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MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Energias de ordem física Lesões produzidas por uma modalidade de ação capaz de modificar o estado físico dos corpos e cujo resultado pode resultar em ofensa corporal, dano à saúde ou morte. As energias de ordem física mais comuns são: temperatura, pressão atmosférica, eletricidade, radioatividade, luz e som. (GENIVAL) TEMPERATURA Suas modalidades são: o frio, o calor e a oscilação de temperatura. Energias de ordem física São as energias capazes de modificar o estado físico dos corpos e de provocar lesões corporais e morte, como a temperatura, a eletricidade, a pressão atmosférica, assim como a luz e o som. Temperatura Suas modalidades são: as termonoses, as queimaduras, as oscilações de temperatura e o frio. (DELTON) -TERMONOSES Conceituam-se como tais os danos orgânicos e a morte provocada pela INSOLAÇÃO, ou seja, pela ação da temperatura, dos raios solares, da excessiva umidade relativa e viciação do ar, a fadiga, ou A INTERMAÇÃO (calor artificial). A insolação não exige a ação direta dos raios solares, pois pode desencadear-se em indivíduos abrigados do sol, sujeitos, todavia, à canícula intensa dos dias de verão, por um quadro clínico subitâneo de palidez, angústia precordial, cefalalgia, transpiração, polaciúria, taquisfigmia, taquipneia superficial, perda de consciência e coma. Por oportuno, lembramos ser o coma síndrome caracterizada pela perda da consciência e da motilidade voluntária, com persistência da respiração e da circulação. Pode ser leve ou profundo. Na forma leve, manifesta-se por simples torpor, podendo o indivíduo reagir às excitações externas, abrir os olhos, pronunciar uma ou outra palavra. No coma profundo, o indivíduo não reage absolutamente às mais vivas excitações e a perda da consciência é completa. Pode ser transitório, como na simples comoção cerebral, desvanecendo-se em algumas horas, sem maiores consequências. Nem sempre o coma se confirma de imediato; há casos em que só surge algumas horas e mesmo um ou dois dias depois. Há casos de INSOLAÇÃO em que ocorrem rigidez da nuca (sinal de Kernig), trismo e convulsões, precedendo a morte, por paralisia dos centros bulbares. -Pouco interesse médico legal A INTERMAÇÃO — termonose que se manifesta em espaços confinados ou abertos, sem o suficiente arejamento, quando há elevação excessiva do calor radiante — tem interesse médico-legal, por isso que pode ser acidental ou excepcionalmente criminosa, e relacionar-se, respectivamente, com a infortunística e com o foro criminal. Na INTERMAÇÃO a sintomatologia surge paulatinamente, manifestada por mal-estar, nervosismo, cefaleia, náuseas, taquicardia, pulso filiforme, abafamento das bulhas cardíacas, sudorese, angústia, sede intensa, midríase, hipertermia (às vezes, hipotermia), astenia extrema, podendo culminar na asfixia, acompanhada de convulsões e, afinal, coma e morte. (DELTON) CALOR (GENIVAL) 🔥 Calor difuso: insolação e a intermação. Calor direto: queimaduras Calor direto: QUEIMADURAS Tem por consequência as queimaduras, de maior ou menor extensão, mais ou menos profundas, infectadas ou não, advindas das ações da chama, do calor irradiante, dos gases superaquecidos, dos líquidos escaldantes, MED LEGAL – N4 Taíssa Lima dos sólidos quentes e dos raios solares. São, portanto, lesões produzidas geralmente por agentes físicos de temperatura elevada, que, agindo sobre os tecidos, produzem alterações locais e gerais, cuja gravidade depende de sua extensão e profundidade A classificação das queimaduras em Medicina Legal >> profundidade das lesões Regra dos Noves de Pulaski e Tennisson >> caracterização do perigo de vida para classificação da lesão corporal sob o ponto de vista jurídico CLASSIFICAÇÃO DE HOFFMANN 1º grau: eritema 2º grau: eritema e flictemas 3° grau: necrose dos tecidos 4º grau: carbonização Primeiro grau - eritema simples, apenas a epiderme é afetada pela vasodilatação capilar (queimaduras por raios solares). A pele conserva-se íntegra. O tecido subepitelial pode apresentar-se edemaciado e, no período de cura, não raramente ocorre a descamação dos planos mais superficiais da epiderme. Não produzem cicatrizes, (pode apresentar-se com pigmentação desigual ao restante da pele). Em regra, as vestes protegem o corpo das