Buscar

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA-H)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 71 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 71 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 71 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” 
AVM FACULDADE INTEGRADA 
 
 
 
 
 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE 
(TDA-H): COMO A NEUROCIÊNCIA ANALISA AS CAUSAS, 
DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTOS EM CRIANÇAS, 
ADOLESCENTES E ADULTOS COM BASE NO DSM-5 
 
 
Por: Fabrinny Araujo da Silva 
 
 
 
Orientadora 
Profª. Marta Pires Relvas 
 
 
Rio de Janeiro 
2014 
DO
CU
ME
NT
O 
PR
OT
EG
ID
O 
PE
LA
 LE
I D
E D
IR
EIT
O 
AU
TO
RA
L
 
 
 
 
10 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
A história do Patinho Feio (ANDERSEN, 1843) é uma das mais 
conhecidas no mundo todo e atravessa de geração em geração. Esse conto 
narra a história de um pato que na opinião dos outros patos e animais, era 
muito “feio”. Por ser diferente da sua “família”, ele era menosprezado, 
perseguido e ofendido por todos, inclusive por sua própria “mãe”. Após deixar 
seu lar em busca de uma nova família e amigos que o aceitassem, conheceu 
um grupo de cisnes para então descobrir sua real condição: era na verdade um 
belo cisne. 
 
Esse conto destaca uma verdade fundamental. O que pode ser “feio” 
para uns, para outros é algo muito bonito, pois a percepção da essência e real 
beleza dependerão do ambiente e maneira como os pares enxergam as 
qualidades e defeitos. E nem sempre o que enxerga-se ao primeiro momento 
pode evidenciar a realidade de uma pessoa. Às vezes precisa-se de certo 
tempo para que essas virtudes possam ser observadas. Pode-se dizer que as 
pessoas que sofrem algum tipo de transtorno de aprendizagem e de 
desenvolvimento, de certa forma, podem ser comparadas a um “patinho feio”. 
 
O sofrimento que ele foi submetido se assemelha aos desgostos 
daqueles que passam pelo Bullying1 na escola, no local de trabalho ou mesmo 
dentro da própria família. As crianças, adolescentes e até mesmo adultos 
sofrem Bullying, por vários motivos: por ser gordinho, por ser muito magro, 
muito alto, muito baixo, por ter nascido em outra região do país e outros 
motivos bem supérfluos. 
 
1 Bullying é uma situação caracterizada por atos agressivos verbais ou físicos de maneira 
repetitiva por parte de um ou mais alunos contra um ou mais colegas. O termo inglês refere-se 
 ao verbo “ameaçar, intimidar”. O bullying é algo agressivo e negativo, executado 
repetidamente e ocorre quando há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Desta 
forma, este comportamento pode ocorrer em vários ambientes, além da escola: em 
universidades, no trabalho ou até mesmo entre vizinhos (CECB). 
 
 
 
 
11 
Assim como o patinho feio aqueles que sofrem de um Transtorno do 
Desenvolvimento passam pelo Bullying por quase toda sua vida. São mal 
interpretados e considerados como relapsos, preguiçosos, mal-educados, sem 
interesses para o estudo, trabalho, etc e até mesmo são vistos como alguém 
sem caráter e sem moral. Simplesmente por que em geral não conseguem 
realizar as simples coisas do dia-a-dia com a mesma facilidade da maioria, ou 
pelo menos, da maneira que a sociedade espera. Muitos destes são também 
acometidos de outros males ou comorbidades2 que ampliam em muito o 
desajuste social. 
 
O cisne filhote da história foi equivocadamente comparado a um patinho 
sem beleza, sem atributos, desprovido de qualidades e por isso foi desprezado 
por todos os quais ele convivia desde o seu nascimento, crescimento até a 
idade adulta. Somente após o seu pleno desenvolvimento é que suas 
qualidades foram observadas. Foi necessário tempo para que os atributos 
fossem percebidos. Da mesma forma, para muitas pessoas com Transtornos 
de Aprendizagem e/ou Desenvolvimento, o tempo é fundamental para 
aperfeiçoarem as suas qualidades e aprenderem a lidar com esse “cérebro 
hiperativo”. 
 
Não há um consenso na literatura sobre a utilização dos termos 
“transtornos, distúrbios, dificuldades e problemas” relacionados a 
aprendizagem. Porém, pode-se resumir dizendo que “transtornos e distúrbios” 
se referem a uma questão patológica, congênita e que pode ser diagnosticada 
na infância e afetam diretamente os processos de aprendizagem. Exemplos de 
Transtornos de Aprendizagem são a dislexia, discalculia e disgrafia que serão 
abordadas numa seção mais a frente. Por outro lado, os termos “dificuldades e 
problemas de aprendizagem” se relacionam a problemas de questões sociais 
e/ou orgânicas (doenças crônicas) em um determinado período da vida da 
 
2 Comorbidade é um termo usado para descrever a ocorrência simultânea de dois ou mais 
problemas de saúde em um mesmo indivíduo. Esse é um fenômeno frequente na prática 
clínica, e sua identificação é um fator importante que afeta tanto o prognóstico dos pacientes 
como a conduta terapêutica do médico (Tdah.net.br) 
 
 
 
 
12 
pessoa que afetam secundariamente a maneira que o indivíduo terá em seu 
processo de aprendizagem. Estes são considerados dificuldades de 
aprendizagem (NUTTI, 2002). 
 
Há também os “transtornos do desenvolvimento” que se relacionam a 
distúrbios neurobiológicos caracterizados por prejuízos severos e invasivos em 
diversas áreas do desenvolvimento. Dentre alguns tipos transtornos de 
desenvolvimento que poderiam se encaixar perfeitamente na situação do 
“patinho feio”, o trabalho aqui apresentado irá destacar o Transtorno do Déficit 
de Atenção (TDA)3. 
 
O TDA é “um transtorno psiquiátrico, neurobiológico, mais comum da 
infância e da adolescência, de causas ainda desconhecidas, mas com forte 
participação genética na sua etiologia” (RELVAS, 2011, p.88). Caracteriza-se 
principalmente por um acelerado modo de pensar. Os sintomas básicos são a 
desatenção, impulsividade e hiperatividade. Como dito anteriormente, não é 
considerado um Transtorno de Aprendizagem, mas seus sintomas podem 
interferem nas habilidades e conquistas acadêmicas daqueles que são 
acometidos ( SILVA, 2009). Em um capítulo a frente será abordado com mais 
detalhes o TDA, sua origem, diagnósticos e tratamentos e intervenções 
eficazes aplicados na fase infantil, adolescência e adulta. 
 
Cabe dizer neste ponto que a pessoa TDA (criança, adolescente ou 
adulto) não é desprovida de inteligência ou mesmo é alguém inferior no quesito 
intelectual ou moral. Pelo contrário, em muitos casos, o portador de TDA, 
quando consegue superar ou lidar melhor com esse desajuste cerebral (se 
concentrando mais detidamente em suas atividades) evidencia uma inteligência 
igual as das outras pessoas consideradas “normais”. 
 
3 
Será utilizada neste trabalho a Sigla TDA (Transtorno do Déficit de Atenção) ao invés da mais 
usual TDA/H (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) pelo fato de descrever a 
gama de manifestações desse transtorno, pois conforme será explicado no decorrer do estudo, 
nem sempre o portador dessa disfunção apresentará a hiperatividade ou impulsividade nos 
traços da sua personalidade, mas sempre apresentará traços de desatenção (SILVA, 2009). 
 
 
 
 
13 
Resumidamente, explica-se que o portador de TDA apenas possui 
dificuldades de concentração, não terminando aquilo que ele se propõe a fazer. 
Para muitos destes a hiperatividade e impulsividade também é bem evidente. 
Mas a pessoa TDA pode se destacar em muitas outras áreas conforme pode 
ser entendido com base na teoria das inteligências múltiplas. 
 
Segundo a teoria de Howard Garner (GARDNER, 1995 apud 
TRAVASSOS, 2001) todas as pessoas possuem tipos diferentes de 
inteligência, associadas ou não, as quais ele denominou de “múltiplas 
inteligências”. De acordo com essa visão nem todas as pessoas possuem os 
mesmos interesses e habilidades. Cada pessoa tem a sua maneira, tempo para 
aprender e podem se destacar em sete áreas principais ou sete inteligências 
principais: (1) Inteligências Linguísticas; (2) Inteligências Lógico-Matemática;(3) Inteligência Espacial; (4) Inteligência Musical; (5) Inteligência Corporal-
Cinestésica; (6) Inteligência Interpessoal e (7) Inteligência Intrapessoal. 
 
O indivíduo com TDA pode ser considerado num primeiro momento 
inapto em algum tipo de Inteligência, mas pode se destacar em muitos outros 
tipos. Cabe a escola, a família e a sociedade como um todo, respeitar as 
diferenças e ajudá-los a desenvolver suas melhores aptidões e não 
menosprezá-los e assim transformá-los num “patinho feio”. 
 
Desta forma, em face do que foi apresentado até agora, é proposto 
realizar nesse trabalho de conclusão de curso os seguintes objetivos: 
 
Objetivo geral: 
 
 Apresentar as origens, diagnósticos e tratamentos para o Transtorno de 
Déficit de Atenção em crianças, adolescentes e adultos. 
 
 
 
 
 
 
 
14 
Objetivos específicos: 
 
 Mostrar as principais teorias para a origem do TDA no córtex cerebral; 
 
 Analisar as influências do TDA nas fases infantis, adolescência e adulta; 
 
 Apresentar os desafios da vida do TDA, em especial na área 
educacional. 
 
 Apresentar os diagnósticos, tratamentos e intervenções eficazes para 
ajuda aos portadores de TDA com base no Manual de Diagnósticos 
Estatísticos de Saúde Mental V. 
 
O trabalho aqui apresentado justifica-se pelo fato de que ao assunto 
ainda é um tabu para muitas pessoas ocasionando preconceitos e situações 
embaraçosas aos que sofrem do Transtorno do Déficit de Atenção. Desta 
forma, intencionamos produzir um material teórico que possa servir de base 
para profissionais da educação que possam estar vivenciando essa situação 
em suas classes; pais e outros responsáveis que convivem com portadores de 
TDA e para todos aqueles interessados no assunto que desejam se aprofundar 
nesse mundo tão controvertido e ao mesmo tempo espetacular da 
neurociência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
CAPÍTULO I - HISTÓRICO E DEFINIÇÕES SOBRE O 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - TDA 
 
. 
“Triste, novamente saiu nadando. O tempo ia passando e a 
rotina era a de sempre. Com a chegada do outono, as folhas 
das árvores começaram a ficar amareladas e foram caindo, 
espalhando-se pelo chão” (ANDERSEN, 1834). 
 
