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Intervenção federal - Ernane

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ENTRE O PROJETO CONSTITUINTE E A INTERVENÇÃO FEDERAL NO 
RIO DE JANEIRO: 
o que ela tem revelado sobre nós? 
 
 
 
Ernane Salles da Costa Junior1 
 
 
 
Resumo: 
 
A pesquisa propõe uma investigação sobre os contornos (in)constitucionais do decreto n. 
9288/2018 do presidente Michel Temer que instaurou a intervenção federal no Rio de 
Janeiro à luz do sentido performativo do projeto constituinte. Busca-se, primeiramente, 
mostrar a falta de legitimidade do ato normativo com base na necessidade de explicitação 
do alcance e das condições da intervenção, segundo o art. 36 § 1º da CR88 e o princípio 
da motivação e da transparência. Feito isso, é analisada a atribuição da natureza militar 
conferida à intervenção federal, demonstrando sua impossibilidade frente à compreensão 
constitucionalmente adequada do instituto e do papel atribuído às Forças Armadas. Por 
fim, conclui-se que tal intervenção tem evidenciado a banalização de medidas de urgência 
e de exceção que desvelam, no Brasil, uma crise constitucional. 
 
Resumo: (redes sociais) 
 
A pesquisa propõe uma investigação sobre os contornos (in)constitucionais do decreto n. 
9288/2018 do presidente Michel Temer que instaurou a intervenção federal no Rio de 
Janeiro à luz do sentido performativo do projeto constituinte. 
 
 
1. Introdução 
 
 
No dia 16 de fevereiro de 2017, o Presidente da República, Michel Temer, determinou o 
decreto n. 9288, de 16 de fevereiro de 2018, que instaura “intervenção federal no Estado 
do Rio de Janeiro com o objetivo de pôr termo ao grave comprometimento da ordem 
pública”. 
 
Pelo ato administrativo do atual presidente, a área de segurança pública do Rio não fica 
mais sob comando do governador Luiz Fernando Pezão (MDB), mas do interventor 
 
1 Pós-doutorando em Direito Constitucional pela UFMG, doutor em Direito pela mesma instituição e mestre 
em Teoria do Direito pela PUC-MG com a distinção magna cum laude. Realizou estágio doutoral com 
bolsa sanduíche da CAPES no instituto Fonds Ricoeur, vinculado a École des Hautes Études en Sciences 
Sociales (EHESS). Professor de Filosofia do Direito e Direito Constitucional. 
escolhido, o general do Exército Walter Braga Netto. A alegação seria a de que a 
segurança no Rio está à beira de um colapso, o que autorizaria uma espécie de intervenção 
parcial, por meio da suspensão provisória do pacto federativo e, portanto, da autonomia 
de tal ente federativo especificamente nessa área. 
 
Após completar um mês de vigência desse decreto, no dia 16 de março, o PSOL ajuizou 
ação direta de inconstitucionalidade com pedido de suspensão liminar da intervenção 
federal decretada. O Supremo Tribunal ainda não definiu data para julgar a suspensão dos 
efeitos do decreto. 
 
O artigo em questão propõe, com isso, uma investigação sobre os contornos 
(in)constitucionais da intervenção federal decretada à luz do sentido performativo do 
projeto constituinte. Justifica-se o presente empreendimento frente a preocupação com a 
discussão científica e fundamentada acerca de um tema capturado pelo senso comum e 
pelo debate superficial que, muitas vezes, revela-se na polarização pró e contra. 
 
Sabe-se muito pouco sobre a Intervenção Federal para além da análise ideologicamente 
direcionada e pouco atenta com a profundidade e conhecimento técnico dos casos em 
questão empreendida pelos grandes meios de comunicação. No campo da discussão 
crítica e metódica, pouco se produziu sobre as possibilidades e limites da Intervenção 
Federal numa concepção constitucionalmente adequada. 
 
Busca-se aqui, primeiramente, mostrar a falta de legitimidade do ato normativo com base 
na necessidade de explicitação do alcance e das condições da intervenção, segundo o art. 
36 § 1º da CR88 e o princípio da motivação e da transparência. 
 
Feito isso, é analisada a atribuição da natureza militar conferida à intervenção federal, 
demonstrando sua impossibilidade frente à compreensão constitucional do instituto e do 
papel atribuído às Forças Armadas. 
 
Por fim, é feito um diagnóstico com base na questão do que a intervenção federal tal como 
decretada no atual governo tem dito sobre os caminhos que o projeto constituinte tem 
trilhado hoje, após 30 anos de sua fundação. 
 
 
2. Os limites da Intervenção e o sentido performativo da Constituição de 1988 
 
 
De forma inédita, desde a promulgação da Constituição de 1988, decretou-se no Brasil o 
instituto da intervenção federal por meio do decreto n. 9288, efetivado pelo então 
presidente Michel Temer, em fevereiro desse ano. Esse ineditismo suscita 
questionamentos relevantes, especialmente no que se refere à sua correspondência diante 
do sentido performativo do projeto constituinte inaugurado em 1988. 
 
A Constituição brasileira, em sua fundação, representou um corte na história 
institucional2, uma ruptura em relação aos atos de força e de intervenção praticados na 
Ditadura Militar, por meio da promessa intersubjetivamente firmada de sujeitos livres e 
iguais que se determinam a si mesmos3 num espaço público permeado pela supremacia 
da lei e pela prevalência dos direitos fundamentais (art. 4 da CR88). 
 
Esse momento instituidor definiu o pacto federativo como núcleo fundamental de 
organização do Estado (art.1 caput), constituindo-se, inclusive, como cláusula pétrea, (art. 
60, parágrafo 4, I) e, portanto, previu a intervenção federal apenas como medida 
excepcional e de alto potencial de gravidade (art 34-36). Sua decretação, portanto, exige 
justificativa clara da existência de situação gravosa e ainda adequação precisa em relação 
à Constituição, de modo a evitar que outros direitos e princípios sejam violados. 
 
Em sentido contrário, o decreto de Temer foi efetivado sob o argumento abstrato de “se 
pôr termo ao grave comprometimento da ordem pública” sem, contudo, oferecer maiores 
esclarecimentos ou explicações acerca do que venha a ser essa ofensa grave. O decreto 
limitou-se a enunciar o requisito da Constituição, como se essa mera enunciação fosse, 
por si só, fundamentação adequada para a constitucionalidade do ato. Porém, é preciso 
afirmar, talvez, o óbvio: sem a demonstração da situação fática capaz de embasar a 
medida, falta justamente o requisito constitucional que conferiria validade à intervenção 
federal decretada. 
 
