científica em si, quando se trata de pesquisas nas áreas humanas e sociais; subentende-se que há maior dificuldade do pesquisador em manter-se imparcial, ideologicamente, em relação às discussões, análises e conclusões que envolvem a pesquisa científica. Somente as ciências humanas são consideradas passíveis de relativização, por causa da natureza de seus conteúdos e pela postura daqueles que com elas trabalham. Assim, são questionados os historiadores, os estudiosos do comportamento humano, os sociólogos etc., mas nunca os que atuam num centro de pesquisa genética, de química, em um instituto de física e matemática ou em um centro de pesquisas espaciais ou atômicas. Essa perspectiva vulgar contribui para a disseminação da convicção de que tudo o que é produzido pela tecnologia é resultado de processos objetivos, amorais e desvinculados de qualquer contexto em que ela se insere. A acriticidade leva a absolutizações equivocadas e perigosas. (JOHANN, 1997, p. 73) Mas, afinal, o que é neutralidade científica? A neutralidade científica está relacionada à consciência do pesquisador em reconhecer a necessidade da não interferência de sua realidade pessoal de forma que os resultados da pesquisa não sofram interferências além das esperadas. Ou seja, é preciso que o pesquisador tenha http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_acad%C3%AAmico http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia 20 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Caro cursista, Para finalizar, vamos aprofundar a reflexão sobre a questão da neutralidade científica, lendo e analisando um trecho do livro “Educar pela Pesquisa” de Pedro Demo (1985, p. 74-75): [...] Dois extremos nos parecem prejudiciais ao processo científico [...] faz sentido o esforço e processo de formação de um sujeito que saiba criticamente perceber seus engajamentos, reduzindo a incursão de juízos de valor. As técnicas de coleta e de mensuração dos dados, de experimentação, de observação, de tratamento empírico e estatístico foram em grande parte inventadas para coibir a incursão valorativa nas ciências sociais. Possuem nisto grande mérito, desde que não queiram simplesmente imitar as ciências exatas e naturais, reduzindo a realidade social àquilo que seria observável e experimentável. [...] De todos os modos, é importante a análise tranquila, relativamente distanciada, ponderada, de alguém que toma como mestra básica a realidade assim como ela é, não assim como gostaríamos que fosse. [...] Assim, uma atitude analítica, teórica e prática tranquila significa o produto de uma consciência crítica, capaz de aceitar suas tendências a forçar os fatos a seu favor. É uma ascese constante, não um resultado definitivo. [...] No meio dos extremos, podemos apresentar uma posição intermédia, ligada à postura hermenêutica. Esta se caracteriza pelo bom nível da indagação teórica e crítica, mas não se desvincula nunca dos condicionamentos da prática e do contexto das coisas. Distingue forma de conteúdo, fato de valor, meio de fim, mas não perde de vista que na prática real tudo aparece num só contexto. Não há conhecimento ulterior sem conhecimento prévio, sem tradição. [...] Não há teoria sem prática, e vice-versa, mas ambas possuem níveis própriosde densidade. Não se pode embaralhar as duas, nem separá-las de forma estanque. [...] Para transformarmos a realidade, é preciso conhecê-la bem [...] é muito desejável conhecer praticando e praticar conhecendo. [...] consciência da possibilidade de interferência de sua formação moral, religiosa, cultural e de sua carga de valores e busque que os resultados da pesquisa não sejam influenciados por elas. Para Demo (1985, p. 72), a neutralidade científica é a “[...] isenção de juízos de valor [...]”, o que não significa desconsiderar o contexto em que o sujeito e o objeto da pesquisa estão inseridos; o autor alerta que “[...] a obsessão pela neutralidade acaba eliminando o sujeito no processo de conhecimento [...]”, especialmente nas ciências humanas, em que a investigação envolve diferentes contextos e sujeitos. Nesse sentido, há que se buscar, racionalmente, o equilíbrio entre os objetivos da pesquisa científica e sua necessária desideologização, ou seja, a objetividade da investigação, sem, contudo, desconsiderar as influências que incidem sobre o sujeito. A consciência sobre isso permitirá ao pesquisador desenvolver um comportamento mais isento do ponto de vista valorativo, ou seja, possibilitará que a pesquisa não seja condicionada por juízos de valor, pela busca do certo e do errado; do bom e do ruim; do bem e do mal, entre outros. Para pôr em prática 21 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Caro cursista, Um filme que gostaríamos de indicar a você como referência para esta unidade e para sua formação acadêmica Encontrando Forrester (2000): Jamal Wallace ganha uma bolsa de estudos em uma escola de elite de Manhattan devido ao seu desempenho nos testes de seu antigo colégio no Bronx. Ele conhece William Forrester, um talentoso e recluso escritor com quem desenvolve uma profunda amizade. Percebendo o talento para a escrita de Jamal, Forrester procura incentivá-lo a seguir este caminho, mas termina recebendo de Jamal