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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS CAMPUS POÇOS DE CALDAS GABRIELA MARTINS JULIANA GRAZIELE GOUVÊA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL UTILIZANDO COMO ADJUNTOS CALDO DE CANA E BETERRABA Poços de Caldas - MG 2020 GABRIELA MARTINS JULIANA GRAZIELE GOUVÊA PRODUÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL UTILIZANDO COMO ADJUNTOS CALDO DE CANA E BETERRABA Trabalho apresentado como parte dos requisitos para aprovação do Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia pela Universidade Federal de Alfenas. Orientador: Prof. Dr. Marlus Rolemberg. Coorientador: Augusto Januario Poços de Caldas – MG 2020 RESUMO Na busca por alternativas de substituição de matéria-prima nas indústrias cervejeiras faz-se necessário estudo de novos adjuntos com intuito de reduzir os custos, alcançar melhorias na qualidade da cerveja, como também dar identidade à elas. A cana de açúcar é uma opção como alternativa para fermentação alcoólica por ser rica em carboidratos e micronutrientes, assim como a beterraba que possui uma elevada concentração de açúcares passíveis de fermentação. Este estudo avaliou o processo de produção de cerveja artesanal tipo cream ale, utilizando o caldo de cana de açúcar e beterraba como adjuntos no processo de fermentação e a influência nas características da cerveja na utilização de tais adjuntos através de alguns ensaios de propriedades físico-químicas e análise sensorial realizada com pessoas não treinadas. Através do estilo de cerveja cream ale foi produzido um mosto onde em uma metade foi acrescentado um suco preparado da beterraba cozida e na outra metade foi acrescentado caldo de cana fresco, na etapa de fervura. Foi analisado APV, IBU, SRM. Posteriormente análise sensorial, onde a aceitação de ambas foi positiva. Porém tratando-se de preferência entre elas, a cerveja com caldo de cana obteve em média 76% dos votos de aprovação. Palavras chave: adjunto, cana de açúcar, beterraba, estatística da cerveja, análise sensorial. ABSTRACT In the search for alternatives to replace raw materials in the beer industries, it is necessary to study new adjuncts in order to reduce costs, achieve improvements in the quality of beer, as well as to give identity to them. A sugar cane is favourable to alcoholic fermentation because it is rich in carbohydrates and micronutrients. The beet is the vegetable with the highest sugar content. This study sought to analyse a way in which they are made as craft beers, an influence on the characteristics of beer in the use of such adjuncts and sensory analysis with untrained people. Through the beer style cream ale was produced a beer wort where in one part was added a juice prepared by the cooked beets and another part was added fresh sugar cane, in the boiling stage. Alcohol content, IBU, SRM was analysed. Subsequently sensory analysis, where the acceptance of both was positive. However, the preference test between them show us that the beer with sugarcane juice has received 76% of the votes. Keywords: adjuncts, sugar cane, beet, beer statistics, sensory analysis. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 7 2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 7 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 8 3.1. BREVE HISTÓRIA DA CERVEJA........................................................................ 8 3.2. PRODUÇÃO DE CERVEJA................................................................................... 9 3.3. CERVEJA ARTESANAL........................................................................................ 9 3.4. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FERMENTAÇÃO............................................. 10 3.4.1. Alta fermentação................................................................................................ 10 3.4.2. Baixa fermentação.............................................................................................. 10 3.5. CERVEJA ESTILO CREAM ALE........................................................................ 10 3.6. PROCESSOS DE PRODUÇÃO............................................................................. 11 3.6.1. Insumos................................................................................................................ 11 3.6.1.1. Malte Pilsen....................................................................................................... 11 3.6.1.2. Lúpulo Centennial.............................................................................................. 12 3.6.1.3. Levedura us -05.................................................................................................. 12 3.6.1.4. Água................................................................................................................... 13 3.6.1.5. Adjuntos............................................................................................................. 14 3.6.2. Etapas do processo de produção........................................................................ 15 3.6.2.1. Maltagem............................................................................................................ 15 3.6.2.2. Brassagem........................................................................................................... 16 3.6.2.3. Clarificação......................................................................................................... 16 3.6.2.4. Lavagem............................................................................................................. 17 3.6.2.5. Fervura................................................................................................................ 17 3.6.2.6. Resfriamento....................................................................................................... 18 3.6.2.7. Fermentação........................................................................................................ 18 3.6.2.8. Maturação............................................................................................................ 19 3.6.2.9. Carbontação......................................................................................................... 19 3.6.2.10. Envase............................................................................................................... 19 3.7. PARÂMETROS DE CONTROLE PARA A CERVEJA......................................... 20 3.8. ANÁLISE SENSORIAL........................................................................................... 25 4. MATERIAIS E MÉTODOS...................................................................................... 26 4.1 MATERIAIS.............................................................................................................. 26 4.2. MÉTODOS................................................................................................................ 27 4.2.1. Procedimentos....................................................................................................... 27 4.2.2. Análise Sensorial................................................................................................... 31 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................................. 33 5.1. APV............................................................................................................................ 33 5.2. IBU.............................................................................................................................34 5.3. SRM........................................................................................................................... 35 5.4. ANÁLISE SENSORIAL E PESQUISA DE MERCADO......................................... 36 5.4.1. Teste de aceitação.................................................................................................. 36 5.4.2. Teste Pareado simples........................................................................................... 39 5.4.3. Teste de preferência.............................................................................................. 40 5.4.4. Intenção de Compra.............................................................................................. 41 6. CONCLUSÃO.............................................................................................................. 