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literatura infantil 2

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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LITERATURA INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Deisily de Quadros 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Bem-vindo à nossa segunda aula da disciplina Literatura Infantil. Nosso 
assunto será os gêneros literários. Para tanto, vamos percorrer a tipologia e os 
gêneros textuais para, então, adentrar nos gêneros da literatura: a narrativa, a 
poesia e o texto dramático. É muito importante o letramento literário nesses três 
conjunto de textos e, para tanto, é necessário que o professor conheça a estrutura 
de cada um deles. Pronto? Vamos lá, então! 
CONTEXTUALIZANDO 
“Era uma vez...”. Quando nos deparamos com essa expressão, já no início 
do texto, conseguimos fazer algumas antecipações sobre o que vamos ler. O que 
você pensa ao abrir um livro e ler essa expressão? Isso! Contos de fadas. E ainda 
antecipamos o que virá no texto: rei, rainha, príncipe, princesa, bem e mal e, claro, 
o “felizes para sempre”. Isso acontece porque conhecemos a estrutura própria do 
conto de fadas, que é um gênero literário. Cada tipo e gênero textual possui a sua 
estrutura e ensinar nosso aluno a ler literatura, é também ensiná-lo a perceber as 
características de cada gênero. Você sabe, por exemplo, a diferença entre fábula 
e mito? Vamos descobrir? 
TEMA 1 – TIPOLOGIA E GÊNEROS TEXTUAIS 
O que é tipo e o que é gênero textual? Você saberia a diferença? Pois bem, 
o conceito de gênero e tipo textual pode ser aplicado a qualquer texto, seja ele 
literário ou não, oral ou escrito. 
Quando falamos de sujeitos letrados, de leitores competentes, referimo-nos 
ao sujeito capaz de compreender os mais variados tipos e gêneros de textos que 
circulam na sociedade: receita, outdoor, SMS, conta de luz, conto de fadas, 
poema, música. Assim, o trabalho que a escola desenvolve com a leitura precisa 
abarcar todos os tipos e gêneros orais e escritos, literários e não literários que 
circulam culturalmente. 
Mas, afinal, o que é tipo textual? O tipo é uma superestrutura, é um conjunto 
de traços que caracterizam a estrutura de um texto, um esquema ao qual o 
discurso se adapta. 
Segundo a professora Marta Morais da Costa, “os tipos textuais surgiram 
para atender a necessidades sociais específicas para cada tipo. Também não há 
 
 
03 
uma tipologia pura, isto é, os textos apresentam, muitas vezes, contaminação 
entre eles” (Costa, 2009, p. 95). Dessa forma, ainda que haja uma divisão entre 
os tipos textuais, muitas vezes os textos são híbridos. Ademais, essa divisão não 
é um consenso entre os linguistas. Podemos encontrar uma variedade de 
categorias quanto à tipologia textual. Aqui, apresentaremos a de Isabel Solé, que 
apresenta a seguinte classificação: narrativo, descritivo, expositivo e instrutivo-
dedutivo. Acrescentaremos uma quinta categoria, que muitas vezes aparece nos 
livros didáticos: argumentativo. 
Quadro 1 – Tipos e características textuais 
TIPO CARACTERÍSTICAS 
Narrativo Apresenta sequência temporal, ou seja, os acontecimentos 
se desenrolam em uma determinada ordem. Muitos 
apresentam a seguinte estrutura: estado inicial, problema, 
ação, resolução do problema e estado final. 
Descritivo Predominam as sequências de localização. Seu objetivo é 
descrever um objeto, um local, um personagem, um 
fenômeno mediante características e comparações. 
Expositivo Apresenta sequências explicativas. O propósito desses 
textos é explicar determinados fenômenos, apresentando 
análises e sínteses das representações conceituais. 
Instrutivo-
indutivo 
São sequências imperativas. A pretensão é induzir o leitor 
com instruções, palavras de ordem. 
Argumentativo São sequências contrastivas. Há uma tese que precisa ser 
defendida com argumentos, com a finalidade de convencer o 
leitor. 
 Nossa realidade social e cultural apresenta uma circulação generosa 
desses tipos textuais. Assim, apresentar ao aluno apenas um dos tipos não é 
viável, empobrece o processo de letramento. Segundo a professora Marta Morais 
da Costa, “[...] o estudo dos tipos textuais contribui para a diversificação e a 
complexificação necessárias à formação de um leitor crítico, competente e 
proficiente” (Costa, 2009, p. 95). 
 Exposta a tipologia textual, vamos aos gêneros? Enquanto os tipos não são 
mais do que 5, os gêneros são muitos, incontáveis. São muitos os gêneros 
materializados, circulando na sociedade, que encontramos em nosso cotidiano. 
 