 
 Ao retornar essa passagem da história do “patinho feio”, toca-se num 
ponto chave e frequente em relação aos que sofrem do TDA. Invariavelmente 
eles são julgados e colocados à parte das demais pessoas do seu círculo de 
convivência. Por apresentarem dificuldades atencionais, mas principalmente 
pela sua impulsividade e hiperatividade, não raro eles ouvem expressões do 
tipo: “seu “pestinha”, “mal-educado”, “você tem bicho carpinteiro, não para 
quieto no lugar”, “sua relaxada”, “isso não é coisa que menina faça!”, o que 
gera tristezas, estresse e diversos inconvenientes em suas vidas. A figura 01 
ilustra essa situação: 
 
Figura 01: Patinho Feio 
 
Fonte: site http://entremulhereseletras.wordpress.com 
 
O pior é que esse tratamento agressivo ao indivíduo com TDA não é 
algo novo. O pesquisador “Rafalovich (...) inicia a história do TDAH com o 
discurso médico da criança idiota e do imbecil moral da segunda metade do 
século XIX”. A literatura científica pelo menos a mais de 100 anos já nos trazia 
atenção a esses inconvenientes e as consequências amargas e tristes nas 
vidas destes (CALIMAN, 2010, p 48). 
http://entremulhereseletras.wordpress.com/
 
 
 
 
16 
1.1 Histórico do TDA - Transtorno do Déficit de Atenção 
 
George Still em 1902 4 descreveu numa série de três palestras o caso de 
43 crianças que apresentavam sérios problemas de atenção e de controle de 
comportamento moral. Ele percebeu que a maioria destas não eram apenas 
desatentas e impulsivas, mas eram muito mais ativas em relação aos demais. 
Apresentavam um quadro de agressividade, atitudes desafiadoras, resistência 
à disciplina e eram excessivamente emocionais, sem um controle efetivo sobre 
seu comportamento (BARKLEY, 2013). 
 
 Um dado importante do estudo de Still foi a sua percepção de que os 
portadores de TDA possuíam uma propensão a ilegalidade, perversidade, 
crueldade e desonestidade à medida que iam crescendo até a fase adulta. Já 
naquela época podia se detectar a tão conhecida tríade dos sintomas clássicos 
do TDA: desatenção-hiperatividade-impulsividade. Porém, será explicado numa 
seção a frente que uma das principais comorbidades do TDA é justamente o 
Transtorno Desafio Opositor, o que já explicaria toda essa conduta rebelde. 
 
 Still observou também que estes possuíam uma baixa sensibilidade à 
punições, pois mesmo após serem castigados, inclusive fisicamente, voltavam 
a cometer as mesmas infrações. Este fato remete ao um ponto importante 
deste trabalho. O TDA persistiria até a idade adulta, “dessa forma abrindo a 
porta para a possibilidade de que, pelo menos, os adultos podem possuir o 
mesmo padrão de sintomas desde a infância”, ou com alterações nos padrões 
do comportamento disruptivo (BARKLEY, 2013, p.12). 
 
 
4 Considerado por seus comentadores o primeiro pediatra inglês, Still foi também o primeiro 
professor de doenças infantis do King´s College Hospital e autor de vários livros sobre o 
comportamento infantil normal e patológico. Na história do diagnóstico do TDAH, de sua vasta 
produção, são retomadas três conferências proferidas diante do Royal College of Physicians, 
no ano 1902, entituladas Algumas condições psíquicas anormais em crianças, publicadas no 
The Lancet, no mesmo ano (CALIMAN, 2010, p. 52) 
 
 
 
 
17 
Outro nome importante na pesquisa do TDA foi o de Virgínia Douglas 5 
que contribuiu na constituição do déficit de atenção no contexto biomédico e 
moral nos idos dos anos 70. Ela buscou adequar a pesquisa do TDA para o 
âmbito da psiquiatria da sua época, colocando o sintoma da “atenção” no 
centro da patologia da hiperatividade, em relação aos demais sintomas de 
hiperatividade e impulsividade. O trabalho dela possibilitou que o DSM III 
alterasse o nome transtorno hipercinético para Desordem do Déficit de 
Atenção, com ou sem hiperatividade, e que mais tarde se denominaria de 
Transtorno do Déficit de Atenção (CALIMAN, 2009; 2010). 
 
 Em anos mais recentes, no decorrer da década de 90, a psicofisiologia 
e a neurociência passaram a inspirar a construção de um novo modelo 
interpretativo para o Transtorno do Déficit de Atenção. A prioridade nos estudos 
nesse segmento passou a ser relacionado com a melhor compreensão dos 
mecanismos cerebrais e casuais. Foi onde os avanços da Neurociência 
puderam ser de extrema ajuda para o entendimento desse transtorno 
(CALIMAN, 2009). 
 
Com esse novo enfoque para o TDA, despontou o médico Russel 
Barkley6, como uma das autoridades mundiais do assunto. Este passou a 
integrar a sua pesquisa “a investigação genética, o estudo neuroquímico dos 
sistemas neurotransmissores, a análise do sistema inibitório cerebral e a 
investigação laboratorial animal” (CALIMAN, 2009, p. 138). Isso por que para 
Barkley: 
o ponto central da análise teórica e histórica do TDAH: em suas 
análises, o que determina o transtorno da atenção e da 
hiperatividade é o vínculo entre um defeito neurofisiológico do 
sistema inibitório, o déficit da moral e da vontade (CALIMAN, 
2010, p. 51). 
 
5 
Virgínia era líder de um grupo de pesquisadores da Universidade de McGill que buscavam 
redefinir a desordem da hiperatividade de uma forma consistente e empiricamente válida. 
Novos testes deveriam ser criados e novos critérios diagnósticos definidos. O objetivo era 
possibilitar a medida dos déficits atentivos e cognitivos em um nível mais profundo do que 
permitido pela observação comportamental (CALIMAN, 2009, p. 137) 
6 Russell A. Barkley é professor de Psiquiatria e Neurologia e dirige o departamento de 
Psicologia no centro médico da Universidade de Massachusetts em Worcester. 
 
 
 
 
18Isso significa dizer que as funções executivas, nas quais se incluem o 
autocontrole, atenção, memória de trabalho e o planejamento das atividades, 
se encontram alteradas. As funções executivas são totalmente dependentes da 
inibição. Sem estas em perfeito funcionamento, ações precipitadas deverão 
acontecer: 
 
A timidez, inesgotável origem de tantas infelicidades na vida 
prática, é a causa direta, mesmo única, de toda a riqueza 
interior. Emil Cioran. 
 
O TDA interfere neste processo o que será explicado a frente. Na 
próxima seção serão abordadas as definições mais utilizadas ao longo dos 
últimos para esse transtorno. 
 
 
1.2 Histórico da Terminologia utilizada para o TDA 
 
 
 No tocante ao histórico dos termos que foram utilizados para descrever 
o TDA, pode-se dizer que se basearam no conhecimento científico e clínico de 
cada período para sua utilização. 
 
 Em 1902 Still chamou os pais das crianças de “portadores de defeito de 
controle moral”, apesar de reconhecer grande força hereditária no 
comportamento delas. Em 1934 Kahn e Cohen fizeram uma ligação com uma 
pandemia de encefalite acontecida anos antes ao surgimento desse 
descontrole em crianças que haviam sido acometidas por essa doença. Foi 
cunhado o termo “cérebro danificado ou lesionado”. 
 
Com o avanço dos estudos nesse tema percebeu-se que crianças que 
nunca haviam tido encefalite ou outro dano cerebral também sofriam com os 
sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade. Desta forma o termo 
foi novamente alterado para “disfunção cerebral mínima” (SILVA, 2009). 
 
 
 
 
19 
 No ano de 1957 o pesquisador Laufer e em 1960 a pesquisadora Stella 
Chess utilizaram o termo “hiperatividade infantil” para determinar a “síndrome 
da criança hiperativa”. Para Laufer essa disfunção era exclusiva para meninos. 
Já Chess eliminou a questão do dano cerebral para o sintoma da hiperatividade 
relacionando a origem dessa síndrome a questões biológicas. 
 
 Em 1968 o Manual Diagnóstico e estatístico de Transtornos Mentais 
(DSM - II) 7 apresentou um consenso na comunidade científica a fim de se 
padronizar o termo para descrever a síndrome chamado-o de: “Reação 
Hipercinética da Infância”. 
 
Apesar de todos esses avanços, ainda necessitariam estudos adicionais, 
por exemplo, para explicar o motivo de muitas crianças não apresentarem 
traços de hiperatividade ou impulsividade e sim apenas a desatenção. Com o 
avanço dos estudos será constatado que o TDA com predominância da 
hiperatividade (e portanto mais evidente) incide mais nos meninos e o TDA 
com predominância da desatenção (mais interiorizado) nas meninas. (SILVA, 
2009). 
 Já na década de 80, o DSM III passou a caracterizar melhor o transtorno 
chamando-o apenas de “transtorno de déficit de atenção”. Isso foi possível 
devido as melhores definições dos critérios utilizados nos diagnósticos. Foi 
apresentando dois subtipos de variações para o TDA, sendo um “com 
hiperatividade” e o outro “sem hiperatividade”. Nessa publicação também foram 
elencadas uma lista de sintomas além de se determinar a idade de sete anos 
de idade para se constatar o comportamento TDA. Sete anos mais tarde, o 
DSM-III-R ampliou o termo para “transtorno de déficit de atenção e 
hiperatividade” dando ênfase a uma classificação por gravidade. (NETO, 2010, 
apud SANTOS, 2013). 
 
7 O primeiro DSM foi produzido em 1952 e tinha em suas bases o pensamento de Adolf Meyer. 
O DSM II, publicado em 1968, foi reestruturado com base na linguagem psicanalítica. Para 
Young (1995), a publicação do DSM III, em 1980, materializou definitivamente o estilo de 
pensamento psiquiátrico criado pelo encontro dos aspectos que mencionamos acima. 
(CALIMAN, 2009) 
 
 
 
 
 
20 
 Com a publicação do DSM IV no ano de 1994 descreve o TDA-H através 
de um discurso “neurobiológico” tal como ainda vemos hoje em dia. O 
Transtorno foi legitimado, mas não deixou de se tornar motivo de polêmica, 
pois havia discordâncias sobre sua existência, sintomas, diagnósticos e 
tratamentos (CALIMAN, 2009). 
 