42 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 43 7 1. INTRODUÇÃO Cervejas especiais são cada vez mais procuradas por consumidores que querem provar algo diferenciado. Em 2018 foram concedidos aproximadamente 6.800 registros de produtos para cerveja/chope. Este segmento apresentou o maior número de registros em 2018, maior até que o do vinho, que teve aproximadamente 1.800 registros. Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro juntos têm mais de 90% dos registros de produtos de cerveja e chope do Brasil (MARCUSSO, MÜLLER, 2018). Com todo esse crescimento e a grande variedade de cervejas artesanais produzidas, o estudo sobre a adição de adjuntos cervejeiros para trazer mais variedade ao paladar do consumidor surge como um assunto de relevante interesse de modo a explorar a diversidade do mercado brasileiro. A abundância de cana de açúcar no país e a facilidade da produção de beterraba, dois dos alimentos que possuem alto teor de açúcares fermentáveis, o tornam uma fonte interessante para se avaliar na produção de cervejas de alta fermentação do tipo ale. No presente trabalho foi avaliado o processo de produção de cerveja tipo ale, estilo Cream Ale, com a adição dos adjuntos de caldo de cana de açúcar e beterraba. A escolha do estilo da cerveja se deu devido a mesma aceitar adjuntos variados. A escolha dos adjuntos foi baseada no potencial em que eles têm no processo de fermentação por serem ricos em açúcares. A influência destes adjuntos nas características de cada cerveja, o teor alcóolico, entre outros parâmetros importantes serão analisados neste trabalho. A análise sensorial também será estudada para avaliar: o aroma, a cor, a textura e o sabor. Esta pesquisa ajuda a determinar a viabilidade na produção com adjuntos baratos, através de testes de aceitação e intenção de compra. Caso seja viável, ajudaria na geração de mais empregos onde se cultiva as matérias-primas utilizadas como também na indústria cervejeira. 2. OBJETIVOS A pesquisa tem como objetivo principal a produção de cerveja artesanal utilizando-se como adjuntos cana de açúcar e beterraba, para determinar e comparar as características das cervejas. A pesquisa tem como objetivos específicos realizar análise sensorial, através de testes 8 afetivos com colaboradores não treinados para fazer levantamento da aceitação de ambas, preferência entre elas e intenção de compra, além de análises físico-químicas básicas. 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Breve história da origem da cerveja Sua história vem de cerca de 10 mil anos quando o homem antigo descobriu, por acaso, o processo de fermentação, surgindo a produção em pequena escala das primeiras bebidas alcoólicas (BREJAS, 2007). A cerveja pode ter sido descoberta como resultado da fermentação acidental de algum cereal e pode estar relacionada com surgimento de duas das mais antigas atividades humanas: a agricultura e a preparação do pão. Nessa época a cerveja era considerada uma espécie de alimento, como se fosse um “pão-líquido’’. Os grãos de cevada eram deixados com água até germinarem, depois eram moídos grosseiramente para serem moldados em bolos e deixados para descansar, assim como os pães. Esses bolos eram desfeitos e colocados em jarras com água para a maturação e fermentação (HORNSEY, 1999). Em aproximadamente 5500 anos atrás, de acordo com Mill (1964), Santos e Yokoya (1993), na cidade pré-histórica chamada Godin Tepe, onde hoje é o Irã Ocidental, escavações feitas localizaram um vaso cerâmico contendo oxalato de cálcio que indica sua utilização na produção de cerveja. Essa descoberta é a primeira evidência química de fabricação de cerveja a partir da cevada. Eram produzidas entre os povos da Suméria, Babilônia e Egito, durante a antiguidade, sendo também por gregos e romanos durante suas civilizações (MEGA et al., 2011). Os babilônios deram sua contribuição na evolução da cerveja, utilizando diferentes combinações e ingredientes, como: trigo, cevada, mel etc. Auxiliaram também na regulamentação de leis relacionadas à cerveja no código de Hamurabi, a legislação mais antiga de que se tem conhecimento. Nesta época, normalmente eram as mulheres que desempenhavam a função de mestre-cervejeiro (COSTA, 2014). O Império Romano, segundo Morado (2009), se encarregou de espalhar a cerveja por toda a Europa, surgindo as primeiras cervejarias. Mais tarde na idade média o cargo de mestre- cervejeiro passou a ser exercido por monges, por terem uma importante influência nos mosteiros, onde a cerveja pôde ser aprimorada, produzida e vendida. Foram eles os primeiros a colocarem flores de lúpulo nas receitas de cerveja, com o intuito de balancear o dulçor do malte com seu amargor natural, além de possuir características antissépticas que proporcionam um 9 maior tempo de validade da bebida, atuando como conservante natural além de várias ervas aromáticas. Isto porque realizavam jejuns onde só poderiam ingerir líquidos durante esses dias e por isso davam muita importância à qualidade alimentar da cerveja que confeccionavam. No ano de 1516, na região da atual Alemanha, foi assinada a Lei da Pureza (Reinheitsgebot) por Guilherme IV, duque da Baviera, após ser vítima de extremo mal-estar resultante do consumo de cerveja produzida com ingredientes de má qualidade, como cal e fuligem. Essa lei regulamentava (e ainda regulamenta) que a cerveja deve conter apenas água e lúpulo, malte de cevada. O fermento foi introduzido nesta lista de ingredientes, contida na lei, algum tempo depois por não ser conhecido à época de sua criação (MORADO, 2009; BELTRAMELLI, 2012). 3.2. Produção e consumo de cerveja no Brasil No Brasil, a produção de cerveja, até o meio do século XIX, possuía características mais domésticas do que fabris, isso mudou com a chegada das primeiras indústrias no país, então logo a produção de cerveja também começou a ser industrializada (MEGA et al., 2011; DE PAULA SANTOS, 2003). Já existiam, ao final da década de 1870, no mínimo, 18 fábricas de cerveja, que produziam de 8 a 10 milhões de garrafas anualmente. Referente à produção industrial, a participação do setor cervejeiro correspondia a 5,3% já nesta época. O Brasil produziu, em 2014, 14,0 bilhões de litros da bebida ante um total de 13,5 bilhões de litros em 2013, representando um crescimento médio anual de 5 %. Com este volume de produção, o país ocupa o terceiro lugar no ranking mundial de produção ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos (CERVBRASIL, 2014). Segundo UOL (2018), uma pesquisa da Kantar Worldpanel apontou que o consumo de cerveja cresceu no último ano no Brasil. Em 2018, a bebida foi consumida em 63,4% dos domicílios brasileiros, aproximadamente 1% a mais que em 2016. Outra pesquisa pela Mintel, divulgada em novembro do mesmo ano, apontou que consumidor de cerveja vem preferindo qualidade a quantidade. 57% dos consumidoresbrasileiros afirmam preferir beber pequenas quantidades de cerveja mais cara a grandes quantidades de cerveja de menor custo. 3.3. Cerveja Artesanal Nos últimos anos, tem se notado uma mudança no consumo dos apreciadores de cerveja, onde alguns mais exigentes quanto à qualidade da bebida e dispostos a pagar preços acima do mercado convencional estão optando por produtos diferenciados, as cervejas artesanais. 10 As cervejas artesanais caracterizam-se por serem produzidas em pequena escala, por um processo de fermentação relativamente lento, com alguma diferenciação quando comparada com as cervejas comerciais mais populares. A sua elaboração tem como foco a qualidade do produto, levando em conta a qualidade dos seus ingredientes, o que culmina na produção de variados tipos de cervejas que são cuidadosamente elaboradas conferindo melhor aroma e sabor à bebida (KLEBAN e NICKERSON, 2012). O mercado de cervejas especiais ocupa ainda uma pequena parcela do mercado nacional de cerveja, mas vêm sendo impulsionado por uma conjunção de fatores (KLEBAN e NICKERSON, 2012; CERVBRASIL, 2013). Avaliar esses fatores que influenciam os consumidores e estimulam o crescimento do mercado brasileiro de cervejas artesanais torna-se de extrema importância para as indústrias do ramo. 3.4. Classificação quanto a fermentação 3.4.1. Alta fermentação São as cervejas do tipo ale onde a levedura fermenta no topo do recipiente e em temperaturas mais altas – com uma variação aproximada entre 15ºC à 24ºC. As ales se adaptam melhor a temperaturas altas, tornando-as inativas em temperatura inferior a 12ºC (PEROZZI e BEAUNE, 2014; PALMER, 2006). 