 
04 
Pense: desde que você acorda, até o fim do dia, com quais gêneros textuais tem 
contato? Agenda telefônica, bloco de notas, placas de trânsito, outdoors, jornal, 
lista de compras, SMS, identificação do ônibus, crachá, enfim... 
 O que define um gênero textual são características sociocomunicativas 
definidas por conteúdos, funções, estilo e composição. Não são estáticos, se 
transformam com o tempo, de acordo com as necessidades sociais. Você saberia 
mencionar um gênero que não é mais utilizado? E outro que surgiu recentemente? 
 Cada tipo textual pode ser comparado a um guarda-chuva, que abriga uma 
infinidade de gêneros textuais. Veja alguns exemplos: 
Quadro 2 – Tipos e gêneros textuais 
TIPO GÊNERO 
Narrativo Romance, conto, lenda. 
Descritivo Dicionário, guia turístico, inventário. 
Expositivo Enciclopédia, entrevistas, verbetes. 
Instrutivo-indutivo Manuais de instrução, receita, 
propaganda. 
Argumentativo Texto de opinião, editorial, resenha. 
 Assim, é de extrema importância que na escola circulem os tipos e gêneros 
que estão presentes na sociedade. É importante também apresentar os textos nos 
seus suportes para que o aluno perceba que os textos existem e têm vida fora do 
livro didático. Dessa forma, estaremos formando leitores competentes, capazes 
de atuar criticamente na leitura da diversidade textual com a qual nos deparamos 
no dia a dia. 
TEMA 2 – GÊNEROS DA LITERATURA 
Na literatura, também temos a divisão de gêneros textuais, que devem ser 
levados em conta no momento de trabalhar com a literatura infantil em sala de 
aula, pois o modo como estão caracterizados requer um trabalho diferenciado do 
professor. 
Segundo Machado, em Glossário Ceale, “os estudos de gêneros literários 
buscam identificar estabilidades que podem ser reconhecidas, podendo favorecer 
a compreensão dos textos lidos e ouvidos que a literatura oferece”. Assim, temos 
características específicas que marcam cada um dos gêneros literários e um leitor 
competente sabe identificá-las e transitar por elas durante a leitura. 
 
 
05 
Os gêneros literários, de acordo com Bakhtin (1992), não são estáticos: 
transformam-se no tempo. Isso porque os textos da literatura dialogam com o 
espaço, com o tempo, com a cultura, com as gerações, com a oralidade e com a 
escrita. Dessa forma, os gêneros se reinventam e também se tornam híbridos, ou 
seja, há textos que se apresentam enquanto uma mistura de diferentes gêneros. 
Cabe ainda ressaltar o diálogo entre texto escrito e imagem que caracteriza 
os gêneros da literatura infantil, ou seja, da literatura endereçada para as crianças. 
As cores, as formas, os traços, enfim, os componentes das imagens também 
precisam ser lidos e produzem efeitos ao leitor, sempre no entrelaçamento com o 
texto verbal. 
Temos dois grandes grupos que abarcam os gêneros literários: narrativa 
(texto em prosa) e poesia (texto em verso). Observe os dois exemplos: 
Texto 1 – A cigarra e a formiga 
Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho 
para secar suas reservas de comida. Depois de uma chuvarada, os 
grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra: 
- Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida! 
As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra seus princípios, 
e perguntaram: 
- Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se 
lembrou de guardar comida para o inverno? 
Falou a cigarra: 
- Para falar a verdade, não tivetempo, passei o verão todo cantando! 
Falaram as formigas: 
- Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno 
dançando? 
E voltaram para o trabalho dando risadas. 
Moral da história: 
Os preguiçosos colhem o que merecem. 
Texto disponível em: 
<https://books.google.com.br/books?id=wh9jbqaaqbaj>. p. 74-75. 
Acesso em: 3 dez. 2017. 
Texto 2 
Cadê o toucinho 
que estava aqui? 
O gato comeu. 
Cadê o gato? 
Foi pro mato. 
Cadê o mato? 
O fogo queimou. 
Cadê o fogo? 
A água apagou. 
Cadê a água? 
O boi bebeu. 
Cadê o boi? 
Foi carregar trigo. 
Cadê o trigo? 
A galinha espalhou. 
Cadê a galinha? 
Foi botar ovo. 
 
