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Valter Donaciano Correia www.teoriadofutebol.com Nota do autor Diz um provérbio antigo que, você não pode ajudar alguém a subir, sem você ficar mais perto do topo. Este livro não é apenas uma síntese de assuntos relacionados com o treino do futebol, centrado no âmbito da aprendizagem desportiva. Sobre o ponto de vista do projecto “Teoria do Futebol”, pretendemos que cada leitor tenha o melhor acesso a um conjunto de temáticas, com desejo de reflectir sobre elas e os seus autores, que procure actualizar toda a informação e aprendizagem conseguida, que critique, mas mais do que isso, que não leve cada palavra como uma verdade universal e impermutável. O futebol é algo bastante atractivo, complexo, interessante e ao mesmo tempo simples. É verdade que um treinador de sucesso não deve perceber apenas de futebol. Para qualquer treinador de futebol, jogador ou praticante, interessado ou curioso, basta envolver-se nos conteúdos que rodeiam este desporto para, simplesmente, dinamizar o conhecimento e a vontade de atingir patamares superiores, seja dentro ou fora de qualquer disciplina desportiva. Facilmente compreendemos que o desporto pressupõe formação e educação, e com ele desenvolve-se uma estratégia educativa, pela qual devia passar qualquer jovem pessoa, independentemente do sexo, etnia ou classe social. “Teoria do Futebol” é um projecto básico, simples, de aprendizagem e de ensino, que procura qualquer conhecimento para a formação de treinadores de futebol, bem como a constante melhoria e aprovação de todos os leitores e seguidores. Assim, este livro é publicado como agradecimento a cada um dos nossos leitores e seguidores, com os quais temos privilégio em crescer e chegar cada vez mais longe, sem esquecer que sem todos eles, seria impossível. A todos os leitores do “Teoria do Futebol”, um muito obrigado Sumário 1) A importância do treino na formação do atleta e da equipa 2) A relação entre o treino e a competição 3) A idealização do treino 4) Introdução aos princípios do treino a) O princípio da individualidade biológica b) O princípio da adaptação c) O princípio da sobrecarga d) O princípio da continuidade e) O princípio da interdependência Volume-Intensidade f) O Princípio da especificidade g) O princípio da variabilidade h) O princípio da saúde i) A inter-relação entre os princípios 5) Exercícios a) Exercício 1: passe curto, médio ou passe longo b) Exercício 2: combinações directas c) Exercício 3: Marcação, desmarcação e combinações directas d) Exercício 4: relação com bola e) Exercício 5: Posse de bola e saída de jogo f) Exercício 6: Posse de bola g) Exercício 7: Saída de jogo organizada h) Exercício 8: Defesas contra atacantes i) Exercício 9: construção de situações de finalização contra saída de jogo j) Exercício 10: Mobilidade da equipa k) Exercício 11: Mobilidade da equipa l) Exercício 12: mini-jogo m) Exercício 13: praticar transições n) Exercício 14: aprofundar para finalizar o) Exercício 15: o comboio p) Exercício 16: em profundidade q) Exercício 17: finalizar r) Exercício 18: transição ofensiva s) Exercício 19: na posse da bola t) Exercício 20: variar o passe u) Exercício 21: levantar a cabeça v) Exercício 22: introdução ao equilíbrio defensivo w) Exercício 23: cada vez mais rápido x) Exercício 24: amplitude máxima y) Exercício 25: o percurso z) Exercício 26: o losango aa) Exercício 27: o hexágono bb) Exercício 28: balizas ao contrário cc) Exercício 29: com a bola no ar dd) Exercício 30: as bolas não chegam 6) As fases do jogo no futebol a) Movimentos horizontais durante a Fase II e Fase III ofensivas b) Saída de jogo ou Fase III ofensiva c) Inversão de bola durante a Fase II ofensiva d) A criação de situações de finalização durante a Fase II ofensiva e) A finalização ou Fase I ofensiva f) Equilíbrio defensivo ou Fase III defensiva g) Recuperação defensiva ou Fase II defensiva h) A defesa propriamente dita ou Fase I defensiva 7) Esquemas gerais para as várias fases do jogo 8) O controlo emocional no futebol a) Mas porque deve o indivíduo ter um elevado controlo emocional? b) Que mais pode causar a falta de controlo emocional? c) O que o treinador deve instruir ao atleta? d) Para o treinador 9) A concentração psicológica a) Exercícios para melhorar a concentração A importância do treino na formação do atleta e da equipa Um treinador não deve saber apenas de futebol. Para saber futebol, tanto treinadores como jogadores devem estudar e estudar muito além de praticar bastante. O que fazer e como fazer são pontos de vista importantes, cujas próprias questões procuram respostas para a evolução da organização táctica. Mais do que um treinador de futebol, o mister é um líder, e como em qualquer profissão, um líder deve ser capaz de perceber o que ele mesmo sabe, perceber quais as lacunas da sua equipa ou o que cada um dos seus subordinados não sabe, perceber que o grupo não tem a mesma responsabilidade como ele, e mais importante que tudo, até que o conhecimento sobre as matérias e pessoas sobre as quais lidera: deve ser capaz de transmitir a mensagem sobre as suas ideias, filosofias e pensamentos. Sobre futebol qualquer um sabe ou pelo menos tem algumas ideias. E dar ordens qualquer um dá, sejam boas ou más. Mas nem todos sabem mandar e muito menos são aqueles que são capazes de fazer a mensagem ser recebida pelo receptor, ou seja, fazer com que o seu subordinado compreenda qual a função que deve realizar e como deve agir fora da sua função. Por exemplo, servirá ao treinador saber qual é o modelo de jogo que quer para a sua equipa, mesmo sendo o melhor modelo de jogo do mundo, se não é capaz de começar um treino com uma palestra e continuar com os exercícios necessários para que a equipa aprenda a jogar a sua maneira? Ou então, com um exemplo mais prático: o chefe. De que serve ao chefe saber tudo sobre negócios, se não é capaz de reconhecer o valor de cada um dos seus funcionários e ainda por cima dar ordens erradas? Para uma equipa de futebol, o mais importante é ter um modelo de jogo bem definido, com um conjunto de princípios bem definidos que organizam a equipa de determinada forma. A idealização de um modelo de jogo por um treinador parte sempre da sua filosofia, da cultura do clube e da pressão social, como os adeptos e os média. Só existe uma forma de idealizar um modelo de jogo dentro de um plantel, sendo a forma como o treinador deve passar a mensagem sobre as suas ideias aos seus jogadores, que é através do treino. Operacionar o modelo de treino é a forma mais eficaz de inserir o modelo de jogo no seio do grupo, além de algumas vantagens que sempre vem junto. Formas de defender, formas de atacar, formas de comunicar entre os jogadores e todas as ideias que surgem na mente do treinador apenas são transmitidas através do treino, e, independentemente se o treinador foi ou não jogador de futebol, a capacidade de liderança de um grupo é a chave secreta que distingue os treinadores normais dos melhores treinadores do mundo. Muitos dos melhores treinadores do mundo nem são mestres tácticos, mas são mestres em identificar erros e lacunas e a corrigir esses defeitos da equipa, treinando várias formas de jogar que todas juntas formam a equipa. Qualquer equipa funciona com a ligação entre as partes e o todo, sendo as partes cada jogador e o todo o plantel ou então os jogadores que disputam a partida. Através do treino, o treinador deve interiorizar cada uma das suas ideias em cada jogador, ideias essas que ensinam o jogador a jogar em equipa sem o desligarda sua qualidade individual. Aliás, o treinador deve fazer uso da qualidade individual de cada jogador e assim construir o plural baseado no singular da equipa, sendo capaz de fazer a ligação correcta entre a própria filosofia, a qualidade do plantel e os objectivos do grupo. Assim, podemos concluir que através do treino é possível “domesticar” cada um dos jogadores perante o modelo de jogo definido pelo treinador, uma vez que dessa forma, o rendimento do atleta dispara. Ao mesmo tempo, o alto rendimento atleta tem influência no rendimento da equipa. Esta relação tem um desfecho importante para o futebol, principalmente no futebol moderno: a valorização do atleta e aos altos rendimentos da equipa que valorizam o estatuto do clube no seio da competição. A relação entre o treino e a competição Jogo e modelação parecem ser conceitos cuja especificidade está bastante distante. No entanto, a importância do treino na formação do atleta e da equipa apresenta exactamente o contrário. Através do treino, ao construir formas de jogar específicas, o treinador é capaz de intervir no nível de qualidade de jogo da equipa, valendo até o treino como a única forma de fazer a ligação entre jogadores, equipa e modelo de jogo. Segundo Garganta (1997), como se quer jogar é como se deve treinar. Assim, o objectivo principal do modelo de treino é especializar os jogadores no modelo de jogo definido que, ao ser aplicado durante uma partida de futebol, será avaliado em função da eficácia de cada acção individual e colectiva. Visto que existe uma relação entre treino e jogo, um deve ser semelhante ao outro e ao mesmo tempo, um termo deve fazer progredir o outro termo, buscando o alto rendimento. A avaliação correcta de cada jogador e das suas habilidades tácticas, técnicas, físicas e