vítimas desta forma de lesão. Suas características principais são: eritema, edema e dor (sinal de Christinson). Finalmente, como o eritema representa uma reação vital, as queimaduras de 1o grau não se evidenciam no cadáver. Segundo grau – eritema, vesículas ou flictenas, existindo em seu interior líquido amarelo-claro, seroso, rico em albuminas e cloretos (sinal de Chambert). Quando a flictena se rompe, a derme fica desnuda, de cor escura e, pela ação do ar, disseca-se, ostentando uma rede capilar fina e de aspecto apergaminhado. Terceiro grau - São produzidas geralmente por chamas ou sólidos superaquecidos, seguindo então a coagulação necrótica dos tecidos moles. Esses tecidos, depois de algum tempo, são substituídos por outros de granulação formados por cicatrizes de segunda intenção. A cicatriz pode ser retrátil ou meramente queloidiana. A queimadura do 3o grau incide até os planos musculares. São mais facilmente infectadas e menos dolorosas em virtude da destruição dos corpúsculos sensíveis da epiderme Quarto grau. São mais destrutivas que as queimaduras do 3o grau e se particularizam pela carbonização do plano ósseo. Podem ser locais ou generalizadas. A redução do volume do corpo por condensação dos tecidos. O morto toma a posição de lutador em face da semiflexão dos membros superiores e dedos em garras. “posição de boxer” ou a “atitude de saltimbanco”, também chamada “atitude em epistótomo”, motivada pela hiperextensão da cabeça sobre o pescoço e hiperextensão do tronco em forma de arco de concavidade posterior, são motivadas pela retração dos músculos da nuca, da goteira vertebral como também da região lombar. Os cabelos tornam-se crestados, quebradiços e entortilhados; o couro cabeludo, com extensas fendas, deixando a descoberto os ossos da calvária A pele amparada pelas vestes pode permanecer íntegra. Na parte atingida, ela é negra, acartonada e ressoa à percussão. No rosto, pela retração da pele, desaparecem os sulcos nasogenianos, a boca se mostra aberta e os dentes salientes. MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Como proceder na perícia do carbonizado? 1. Identificar o morto 2. Esclarecer se o indivíduo morreu durante o incêndio ou se já se achava morto ao ser alcançado pelas chamas Primeiramente, devem-se procurar, no corpo, outras lesões distintas das queimaduras; em seguida, ter-se a certeza de que o indivíduo respirou na duração do incêndio, pela pesquisa do óxido de carbono no sangue e pela presença de fuligem ao longo das vias respiratórias conhecido como sinal de Montalti. O calor da fumaça aspirada provoca também hiperemia e edema da laringe, da faringe, da parte superior do esôfago e da mucosa traqueobrônquica, nesta com acentuado aumento do muco. 3. Origem e modo de distribuição das queimaduras. 4. Causa mortis 1ª– Na morte imediata: apresenta um interesse pericial mais vítima exibe apenas as lesões produzidas pela ação térmica. A morte, neste caso, estaria justificada pela exsudação plasmática aguda com diminuição do volume circulatório (teoria humoral), ou pela desintegração das albuminas cujo efeitoé semelhante ao chamado “choque anafilático”. 2ª– Na morte tardia: apresenta no transcurso de vários dias um processo infeccioso, sendo o mais comum a broncopneumonia, além de hemorragia intestinal, de processo hepatotóxico e de insuficiência renal aguda. FRIO (GELADURA)❄ -Individual ou coletivo 1º grau= palidez e rubefação e aspecto anserino da pele 2° grau= eritema e flictemas de conteúdo claro e hemorrágico 3º grau = necrose dos tecidos moles com formação de crostas enegrecidas 4º grau= gangrena e desarticulação lesões pés de trincheira -gangrena dos pés TEMPERATURAS OSCILANTES: casos de acidentes de trabalho, bem como às doenças profissionais. Esse tipo de ação expõe o organismo humano, debilitando e propiciando determinadas patologias, por exaltação da virulência dos germes ou por diminuição da resistência individual. Sendo assim, doenças como pneumonia, broncopneumonia e tuberculose podem ser desencadeadas ou agravadas pela oscilação brusca da temperatura, quando o nexo de causalidade entre a mortalidade e a forma de trabalho é sempre aceito. ELETRECIDADE - CHOQUE ⚡ Natural / cósmica Artificial / industrial ARTIFICIAL / INDUSTRIAL Eletroplessão- quando é FULMINATE. sinal é Jellinek -eletroplessão também quando