 
06 
Cadê o ovo? 
O frade bebeu. 
Cadê o frade? 
Está no convento. 
Você percebe a diferença entre esses dois textos? No primeiro exemplo 
temos uma das fábulas de Esopo: “A cigarra e a formiga”. É uma narrativa. Por 
quê? Veja: temos a presença de um narrador, personagens que atuam num tempo 
e num espaço, e uma estrutura por meio da qual se desenvolvem os 
acontecimentos da história ficcional: situação inicial, desenvolvimento, problema, 
solução do problema e situação final. 
Já no segundo exemplo temos um poema folclórico, ou seja, um texto 
poético. Antes de lê-lo, visualizando apenas o seu formato, o leitor que conhece 
as características da poesia já reconhece que se trata de um poema: nesse caso, 
apresenta versos, estrofes e rima. 
TEMA 3 – NARRATIVA 
As narrativas existem desde o início da humanidade, pois o ser humano 
sempre contou histórias, seja narrando situações ocorridas no dia a dia, como na 
caça, ou inventando situações para tentar explicar fenômenos que desconhecia. 
Com o surgimento da escrita, as narrativas que antes eram orais ou 
registradas por desenhos passam a ser escritas. As histórias povoam nosso 
imaginário desde a mais tenra idade. Quer ver? Pense no seu repertório de 
narrativas. Quantas conhece? Já pensou em fazer uma lista? 
O trabalho na escola com a literatura infantil precisa contemplar os 
diferentes gêneros da narrativa, pois cada um deles apresenta características 
próprias. Além da classificação em gêneros, ou seja, da estrutura – que mais uma 
vez não é unânime entre os teóricos – a professora Marta Morais da Costa traz 
outras classificações apresentadas por Vera Teixeira Aguiar, como personagens, 
temáticas e efeitos. Vale a leitura do livro base da disciplina. 
Quanto à estrutura, cada gênero literário exige diferentes modos de ler do 
leitor. Podemos classificar os textos narrativos em mito, lenda, fábula, apólogo, 
conto, novela e crônica. Vamos ler o seguinte texto? 
Como nasceram as estrelas 
Numa aldeia indígena, algumas mulheres tinham colhido milho para 
fazer pão. Mas as crianças roubaram as sementes de suas mães e as 
levaram para a vovó. 
A vovó fez para elas alguns pãezinhos deliciosos. Com medo de que as 
mães descobrissem o furto, elas cortaram a língua da vovó e fugiram 
para a floresta. 
 