psicológicas, permite definir uma forma de jogar "ideal" da equipa, sendo que essa forma de jogar apenas pode ser colocada em prática ou em causa através do treino, através de inúmeros exercícios, que cumprem vários princípios específicos do treino. Assim, a ideia de jogo terá um papel importante na forma de treinar, e quanto mais coerente for essa forma de jogar, mais fácil será a forma como será racionalizada através do treino, pois a eficácia e prestação do atleta ou da equipa espelha-se na forma como se treina. A forma como queremos jogar é a forma como devemos treinar e a modelação das características da equipa tem um papel preponderante nessa construção. O futebol é uma modalidade com características muito específicas, e por isso a forma de treinar deve aproximar-se da forma de jogar. O princípio da especificidade do treino resolve esta questão, obrigando a que cada exercício contenha os mesmos estímulos e mesmas situações como uma partida de futebol, ou que sejam aproximados à realidade do jogo. Quanto maior for o grau de correspondência entre o modelo de treino, o modelo de jogo e a realidade do jogo, melhores e mais eficazes serão os resultados do treino, pois a modelação do jogo da equipa condiciona o processo de planeamento e de periodização do treino. Por resumo, provamos que existe uma relação entre o jogo e o treino. Evidentemente que a necessidade de formar um modelo de jogo que seja eficaz e único perante as outras equipas já é uma realidade do futebol moderno. Os resultados do treino apenas são conhecidos durante o jogo, pois é exactamente no jogo onde se formam os estímulos ideais que o treino não consegue reproduzir, e por isso, devemos ter em atenção que até que uma forma de jogar tenha sido totalmente racionalizada perante a equipa, o treino deve ser visto como a componente global e a competição como um ramo dessa componente, ao ponto que um jogo não é mais do que apenas noventa minutos de treino. A idealização do treino " Não concebo a modificação de um comportamento por magia. Tem de ser com o treino. E quando digo treino quero dizer treinos. ". A frase citada pertence a José Mourinho e refere a melhor forma de formar uma equipa e a forma de jogar dessa equipa. Uma vez que o modelo de jogo tem uma forma de ser induzido nos atletas, que é através do treino, e como o treino é sinónimo de trabalho e esforço, o próprio treino também tem uma forma de ser induzido no trabalho da equipa através de ideologias específicas, sendo estas ideologias representadas através dos inúmeros exercícios disponíveis ao treinador, desde que todos esses exercícios sejam específicos para a modalidade. Cada treinador tem uma forma de pensar independente de todos os outros treinadores, e por isso organiza uma forma de treinar também independente dos colegas de profissão. Por essa razão, cada equipa tem uma forma de jogar que a distingue de todas as outras. Ainda se considera o factor sorte como chave para resolver jogos e definir campeões, uma vez que o futebol é um desporto de probabilidades e sem previsão eficaz de todas as situações que surgem durante a competição. No entanto, grandes treinadores compreendem que a sorte é construída, e que o treino tenta combater esse detalhe, preparando a equipa para cada um dos vários momentos. A figura representa uma entre várias formas de treinar, onde os vários princípios do treino partem do singular para o plural, sem esquecer que cada princípio está ligado aos restantes princípios. Pela ordem da figura, o treinador deve distinguir quais as habilidades de cada atleta, sejam físicas, técnicas, tácticas ou psicológicas, pois cada atleta é diferente de todos os outros, e a mesma forma de treinar não produz os mesmos efeitos em dois atletas, Só assim o treinador distingue qual será a forma de treinar para estimular o atleta até ao seu alto rendimento, através de exercícios. Cada exercício deve cumprir quatro princípios fundamentais - adaptação, sobrecarga, continuidade e interdependência - pois só assim poderá desenvolver o atleta de acordo com as características da modalidade. Para conseguir alcançar um desenvolvimento eficaz nessas características, o treinador deve orientar os jogadores em exercícios que sejam específicos para o futebol, mas ao mesmo variar esses exercícios. Por outras palavras, deve escolher exercícios que sejam eficazes para a estimulação correcta do atleta em todas as características físicas, técnicas, tácticas ou psicológicas de acordo com o seu modelo de jogo, mas também variar os exercícios, de forma impedir que os atletas sejam sempre estimulados da mesma forma, assim como também procurar e treinar novas características na equipa e ao mesmo tempo melhorar a criatividade da mesma. O treinador deve ter em conta que cada atleta é um ser vivo e não uma máquina, e que fisicamente tem limites. Cada exercício deve procurar aumentar o rendimento do atleta ao seu máximo, mas de forma ética. Por fim, todos os princípios estão ligados entre si, e o treinador capaz de orientar o treino obedecendo a todos estes princípios, é considerado mestre na vertente do treino. Portanto, o treino é um fenómeno complexo, compreendido como um forma especial de ensino, que pressupõe instrução e didáctica. O processo de treino deve ter sustentação no Modelo de jogo e num modelo de treino resultante do primeiro. Portanto, o modelo de jogo é o orientador de todo o modelo de treino, sendo que a eficácia do primeiro modelo depende da forma de aplicação do segundo modelo, enquanto o segundo modelo depende do primeiro para ser operacionalizado. Introdução aos princípios do treino O futebol é um desporto com características muito próprias e específicas, que o transformam num desporto cujo treino deve ser cuidadosamente programada e analisado e ao mesmo tempo, tem também práticas comuns aos jogos desportivos colectivos. O modelode preparação / treino deverá estar orientado por uma preparação técnico- tática que tenha como objectivo estimular o tipo de solicitações que o modelo de jogo e os seus princípios exigem. (Frade, 1985, citado por Freitas, 2004) Em 2006, José Mourinho afirmou: "Não acredito, no futebol de hoje, em equipas bem fisicamente e outras mal. Há equipas adaptadas, ou não, à forma de jogar do seu treinador. O que nós procuramos é que a equipa se consiga adaptar ao tipo de esforço que a nossa forma de jogar exige." Segundo estas palavras de Mourinho, o treinador deve ter não só um modelo de jogo idealizado para um objectivo final que depende de vários factores, como deve também ter um método e filosofia de treino para que o atleta melhor responda à condições exigidas pelo modelo de jogo. Através de exercícios é possível alcançar essas condições, mas, por sua vez, os exercícios devem responder às condições exigidas pelo método de treino. Assim, existem vários princípios de treino, que, de uma forma geral são norteadores para a criação de uma forma de treinar eficaz, independentemente do método de treino. Entende-se que cada treinador tem a sua forma de trabalhar e de encarar o treino, mas que deve ter em conta condições gerais para a aplicação do seu método de treino, que são os princípios do treino. Uma vez que o treinador é responsável por todo o processo de treino, deve conhecer os objectivos e os efeitos dos exercícios. Cada modelo de jogo corresponde a uma metodologia de treino diferente, ou seja apenas existe uma forma de treinar para uma forma de jogar. A partir destas duas premissas, podemos concluir que o treinador deve escolher exercícios que melhor adaptem os seus jogadores ao seu modelo de jogo, percebendo que cada jogador se adaptará de forma diferente, e que o mesmo exercício não serve para habilitar a mesma forma de jogar em equipas diferentes. O princípio da individualidade biológica A individualidade biológica explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz com que não existam dois seres da mesma espécie iguais. Cada ser humano possui estruturas físicas e psicológicas individualizadas ou diferenciadas dos restantes seres humanos, para que cada um seja único, e nesse sentido o treino individual teria melhores resultados, pois obedeceria às características e necessidades de cada indivíduo. No entanto, existem grupos homogéneos que facilitam o treino desportivo, e o treinador deve verificar as potencialidades, necessidades e fraquezas de cada atleta para que o treino tenha um desenvolvimento aproximado sobre o ideal. Existem duas capacidades constitucionais que partem do princípio da individualidade biológica: Fenótipo - responsável pela capacidade de evolução ou potencial das habilidades encontradas no genótipo, ou seja elementos variáveis que são adicionados ao indivíduo após o nascimento. Está dividido em habilidades motoras e desportivas, nível intelectual, consumo máximo de oxigénio, limiar anaeróbico e percentual de fibras musculares Genótipo - responsável pelo potencial do atleta, incluindo vários factores como composição corporal, biótipo, altura máxima possível e percentual de fibras musculares. Considera-se como a carga genética recebida. Está dividido em estatura, estrutura corporal, aptidões físicas e intelectuais, força máxima, composição corporal e percentual os tipos de fibras musculares Para compreender o fenótipo e o genótipo, podemos considerar que cada ser vivo nasce com determinadas características (genótipo), mas que os vários estímulos do meio ambiente transformam esse ser vivo ao longo da vida (fenótipo). Cada ser humano é único, e por isso necessita de ser compreendido e ajudado a escolher uma direcção para a sua evolução. Não é possível que a partir da padronização de qualquer forma de treino para grupos inteiros de indivíduos obtenha sempre bons resultados. Assim, o plantel deve ser dividido em vários grupos, de acordo com os objectivos da equipa e capacidades dos vários membros da equipa. A capacidade institucional Genótipo, caracteriza os ideais, a predisposição inata ou aptidão. Podemos considerar que o Genótipo é o dom que nasce com o indivíduo e o distingue dos restantes. Cada indivíduo é mais propenso a realizar determinadas tarefas, seja a nível físico, psicológico ou técnico. Por sua vez, a capacidade institucional Fenótipo é a capacidade que o indivíduo tem para evoluir, ou seja, após a nascença do indivíduo, os vários estímulos do meio ambiente definem a personalidade e características do indivíduo, mas sempre em volta da sua predisposição inapta. Para Ibidem (1995), o campeão seria aquele que nasceu com o seu dom natural, e o desenvolveu adequadamente ao longo de muito treino. No futebol, frequentemente surgem vários talentos que por falta de condições, tanto sociais como desportivas, acabam em segundo plano ou acabam mesmo por seguir outra profissão fora do futebol. Por vezes, existem talentos dentro dos plantéis, mas que estão escondidos, pois o seu treinador ou ex-treinadores não foram capazes de reconhecer o seu valor, julgando que o melhor caminho para o atleta seria outra função ou outra posição. Neste caso, a função do atleta é distinguir quais são as habilidades naturais do indivíduo e traçar o caminho certo para a progressão eficaz do atleta. É por essa razão que o líder de um plantel é nomeado treinador, pois a sua função é desenvolver as habilidades naturais do atleta dentro dos seus limites. Princípio da adaptação A capacidade de adaptação dos seres vivos permitiu a evolução das espécies ao longo de milhões de anos, e impediu também que quase todas as espécies desaparecessem de um momento para o outro. O ser humano conseguiu permanecer e prevalecer no planeta, devido à sua capacidade de adaptação. Ligado ao princípio da individualidade biológica, o princípio da adaptação é um princípio da natureza e também desportivo. De acordo com Weineck (1991), a adaptação é a lei mais universal e importante da vida. Adaptações biológicas apresentam-se como mudanças funcionais e estruturais em quase todos os sistemas. No desporto, entende-se que as alterações dos órgãos e sistemas funcionais aparecem em decorrência das actividades psicofísicas e desportivas, ou seja treino. Essas alterações são feitas através de estímulos. Para o mesmo autor, no desporto, raramente o genótipo é completamente transformado em fenótipo, mesmo no treino mais duro. O que existe são fases de maior adaptabilidade, que se encontram em diferentes períodos para factores de desempenho de coordenação e factores condicionados, que são designadas por fases sensitivas. A zona limite destas fases sensitivas, ou seja, o período onde é possível exprimir melhor as características dos atletas é chamado de período crítico, que é justamente o momento quando o atleta concentra toda a sua atenção no exercício. O conceito de Homeostase No organismo vivo, existe um equilíbrio instável mantido entre os sistemas que constituem o organismo e o meio ambiente. Esse é o estado de Homeostase (Dantas, 1995). Para o mesmo autor, existem factores que podem romper a Homeostase, desde factores internos, geralmente oriundos do córtex cerebral, ou externos como calor, frio, situações inusitadas, emoções, variação da pressão, esforço físico, traumatismos, e por ai fora. De todos esses factores e mais alguns que influenciam no equilíbrio da Homeostase, ou seja, quando a perturbam, o organismo dispara um mecanismo compensatório para restabelecer o equilíbrio. Assim, qualquer estímulo provoca uma reacção no organismo, pois este busca constantemente o equilíbrio e as respostas adequadas para alcançar esse equilíbrio.O conceito de estímulo pode ser entendido como um factor que altera as condições do organismo, seja de forma física ou psicológica. O calor ou o frio, exercícios físicos, as emoções e as infecções são exemplos de estímulos frequentes no treino desportivo. Existem quatro tipos de estímulos diferentes: Estímulos débeis - estímulos demasiado fracos ou que não produzem adaptação satisfatória, e que não acarretam consequências ou resultados Estímulos médios - qualquer estímulo de baixa intensidade, que excita o organismo mas que não produz adaptações posteriores, ou seja, fortes o suficiente para provocar uma reacção mas demasiado fracos para criar adaptações. Estímulos fortes - provocam adaptações, e são estímulos ideais para o treino organizado, pois proporcionam adaptações mais seguras, plenas e prolongadas. Estímulos muito fortes - sem o devido controlo por meio de testes periódicos e avaliações generalizadas prévias do estado biológico e psicológico do indivíduo, este tipo de estímulos não é recomendado, pois existe um risco enorme de causar lesões ou danos permanentes. Os exercícios são desenvolvidos com o objectivo de estimular cada atleta sobre a forma de stress. Quando o organismo é estimulado, imediatamente aparecem mecanismos de compensação para responder a um aumento das necessidades fisiológicas, ou seja, existe uma relação entre os estímulos do treino e o fenómeno do stress. Para Tubino, Stress ou síndrome da Adaptação geral indica que cada estímulo pode provocar adaptações ou danos num organismo, e esses estímulos são denominados por agentes stressantes (Seyle, 1956, Tubino, 1984). A síndrome da adaptação geral (SAG) está dividida em três fases diferentes até que o agente stressante na sua acção atinja o limite da capacidade fisiológica de compensação no organismo, organizadas da seguinte forma: 1ª fase: reacção de alarme, excitação ou choque; 2ª fase: fase da resistência ou adaptação; 3ª fase: fase da exaustão ou cansaço. Excitação ou choque - quando o cérebro compreende qualquer estímulo como um perigo, como correr o risco de se lesionar por uma queda ou embate contra um colega, entra automaticamente em alarme. Estímulos que provoquem medo ou alarme no atleta, geralmente, diminuem a sua concentração na situação momentânea, isto é, leva a que o atleta faça uma pausa momentânea da concentração na actividade e na sua função a desempenhar, para concentrar a sua atenção em algo que entende como negativo para si mesmo. Resistência ou adaptação - esta fase tende a provocar uma adaptação ao estímulo aplicado com elevação no rendimento, ou seja, o estímulo da actividade ou do exercício eleva ou desenvolve as habilidades do atleta. Geralmente, qualquer atleta se sente confortável nesta fase, excepto se existe algum estímulo diferente do objectivo pretendido, estímulo que reduz a atenção do atleta. Exaustão ou cansaço - nos casos de treino excessivo, quando o corpo não responde positivamente aos estímulos por já estar adaptado, é muito provável que aconteça uma queda de rendimento desportivo. Existe o risco de lesões temporárias ou permanentes, pois a energia que o organismo tem para evoluir já foi praticamente gasta. Por conclusão, segundo este princípio do treino, a função do treinador é escolher os exercícios que melhor façam a ligação entre atleta e modelo de jogo, sem esquecer que cada exercício deve estimular o atleta para que este evolua de forma rápida e eficaz, melhorando o seu rendimento e consequentemente o rendimento da equipa. Tendo em conta as directrizes do treino actuais, o treino desportivo já é tão importante como o jogo de futebol. Embora o jogo de futebol seja o maior teste aos resultados do treino, não deixa de ser também um treino, com todas as condições reais a que o atleta pode ser exposto. Assim, os melhores treinadores, além da vertente táctica, dominam também a vertente do treino, pois são mais capazes de transmitir as suas ideias sobre o seu modelo de jogo através do treino. Princípio da sobrecarga Imediatamente após uma carga de trabalho, o organismo necessita de recuperar e estabelecer o equilíbrio em relação ao meio ambiente, ou seja, o organismo necessitará de um tempo de recuperação para repor a energia gasta durante a actividade. Por outras palavras, este princípio respeita que após o esforço, o atleta precisa de um período de recuperação, e será durante esse período de descanso que o organismo responde aos estímulos a que o atleta foi exposto durante determinada actividade. No momento imediato após a aplicação de uma carga de trabalho, há uma recuperação do organismo que restabelece o equilíbrio entre o organismo e o meio ambiente, que é a Homeostase. (Dantas, 1995). Segundo Hegedus (196919, cada estímulo produz um desgaste diferente dos restantes estímulos, que é reposto após o término do trabalho. Os estímulos causam diferentes desgastes, mas o organismo é capaz de fazer a recuperação de si mesmo e preparar-se para uma carga de trabalho mais forte, chamando a este fenómeno de assimilação compensatória. Com a evolução do treino, o treinador deve aplicar estímulos cada vez mais fortes sobre os atletas, elevando o limite de adaptação de cada jogador. Este é o princípio