 O DSM V foi concluído em 2013, porém o seu conteúdo trouxe a 
experiência de quase vinte anos de pesquisas anteriores e indicaria dentre 
alguns pontos de atualização em relação ao manual anterior, que os traços do 
TDA se estenderiam até e durante a vida adulta, o que possibilita um melhor 
entendimento desse transtorno e, consequentemente, uma maneira de garantir 
que as crianças continuem recebendo tratamentos adequados a medida que se 
tornem adultas . Em uma próxima seção será abordado com mais detalhes as 
alterações do DSM V em relação ao DSM IV. 
 
 
1.3 Transtornos de Aprendizagem Versus TDA 
 
 
 Como dito anteriormente, o TDA não é um Transtorno de Aprendizagem 
(TA), mas sim um Transtorno do Desenvolvimento. Segundo a Profª Drª Marta 
Relvas (2011), os Transtornos de Aprendizagem se referem a “uma inabilidade 
específica, como de leitura, escrita ou matemática”. A pessoa TDA pode ter um 
TA como comorbidade. São considerados como TA a Dislexia, Disgrafia e 
Discalculia, pois esses transtornos afetam diretamente os processos de 
aprendizagem e a capacidade intelectual do indivíduo. 
 
 A Dislexia afeta a pessoa gerando uma dificuldade na assimilação e 
inversão de letras (leitura e escrita). A Disgrafia se apresenta na dificuldade de 
recordar a grafia da letra, também chamada de “letra feia ou garrancho”. Já a 
Discalculia se manifesta com uma inabilidade para a linguagem matemática 
 
 
 
 
21 
nas suas mais variadas formas. Seguem abaixo algumas figuras que ilustram 
esses transtornos: 
 
Figura 02: Dislexia 
 
 
 Fonte: ttp://www.ciencia20.up.pt/attachments/article/843/exemplodislexia.png 
 
Na figura acima conseguimos ver a inversão e supressão de algumas 
letras que se manifesta nos disléxicos. 
 
Figura 03: Disgrafia 
 
 
Fonte: www. http://gabrielaguarnieripsicopedagoga.blogspot.com.br 
 
Na disgrafia há algumas variáveis, como disgrafia por linhas flutuantes, 
por linhas descendentes ou ascendentes, etc. O caso ilustrado na página 
anterior descreve uma criança com disgrafia com movimentos bruscos onde as 
ligações das letras se apresentam com prolongamentos desnecessários. 
http://gabrielaguarnieripsicopedagoga.blogspot.com.br/
 
 
 
 
22 
Figura 04:Discalculia 
 
 
Fonte: http://educarparacrescer.abril.com.br/ 
 
 
Percebe-se na foto acima a dificuldade da criança em resolver questões 
matemáticas simples para sua faixa etária. 
 
Por todos estes fatos narrados até o momento, consegue-se entender o 
que acontece com uma pessoa que possui um transtorno de aprendizagem. 
Mas surge uma pergunta: o que efetivamente acontece no cérebro destes 
indivíduos? Como a neurociência moderna nos ajuda a explicar estes fatos? Os 
próximos parágrafos procurarão responder estas duas perguntas. 
 
 Para entendermos o que ocorre no cérebro de uma pessoa com TA 
primeiramente temos que entender como se processa o mecanismo de escrita, 
fala e da linguagem humana. Estes são processos linguísticos, anatômicos e 
neuropsicológicos altamente complexos. 
 
As principais áreas corticais de controle da linguagem, compreensão, da 
fala e escrita se encontram no hemisfério esquerdo do córtex cerebral: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Figura 05: Córtex cerebral-Hemisférios direito e esquerdo 
 
Fonte: www.infoescola.com 
 
Para a realização dos processos de linguagem e escrita há necessidade 
da participação do tálamo, que funciona como uma secretária do cérebro, 
recebendo as informações externas e o córtex visual, situado no lobo occiptal, 
onde são identificados os grafemas. Sucessivamente a área de Wernicke,8 
situada no lobo temporal, reconhece e compreende os símbolos gráficos da 
escrita. 
 
Para que se iniciem os movimentos da fala e da escrita as informações 
que foram processadas e reconhecidas naárea de Wernicke chega a outra 
parte do córtex chamada de área de Broca9, que organiza os movimentos 
desejados gerando os impulsos necessários para o córtex motor, situado no 
lobo frontal. Segue ilustração na página seguinte: 
 
 
 
 
 
8 Em 1874, [o Neurologista ] Carl Wernicke estudou uma área do cérebro que tem relação com 
um tipo de afasia, a compreensão da linguagem (área auditiva da linguagem) sendo que 
posteriormente esta área ficou conhecida como área de Wernicke (PRIMO, Pedro Carlos). 
 
9 Entre 1860/1870 o [Médico] Pierre Broca faz as correlações anatômicas da afasia e descobre 
uma área no cérebro que depois foi chamada de área de Broca, relacionada com a expressão 
da fala. Na pesquisa clínica ele foi um dos que mais se destacou (PRIMO, Pedro Carlos). 
 
 
 
 
25 
Na figura na página anterior, a gravura Non-impaired ilustra o 
funcionamento normal do cérebro onde tanto a área de Wernicke (amarela) 
como a área de Broca (verde). Já na gravura Dyslexic percebe-se o mau 
funcionamento da área de Wernicke e a superativação da área de Broca 
(Verde). Por que nos importa saber o que se passa no córtex daqueles que tem 
transtornos de aprendizagem, sendo que o TDA é um transtorno do 
desenvolvimento? 
 
Primeiramente, o assunto deve interessar para que conheça a dinâmica 
das causas dos transtornos de aprendizagem, pois são bem diferentes do que 
se passa com um portador de TDA. 
 
Em segundo lugar destaca-se que os transtornos de aprendizagem, 
citados acima (Dislexia, Discalculia e Disgrafia) são específicos para questões 
diretamente ligadas a aprendizagem, o que já não acontece com o Transtorno 
do Déficit de atenção, embora este último esteja muito envolvido com o 
comprometimento no domínio educacional de quem padece desse transtorno 
(BARKLEY, 2013). 
 
E em terceiro lugar, os indivíduos que sofrem de Transtorno do Déficit de 
Atenção podem apresentar algum tipo de Transtorno de aprendizagem e desta 
forma é de grande importância o estudo desses TA para um melhor diagnóstico 
e tratamento do TDA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
CAPITULO 2 – ORIGEM E DIAGNÓSTICOS DO 
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO - TDA 
 
 
 
 
Um bom começo é a metade. 
Aristóteles 
 
 
 
 Para começar é fundamental compreender a origem do comportamento 
TDA. É tão importante quanto à apresentação de tratamentos e intervenções. É 
dessa forma que se realizam bons diagnósticos e sugerem-se tratamentos e 
intervenções eficazes. Com base nas pesquisas mais atuais, podemos dizer 
que o TDA tem origem em um funcionamento alterado do sistema 
neurobiológico cerebral. Os neurotransmissores das partes do córtex cerebral 
responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividades física e 
mental, se encontram alterados. 
 
 Uma destas partes é chamada de Formação Reticular(FR), responsável 
em manter o córtex cerebral em alerta para o recebimento de novas 
informações, conhecimentos e estímulos. A FR não amadurece plenamente em 
uma pessoa TDA, e por isso este indivíduo terá dificuldades para se 
concentrar, para terminar tarefas, impulsividade, atraso no desenvolvimento 
motor e intelectual, dentre outras características relacionadas a tríade dos 
sintomas já mencionados (RELVAS, 2011). 
 
 Além disso, no comportamento TDA o Sistema de Recompensa e 
neurotransmissores envolvidos estão alterados. Mas o que vem a ser este 
Sistema? Podemos dizer que este Sistema é um conjunto de estruturas que se 
conectam formando os circuitos de recompensa. É formado por regiões 
encefálicas chamadas de área tegmentar central, núcleo accunbens e as 
regiões cingular e ventro-medial do córtex pré-frontal, conforme podemos 
observar na figura na página seguinte: 
 
 
 
 
28 
Figura 09: Sistema de Recompensa do Córtex Cerebral 
 
 
Fonte: www.ciencia.folhadaregiao.com.br 
 
 Essas regiões comunicam-se entre si produzindo e liberando um 
neurotransmissor chamado Dopamina. Esse sistema dopaminérgico é 
responsável por proporcionar a sensação de prazer quando conclui-se 
objetivos ou imagina-se a conclusão dos mesmos, o que gera a motivação. 
Além disso, a Dopamina é o neurotransmissor responsável pela concentração, 
e outras funções executivas do cérebro agindo primordialmente no córtex-pré-
frontal. 
 
 Numa pessoa considerada “normal” o Sistema de Recompensa é 
acionado em quantidade e tempo suficientes antes e depois de chegar a 
objetivos e metas desejadas. Já numa pessoa TDA parece que este sistema 
somente é acionado após chegar ao seu objetivo, o que indicaria a propensão 
dos mesmos a impulsividade, desatenção e hiperatividade. 
 
 Veja na página seguinte um experimento realizado pelo departamento 
de psiquiatria da UFRJ utilizando a técnica de neuroimagem funcional que 
explica mais detidamente esse fato: 
 
 
 
 
 
 
 
29 
Figura 10: Experimento de Neuroimagem da UFRJ 
 
 
 
Conforme verificou-se no experimento exposto acima, a pessoa TDA 
devido ao seu comprometimento das funções executivas e do sistema de 
recompensa, não consegue ter a paciência necessária para esperar a 
conclusão dos seus objetivos e metas, porque seu cérebro apenas libera 
Dopamina ao término da ação. Tal padrão cerebral confirma o que já foi 
esclarecido sobre as alterações nos neurotransmissores em partes importantes 
do córtex ligadas a atenção, impulsividade e atividades. Assim verifica-se que 
http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/
 
 
 
 
31 
As projeções dopaminérgicas no córtex pré-frontal estão alteradas o que 
leva o indivíduo a desatenção, hiperatividade e impulsividade. 
 
 
Figura 12: Projeções Dopaminérgicas no Córtex Cerebral 
 
Fonte: http://brainstormers.wordpress.com 
 
Estudos revelam uma hipoperfusão, ou uma baixa irrigação sanguínea 
do cérebro, na região dos lobos frontais. A neuroimagem do córtex cerebral 
apresenta claramente as desconexões neurais e o consequente problema 
gerado nas projeções dopaminérgicas nessas áreas responsáveis pela atenção 
e inibição comportamental do indivíduo: 
 
 
Figura 13: Imagens de varreduras do cérebro 
 
Fonte: http://www.edweek.org/ - 
http://brainstormers.wordpress.com/
http://www.edweek.org/
 
 
 
 
32 
A figura da página anterior, de exames cerebrais11, foram tiradas 
enquanto as pessoas envolvidas no estudo realizavam cálculos matemáticos. 
Nota-se que os resultados evidenciam diferenças significativas entre os 
processos de pensamento dos indivíduos com TDA (ADHD) e os que não têm 
esse transtorno (Normal). 
 