Isso encontra correspondência na distinção tradicional do Direito Administrativo entre 
motivo e motivação no que se refere aos atos administrativos.4 Motivo é comumente 
compreendido como a causa imediata do ato administrativo ou, em outros termos, refere-
se à situação de fato e de direito que autorizou ou determinou a sua prática. Por outro 
lado, motivação é vista como a explicitação dessas razões, declaração, por escrito, dos 
motivos que autorizaram a prática do ato, por meio da demonstração da caracterização da 
situação de fato e da consequente indicação dos dispositivos legais em que ela 
especificamente se enquadra. 
 
A motivação é uma exigência do Direito, especialmente naqueles casos, como na hipótese 
da intervenção, que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses ou mesmo que 
imponham ou agravem deveres encargos ou sanções, como bem enuncia a lei 9784/1999, 
em seu art. 50, I e II. 
 
2 COSTA JUNIOR, Ernane Salles; GALUPPO, Marcelo Campos. A democracia como promessa: entre 
a imprescindibilidade do cálculo e a experiência aporética da justiça. In: CATTONI DE OLIVEIRA, 
Marcelo Andrade; MACHADO, Felipe Daniel Amorim (org). Constituição e Processo: a resposta do 
constitucionalismo à banalização do terror. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. 
3 CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Da Constitucionalização do Processo à 
Procedimentalização da Constituição: Uma Reflexão no Marco da Teoria Discursiva do Direito.In: 
SARMENTO, Daniel; SOUZA NETO, Cláudio Pereira(Coords.). A Constitucionalização do Direito: 
Fundamentos Teóricos e Aplicações Específicas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pp. 541-547. 
4 Sobre esses princípios ver mais em: DE ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos. Motivo e motivação do ato 
administrativo. Revista dos Tribunais, 1979. 
O fundamento constitucional da obrigação de motivar está implícito tanto no art.1, II, que 
indica a cidadania com um dos fundamentos da República, quanto no parágrafo único 
deste dispositivo, segundo o qual todo poder emana do povo, como ainda no art. 5, 
XXXV, que assegura o direito à apreciação judicial nos casos de ameaça ou lesão de 
direito5: é que o princípio da motivação é reclamado quer como afirmação do direito 
político dos cidadãos ao esclarecimento do “porquê” das ações de quem gere negócios 
que lhes dizem respeito por serem titulares últimos do poder, quer como direito individual 
a não se assujeitarem a decisões arbitrárias, pois só têm que se conformar às que forem 
ajustadas às leis6. 
 
Trata-se também de uma derivação de outros princípios constitucionais como a da 
transparência e da publicidade, reforçados, constitucionalmente, pelo caput do art. 377 e 
art. 5, em particular, nos incisos XXXIII8 e LX9. É, pois, condição de validade do próprio 
ato, uma vez que é por meio dessa motivação que se torna possível coibir os abusos 
praticados pela Administração numa esfera pública democrática orientada por princípios 
constitucionais: apresentadas as razões da prática do ato, esse pode vir a ser impugnado 
judicialmente, com base na conformidade dessas razões com a Constituição. 
 
É nesse sentido que os atos administrativos praticados sem a tempestiva e suficiente 
motivação são ilegítimos e invalidáveis pelo Poder Judiciário toda vez que sua 
fundamentação for tardia, incompleta ou inexistente e ainda não oferecer segurança e 
certeza de que os motivos aduzidos efetivamente existiam ou foram aqueles que 
embasaram a providência contestada10. 
 
Essa ausência de motivação do decreto interventivo, especialmente, no que diz respeito 
ao esclarecimento de qual o “grave comprometimento da ordem pública” que a 
intervenção solucionaria na prática, constitui-se, desse modo, como um empecilho do 
controle dos limites da atuação da Administração, tornando a intervenção federal uma 
medida a ser aplicada com base na vontade do presidente, com base na sua consciência, 
como se o ato de intervir fosse fruto de exclusivo juízo político. 
 
Perspectivas decisionistas como essa encontravam amparo na teoria de Carl Schmitt, que 
fundamentou o Estado de Exceção, tendo, inclusive, desdobramento nos escritos nazistas 
 
5 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2010, p. 109. 
6 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2010, p. 109-110. 
7 “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade 
e eficiência”. 
8 “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas 
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”. 
9 “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse 
social o exigirem”. 
10 BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São Paulo: 
Malheiros, 2010, p. 109-110. 
de 1933 até 1936 além de elogios ao fascismo11. Afirmava Schmitt que o soberano é quem 
pode exceder a norma para guardá-la. O soberano, nesses termos, “decide tanto sobre a 
ocorrência do estado de necessidade extremo, bem como sobre o que se deve fazer para 
saná-lo12”, ele é, portanto, “aquele que decide sobre o Estado de exceção13”. Nessa lógica, 
a decretação do estado de exceção seria um juízo, sobretudo, político, não podendo ser 
submetido ao controle jurisdicional. 
 
Contra perspectivas assim e de modo a levar a sério a própria dimensão normativa da 
Constituição, cabe afirmar que a ideia de “grave comprometimento da ordem pública” 
não pode ser instrumentalizada de qualquer forma, não está a serviço da escolha do 
presidente, mas precisa ser clarificada de acordo com os limites do próprio Direito, como 
a escolha de medida menos gravosa que atenda aos fins a serem perseguidos14. Não é um 
conceito meramente político, mas tem contornos jurídicos, não é, pois, qualquer coisa que 
exsurge de um “ato de vontade”15, mas tem como obrigação normativa o esclarecimento 
de situações excepcionais e de crise que autorizem juridicamente a decretação da medida 
interventiva nos termos e limites impostos pelo direito, sob pena de inconstitucionalidade 
 
É nesse contexto que a apropriação da noção de garantia da ordem pública, sem devida 
explicação de sua atribuição fática, de sua comprovação e do alcance dos meios para 
instaurá-la, tal como utilizada no decreto, não encontra consonância alguma com o 
sentido performativo do projeto constituinte pós-ditadura. Pelo contrário, o decreto de 
Temer assemelha-se muito à “subversão da ordem”, conceito previsto no Ato institucional 
n.2, e que justificaria o ato de força da intervenção do Presidente da República nos 
estados-membros16, conforme consta no seu art. 1717. 
 