da sobrecarga ou da progressão gradual, fundamental em todos os processos de evolução desportiva. Existem duas fases pelas quais o organismo atravessa ao recuperar as energias: Período de restauração - o organismo recompõe a energia gasta durante a actividade até um igual nível de energia anterior ao estímulo. Período de restauração ampliada - o organismo reúne uma fonte de energia superior à da fase anterior, preparando para receber estímulos mais fortes. Uma vez que não existe certezas em predeterminar o estado exacto de recuperação individual, o treinador deve estar atento a cada atleta, indagando sobre sensações subjectivas como o estado de ânimo, sono, cansaço ou dores, que são uma grande ajuda na determinação de uma recuperação plena do organismo. Períodos muito curtos ou prolongados de inactividade podem produzir as reacções citadas. Para um controlo racional da recuperação do atleta, deve-se fazer uso constante dos testes para de determinação do estado actual de desempenho e avaliar a evolução do atleta em relação ao estado de desempenho de cada mesociclo de treino. Esta comparação funciona como acerto para as sobrecargas que visam a elevação máxima da qualidade física e do tempo previsto para o desempenho máximo. As cargas de trabalho devem ser contínuas e variadas, pois o estímulo de treino permanente cria a condição de treino crónico ou prolongado e a dosagem das cargas está directamente ligada ao acumulo de experiências motoras, que após a sua assimilação ao longo dos anos, serão perdidas na mesma proporção em que foram adquiridas se o treino for interrompido. No mesmo sentido, a recuperação será mais rápida após a retoma dos trabalhos, mesmo em condições de intensidade inferiores. Mais ainda, o treino deve ser programado com antecedência suficiente, para que não existem períodos mínimos de inactividade durante o ciclo de treino, pois quando o atleta se exclui dos treinos durante determinados períodos de tempo, atinge a fase de destreinamento. Para isso, é preferível reduzir os trabalhos em termos de volume invés de deixar as habilidades do singular se desvanecerem, comparando com as habilidades do colectivo. Existe ainda a síndrome de super-treino ou overtraining, que acontece quando o atleta força progressivamente o seu treino, o que causa uma queda no rendimento, pois o organismo perde a capacidade de recuperar das sobrecargassucessivas e entra em perda. Os sintomas deste caso em alguns atletas são parecidos com os do treino forte, mas são crónicos. Costuma ser mais comum em atletas que treinam em provas de longa duração, mas pode ocorrer em todo tipo de desportistas (Bompa, 2003). Neste caso, recomenda-se Por resumo, o princípio da sobrecarga está directamente ligado ao aumento sucessivo da carga de trabalho. O treinador deve reconhecer que à medida que a carga actual já não constitui um estímulo suficientemente forte para a evolução do atleta, é o momento ideal para aumentar a dificuldade do exercício, dependendo dos objectivos anteriormente definidos, ou seja, dificultar as condições do exercício para um nível máximo que o atleta o consegue realizar, mas a um nível mínimo para treinar o atleta dentro das condições requeridas pelo treinador. Princípio da continuidade A continuidade do treino desportivo é extremamente importante, pois exercícios que estejam ligados entre si, ou seja, que acomodem o atleta em estímulos do mesmo tipo, são essenciais para a adaptação do atleta. O princípio da continuidade e o princípio da adaptação estão ligados entre si, mas a continua evolução das matérias do treino ao longo do tempo são primordiais para progressivamente o organismo se adaptar. De acordo com Tubino, a condição atlética só pode ser conseguida após anos seguidos de treino, e por isso existe uma influência bastante significativa das preparações anteriores em qualquer sistema de treino em andamento. Isto significa que demora sempre tempo determinado para se conseguir alcançar rendimento superior ao normal, e ao mesmo tempo os treinos anteriores influenciam treinos actuais, ou seja, o que o plantel trabalhou em exercícios anteriores, esse trabalho os ajudará a estarem aptos para exercícios mais difíceis ou mais evoluídos. “Pode-se acrescentar que este princípio compreenderá sempre no treino em curso uma sistematização de trabalho que não permita uma quebra de continuidade, isto é, que o mesmo apresente uma intervenção compacta de todas as variáveis interactuantes. Em outras palavras, considerando um tempo maior, o princípio da continuidade é aquela directriz que não permite interrupções durante esse período.” (ibidem, 1984). A continuidade é extremamente importante, mesmo ao nível do treino amador e no lazer, e não apenas no aspecto físico, bem como no aspecto psicológico e no aspecto técnico, além de outros factores que podem influenciar ou interferir na prática desportiva. A adaptação do atleta às dificuldades e condições do treino apenas é conseguida através da realização sistemática do treino, ou seja, e houver uma solicitação repetida ao longo de determinado período de treino, solicitação que pode ser entendida como exercícios diferentes, com dificuldades cada vez mais elevadas, mas com o mesmo contexto. A estabilidade do rendimento depende essencialmente da quantidade de carga realizada ao longo de um determinado período de tempo, desde que esse tempo seja suficiente para obter essa estabilidade. Princípio da Interdependência Volume-Intensidade Um exercício durante um treino de futebol contém sempre duas varáveis que o identificam ou definem. Uma dessas variáveis, o volume, define a quantidade de estímulos que o atleta sofre durante o exercício. Por outro lado, a intensidade define a qualidade dos estímulos, ou seja, se o exercício é mais ou menos difícil. O princípio da Interdependência Volume-Intensidade está directamente ligado ao princípio da sobrecarga, pois o aumento limitado das cargas de trabalho é um factor que melhora a performance desportiva do atleta. Esse aumento de cargas de trabalho é feito por conta do volume e devido à intensidade do exercício. Os atletas de alto rendimento, independentemente do desporto praticado, estão referenciados a uma grande intensidade e volume durante o treino, ou seja, estão sujeitos a uma carga de trabalho elevada, mas sempre adequada à fase do treino. Existe uma relação entre o volume e a intensidade do treino. As duas variáveis estão ligadas entre si, mas o aumento dos estímulos de uma dessas variáveis pode causar a diminuição de estímulos da outra variável. Por exemplo, partindo de um exercício simples, mas que apresenta a variável de volume elevada, e a variável de intensidade baixa, os estímulos desse exercício afectam o atleta mais fisicamente do que psicologicamente, pois obriga a um esforço físico elevado durante o exercício. Por outro lado, um exercício muito intenso, mas com pouco volume de trabalho, é um exercício mais difícil mentalmente. Os estímulos afectam o atleta de forma psicológica, em detrimento da forma física. Actualmente, a intensidade é reconhecida como qualidade do treino, ao ponto que um treino de qualidade é o treino que prepara cada atleta para a duração completa de uma prova, mantendo sempre um elevado desgaste durante essa prova. Ao mesmo tempo, o volume do treino é considerado tão importante como a intensidade, pois é o elemento que delimita a quantidade de acções que o atleta realiza durante um determinado período de tempo. A relação entre as variáveis intensidade e volume do exercício serve como referência para o alto rendimento desportivo. NOTA: As variáveis Volume e Intensidade não são ou não estão explícitas a todos os treinadores, para que possam ser definidas num treino ou numa acção baseada na relação entre as duas variáveis. Respeitando a ética do treino, o atleta nunca deve ser colocado em risco durante o treino, isto se o treinador tiver dúvidas na relação entre estas duas variáveis. Os bons treinadores conseguem distinguir a relação entre a variável volume e a variável intensidade do treino. Princípio da especificidade Nos tempos anteriores ao surgimento do Princípio da especificidade, a condição física era o objectivo principal do treino, ao ponto que a organização táctica era por vezes "excluída". Entendia-se que as capacidades físicas de cada atleta eram a chave do alto rendimento. Desde o surgimento do princípio da especificidade, e consequentemente do "treino com bola", as capacidades físicas dos atletas são treinadas apenas em especificidade, ou seja, apenas as partes do corpo específicas da modalidade são treinadas. Esta "modernização" do treino, entendendo como uma parte da periodização táctica, embora mais difícil que a periodização convencional, elevou o rendimento das equipas, seja a nível amador ou profissional. “O princípio da especificidade é aquele que impõe, como ponto essencial, que o treino deve ser montado sobre os requisitos específicos da performance desportiva, em termos de qualidade física interveniente, sistema energético preponderante, segmento corporal e coordenações psicomotoras utilizados” (ibidem, 1995). A aplicação de um determinado estímulo durante a execução do treino provoca no organismo uma determinada resposta específica relacionada com o estímulo utilizado. O treino de força provoca adaptações sobre os mecanismos neuro-musculares, específicos