algumas boas lições de vida. Síntese Nessa unidade você viu algumas abordagens referentes ao conhecimento, ao estudo e a pesquisa científica. Verificamos os tipos de conhecimento que se classificam em: conhecimento empírico (senso comum); conhecimento filosófico; conhecimento teológico e conhecimento científico, sendo o último, o principal objeto de estudo deste módulo. Você, também, viu a metodologia de estudo e seus aspectos importantes no processo de aprendizagem onde demos destaque à atenção considerando seus três princípios (concentração; intermitência e interesse). No que diz respeito à memória vimos a memorização passiva e mecânica; memorização ativa e significativa. Nas estratégias de estudo você acompanhou os hábitos de estudo, o tempo, o material de estudo e o ambiente que são estratégias importantes para alcançar os objetivos de estudo. Também abordamos algumas técnicas de aprendizagem que enriquecem o planejamento de estudo estando entre elas: a) leitura; b) pesquisa; c) registro de informações (anotações, resumo, esquema, fichamento e estudo coletivo). A importância da Educação a Distância, bem como, a importância do aluno EaD, receberam atenção neste capítulo. Por esta razão, foram apontados os tipos de pesquisa: Pesquisa Experimental; Pesquisa Social e Pesquisa Teórica. Vale reforçar que a pesquisa científica é classificada em: bibliográfica; de campo e experimental, para as quais pode ser realizada uma pesquisa quantitativa ou qualitativa. Encerrando a unidade, estudamos a relevância da pesquisa científica e a neutralidade científica. Saiba mais 22 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA UNIDADE II Metodologia científica Introdução Chegamos na segunda unidade, na qual será tratado, prioritariamente, de como o conhecimento científico é produzido, ou seja, como se desenvolve uma pesquisa científica. Vamos estudar os processos que envolvem a realização do trabalho científico em seu aspecto formal, o que envolve a metodologia científica e suas etapas, assim como, os passos para a elaboração e a execução de um projeto de pesquisa. É disso que trata a metodologia científica, enquanto caminho a ser percorrido na produção do conhecimento. De acordo com Demo (1985) lembramos que, normalmente, o conceito de ciência está atrelado à transmissão ou à assimilação do conhecimento, mas isso é somente o resultado da atividade principal da ciência, que é a pesquisa, ou seja, o processo de geração do conhecimento. Primeiramente, é preciso considerar que existem pesquisas nas diferentes áreas do conhecimento: ciências exatas e da terra; ciências biológicas; engenharias; ciências da saúde; ciências agrárias; ciências sociais; ciências humanas; linguística, letras e artes; e ciências multidisciplinares. Tais áreas têm especificidades quanto à metodologia científica, embora o objetivo seja comum, ou seja, promover o desenvolvimento do homem e da sociedade. Neste sentido, como salienta Richardson (1989), a pesquisa pode envolver tanto a busca pela solução de problemas específicos, como a cura de uma doença, a eficácia de um método ou recurso, a otimização de um processo de trabalho etc.; quanto a criação ou, ainda, a avaliação de teorias, ideias, teses, entre outros. Daí a importância de que o pesquisador defina o tema, o problema de pesquisa e a metodologia a ser utilizada, aspectos que compõem o planejamento de pesquisa. No primeiro tópico dessa unidade, veremos as etapas do processo da pesquisa científica. 23 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Etapas de uma pesquisa A pesquisa científica é uma investigação sistemática, que visa à construção ou à consolidação de conhecimentos. As partes fundamentais de uma pesquisa são: Escolha e delimitação do tema; Levantamento de fontes bibliográficas; Planejamento da pesquisa e elaboração do projeto; Execução do projeto de pesquisa, o que envolve a metodologia para a coleta e a análise de dados; Elaboração do relatório final; Apresentação pública do trabalho de pesquisa. Abaixo, tais partes serão detalhadas para que você entenda cada uma delas. Escolha e delimitação do tema Existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de pesquisa: as condições internas ou particulares do pesquisador e as condições impostas pelo meio em que a pesquisa é direcionada, conforme detalhamos abaixo: Fatores internos Afetividade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal; Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa; O limite da capacidade do pesquisador em relação ao tema pretendido. Fatores externos A significação do tema escolhido, sua novidade, sua oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais; O limite de tempo disponível para a conclusão do trabalho. Conforme destacam Bastos e Keller (2014), diferentemente dos cursos de pós- graduação stricto sensu (Mestrado e Doutorado), a originalidade do tema do trabalho de conclusão dos cursos de graduação e de especialização (lato sensu) não é um pré- requisito, o que não significa que o pesquisador esteja isento da criatividade ao 24 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Caro cursista, Para aprofundar o conteúdo dessa unidade, leia o Anexo A: Determinação do tema de pesquisa de Ana