não leva a morte. Conceitua-se a eletroplessão como qualquer efeito proporcionado pela eletricidade industrial, com ou sem êxito letal. Obs – eletrocussão – cadeira elétrica. A marca elétrica de Jellinek - constitui-se em uma lesão da pele, tem forma circular, elítica ou estrelada, de consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa, indolor, asséptica e de fácil cicatrização. Pode apresentar também a forma do condutor elétrico. -tem valor médico--legal para indicar a porta de entrada da corrente elétrica no organismo. OBS – PROF DISSE Q PODE SER DE ENTRADA E SAÍDA. A marca elétrica é diferente da queimadura elétrica. A primeira representa exclusivamente a porta de entrada da corrente elétrica no organismo, pouco significativa, podendo até passar despercebida ou estar ausente. Sua ausência não quer dizer que não houve passagem da corrente elétrica. As queimaduras elétricas são resultantes do calor de uma corrente, têm a forma de escara pardacenta ou escura, apergaminhada, MED LEGAL – N4 Taíssa Lima bordas nítidas, sem área de congestão, nem tampouco presença de flictenas. Há também lesões muito graves que vão desde a amputação de membros até secção completa do corpo Queimadura elétrica - pode ser cutânea, muscular, óssea e até visceral... Não muito raro encontra-se intenso pontilhado hemorrágico nas regiões cervicais e dorsais e na face lateral do tórax em forma de micropápulas cianóticas, conhecido como sinal de Piacentino. NATURAL/CÓSMICA -raio Fulminação-- quando é fulminante. ATINGE LETALMENTE. (é a morte instantânea pelas descargas elétricas cósmicas ou raios) Fulguração-- Quando não leva a morte. PROVOCA APENAS LESÕES CORPORAIS. (é a perturbação causada no organismo vivo por descargas elétricas cósmicas ou raios, sem ocorrência de êxito letal.) SINAL DE LICHTENBERG. (Começa em 1h e Após 24h começa sumir.) sinal de Lichtenberg ou marcas queraunográficas - lesões externas de aspecto arboriforme e tonalidade arroxeada, procedente de fenômenos vasomotores, podendo desaparecer com a sobrevivência. Essa marca surge cerca de uma hora depois da descarga e desaparece gradualmente em torno das 24 h subsequentes à descarga elétrica. Lesões típicas - queimadura nos locais próximos de objetos metálicos, como fivelas, medalhas, fecho ecler, moedas. Na maioria das vezes, esses metais ficam imantados. As lesões produzidas pelo raio têm variações as mais distintas, que vão desde as figuras arborescentes até as queimaduras mais ou menos profundas, semelhantes àquelas produzidas por eletricidade artificial. A necropsia revela sempre sinais de asfixia! MORTE DE CHOQUE -CEREBRAL -RESPIRATÓRIA (ASFIXIA) -CARDÍACA Morte pulmonar. Achados necroscópicos compatíveis com a asfixia: edema dos pulmões, enfisema subpleural, congestão polivisceral, coração mole contendo sangue escuro e líquido; hemorragias puntiformes subpleurais e subpericárdicas; congestão da traqueia e dos brônquios, com secreção espumosa e sanguinolenta. Esses resultados são decorrentes da tetanização dos músculos respiratórios (diafragma e intercostais) e dos fenômenos vasomotores. A observação tem demonstrado que a parada de respiração antecede a parada do coração Morte cardíaca. Explicada pelo efeito da corrente elétrica sobre o coração, provocando contração fibrilar do ventrículo, alternando-lhe a condução elétrica normal Morte cerebral. Ocasionada pela hemorragia das meninges, hiperemia dos centros nervosos, hemorragia das paredes ventriculares do cérebro, do bulbo, dos cornos anteriores da medula espinal, e edema da substância branca e cinzenta do cérebro, lesões estas com que sempre se defronta a necropsia. As causas variam conforme a intensidade da corrente: -acima de 1.200 volts, a morte é cerebral, bulbar e cardiorrespiratória; -tensões de 1.200 a 120 volts, a morte é por tetanização respiratória e asfixia; -abaixo de 120 volts, por fibrilaçãoventricular e parada cardíaca. Perguntas norteadoras 1. Quais as energias de ordem física relevantes para a med legal? 2. Quais as classificações das queimaduras? 3. Como proceder na perícia do carbonizado? 4. Quais os tipos de eletricidade? 5. Lesões letais e não letais são classificadas da mesma forma? 6. Quais sinais encontramos no exame? 