das fibras musculares que foram solicitadas nos treinos. Os exercícios de resistência provocam adaptações musculares sobre as mitocôndrias e capilares para elevar a capacidade de gerar energia aeróbica. O princípio da especificidade está ligado ao princípio da individualidade biológica, ao ponto que o exercício não só deve ser específico para a modalidade, sob a forma de treinar os atletas de acordo com as condições específicas dessa modalidade, como também melhor se adaptar as características do atleta, reflectindo sobre duas categorias de fundamentos fisiológicos: os aspectos metabólicos e os aspectos neuro- musculares, ou seja, ao mesmo tempo que treinao sistema energético e o sistema cárdio- respiratório do atleta, o treino deve também ser desenvolvido com o mesmo tipo de actividade de performance da modalidade, ou seja, o treino e a competição deve seguir as mesmas directrizes. “Isto serve, cada vez mais, para firmar na consciência do treinador que o treino, principalmente na fase próxima à competição, deve ser estritamente específico, e que a realização de actividades diferentes das executadas durante a performance com a finalidade de preparação física, se justifica se for feita para evitar a inibição reactiva (ou saturação de aprendizagem).” (ibidem, 1995). Assim, o princípio da especificidade recomenda o treino exclusivo da parte do sistema ou do corpo que esteja a receber a sobrecarga, e a adaptação fisiológica será específica para esta parte do corpo. A elaboração de um programa de treino deve ser específica para uma actividade ou habilidade própria da modalidade. Princípio da Variabilidade Aliado ao princípio da especificidade, o princípio da variabilidade dos exercícios é responsável pelo treino mais completo possível do atleta, para que o indivíduo seja estimulado por uma quantidade máxima de estímulos quanto possível, desde que esses estímulos estejam em conformidade com os conceitos de segurança e eficiência que regem a actividade. A partir da variabilidade de estímulos através dos exercícios, as probabilidades de atingir uma maior performance são maiores. “Quanto maior for a diversificação desses estímulos – é obvio que estes devem estar em conformidade com todos os conceitos de segurança e eficiência que regem a actividade – maiores serão as possibilidades de se atingir uma melhor performance.” (ibidem, 1996). Os exercícios devem ser variados, mesmo que os objectivos de cada exercício sejam os mesmos que outros exercícios. Durante a competição, o atleta é exposto a vários tipos de dificuldades e obstáculos, que apenas um treino completo permite ao atleta ultrapassar todas essas barreiras com facilidade. Quando o treinador escolhe vários exercícios, o atleta é exposto a várias situações diferentes, melhorando o seu feedback e consequentemente aumentando o seu rendimento desportivo. Ao mesmo tempo, a variabilidade de exercícios diminui o aparecimento de factores desestimulantes, actua sobre a motivação do atleta, melhora a criatividade do singular, do plural e do treinador, e mais do que tudo, possibilita o aparecimento de novas técnicas de treino que, através do treino não variável, não seria possível o seu surgimento. Princípio da Saúde “Assim, não só a Ginástica Localizada em si e suas actividades complementares possuem grande importância. Também os sectores de apoio da Academia, como o Departamento Médico, a Avaliação Funcional e o Departamento Nutricional assumem relevante função no sentido de orientar todo o trabalho, visando a aquisição e a manutenção dessa Saúde.” (ibidem, 1996). Actualmente, vários atletas colocam a sua vida em risco, não só em desportos radicais, como em praticamente todos os desportos. O compromisso com o alto rendimento desportivo e bons resultados leva os atletas a praticar actividades fora do treino e ainda treinadores elevar o treino para actividades que não tem compromisso com o aspecto saúde. O treinador deve ter em conta que o treino não deve ultrapassar limites éticos, e tanto o treinador como a direcção e organização do clube devem compreender que determinadas práticas para o sucesso desportivo económico ultrapassam limites desportivos não aceites, uma vez que o atleta é um ser vivo, e a condicional física tem limites que impedem o atleta de ir mais além. Práticas como doping e overtraining podem melhorar resultados durante determinado período de treino, mas certamente trarão consequências negativas num futuro próximo, se não mesmo uma queda abrupta de rendimento ou mesmo destabilização do organismo. Qualquer responsável que faça parte do clube, seja staff, direcção, organização ou treinador, deve compreender que o sucesso desportivo não passa pela utilização de práticas desportivas adversas. Qualquer exercício deve ser levado em conta que é praticado por seres vivos e não por máquinas ou seres virtuais, que tem limites que não podem ser recuperados quando ultrapassados e por isso deve existir um equilíbrio entre perigo e segurança do exercício igual ao equilíbrio do jogo. Na competição, o jogo perigoso em demasia leva a expulsões e/ou suspensões por parte dos atletas que o praticam, impedindo ou diminuindo assim lesões ou abandonos em qualquer equipa. O treino deve ser compreendido como actividade norteadora para a melhoria de várias habilidades técnicas, tácticas, físicas e psicológicas, mas ao mesmo tempo deve ser compreendido como actividade limitada, e os riscos que ocorrem durante a competição, ocorrem também durante o treino. Mais ainda, o atleta e o treinador devem ter em conta factores externos à actividade física. O descanso, a alimentação e a prática ou não prática de determinadas actividades determina a performance do treino e da competição. Atletas profissionais entendem o desporto como uma profissão, e sabem que o rendimento máximo não depende apenas do período entre entrar e sair do estádio. O rendimento depende imenso da condição física e psicológica, e, aceitando que não estão a treinar ou a competir a maior parte do tempo, regularizam as actividades extra-desportivas, visando alcançar o sucesso desportivo. A inter-relação entre os princípios Existem vários princípios norteadores do treino desportivo, independentemente da actividade praticada. Todos esses princípios, quando considerados individualmente, tem as suas próprias funções e o seu valor, mas cada uma dessas leis não existe apenas por existir. A integração desses princípios é extremamente importante, ao ponto que apenas com desenvolvimento de todos os princípios, ou pelo menos aqueles que são considerados norteadores para determinado objectivo, se consegue aproximar do rendimento desportivo máximo. “Apesar dessa importante correlação, os Princípios da Adaptação, da Sobrecarga, da Continuidade e da Interdependência Volume-Intensidade é que vão não só dar corpo como orientar toda a aplicação prática do treino, ou seja, são os verdadeiros responsáveis pela “arrumação” de todo o processo de treino, traduzida na forma dos micro, meso e macro-ciclos de trabalho.” (ibidem, 1996). Quando mais e melhor for compreendido cada um dos princípios abordados, mais fácil será para o treinador organizar o treino da sua equipa, pois possui melhores competências para organizar um treino de rendimento. No entanto, a equipa depende da qualidade individual do singular, mas principalmente da capacidade de ligação entre cada singular. Da mesma forma, o profundo conhecimento destes princípios e de outros conhecimentos não é o único factor determinante para o sucesso do treino, A excelência apenas é conseguida com a relação perfeita destes conhecimentos, que apenas é conseguida através da aplicação no treino. Exercício 1: passe curto, médio ou passe longo Tipo: Passe e recepção de bola Espaço: 6-14 metros vs 6-10 metros Número: 6 a 12 jogadores Material: 4 cones, 2 bolas Duração: 5-10 minutos Descrição Os jogadores com bola (1 e 3) executam um passe diagonal em frente, tenso, preciso, e com trajectória rasteira para os jogadores 2 e 6 e deslocam-se para o final nas colunas frontais opostas. Os jogadores agora na posse de bola, efectuam o mesmo procedimento Organização O passe é compreendido como elo de ligação entre dois jogadores. Durante uma partida de futebol, vão sempreexistir situações que o portador efectua um passe curto ou um passe longo. Os estímulos do exercício passam pela percepção do momento exacto para efectuar o passe, sem que a bola encontre a outra bola pertencente ao exercício. Com o tempo, a atenção está mais voltada para a trajectória da bola (sem oposição), e a técnica do passe e recepção são efectuadas naturalmente. Como suplementar ao exercício, deve ser acrescentada pontuação pela eficácia dos passes efectuados. Cada passe bem efectuado vale um ponto para o jogador que o efectuou. Caso a bola embata contra a outra bola, os 2 jogadores que passaram as bolas perdem automaticamente 5 pontos. Este exercício poderá ser repetido, face aos seus complementos e variações. O atleta deve entender este exercício como um desafio, e festejar por cada passe bem efectuado. O jogador mais bem pontuado no fim do exercício terá direito ao prémio. Os jogadores formam um túnel pelo qual o jogador “sorteado” vai passar, como nas festas de aniversário ou apresentações de novos colegas. A ideia é aumentar a coragem do atleta e diminuir o receio de enfrentar desafios