 
07 
Lá, pediram a um colibri que amarrasse um cipó no céu para que 
pudessem subir, escapando, assim, de suas mães, que as procuravam. 
Como castigo, as crianças tiveram que ficar olhando para a Terra todas 
as noites, cuidando de suas mães, que sofriam de saudade. E esses 
olhos sempre abertos tornaram-se estrelas. 
 A qual gênero da narrativa pertence essa história? Você saberia dizer? “A 
origem das estrelas é um mito. Isso porque é uma “narrativa atemporal que 
procura explicar a gênese, a origem de seres e coisas, de forma não racional, 
lógica e histórica (...)” (Costa, 2009, p. 73). Ou seja, é uma história que não tem 
autoria, não sabemos quando foi escrita e que procura explicar o surgimento de 
algo: das estrelas, de certas tribos indígenas, do guaraná, das Cataratas do 
Iguaçu. A busca humana de explicações de tudo o que acontece a nossa volta 
fortaleceu os mitos, que sempre existiram, pois o homem primitivo já questionava 
a origem do que existia no mundo e apresentava situações sobrenaturais para 
explicar a realidade. 
 Vamos ao próximo texto? 
Boitatá 
Diz a lenda que há muito tempo atrás, uma noite se prorrogou muito 
parecendo que nunca mais haveria luz do dia. Era uma noite muito 
escura, sem estrelas, sem vento, e sem barulho algum dos bichos da 
floresta, era um grande silêncio. Os homens viveram dentro de casa e 
estavam passando fome e frio. Não havia como cortar lenha para os 
braseiros que mantinham as pessoas aquecidas, nem como caçar 
naquela escuridão. Era uma noite sem fim. Os dias foram passando e a 
chuva começou, choveu muito, esta chuva inundou tudo e muitos 
animais acabaram morrendo. Uma grande cobra que vivia em repouso 
num imenso tronco despertou faminta e começou a comer os olhos de 
animais mortos que brilhavam boiando nas águas. Alguns dizem que 
eles brilhavam devido a luz do último dia em que os animais viram o sol. 
De tanto olhos brilhantes que a cobra comeu, ela ficou toda brilhante 
como fogo e transparente. A cobra se transformou num monstro 
brilhante, o Boitatá. Dizem que o Boitatá assusta as pessoas quando 
elas entram na mata à noite. Mas muitos acreditam que o Boitatá protege 
as matas contra incêndios. 
 E essa narrativa? Pertence a qual gênero? É uma lenda. As lendas, como 
os mitos, não têm autoria. Possuem uma base histórica, podendo ser criação 
coletiva do povo, e apresentam versões diferentes, pois eram inicialmente orais. 
“(...) A lenda, em seu princípio, não é senão a história das primeiras lutas do 
homem, de sua ignorância e de sua ânsia por desvendar o mistério que o rodeia 
e o aprisiona” (Sosa, 1978, p. 109). Ou seja, essas histórias eram criadas com o 
relato do povo para explicar, pelo viés do sobrenatural, da idealização e do 
exagero, situações e acontecimentos vividos ou experimentados. 
 Mais um texto para fruição e reflexão. 
A raposa e o leão 
 
 
08 
Um dia, o leão fingiu-se de doente. Como ele era o rei, muitos bichos 
foram visitá-lo. Cada um que chegava à entrada da caverna era 
chamado pelo leão para vê-lo de perto. Mas, na verdade, o leão comia 
cada um deles. 
 Quando a raposa chegou, o leão convidou-a para entrar. Então, 
ela respondeu: 
 - Não vou entrar porque não quero incomodá-lo. Sua caverna deve 
estar muito cheia, pois um monte de bichos entrou aí e até agora nenhum 
saiu. 
 “A raposa e o leão” apresenta quais características? A fábula é 
protagonizada por animais que apresentam comportamentos humanos, é um texto 
curto e há uma moral implícita ou explícita no início ou no fim do texto. A lição 
moral condiciona a interpretação desse gênero textual caracterizado pela 
“presença do animal, colocado em situação humana e caracterizando símbolos, 
dentro de um contexto universal” (Coelho, 1991, p. 148). Essa fábula, por 
exemplo, traz a simbologia da esperteza da raposa e da força do leão, e a moral 
de que a esperteza vence a força. As fábulas surgiram no Oriente e foram sendo 
reinventadas com o tempo. Chegaram ao Ocidente pelas mãos do grego Esopo 
e, atualmente, convivendo com as fábulas tradicionais, temos as fábulas 
modernas, muitas delas criadas para a escola. 
 Outro gênero da narrativa é o apólogo. A estrutura que apresenta é muito 
semelhante à da fábula: texto curto, personagens com comportamento humano e 
uma moral implícita ou explícita no início ou no fim do texto. Mas, então, qual é a 
diferença entre uma fábula e um apólogo, você deve estar se perguntando. São 
os personagens. Enquanto na fábula os personagens são animais, no apólogo os 
personagens são objetos inanimados que ganham comportamento humano. Um 
apólogo muito conhecido e que você pode pesquisar na internet é “A linha e a 
agulha”, de Machado de Assis. 
 Vamos falar agora do conto. Os contos têm a sua origem nos mitos e 
trazem, por meio da ficção, acontecimentos humanos e sociais que atravessam 
gerações, pois correspondem a valores e características permanentes do ser 
humano. São narrativas curtas,com uma ação única, poucos personagens, tempo 
e espaço reduzidos e poucos acontecimentos. Por ser uma narrativa curta, assim 
como a fábula, a lenda e o mito, é muito trabalhado na escola. Nelly Novaes 
Coelho divide os contos em três categorias: contos de encantamento, contos 
maravilhosos e contos de fadas. 
 Os personagens, nos contos de encantamento, necessitam de auxílio de 
objetos sobrenaturais, como amuletos e varinhas de condão para resolver os 
problemas que aparecem no enredo extraordinário. Os contos maravilhosos 
 