7. Quais as causas da morte por eletricidade? Energias de ordem físico-químicas MED LEGAL – N4 Taíssa Lima As energias de ordem físico-químicas são aquelas que impedem a passagem do ar às vias respiratórias e alteram a composição bioquímica do sangue, produzindo um fenômeno chamado asfixia; que alteram a função respiratória, inibindo a hematose (transformação do sangue venoso em sangue arterial), podendo, em consequência, levar o indivíduo até a morte. asfixia em geral asfixia em espécie: enforcamento, estrangulamento, esganadura, por sufocação direta ou indireta, por afogamento, por gases irrespiráveis, ou seja, a Asfixiologia forense. Asfixia, sob o ponto de vista médico-legal, é a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência ou baixíssima concentração do oxigênio no ar respirável por impedimento mecânico de causa fortuita, violenta e externa em circunstâncias as mais variadas. Ou a perturbação oriunda da privação, completa ou incompleta, rápida ou lenta, externa ou interna, do oxigênio. Assim, na asfixia, consome-se o oxigênio presente nos pulmões e acumula-se o gás carbônico que se vai formando. FASES Nas asfixias mecânicas é possível estabelecer um cronograma de suas diversas fases por meio do aparecimento das seguintes manifestações clínicas: 1a fase. Esta etapa é também conhecida como “fase cerebral”, caracterizando-se pelo aparecimento de enjoos, vertigens, sensação de angústia e lipotimias. Ao redor de um minuto e meio, ocorre a perda do conhecimento de forma brusca e rápida e surge bradipneia taquisfigmia (duração de 1 a 2 min) 2a fase. Neste estágio chamado de “fase de excitação cortical e medular”, notam-se convulsões generalizadas e contrações dos músculos respiratórios e da face, além de relaxamento dos esfíncteres com emissão de matéria fecal e urina devido aos movimentos peristálticos dos intestinos e da bexiga. Há também a presença de bradicardia e aumento da pressão arterial (duração de 1 a 2 min) 3a fase. Também chamada de “fase respiratória”, caracteriza-sepela lentidão e superficialidade dos movimentos respiratórios e pela insuficiência ventricular direita, o que contribui para acelerar o processo de morte (duração de 1 a 2 min) 4a fase. Conhecida como “fase cardíaca”, tem como registro específico o sofrimento do miocárdio, quando os batimentos do coração são lentos, arrítmicos e quase imperceptíveis ao pulso, embora possam persistir por algum tempo até a parada dos ventrículos em diástole e somente as aurículas continuam com alguma contração, mas incapazes de impulsionar o sangue (duração de 3 a 5 min). Características das asfixias mecânicas em geral Nas asfixias mecânicas em geral, existem certos sinais que em conjunto permitem desde logo um diagnóstico, porém nenhum é constante e, muito menos, patognomônico. Sinais externos: o manchas de hipóstase, o congestão da face, o equimoses externas o cogumelo de espuma, o projeção da língua o exoftalmia o fenômenos cadavéricos atípicos Manchas de hipóstase. São precoces, abundantes e de tonalidade escura, variando essa tonalidade, nas asfixias por monóxido de carbono quando essas manchas assumem uma tonalidade rósea. PESSOA ROSA (pele e órgãos tb): asfixia por MONÓXIDO DE CARBONO (escapamento do carro) Congestão da face. É um sinal mais constante (principalmente na compressão Torácica) dando em consequência a máscara equimótica da face – conhecida como máscara equimótica de Morestin ou como cianose cervicofacial de Le Dentut, proveniente da estase mecânica da veia cava superior. Deve-se fazer a diferença entre congestão da face e manchas de hipóstase por posições especiais do cadáver, como nos afogados que, submersos, ficam de cabeça para baixo. MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Equimoses da pele e das mucosas. Na pele, são arredondadas e de pequenas dimensões, não ultrapassando as de uma lentilha, formando agrupamentos em determinadas regiões, principalmente na face, no tórax e pescoço, tomando tonalidade mais escura nas partes de declive. As equimoses das mucosas são encontradas mais frequentemente na conjuntiva palpebral e ocular, nos lábios e, mais raramente, na mucosa nasal. O mecanismo de aparecimento dessas equimoses é explicado através da queda do sangue pela gravidade aos planos mais baixos do corpo e pelo peso da coluna sanguínea que rompe os capilares, extravasando-se nos tecidos vizinhos. Fenômenos cadavéricos: os livores de decúbito são mais