Os pontos amarelos mostram as regiões do cérebro onde o as conexões 
neurais aumentaram durante a execução da tarefa. A pessoa considerada 
normal apresentou maior fluxo neural e consequente maior fluxo dopaminérgico 
na região do lobo frontal, ligada a atenção e manutenção das funções 
executivas, enquanto que a pessoa TDA apresentou maior fluxo neural na 
região occipital. 
 
No entanto faz-se necessário frisar que somente um exame de 
neuroimagem não é fator preponderante no fechamento do diagnóstico do TDA 
em virtude de vários fatores: 
 
Assim, não existem dados científicos para justificar o uso da 
neuroimagem na prática clínica em TDAH. O diagnóstico do TDAH 
ainda tem o critério clínico (DSM-IV ou CID-10) como base. Logo, um 
exame de NI alterado não tem poder nem para excluir e nem para 
confirmar o diagnóstico de TDAH. O mesmo se aplica ao seu 
emprego em casos individuais com vistas a decisão medicamentosa 
ou parecer prognóstico. Espera-se que tais exames ocupem um 
espaço direto na área clínica no futuro; no entanto, a sua indicação 
ainda restringe-se aos ambientes acadêmicos, em situações de 
pesquisa (SZOBOT et al,2001, p. 31 ). 
 
 
Conforme será exposto mais adiante o diagnóstico do comportamento 
TDA envolve diversas etapas realizadas por equipes multidisciplinares. 
 
 
11Cada imagem, tirada usando uma tomografia por emissão de pósitrons , ou PET , 
digitalização, é baseada em imagens em média de um grupo de seis indivíduos com TDAH e 
seis indivíduos do grupo controle . Nestes exames cerebrais , a atividade no hemisfério direito 
é mostrada no lado esquerdo da imagem , e a atividade do hemisfério esquerdo é apresentada 
no lado direito (American Journal of Psychiatry, 2000). 
 
 
 
 
 
33 
Mas quais são os sintomas do comportamento TDA? Inicialmente 
podemos dizer que o comportamento TDA se baseia numa tríade de sintomas 
formados por alterações no quesito da (1) atenção, (2) impulsividade e (3) 
hiperatividade que pode se manifestar em conjunto ou separadamente. Por 
exemplo, uma pessoa pode apresentar o sintoma da dispersão (falta de 
atenção), porém nem sempre apresentará alterações na sua impulsividade e 
hiperatividade. 
 
 Desta forma, entende-se que o sintoma mais importante para se 
entender o TDA, e por sua vez, realizar um diagnóstico preciso, e a observação 
do quesito alteração da atenção, que gera forte tendência a dispersão (SILVA, 
2009). 
 
 A impulsividade também é outro fator observado em parte do 
comportamento TDA. Esta pode se manifestar através da “agressividade, 
descontrole alimentar, uso de drogas, gastos demasiado, compulsão por jogos, 
tagarelice incontrolável” (SILVA, 2009, p. 25). 
 
 Já a hiperatividade apresenta-se, dentro do espectro do comportamento 
TDA, de uma forma mais notória na fase da infância, onde as crianças não 
conseguem parar quietas. Já na fase adulta, apresenta-se de uma forma 
menos exuberante, pelo fato de que esses já conseguem dominar melhor essa 
alteração e suas emoções. 
 
Desta forma, cabe-se agora entender como o comportamento do 
Transtorno do Déficit de Atenção se manifesta em suas diversas formas e 
graus e seu diagnóstico. As próximas seções objetivam trazer esses 
esclarecimentos já com base no DSM V. 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
2.1 Apresentação dos Tipos de TDA 
 
 
 
Enquanto se escrevia essa monografia, havia sido concluído o DSM V, 
que trouxe poucas, porém, importantes mudanças em relação a severidade, a 
nomenclatura empregada nas formas de apresentação dos tipos de TDA e nos 
diagnósticos. 
 
Uma das alterações importantes foi a que agora se pode classificar o 
TDA em grau Leve, moderado e grave. Além disso, foi descontinuado o uso 
dos termos “subtipos” sendo optado o emprego do novo termo “apresentação”. 
Anteriormente, no DSM-IV, havia uma subdivisão em 3 subtipos: 
 
- [...] subtipo combinado: presente na maioria das crianças e 
adolescentes com o transtorno. Não se sabe se o mesmo vale 
para adultos. é caracterizado pela presença de seis ou mais 
sintomas de desatenção e seis ou mais sintomas de 
hiperatividade. 
-[...] subtipo predominantemente desatento: é caracterizado 
pela presença de seis ou mais sintomas de desatenção, mas 
menos de seis sintomas de hiperatividade-impulsividade. 
[...] subtipo predominantemente hiperativo-impulsivo: 
Caracterizado pela presença de seis ou mais sintomas de 
hiperatividade-impulsividade, mas menos de seis sintomas de 
desatenção. (SUBTIPOS, Tdah.net.br) 
 
 Esta categorização em subtipos levava a uma má interpretação de que 
estas características eram estáveis e sem mudanças com o passar do tempo. 
Assim o novo termo “apresentações” ainda mantém a três categorias citadas 
acima, porém utilizando-se da nova fraseologia: (1) apresentação combinada, 
(2) apresentação predominantemente desatenta e (3) apresentação 
predominantemente hiperativa-impulsiva, evidenciando que poderá haver 
mudanças no decorrer da vida da pessoa com comportamento TDA. 
 
 Russel A. Barkley, em 2013, enquanto o DSM V ainda estava em fase 
de conclusão, já contestava a forma como o DSM-IV usava a subtipagem, 
especialmente na fase adulta: 
 
 
 
 
35 
Existe controvérsia atualmente em relação a se os subtipos do 
TDAH assim formados representam manifestações da mesma 
condição ou de diferentes condições [...] A questão dos 
subtipos é particularmente incômoda com adultos. Evidências 
sugerem que sintomas hiperativo-impulsivos diminuem 
significativamente durante o desenvolvimento, mais cedo no 
desenvolvimento do que os sintomas de desatenção 
(BARKLEY, 2013, p.40). 
 
 
Haja visto que em seus anos de pesquisas, especialmente em adultos 
com TDA, ele pode perceber as alterações tácitas no comportamento destes 
indivíduos. Assim Barkley poderia afirmar, sem sombra de dúvidas, e com base 
em sua larga experiência clínica e de estudos, que “[...] a classificação de 
subtipos do DSM [IV] nunca foi, de fato, validada em adultos com TDAH e 
possui pouca evidência empírica [...] para justificar seu uso depois da infância 
[...] (BARKLEY, 2013, P.41). 
 
Então, com base nesse entendimento e no que foi preconizado no DSM 
V, buscou-se explicar neste trabalho os sintomas, diagnósticos e comorbidades 
nos indivíduos TDA nas três fases principais da vida: infância, adolescência e 
fase adulta. Desta maneira, será apresentado de uma maneira mais clara e 
concisa, esses fatores nas suas respectivas fases temporais da vida da pessoa 
TDA, que conforme já esclarecido, podem sofrer alterações. A próxima seção 
abordará em pormenor esses fatos. 
 
 
 
2.2 Sintomas, Diagnósticos e Comorbidades do TDA: Fases da Infância, 
Adolescência e Adulta 
 
 
 
Com respeito aos sintomas do comportamento TDA a lista de 18 
sintomas (9 de desatenção, 6 de hiperatividade e 3 de impulsividade) 
permaneceu a mesma que do DSM IV, conforme verificado na página seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
Tabela 01: Sintomas do TDA/H com base no DSM IV 
 
Falta de atenção - Muitas vezes não mostra muita atenção a detalhes, cometendo 
erros por descuido em lição de casa escola, ou no trabalho. 
 - Muitas vezes tem problemas com foco na tarefa em mãos. 
 - Não parece escutar quando diretamente falado. 
 - Muitas vezes tem dificuldade em seguir instruções, levando a 
uma falta de preenchimento lição de casa, escolares, tarefas em 
casa ou tarefas no local de trabalho. 
 - Tem dificuldade para organizar as atividades. 
 - Muitas vezes, evita ou não gosta de atividades que levam 
sustentada concentração mental. 
 - Muitas vezes, perde coisas necessárias para uma tarefa 
específica. 
 - É facilmente distraído. 
 - É muitas vezes esquecido em atividades diárias. 
Hiperatividade - Muitas vezes, inquietações e/ou se contorce. 
 - Muitas vezes se levanta de sua cadeira em situações em que se 
espera que permaneça sentado. 
 - Muitas vezes, corre e sobe em situações inoportunas. 
 - Muitas vezes tem problemas para jogar ou desfrutar de atividades 
de lazer calmamente. 
 - Parece como se eles estão sempre em movimento ou conduzido 
por um motor. 
 -Muitas vezes fala excessivamente. 
Impulsividade - Muitas vezes, deixa escapar a resposta antes de uma 
pergunta terminar. 
 - Muitas vezes tem dificuldade em esperar sua vez. 
 - A pessoa muitas vezes fala demais. 
Fonte: DSM IV 
 
No quesito diagnóstico foi que houve uma importante alteração. 
Falaremos destas mudanças como bases nos critérios gerais12 de diagnósticos 
estabelecidos pelo DSM IV tem relação ao DSM V, conforme comentado pelo 
Dr. Paulo Mattos da UFRJ (MATTOS, 2013): 
 
12 Critérios Gerais do DSM IV TR: a) alguns dos sintomas de desatenção ou hiperatividade-
impulsividade estavam presentes antes dos sete anos de idade; b) presença de seis (ou mais) 
sintomas de desatenção e/ou seis (ou mais) sintomas de hiperatividade-impulsividade, que 
persistiram por pelo menos seis meses, em grau mal adaptativo, e inconsistente com seu nível 
de desenvolvimento; c) algum comprometimento causado pelos sintomas está presente em 
dois ou mais contextos (por exemplo, na escola, no trabalho e em casa);d) deve haver clara 
evidencia de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou 
ocupacional; e, e) ossintomas não ocorrem exclusivamente durante o transcurso de outros 
transtornos: Transtorno Global do Desenvolvimento; Esquizofrenia ou outro Transtorno 
Psicótico, Transtorno do Humor, Transtorno Dissociativo, Transtorno de Ansiedade, nem são 
mais bem explicados por esses outros transtornos mentais. (LOPES,2005) 
 
 
 
 
 
37 
 
Critério A: No DSM IV generalizava o diagnóstico tanto de crianças como de 
adultos. Segundo este manual seria necessário que o indivíduo apresentasse 
seis dos nove sintomas (citados na tabela 01), com respeito a falta de atenção, 
por pelo menos seis meses corridos. E seis dos nove sintomas com respeito a 
hiperatividade e impulsividade. Já no novo manual DSM V, para os adultos o 
número de sintomas passou de seis para cinco, estabelecendo assim um novo 
critério. “Para os adolescentes mais velhos e adultos ( 17 anos ou mais ), pelo 
menos cinco sintomas são obrigatórios” (American Psychiatry Association, 
DSM V, 2013). 
 