3.4.2. Baixa fermentação São as cervejas do tipo lager onde a levedura fermenta no fundo do recipiente e em temperaturas mais baixas – com uma variação aproximada entre 4 ºC à 15 ºC. As lagers conseguem trabalhar até 4ºC (PEROZZI e BEAUNE, 2014; PALMER, 2006). 3.5. Cerveja Estilo Cream Ale Segundo BJCP (2015), as cervejas estilo cream ale são uma versão ale do estilo lager americano, mais espumante ou de consumo fresco que existe desde os anos 1800 e que sobreviveu à Lei Seca. Elas eram produzidas a fim de competir com fabricantes de cerveja lager no Canadá e nos Estados do Nordeste, Meio-Atlântico e Centro-Oeste dos EUA. É um estilo que aceita adjuntos, podendo chegar a até 20% de milho em maceração e 20% de glicose ou outros açúcares na etapa de fervura. Qualquer variedade de lúpulo pode ser usada para amargor e aroma. 11 No aroma, as notas de malte podem ser de médio para médio-baixo, com um aroma parecido ao do milho. Já o aroma de lúpulo apresenta-se com médio-baixo a nenhum, e se presente, pode ser de qualquer variedade, mas geralmente são notas florais, condimentadas ou à base de plantas. Ou seja, o malte e nem o lúpulo costumam dominar o aroma. Na aparência, a cor deve ser amarelo palha a moderado ouro, geralmente mais claras. A cor pode variar a partir do uso de adjunto. Possui muitos reflexos, são brilhantes e cristalinas. Espuma de baixa a média formação, com carbonatação média a alta e retenção razoável. O sabor pode apresentar baixo a médio-baixo amargor de lúpulo. Baixa a moderada maltosidade e doçura, dependendo da densidade e da atenuação (geralmente são bem atenuadas). Pode apresentar também, baixo a moderado sabor de milho. Assim como no aroma, nem o malte e nem o lúpulo dominam o paladar. O final pode variar entre um pouco seco e ligeiramente doce. 3.6. Processos de Produção Os ingredientes indispensáveis para a produção da cerveja são: malte, água, lúpulo e leveduras. Também podem ser usados cereais maltados e não maltados, como o milho, trigo e arroz. A cerveja é moderadamente alcoólica pois contém grande quantidade de água em sua composição, se obtém por ação de leveduras selecionadas sobre um mosto resultante da mistura da farinha obtida com a moagem dos cereais junto com água, ao qual foi adicionado lúpulo (e/ou seus derivados). Este mosto vai diferir consoante o tipo de cerveja que se quer produzir (O FABRICO DA CERVEJA – PGA, 2009). A produção de cerveja consiste em diversos processos que vão desde a preparação dos ingredientes até a filtragem e embalagem. O conceito geral da fabricação de cerveja é a conversão da fonte de amido em mosto, um líquido açucarado, que será submetido à fermentação para formar finalmente a bebida alcoólica. As etapas, logo, são as seguintes: maltagem, brassagem, fervura, resfriamento, fermentação, condicionamento e embalagem. Estes são os processos básicos para a fabricação de cerveja em grandes escalas (MORADO, 2009; MURRAY e O‟NEILL, 2012). 3.6.1. Insumos 3.6.1.1 Malte Pilsen O malte são grãos maltados providos geralmente da cevada, mas também podem ser do trigo, do arroz e do milho. É o responsável pela obtenção de açucares fermentáveis, que após a 12 fermentação proporcionam principalmente o teor alcoólico da cerveja, como também o aroma e cor no final do processo (OETTERER, REGITANO -D´ARCE e SPOTO, 2006). Segundo ArteBrew (2019), o malte pilsen ou base, é produzido por cevada cervejeira. Seu processo de produção recebe menor carga de aquecimento com objetivo de mantê-lo mais claro possível, e com isto seja possível elaborar qualquer tipo de cerveja. As principais características que este malte deve ter são: ● Coloração no máximo 5.5 EBC ou 2.8 SRM; ● Humidade no máximo 5%; ● Rendimento no mínimo 80.5%; ● Tempo de Sacarificação no máximo 15 minutos; ● Proteínas na faixa de 9,7% até 11%; O uso do malte pilsen é essencial, pois devido a sua coloração ser bem clara, a quantidade de enzimas é maior do que em outros maltes, e por isso, ele é o malte ais utilizado nas cervejas. 3.6.1.2. Lúpulo Centennial O lúpulo é uma planta trepadeira produzida principalmente nos Estados Unidos, Alemanha e Bélgica. Para a produção de cerveja são utilizados somente as flores femininas não fecundadas, pois são elas que contem a lupulina que confere um sabor amargo. É responsável por equilibrar o sabor da cerveja, além de atuar como conservante (OETTERER, REGITANO -D´ARCE e SPOTO, 2006; PEROZZI e BEAUNE, 2014). O lúpulo centennial americano é um pouco mais cítrico que floral, tem notas de limão e puxa bem para o maracujá. Ele é bom tanto para amargor como para aroma, mas geralmente mais utilizado para aroma, sua variação de ácido alfa vai de 7% a 12%, variando de acordo com a safra. É mais utilizado em estilos de cervejas que foquem lúpulo (American Ipa, Apa etc…) (EMPÓRIO DO LÚPULO, 2019). 3.6.1.3. Leveduras us-05 As leveduras são micro-organismos eucarióticos predominantemente unicelulares e pertencentes ao Reino Fungi. A atuação das leveduras durante o processo de produção da cerveja é na fermentação, onde ocorre a conversão dos açúcares fermentáveis em álcool e gás 13 carbônico. As leveduras mais utilizadas para fermentação em cervejarias são de duas espécies do gênero Saccharomyces: Saccharomyces uvarum (baixa fermentação) e Saccharomyces cerevisae (alta fermentação) (VENTURINI FILHO; MENDES, 2008). Por serem fundamentais na formação do odor das cervejas, é extremamente importante que os mesmos sejam o mais puro possível, ou seja, sem a presença de micro-organismos contaminantes, pois a contaminação bacteriana pode causar danos ao processo tais como: consumo de açúcar, formação de goma, floculação do fermento, inibição e queda da viabilidade das leveduras devido às toxinas e ácidos orgânicos excretados no meio e, por consequência, redução no rendimento e na produtividade da fermentação (ALCARDE; HORII; NOBREI, 2007). A levedura us-05 é a cepa de fermento americano mais utilizada no mundo inteiro, tem perfil neutro bem limpo, com baixa geração de diacetil e um final bem acentuado. Trabalha em uma temperatura de 15 a 22 ºC, tolerância ao álcoolmédia alta de até 9%, atenuação média alta por volta de 80%, sedimentação média (LAMASBREWSHOP, 2018). 3.6.1.4 Água É o ingrediente mais utilizado na produção. A principal preocupação em relação ao componente é a quantidade de minerais e o valor do Ph, pois afetam diretamente a qualidade de bebida. Por isso determinados estilos podem ficar diferentes dependendo da água utilizada interferindo no aroma e na cor (OETTERER, REGITANO -D´ARCE e SPOTO, 2006; PEROZZI e BEAUNE, 2014). A água é utilizada em várias etapas do processo produtivo da cerveja. Entretanto, a importância da água nesse processo de produção é mais bem compreendida quando se observa que a sua porcentagem na cerveja é aproximadamente 90%, sendo assim o insumo em maior quantidade. Muitas vezes utiliza-se a água proveniente do local, gerando cervejas regionais com características únicas (BRIGGS et al., 2004; MATOS, 2011). Sendo a água tão necessária na produção da cerveja, é de suma importância a qualidade dela. Assim, independentemente da etapa em que ela será usada, a água deve ser inodora, insípida e cristalina. Além disso, o conteúdo de sais e o pH devem ser equilibrados, pois são eles que vão condicionar o tipo de cerveja que será produzida. O pH deve variar em torno de 6.5 - 8, que é a faixa ideal para as enzimas do malte durante a mosturação. As concentrações de sais e minerais também influenciam a fermentação, afetando o sabor, o aroma e o corpo da cerveja. Juntamente com outros fatores, essas concentrações podem trazer características especiais às cervejas. A cerveja tipo ale, inglesa, é produzida com água 14 dura (maior quantidade de sais minerais). Já a cerveja tipo pilsen é produzida com água mole (poucos sais minerais). A dureza temporária da água, bem como sua alcalinidade, é dada por bicarbonatos, e a fervura provoca sua precipitação, enquanto a dureza permanente é dada por sulfatos ou cloretos de cálcio e magnésio (CARVALHO, 2007; COSTA, 2014). Assim, os principais parâmetros de controle da água para a cerveja são a alcalinidade, o pH e a dureza. A dureza da água é balanceada, em sua maioria, pela alcalinidade e a água muito alcalina faz com que o pH da mistura de malte e água fique mais elevado do que seu valor adequado (PALMER, 2006). 