Maria M. Cintra. estabelecer critérios próprios de leitura, análise e interpretação de informações ou dados coletados; ou seja, espera-se o mínimo de inventividade na proposta temática, a fim de contribuir para a produção de conhecimentos da área pesquisada. Delimitação do tema Ao escolher o tema, corre-se o risco de abordar um conteúdo demasiado abrangente, o que torna a pesquisa inviável. Por isso, é fundamental delimitar o tema o máximo possível, selecionando, de forma precisa, a problemática a ser abordada na pesquisa. De acordo com Netto (2008),a escolha e a delimitação do tema estão atreladas ao tipo de pesquisa a ser desenvolvida: bibliográfica, experimental ou ambas. Além disso, é preciso fazer a triagem do assunto, junto a bancos de dados bibliotecários, compêndios didáticos, bancos de pesquisas acadêmico-científicas, entre outros, a fim de verificar a exequibilidade da pesquisa. Bastos e Keller (2014, p. 63) ressaltam, ainda, a importância da localização material da pesquisa, a qual envolve os seguintes aspectos: Espaço – país, estado, instituição sobre o qual será feita a pesquisa; tempo – sobre que período histórico versará; personagens – autores que tenham especialização ou envolvimento com o tema; funcionamento – aspectos materiais e ideológicos que se encontram envolvidos no assunto, como por exemplo, símbolos, conteúdos, métodos, valores, sanções, pressupostos científicos ou filosóficos. Resta salientar a necessidade de esclarecer o enfoque que será dado ao tema: a pesquisa será sociológica, histórica, filosófica, estatística, psicológica, enfim, a que área do conhecimento ela pertence. Saiba mais 25 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Levantamentos de fontes bibliográficas De acordo com Bastos e Keller (2014), a cientificidade de uma pesquisa está vinculada à qualidade da documentação bibliográfica que a sustenta, ou seja, a intenção do estudo já requer que o pesquisador faça um levantamento das fontes que podem embasar sua pesquisa, inclusive para avaliar se a temática proposta é viável. Nessa perspectiva, segundo Eco (1996), a escolha do tema pode se tornar um problema se não houver disponibilidade de material para consulta. Muitas vezes, o tema escolhido é pouco trabalhado por outros autores e não existem fontes secundárias para consulta. A falta dessas fontes obriga o pesquisador a buscar fontes primárias que necessitam de um tempo maior para a realização do trabalho. Esse problema nem sempre impede a realização da pesquisa, mas deve ser levado em consideração para que o tempo institucional não seja ultrapassado. De qualquer modo, o levantamento de fontes bibliográficas é a localização, a obtenção e avaliação quanto à disponibilidade de documentos e materiais (livros, artigos, fotocópias, teses, fotografias), que subsidiarão o trabalho de pesquisa, sendo realizado junto às bibliotecas ou serviços e bancos de informações existentes. Isso requer a organização dos documentos de acordo com o objetivo da pesquisa, o qual pode ser feito em dois níveis: nível geral do tema a ser tratado, o qual envolve a relação de todas as obras ou documentos sobre o assunto; e o nível específico a ser tratado, que engloba somente a relação das obras ou documentos que contenham dados referentes à especificidade do tema a ser tratado. O planejamento de pesquisa e a elaboração do projeto A produção de uma pesquisa científica tem o objetivo de descobrir algo novo ou dar outras possíveis explicações para determinado fato. Ela pode ser realizada em qualquer área do conhecimento, geralmente nascendo a partir de uma ideia, de um tema ou mesmo de um conteúdo específico. Nesse contexto, pesquisar faz com que o indivíduo tenha interesse em descobrir, explorar, interpretar coisas do nosso meio social. A pesquisa faz com que o aluno tenha vontade de seguir em frente com os seus objetivos, criando uma atmosfera de conhecimentos que faz do seu dia a dia um processo de ensino-aprendizagem desenvolvido por meio de planejamentos, atividades, e a construção de uma didática mais elaborada e objetiva (BARROS, 26 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA 1999). Sob esse prisma, é imprescindível fazer um planejamento prévio da investigação a ser realizada, a fim de estabelecer critérios e caminhos a serem seguidos no decorrer do estudo, seguindo o que determina a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que estabelece “princípios gerais para a elaboração e apresentação de projetos de pesquisa” (ABNT 2005, p. 1). Denomina-se, assim, planejamento de pesquisa à organização prévia e racional de um estudo científico, ou seja, trata-se da antecipação de ações, propostas de acordo com a perspectiva teórica e metodológica que mediará a relação entre o sujeito e o objeto do estudo, a fim de alcançar os objetivos traçados e, assim, produzir resultados confiáveis. Segundo Minayo (1999), ao elaborar um projeto de pesquisa, o pesquisador deve considerar tanto a dimensão ideológica, explicitada pela corrente teórica que fundamenta a ação e a proposta temática do pesquisador; quanto a dimensão técnico-científica, a qual envolve as regras e os procedimentos metodológicos da pesquisa científica, previstas no planejamento. Nesse