 
09 
apresentam uma visão mágica da realidade. E os contos de fadas têm na fada o 
personagem provido de poderes mágicos para auxiliar a pessoa que ficará sob 
sua proteção. 
 Somados à essa classificação, há ainda os contos do cotidiano, que trazem 
conflitos e personagens do nosso dia a dia, contos de aventura, contos com 
enigmas, dentre outros. São exemplos de conto: “Aladim e a lâmpada 
maravilhosa”, “João e o pé de feijão”, “Cinderela”, “Chapeuzinho Vermelho”, 
dentre outros. 
 A novela é outro gênero da narrativa. Denominada por alguns teóricos de 
romance, apresenta muitos personagens, várias ações simultâneas, se 
desenvolve num tempo maior e em vários cenários e, muitas vezes, apresenta 
mais de um problema. Portanto, a extensão do texto é mais longa que o conto. 
Um exemplo é “Harry Potter”. 
 E a crônica? Como o conto, é uma narrativa curta. Trata de assuntos do 
nosso cotidiano, trazendo para o leitor, por meio do trabalho com a palavra, o 
lírico, a poesia, a sensibilidade e a emoção. Trata normalmente do tempo 
presente, por isso, é um texto datado, que envelhece. Estão presentes em livro, 
mas também são veiculadas em jornais. Domingos Pellegrini, Carlos Drummond 
de Andrade são cronistas muito presentes na sala de aula. 
 Quer experimentar a leitura de crônicas? Que tal procurar na internet pela 
cronista do jornal Zero Hora, Martha Medeiros? Ela tem também crônicas 
publicadas em livros como “Doidas e Santas”, de 2008, por exemplo. Experimente! 
Vai ser uma experiência interessante, pode ter certeza! 
 Vamos encerrar com um quadro, apresentando as principais características 
e um exemplo de cada um dos gêneros da narrativa? 
Quadro 3 – Exemplos dos gêneros da narrativa 
GÊNERO CARACTERÍSTICA EXEMPLO 
Mito História que não tem autoria, não 
sabemos quando foi escrita e que 
procura explicar o surgimento de 
algo 
As Cataratas do Iguaçu 
Lenda Histórias criadas com o relato do 
povo para explicar, pelo viés do 
sobrenatural, da idealização e do 
Curupira 
 