3.6.1.5 Adjuntos “Qualquer cereal fermentável não maltado, que não a cevada, adicionado à cerveja para servir como fonte de açúcar fermentável para uso na produção de cerveja; tipicamente trigo, milho, arroz ou aveia.” (DISNLAKEN, 2015). Adjuntos cervejeiros, diferentes do malte de cevada, são fontes adicionais de carboidratos e proteínas ao mosto. Eles podem substituir em parte o malte de cevada, causando impacto nas características físico-químicas e organolépticas da cerveja, por isso é necessário preservar a expectativa dos consumidores e principalmente a qualidade, sobretudo, à aparência e ao sabor. O uso excessivo deve ser evitado para evitar má qualidade à espuma da cerveja, além de pouco corpo (GLATTHAR et al., 2005; BAMFORTH, 2006; SLEIMAN et al., 2010; POREDA et al., 2014). O uso de adjuntos na fabricação de cerveja contribui para diminuir o custo na produção por possuírem um custo menor comparado com o do malte. Além disso, o uso de adjuntos cervejeiros deve ser visto como uma forma de incentivar pequenos agricultores e com isso, acarretar uma diminuição dos custos de se importar materiais para a fabricação cervejeira (UGBOAJA et al., 1991; VENTURINI FILHO, 2004, apud POREDA et al., 2014). A maioria dos adjuntos utilizados na produção da cerveja facilita a diluição de lipídios, polifenóis e proteínas presentes no malte, conferindo à cerveja uma alta estabilidade física, maior resistência à turvação a frio, maior brilho, sabor mais suave e mais leve (BRIGGS et al., 2004). • Beterraba: A espécie Beta vulgaris pertence à família Quenopodiacea. É originária de regiões européias e norte-africanas de clima temperado. A planta é bienal, cuja parte comestível é uma raiz tuberosa de formato globular e sabor acentuadamente doce, mesmo na beterraba oleracea (FILGUEIRA, 2000). Além de possuir substâncias 15 químicas importantes a beterraba se destaca entre as hortaliças, pelo seu conteúdo em vitaminas do complexo B e os nutrientes potássio, sódio, ferro, cobre e zinco (FERREIRA & TIVELLI, 1990) (ALVES AU; PRADO RM; GONDIM ARO; FONSECA IM; CECÍLIO FILHO AB. 2008). A beterraba é cultivada principalmente nas regiões Sudeste e Sul. Das 100,5 mil propriedades produtoras de beterraba existentes no Brasil, 42% estão na Região Sudeste e 35% na Região Sul. No estado de São Paulo existem, aproximadamente, 700 propriedades agrícolas, perfazendo 5 mil ha, onde são produzidas 115 mil toneladas de beterraba por ano (CAMARGO FILHO & MAZZEI, 2002). • Cana de açúcar: A cana-de-açúcar (Saccharum sp) são plantas que crescem em forma de touceira, sendo a parte aérea formada por colmos, o caule típico das gramíneas, folhas e inflorescências, com uma parte subterrânea formada por raízes e rizomas (MOZAMBANI et al., 2006). É com ela que se faz dois produtos essenciais para a economia mundial: o açúcar, parte indispensável da alimentação humana, e o álcool, utilizado nas bebidas alcoólicas como a cachaça, o vinho e a cerveja, ou como combustível, também conhecido como etanol, é atualmente, uma das principais e mais importantes culturas no Brasil sendo o agronegócio sucroalcooleiro, segundo informações do PROCANA (Programa da Cana-de-açúcar), é responsável por aproximadamente 1,76% do PIB nacional, de acordo com dados da safra 2008/2009. 3.6.2. Etapas do processo de produção 3.6.2.1. Maltagem Os grãos de cevada germinam parcialmente e algumas enzimas são ativadas nesse processo (α-amilase, β-amilase, maltase e protease). Elas transformam o amido presente no endosperma do grão em açúcares livres, como frutose e glicose (OETTERER, REGITANO - D´ARCE e SPOTO, 2006; MUXEL, 2016). No processo de malteação ainda segundo Muxel (2016), a germinação é interrompida por aquecimento, ou secagem dos grãos, pois na germinação normal da planta, esses açúcares seriam utilizados para dar início ao processo de fotossíntese. Com o processo de malteação os grãos de cevada adquirem enzimas que irão, mais adiante, converter o amido presente no endosperma dos grãos em carboidratos menores como maltose que, finalmente, serão fermentados em álcool e CO2. 16 3.6.2.2. Brassagem dos grãos Processo no qual ocorre a mistura entre o malte moído com água em faixas de temperaturas específicas (rampa). As enzimas presentes no malte são então ativadas de acordo com uma rampa de temperatura (CARVALHO, 2009). Essas rampas são faixas de temperaturas nas quais cada dia tipo de enzima é a ativada de maneira ótima. As amilases são as principais enzimas utilizadas no processo de sacarificação, que consiste na modificação do amido em açúcares menores, como a maltose e a glicose (OLIVEIRA, 2011). Além da temperatura, alguns fatores que influenciam a atuação das enzimas são o pH e o tempo de mosturação, a quantidade de água utilizada, a moagem e a composição do malte. Assim como as rampas de ativação das enzimas, existe uma rampa para inativa-las, o mash out. O mash out é uma rampa (76ºC – 77ºC) de temperatura que: • Torna as enzimas inativas; • Diminui a viscosidade do mosto. É importante inativa-las pois se o mosto continua nas etapas seguintes (clarificação, lavagem) nas rampas de temperaturas onde as enzimas “trabalham” pode atrapalhar nas características planejadas para a cerveja, como por exemplo, o corpo dela. Ou seja, isso afeta o perfil de açúcares e proteínas planejado na receita e diminui a eficiência da brasagem. Porém, o mash out só deve ser feito após quase ou total sacarificação do amido. Um teste muito utilizado é o teste com iodo que consiste emretirar amostras do mosto próximo ao final do tempo estipulado de mosturação e adicionar algumas gotas de iodo. O amido quando misturado com iodo sofre reações de complexação, com formação de compostos coloridos, com mudanças de coloração para tonalidades de azul e vermelho. Dessa forma, o teste do iodo tem a importante função de ajudar na indicação da presença de amido no mosto cervejeiro (DINSLAKEN, 2016). 3.6.2.3. Clarificação do mosto Após o processo de mostura, obtém-se uma mistura de substâncias dissolvidas e não dissolvidas, onde estão o bagaço e a solução aquosa de extrato líquido ou mosto. Apenas o mosto é utilizado para a produção de cerveja e, por isso, ele deve ser separado o máximo possível do bagaço. Este processo de separação pode ser chamado de filtração do mosto ou 17 clarificação (KUNZE e WAINWRIGHT, 1996). Nesta etapa o líquido que fica retido entre o fundo falso e o fundo da tina, chamado de primeiro mosto, é bombeado novamente para a tina de filtração para ser filtrado, pois ainda possui partículas sólidas. A qualidade da cerveja depende bastante desta etapa, pois essa recirculação do mosto é feita até que o mosto fique menos túrbido e sem impurezas (cascas, proteínas e enzimas coaguladas, amido que não foi hidrolisado, e outras substâncias que compõem o bagaço) para depois ser transferido para a etapa de fervura. Portanto, deve-se visar à obtenção de um mosto menos turvo possível, para uma cerveja de boa qualidade (CARVALHO, 2007). 3.6.2.4. Lavagem dos grãos de malte A lavagem dos grãos nada mais é que fazer a separação da parte líquida da parte sólida. Quando termina a mosturação, na panela terá uma mistura de água, grãos e uma grande quantidade de açúcares extraídos dos grãos que foram convertidos em açúcares menores, o objetivo então é separar o mosto dos grãos, para ter somente o líquido na panela de fervura. O bagaço resultante é lavado com água quente, em torno de 78ºC, para serem extraídos mais facilmente os açúcares ainda presentes entre as cascas e para a inativação de enzimas, obtendo- se, assim, o segundo mosto. (KUNZE e WAINWRIGHT, 1996). Assim tem-se uma maior eficiência do processo, uma melhor eficiência na remoção dos açúcares dos grãos. 