A ausência ou a desnecessidade de cumprimento dos limites traçados pela Constituição, 
vislumbrado numa espécie de “indecidibilidade entre normalidade e exceção18”, foi um 
dos traços marcantes da Ditadura Militar. Nesse período, a Constituição de 1967 ampliou 
 
11 ALVES, Adamo Dias; CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Carl Schmitt: um teórico da 
Exceção sob o Estado de Exceção. Revista Brasileira de Estudos Políticos | Belo Horizonte | n. 105 | pp. 
225-276 | jul./dez. 2012 
12 Ver SCHMITT, Carl. Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p.8. 
13 Ver SCHMITT, Carl. Teologia Política. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p. 7. 
14 A referência aqui direta é ao princípio da proporcionalidade. Sobre esse princípio, ver mais em: 
BARROSO, Luís Roberto. Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade no direito 
constitucional. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política 6, no. 23 (1998): 65-78. 
15 STRECK, Lenio Luiz. Intervenção federal ou militar? Ato discricionário? Qual é o limite? 22 de 
fev. 2018. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/senso-incomum-intervencao-federal-
ou-militar-ato-discricionario-qual-limite> Acesso em: 02 de jul. 2018. 
16 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de 
agosto. 2018. 
17 AI n. 2: “Art. 17 - Além dos casos previstos na Constituição federal, o Presidente da República poderá 
decretar e fazer cumprir a intervenção federal nos Estados, por prazo determinado: I - para assegurar a 
execução da lei federal; II - para prevenir ou reprimir a subversão da ordem”. 
18 BARBOSA, Leonardo Augusto de Andrade. História constitucional brasileira: mudança 
constitucional, autoritarismo e democracia no Brasil pós-1964. Ed. 2. Brasília: Câmara dos Deputados, 
Edições Câmara, 2016, p. 97. 
as capacidades de intervenção e reduziu ao mínimo as autonomias dos Estados-
membros19 e ainda abriu caminho para o Ato Institucional n.5, norma supraconstitucional, 
que no art. 320 previa a prescindibilidade de observância à Constituição para imposição 
de intervenção, e do mesmo modo que o decreto de Temer, dava ao interventor as amplas 
competências e atribuições de Governador do Estado21. 
 
Opondo-se abertamente ao regime autoritário, o projeto constituinteque se fundou desde 
1988 não admite o rompimento sumário e arbitrário do pacto federativo, ainda mais 
quando baseado em conceitos vagos e ausente de especificação da amplitude e condições 
de execução – como determinado de forma literal no art. 36 § 1º da Constituição de 
198822. O Decreto não trouxe qualquer explicação desses requisitos, nem fixou instruções 
e regras capazes de orientar as medidas a serem adotadas pelo interventor nomeado. 
 
Não fica claro quais seriam os meios pelos quais a intervenção seria concretizada e os 
órgãos envolvidos. Tudo permanece genérico e inespecífico demais: a área geográfica é 
o Estado do Rio de Janeiro (amplíssima) e a área administrativa de atuação é a segurança 
pública (indefinida e amplíssima)23. Ao ofender diretamente os requisitos impostos pela 
própria Constituição assim como o sentido que seu projeto carrega, esquivando-se de 
definir as especificidades, as medidas, as condições e os próprios limites de atuação e 
alcance da medida, o Decreto é inconstitucional. 
 
 
3. Da impossibilidade de uma intervenção militar 
 
 
Um outro ponto de constitucionalidade questionável no que se refere ao decreto 
interventivo é o parágrafo único do art. 2 segundo o qual “o cargo de interventor é de 
natureza militar”. 
 
 
19 HORTA, Raul Machado. A Constituição Federal e o Poder Constituinte do Estado. Revista da 
Faculdade de Direito, n. 32, 1989, outubro, p. 17. 
20 AI n. 5: “Art. 3º - O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos 
Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição. Parágrafo único - Os interventores nos 
Estados e Municípios serão nomeados pelo Presidente da República e exercerão todas as funções e 
atribuições que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozarão das prerrogativas, 
vencimentos e vantagens fixados em lei”. 
21 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de 
agosto. 2018. 
22 “Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: [...] § 1º O decreto de intervenção, que especificará a 
amplitude, o prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à 
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro 
horas” (grifo nosso). 
23 ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de 
agosto. 2018. 
Ora, a Constituição da República classifica como militares os cargos da estrutura das 
Forças Armadas nacionais, bem como no âmbito dos Estados, os cargos da estrutura das 
polícias militares e do corpo de bombeiros militares, logo os demais cargos, permanentes 
ou temporários, são sempre de natureza civil-administrativa24 e nem mesmo podem ser 
exercidos por um militar na ativa25. Do mesmo modo que cargos de Ministros de Estado 
ou de secretários do governo estadual ou municipal são de natureza civil, o cargo de 
interventor também o é. Suas atribuições, assim como as regras e a jurisdição que se 
aplicam a ele são igualmente civis, não sendo competente, por exemplo, a Justiça Militar 
para o processo e julgamento de eventuais crimes cometidos no exercício do cargo de 
interventor26. O que o decreto, então, faz é misturar equivocadamente a Intervenção com 
o uso das forças armadas, atribuindo à intervenção um caráter militar que a Constituição 
da República não lhe confere. 
 
Em sentido contrário, o papel das Forças Armadas, tal como delineado pelo projeto 
constituinte, é colateral e complementar e, portanto, não principal no que se refere a 
segurança pública. Seu uso está limitado a operações pontuais e específicas. A atribuição 
de militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para exercer atividades de 
policiamento ostensivo27, atividades essas próprias da Polícia Militar, viola, portanto, a 
Constituição e a lei complementar 97 de 1999. O uso de militares deve ser restrito e 
restritivo de modo a atuar para preservar o país e suas fronteiras contra a ameaça concreta 
à integridade do Estado ou ao governo constituído, podendo atuar com logística, 
inteligência, comunicação e instrução: fora disso, o uso é inconstitucional, como bem 
afirma Lênio Streck28. 
 