 
Critério B: Com respeito a idade de início dos sintomas, o DSM V indicava a 
necessidade de que a criança antes dos sete anos de idade já manifestasse o 
quadro do comportamento TDA. No DSM V a idade passou para os 12 anos, 
visto que muitos grupos de pesquisa já estavam usando esse critério e esta 
idade ser mais indicada para a realização da anamnese. 
 
Critério C: Este abordava a necessidade de comprometimento do individuo em 
pelo menos duas áreas distintas, como a casa ou trabalho, ou casa e escola, 
etc. Esse critério continua o mesmo no DSM V. 
 
Critério D: De acordo com DSM IV haveria também a necessidade de claro 
comprometimento no campo profissional, social e educacional. O DSM V 
manteve igualmente este critério. 
 
Critério E: Segundo DSV IV não seria possível fazer o diagnóstico do 
comportamento TDA caso houvesse um quadro do espectro autista no 
indivíduo. O DSM V trouxe uma alteração nesta orientação indicando a 
possibilidade de diagnóstico, excetuando-se a manifestação de outro quadro, 
como o esquizofrênico ou se o indivíduo não puder ser diagnosticado mais 
eficazmente por outro transtorno como o de Ansiedade ou Depressão. 
 
 
 
 
 
38 
 No tocante as comorbidades, ou distúrbios associados, pesquisas 
indicam que em 50% das crianças e adolescentes com TDA podem ser 
acometidas por elas o que prejudica severamente o comportamento já alterado 
e pode mascarar o diagnóstico. Nas próximas paginas serão abordadas as 
principais comorbidades associadas ao TDA nas fases infantis, adolescência e 
adulta. 
 
- TDA com Transtorno Desafiador Opositor (TDO) 
 
- É a maior comorbidade encontrada em crianças e adolescentes. 
Sua incidência pode chegar à 65% dos casos de TDAH dos quais 
63% são meninos e 32% são meninas. 
- Caracteriza-se por um comportamento desafiador e opositivo com 
relação às figuras de autoridade, principalmente pais e professores. 
Para enfrentar e desobedecer aos comandos destes, violam regras, 
mentem, podem ser agressivos, desrespeitando limites e direitos 
alheios. Esse comportamento resulta em respostas punitivas, 
raivosas, descontroladas às quais crianças e adolescentes revidam 
descontroladamente. 
- Geralmente sentem-se injustiçados por tantas críticas e punições, 
gerando uma maior baixa autoestima, mais agressividade, maiores 
taxas de disfunção escolar e transtornos antissociais (Universotdah). 
 
-TDA com Transtorno de Conduta (TC) 
 
- Embora a incidência desse transtorno com TDAH não seja tão 
grande como no caso do TDO, é mais temido em função de ser bem 
mais grave. Essas crianças/adolescentes têm suas relações 
familiares, sociais e escolares muito deterioradas. Podem mentir 
frequentemente, fugir de casa ou da escola, roubar, ser cruéis com 
animais e/ou seres humanos (podendo até matar). 
- Têm interesse precoce e exagerado por sexo. Podem ter sido vítima 
de estupro. Há grande risco de apresentar abuso ou dependência de 
substâncias psicoativas (Universotdah). 
 
 
 
 
 
 
39 
- TDA com Transtornos de Aprendizagem 
 
- Distúrbio de aprendizagem específico comumente co- ocorre 
com TDAH. (American Psichiatry Association, DSM V, 2013). 
 
- TDA com Abuso de Substâncias e Distúrbios do Sono 
 
- O abuso de drogas é significativamente maior entre os portadores 
de TDAH. A impulsividade, a baixa autoestima, a necessidade de 
sentir-se aceito, o sentimento de incapacidade e a desmoralização 
são condições que predispõem ao uso de drogas. Geralmente têm 
pouca expectativa de sucesso futuro e aceitação social. 
- A cabeça de quem tem TDAH é sempre invadida por um "turbilhão" 
de pensamentos que parecem nunca dar descanso, nem mesmo na 
hora na hora de relaxar e dormir. Aliás é nessa hora que "o cobrador 
interno" costuma aparecer com mais intensidade: "- Eu tenho que 
isso, aquilo...", "- Não posso me esquecer de...", ou: "- Por quê falei 
isso ou fiz aquilo?" e no lugar da tranquilidade, do sono, vem a 
ansiedade. 
- Pode ocorrer em até 75% dos portadores, casos de insônia ou sono 
conturbado, inquieto, gerando um cansaço e uma indisposição muito 
grande durante o dia seguinte: o acordar é um drama e assistir às 
aulas, pior ainda. A falta de sono aumenta a desatenção e a agitação, 
comprometendo mais o rendimento escolar, os relacionamentos 
pessoais, além da saúde física e mental. 
- É fundamental que a criança ou adolescente faça uma atividade 
física regularmente, reduza seu peso (caso esteja elevado), durma de 
lado e desligue o computador pelo menos 1 hora antes do horário 
previsto para dormir. No caso específico do adolescente, deve 
eliminar o cigarro, a cafeína e bebidas alcoólicas. (Universotdah). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
- TDA com Depressão 
 
Tem um alto índice de depressão em crianças e adolescentes com 
TDAH. Expressa-se por humor triste ou irritável, fadiga, alterações no 
sono e/ou no apetite, lentidão psicomotora, perda de interesse em 
atividades que antes eram prazerosas e culpa excessiva. 
Pode acontecer retraimento social, submissão, dificuldade em ir para 
a escola, irritabilidade e agressividade. 
Em crianças menores, a depressão pode se manifestar por 
diminuição no crescimento e ganho de peso. 
Adolescentes deprimidos tendem a apresentar alterações de conduta 
e abuso de álcool e drogas (Universotdah). 
 
- TDA com Transtorno de Humor Bipolar 
 
Essa comorbidade, aliada ao TDAH em crianças e adolescentes, 
aumenta a inadequação social e o risco de suicídio. 
No transtorno bipolar há oscilação entre depressão e mania. Sobre a 
depressão acabamos de falar no tópico acima. A presença de mania 
faz com que as explosões de raiva sejam mais graves, com 
manifestação de agressividade muito intensa contra pessoas ou 
objetos. Muitas vezes esses sintomas são confundidos com 
transtorno desafiador opositor, transtorno de conduta, de 
personalidade e até mesmo com psicose (Universotdah). 
 
- TDA com Transtorno de Ansiedade 
 
O transtorno de ansiedade acontece quando os medos ou 
preocupações passam a ser excessivos, causando prejuízo na 
adaptação acadêmica, social e familiar. 
Estão sempre preocupados com tudo: com seu desempenho escolar, 
se fizeram algo errado, até mesmo com futuro: se seus pais se 
separarem, etc. 
Eventos cotidianos também podem gerar extrema ansiedade e 
sofrimento, tais como: ir ao médico, ao dentista, andar de elevador, 
viajar, dormir na casa de um amigo(a), relacionamento familiar 
conturbado, etc. 
 
 
 
 
41 
A ansiedade generalizada cronificada piora os sintomas de falta de 
concentração e memória. 
Quando não tratados os transtornos de ansiedade na 
infância/adolescência, podem transformar-se em depressão maior na 
idade adulta (Universotdah). 
 
- TDA com Transtorno de Tiques 
 
Os transtornos de tiques podem ser: 
Transtorno de Tourette, tique motor crônico (exclui tique vocal), tique 
vocal crônico (exclui o tique motor) e transtorno do tique transitório.O 
TDAH aparece freqüentemente em pacientes com tiques, mas amaioria dos pacientes com TDAH não têm tiques. 
Estima-se que de 70% a 90% das crianças com transtorno de 
Tourette tenham também TDAH. No entanto, pequena parcela dos 
casos com TDAH tem transtorno de Tourette: ele acarreta dois ou 
mais tiques motores e pelo menos um vocal, ocorrendo no mínimo 
por um ano. Costuma aparecer entre os 2 e 15 anos. 
 
O transtorno de tique transitório tem duração de no máximo um ano.O 
psicoestimulante de 1ª indicação (Metilfenidato) é contra indicado 
para pacientes com tiques, podendo exacerbá-los. 
TDAH com Desordem na Comunicação 
Há três categorias distintas dentro da Desordem na Comunicação: 
Distúrbio da fala (Disfasia) – Há uma dificuldade no controle motor da 
fala, manifestado por alterações na modulação do volume da voz, fala 
acelerada e alterações articulatórias ("a cabeça funciona mais rápido 
do que a boca consegue falar"). 
Distúrbio na linguagem (Dislexia) – Acontecem problemas na 
produção ou compreensão dos enunciados, falhas no processamento 
da informação. O vocabulário costuma ser limitado. A maioria dessas 
crianças terá problemas no aprendizado da leitura e da escrita. Além 
dos sintomas do TDAH essa comorbidade dificulta ainda mais o 
rendimento escolar. 
Dificuldade na escrita (Disgrafia) – Decorre da falta de coordenação 
motora muitas vezes presente no TDAH bem como na má 
organização espacial e dificuldade de planejamento no traçado. A 
caligrafia costuma ser ruim. Geralmente as dificuldades da linguagem 
oral refletem-se na linguagem escrita (Universotdah). 
 
 
 
 
 
42 
 Conforme já citado, uma das principais mudanças que trouxe o DSM V 
foi em relação aos sintomas e diagnósticos dos indivíduos TDA adultos. 
Seguem abaixo as considerações a respeito dos principais sintomas 
encontrados em adultos com comportamento TDA: 
 
 
Tabela 02: Sintomas do TDA/H em Adultos 
 
 
 
 
Sintomas do TDA em adultos 
 
- Relações afetivas instáveis (separações, divórcios). 
 