3.6.2.5. Fervura do mosto A fervura do mosto com a adição do lúpulo tem como objetivo a estabilização da sua composição através da inativação das enzimas amilases e das proteases, causadoras da coagulação das proteínas, que se precipitam em flocos. Outros efeitos da fervura do mosto são a aromatização, a concentração e a esterilização, além da caramelização de alguns açúcares. Na caldeira de fervura, esta etapa pode durar de 45 a 120 minutos, dependendo da quantidade de lúpulo a ser adicionada e do tipo da cerveja. Esse tempo pode ser diminuído se a fervura for feita em pressões um pouco mais elevadas, porém isso não é aplicável à fabricação de todos os tipos de cerveja. Atualmente, o método mais utilizado como fonte de calor é o vapor pressurizado (HORNSEY, 1999). Qualquer microrganismo presente no mosto será destruído numa temperatura de cerca de 100°C. Se não forem eliminados, podem atrapalhar a fermentação, competindo com as leveduras pelos açúcares fermentáveis, contaminando a cerveja e deixando- 18 a com sabor azedo e indesejado. É importantíssimo que, após a fervura, todos os equipamentos estejam esterilizados (KUNZE e WAINWRIGHT, 1996; HORNSEY, 1999). 3.6.2.6. Resfriamento do mosto No processo de resfriamento do mosto, o líquido que acabou de ser fervido deve ser resfriado para seguir com a fermentação. O resfriamento do mosto é uma das etapas mais críticas do processo de produção de cerveja. Um dos motivos tem a ver com a possibilidade de contaminação. O mosto quente deve ser resfriado, após a clarificação, até a temperatura em que será inoculado com a levedura, geralmente entre 15 e 22°C, quando se tratam de ales e entre 6 e 12°C para as lagers (BRIGGS et al., 2004). 3.6.2.7. Fermentação Após o resfriamento, o mosto recebe fermento (levedura). A fermentação pode ser descrita como a transformação dos açúcares fermentescíveis em álcool e dióxido de carbono (CO2), como produtos principais, por meio do metabolismo das leveduras em condições propícias. A redução do pH do mosto, a diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido no mosto, alterações na cor, que se torna mais clara, são algumas transformações físico-químicas que ocorrem na fermentação (BRIGGS et al., 2004; CARVALHO, 2007; EβLINGER e NARZIβ, 2009). O processo de fermentação se inicia na inoculação das leveduras (adição delas ao mosto fervido e resfriado). Se for inoculada uma quantidade baixa de leveduras, ocorrerá lentidão nas etapas iniciais da fermentação, também chamadas de adaptação. Mas uma inoculação com quantidade de levedura maior do que a ideal acarretará num consumo descontrolado pelos nutrientes, resultando num crescimento baixo e na formação acentuada de alguns ésteres, como o acetato de etila, que causa um pronunciado aroma frutado na cerveja final (HORNSEY, 1999; ARAÚJO et al., 2003; EβLINGER e NARZIβ, 2009). A suspensão para a inoculação pode ser preparada através de meios de cultura sólidos ou a partir de levedura liofilizada, sendo necessária uma hidratação prévia em água mineral para o uso desta. Uma boa cepa de levedura é aquela que fica em suspensão durante a fermentação e, ao seu término, flocula e decanta, proporcionando uma separação rápida da cerveja clarificada do seu sedimento (HORNSEY, 1999; CARVALHO, 2007). O progresso da fermentação pode ser estimado por meio da atenuação do extrato, ou seja, da diminuição da presença de açúcares fermentescíveis. Além 19 disso, pode-se dizer que a fermentação chegou ao fim quando o CO2 para de ser produzido (PALMER, 2006). 3.6.2.8. Maturação A maturação é considerada como uma segunda fase da fermentação, resultando em cerveja pronta, final ou acabada. Durante o período da maturação, são desenvolvidos sabores, aromas, estabilidade, e consumidos os compostos indesejáveis originários da etapa anterior (BRIGGS et al., 2004). As leveduras ainda ativas, na maturação, buscam por açúcares e álcoois mais pesados, transformando estes em ésteres, que conferem à cerveja notas frutadas, além de consumirem o diacetil, outro composto chave na maturação, formado na fermentação primária. A maturação também pode acontecer dentro da garrafa, após o envase. Para que a maturação ocorra da forma desejada, é preciso que seja bastante controlada de tal sorte que não se tenha um tempo prolongado no processo nem que este seja insuficiente, causando impactos negativos sobre o sabor da cerveja final (CARVALHO, 2007). 3.6.2.9. Carbonatação A carbonatação da cerveja, ou a quantidade de CO2 dissolvido, é vital para esta bebida milenar, influenciando o aspecto e a quantidade da espuma, bem como a percepção sensorial. É uma técnica que utiliza açúcar fermentável dentro de uma garrafa com o objetivo de provocar uma nova fermentação na cerveja a partir das ações de leveduras, gerando CO2 e consequentemente a carbonatação, a técnica é chamada priming, muito utilizada por cervejeiros caseiros, como essa técnica vai gaseificar a cerveja final , essa adição deve ser limitada. A melhor opção para o priming é que seja feito 48 após a maturação, no momento do envase, pois mesmo com poucas leveduras ativas em suspensão após a maturação seu número é suficiente para a carbonatação da cerveja (PALMER, 2006). 3.6.2.10. Envase Esta é a última etapa da produção de cerveja artesanal. O envase nada mais é do que a ação de engarrafar a cerveja no recipiente escolhido, que pode ser garrafa ou barril. O envase é, em alguns casos, a última etapa antes da comercialização e deve ser feito com cuidado adequado para garantir a qualidade do produto. O tipo de recipientea ser usado depende muitas vezes do país a que se destina ou até de questões ambientais (BRIGGS et al., 2004). O principal 20 fator para um envasamento ser bem realizado é a sanitização, pois todos os equipamentos e qualquer objeto que possa entrar em contato com a cerveja, a fim de evitar a sua contaminação, devem passar por esta etapa. Numa produção caseira, é comum o uso da mistura de água e Iodophor, nome comercial da solução composta por iodo e ácido fosfórico. Alguns outros fatores também são importantes durante essa etapa, dentre eles, estão: temperatura e pressão. A quantidade de CO2 dissolvido na cerveja deve ser monitorada para não se prejudicar a sua qualidade. Para tal, a pressão precisa ser mantida e o acréscimo de temperatura deve ser controlado (BRIGGS et al., 2004). Outro importante fator é a exposição da cerveja ao ar. Dependendo do tipo de cerveja a ser produzido o cuidado é ainda maior, como, nas cervejas mais claras. Com relação aos tipos diferentes de recipientes, deve-se ter mais cuidado com alguns em comparação aos outros. No caso das garrafas, o cuidado deve ser maior, visto que, depois de uma determinada quantidade, o oxigênio pode oxidar a cerveja, prejudicando seu sabor (BRIGGS et al., 2004). 3.7. Parâmetros de Controle para a cerveja Em toda produção de cerveja são obtidos alguns parâmetros que são necessários para a realização do controle da qualidade da bebida, são alguns deles: • GRAVIDADE ORIGINAL (OG) Trata-se de um termo do mundo cervejeiro para a densidade da cerveja. Ou seja, é uma comparação feita entre o peso do mosto ao peso da água, essa medição deve ser feita antes da fermentação e é utilizada para determinar a força da cerveja após o processo de levedação. (PEROZZI e BEAUNE, 2014). • GRAVIDADE FINAL (FG) Sofre o mesmo processo da OG, a diferença está na medição que ocorre após a fermentação. (PEROZZI e BEAUNE, 2014). • ALCOOL POR VOLUME (APV) Em sua maioria, as cervejas possuem de 2 a 7% de APV, o que significa que a cada 100 ml de bebida, entre 2 a 7 ml são de álcool (BEER & BIER, 2014). Para realizar o cálculo do teor alcoólico de uma cerveja é necessário utilizar um 21 densímetro. Utilizando o OG e o FG que já foram mencionados antes e aplicá-los através da seguinte fórmula (PEROZZI e BEAUNE, 2014): 𝐴𝑃𝑉 = 𝑂𝐺 − 𝐹𝐺 7,5 (1) Sendo: • APV: álcool por volume; • OG: gravidade original; • FG: gravidade final; • 7,5: constante. • UNIDADES DE AMARGOR INTERNACIONAIS (IBU) O amargor é um parâmetro essencial na análise da qualidade das cervejas, tanto no mosto quanto no produto final. Os responsáveis pelo amargor da cerveja são os α-ácidos (humulonas), que são constituintes resinosos do lúpulo. Na fervura – etapa na qual o lúpulo é adicionado - do mosto sofrem uma reação de isomerização produzindo isoα-ácidos, que são fundamentais para o sabor amargo na cerveja (CHRISTENSEN; LADEFOGED; NØRGAARD, 2005). De acordo com Dinslaken (2016), existem pelo menos quatro métodos para se calcular o IBU de uma cerveja. Dos 4 métodos, o de Tinseth é o mais utilizado no mundo. O que diferencia um método do outro é principalmente na forma de avaliação da Utilização de alfa ácidos (U). Este fator é provavelmente o mais importante, pois representa a eficiência de isomerização dos alfa-ácidos. Ele é obtido através da tabela de utilização dos alfa-ácidos a partir do tempo de fervura e OG medida. 