sentido, a elaboração do projeto de pesquisa viabiliza a realização de um trabalho científico, seja monografia, artigo, dissertação ou tese, pois no projeto são traçadas as estratégias para o desenvolvimento do trabalho científico de acordo com as etapas do método científico. E, embora o planejamento não assegure, por si só, o sucesso da monografia ou artigo, certamente, é o melhor caminho para um trabalho de qualidade. Projeto de pesquisa Como destacado anteriormente, um projeto é um plano para o futuro, de modo que realizar um projeto de pesquisa é planejar previamente o que será pesquisado e como será realizado o trabalho de coleta de dados da pesquisa (LAKATOS e MARCONI, 1991). Desse modo, como destaca Gil (1991), o projeto de pesquisa é o documento que registra o planejamento da pesquisa, detalhando a finalidade e as etapas operacionais de do trabalho de pesquisa. Nele, serão traçados os caminhos que deverão ser trilhados para alcançar seus objetivos. O documento permitirá a avaliação da pesquisa pela comunidade científica e será apresentado para se obter aprovação e/ou validação cientifica. Dessa forma, entende-se que o projeto científico deve contemplar questionamentos como: 27 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA O que será pesquisado? (Tema e problema de pesquisa) Por que se deseja fazer a pesquisa? (Justificativa) Para que se deseja fazer a pesquisa? (Objetivos) Como será realizada a pesquisa? (Metodologia) Quando será cumprida cada etapa da pesquisa? (Cronograma) Quais recursos serão necessários para sua execução? (Orçamento)? É importante destacar, ainda, que a elaboração de um projeto requer antes de tudo um ambiente adequado para o desenvolvimento das ideias, requer tempo e paciência para que se possa trabalhar, exercitando a relação entre a teoria e a prática. Barros (1999) destaca que um projeto surge em resposta a um problema concreto. Por isso, elaborar um projeto é contribuir para a solução de problemas, transformando IDEIAS em AÇÕES. Assim, a organização do projeto em um documento auxilia a sistematização do trabalho em etapas a serem cumpridas, a compartilhar a imagem do que se quer alcançar, identificar as principais deficiências a superar e apontar possíveis falhas durante a execução das atividades previstas. O esquema para a elaboração de um projeto de pesquisa não é único e não existem regras fixas para sua elaboração. Nele, contudo, você mostrará o que pretende fazer, qual o diferencial da sua pesquisa e sua contribuição na área de conhecimento a qual está relacionado o estudo. No entanto, cada instituição padroniza as regras necessárias para a estruturação do projeto de pesquisa, em consonância às regras da ABNT. Resumidamente, a estrutura para a elaboração do projeto de pesquisa é a seguinte: tema; introdução; justificativa; problema; hipótese; objetivos; metodologia; cronograma; referências bibliográficas. Na sequência, você vai conhecer detalhadamente cada uma dessas etapas. Tema Segundo Netto (2008, p.59), o tema de pesquisa tem a seguinte contextualização, [...] o tema de pesquisa, o problema a ser pesquisado e sua justificativa. Neste momento, o pesquisador deverácontextualizar o tema de forma a identificar 28 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA os motivos ou o contexto no qual o problema ou as questões de pesquisa forma identificados. O pesquisador deverá revelar o que se vai fazer e o porquê. O autor deverá ainda apresentar uma visualização situacional do problema, restringindo sua abordagem e apresentando a questão que fizeram propor a pesquisa. Deverá nomear as hipóteses ou os pressupostos que estão guiando a execução da pesquisa. Hipóteses ou pressupostos são respostas provisórias para as questões colocadas acima, arrolando os argumentos que indiquem que sua pesquisa é significativa, importante e/ou relevante e indicando os resultados esperados com a elaboração da pesquisa. Introdução É a apresentação do processo de estudo, no qual o aluno realizará uma breve revisão de literatura para explicar principalmente os aspectos centrais do seu tema e como a pesquisa será desenvolvida. No caso do projeto de pesquisa, o tema será explicitado na introdução. Justificativa A justificativa, como o próprio nome indica, é a argumentação sobre a relevância da pesquisa, visando convencer o leitor de que comprovar ou negar a hipótese levantada é de suma importância para a comunidade acadêmica, para a sociedade ou para alguns indivíduos. Deve-se tomar o cuidado, na elaboração da justificativa, para não se tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho da pesquisa. Ou seja, a justificativa exalta a importância do estudo do tema, sua necessidade imperiosa de se levar a efeito tal empreendimento. É, também, na justificativa que se explica o porquê de ter escolhido esses autores e não outros para embasar teoricamente o conteúdo do trabalho. Esse procedimento é conhecido também como embasamento teórico ou revisão de literatura, como destaca Severino (2014, p. 130), [...] Este é o momento de se referir então aos estudos anteriores já feitos sobre o tema para assinalar suas eventuais limitações e destacar assim a necessidade de se continuar a pesquisá-lo e as contribuições que o seu trabalho dará, justificando-o desta maneira. É o que denomina a revisão de literatura, processo necessário para que se possa avaliar o que já se produziu sobre o assunto em pauta, situando-se, a partir daí, a contribuição que a pesquisa projetada pode dar ao conhecimento do objeto a ser pesquisado. 