 
24 GALINDO, Bruno. No olho do furacão: federalismo, intervenção e direitos fundamentais. Justificando. 
23 de fevereiro de 2018. Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2018/02/23/no-olho-do-
furacao-federalismo-intervencao-e-direitos-fundamentais/> Acesso em: 10 de jul 2018. 
25 “Equivalendo, na hipótese, ao cargo de governador, o cargo de interventor não só jamais poderia ter 
natureza militar como sequer poderia ser exercido por militar na ativa. Conforme dispõe a Constituição 
Federal, nenhum militar na ativa poderá ocupar qualquer cargo eletivo, passando automaticamente para a 
inatividade no ato da diplomação (artigo 14, parágrafo 8º, I e II). A natureza necessariamente civil da 
administração pública é ainda reforçada em regras que impõem a transferência para a reserva do militar que 
tomar posse em cargo ou emprego público civil, inclusive quando este for temporário, caso em que o militar 
ficará agregado, passando para a reserva após dois anos de afastamento, ressalvada apenas a acumulação 
de cargos ou empregos privativos de profissionais da saúde” (artigo 142, parágrafo 3º, II e III). KARAM, 
Maria Lucia. O uso indevido das Forças Armadas em atividades de segurança pública. CONJUR. 22 de 
fevereiro de 2018. Disponível em: <http://justificando.cartacapital.com.br/2018/02/23/no-olho-do-furacao-
federalismo-intervencao-e-direitos-fundamentais/> Acesso em: 10 de jul 2018. 
26 GALINDO, Bruno. No olho do furacão: federalismo, intervenção e direitos fundamentais. Justificando. 
23 de fevereiro de 2018. Disponível em: < https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/maria-lucia-karam-uso-
indevido-militares-seguranca-publica> Acesso em: 10 de jul 2018. 
27 Para André Luis Machado de Castro, “as Forças Armadas têm diversas e importantíssimas funções, para 
as quais são treinados e armados. Mas patrulhamento ostensivo não é uma delas. Essa atividade cabe à 
Polícia Militar.” Conjur. 16 de fevereiro de 2018. Para especialistas, intervenção federal no RJ é 
inconstitucional e não dá resultados. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-fev-16/intervencao-
federal-rio-inconstitucional-nao-dara-resultados> acesso em: 5 de agosto de 2018. 
28 Para especialistas, intervenção federal no RJ é inconstitucional e não dá resultados. Conjur. 16 de 
fevereiro de 2018. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2018-fev-16/intervencao-federal-rio-
inconstitucional-nao-dara-resultados> acesso em: 5 de agosto de 2018. 
No contexto ainda mais amplo no qual o emprego das Forças Armadas pode ser 
constitucionalmente compreendido, é impensável que sob uma Constituição como a 
brasileira, que edifica um Estado Democrático de Direito, fundado em um sistema de 
direitos fundamentais adotado tanto doméstica como internacionalmente, as Forças 
Armadas possam pretender “interferir” na política de forma legítima29. Isso fica ainda 
mais evidente quando se busca entender o tratamento dado à segurança pública no texto 
constitucional. Determina o seu art. 144 que 
 
A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade 
de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da 
incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes 
órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - 
polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias 
militares e corpos de bombeiros militares. 
 
Não consta, portanto, as Forças Armadas no rol definido pela própria Constituição como 
competentepara atuação e gestão da segurança pública. Esse rol é ainda taxativo, 
conforme declaração do Supremo Tribunal Federal, como se verifica no julgamento das 
ADI 2827/RS30 e ADI 1.182/DF31, sendo que o modelo e órgãos de segurança pública 
devem, inclusive, ser replicados pelos Estados-membros. 
 
29 CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de; MEYER, Emilio 
Peluso. A Constituição protege o sistema político contra qualquer intervenção militar. 11 de outubro 
de 2017. Disponível em <https://www.conjur.com.br/2017-out-11/opiniao-intervencao-militar-
constitucionalmente-impossivel> acesso em: 19 de jul. de 2018. 
30 EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Emenda Constitucional nº 19, de 16 de julho de 1997, 
à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul; expressão “do Instituto-Geral de Perícias” contida na 
Emenda Constitucional nº 18/1997, à Constituição do Estado do Rio Grande do Sul; e Lei Complementar 
nº 10.687/1996, com as alterações introduzidas pela Lei Complementar nº 10.998/1997, ambas do Estado 
do Rio Grande do Sul 3. Criação do Instituto-Geral de Perícias e inserção do órgão no rol daqueles 
encarregados da segurança pública. 4. O requerente indicou os dispositivos sobre os quais versa a ação, 
bem como os fundamentos jurídicos do pedido. Preliminar de inépcia da inicial rejeitada. 5. Observância 
obrigatória, pelos Estados-membros, do disposto no art. 144 da Constituição da República. Precedentes. 6. 
Taxatividade do rol dos órgãos encarregados da segurança pública, contidos no art. 144 da Constituição 
da República. Precedentes. 7. Impossibilidade da criação, pelos Estados-membros, de órgão de segurança 
pública diverso daqueles previstos no art. 144 da Constituição. Precedentes. 8. Ao Instituto-Geral de 
Perícias, instituído pela norma impugnada, são incumbidas funções atinentes à segurança pública. 9. 
Violação do artigo 144 c/c o art. 25 da Constituição da República. 10. Ação direta de inconstitucionalidade 
parcialmente procedente. (Grifo nosso, ADI 2827, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, 
julgado em 16/09/2010, DJe-065 DIVULG 05-04-2011 PUBLIC 06-04-2011 EMENT VOL-02497-01 PP-
00019) 
31 EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 117, INCISOS I, II, III E 
IV, DA LEI ORGÂNICA DO DISTRITO FEDERAL. ÓRGÃOS INCUMBIDOS DO EXERCÍCIO DA 
SEGURANÇA PÚBLICA. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. MATÉRIA DE INICIATIVA 
RESERVADA AO CHEFE DO PODER EXECUTIVO. MODELO DE HARMÔNICA TRIPARTIÇÃO 
DOS PODERES. INCONSTITUCIONALIDADE. 1. Por tratar-se de evidente matéria de organização 
administrativa, a iniciativa do processo legislativo está reservada ao Chefe do Poder Executivo local. 2. Os 
Estados-membros e o Distrito Federal devem obediência às regras de iniciativa legislativa reservada, 
fixadas constitucionalmente, sob pena de violação do modelo de harmônica tripartição de poderes, 
consagrado pelo constituinte originário. Precedentes. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
procedente. (Grifo nosso, ADI 1182, Relator(a): Min. EROS GRAU, Tribunal Pleno, julgado em 
24/11/2005, DJ 10-03-2006 PP-00005 EMENT VOL-02224-01 PP-00059 LEXSTF v. 28, n. 327, 2006, p. 
9-14) 
 