- Instabilidade profissional que persiste ao longo da vida. 
 
- Rendimentos abaixo de suas reais capacidades no trabalho 
e na profissão. 
 
- Falta de capacidade para manter a atenção por um período 
longo. 
 
- Falta de organização (carente de disciplina). 
 
- Insuficiente capacidade para cumprir o que se 
comprometem. 
 
- Incapacidade para estabelecer cumprir uma rotina. 
 
- Esquecimentos, perdas e descuidos importantes. 
 
- Depressão e baixa auto-estima. 
 
- Dificuldades para pensar e se expressar com clareza. 
 
- Tendência a atuar impulsivamente e interromper os outros 
 
- Dificuldades de escutar e esperar sua vez de falar. 
 
- Frequentes acidentes automobilísticos devido à distração. 
 
- Frequente consumo de álcool e abuso de substância. 
 
Fonte: Roizblatt, Bustamente & Bacigalupo, 2003, apud, LOPES, 2005. 
 
 
Acrescenta-se a lista oficial da tabela 02, mais outros sintomas que 
apresentam-se de forma exagerada nestes indivíduos, como a sonolência 
 
 
 
 
43 
durante o dia, dificuldade de levantar pela manhã e ficar disposto para o dia 
que se inicia, irritabilidade e impulsividade (pavio curto), variações frequentes 
de humor e de interesses na vida e falta de paciência para situações 
repetitivas. 
Destaca-se que sobre essas características, em algum momento da vida 
todo o ser-humano pode passar por elas. Mas a pessoa com comportamento 
TDA manifesta estas de maneira exacerbada e regular, em mais de um 
ambiente da vida: 
Vários sintomas de desatenção ou hiperatividade-impulsividade 
estão presentes em dois ou mais configurações (por exemplo, 
em casa, na escola ou no trabalho, com amigos ou parentes , 
em outras atividades) (American Psichiatry Association, DSM 
V, 2013). 
 
Cabe-se aqui explicar também que o adulto TDA consegue ter atenção 
em certos momentos e situações da vida, em especial, as que mais lhe 
interessam. Essa característica é chamada, por muitos pesquisadores deste 
tema, como “atenção flutuante”. Quando isso não acontece, que é a regra na 
vida desta pessoa, é que ele se mostra desatento e disperso. 
Com o novo DSM V, o diagnóstico para os adultos TDA, deve ser 
realizado utilizando-se dos sintomas alistados na tabela 01. Para a questão da 
desatenção dos nove sintomas citados no DSM é necessário que a pessoa se 
encaixe em cinco. Para o quesito hiperatividade e impulsividade, dos nove 
sintomas, também se faz necessário que o indivíduo apresente cinco destes 
sinais: 
Os sintomas não são apenas uma manifestação de 
comportamento de oposição, desafio, hostilidade, ou uma 
incapacidade de compreender as tarefas ou instruções. Para 
os adolescentes mais velhos e adultos ( 17 anos ou mais) , 
pelo menos cinco sintomas são obrigatórios (American 
Psichiatry Association, DSM V, 2013). 
 
 
 
 
44 
Para a questão das comorbidades, diversos autores citam os altos 
índices em adultos TDA, conforme alistados a seguir (Souza, Serra, Mattos & 
Franco, 2001, apud LOPES, 2005): 
- Uso ou dependência de drogas, 
- Transtorno do humor bipolar, 
- Depressão, 
- Abuso de álcool, 
- Transtornos de ansiedade, 
- Outros transtornos psiquiátricos. 
 
 A seguir descrevem-se alguns destes transtornos psiquiátricos a serem 
considerados no diagnóstico diferencial do adulto com comportamento TDA: 
Tabela 03: Transtornos psiquiátricos a serem analisados no diagnóstico 
diferencial de adultos TDA: 
Depressão Maior -Tem como características similares ao TDAH dificuldade 
de concentração, de atenção e de memória e dificuldade 
na conclusão das tarefas. 
- Como características distintas do TDAH, o humor 
disfórico constante ou anedonia, sonolência e perturbação 
do apetite. 
Transtorno do Humor Bipolar - As características similares do TDAH são a 
hiperatividade, dificuldades em manter atenção e foco; 
oscilações de humor. 
- As características distintas são a disforia ou humor 
eufórico, insônia e ilusões. 
Transtorno de Ansiedade - Demonstra características similares à excitação e à 
dificuldade de concentração. 
- Apresenta como características distintas apreensão 
exagerada, preocupação e sintomas somáticos de 
ansiedade. 
Abuso de Substâncias ou 
Dependência Química 
- Mostram como características similares dificuldades com 
atenção, concentração, memória e oscilações de humor. 
- Como características distintas apresentam um padrão 
patológico de uso de substâncias com consequências 
sociais, tolerância e dependência psicológica. 
Fonte: Searight, Burke & Rootnek, 2000, apud, LOPES, 2005 
 
 
 
 
 
 
45 
 
Desta forma, percebe-se que o comportamento TDA pode ser 
acompanhado de outras comorbidades. Visto que algumas destas 
psicopatologias podem mascarar o diagnóstico preciso, faz-se necessário que 
os profissionais envolvidos com estes pacientes conheçam bem as outras 
desordens de comportamento. Assim, conseguirá diferenciá-las e poderá ter 
êxito em seu trabalho para ajudar estas pessoas e indicar o melhor caminho 
para amenizar esses transtornos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
46 
CAPÍTULO III - TRATAMENTOS E INTERVENÇÕES 
EFICAZES PARA PESSOAS COM TDA 
 
 
 
 
O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-
los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da 
desumanidade. George Bernard Shaw. 
 
 
 
 Este capítulo tem como objetivo apresentar tratamentos e intervenções 
eficazes para o cuidado de crianças, adolescentes e adultos com TDA. Será 
abordado inicialmente o valiosíssimo papel da família, as estratégias que os 
professores e demais profissionais da educação podem utilizar em sala de aula 
e no âmbito educacional e por fim serão apresentadas as estratégias 
utilizando-se de medicamentos específicos ao tratamento do comportamento 
TDA. 
 
 
3.1 O Papel da Família 
 
 
 
Uma das mais importantes ajudam as pessoas com TDA, especialmente 
para a criança é ajuda parental. Quando os pais das crianças recebem 
orientações e instruções de apoio para a implementação de estratégias 
comportamentaisque visam melhorar a atenção deles em relação as regras e 
tarefas, o tratamento se torna mais fácil. 
 
Para crianças abaixo de 6 anos de idade a recomendação é sempre 
explicar as regras que são cobradas e sempre utilizar de reforço positivo 
através de elogios e outros mecanismos para incentiva-las. 
 
Acima dessa idade pode se utilizar treinamentos onde os pais de 
crianças TDA podem participar chamado de “Programa de Treinamento para 
 
 
 
 
47 
Pais de Forehand”. Este foi adaptado por Barkley enfocando os problemas 
mais comuns ligados ao transtorno. Ele pode ser realizado com os pais ou 
grupos de pais e geralmente a criança não participa, a não ser por 
recomendação do terapeuta. 
 
É realizado ao longo de nove sessões semanais onde são tratados 
assuntos como a importância do engajamento familiar, “estratégias de 
observação do comportamento da criança, métodos para aumentar a 
obediência e brincadeiras independentes, criação de um programa de reforço 
por fichas”, além de outras recomendações necessárias para a melhor 
sociabilização do (a) filho (a) (DuPaul, George J.; STONER, Gary, 2007,p. 
212). 
 
Já para os TDA adolescentes, as pesquisas mostram os benefícios da 
terapia comportamental familiar. Um método utilizado é conhecido como 
“Solução de Problemas e Treinamento para a Comunicação” (PSCT). Este 
consiste em técnicas de construção de habilidades para a resolução de 
problemas e comportamentos mais comunicativos dentro da família. Em alguns 
casos implementam-se procedimentos de terapia cognitiva comportamental 
para a reestruturação dos sistemas de crenças irracionais de familiares em 
relação ao TDA. 
 
Estudos avaliaram a eficiência da PSCT e puderam mostrar a eficiência 
desta técnica na redução do número de conflitos e da intensidade da raiva nas 
discussões entre família e indivíduo TDA. A PSCT melhora significativamente a 
qualidade da comunicação entre pais e adolescentes com esse transtorno. 
 
Na parte acadêmica os pais devem procurar dar ajuda contínua a seus 
filhos para melhora neste quadro. As dificuldades mais comuns incluem “não 
anotar as lições de casas, não levar as instruções para casa, cometer muitos 
erros, discutir com os pais sobre a realização das lições de casa e entregar os 
deveres atrasados”. 
 
 
 
 
49 
Em sala de aula deve-se procurar combinar abordagens preventivas 
quanto remediadoras aos problemas que foram observados. Deve-se ter em 
mente que para o atendimento as necessidades do jovem TDA faz-se 
necessário o envolvimento de múltiplos agentes de intervenção (DuPaul, 
George J.; STONER). 
 
O objetivo de todo profissional de educação que tem que lidar com 
algum aluno com esse transtorno é o de assumir um enfoque educativo 
direcionado para os problemas de comportamento. Devem-se ensinar 
habilidades e conhecimentos que substituam os comportamentos considerados 
inaceitáveis para um ambiente de aprendizagem. Para tal a o profissional deve 
desenvolver e implementar um comportamento programático e planos de apoio 
ao docente, chamado de “apoio ao comportamento positivo”. Há inúmeras 
evidências de que a mudança de eventos ambientais na sala de aula pode 
ajudar nas mudanças de comportamento de estudantes com TDA, mesmo 
entre os mais severos. Um exemplo é o de colocar a criança TDA mais perto 
do professor de forma que ele possa acompanhar melhor a realização das 
tarefas e aula. 
 
Segue abaixo outras sugestões de intervenções e ajuda para as 
mudanças de comportamento: 
 
Tabela 04: Possíveis mediadores para intervenções baseadas na escola 
Tipo de Intervenção Elementar Secundária 
Mediada pelo professor 
 
- Estratégias de instrução; 
 
- Sistemas de reforço por 
fichas. 
- Instrução de habilidade de 
estudo; 
 
-Contrato de contingências. 
Mediada pelos pais 
 
 
 
- Estabelecimento de 
objetivos; 
 
- Contrato de contingências; 
 
- Reforço no ambiente 
doméstico; 
 
- Instrução pelos pais. 
- Negociação; 
 
- Contrato de contingências; 
 
Reforço no ambiente 
doméstico. 
Mediadas pelos colegas 
 
- Instrução por colegas. - Treinamento por colegas. 
 