29 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Problema O problema é a mola propulsora de todo o trabalho de pesquisa, isto porque após definir o tema, levanta-se uma questão para ser respondida através de uma hipótese, que será confirmada ou negada através do trabalho de pesquisa. O problema é criado pelo próprio autor e relacionado ao tema escolhido. O autor, no caso, criará um questionamento para definir a abrangência de sua pesquisa. Não há regras para se criar um problema, mas alguns autores sugerem que ele seja expresso em forma de pergunta. Assim, o problema de pesquisa é aquilo que se quer pesquisar a respeito de um determinado tema. Conforme Nascimento (2012, p. 40), O problema pode ser entendido como uma questão ainda não resolvida, uma dificuldade, insatisfação, frustração, dúvida, curiosidade ou, ainda, uma necessidade não atendida, ou seja, algo que não foi atendido, resolvido ou minimizado para que possa trazer ou provocar bem-estar, satisfação, prazer, alegria, felicidade, rentabilidade, lucratividade, evolução, progresso, solução, exigindo-se do pesquisador: capacidade de percepção sensorial; preparação para tratamento científico no futuro. Reflexão para expansão do conhecimento; visualização transparente, que é, além de ver, a capacidade de antecipar, de pressentir; capacidade de análise crítica para não ser envolvido em falha de percepção sensorial. Além disso, os problemas de pesquisa não devem conter juízo de valor, ou seja, não são classificados em: bom ou ruim, certo ou errado. Trata-se, portanto, de delimitar o estudo, enfatizando algo que ainda não se tem ou não se conhece, sendo objeto de discussão na respectiva área do conhecimento, e cuja elucidação pela pesquisa oferecerá contribuição salutar para o meio acadêmico e/ou para a sociedade. Exemplos de problema de pesquisa: Em que medida a escolaridade determina o grau de produtividade de um indivíduo em uma determinada empresa? De que forma técnicas de dinâmicas de grupo podem facilitar a integração entre funcionários de uma empresa? Hipótese A hipótese é sinônimo de suposição, que tenta responder ao problema 30 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA levantado pelo tema escolhido para pesquisa, ou seja, é uma pré-solução para o problema levantado. O trabalho de pesquisa, então, irá confirmar ou negar a hipótese (ou suposição) levantada. Para Nascimento (2012), a formulação da hipótese está vinculada à delimitação do objeto de estudo, ou seja, ao problema de pesquisa, representando uma resposta antecipada ao problema de pesquisa. Porém, tal suposição, ainda desprovida da objetividade científica, será verificada e/ou testada no decorrer da pesquisa, vindo a se confirmar ou não. Objetivos A definição dos objetivos determina aonde o pesquisador quer chegar com a realização do trabalho de pesquisa. Portanto, o objetivo é o sinônimo de meta, finalidade, detalhando o que o pesquisador almeja conhecer, medir ou comprovar. Devem ser divididos em objetivo geral, o qual indica genericamente a finalidade do estudo; e objetivos específicos, os quais detalham a finalidade geral, evidenciando ações, metas e etapas a serem cumpridas, a fim de atingir o objetivo geral. Obrigatoriamente deve iniciar com um verbo no infinitivo. Metodologia de pesquisa A escolha da metodologia utilizada para realizar a pesquisa é uma etapa de considerável importância na qual você, no papel de pesquisador, delineará os passos, os métodos, as técnicas, bem como o material, a definição da amostra/universo e a forma como serão coletados e, também, tratados os dados. Portanto, na pesquisa, utilizam-se diferentes instrumentos para obter uma resposta mais precisa. O instrumento apropriado deverá ser definido pelo pesquisador, a fim de atingir os resultados ideais (LAKATOS e MARCONI, 1991). Para ilustrar a importância de um instrumento adequado, sugerimos que você assista ao vídeo Método Científico https://youtu.be/eRDBggKy0js antes de passar ao próximo tópico. Como já mencionamos, a metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda ação a ser desenvolvida no processo de pesquisa, Nesta etapa, devem ser anunciadas as fontes (empíricas, documentais, bibliográficas) com que o pesquisador conta para a realização e os procedimentos metodológicos e técnicos que usará, deixando bem claro como é que vai proceder. À vista dos objetivos perseguidos, da natureza do objeto pesquisado e dos procedimentos possíveis, indique as etapas de seu https://youtu.be/eRDBggKy0js 31 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA processo de investigação, tendo bem presente que os resultados de cada uma das etapas é que constituirão as partes do relatório final do trabalho [...] (SEVERINO, 2014, p. 131). Assim, a metodologia detalha como a pesquisa será desenvolvida, descrevendo os procedimentos e etapas a serem cumpridas, desde o tipo de pesquisa a ser realizada (bibliográfica, experimental ou de campo; quantitativa ou qualitativa) às técnicas que serão utilizadas (documental, questionário, observação, entrevista etc.). Definição do método O método deve ser definido de modo a alcançar o objetivo proposto. Ele deve produzir resultados que, quando analisados de forma objetiva, irão comprovar ou negar a hipótese ou irão responder ao objetivo da pesquisa. Antes de avançarmos nesse tópico, é fundamental que você conheça os diferentes tipos de pesquisa. Bastos e Keller (2000, p.25) definem os seguintes tipos de pesquisa: Pesquisa experimental:é a pesquisa que envolve algum tipo de experimento. Pesquisa exploratória: é a pesquisa que busca constatar algo num organismo ou num fenômeno. Pesquisa social: é a pesquisa que busca respostas de um grupo social. Pesquisa histórica: é a pesquisa que estuda o passado. Pesquisa teórica: é a pesquisa que investiga uma determinada teoria. Além desses tipos de pesquisa, temos também a pesquisa científica bibliográfica, de campo e experimental JOHANN (1997). Pesquisa bibliográfica: essa pesquisa apresenta uma importância fundamental dentro das atividades acadêmicas. Por ser o tipo mais frequente, representa uma dimensão extremamente importante. Ela procura explicar e responder problemas dentro de uma dimensão teórica. Na pesquisa bibliográfica, os livros são a ferramenta básica para o pesquisador fundamentar o assunto em questão. Esse é o tipo de pesquisa mais usual, por oferecer facilidades na busca do material, mas não se pode esquecer que todos os tipos de pesquisa devem apresentar o seu referencial bibliográfico. Dentro deste tipo de pesquisa, o 32 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA pesquisador terá de oferecer, ao contexto acadêmico, uma bibliografia respeitável e atualizada. Além disso, uma pesquisa não poderá ser feita somente em torno de uma obra. Quanto mais completas forem as fontes consultadas, mais rica e profunda será a pesquisa. Para tal, é fundamental a organização. A ficha de leitura é de grande utilidade, devido à facilidade de se partir daí para a redação do texto JOHANN (1997). Pesquisa de campo: essa pesquisa não dispensa a pesquisa de bibliografia, a qual está presente em todos os tipos, entretanto, exige que o pesquisador se dirija a um contexto e, através de observação, entrevistas e/ ou questionários, encontre uma resposta para ele. Para Johann (1997), esse tipo de pesquisa deveria ser utilizado com mais frequência, pois cria uma integração da universidade com a comunidade. Toda pesquisa é de interesse social, existindo a necessidade desta relação. Ainda de acordo com o autor, a pesquisa de campo é usada, geralmente, nas ciências humanas e sociais. Tem por fim explicar e interpretar as relações sociais e culturais da sociedade. A grande vantagem desta modalidade de investigação é a possibilidade de apresentar coisas novas e atuais. Por se tratar de um trabalho de campo, os resultados só podem ser alcançados mediante uma interpretação dos dados localizados, e a pesquisa favorece o envolvimento da universidade no contexto social. É importante que você saiba que cada linha de pesquisa oferece as suas dificuldades e dentre as mais comuns, destacam-se o contexto de pesquisa e a população-alvo, as dificuldades no levantamento e a precisa interpretação dos dados. Mesmo com essas dificuldades, este tipo de pesquisa dá ao pesquisador um referencial social do grupo pesquisado. O pesquisador que fizer uso da pesquisa de campo deve ater-se a um planejamento detalhado, como: assunto, população-alvo, elaboração do objetivo de levantamento de dados, tempo da coleta de dados, além de uma exploração bibliográfica. Como toda pesquisa científica, requer precisão, e é indispensável ao investigador um planejamento prévio. Nesse tipo de pesquisa, também denominada descritiva, é fundamental não haver manipulação de dados. É necessária uma análise precisa dos mesmos. 33 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Se forem utilizados questionários na pesquisa de campo, as questões elaboradas devem ser bem claras e objetivas. Não devem oferecer ao entrevistado a possibilidade de subjetividade. Quanto mais fiéis forem as respostas, melhor serão os resultados. Segundo os autores Bastos e Keller (1991, p 55 apud JOHANN, 1997, p. 62), a pesquisa de campo, [...] visa dirimir dúvidas, ou obter informações e conhecimentos a respeito de problemas para os quais se procuram resposta, ou a busca de confirmação para hipóteses levantadas ou, finalmente, a descoberta de relações entre fenômenos ou os próprios fatos novos e suas respectivas explicações. A pesquisa descritiva procura analisar, classificar, explicar e interpretar os fenômenos observados, o que significa dizer que o pesquisador deverá se ater aos aspectos particulares dentro de um todo. Seja nas respostas que são dadas ou como são dadas, tudo deve ser objeto de interpretação e análise, pois é função do pesquisador objetivar a leitura pessoal do contexto no qual está pesquisando. Pesquisa experimental: essa pesquisa está ligada às ciências naturais. Há necessidade de equipamentos e laboratório para a verificação das hipóteses. Mesmo sendo um tipo de pesquisa onde os resultados apresentam