Como não poderia ser diferente em um Estado Democrático de Direito, a Constituição 
estabelece uma distinção clara entre as funções das Forças Armadas, de um lado, e as dos 
corpos militares e forças policiais, de outro. Com efeito, as funções policiais, abrangentes 
de atividades relacionadas à investigação de infrações penais, ao policiamento ostensivo 
e à preservação da ordem e da segurança pública, são eminentemente civis, pois se voltam 
para a defesa da sociedade e de seus cidadãos, o que, de forma evidente, difere 
radicalmente das funções reservadas às Forças Armadas de defesa da soberania e 
integridade nacionais, voltando-se para ameaças externas e guerras32. 
 
Assim, a Constituição Federal não autoriza que haja a criação de uma “polícia” própria 
interventiva – uma polícia das Forças Armadas – excepcionando as forças de segurança 
existentes e constitucionalmente previstas, nem que haja autorização, também, para a 
criação, organização e funcionamento de uma estrutura administrativa-militar própria 
com atribuições, competências, orçamento, pessoal, equipamentos e outros, quanto mais 
para o exercício de polícia ostensiva33. É nesses termos que se torna impossível, à luz de 
uma compreensão constitucionalmente adequada, transformar a intervenção federal em 
“intervenção militar” na gestão pública da segurança regular, atribuindo às Forças 
Armadas fins diversos aos que a Constituição lhes impõe, como tenta fazer o decreto 
interventivo. 
 
A militarização da questão da segurança pública, tal como delineada pela intervenção 
decretada, foi traço marcante da Ditadura Militar, momento em que a suspensão dos 
Direitos Fundamentais era legitimada em nome de um interesse maior da nação, um poder 
constituinte permanente34 que podia se revelar de modo presente e vivo mesmo contra a 
própria Constituição em vigor. É desse modo que o decreto busca inverter o projeto 
constituinte submetendo os direitos fundamentais ao imperativo do combate à violência 
e criminalidade do Rio, como se a persecução de fins desejáveis se impusesse contra os 
meios legítimos para tanto. 
 
 
32 KARAM, Maria Lucia. O uso indevido das Forças Armadas em atividades de segurança pública. 
Conjur. 22 de fevereiro de 2018. Disponível em < https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/maria-lucia-
karam-uso-indevido-militares-seguranca-publica> acesso em: 10 de jul. de 2018. 
33ADI 5915 petição inicial proposta pelo PSOL. Disponível em < 
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoPeticao.asp?incidente=5372424 > Acesso em: 15 de 
agosto. 2018. 
34 Governos que procuram exercer o poder de maneira centralizadora e à margem de direitos fundamentais 
ainda assim insistem em recorrer à ideia de democracia. Na véspera do golpe militar, é relevante lembrar, 
diversos movimentos populares apoiaram a ruptura constitucional; assim como, no curso da ditadura, 
muitos procedimentos especiais de alteração da Constituição e de suspensão de direitos fundamentais foram 
realizados em nome de um poder constituinte permanente, isto é, pretensamente democrático. No 
preâmbulo do ato institucional n. 2, já se afirmava: “Não se disse que a revolução foi, mas que é e 
continuará. Assim o seu Poder Constituinte não se exauriu, tanto é ele próprio do processo revolucionário, 
que tem de ser dinâmico para atingir os seus objetivos”. A revolução, por estar viva, promoveria o que for 
preciso, “insistindo patrioticamente em seus propósitos de recuperação econômica, financeira, política e 
moral do Brasil”. A urgência autorizava a suspensão da Constituição por um poder constituinte dito 
democrático, permanente e dinâmico. 
A consequência imediata desse tipo de medida é exacerbação da abordagem truculenta 
de uma ação policial voltada à luta contra o inimigo por meio, inclusive, da escolha 
estratégica de determinados espaços urbanos que se conformam a um recorte seletivo 
sobre o crime e o criminoso. Renasce o atavismo na construção de espaços e pessoas 
suspeitas que legitimam ações ilegais e violadoras sob o argumento da paz social e da 
guerra contra a criminalidade35. 
 
Como consequência, o decreto implica, nos termos em que está posto, a construção de 
um muro invisível no estado do Rio de Janeiro entre um Estado militar, com força bruta 
e ostensiva contra a parcela mais pobre da sociedade, conduzido e monitorado pelo 
Exército, e o Estado civil, sob o qual a Constituição ainda incide. Prova disso é a 
declaração feita pelo ministro da Defesa, Raul Jungmann, a pedido do general Walter 
Braga Netto, sobre a necessidade de se expedir mandados coletivos de busca e apreensão 
para apreender provas e armas ilegais, especialmente, em áreas mais extensasem razão 
da realidade urbanística da cidade: "Você muitas vezes sai com uma busca e apreensão 
numa casa, numa comunidade e o bandido se desloca", afirmou o ministro36. O objetivo, 
segundo ele, seria conseguir cercar toda uma rua ou mesmo comunidade para capturar 
criminosos de modo a evitar a fuga. 
 
Evidentemente, medidas como essa teriam como efeito a suspensão da Constituição de 
1988 em seu núcleo fundamental. Mas em tempos de ataques reiterados a ela, de 
descrença no projeto de Estado permeado por direitos e princípios como fundação e 
construção continuada no tempo, nunca é demais reiterar seus compromissos vinculantes. 
O devido processo legal, as garantias de defesa, a proteção da esfera privada e íntima e a 
própria referência direta à casa como asilo inviolável inscritos na Constituição são limites 
materiais a qualquer tentativa arbitrária de se fundamentar “mandados coletivos” ou – 
como os militares e autoridades os tem denominado com fins de atenuação pela 
linguagem – “mandados com múltiplos alvos”. 
 