extensos, mais escuros e mais precoces; + o esfriamento do cadáver se verifica em proporção mais lenta; - a rigidez cadavérica, mesmo sendo mais lenta, mostra-se intensa e prolongada; - e a putrefação é muito mais precoce e mais acelerada que nas demais causas de morte. + Cogumelo de espuma. É formado de uma bola de finas bolhas de espuma que cobre a boca e as narinas e se continua pelas vias respiratórias inferiores. É mais comum nos afogados, mas pode surgir em outras formas de asfixias mecânicas, no edema agudo do pulmão e nos casos de morte precedida de grandes convulsões. Projeção da língua e exoftalmia. São achados comuns nas asfixias mecânicas, mas não esquecer que os cadáveres putrefeitos na fase gasosa ou enfisematosa também apresentam exoftalmia e projeção da língua, mesmo sem ter nenhuma relação com a morte por asfixia. Sinais internos. o Equimoses viscerais (MANCHAS DE TARDIEU) o Aspecto do sangue o Congestão polivisceral o Distensão e edema dos pulmões Equimoses viscerais. Também conhecidas por manchas de Tardieu, São equimoses diminutas, do tamanho da cabeça de um alfinete, localizando-se, não raro, sob a pleura visceral, mais notadamente nos sulcos interlobares e bordas dos pulmões, no pericárdio e no pericrânio, e, nas crianças, no timo. tonalidade violácea, de número variável, às vezes esparsas ou em aglomerações. São mais comuns na infância e na adolescência e, mais raras, no adulto e no velho. EXPLICAÇÃO : aumento da pressão arterial. É explicado pela excitação dos centros bulbares pelo gás carbônico aumentando a pressão sanguínea, rompendo os capilares e produzindo as equimoses viscerais. As manchas de Paltauf são equimoses viscerais nos pulmões dos afogados. Aspectos do sangue. sangue escuro e líquido, não se encontrando no coração os coágulos cruóricos (negros) e fibrinosos (brancos). Viscosidade diminuída devido a maior concentração de CO2; alteração do pH come hiperglicemia asfíxica surgida na agonia e comprovada depois da morte. morte por asfixia o sangue é fluido e de cor negra. Fazem exceção os que sucumbiram sob o efeito do monóxido de carbono, ficando a cor do sangue vermelho vivo e os afogados que ingeriram grande quantidade de líquido, com a cor do sangue rosada Congestão polivisceral. O fígado e o mesentério são os que se apresentam mais congestos, sendo que o baço, na maioria das vezes, se mostra com pouco sangue devido às suas contrações durante a asfixia (sinal de Étienne Martin - baço sucede o contrário, pois, devido ao fato de contrair-se intensamente durante as fases da asfixia, mostra-se exangue) fígado asfíxico MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Distensão e edema dos pulmões. Além da acentuada distensão, os pulmões ainda se apresentam com relativa quantidade de sangue líquido finamente espumoso. É necessário que se entenda não existir nenhum sinal que, isoladamente, seja de capital importância no diagnóstico das asfixias mecânicas. Portanto, deve-se ter um critério baseado na somação das lesões estudadas, associando-se os sinais especiais de cada caso de asfixia em particular e o estudo das circunstâncias de cada evento. CLASSIFICAÇÃO DELTON CROCE ENFORCAMENTO Constrição do pescoço por um laço cuja extremidade se acha fixa a um ponto dado, agindo o próprio peso do indivíduo como força viva. Laço de três tipos: -laços duros, constituídos por cordões e correntes, fios elétricos, arames, cordas, punhos de rede; -laços moles, formados pelos lençóis, cortinas, gravatas unidas; -laços semi-rígidos, representados pelos cintos de couro. A situação habitual do nó é na região posterior, alguma vez lateral e, só raramente, na frente do pescoço. Suspensão típica ou completa: quando o corpo permanece completamente suspenso no ar, apoiado exclusivamente pelo laço, e Suspensão atípica ou incompleta se os pés, os joelhos, os braços ou mesmo o abdome tocam o solo. ambas a mesma eficácia para desencadear a morte. — Aspecto do cadáver Coloração da face enforcados azuis - compromete intensamente as artérias do pescoço e mais completamente as jugulares, estabelece-se a estase venosa, que confere ao rosto tonalidade azulada e, raramente, pequenas equimoses palpebrais e conjuntivais. enforcados brancos - face é pálida e lívida, por completo impedimento da circulação por oclusão total das carótidas e das veias jugulares. Quando