 
 
 
50 
Assistida por computador -Instrução; 
 
- Exercícios e prática. 
- Instrução; 
 
- Processamento de texto 
Autodirigida - Automonitoramento. 
 
- Automonitoramento; 
 
-Auto-avaliação. 
Fonte: Du Paul e Power (2000). Copyright por American Psychiatric Association. 
 
 
 
As estratégias elencadas na tabela 04, quando aplicadas corretamente, 
possibilitam a obtenção de altos índices de sucesso na redução do 
comportamento inadequado ajudando a melhorar a aprendizagem das crianças 
e adolescentes com TDA. 
 
Um fator a ser destacado é que os adolescentes com TDA apresentam 
dificuldades na parte acadêmica devido a persistência do transtorno do déficit 
de atenção desde a infância. Porém, o fato deles serem mais “punidos” e 
disciplinados na escola, se dá muito mais pelas comorbidades em outros 
transtornos como o de conduta e oposição, do que com o TDA simples. 
Conforme já citado a “sua incidência [Transtorno de oposição] pode chegar à 
65% dos casos de TDAH dos quais 63% são meninos e 32% são meninas” 
gerando sérios problemas de ordem social e comportamental na vida destes 
(BARKLEY, 2013; Tdah.org). 
 
Esses traços levam os adolescentes com TDA a uma vida com 
habilidades acadêmicas insatisfatórias, pois são mais expulsos e suspensos 
nas escolas, repetem mais de ano (série), carecem de mais reforço escolar, em 
comparação aos seus colegas “normais”. Quando chegam a fase adulta, os 
problemas tendem a piorar em suas relações profissionais e pessoais, além da 
acadêmica. 
 
Barkley (2013) cita que o domínio educacional é um dos mais 
comprometidos na vida dos adultos com TDA. Por isso, em geral, a maioria 
dos clínicos especialistas neste assunto, começam suas considerações em 
livros e artigos abordando essa área. As crianças hiperativas que cresceram 
 
 
 
 
51 
com esse transtorno, na adolescência apresentaram maior propensão para não 
concluir o ensino médio e, quando adultos, muito poucos destes sequer 
chegaram a concluir a faculdade (BARKLEY, 2013). 
 
Estes adultos apresentaram menos anos de estudo em relação a outros 
grupos sem traços do TDA. Obtinham mais notas insatisfatórias e colocação 
pior do que seus outros colegas de turma. Os mesmos estudos mostraram que 
a trajetória acadêmica apresentada no ensino médio também se revelou na 
faculdade. A vida profissional destes adultos também sofre com esses 
comportamentos disruptivos. Muitos destes ficam pouco tempo nos seus 
trabalhos e logo são demitidos. Além do que, por terem baixo rendimento 
acadêmico, se deparam com empregos menos remunerados, o que também 
contribui para a perda da qualidade de suas vidas e frustrações. 
 
Desta forma, para os adultos que foram diagnosticados com TDA ou que 
vem sendo tratados desde a tenra idade, será sempre necessário o contínuo 
treinamento em habilidades sociais em medidas que visam diminuir os efeitos 
indesejáveis da desatenção, impulsividade e hiperatividade, inclusive alguma 
comorbidade, na vida destes. O Planejamento das atividades do dia-a-dia, 
utilizando-se de uma agenda com dias e horários fixos, a terapia14 caso seja 
recomendada, o relaxamento, os exercícios físicos para o manejo adequado do 
estresse, dentre outras medidas que visam a melhor organização da vida deste 
adulto TDA. Porém outra ajuda também está disponível para estes (SILVA, 
2011). 
 
3.3 Tratamento a Base Medicamentosa 
 
 
 
A utilização de medicamentos é a opção mais utilizada para o tratamento 
do comportamento TDA. Nos Estados unidos cerca de 4% das crianças em 
 
14 A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama-se Terapia Cognitivo 
Comportamental que no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos. Não existe até o 
momento nenhuma evidência científica de que outrasformas de psicoterapia auxiliem nos 
sintomas de TDAH. (TDAH.ORG) 
 
 
 
 
52 
idade escolar são tratadas com esses medicamentos. O Brasil é hoje o 
segundo país que mais faz uso da Ritalina®. Não há evidências contrárias aos 
excelentes resultados deste tipo de tratamento, especialmente se for aliado a 
outros tipos de intervenções, como as citadas neste trabalho. 
 
Porém há um sério problema na banalização da utilização destes 
medicamentos devido, principalmente a um diagnóstico menos aprofundado, o 
que leva a muitos médicos prescreverem acentuadamente esses psicotrópicos. 
Dados recentes indicam um aumento de consumo de 164% entre 2009 e 2011 
no Brasil. 
 
Como funcionam esses medicamentos? Por serem psicoestimulantes, 
eles agem aumentando a excitação ou “alerta” do sistema nervoso central 
(SNC). A pessoa que tem TDA é desatenta e pode ser bem hiperativa e 
impulsiva. Isso acontece devido a uma desorganização de seus pensamentos e 
focalização em diversos fatores ao mesmo tempo. Por ser um estimulante 
funciona melhorando a concentração mental de quem sofre este problema, 
ajudando em vários campos da vida e especialmente no âmbito escolar. O uso 
é recomendado para crianças, acima de 6 anos de idade, adolescentes e 
adultos. 
 
Os estimulantes do SNC mais utilizados são o metilfenidato (Ritalina®, 
Concerta®, Metadate®), a dextroanfetamina (Dexendrine®) e a anfetamina 
mista (Adderall®). O metilfenidato é o mais utilizado no tratamento chegando a 
ser prescrito em 80% das crianças com TDA. “As reações mais comuns ao uso 
da ritalina são nervosismo, dificuldade para dormir e perda do apetite”. 
(DuPaul, George J.; STONER, 2007 ; VENANCIO, 2013, p. 6). 
 
O resultado da administração desses medicamentos é muito positivo. 
Segundo DuPaul (2007, p. 175) “aproximadamente 75% das crianças com 
TDAH nas primeiras séries escolares e que são tratadas com medicamentos 
estimulantes respondem positivamente a uma ou mais doses”. As crianças 
 
 
 
 
53 
restantes ou não apresentam melhoras ou pioram em seus sintomas, 
mostrando assim que não há garantias de que uma criança específica terá ou 
não resultados com a administração do medicamento (Du Paul, 2007). 
 
Na questão do controle comportamental e atenção as crianças com TDA 
apresentam melhoras significativas na realização de tarefas que necessitam de 
concentração. Em alguns casos, a evolução é tão espantosa, que o rendimento 
escolar se equivale a de seus colegas “normais”. Comportamentos disruptivos 
como agressividade, desobediência a instruções de autoridades apresentam 
melhoras se combinados com fatores ambientais. Para adolescentes obteve-se 
resultados semelhantes, porém em porcentagens menores, em 50-70% dos 
casos. 
 
No desempenho cognitivo e acadêmico o uso de medicamentos para o 
comportamento TDA é mais evidente em curto prazo. Em longo prazo este 
desempenho não sofre um impacto tão significativo pela farmacoterapia 
utilizada. 
 
Nas relações sociais os psicotrópicos melhoram significativamente as 
interações de crianças com TDA, seus pais, professores e colegas. Há um 
aumento da obediência aos comandos dos professores e outros em autoridade 
e consequentemente diminuição nos comportamentos considerados 
disruptivos. Em relação aos seus colegas, o fato de que essas crianças se 
tornam menos agressivas comportando-se de maneira mais apropriada, é um 
dos pontos de sucesso na melhora nas relações sociais em sala de aula. 
 
Como a maioria dos medicamentos, estes também podem apresentar 
efeitos colaterais. Barkley descreve 17 sintomas mais comuns em curto prazo. 
A tabela 05 apresenta os efeitos colaterais mais frequentes: 
 
 
 
 
 
 
 
54 
Tabela 05: Frequência de aparecimento de efeitos colaterais por uso de 
metilfenidato: 
 
 
Fonte: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/100.html 
 
 
Percebem-se nesta tabela, alguns efeitos colaterais que podem ser 
manifestados. Um ponto a ser destacado neste estudo é que apenas metade 
dos participantes apresentaram efeitos colaterais, e daqueles que tiveram este 
efeito, o nível de gravidade não passou de moderado. Em longo prazo a 
dependência, efeitos cardiovasculares e possível redução da estatura são os 
efeitos possíveis (PASTURA e MATTOS, 2004). 
 
Desta forma observam-se claramente os benefícios da utilização, 
parcimoniosa e bem conduzida, dos psicoestimulantes para o tratamento do 
comportamento TDA, que poderá ajudar crianças, adolescentes e adultos nas 
suas diversas áreas de atuação na vida. 
 
Neste capítulo verificou-se a importância da ajuda familiar, apoio e 
envolvimento parental, além da necessidade de estratégias e intervenções 
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/100.html
 
 
 
 
55 
educacionais apropriadas e ajuda medicamentosa, para o indivíduo com 
transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Como foi dito pelo Dr. Paulo 
Mattos: 
O tratamento do TDAH pode ser feito de forma interdisciplinar, 
com profissionais como: médico, psicólogo, pedagogo, e outros 
profissionais, sempre em conjunto com pais e professores. 
Relata-se ainda que estudos mostram, que crianças e 
adolescentes que recebem tratamento adequado, são menos 
propensos a problemas comportamentais, além de menos 
riscos de abuso de álcool e drogas. (MATTOS, 2011, apud 
CARVALHO, 2012, p. 6). 
 
 
Na última seção, será feitas as considerações finais em relação ao que 
foi explicado durante este trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
CONCLUSÃO 
 
“Foi quando olhando para o céu, viu uma revoada de cisnes 
brancos. - Que lindo e como voam! Olhem só, mas que 
surpresa! O que está acontecendo! Não acreditando, foi olhar a 
sua imagem refletida no lago. - Ora essa, que surpresa, eu sou 
um cisne também! E nesse instante, feliz e levantando o lindo e 
belo pescoço, saiu nadando e cantando para junto de sua 
mãezinha” (ANDERSEN, 1843). 
 
O conto do patinho feio, utilizado como analogia neste trabalho de 
conclusão de curso, finaliza dizendo que o ele cresceu e se tornou um lindo 
cisne. Assim também pode se dar com aqueles que sofrem com o Transtorno 
do Déficit de Atenção. O fato de estes possuírem uma forma diferente e 
peculiar de ver e levar a vida, iniciada desde a tenra infância, não deve ser 
motivo para que se acomodem e não busquem e acreditem em mudanças das 
situações problemáticas e desafios. 
 