Não se pode em nome do fantasmagórico combate ao crime ou sob qualquer outro 
pretexto permitir que agentes (polícia ou exército) entrem, sem um mandado judicial 
específico, determinado, limitado e devidamente fundamentado, na casa de qualquer 
pessoa, salvo nos casos previstos37 na Constituição da República38. A Constituição 
repudia, pois, mandados em branco, que confiram salvo conduto para prender, apreender 
 
35 MOURA, Eduardo. Intervenção federal no Rio favorece quem se beneficia com a criminalidade. 
Conjur. 29 de abril de 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-abr-29/eduardo-moura-
intervencao-rio-favorece-quem-ganha-crimes> Acesso em: 1 de agosto de 2018. 
36 Disponível em < https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/ministerio-publico-diz-ser-ilegal-
mandado-de-busca-coletivo-em-intervencao-no-rj.ghtml> Acesso em: 3 de agosto de 2018. 
37 Art. 5, XI, da Constituição de 1988: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. 
38 YAROCHEWSKY, Leonardo Isaac. Mandado de busca e apreensão coletivo viola direitos e 
garantias fundamentais. Jusificando. 20 de fevereiro de 2018. Disponível em 
<http://justificando.cartacapital.com.br/2018/02/20/mandado-de-busca-apreensao-coletivo-viola-direitos-
e-garantias-fundamentais/> Acesso em 10 de julho de 2018. 
e ingressar em domicílios, assim como ordens judiciais genéricas, destinadas a serem 
cumpridas por coletividades. 
 
A situação ainda se agrava, diríamos, já que os afetados pela medida inconstitucional são 
muito bem determinados, tem classe e cor, como se a violência estivesse circunscrita nas 
favelas e bairros mais pobres. A igualdade jurídica está sob ameaça. O que está em jogo, 
com a intervenção decretada, é o esfacelamento do próprio sentido que o projeto 
constituinte carrega: aquele de produzir, faticamente e ao longo de sucessivas gerações, 
uma comunidade política de sujeitos livres e iguais que se reconhecem assim 
reciprocamente. 
 
 
4. O que a intervenção tem revelado sobre nós? 
 
Embora instrumentalizada sob o pretexto de enfrentar o sério problema da violência do 
Rio de Janeiro, identificada com a referência vaga a expressão “grave comprometimento 
da ordem pública”, a intervenção federal no Rio não se propõe à efetiva redução da 
criminalidade, na medida em que não produz política pública de segurança de longo 
prazo, ancorada em um sistema complexo e dialógico que se prolongue no tempo, 
simultaneamente preventivo e repressivo, envolvendo os diferentes entes federados e as 
forças policiais. “Trata-se de medida apressada de contenção da criminalidade, com 
problemáticas e graves repercussões seletivas e fundadas na violência e no medo”39. 
 
A intervenção no Rio parece, nesse contexto, expor uma crise constitucional que 
transcende o caso em análise e que requer maior atenção para uma compreensão mais 
refinada desses tempos. A apropriação do termo crise aqui não é em vão. A palavra crise, 
pelo menos no Brasil, é uma daquelas utilizadas de forma corrente por figuras públicas e 
pela impressa para traduzir, por vezes, um estado de turbulências e de desconforto com o 
cenário vigente. Concebido dessa forma, o termo faz referência, muitas vezes, aos 
problemas e contratempos no interior de uma ordem política e, portanto, a tensões e 
desafios a serem enfrentados na própria lógica interna das democracias contemporâneas. 
É nesse sentido que a sua apropriação rotineira implica, por um lado, a própria 
banalização da ideia de crise e, em outro, o esvaziamento do seu sentido. 
 
Considerando seu significado mais preciso, aquele proveniente dos dicionários de língua 
portuguesa, tem-se que crise indica “mudança súbita ou agravamento que sobrevém no 
curso de uma doença aguda” ou “conjuntura ou momento perigoso” ou mesmo 
“desacordo que obrigado instituição ou organismo a recompor-se ou a demitir-se”. 
Remete, portanto, a uma anormalidade que conduz à ideia de um momento de transição 
ou ruptura. 
 
 
39 MOURA, Eduardo. Intervenção federal no Rio favorece quem se beneficia com a criminalidade. 
Conjur. 29 de abril de 2018. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-abr-29/eduardo-moura-
intervencao-rio-favorece-quem-ganha-crimes> Acesso em: 1 de agosto de 2018. 
Partindo dessa noção tecnicamente mais afinada do termo, há razões para enxergar traços 
de uma verdadeira “crise constitucional” que podem ser observados, de modo específico, 
na intervenção decretada e, de modo geral, na conjuntura político-jurídica brasileira pelo 
menos desde o “impeachment” da ex presidente Dilma, sem correr o risco de uma 
banalização ou instrumentalização ideológica do termo. Trata-se de uma “crise”, 
primeiramente, porque coloca em evidência a excepcionalidade e o rompimento como 
chave de resolução dos problemas. Ela é “constitucional”, porque é a Constituição de 
1988 que está colocada à prova, sua função está em risco e “os procedimentos 
ordinariamente disponíveis para o enfrentamento de impasses e discordâncias não são 
suficientes para resolver o impasse político40”. 
 
Tal crise constitucional se expressa numa nova consciência histórica que se firmou, como 
legado das jornadas de junho de 2013, impulsionada pela potencialização da narrativa 
ressentida do atraso nacional, isto é, pela crescente adesão ao discurso desqualificador da 
política, do Estado e, obliquamente, da Constituição41. 
 
Entende-se por consciência histórica o modo como uma sociedade se situa no tempo que 
se articula num jogo de tensões que só se realiza no presente entre duas categorias – meta-
históricas – que são o “espaço de experiência”, entendido como um conjunto de heranças 
e o modo como percebemos, consciente ou inconscientemente, as vivências e como 
organizamos, narrativamente, as visões do passado, e o “horizonte de expectativa”, aquele 
sobre o qual se projetam as previsões, as antecipações, os temores e a esperança, até 
mesmo as utopias que dão o conteúdo ao futuro histórico42. 
 
Especificamente aqui, identifico a crise constitucional como expressão de uma crise dessa 
consciência histórica – especialmente delineada nas jornadas de junho –, na medida em 
que está atrelada, de um lado, ao encurtamento da experiência político-constitucional 
brasileira – percebida pela ótica única e linear do fracasso – e, de outro, à hipertrofia do 
horizonte de expectativa – no sentido da realização radical de todos sonhos aqui e agora. 
 