a constrição MED LEGAL – N4 Taíssa Lima A cabeça do enforcado pende sempre para o lado oposto ao nó, A rigidez cadavérica instala-se mais tardiamente no enforcamento. As hipóstases e as equimoses post mortem – localizam-se nos membros inferiores. Sinais externos Sulco deixado pelo laço, na parte mais alta do pescoço, entre o hioide e a laringe. Geralmente único, podendo ser duplo, triplo ou múltiplo, de conformidade com o número de voltas em torno do pescoço, e de direção oblíqua ascendente bilateral anteroposterior, o sulco habitualmente é descontínuo, interrompendo-se nos pontos correspondentes à interposição de corpos moles e especialmentenas proximidades do nó. São os seguintes os sinais que podem ser encontrados no sulco do enforcamento: a) sinal de Ponsold: livores cadavéricos, em placas, interna e externamente, nas bordas do sulco; b) sinal de Azevedo Neves: livores puntiformes por baixo e por cima das margens do sulco; c) sinal de Thoinot: zona violácea ao nível das margens do sulco; d) sinal de Ney ding: infiltrações hemorrágicas puntiformes no leito do sulco; e) sinal de Ambroise Paré: pele enrugada e escoriada no leito do sulco; f) sinal de Lesser: vesículas sanguinolentas no fundo do sulco; g) sinal de Bonnet: marcas da textura do laço. ESTRANGULAMENTO Asfixia mecânica por constrição do pescoço por laço tracionado por qualquer força que não seja o peso da própria vítima. Será também estrangulamento a asfixia mecânica por constrição do pescoço promovida pelo golpe chamado “chave de braço” ou “gravata”, pé nele apoiado etc. Sintomatologia vítima passa por três períodos: resistência, inconsciência e convulsões, asfixia e morte aparente seguida por morte real. Na tentativa de estrangulamento podem surgir amnésia, confusão mental, agitação, angústia, convulsões, dor cervical, dispneia e disfagia, espuma sanguinolenta bucal e relaxamento dos esfíncteres. Sinais externos do estrangulamento a) face, em geral, tumefeita e violácea; b) hemorragias punctiformes nas conjuntivas, na face, no pescoço e na região torácica anterior produzidas a distância do ponto de aplicação da força, pela asfixia; c) projeção externa da língua, intensamente cianosada; d) possível otorragia, com ou sem ruptura do tímpano; e) pavilhão auricular e lábios arroxeados; f) provável ocorrência de espuma sanguinolenta recobrindo a boca e as narinas; g) o sulco tem sede geralmente sobre a laringe; único, duplo, triplo ou múltiplo, contínuo e de profundidade uniforme, de margens elevadas e cianosadas e leito deprimido pergaminhado, é tipicamente horizontalizado, podendo, porém, excepcionalmente, ser ascendente quando o laço foi tracionado pelo agente por detrás e para cima. ESGANADURA Asfixia mecânica por constrição anterolateral do pescoço, impeditiva da passagem do ar atmosférico pelas vias aéreas, promovida diretamente pela mão do agente. Essencialmente homicida, requer, para sua execução, superioridade de forças, ou que a vítima não possa, por qualquer motivo, opor resistência. MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Difícil precisar o tempo e os fenômenos ocorridos neste tipo de morte; Da tentativa de esganadura podem resultar disfagia, disfonia, tumefação cervical e miocontratura do pescoço. marcas ungueais. SUFOCAÇÃO - asfixia mecânica provocada pela obstaculação direta ou indireta à penetração do ar atmosférico nas vias respiratórias ou por permanência forçada em espaço fechado. Sufocação direta A sufocação direta compreende as seguintes modalidades: a) Oclusão dos orifícios externos respiratórios — Pelo emprego da mão ou de corpos moles, é de etiologia sempre criminosa, pois supõe acentuada desproporção de forças entre o agressor e a vítima, sendo praticada usualmente no infanticídio. b) Oclusão das vias respiratórias — Frequentemente acidental por aspiração brusca de corpos estranhos (dentaduras, porções de alimentos, rolha de garrafa, bolinhas de gude, goma de mascar) na árvore respiratória, impedindo a passagem do oxigênio até os pulmões e desencadeando êxito letal por asfixia, pode excepcionalmente ser autocida. Os sinais cadavéricos locais- equimoses nos lábios, sinais de dentes na mucosa labial interna e marcas ungueais nas proximidades da boca e das fossas nasais, nos casos de sufocação manual, podendo não existir quando o agente emprega corpos