 
010 
exagero, situações e 
acontecimentos vividos ou 
experimentados. 
Fábula História que é protagonizada por 
animais que apresentam 
comportamentos humanos, é um 
texto curto e há uma moral implícita 
ou explícita no início ou no fim do 
texto. 
O leão e o ratinho 
Apólogo Texto curto, personagens são 
objetos inanimados com 
comportamento humano e há uma 
moral implícita ou explícita no início 
ou no fim do texto. 
A caneta e o papel 
Conto Narrativas curtas, com uma ação 
única, poucos personagens, tempo 
e espaço reduzidos e poucos 
acontecimentos. 
Pinóquio, de Collodi 
Novela Apresenta muitos personagens, 
várias ações simultâneas, se 
desenvolve num tempo maior e em 
vários cenários e, muitas vezes, 
apresenta mais de um problema. 
A bolsa amarela, de 
Lygia Bojunga 
Crônica Narrativa curta, trata de assuntos do 
nosso cotidiano, normalmente do 
tempo presente. 
Fala, amendoeira, de 
Drummond 
TEMA 4 – POESIA 
Muitos poetas e uma grande variedade de formas de poemas compõem a 
poesia brasileira. Assim, há um vasto acervo que pode ser levado para a sala de 
aula. No entanto, há a crença de que a poesia é difícil e dispersa a criança. Na 
verdade, o ritmo e a metáfora, tão presentes nos poemas, são naturais na infância, 
como afirma Cunha: 
[...] é muito comum compararmos a criança e o poeta. Realmente, o 
mundo infantil é cheio de imagens, como o campo da poesia. A fantasia 
 
 
011 
e a sensibilidade caracterizam ambos. [...] É fácil entender, portanto, por 
que entre as formas de arte a criança prefira primeiro a música, depois 
a poesia” (Cunha, 1983, p.93). 
 Assim, o que acontece, muitas vezes, é a má escolha do poema: com uma 
linguagem que vai além do nível de leitura em que a criança se encontra, ou o 
contrário, pouco desafiador. É preciso tomar ainda o cuidado com os poemas 
didáticos, que não são produzidos por poetas, mas pelo próprio autor do livro e 
traz todo um ranço de lição de moral, ficando a linguagem poética em segundo 
plano. 
 E o que é poesia? “Poesia é transfiguração da realidade objetiva ou 
subjetiva em expressão de beleza e de contemplação emocional. É o encontro e 
a harmonização do eu existencial com o eu poético, realizando a revelação do ser, 
da essência” (Carvalho, 1982, p. 223). Dessa forma, a poesia é linguagem poética 
e simbólica, que apresenta ritmo e sonoridade num estreito diálogo com a temática 
(semântica). Pode ainda apresentar rimas, versos, estrofes – ou não. 
 Resultado da sensibilidade, a poesia deve ser sentida em toda a sua 
emoção e beleza, em toda a sua riqueza estética. Para tanto, é muito importante 
que não tenha cunho pedagógico. 
A primeira distinção apresentada no livro base da disciplina pela professora 
Marta Morais da Costa é entre a poesia autoral e a poesia folclórica. A poesia 
autoral são textos com o autor identificado. Por exemplo: os poemas do livro “Ou 
isto, ou aquilo”. Sabemos que a autora é a Cecília Meireles. Já a poesia folclórica 
é formada por aqueles poemas que atravessam gerações e já fazem parte do 
repertório popular: não sabemos quem é o autor. São trava-línguas, parlendas, 
cantigas, quadrinhas, enfim, poemas que caracterizam a nossa cultura e podem 
ensinar o aluno a gostar de poesia. Como exemplo, “Roda Cotia” e “Ciranda 
cirandinha”. Podemos também pensar em quatro grandes grupos de poemas: 
narrativo, descritivo, expositivo e misto. 
 Vejamos o primeiro exemplo: 
Macaco foi à feira 
Macaco foi à feira 
Não tinha o que comprar 
Comprou uma cadeira 
Pra comadre se sentar 
A comadre se sentou 
A cadeira esborrachou 
Tadinha da comadre 
Foi parar no corredor 
 