durante o treino. Ao mesmo tempo, proporciona um momento divertido ao grupo ou toda a equipa. O atleta deve entender como prémio e não como castigo, logo o treinador deve usar a palavra prémio e não castigo na apresentação do exercício. Variações - Distanciar ou aproximar os cones, dependendo se é pretendido passe curto, médio ou longo - Acrescentar pontuação como suplementar - Guardar a pontuação conseguida por cada atleta, e exigir uma pontuação mais elevada na próxima repetição do exercício - Temporizar o exercício, e exigir um número mínimo de passes bem efetuados durante um certo período de tempo Exercício 2: combinações directas Tipo: Combinações directas Espaço: 4 metros na horizontal vs 7 metros na vertical Número: 4 jogadores Material: 4 cones, 1 bola Duração: 4-8 minutos Descrição O jogador passa a bola para um jogador num dos vértices interiores do losango, move-se rapidamente para receber a bola e entrega para o jogador que vai iniciar uma nova rotina. Fica junto ao cone para receber a bola e devolver em primeiro toque. O jogador do vértice contrário move-se para receber a bola no fim da rotina. Organização Este exercício, embora complementar, serve como arranque às combinações táticas directas. Estimula os jogadores nas várias práticas das combinações directas, como passe, primeiro toque e desmarcação. A intensidade é elevada, pois os jogadores quase não tem tempo para fazer a recuperação no fim de cada rotina, e o volume não é alto nem baixo. Mantém sempre o ritmo, que melhora a concentração dos jogadores, e apresenta dificuldade baixa, uma vez que é um exercício de desenvolvimento ou ensino. O exercício é bastante simples. Não tem oposição e mantém ritmo constante. É excelente tanto para a prática de combinações directas como para realizar aquecimento. Logo, para uma sessão de treino táctica, este exercício é óptimo para a abertura dessa sessão. Variações - Inverter a direcção da movimentação dos jogadores e bola, trocando o pé e aumentando a dificuldade - Cronometrar desde o passe até à entrega da bola, obrigando os jogadores a efectuar a rotina do exercício em tempo recorde - Determinar um certo tempo para a realização de uma determinada quantidade de rotinas do exercício. Exercício 3: Marcação, desmarcação e combinações directas Tipo: Marcação, Desmarcação e combinações directas Espaço: 10 metros vs 10 metros, dividido em duas áreas iguais Número: 5 jogadores Material: 4 cones, 2 marcas sinalizadoras, 1 bolas Duração: 6-8 minutos Descrição A rotina do exercício é efectuada sempre por três jogadores: o defesa que vai marcar, o atacante de se vai desmarcar e o jogador que recebe e passa. O primeiro atacante passa a bola ao segundo e segue em desmarcação para a zona do defesa, procurando receber a tabela. Por usa vez, o defesa deve impedir a realização da combinação direta. No fim de cada rotina, os jogadores rodam. Organização Este exercício apresenta-se como uma evolução do exercício 2. Após o aperfeiçoamento ou compreensão por parte do jogador sobre a rotina da combinação directa, está na altura de aumentar a dificuldade do exercício a partir da oposição de um adversário. As combinações directas fazem parte do modelo de jogo desta série de exercícios, e por isso qualquer jogador deve passar por este exercício para, no mínimo, ser capaz de sair de uma situação de grande pressão. O exercício roda no fim de cada rotina, permitindo que cada um dos jogadores pratique as várias situações que o exercício tem, como marcação, passe, desmarcação, intercepção e reação rápida ao movimento do primeiro atacante e do defensor. Durante uma partida de futebol, qualquer jogador vai passar por todas estas situações, independentemente da sua posição ou função no campo. O treinador deve pontuar cada combinação ou intercepção bem efectuada com 1 ponto por cada ação, e no fim do exercício o jogador melhor pontuado é considerado como vencedor do exercício. Variações - Invés de rodar os jogadores e seguir as combinações na ordem do exercício, seguir na direção contrária, obrigado a usar o pé contrário e aumentando a dificuldade - Retirar as marcas sinalizadoras que dividem o espaço em dois e permitir que os movimentos sejam feitos por toda a área Exercício 4: relação com bola Tipo: Condução de bola, drible e passe Espaço: 5-8 metros na horizontal vs 10-14 metros na vertical ou 8-12 metros na horizontal vs 4-8 metros na vertical Número: 8 jogadores Material: 4 cones, 2 bolas Duração: 4-8 minutos Descrição Independentemente da trajectória que o jogador segue, vai sempre manter a bola controlada e depois efetuar um passe. Em trajectórias diagonais, só pode passar a bola depois de ultrapassar o adversário. No fim de cada trajectória, o jogador move-se para as costas do jogador para quem efectuou o passe Organização A intensidade do exercício é elevada e o tempo de repouso é pouco, para que o atleta mantenha ritmo constante como deve ser organizado o treino para a forma física do atleta. Por sua vez, o volume do exercício já é mais elevado que o habitual, com várias ações e trajectórias diferentes (3 ações, 4 trajectórias, embora duas sejam equivalentes). A importância do exercício é a dificuldade do mesmo, surgindo uma situação simples (trajectórias a negro) e uma situação mais embaraçosa (trajectória colorida). O atleta desenvolve o índice de concentração e atenção, faz uma pausa na trajectória simples, volta a desenvolver os mesmos índices, e por ai fora, até ao momento que consegue controlar a bola inconscientemente enquanto concentra a atenção no adversário, ou neste caso, no colega de equipa com bola. Este exercício está focado para jogadores ofensivos. Variações - Após sucessivos dribles eficazes no encontro entre jogadores, o espaço do exercício deve diminuir a distância dos dribles sem oposição e aumentar a distância dos dribles com oposição - Diminuir o espaço e cronometrar o circuito completo para um jogador (passar pelas quatro trajectórias), e obrigar a atingir tempo recorde. Exercício 5: Posse de bola e saída de jogo Tipo: Passe, recepção, desmarcação e saída de jogo Espaço: 50x20 metros, com área proibida de 10x20 metros Número: 13 jogadores (9 atacantes e 4 defesas) Material: 8 cones,1 bola Duração: 8-16 minutos Descrição O treinador define um número mínimo de passes que os atacantes devem conseguir. Após atingirem o número de passes pretendido, um dos atacantes solta-se do grupo, recebe um passe, transporta a bola até à área adversária e junta-se à sua nova equipa. A rotina do exercício começa novamente. Organização A capacidade de sair a jogar é fundamental para qualquer equipa, pois constitui a primeira fase ofensiva. Uma das formas de sair a jogar é feita pelo chão, como se destina o exercício. Os atacantes no exercício são jogadores defensivos do plantel, ao ponto que os defesas no exercício são atacantes do plantel, que devem fazer pressão máxima sobre os portadores da bola. Existe uma zona proibida, na qual não podem entrar defesas ou os atacantes sair para essa área, excepto quando conseguirem o número de passes que foi determinado anteriormente. Um dos grupos faz recuperação enquanto o outro grupo circula a bola é muito provável que a sua atenção seja voltada para o grupo contrário. O treinador pode usar o exercício durante um tempo mais alargado, pois mantendo a intensidade máxima, o exercício tem sempre jogadores que vão estar parados. Para sessões de treino bastante desgastantes, este exercício deve estar presente, permitindo uma pequena folga aos jogadores e consequentemente não baixa a moral dos mesmos. Variações - Limitar os jogadores a apenas um ou dois toques na bola - Determinar um período para conseguir efetuar o número de passes pretendido. Se a equipa o conseguir (com igual pressão dos dois adversários), todos os jogadores do exercício, excepto a equipa, cumprirão castigo, como x abdominais. Caso não consigam, será a equipa a cumprir o castigo imposto. O castigo deve ser escolhido pelos jogadores antes de iniciarem o desafio. Exercício 6: Posse de bola Tipo: Passe, recepção e intercepção de bola Espaço: 25x15 metros Número: 8 jogadores (6 atacantes e 2 defesas) Material: 4 cones, 1 bola Duração: 8-12 minutos Descrição Seis atacantes posicionados fora de um quadrado trocam a bola entre sí. Dois defesas posicionados dentro tentam interceptar a bola. Os atacantes não podem entrar dentro do quadrado, e os defesas não podem sair do mesmo. Quando um defesa intercepta a bola, troca de lugar com o atacante a quem conseguiu interceptar. Organização A posse de bola é fundamental para qualquer equipa, pelo que o controlo da mesma é a uma das causas que diferenciam equipas normais de equipas vencedoras, ou seja, as equipas mais fortes são exímias na posse de bola. O objetivo é praticar situações 1x1, e pode ainda ser aproveitado para desenvolver técnicas de passe ou para inserir um jogador que tenha vindo de lesão e que precisa de recuperar tempo perdido. O treinador pode impor condições que confiram dinâmica ao exercício, como simular antes de passar a bola, efetuar determinado número de passes pelos atacantes e se o conseguirem, os defesas tem direito a prémio (entenda-se castigo). Variações - Para aumentar a dificuldade para os atacantes, o treinador diminui o tamanho do rectângulo ou adiciona mais defesas - Para aumentar a dificuldade para os defesas, o treinador