moles (travesseiros, panos), e provável fratura de dentes e hemorragias punctiformes oriundas da introdução forçada do corpo estranho dentro da boca. Valor probatório diagnóstico é o achado necroscópico do corpo estranho causador da sufocação encravado no interior das vias aéreas, conjuntamente com os sinais clássicos já relatados nas asfixias em geral. c) Soterramento — É modalidade de asfixia mecânica resultante da obstrução direta das vias respiratórias quando a vítima se encontra mergulhada num meio sólido ou pulverulento. No exame cadavérico observam-se cianose e equimoses na face e no pescoço e substâncias inerentes ao meio pulverulento, como terra, cinzas, farinhas, cal e gesso na boca, na árvore respiratória, no esôfago e estômago, além de lesões traumáticas (fratura, contusões, feridas incisas) e dos sinais gerais de asfixia. d) Confinamento — É a asfixia por sufocação direta de indivíduo enclausurado em espaço restrito ou fechado, sem renovação do ar atmosférico, por esgotamento do oxigênio e aumento gradativo do gás carbônico, aumento da temperatura, alterações químicas e saturação do ambiente por vapores de água. Sufocação indireta -pela compressão do tórax ou eventualmente do tórax e abdome, em grau suficiente para impedir os movimentos respiratórios e ocasionar a morte por asfixia. É sempre homicida ou acidental. MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Em alguns vitimados por sufocação indireta poderão faltar os sinais de asfixia. Em outros, eles poderão estar presentes, representados principalmente pela máscara equimótica de Morestin ou cianose cérvico-facial, de Le Dentut, ocasionada pela estase venosa da veia cava superior consequente à compressão torácica. No cadáver poderão ser encontradas fraturas do gradil torácico, distensão e congestão dos pulmões (sinal de Valentin), com sufusões sanguíneas subpleurais, além dos sinais inerentes às asfixias em geral. AFOGAMENTO - modalidade de asfixia mecânica desencadeada pela penetração de líquidos nas vias respiratórias, por permanência da vítima totalmente ou apenas com a extremidade anterior do corpo imersa nos mesmos. O indivíduo pode vir a afogar-se no próprio sangue (afogamento interno), como no esgorjamento, por introdução hemática no alveário pulmonar, através da laringe seccionada. Ou pelo conteúdo estomacal regorgitado, na fase comatosa da embriaguez. Fases: 1 -fase de resistência - apneia voluntária, a vítima conserva-se lúcida e com os movimentos reflexos; 2-fase de exaustão- dispneia com inspirações profundas e expirações curtas, desencadeada pelo estímulo dos centros nervosos bulbares pela hipercapneia; 3- fase de asfixia, com parada respiratória, perda da consciência, insensibilidade, às vezes convulsões e morte. É na fase de dispneia que, mercê dos movimentos inspiratórios reflexos, a água penetra no sistema respiratório (bronquíolos e alvéolos) originando enfisema hidroaéreo pulmonar e espuma sanguinolenta intrabrônquica pela agitação em borbulhas do ar e pelo refluxo do sangue da cavidade aurículoventricular direita e do sistema porta. Líquido ingerido no afogamento evidentemente invade o aparelho gastrintestinal. 1ª Fase de Defesa ou Resistência: a vítima tenta conter a respiração o máximo possível, ocorrendo a contenção e a pausa, ou suspensão da respiração (apneia); 2ª Fase de Exaustão: ocorre atos respiratórios desordenados (respiração forçada e difícil), por reflexo, a vítima começa a inspirar líquido profundamente (dispneia); 3ª Fase de Asfixia: a vítima perde a consciência, tem convulsões e morre. Outros autores estabelecem etapas diferentes do afogamento. FASES DE AFOGAMENTO DE Ponsold 1ª Fase: ao cair na água, a primeira reação da pessoa é efetuar uma inspiração profunda, antes de afundar; 2ª Fase: há uma pausa respiratória voluntária (apneia inicial) para impedir a entrada de líquido nas vias respiratórias; 3ª Fase: o aumento de gás carbônico provoca irritaçãodos centros nervosos, obrigando a vítima a fazer uma respiração forçada (dispneia); 4ª Fase: começam a ocorrer convulsões asfíxicas em razão da inspiração de líquidos e estímulo dos centros nervosos; 5ª Fase: há uma parada respiratória, a boca se abre e o corpo se encolhe, constituindo uma respiração agônica e anoxia cerebral irreversível, provocando a morte. O processo de afogamento pode levar