Em outras palavras, o aumento da indignação contra o Estado, contra a violência e contra 
a política de modo geral e a rearticulação de uma ideologia conservadora, pelo menos 
desde as manifestações de201343, coloca em evidência uma espécie de síndrome da 
 
40 PAIXÃO, Cristiano. 30 anos: crise e futuro da Constituição. 03/05/2018. Disponível em: 
https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/30-anos-crise-e-futuro-da-constituicao-de-1988-03052018 
Acesso em 20 de maio 2018. 
41 Essa tese foi desenvolvida no meu livro, fruto da pesquisa de doutoramento: COSTA JUNIOR, Ernane 
Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: Editora D’Plácido, 2017. 
42 Essa compreensão de consciência histórica está em RICOEUR, Paul. A crise da consciência histórica e 
a Europa. Lua Nova : Revista de Cultura e Política, São Paulo, n.33 , p.87-95, maio 1994. e também em 
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: 
Ed. PUC-Rio, Contraponto, 2006. 
43 “O ‘contra tudo isso que está aí’ converte-se, pois, em urgência; a sede de mudar as estruturas políticas 
do Brasil recai numa síndrome da pressa que ameaça conquistas e avanços em termos normativos: o tempo 
do direito precisa se acelerar para se adequar aos anseios de uma soberania massificada, ainda que contra 
seus ritos e procedimentos. A narrativa do atraso, como ferida aberta de processos de reconhecimento da 
identidade nacional, conduz, assim, a soluções autoritárias, de fuga da ordem jurídica vigente, pois 
impaciência na resolução de problemas brasileiros sérios, como o da criminalidade e da 
violência, da noite para o dia. 
 
O discurso, amplamente divulgado, segundo o qual a segurança pública no Rio de Janeiro 
precisa de salvação aliada à concepção de que as instituições e governo são ineficientes, 
corruptos e “engessados” levam a ideia de que tudo está à beira de um colapso e que 
precisa, urgentemente, de uma ruptura radical que proporcionaria ganhos de moralidade. 
Esses elementos que compõem, entre nós, uma narrativa do atraso foram articulados no 
pronunciamento dado pelo presidente Michel Temer como justificativa à decretação da 
intervenção, logo após a sua assinatura do dia 16 de fevereiro desse ano: "os senhores 
sabem que o crime organizado quase tomou conta do Estado do Rio de Janeiro. É uma 
metástase que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do nosso povo44", declarou 
Temer. Buscando ainda a adesão pela via de soluções enfáticas e urgentes, o presidente 
reconheceu que a intervenção é uma “medida extrema45”, mas disse ser necessária porque 
“as circunstâncias assim exigem46”: “sei tratar-se de uma medida extrema, mas muitas e 
muitas vezes, o Brasil está a demandar medidas extremas para pôr ordem nas coisas47”. 
 
A intervenção em sua excepcionalidade se colocaria a serviço de romper de forma abrupta 
com esse quadro catastrófico, delineado em seu pronunciamento pela constatação da 
“morte de inocentes” e de “bairros inteiros situados, escolas, sob a mira de fuzis e 
avenidas transformadas em trincheiras”. Tudo isso revelaria a desordem em que o atual o 
estado de coisas se encontra. E “a desordem, sabemos todos, é a pior das guerras”, 
enfatizaria Temer: “Por isso, chega. Basta. Nós não vamos aceitar que matem nosso 
presente, nem continuem a assassinar o nosso futuro”. 
 
“justificadas”. COSTA JUNIOR, Ernane Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: 
Editora D’Plácido, 2017. 
44 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do 
Decreto de Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de 
fevereiro de 2018. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-
do-presidente-da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-
decreto-de-intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de 
julho de 2018. 
45 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do 
Decreto de Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de 
fevereiro de 2018. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-
do-presidente-da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-
decreto-de-intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de 
julho de 2018. 
46 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do 
Decreto de Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de 
fevereiro de 2018. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-
do-presidente-da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-
decreto-de-intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de 
julho de 2018. 
47 TEMER, Michel. Discurso do Presidente da República, Michel Temer, durante Assinatura do 
Decreto de Intervenção na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Brasília/DF. 16 de 
fevereiro de 2018. Disponível em: <http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/discursos/discursos-
do-presidente-da-republica/discurso-do-presidente-da-republica-michel-temer-durante-assinatura-do-
decreto-de-intervencao-na-seguranca-publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-brasilia-df> Acesso em: 7 de 
julho de 2018. 
 
Se o passado e presente são algo a se superar e se o futuro já é amanhã, quando não hoje 
mesmo, nenhum projeto de médio ou longo prazo pode ser pensado, e todos os obstáculos 
que, como uma Constituição, se opõem a mudanças bruscas e imediatas são vistos 
meramente como paredes a serem derrubadas – nunca como muros de proteção. O traço, 
talvez, mais marcante dessa consciência histórica, entre nós, seja essa nova relação entre 
tempo e Constituição, experimentada como aceleração48: “como se todo processo se 
tornasse uma insuportável espera e todo caminho definido pelo direito um retardamento 
incontornável apto a impedir o curso do tempo social das transformações”49. 
 
A urgência de se resolver o mal da criminalidade e a narrativa depreciativa e linear do 
fracasso das políticas públicas de combate à violência abrem caminho “a ideia mágica” 
de satisfação imediata do desejo, como a crença de que a única saída aberta é a do 
rompimento sumário e abrupto com a Constituição a partir de uma espécie de 
modernização autoritária. A intervenção como medida de excepcionalidade e urgência 
emerge, assim, como solução messiânica. 
 
Nessa vontade tenaz de se lançar diretamente ao futuro, rompendo com a letargia das 
instituições democráticas e dos processos delineados pela Constituição, a intervenção é 
vendida ideologicamente como salvação autoritária, mas imediata e eficaz para o efetivo 
combate ao crime e à violência urbana no Rio de Janeiro. Mas o que se perde nessa 
simplificação absurda é justamente que a Constituição e a democracia não são obstáculos, 
mas sim condição de possibilidade para o enfrentamento dessas questões políticas 
relevantes. 
 