22 Figura 1 – Tabela de utilização de alfa ácidos Fonte: CONCERVEJA (2016) Pelo método utiliza-se a equação 2 para o cálculo do IBU da cerveja: 𝐼𝐵𝑈 = 𝑈 × 𝑃 × 𝐴 𝑉 (2) Sendo: U = Utilização de alfa ácidos; P = Massa de lúpulo utilizada na receita (em mg); A = Unidades de alfa ácido (em decimal, ex: 9,5% = 0,095); V = volume de cerveja (em litros). A partir da escala IBU é possível medir o amargor de uma cerveja, os valores variam de 1 a 100 e quando maior for o número, maior a concentração de compostos amargos na cerveja. (PEROZZI e BEAUNE, 2014). 23 24 Figura 2 – Escala IBU Fonte: BEER & BIER (2017) • LOVIBOND (L) “Medição do nível de torragem ou da cor de um malte específico e/ou da cor de uma cerveja.” (PEROZZI e BEAUNE, 2014). • METÓDO PADRÃO DE REFERÊNCIA (SRM) O Standard Reference Method (SRM) é um dos métodos para classificar a coloração da cerveja, ele é utilizado principalmente nos EUA. Assim como os outros métodos, ele se baseia no uso de um espectrofotômetro, que mede a absorção de luz em um determinado comprimento de onda. A estimativa de coloração da cerveja é feita com base na composição dos maltes utilizados em cada receita, sendo definida basicamente por 3 variáveis: composição/características dos maltes; quantidade de cada malte utilizado e volume final do mosto. Segundo Reis (2017) a estimativa da cor pode ser calculada pela equação 3 𝑀𝐶𝑈 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑚𝑎𝑙𝑡𝑒 𝑛𝑎 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑒𝑗𝑎 = 𝑐𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑙𝑡𝑒 × 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑚𝑎𝑙𝑡𝑒 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑐𝑒𝑟𝑣𝑒𝑗𝑎 (3) Sendo: 25 • A cor do malte é fornecida na ficha/embalagem como “cor do mosto” pelo produtor e deve ser em SRM; • A massa utilizada de cada malte em libras; • Volume final da cerveja em galões. Quando se utiliza mais de um tipo de malte, esta conta deve ser feita para cada um e no final soma-se cada resultado. O MCU vai ser igual ao SRM para cervejas claras. Para valores acima de 10 a diferença começa a ficar significativa e são aplicados métodos de correção. Com o SRM determinado é possível utilizar a escala de cores (figura 3). Figura 3 – EBC - European Brewery Convention: escala mais usada na Europa, mede a turbidez da cerveja através do Turbidímetro Fonte: MORGOTH, Felipe (2010) 3.8. Análise sensorial A análise sensorial é considerada uma ciência que utiliza os sentidos humanos para avaliar as características ou atributos de um produto (visão, olfato, tato, paladar, audição). Em uma degustação é possível identificar todas as características da bebida, onde a combinação destas características irá definir o estilo da bebida, no caso da cerveja (RUSSANO, 2017). Ainda de acordo com Russano, (2017) cada sentido vai indicar uma característica diferente: • Visão: pela visão é possível observar se a cerveja é límpida ou túrbida, consequentemente, sua cor. A cor pode variar do amarelo ao preto. Como também ressaltar os aspectos da espuma, se ela tem boa formação e estabilidade; • Olfato: pelo olfato (o cheiro) é possível identificar o aroma: frutado, cítrico, floral, herbal, terroso, cereal, caramelo, café, chocolate; 26 • Paladar: da mesma forma que o olfato, pelo paladar se consegue reconhecer o gosto: frutado, cítrico, floral, herbal, terroso, cereal, caramelo, café, chocolate. Além do teor alcóolico, como também a carbonatação. Essas duas características vão do baixo ao alto; • Tato: pelo tato, que no caso da degustação será com a boca, é possível sentir a viscosidade e a textura da cerveja, dizendo quão “encorpada” ela é. De acordo com Trommer (2015), os métodos empregados em análise sensorial podem ser: • TESTES AFETIVOS: Avaliar se o produto é aceito pelos consumidores, qual a preferência e intenção de compra. • TESTES DISCRIMINATIVOS: Avaliar se existe diferença perceptível entre o produto em estudo e algum produto convencional similar. • TESTES DESCRITIVOS: Avaliar os principais pontos de diferença, se as qualidades sensoriais estão presentes e suas intensidades. 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Materiais Os materiais e equipamentos utilizados para produção da cerveja foram: • arrolhador- tampador; • balança - pesar maltes, lúpulos e adjuntos; • balde fermentador – fermentação; • borrifador – sanitização; • panela de mosturação – brasagem; • densímetro/proveta - medir densidade do mosto; • fogareiro - aquecer / ferver água; • garrafas – envase; • falso fundo - filtrar mosto antes de transferir para a panela de fervura; • jarra plástica - para auxiliar na filtragem e envase; • mangueira e bomba - transferência do mosto para a panela de fervura e recirculação; • moedor - moer grãos; 27 • pá cervejeira - mexer panela de mosturação e fervura; • panela de fervura - ferver o mosto; • chiller (resfriador) - resfriar o mosto; • tampinhas/rolhas - tampar garrafas; • termômetro - medir temperatura; • válvula airlock – fermentação. Os ingredientes para produção da cerveja estão listados abaixo: • Água filtrada; • Malte Pilsen (Agrária); • Lúpulo Centennial; • Levedura us-05; • Caldo de cana; • Beterraba; • Xarope de açúcar; • Iodo; • Álcool 70%. 4.2. Métodos A partir do estilo de cerveja escolhido estipulou-se a produção de 20 L de cada uma. Porém, foi produzido apenas um mosto de 40 L e divido na etapa de fervura. O malte pilsen utilizado é brasileiro e da marca Agrária. O lúpulo centennial de origem americana e o fermento us- 05 de origem francesa e da marca Fermentis. Todos foram comprados na Casa Olec em Poços de Caldas – MG. A água utilizada foi mineral comprada em galões de 20 L, na cidade de Andradas – MG, onde a cerveja foi produzida. 4.2.1. Procedimento As etapas do processo são descritas a seguir: • Brassagem dos grãos: 8,5 kg de grãos de malte pilsen foram amassados e misturados com água pré-aquecida a 68ºC na panela de mosturação (Figura 4) de 32 L, essa rampa de temperatura foi feita por 1 hora, durante este processo foram realizados testes com iodo. Com os testes com iodo ok, uma segunda rampa foi feita a 76ºC por 10 minutos para inativar as enzimas. 28 Figura 4 – Panela de mosturação • Clarificação do mosto: Depois da brassagem realizou-se a recirculação desta mistura, através de uma bomba conectada a torneira da panela de mosturação. Utilizou-se também uma escumadeira a fim de não formar buracos na cama de grãos (formada no fundo da panela) devido à pressão do jato da bomba, como também movimentos circulares para não concentrar a recirculação em um só lugar. A clarificação (Figura 5) foi feita por 15 minutos e o mosto foi transferido para uma panela maior de 60 L. Figura 5 – Clarificação do mosto • Lavagem do malte: Em outra panela de mosturação de 32 L, água foi aquecida até a temperatura da segunda rampa. Esta água foi adicionada à panela com a cama de malte que restou da brassagem (Figura 6) e em seguida essa água de lavagem foi transferida para a mesma panela de 60 L através da bomba conectada à sua torneira. Com o mosto pronto totalizando aproximadamente 40 L, ele foi dividido entre as duas panelas de 29 mosturação de 32 L já limpas e sanitizadas, uma para o caldo de cana e a outra para o suco da beterraba. Após esta etapa, os mostos estavam prontos para a fervura. Figura 6 – Grãos de malte prontos para lavagem • Fervura do mosto: A fervura foi feita durante 30 minutos. No começo da fervura foram adicionados 25g de lúpulo centennial em cada panela. Os adjuntos também foram adicionados no início, onde em um mosto foi adicionado 500 mL de caldo de cana (Figura 7) e no outro mosto foi adicionado 2 L do suco da beterraba. As quantidades de adjuntos adicionadas foram determinadas a fim de alcançar a mesma OG, uma vez que foi realizada comparação entre as cervejas. Figura 7 – Fervura do mosto com caldo de cana • Resfriamento do mosto: Antes de prosseguir é necessário resfriar o mosto até a temperatura ambiente, em torno de 25ºC - 21ºC. Para isto, utilizou-se um trocador de calor, chiller (Figura 8), e um termômetro. 