aumenta o tamanho do rectângulo e adiciona mais atacantes. Exercício 7: Saída de jogo organizada Tipo: Controlo de bola, cobertura defensiva, intercepção e saída de jogo Espaço: 12x10 metros, dividido em duas áreas de 12x5 metros Número: 4 defesas vs 3 guarda-redes Material: 3 marcas sinalizadoras, 8 cones, 1 bola Duração: 8-12 minutos Descrição Dividindo o espaço em dois rectângulos diferentes, o espaço dos guarda-redes é limitado, enquanto que o espaço dos defesas ocupa todo o espaço do exercício. Seja com as mãos ou com os pés, os guarda-redes trocam a bola entre sí, procurando espaço para passar a bola ao terceiro guarda-redes, que se move para facilitar o passe e está por trás da defesa. Os defesas acompanham a troca de bola dos guarda-redes, formando coberturas defensivas e fechando linhas de passe para o terceiro guarda-redes. Os passes entre guarda-redes nunca podem ser demasiado altos. Organização Os defesas acompanham a troca de bola dos guarda-redes formando coberturas defensivas, e não podem passar das marcas sinalizadoras. A sua função é organizarem- se por marcação à zona. Quando a bola está em frente a uma das marcas sinalizadoras, um dos defesas coloca-se em frente à marca sinalizadora os outros entram imediatamente em cobertura defensiva. Quando os guarda-redes voltam a troca a bola, os defesas assumem a sua posição de cobertura defensiva, apoiando o defesa em frente à marca sinalizadora, que está em contenção. Quando a bola é interceptada, os defesas partem rápido em contra ataque, procurando levar a bola até às balizas. Podem fazê-lo através de combinações directas ou passes rasteiros em direção a uma das balizas Os guarda-redes não devem apenas defender bem a baliza, mas também devem ter um bom jogo de passe. Por isso, trocam a bola entre si, procurando sair a jogar para um jogador em frente a vários adversários. Por usa vez, os defesas estão em fase defensiva, procurando interceptar a bola, mas sobretudo, mantendo o espaço fechado. Quando recuperam a bola, fazem uma saída de jogo rápida e precisa. Na dúvida entre os defesas centrais, o defesa em contenção junto à marca sinalizadora do meio será aquele que está posicionado do mesmo lado do guarda-redes que tem a bola. Variações - Se o exercício se apresentar demasiado fácil, diminui-se o espaço do mesmo - Se os defesas conseguem interceptar a bola mas não conseguem pontuar, a largura das balizas deve ser maior. Se não conseguem interceptar, obrigar os guarda-redes a efetuar passes apenas pelo chão. - Colocar um médio a tentar interceptar os passes entre os dois primeiros guarda- redes e colocar um médio para apoiar os guarda-redes, servindo de homem-alvo como o terceiro guarda-redes. Exercício 8: Defesas contra atacantes Tipo: Combinações directas, cobertura defensiva, antecipação, distribuição Espaço: 12x8 metros e uma baliza de 4 metros Número: 4 defesas vs 4 atacantes Material: 6 marcas sinalizadoras, 2 cones, 1 bola Duração: 6-10 minutos Descrição O espaço é um quadrado de 8 metros, com uma baliza de 4 metros, centrada e por trás dos defesas. Os atacantes tentam chegar com a bola até à baliza, onde o ponto é marcado apenas a entrar com a bola no pé. Por sua vez, os defesas organizam-se defensivamente, organizando a marcação à zona através da contenção e cobertura defensiva.. Apenas tem autorização para tentar desarmar quando a cobertura defensiva estiver devidamente formada ou a bola ultrapassar a linha adversária, formada por duas marcas sinalizadoras. Organização Apostando na capacidade técnica e posicional, os avançados enfrentam uma situação frequente durante a competição, que é o espaço curto. Através de combinações previamente treinadas, os avançados circulam a bola através até conseguirem chegar à baliza e fazer ponto e a única forma que o treinador deve permitir para que os atacantes consigam fazer ponto é através da bola controlada. O esquema posicional pode assumir várias formas, mas o ideal será um atacante recuado como distribuidor, que será um dos médios ofensivos da equipa. Por sua vez, os defesas buscam a recuperação da posse de bola. O desarme ou tentativa de desarme apenas são permitidos quando a cobertura defensiva está devidamente formada (osjogadores que formam a cobertura podem indicar que a cobertura defensiva foi efectuada, através de palavras ou outro meio comunicacional), ou quando os avançados ultrapassam a linha definida pelas marcas sinalizadoras. Tanto defesas como atacantes treinam posturas em espaço reduzido. A estrutura do exercício pode ser usada não só para o confronto entre atacantes e defesas, como também por jogadores que enfrentam determinado centro de jogo. Variações - Se o exercício é demasiado fácil para os atacantes, estes tem autorização para serem criativos e combinarem estratégias e jogadas entre si - Se o médio distribui o jogo eficazmente, adiciona-se um defesa de marcação a esse jogador - Se o exercício é demasiado fácil para os defesas, o espaço do exercício deve ser aumentado Exercício 9: construção de situações de finalização contra saída de jogo Tipo: Circulação de bola, finalização, cobertura defensiva e marcação Espaço: 8x10 metros Número: 3 atacantes vs 6 defesas Material: 6 cones, 1 bola, 1 baliza ou 2 estacas Duração: 6-12 minutos Descrição Numa área de 8 por 10 metros, com uma zona crítica para os defesas de 2x8 metros, os avançados buscam a finalização. Por usa vez, os defesas mantém a postura defensiva, procuram a recuperação da bola e entregar a mesma ao médio defensivo Organização Neste exercício, o papel do médio defensivo é muito importante. Apesar de não intervir diretamente no exercício em todos os momentos, tem um papel fundamental na organização da equipa. Este jogador procura sempre apoiar os defesas, colocando-se bem posicionado para receber a bola quando estes a recuperam. Sucedendo o mesmo do exercício 7, os defesas apenas podem recuperar a bola quando estão bem posicionados ou quando a bola entra na sua zona crítica, mas não podem comunicar verbalmente quando se posicionam correctamente. Por sua vez, os atacantes trocam a bola entre si, procurando a finalização. Podem e devem usar estratégias já treinadas, como combinações directas, passes em profundidade e desmarcações. Variações - Se o exercício é demasiado fácil para os defesas, faz-se um aumento ao espaço do exercício. Mais tarde, acrescenta-se mais avançados, mantendo o espaço do exercício. - Se a facilidade do exercício está do lado dos atacantes, um médio e um atacante recuado devem ser adicionados. O médio apoia os defesas, com a mesma função do outro médio. O atacante marca os médios e recebe a bola. Quando isso acontece, os médios podem tentar a sua recuperação - Pontuar o exercício: a recuperação da posse de bola vale um ponto, a transição completa vale três pontos e a finalização vale cinco pontos. Exercício 10: Mobilidade da equipa Tipo: Contenção, cobertura defensiva, manutenção da posse de bola, mobilidade Espaço: 10x10 metros Número: 3 atacantes vs 2 defesas Material: 4 marcas sinalizadoras, 1 bola Duração: 6-10 minutos Descrição Em quatro pontos diferentes, marcados por 4 marcas sinalizadoras, 3 atacantes circulam a bola entre si. Consoante a cobertura defensiva dos defesas, os atacantes fazem a manutenção da posse de bola entre os quatro pontos. Desmarcação e condução de bola são movimentos do exercício feito pelos atacantes. Os defesas buscam a cobertura defensiva para a recuperação da posse de bola. Organização O exercício está organizado para os atacantes treinarem o posicionamento durante a circulação da bola. Dos quatro pontos, existe sempre um ponto que estará livre, facilitando a movimentação dos atacantes para a ocupação de espaços como referência. Tanto o portador da bola como os restantes atacantes podem e devem mover-se para o ponto vazio se não conseguirem arranjar opções para passar a bola. Frequentemente dois atacantes vão dirigir-se para o mesmo ponto. Quando assim é, devem seguir em frente sem hesitar voltar atrás, ocupando um dos pontos livres em frente, seja o ponto para qual se iam mover ou o ponto que o colega deixou vazio. Por sua vez, os defesas mantém a postura defensiva dos exercícios anteriores, apenas procurando o desarme quando a cobertura defensiva está bem efectuada. Numa fase primária, podem comunicar verbalmente que a cobertura defensiva está feita. Mais tarde, estão impedidos de o fazer, mas é certo que já não precisam de o fazer. Variações - Diminuir o espaço do frigorífico, aumentando o ritmo e a dificuldade do mesmo - Retirar as marcas sinalizadoras e fazer os atacantes movimentar-se da mesma forma. Mais tarde, podem movimentar-se livremente. - Seguir para o exercício 9 ou 11 Exercício 11: Mobilidade da equipa Tipo: Contenção, cobertura defensiva, manutenção da posse de bola, mobilidade Espaço: 18x10 metros Número: 5 atacantes vs 4 defesas Material: 7 marcas sinalizadoras, 1 bola Duração: 6-10 minutos Descrição Os atacantes movimentam-se para circular a bola com facilidade. Com 7 pontos diferentes, dois estão livres, para o qual se pode movimentar os atacantes ou o portador da bola. Os defesas buscam a cobertura defensiva para posteriormente tentarem o desarme. Não podem comunicar. Organização O exercício é compreendido como evolução do exercício 10. O jogadores efectuam o mesmo tipo de movimentação, tanto defesas como