objetividade, também apresenta subjetividade no observar as coisas. A pesquisa experimental requer o uso de técnica e instrumentos que possam oferecer um resultado sólido. Em função dos equipamentos e das técnicas utilizadas, este tipo de pesquisa torna-se bem mais caro. Os equipamentos utilizados, por serem de alta resolução, requerem por parte do pesquisador atenção e análise de todos os aspectos observados. Ademais, a pesquisa experimental caracteriza-se “[...] por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis proporciona o estudo da relação entre causas e efeitos de um determinado fenômeno [...]” (CERVO e BERVIAN, 1983, p. 58 apud JOHANN, 1997, p. 62). Ressaltamos que a escolha do tipo de pesquisa deve estar alinhada a seu objetivo, isto porque facilitará a definição instrumento de pesquisa, ou seja, o método ou técnica. No próximo tópico, você conhecerá o tipo de método de abordagem. 34 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Tipo de método de abordagem De uma forma bem superficial, denominamos como método a escolha que o pesquisador faz dos procedimentos sistemáticos que irá utilizar em sua pesquisa para descrever e explicar os fenômenos estudados. Gil (1999, p. 26) define método científico como o “caminho utilizado para se chegar a determinado fim ou um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicas para atingir o conhecimento”. A abordagem de análise desde a coleta de dados, tabulação, análise e interpretação dos dados coletados pode ser: Quantitativa: essa pesquisa envolve grande amostragem de dados, os quais podem ser quantificados, sendo considerados representativos quanto à população pesquisada, ou seja, os resultados representam um retrato da realidade da população alvo da pesquisa. Centrada na objetividade científica, a pesquisa quantitativa pauta-se na ideia de que a realidade só pode ser compreendida mediante a análise de dados brutos, ou seja, as primeiras informações numéricas colhidas por meio de técnicas de pesquisa padronizadas e neutras. De acordo com Fonseca (2002, p.20), A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente. Em suma, a pesquisa quantitativa visa obter, como resultado, índices numéricos que indiquem preferências, opiniões e padrões de comportamento, entre outros aspectos, dos indivíduos e grupos pesquisados. Daí a importância em servir- se de métodos objetivos e instrumentos de investigação padronizados, como os questionários, os quais possibilitam lidar com dados numéricos em grande quantidade. Qualitativa: essa pesquisa não se atenta à representatividade numérica, buscando a compreensão aprofundada sobre os paradigmas que regem as ideias, os valores e as atitudes de pensadores, grupos, organizações etc. Servindo-se de diferentes abordagens e técnicas, a pesquisa qualitativa não expõe julgamentos, crenças ou preconceitos, buscando investigar as causas e as influências que incidem sobre as relações sociais.35 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Segundo Minayo (2001), esse tipo de pesquisa considera os diversos significados, motivações, valores, crenças, expectativas, aspirações, atitudes, entre outros aspectos; isso significa investigar tudo o que envolve as relações, os processos e os fenômenos pesquisados, os quais não podem ser quantificados. Já Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), definem a pesquisa qualitativa da seguinte forma, A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. [...] Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas. Além disso, Gerhardt e Silveira (2009) alertam para alguns limites e riscos da pesquisa qualitativa, os quais precisam ser considerados a fim de assegurar a neutralidade e o rigor científico: confiança exacerbada no pesquisador quanto à coleta de dados; apoiar-se unicamente nas anotações feitas em campo, as quais podem limitar ou influenciar a análise do observador; escassez de informações quanto aos processos de pesquisa que resultaram nas conclusões obtidas; enfoque limitado e superficial ao analisar os dados coletados; envolvimento exacerbado do pesquisador na situação analisada ou com os sujeitos da pesquisa, entre outros. Você já sabe o que caracteriza a abordagem quantitativa e a abordagem qualitativa, então, observe os quadros comparativos abaixo, que sintetizam esses tipos de pesquisa (abordagem). QUADRO 1 – COMPARATIVO ENTRE A ABORDAGEM QUALITATIVA E A ABORDAGEM QUANTITATIVA Fatores a considerar Qualitativa Quantitativa Enfoque na interpretação do objeto maior menor Importância do contexto do objeto pesquisado maior menor Proximidade do pesquisador em relação aos fenômenos estudados maior menor Alcance do estudo no tempo instantâneo intervalo maior Quantidade de fontes de dados várias uma 36 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA Ponto de vista do pesquisador interno à organização externo à organização Quadro teórico e hipóteses menos estruturadas definidas rigorosamente Fonte: Fonseca, 2002, p 21 apud Gerhardt e Silveira, 2009, p. 33. QUADRO 2 - COMPARAÇÃO ENTRE O MÉTODO QUANTITATIVO E O MÉTODO QUALITATIVO Quantitativa Qualitativa ▪ Focaliza uma quantidade pequena de conceitos ▪ Tenta compreender a totalidade do fenômeno, mais do que focalizar