30 Figura 8 – Resfriamento do mosto com a beterraba • Higienização: Após a fervura e resfriamento do mosto foi necessário limpar com água e sabão e depois sanitizar todos os equipamentos que entraram em contato com o mosto recém-produzido - galão de água vazio, funil, válvula airlock - tudo para evitar contaminação por bactérias; • Fermentação: Transferiu-se os dois mostos cada um para um galão de água de 20 L através da torneira da panela e com auxílio de um funil. Com os saquinhos de levedura, já limpos e sanitizados, colocou-se cada saquinho contendo 11,5 g de levedura em um copo de vidro de 200 mL com água fervida e em temperatura ambiente, para hidratá-la, e tampou-se os copos com papel alumínio. Depois de 20 minutos adicionou-se aos galões. Em cada galão (Figura 9), em sua saída ficou acoplado a válvula airlock que foi preenchida com álcool. Tal válvula permitiu a saída do gás carbônico sem que houvesse a entrada de ar. Os galões foram armazenados em um freezer com temperatura entre 15ºC e 14ºC controladas por um sensor. Todos os dias foram medidos os brix de cada galão, até o brix ficar constante (9 dias). 31 Figura 9 – Fermentação da cerveja com caldo de cana • Maturação: A temperatura de maturação foi de 5ºC. As cervejas ficaram em maturação durante 4 semanas. • Carbonatação: Foi feito um xarope de açúcar utilizando 1 kg de açúcar e 1 litro de água. Essa mistura foi fervida por 15 minutos. Com as garrafas âmbar de 600 mL, tampinhas e seringa, limpas e sanitizadas, a cada garrafa foi adicionado 5 mL de xarope e em seguida preenchidas com as cervejas e tampadas. O período de carbonatação durou 1 semana. 5.2.2. Análise sensorial Os testes de análise sensorial aplicados foram: o teste de pareado simples, o teste de aceitação, o de preferência e o de intenção de compra. Trinta colaboradores, pessoas comuns (amigos, familiares e conhecidos próximos) participaram da degustação. No convite para realização dos testes foi pedido como pré-requisito gostarem de cerveja e serem maiores de 18 anos. Devido a não autorização de entrada de bebida alcoólica na UNIFAL e localização, os testes foram realizados na casa de uma das discentes. Primeiramente, cada pessoa recebeu uma folha com todos os testes impressos. As amostras foram codificadas em amostra 1 (com beterraba) e a amostra 2 (com caldo de cana). Para cada provador inicialmente foi aplicado o teste de aceitação com escala hedônica 32 estruturada de 9 pontos (1º teste da folha) e em seguida a pesquisa de mercado (2º teste da folha), de acordo com Figura 9. Figura 10 – Teste de aceitação e pesquisa de mercado No teste de aceitação, os espaços deixados embaixo de cada parâmetro (aroma, sabor etc) foram enumerados de acordo com a escala e o gosto de cada participante. Já a intenção de compra, logo em seguida, foi assinalada com um X de acordo com a opinião de cada provador. Primeiro para a amostra 1 e depois para a amostra 2, ambas servidas em copos escuros de forma a não influenciar os provadores. Com as duas amostras degustadas, foi possível aplicar o teste de comparação pareado (2º teste da folha) e por último o teste de preferência (1º teste da folha), de acordo com a Figura 10. 33 Figura 11 – Teste de aceitação e teste de comparação pareado 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1. APV Antes de tudo é importante ressaltar que através do brix de cada adjunto já foi possível perceber que a cerveja com caldo de cana ficaria mais alcóolica do que a cerveja com a beterraba. O caldo de cana apresentou brix de 15 e a beterraba, 5. A partir disso procurou-se levar também em consideração outros parâmetros importantes da cerveja para realizar a comparação entre elas. Ou seja, apenas a análise do APV tornaria esta pesquisa muito simples 34 e óbvia. A Tabela 1 apresenta os valores esperados e os reais referentes ao APV e gravidades.Como já mencionado anteriormente, procurou-se manter as mesmas OG e como esperado, o APV resultante foi igual. O que indica uma quantidade de açúcares fermentescíveis bem próxima. Porém a OG real foi menor que a planejada, assim como a FG real foi maior que a planejada, mas a diferença mais significativa foi na gravidade original. Essa diferença entre os valores da OG pode ser causada por diversos fatores, dentre os possíveis fatores, os que mais se enquadram no procedimento realizado são: pouco tempo de fervura e/ou a quantidade de adjuntos não foi suficiente. No caso da fervura, uma saída seria deixar ferver por um tempo superior a 30 minutos onde a evaporação de água seria maior concentrando mais o mosto o que consequentemente aumentaria a OG. No caso da quantidade dos adjuntos, talvez aumentar a quantidade adicionada a cada mosto poderia aumentar a quantidade de açucares fermentescíveis para o processo de fermentação. 5.2. IBU O IBU foi calculado a partir da equação 2. As variáveis relevantes para este cálculo estão contidas na tabela 2 abaixo: Tabela 1 - APV (%) e gravidades, esperados e reais, das cervejas com respectivos adjuntos OG esperada OG real FG esperada FG real APV (%) esperado APV (%) real Cerveja com caldo de cana 1047 1042 1010 1012 5 4 Cerveja com beterraba 1047 1041 1010 1011 5 4 35 Tabela 2 - Variáveis relevantes e IBU das cervejas com respectivos adjuntos U P A V IBU esperado IBU real Cerveja com caldo de cana 0,1906 25 g 9,5 % - 11,5% 20 L 23 25,01 Cerveja com beterraba 0,1923 25 g 9,5 % - 11,5% 20 L 23 25,24 Pela tabela da figura 1 foi necessário realizar duas interpolações para achar a utilização de alfa ácidos (U) de cada cerveja. Para as unidades de alfa ácidos (A) utilizou-se o valor de 10,5% por ser o valor médio do intervalo para o lúpulo centennial. O IBU real na verdade varia de 22,6 à 27,35, dependendo do valor de A no cálculo, com isso, o valor de IBU real ficou próximo do esperado. 5.3. SRM O SRM foi calculado para cada cerveja, é importante ressaltar que esse cálculo é apenas uma estimativa, pois vários parâmetros podem influenciar na cor final. Segue na tabela 3 as variáveis para o cálculo e o valor de SRM esperado e real para cada cerveja. Tabela 3 - Estimativa do SRM Cor do malte (SRM) Massa do malte (libras) Volume final da cerveja (galões) SRM planejado SRM real Cerveja com caldo de cana 2,03 9,36965 5,28345 5 3,4 Cerveja com beterraba 2,03 9,36965 5,28345 5 3,4 Outro ponto muito importante ressaltar é a questão dos adjuntos. Eles não são levados em consideração para a realização do cálculo e por isso dos valores de SRM calculados serem iguais, porém abaixo do esperado. Na figura 11 são apresentadas as cervejas com beterraba e com caldo de cana, respectivamente: 36 Figura 12 – Cerveja estilo cream ale com beterraba e com caldo de cana Através dela é possível perceber, como esperado, uma coloração mais escura para a cerveja com beterraba e consequentemente seu SRM foi superior em relação a cerveja com caldo de cana. 5.4. Análise Sensorial e pesquisa de mercado Os testes foram realizados como já mencionados no item 3.2.6. 5.4.1. Teste de aceitação O teste de aceitação foi realizado com intuito de avaliar se os provadores gostaram ou desgostaram da cerveja feita com os adjuntos. Assim, depois da realização do teste, foi possível estabelecer quantos dos 30 julgadores avaliaram a cerveja com determinada nota para cada parâmetro estudado de acordo com a escala hedônica estruturada de 9 pontos e consequentemente o total de cada uma delas por uma simples multiplicação. O resultado é apresentado na Tabela 4 para a cerveja com beterraba e Tabela 5 para a cerveja com caldo de cana: 37 Tabela 4 - Resultado do teste de aceitação para a cerveja com beterraba Escala Hedônica de 9 pontos Aroma Sabor Espuma Aparência Impressão global 9 - gostei muitíssimo 7 5 3 16 8 8 - gostei muito 14 13 11 6 14 7 - gostei moderadamente 5 7 7 4 4 6 - gostei ligeiramente 2 3 8 4 3 5 - nem gostei / nem desgostei 2 0 0 0 0 4 - desgostei ligeiramente 0 0 1 0 0 3 - desgostei moderadamente 0 0 0 0 1 2 - desgostei muito 0 1 0 0 0 1 - desgostei muitíssimo 0 0 0 0 0 Total julgamentos 30 30 30 30 30 Total de pontos 232 218 216 244 233 38 Tabela 5 - Resultado do teste de aceitação para a cerveja com caldo de cana Escala Hedônica de 9 pontos Aroma Sabor Espuma Aparência Impressão global 9 - gostei muitíssimo 11 15 10 19 17 8 - gostei muito 11 10 15 9 9 7 - gostei moderadamente 2 3 2 1 1 6 - gostei ligeiramente 3 0 1 1 1 5 - nem gostei / nem desgostei 3 2 1 0 2 4 - desgostei ligeiramente 0 0 1 0 0 3 - desgostei moderadamente 0 0 0 0 0 2 - desgostei muito 0 0 0 0 0 1 - desgostei muitíssimo 0 0 0 0 0 Total de julgamentos 30 30 30 30 30 Total de pontos 234 246 239 256 248 Com o cálculo das pontuações foi possível tirar a média para cada parâmetro (tabela 6). Tabela 6 - Resultado das médias da pontuação da escala hedônica de