atacantes. A dificuldade do exercício é maior, mantém a alta intensidade e o volume é mais elevado que o exercício anterior. Cada conjunto ou par de jogadores defensivos mantém-se dentro do losango respectivo, formando duplas defensivas, como um defesa centro e um médio centro, ou um defesa direito e um médio direito. O exercício pode ser usado como método de recuperação para jogadores que estão mais atrasados na evolução, enquanto que jogadores mais adiantados praticam os objetivos do exercício. Se os defesas deixarem demasiado espaço, os atacantes tem permissão para tentarem passes longos. O treinador deve adicionar uma competição. Por dez passes efectuados pelos atacantes sem intercepção ou tentativa de desarme, estes ganham um ponto. Por cada intercepção ou tentativa de desarme, os defesas ganham dois pontos. Em vez disso, por cada passe longo bem sucedido, ou seja, entre losangos (independentemente dos vértices), os atacantes ganham dois pontos. A marca sinalizadora que une os dois losangos não conta para contabilizar passes longos, ou seja, um passe recebido ou efectuado a partir deste ponto não é considerado passe longo. Cada intercepção vale na mesma dois pontos e cada passe normal vale um ponto Variações - Definir um número mínimo de passes. Se os atacantes conseguirem alcançar esse número, os defesas sofrem castigo. Se não conseguirem, são os atacantes a sofrer o castigo Exercício 12: mini-jogo Tipo: Finalização, criatividade, transição Espaço: 10x20 metros, com balizas de 4 metros Número: 5 atacantes + Guarda-redes vs 5 defesas + Guarda-redes Material: 6 cones, 4 estacas, 1 bola Duração: 15-20 minutos Descrição Uma equipa organiza-se ofensivamente e tenta finalizar de surpresa. A segunda equipa organiza-se defensivamente e tenta contra-atacar. Quando a primeira equipa consegue pontuar, as duas equipas trocam de funções. Organização A qualidade individual é uma característica que resolve os jogos mais difíceis. Durante a competição, é frequente encontrar pressão muito forte em frente à baliza, seja da equipa que ataca e tenta marcar, seja da equipa que tenta defender e sair a jogar,aproveitando qualquer espaço livre que seja deixado pela equipa adversária. Uma vez que o centro do jogo tem sempre elevada pressão, qualquer jogador deve estar habilitado a pensar rapidamente e de forma criativa, seja para iludir e rematar do nada, seja para recuperar a posse de bola e contra-atacar rapidamente. O processo de jogo da equipa passa pelo ataque contínuo de uma das equipas até que esta consiga pontuar. A outra equipa contra-ataca, sem prestar importância a qualquer ponto que consiga facturar. Quando a primeira equipa consegue marcar, as duas equipas trocam de funções e realizam a mesma rotina. O exercício deve ser praticado por qualquer jogador, sem diferença entre defesas, médios e avançados. Nesta altura, a equipa deve ser capaz de se organizar em cobertura defensiva de forma eficaz, e também procurar espaços livres para receber a bola. Devem também fazer trocas de posição para causar desequilíbrios. Variações - Fixar a posição dos jogadores (impedir de trocar de posição) - Criar pequenas transições ofensivas - Impedir que a equipa ofensiva mantenha a bola atrás da linha do meio-campo num período máximo de tempo ao período estipulado pelo treinador (ex.: manter a bola atrás da linha do meio campo mais de 8 segundos). Exercício 13: praticar transições Tipo: transição ofensiva Espaço: 30x40 metros Número: 7 defesas vs 5 atacantes Material: 12 cones, 4 estacas, 1 bola Duração: 15-25 minutos Descrição O treinador define os processos ofensivos da equipa. Os atacantes realizam o processo definido e os defesas evoluem tacticamente, defendendo os processos ofensivos. Organização O treinador forma dois grupos, dos quais um é constituído por jogadores defensivos (defesas e médios defensivos) e o outro é constituído por jogadores ofensivos (médios ofensivos e avançados). Ambas se organizam conforme as organizações anteriores. O papel da equipa defensiva é recuperar a posse de bola através da cobertura defensiva compacta, sem comunicação verbal (tentar desarme apenas quando a cobertura está bem efectuada) e deve levar a bola até uma das balizas formadas pelos cones, não importando se o meio é bola no pé ou passe. Por sua vez, os atacantes circulam a bola e fazem uso de várias estratégias definidas pelo treinador. Devem ultrapassar as balizas com a bola dominada no pé. O treinador pode definir quais são os métodos defensivos e ofensivos, bem como qual das balizas as equipas devem ultrapassar. Variações - Adicionar estratégias e jogadores especialmente posicionados, como um lateral ofensivo e um defesa lateral que faça a respectiva marcação - Escolher métodos ofensivos e defensivos mais complicados, conforme as dificuldades da equipa - Usar uma zona do campo, em frente a uma das balizas que a equipa defensiva terá de defender. Adicionar um guarda-redes e substituir as balizas pequenas pela baliza maior como meta para os atacantes. Exercício 14: aprofundar para finalizar Tipo: profundidade, finalização Espaço: 10x10 metros, em frente a uma baliza Número: 1 Guarda-redes, 5 jogadores Material: 5 bolas, 2 marcas sinalizadoras, 13 estacas Duração: 10-20 minutos Descrição O atacante combina diretamente com outro atacantes, e finaliza em frente à baliza. Percorre então um dos percursos com a bola controlada no pé Organização O treinador define o espaço em frente a uma das balizas e define um jogador fixo que fará passes em profundidade, como um médio organizador. Os jogadores organizam-se em fila, tabelam com o jogador fixo e rematam ao primeiro toque. O guarda-redes escolhe um dos percursos que o jogador deve fazer e entrega a bola. O jogador que rematou deve ser rápido a reagir, receber a bola e fazer o percurso escolhido. Se marcar golo, deve dirigir-se imediatamente para o terceiro percurso, e receber a bola pelo ar, a passe do guarda-redes. O treinador pode definir o tipo de finalização, qual o lado da tabela que os jogadores devem efetuar e qual o percurso que o guarda-redes deve enviar a bola. Variações - Utilizar outros percursos diferentes e mais complexos - Utilizar outros ângulos de remate, juntamente com outros percursos. Exercício 15: o comboio Tipo: drible, agilidade e diversão Espaço: 20x20 metros Número: 4 jogadores por cada grupo Material: 4 cones e 1 bola por grupo Duração: até chegar ao fim Descrição Dois grupos, de quatro jogadores cada, circulam com a bola controlada em volta do quadrado correspondente. O jogador da frente controla a bola e os jogadores restantes seguem-no agarrando a camisola. Quando terminam uma volta, o jogador da frente vai para o fim do grupo, e o segundo jogador passa a controlar a bola. O grupo que primeiro terminar as voltas, desde que todos os membros do grupo tenham controlado a bola, é o grupo vencedor. Organização Este exercício foi desenvolvido para desenvolver técnicas de drible e agilidade dos atletas. Ao mesmo tempo, estes aprendem a conviver com o espaço pessoal muito pequeno, que geralmente varia entre os 15 e 46 centímetros. Por outras palavras, ganham o hábito de enfrentar adversários no corpo-a-corpo sem dificuldade. O treinador reserva um tempo da sessão de treino para realizar uma pequena competição, organizando vários grupos distribuídos por vários grupos, de forma homogénea. Forma quadrados, onde os atletas vão disputar uma pequena corrida. Iniciam a corrida com cada jogador agarrando a camisola ao jogador da frente ou de outra forma que o treinador assim entender. O grupo é eliminado se um dos jogadores se soltar do grupo ou o jogador da frente perder o controlo da bola. A competição termina quando se encontrar um grupo vencedor, ou seja, que conseguiu realizar as voltas necessárias sem perder a posse de bola ou que um dos membros se solte. Variações - Utilizar diferentes trajectos - Acrescentar tarefas que os jogadores devem realizar, como se soltar, fazer um percurso e voltar para o grupo ou efectuar um remate. Exercício 16: em profundidade Tipo: profundidade Espaço: 10x10 metros Número: Grupos de 3 jogadores Material: 4 estacas, 2 cones, 1 bola por grupo, Duração: 10-20 minutos Descrição O processo inicia com um passe para o segundo atacante. O primeiro atacante deve manter-se em linha com o defesa ou já em movimento para receber a bola em profundidade. O segundo atacante apenas tem de fazer um passe em profundidade no timming correcto. O defesa apenas tem de interceptar. Organização Jogar em profundidade é uma das formas mais eficazes de criar situações de finalização também eficazes ou então de soltar a bola do centro do jogo e manter a posse da mesma. Neste momento, os jogadores já tem boa relação com a bola. Os atacantes circulam a bola entre sí, procurando uma situação favorável para um deles ser lançado em profundidade. O defesa apenas deve interceptar o passe e fazer a bola passar por uma das balizas pequenas, também por um passe. Variações - Determinar um tempo máximo, que os jogadores dispõem para pontuar. Diminuir esse tempo, obrigando a pontuar cada vez mais rápido - Limitar o número de toques por jogador - Limitar o número de passes possíveis até os atacantes tentarem pontuar. Exercício 17: finalizar Tipo: profundidade, organização defensiva Espaço: 30x20 metros,
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