Conforme foi destacado neste trabalho, o TDA é um funcionamento 
alterado do cérebro do indivíduo, que envolve as questões da desatenção, na 
maioria dos casos, e impulsividade e hiperatividade em outros casos, 
especialmente em homens. Não se trata de um cérebro com defeito, 
argumentou a Drª Ana Beatriz Barbosa Silva, no seu livro Mentes Inquietas, 
mas sim de um cérebro que trabalha de forma peculiar, e que deve e pode ser 
aceito da forma como ele é. Somente quando esse funcionamento causa 
desconforto a vida da pessoa TDA é que se considera um transtorno (SILVA, 
2009). 
 
Existem várias alternativas que já estão sendo testadas e utilizadas por 
anos a fio em muitas partes do mundo que trazem inúmeros benefícios a vida 
daqueles que sofrem do Transtorno do Déficit de Atenção. Com a publicação 
do DSM V em 2013, houve um avanço considerável em pontos que já estavam 
sendo questionados na comunidade científica. 
 
 
 
 
57 
Por exemplo, a questão da retirada dos termos subtipos e a entrada do 
termo “apresentação” se referindo a apresentação do TDA combinada, quando 
o quadro de desatenção e hiperatividade/impulsividade se apresentam juntas; 
a apresentação predominantemente desatenta, onde o quadro atencional 
comprometido é mais evidente e por fim a apresentação predominantemente 
hiperativa-impulsiva, que induz a pessoa a um comportamento mais 
exacerbado e efusivo. Tudo isso traz a tona que pode haver mudanças no 
decorrer da vida da pessoa com comportamento TDA e as apresentaçõespodem também variar. 
 
Foi dito aqui também que o DSM V trouxe mudanças no diagnóstico 
para pessoas adultas (incluindo adolescentes com 17 anos ou mais). Para os 
adultos o número de sintomas passou de seis para cinco, o que foi um novo 
critério. 
 
 No quesito idade de início dos sintomas no DSM V a idade passou para 
os 12 anos. Idade mais adequada para a realização do diagnóstico em adultos 
que buscaram ajuda após a adolescência e provavelmente não se recordariam 
com detalhes sobre a fase de 6 ou 7 anos de idade. 
 
A grade questão aqui levantada é sobre a percepção que se deve ter em 
relação às crianças, jovens e adultos hiperativos. Como estão sendo tratados 
estes indivíduos com TDA em suas escolas, trabalhos e família? Foi 
apresentado um histórico onde pode se ver que mesmo nos primórdios do 
início da pesquisa científica sobre o TDA, há um pouco mais de 100 anos, 
essas pessoas sempre foram mal vistas e deixadas a parte da sociedade. Hoje 
infelizmente, na grande maioria dos casos não é diferente, muito pela falta de 
conhecimento desse desajuste e orientações práticas para aqueles que 
convivem com alguém TDA. 
 
 
 
 
 
 
58 
Uma triste notícia que está sendo divulgada na época que este trabalho 
foi escrito, é de que o TDAH seria uma invenção da indústria farmacêutica. Foi 
dito aqui que em 1904 já havia relatos médicos de crianças desatentas, 
hiperativas e impulsivas e dos tratamentos que desde então tem se prestado a 
esses. Como seria possível então alguém hoje afirmar que o TDAH é uma 
invenção? O que dizer de centenas de relatos de crianças, adolescentes e 
adultos que são acometidos por esse desajuste cerebral, todos estes com 
amparo da neurociência e áreas correlatas da saúde? O fato dos 
medicamentos relacionados ao tratamento do comportamento TDAH serem 
utilizados de maneira exagerada, na maioria dos países, inclusive no Brasil, 
não quer dizer por si só que o transtorno é uma mentira. A questão é outra. 
 
O que se pode entender do aumento vertiginoso do uso de 
medicamentos para controle da atenção, hiperatividade e impulsividade, é 
como foi explicado pela Drª Maria Aparecida do departamento de pediatria da 
Unicamp quando disse que “[...] estamos cada vez mais usando remédio para 
tudo. Não há mais gente triste. Há gente deprimida. A tristeza incomoda [...] O 
que está acontecendo é que quem não se submete é quimicamente 
assujeitado”. Em outras palavras, é muito mais fácil dar remédio a uma criança 
mais levada do que priorizar sua educação. É muito mais simples encher o 
indivíduo de remédio do que ajudá-lo a andar com suas próprias pernas. Dar 
remédios é mais fácil. O difícil é o envolvimento na vida das pessoas TDA 
conduzindo-as a construção de comportamentos mais adequados e 
socialmente aceitos. Se a pessoa incomoda os medicamentos são prescritos. 
Há uma procura pela homogeneização de comportamentos. 
 
No entanto a máxima “Pílulas não ensinam habilidades” pode ser muito 
bem direcionada a questão do tratamento medicamentoso para o TDA. Apesar 
de benéficos em curto prazo, os psicoestimulantes não ensinam organização, 
planejamento, autocontrole, cumprimento de prazos e metas, na vida de uma 
pessoa com esse transtorno. 
 
 
 
 
60 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA E CITADA 
 
AMERICAN Psychiatric Association (2013). DSM-V. Diagnostic and Statistical 
Manual of Mental Disorders (DSM-5). Fifth Edition. 31-05-2013. 
 
________. (2003). DSM-IV-TR: Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos 
Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas. 
 
ANDERSEN , Hans Christian. A história do Patinho feio. 1843. Disponível em 
http://www.contandohistoria.com/o_patinho_feio.htm. Acesso em 06/10/2013. 
 
BARKLEY, Russel A; MURPHY, Kevin R; FISCHER, Mariellen. TDAH em 
Adultos: O que a ciência diz. São Paulo: Roca, 2013. 
 
CALIMAN, Luciana Vieira. “A constituição sócio-médica do “Fato TDAH””. 
Psicologia & Sociedade; 21 (1): 135-144, 2009. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v21n1/16.pdf. Acesso em 14/10/2013. 
 
_______. Notas Sobre a História Oficial do Transtorno do Déficit de 
Atenção/hiperatividade TDAH. Psicologia ciência e profissão, 2010, 30 (1), 46-
61. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pcp/v30n1/v30n1a05.pdf 
Acesso em 08/10/2013. 
 
CENTRO EDUCACIONAL CATÓLICA DE BRASÍLIA (CECB). O que é 
Bullying? Disponível em: http://www.cecb.edu.br/index.php/ensino-fundamental-
i/315-o-que-e-bullying.html. Acesso em 06/10/2013. 
 
CARVALHO, J. A; et.al. Tdah: considerações sobre o transtorno do déficit de 
atenção e hiperatividade. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.5, n.3, 
Pub.5, Julho 2012. Disponível em: 
http://www.itpac.br/hotsite/revista/artigos/53/5.pdf. Acesso em: 02/03/2014. 
 
http://www.contandohistoria.com/o_patinho_feio.htm
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v21n1/16.pdf
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v30n1/v30n1a05.pdf
http://www.cecb.edu.br/index.php/ensino-fundamental-i/315-o-que-e-bullying.html.%20%20Acesso%20em%2006/10/2013
http://www.cecb.edu.br/index.php/ensino-fundamental-i/315-o-que-e-bullying.html.%20%20Acesso%20em%2006/10/2013
http://www.itpac.br/hotsite/revista/artigos/53/5.pdf
 
 
 
 
61 
DUPAUL, George J; STONER, Gary . TDAH nas Escolas: Estratégias de 
Avaliação e Intervenção. São Paulo: M. Books do Brasil. 2007. 
 
IPDA. Ao invés de reverem a educação, usam Ritalina. Disponível em: 
http://www.dda-deficitdeatencao.com.br/midia/ritalina-educacao.html. Acesso 
em: 08-04-2014. 
MATTOS, Paulo. O que mudou no diagnóstico do TDAH com a nova edição do 
DSM-V, o Manual de Estatística e Diagnóstico de Transtornos Mentais. ABDA. 
03/07/2013. Disponível em: http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/ item/964-
entenda-o-tdah-nos-crit%C3%A9rios-do-dsm-v.html. Acesso em: 05/03/2014. 
 
NEUROIMAGEM no transtorno de déficit de atenção/hiperatividade 2001 
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v23s1/5568.pdf. Acesso em 05/04/2014. 
 
NUTTI, Juliana Zantut. Distúrbios, Transtornos, Dificuldades e Problemas de 
Aprendizagem.2002. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/ 
artigo.asp?entrID=339. Acesso em 07/10/2013. 
 
PASTURA, G. and MATTOS, P... Efeitos colaterais do metilfenidato. Rev. 
Psiquiatr. clín., vol.31, no.2, p.100-104, 2004. Disponível em: 
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/100.html. Acesso em 08/04/2014. 
 
PRIMO, Pedro Carlos. História da Neurociência – Parte 1. Localizacionismo 
Cerebral e Seus Fundamentos Históricos. Disponível em: 
http://www.institutotelepsi.med.br/Links_imagens/cursodehistoria.htm. Acesso 
em 11/04/2014. 
 
SANTOS, Bruna, et al. A Atuação do Psicólogo no Apoio à Criança com TDAH. 
28 de Novembro de 2013. Disponivel em: 
http://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/a-atuacao-do-
psicologo-no-apoio-a-crianca-com-tdah. Acesso em: 02/03/2014. 
 
http://www.dda-deficitdeatencao.com.br/midia/ritalina-educacao.html
http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/%20item/964-entenda-o-tdah-nos-crit%C3%A9rios-do-dsm-v.html
http://www.tdah.org.br/br/textos/textos/%20item/964-entenda-o-tdah-nos-crit%C3%A9rios-do-dsm-v.html
http://www.scielo.br/pdf/rbp/v23s1/5568.pdf
http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/%20artigo.asp?entrID=339
http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/%20artigo.asp?entrID=339
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol31/n2/100.html
http://www.institutotelepsi.med.br/Links_imagens/cursodehistoria.htm
http://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/a-atuacao-do-psicologo-no-apoio-a-crianca-com-tdah
http://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/a-atuacao-do-psicologo-no-apoio-a-crianca-com-tdah
http://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/a-atuacao-do-psicologo-no-apoio-a-crianca-com-tdah
 
 
 
 
62 
SILVA, Ana Beatriz Barros. Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção, 
Hiperatividade e Impulsividade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 
 
SILVA, J. J. R. F; SILVA J. A. L. A Química Inorgânica do Cérebro: Os 
Elementos Químicos

Mais conteúdos dessa disciplina