E essa construção crítica de soluções plausíveis para as deficiências da segurança pública 
se faz não com rompimento, mas com uma gestão mais democrática, mais cooperativa 
entre os entes federativos, buscando maior integração entre as polícias, transparências e 
participação social, além de priorização de práticas preventivas e de investimento em 
políticas sociais. Isso logicamente requer tempo e abertura ao aprendizado da experiência; 
requer esforço em construir soluções criativas e, ao mesmo tempo, apoiadas no tecido 
social das políticas públicas já existentes, de modo desenvolvê-las e corrigi-las, com a 
possibilidade aberta de lhes conferir novos rumos. Não há, pois, solução mágica e sim 
construção dialógica e compartilhada da segurança pública, por meio da ampliação de 
práticas que tiverem ou ainda tem eficácia e de reinvenção e restruturaçãoda gestão, o 
que não significa nem ruptura completa, nem modernização autoritária. 
 
Todo esse empreendimento, que envolve não só a luta truculenta contra a criminalidade, 
mas um conjunto de ações concretas complexas e coordenadas, não se opõe ao projeto 
constituinte, mas é parte estruturante dele, pois se incorpora aos compromissos 
 
48 Sobre o tema da aceleração, ver ROSA, Hartmut. Aliénation et accélération: vers une théorie critique 
de la modernité tardive. la Découverte, 2017. 
49 COSTA JUNIOR, Ernane Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: Editora 
D’Plácido, 2017, p. 247-248. 
normativos duráveis na forma de realização de política de segurança pública de longo 
prazo. Constitui-se assim em processo tenso e contraditório não imediatista de construção 
da cidadania e de aprendizado no tempo, sujeito inclusive a erros e tropeços, que toma os 
capítulos passados e presentes como base desse aprendizado50 e os desenvolve na história 
ao longo de consecutivas propostas e até mesmo de sucessivos governos. 
 
 
5. Considerações Finais 
 
 
O artigo examinou os contornos inconstitucionais do decreto n. 9288/2018 do presidente 
Michel Temer que instaurou a intervenção federal no Rio de Janeiro à luz do sentido 
performativo do projeto constituinte. Foi constatado, num primeiro momento, que o 
decreto interventivo se realizou sem explicitação precisa dos motivos, do alcance, dos 
contornos e das competências ao general atribuída, violando, portanto, o princípio da 
motivação, da transparência e do devido processo legal. Em seguida, verificou-se que a 
expressão “ordem pública” é demasiado vaga e requer maior explicações, de modo a 
possibilitar o controle efetivo e democrático das atividades da Administração Pública. 
Num terceiro momento, foi examinada a tentativa, pelo decreto, de atribuição de natureza 
militar à intervenção federal, demonstrando sua impossibilidade frente à compreensão 
constitucionalmente adequada do instituto e do papel das forças armadas como instituição 
colateral e suplementar, com treinamento específico para atuar na defesa do território e 
carente de competência para a administração e condução regular da segurança pública. 
Por fim, concluiu-se que tal intervenção tem evidenciado a banalização de medidas de 
urgência e de exceção, num contexto de aprofundamento de um surto de impaciência, que 
desvelam, no Brasil, uma crise constitucional. 
 
 
Referências 
 
ALVES, Adamo Dias; CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Carl Schmitt: um 
teórico da Exceção sob o Estado de Exceção. Revista Brasileira de Estudos Políticos. Belo 
Horizonte. n. 105. pp. 225-276. jul./dez. 2012. 
 
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 27 ed. São 
Paulo: Malheiros, 2010. 
 
BARBOSA, Leonardo Augusto de Andrade. História constitucional brasileira: 
mudança constitucional, autoritarismo e democracia no Brasil pós-1964. Ed. 2. 
Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2016. 
 
50 É nessa perspectiva que esse trabalho se conecta à outras pesquisas por mim desenvolvidas sob o pano 
de fundo de uma teoria crítica da Constituição como aquela desenvolvida por Marcelo Andrade Cattoni de 
Oliveira. CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Contribuições para uma Teoria Crítica da 
Constituição. Belo Horizonte: Arraes, 2017. 
 
BARROSO, Luís Roberto. Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade no 
direito constitucional. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política 6, no. 23 
(1998): 65-78. 
 
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Contribuições para uma Teoria Crítica 
da Constituição. Belo Horizonte: Arraes, 2017. 
 
COSTA JUNIOR, Ernane Salles; GALUPPO, Marcelo Campos. A democracia como 
promessa: entre a imprescindibilidade do cálculo e a experiência aporética da 
justiça. In: CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; MACHADO, Felipe Daniel 
Amorim (org). Constituição e Processo: a resposta do constitucionalismo à banalização 
do terror. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. 
 
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade. Da Constitucionalização do Processo à 
Procedimentalização da Constituição: Uma Reflexão no Marco da Teoria Discursiva do 
Direito.In: SARMENTO, Daniel; SOUZA NETO, Cláudio Pereira (Coords.). A 
Constitucionalização do Direito: Fundamentos Teóricos e Aplicações Específicas. Rio 
de Janeiro: Lumen Juris, 2007, pp. 541-547. 
 
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de; 
MEYER, Emilio Peluso. A Constituição protege o sistema político contra qualquer 
intervenção militar. 11 de outubro de 2017. Disponível em 
<https://www.conjur.com.br/2017-out-11/opiniao-intervencao-militar-
constitucionalmente-impossivel> acesso em: 19 de jul. de 2018. 
 
COSTA JUNIOR, Ernane Salles da. Constitucionalismo do Atraso. Belo Horizonte, MG: 
Editora D’Plácido, 2017, p. 247-248. 
 
COSTA JUNIOR, Ernane Salles; GALUPPO, Marcelo Campos. A democracia como 
promessa: entre a imprescindibilidade do cálculo e a experiência aporética da 
justiça. In: CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; MACHADO, Felipe Daniel 
Amorim (org). Constituição e Processo: a resposta do constitucionalismo à banalização 
do terror. Belo Horizonte: Del Rey, 2009. 
 
DE ARAÚJO CINTRA, Antônio Carlos. Motivo e motivação do ato administrativo. 
Revista dos Tribunais, 1979. 
 
GALINDO, Bruno. No olho do furacão: federalismo, intervenção e direitos 
fundamentais. Justificando. 23 de fevereiro de 2018. Disponível em: < 
https://www.conjur.com.br/2018-fev-22/maria-lucia-karam-uso-indevido-militares-
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HORTA, Raul Machado. A Constituição Federal e o Poder Constituinte do Estado. 
Revista da Faculdade de Direito, n. 32, 1989, outubro. 
 
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segurança pública. Conjur. 22 de fevereiro de 2018. Disponível em < 
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