cada parâmetro para cada uma das cervejas Média Cerveja com Beterraba Cerveja com caldo de cana Aroma 7,73 7,80 Sabor 7,27 8,20 Espuma 7,20 7,97 Aparência 8,13 8,53 Impressão global 7,77 8,27 39 A cerveja com caldo de cana apresentou médias dos parâmetros estatisticamente superiores ao da cerveja com beterraba. A impressão global da cerveja com caldo de cana foi de 8,27 que está compreendido entre “gostei muito” e “gostei muitíssimo”, já a cerveja com beterraba teve impressão global 7,77 que está compreendido entre “gostei moderadamente” e “gostei muito”. Ambas ficaram na zona de aceitação, revelando que os provadores gostaram das duas formulações de cerveja artesanal com os adjuntos, sendo estas consideradas aceitas sensorialmente dentro do padrão estabelecido nesta pesquisa. Tais resultados estão mais visíveis na Figura 13. Figura 13 – Comparação de aceitação dos parâmetros de cada cerveja 5.4.2. Teste pareado simples Este teste visa a identificação de uma diferença entre duas amostras, onde elas são servidas aos pares (Teixeira et al, 1987; Chaves, 2001). O teste pareado simples foi realizado juntamente com o teste de aceitação. Onde após cada colaborador ter provado as duas amostras foi solicitado para enumerarem o teste de acordo com as devidas opiniões. O teste para esta pesquisa não foi muito satisfatório pois havia uma diferença significativa nos parâmetros perceptíveis mesmo nos copos escuros, principalmente sabor, textura, espuma. O suco da beterraba quando foi elaborado já se notou uma textura mais grossa, o que interferiu notoriamente no corpo da cerveja, além da sua cor estar visível também na espuma. Após a prova das duas cervejas ficou bem claro para os provadores que a amostra 1 continha beterraba. Apenas um dos trinta não acertaram o teste. Lembrando que a única diferença entre cada cerveja 6,50 7,00 7,50 8,00 8,50 9,00 AROMA SABOR ESPUMA APARÊNCIA IMPRESSÃO GLOBAL P o n tu a çõ es ( es ca la h ed ô n ic a ) Comparação de pontos: Cerveveja com beterraba x Cerveja com caldo de cana Cerveja com Beterraba Cerveja com caldo de cana 40 era os adjuntos, assim em trabalhos posteriores este teste deve ser melhor elaborado, talvez comparando ambas as cervejas com cervejas artesanais parecidas, individualmente. 6.4.3. Teste de preferência Neste tipo de prova, deseja-se saber qual amostra é preferida em relação a outra. No teste de preferência não se deseja saber o que os juízes podem distinguir entre as duas amostras, mas sim a preferida entre elas (Anzaldáua-Morales,1994; Pedrero e Pangborn, 1989; Moraes, 1988; Teixeira et al, 1987). O teste de preferência neste trabalho foi simples, os resultados são apresentados na tabela 7. Tabela 7 – Resultado do Teste de preferência Cerveja com beterraba Cerveja com caldo de cana Julgamentos 7 23 Preferência (%) 23,33 76,67 A partir dos resultados é possível perceber que 2/3 dos provadores preferiram a cerveja com caldo de cana. Um dos possíveis motivos foi que ela apresentou características semelhantes às cervejas pilsen consumidas geralmente: mais leves, menos amargas. Também pode ter sido o sabor presente da beterraba, onde muitas pessoas não gostam. Além do gosto mais lupulado (amargo) que ficou presente nela. Um problema observado que pode ter bastante influencia na preferência foi um fenômeno chamado gushing, que é a expulsão repentina da espuma ao se abrir a garrafa ou a lata de cerveja, e com essa expulsão de espuma se perde a carbonatação da cerveja muito rapidamente e consequentemente interfere no sabor. Porém nem todas as garrafas apresentaram tal fenômeno pois algumas diferenças foram observadas. No galão de fermentação, além das leveduras decantarem no fundo devido ao final do processo de fermentação, a polpa mais grossa da beterraba também sedimentou. Com isso, no processo de transferência da cerveja do galão para as garrafas, parte das leveduras e da polpa foram transferidas também, devido à falta de um instrumento adequado para a transferência (uma mangueira, uma bomba). O galão era tombado com a intenção de encher uma jarra menor e depois as garrafas, esse movimento de tombar o galão foi responsável por essa adição extra das leveduras e polpa em cada uma. Principalmente nas garrafas finais, ou seja, as garrafas que 41 foram transferidas por último ficaram com mais excesso de leveduras e polpa do que as transferidas inicialmente. Suspeita-se então que esse excesso pode ter levado as leveduras a um consumo dos possíveis açúcares presentes nessa polpa residual, gerando uma quantidade extra de gás carbônico, formando o gushing. Além da temperatura ao se abrir as garrafas, as garrafas geladas por mais tempo e temperaturas menores dificilmente formaram gushing. Portanto, talvez se essas observações tivessem sido feitas antes, as garrafas para a degustação poderiam ter sido escolhidas e preparadas de uma maneira melhor, influenciando na preferência dos provadores. 6.4.4. Intenção de compra Através das opções dadas em relação a atitude de comprar ou não as cervejas, obteve- se o seguinte resultado (Figura 14). Figura 14 – Comparação entre a intenção de compra das cervejas Assim como no teste de aceitação, na intenção de compra as cervejas também tiveram um resultado positivo. Apesar da cerveja com caldo de cana ter recebido mais votos na atitude “certamente compraria”, a cerveja com beterraba obteve o maior número de votos na atitude “provavelmente compraria” sendo mais que o dobro para a cerveja com caldo de cana. Diferença bem maior do que a atitude antes mencionada, o que mostra um certo equilíbrio tratando-se de mercado. 8 19 2 1 0 17 11 2 0 0 0 5 10 15 20 Certamente compraria Provavelmente compraria Tenho dúvida se compraria ou não Provavelmente não compraria Certamente não compraria Comparação de inteção de compra entre as cervejas com caldo de cana e beterraba Cerveja com caldo de cana Cerveja com beterraba 42 6. CONCLUSÃO Com a crescente demanda por cervejas especiais, os principais fatores que levam os consumidores a novas cervejas são a busca por novas experiências e degustação de novos estilos. Neste trabalho confirmou-se a aceitabilidade e intenção de compra de cervejas estilo cream ale com caldo de cana e com beterraba. A cerveja produzida de forma artesanal é uma bebida difícil de ser padronizada devido aos vários parâmetros a serem controlados. Dessa forma, as cervejas estilo cream ale produzidas apresentaram, no geral, as características esperadas. A cerveja com caldo de cana se aproximou mais do estilo. As variações apresentadas podem ter sido causadas pela adição dos adjuntos ou nas etapas de processamento. No caso da cerveja com beterraba, principalmente no corpo da cerveja e cor, pois o suco adicionado estava espesso e consequentemente ficou uma cerveja mais encorpada do que deveria, além da cor característica da beterraba o que modifica o SRM planejado. Ambas ficaram com 4% de APV, IBU em torno de 25. Na análise sensorial, a impressão global da cerveja com caldo de cana obteve nota maior do que a cerveja com beterraba. Os testes afetivos mostraram uma preferência de 76% da cerveja com caldo de cana em relação a cerveja com beterraba. Os participantes apresentaram intenção de compra das duas cervejas. Portanto, disponibilizar no mercado tais produtos, seria viável, principalmente a cerveja com caldo de cana uma vez que apresentou elevada preferência em relação a cerveja com beterraba. A cerveja com beterraba apesar de ter tido um resultado positivo nos testes afetivos, mais testes de produção devem ser realizados para se aproximar mais das características desejadas, tendo um grande potencial para o mercado. 43 REFERÊNCIAS AIZEMBERG, Raquel. Emprego do caldo de cana e do melado como adjunto de malte de cevada na produção de cerveja. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia, EEL – USP: Lorena. 274 f. 2015. Acesso em 12 de janeiro de 2018. AGRÁRIA. Malte Pilsen. 2019. Disponível em: <https://www.agraria.com.br/malte/pilsen>. Acesso em: 20 jan. 2020. ALVES AU; PRADO RM; GONDIM ARO; FONSECA IM; CECÍLIO FILHO AB. 2008. Desenvolvimento e estado nutricional da beterraba em função da omissão de nutrientes. Horticultura Brasileira. ANZALDÚA-MORALES, A. La evaluación sensorial de los alimentos en la teoría y la prática. Zaragoza: Acribia SA, 1994. 198 p. ARAÚJO, F. B.; SILVA, P. H. A.; MINIM, V. P. R. 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