 
012 
 Esse é um exemplo de poesia folclórica, pois não tem autoria. É uma 
parlenda. É também um poema narrativo, pois narra uma história e os 
personagens participam de uma ação linear (a história contada apresenta a 
sequência começo, meio e fim). É, portanto, um poema – está estruturado em 
versos e faz o uso de recursos poéticos como a metáfora – que conta uma história. 
 Mais um exemplo: 
Era uma bruxa 
À meia-noite 
Em um castelo mal-assombrado 
Com uma faca na mão 
Passando manteiga no pão 
 Essa parlenda é um exemplo de poema descritivo. Nesse texto, 
predomina a caracterização sobre a ação. Pode haver a descrição de pessoas, 
lugares, objetos, paisagens, sentimentos. A bruxa é descrita de maneira inusitada: 
no mundo poético se abrem muitas possibilidades de criação e exercício do 
imaginário. 
 Agora, um exemplo de poema expositivo: 
“A Pátria 
Ama, com fé e -orgulho a terra que nasceste! 
Criança, não verás país nenhum como este! 
Olha que céu! Que mar! Que rios! Que floresta! 
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, 
É um seio de mãe a transbordar carinhos. 
(...)” 
 O trecho inicial do poema de Olavo Bilac (1904), expõe ideias e explicações 
sobre a necessidade de amar a Pátria, ou seja, o Brasil. O um poema com ideal 
ufanista. Os poemas expositivos apresentam características, como explicações, 
explanações, dissertação sobre o mundo, pessoas, ideias. 
 E o quarto tipo: o poema misto: 
Hoje é domingo 
Hoje é domingo 
Pede cachimbo 
 
O cachimbo é de barro 
Bate no jarro 
O jarro é ouro 
 
Bate no touro 
O touro é valente 
Machuca a gente 
 
A gente é fraco 
Cai no buraco 
O buraco é fundo 
Acabou-se o mundo 
 
 
013 
 
 Nessa parlenda, que é um poema folclórico de domíniopúblico, há 
narração e descrição. Narração, porque há uma sucessão de ações. Descrição 
porque há a caracterização do cachimbo, do jarro, do touro, da gente, do buraco 
com o uso de adjetivos. Assim, temos o poema misto. 
Saiba mais 
O grupo palavra cantada tem essa parlenda gravada. Vale a pena conferir 
na internet. 
 
 
 Vamos encerrar os gêneros da poesia com um mapa conceitual? 
Figura 1 – Mapa conceitual 
 
 
Pode ser 
 
 
Dividem-se em 4 grupos 
 
 Fica também uma dica: o trabalho com a poesia visual em sala de aula. A 
combinação entre imagem, recursos gráficos e palavra no papel cativa de 
imediato o público infantil. A poesia visual passou a se configurar no cenário 
brasileiro na década de 1970, sendo fruto do fim do ciclo histórico dos versos 
instaurado pelos concretistas. É de grande valia a pesquisa e leitura de autores 
como Sérgio Capparelli, José Paulo Paes, Fernando Paixão e Paulo Leminski. 
 
POESIA 
AUTORAL FOLCLÓRICA 
NARRATIVA DESCRITIVA EXPOSITIVA MISTA 
 
 
014 
TEMA 5 – O TEXTO DRAMÁTICO 
O teatro para crianças no Brasil surgiu apenas no Século XIX. Era tratado 
como “teatrinho”, pois era considerado uma arte menor e tinha uma dimensão 
pedagógica muito forte e muitas vezes patriótica, como é o caso das peças 
escritas por Olavo Bilac, Coelho Neto e Figueiredo Pimentel. Somente após a 
década de 1940 é que o teatro infantil sai das mãos de educadores e surgem 
peças não mais vinculadas ao pedagógico, como “O casaco encantado” (1948), 
de Lúcia Benedetti, e “O boi e o burro no caminho de Belém” (1950), de Maria 
Clara Machado. 
O teatro, para se concretizar no palco, é antes literatura, ou seja, texto 
dramático. Em outras palavras, a arte cênica tem como alicerce básico o texto. O 
texto dramático, assim como a narrativa e a poesia, tem também as suas 
especificidades. Por ser criado para concretizar-se no palco, carrega em sua 
estrutura algumas marcas próprias, como o intenso diálogo entre os personagens 
e as rubricas. 
Observe o exemplo: 
SEBASTIÃO 
Deve ser aqui! Veja o mapa, Julião! 
JULIÃO 
Veja você, Sebastião. (Troca o mapa pela vela do Sebastião.) 
SEBASTIÃO É melhor o João ver; João é o encarregado do mapa. 
(Troca a garrafa com João e bebe um traguinho. Fazem várias vezes 
este jogo de trocar.) 
JOÃO (Com o mapa) Uma casa perdida na areia branca perto do mar 
verde...Deve estar por perto...Pega na luneta, Julião. 
Esse é um trecho extraído do início do texto dramático “Pluft, o 
fantasminha”. O texto escrito por Maria Clara Machado, em 1955, apresenta 
elementos da dramaticidade; consegue identificar? Por que não é uma narrativa? 
Por que não é um poema? 
O texto dramático, como é criado para ser encenado no palco, traz signos 
teatrais em sua estrutura: o nome do personagem cada vez que aparece a sua 
fala, um intenso diálogo entre os personagens, que determina a ação, e as 
rubricas (ou didascálias), que, no exemplo dado, estão entre parênteses, mas 
podem vir destacadas no texto com o itálico ou ainda negrito. 
E para que servem as rubricas? As rubricas dão indicações importantes na 
história, auxiliando os personagens a realizarem as suas ações, a organização do 
cenário, a dinâmica no palco. Podem indicar os gestos, o ambiente, a época, 
interpretação, movimento. 
 