em torno de 05 a 10 minutos, dependendo da resistência individual da vítima e do tipo de líquido onde há a imersão. MED LEGAL – N4 Taíssa Lima Sinais externos atípicos — São os que se manifestam também em outras formas de morte que não o afogamento, em que o cadáver permanece por qualquer motivo submerso por certo período de tempo. a) Pele anserina ou “pele de galinha” — É determinada pela saliência dos folículos pilosos pela contração dos músculos eretores cutâneos. Situam-se frequentemente nos ombros, na região lateral das coxas e dos antebraços, constituindo o sinal de Bernt. b) Retração dos mamilos — Tem significado idêntico ao da pele anserina. c) Retração dos testículos e do pênis — Provocada pelo desequilíbrio térmico inicial entre o corpo e a massa líquida, por estímulo cremastérico. d) Temperatura baixa da pele — Tem valor relativo. e) Maceração epidérmica — Mais acentuada nas mãos e nos pés, por embebição da pele, destacando-se por grandes retalhos, ou quando nas mãos, em dedos de luva junto com as unhas. f) Rigidez cadavérica precoce. g) Cor da face — Será lívida ou azulada nos afogados brancos de Parrot, e cianosada nos mortos por submersão-asfixia. Sinais externos típicos — Caracterizam a asfixia-submersão: a) “Cabeça de negro” — É própria dos afogados por submersão em estado de putrefação; a pele da cabeça adquire cor verde e bronzeada. b) Tonalidade vermelho-clara dos livores cadavéricos — Determinada pelas alterações do sangue na asfixia- submersão (fluidez, falta de coagulação), localiza-se comumente nas regiões mais declives do corpo (cabeça, pescoço, metade superior do tronco, mãos e pés), podendo, em alguns casos, ser generalizada. c) Cogumelo de espumas — Consequente ao arejamento do muco misturado à água na traqueia e nos brônquios, somente se forma nos indivíduos que reagiram energicamente dentro d’água e aparecem sobre a boca e narinas dos que cedo foram dela retirados. d) Putrefação — Lenta enquanto a vítima está submersa, evolve rapidamente se o corpo é posto em contacto com o meio exterior. Inicia-se pela parte superior do tórax, face e depois cabeça e progride em direção descendente comprometendo todo o corpo, que assume forma gigantesca, lembrando balão inflado, de plástico. O enfisema putrefativo distendendo exageradamente o aparelho genital masculino confere ao pênis e às bolsas escrotais dimensões descomunais. DENTE ROSA - afigamento B) Inspeção interna Revela lesões provocadas pelo líquido no interior da árvore respiratória, no aparelho digestivo e no ouvido médio, e os sinais gerais de asfixia. 1) Lesões internas provocadas pelo líquido no interior da árvore respiratória: a) Presença de líquido na árvore respiratória — Encontrado em forma de espuma branca, rósea ou sanguinolenta, ocupando traqueia e brônquios, tem grande valor para afirmar afogamento e para tipificar o meio líquido (pântanos, águas doces ou salinas) em que o mesmo ocorreu. b) Presença de líquido dentro das cavidades subpleurais — Somente pode ser encontrado nas submersões prolongadas. Há quem lhe empreste pequeno significado. A explicação é dada pela passagem do sangue diluído em água dos pulmões para os espaços subpleurais, raramente provocando neles as manchas de Tardieu ou equimoses subpleurais. Maior valor têm as manchas de Paltauf, equimoses subpleurais maiores que as anteriores (2cm ou mais), de forma irregular e de coloração vermelho-clara, cujo surgimento se deve à ruptura das paredes dos alvéolos e dos capilares sanguíneos. c) Presença de corpos estranhos no interior da árvore respiratória — d) Lesões dos pulmões — Estão representadas pelo aumento de volume, menor elasticidade e distensão acentuada dos pulmões (sinal de Valentin), e pela presença de enfisema aquoso, de rupturas dos órgãos e das paredes alveolares e dos capilares sanguíneos, originando as equimoses subpleurais (e até sufusões) ou MED LEGAL – N4 Taíssa Lima manchas de Paltauf. O enfisema aquoso subpleural é explicado por Paltauf como sendo provocado pela penetração do líquido aspirado nos alvéolos e tecidos intersticiais, através da via linfática. e) Diluição do sangue — SANGUE CLARO E LÍQUIDO f) Presença de líquido no aparelho digestivo g) Presença de líquido no ouvido médio. -OBS: aqui no resumo não tem ASFIXIA POR GASES
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