conceitos específicos ▪ Inicia com ideias preconcebidas do modo pelo qual os conceitos estão relacionados ▪ Possui poucas ideias preconcebidas e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador ▪ Utiliza procedimentos estruturados e instrumentos formais para coleta de dados ▪ Coleta dados sem instrumentos formais e estruturados ▪ Coleta os dados mediante condições de controle ▪ Não tenta controlar o contexto da pesquisa, e, sim, captar o contexto na totalidade ▪ Enfatiza a objetividade, na coleta e análise dos dados ▪ Enfatiza o subjetivo como meio de compreender e interpretar as experiências ▪ Analisa os dados numéricos através de procedimentos estatísticos ▪ Analisa as informações narradas de uma forma organizada, mas intuitiva Fonte: Polit et al., 2004 apud Gerhardt e Silveira, 2009, p. 33. Cada método de investigação tem suas normas e o trabalho de pesquisa deve ser planejado e executado dentro das normas do método escolhido, pois cada método tem uma sistemática e uma forma de abordar o problema. Por isso, é importante a escolha do método apropriado para cada tipo de estudo. Segundo Richardson (1989), é a natureza do problema ou o seu nível de aprofundamento que, de fato, determina a escolha do método. Além disso, a coleta de dados pode ocorrer por meio de técnicas, as quais podem variar de acordo com a especificidade dos dados que o pesquisador pretende obter. O importante é que no momento da escolha, deve-se considerar: a intenção do pesquisador; a natureza do problema; os objetivos da pesquisa; o nível de aprofundamento desejado. A diferença entre os vários tipos de pesquisa não está somente na técnica ou no método de coleta de dados, mas, também, na atenção 37 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA especial à fonte de pesquisa e na seriedade e objetividade com que se faz a coleta de dados. Na tabela que segue, detalhamos os principais tecnicas que podem ser utilizadas como instrumento de pesquisa. TABELA 3 – PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE PESQUISA Técnica Definição Documentação Detalhamento dos procedimentos que envolvem a coleta, a organização, a conservação e a difusão da documentação utilizada na pesquisa, especialmente em se tratando de pesquisa bibliográfica. Envolve, ainda, a coleta, o registro e a sistematização dos dados e das informações da pesquisa. “É a técnica da identificação, levantamento, exploração de documentos fontes do objeto pesquisado e registro das informações retiradas nessas fontes e que serão utilizadas no desenvolvimento do trabalho” (SEVERINO, 2014, p.124). Questionário Pode ser realizado na forma de formulários, testes ou enquetes. Nessa técnica elaboram-se, por escrito, várias questões, com objetivos variados, como por exemplo, qual a opinião, a expectativa, as crenças etc. de um determinado grupo. Quando utilizado na pesquisa quantitativa, questionário possibilita atingir um número significativo de pessoas, com baixo custo, garantindo o anonimato do entrevistado. Por outro lado, traz a desvantagem de excluir os analfabetos e/ou pessoas com baixo grau de escolaridade, não garantindo a representatividade da amostra nas respostas. Também deve ser levado em consideração que os itens do questionário podem ter significado diferente para cada sujeito pesquisado. A técnica de questionário também pode ser utilizada na forma qualitativa, embora seja menos usual. Observação A observação pode ser considerada como um método de investigação e é uma das técnicas de levantamento de dados mais utilizadas. Pode ser utilizada de forma exclusiva na coleta de dados ou conjugada com outras técnicas e pode estar presente em outros momentos da pesquisa. Ao contrário do que parece, a facilidade dessa técnica é apenas aparente, pois exige um cuidadoso preparo do observador para cada tipo de estudo, de forma que o envolvimento do pesquisador (no caso da forma direta ou participante) não resulte em uma visão distorcida do fenômeno e não provoque alterações no ambiente ou no comportamento das pessoas envolvidas. observação simples, na qual o investigador permanece alheio à comunidade ou grupo pesquisado; observação sistemática, que descreve de forma precisa um fenômeno, sendo realizada a partir de um plano específico para a organização e o registro das informações; observação assistemática, que cumpre um plano de observação mais livre, sendo determinado pelos objetivos da pesquisa; 38 METODOLOGIA DE ESTUDO E PESQUISA observação participante, que envolve a participação do observador na vida da comunidade ou grupo estudado. Ao se envolver com o cotidiano do grupo, o pesquisador pode compreender melhor os seus elementos. Entrevista É um valioso instrumento de coleta e, neste caso, informa-se ao entrevistado o que se pretende com a pesquisa. Cabe ao entrevistador registrar exatamente o que foi dito, podendo, ainda, registrar aspectos não-verbais, isto é, as reações do entrevistado durante a entrevista (risos, emoção, lágrimas, pausas etc.), que podem incrementar as impressões auferidas durante a entrevista. estruturada, quando as questões são formuladas de uma forma mais rígida e força uma escolha entre as opções, objetivando
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