 
015 
O texto dramático pode ainda estar dividido em atos, divisão clássica feita 
pelo sentido da peça, em quadros, determinados pela troca de ambientes, e em 
cenas, marcadas cada vez em que um personagem entra ou sai do palco. 
Dessa forma, a leitura do texto dramático exige um leitor que identifique, 
que perceba esses signos teatrais e que seja capaz de transformar as palavras 
impressas e organizadas nas páginas do livro, em imagens vivas. 
Cabe aqui uma ressalva muito importante ao professor: é preciso 
compreender a estrutura do texto dramático para promover a leitura com os 
alunos. E, caso opte por encenar um texto dramático em sala, materializando-o 
por meio da encenação, lembre-se de que o teatro, assim como a literatura, é arte. 
Assim, fuja do teatro de cunho apenas pedagógico e procure por textos dramáticos 
que trazem riqueza estrutural e temática, como a obra de Maria Clara Machado. 
“Pluft, o fantasminha”, “O cavalinho azul”, “A bruxinha que era boa”, “A menina e 
o vento”. 
FINALIZANDO 
Discutimos, nesta aula, três grandes grupos de textos que abarcam os 
gêneros textuais da literatura: narrativas, poesia e texto dramático. Cabe ao 
professor apropriar-se desses textos para que torne possível o acesso aos mais 
variados gêneros literários na sala de aula. O letramento deve ocorrer neste 
sentido: o aluno precisa reconhecer em cada texto a sua estrutura própria. Assim, 
transitará pelos mais variados textos da literatura infantil, fruindo e compreendendo-
os em suas especificidades, deixando-se encantar pela arte da palavra, pelo 
imaginário, pela fantasia e pela beleza das palavras no papel. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
CARVALHO, B. V. de. A literatura infantil: visão histórica e crítica. São Paulo: 
Edart, 1982. 
COELHO, N. N. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil. São Paulo: 
Ática, 1991. 
COSTA, M. M. da. Literatura infantil. Curitiba: IESDE, 2009. 
CUNHA, M. A. A. Poesia da escola. São Paulo: Discubra, 1976. 
ESOPO. A Cigarra E A Formiga. Disponível em: 
<https://books.google.com.br/books?id=Wh9JBQAAQBAJ>. p. 74-75. Acesso em: 
2 dez. 2017. 
MACHADO, M. C. Pluft, o fantasminha. São Paulo: Ática, 2002. p. 9-10. 
MACHADO, M. Z. V. Gêneros literários para crianças. In: Termos de 
alfabetização, leitura e escrita para educadores. Glossário Ceale. Disponível 
em: <http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/generos-
literarios-para-criancas>. Acesso em: 2 dez. 2017. 
 SOSA, J. A literatura infantil: ensaio sobre a ética, a estética e a Psicopedagogia 
da literatura infantil. São Paulo: Cultrix/USP, 1978.

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