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Gestão das Cadeias de Suprimentos Núcleo de Educação a Distância www.unigranrio.com.br Rua Prof. José de Souza Herdy, 1.160 25 de Agosto – Duque de Caxias - RJ Reitor Arody Cordeiro Herdy Pró-Reitoria de Programas de Pós-Graduação Nara Pires Pró-Reitoria de Programas de Graduação Lívia Maria Figueiredo Lacerda Produção: Gerência de Desenho Educacional - NEAD Desenvolvimento do material: Julio Loureiro 1ª Edição Copyright © 2019, Unigranrio Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Unigranrio. Pró-Reitoria Administrativa e Comunitária Carlos de Oliveira Varella Núcleo de Educação a Distância (NEAD) Márcia Loch Sumário Gestão das Cadeias de Suprimentos Para início de conversa… .................................................................. 04 Objetivo ........................................................................................... 05 1. Desempenho das Cadeias de Suprimentos ............................... 06 2. Indicadores de Desempenho e Métricas das Cadeias de Suprimentos ....................................................... 10 3. Planejamento, Integração, Coordenação e Sustentabilidade das Cadeias de Suprimentos .................................................. 14 Referências ....................................................................................... 21 Para início de conversa… Vamos tratar os novos aspectos da logística, que hoje é vista como fonte de economia e competitividade, contribuindo para a saúde financeira das organizações. A partir da sua organização e estudo, ela passou a ser um fator-chave para o incremento do comércio regional e internacional em um mundo cada vez mais globalizado e competitivo. Neste estudo, serão desenvolvidas as bases necessárias para que você compreenda o gerenciamento da cadeia de suprimentos, considerando o potencial estratégico ao longo dos principais processos acionados: o de suprimento e o de distribuição. veremos os fatores de sucesso que fazem parte das cadeias de suprimentos, assim podemos utilizar adequadamente os indicadores de desempenho e as suas métricas e terá condições de conjugar as formas de planejamento, integração, coordenação e sustentabilidade das cadeias de suprimentos, a fim de tornar ainda mais competitivas as organizações. 4 Logística Empresarial Objetivo Desenvolver bases para o gerenciamento da cadeia de suprimentos, compreendendo seu potencial estratégico ao longo dos processos de suprimento e distribuição. 5Logística Empresarial 1. Desempenho das Cadeias de Suprimentos Na visão de Chopra (2016), a estratégia competitiva é aquela capaz de definir o seu posicionamento em relação aos seus concorrentes, satisfazendo um conjunto de necessidades de seus clientes ou consumidores por meio de produtos ou serviços. Em geral, as cadeias se organizam em duas categorias, associadas ao tempo de execução em relação ao seu consumidor final: a de demanda puxada e a de demanda empurrada. No primeiro caso, estão enquadradas aquelas que respondem a um pedido colocado pelos clientes, com elevado potencial para as chamadas customizações ou adequações, conforme exigências, e por outro lado, aquelas que possuem algum nível de previsibilidade, produzindo, de forma empurrada, itens da demanda especulada ou prevista. Para avaliar o desempenho das cadeias de suprimentos, deve-se, inicialmente, ter em conta que nela e na logística, de uma forma mais ampla, os gestores não devem tomar decisões baseadas na análise exclusiva de custos, tomados de forma isolada; tais decisões devem fazer parte de um levantamento mais amplo, a fim de detectar os chamados trade-offs. Os trade-offs são a constatação de que a decisão sobre uma determinada operação logística ou outra qualquer não pode ser tomada apenas com base em um dos aspectos isolados. Todos os componentes, que representam custos diretos ou indiretos, em todas as principais etapas, devem ser descritos, antes da escolha por uma opção qualquer. Tomemos como exemplo o transporte de produtos de alto valor agregado entre dois pontos, como os modais aéreo e rodoviário. Figura 1: Transporte de cargas aéreas. Fonte: Dreamstime. 6 Logística Empresarial Considerando apenas a variável do transporte, a decisão provavelmente cairia no modal rodoviário, em função do valor menor, quando comparado ao aéreo no trecho hipotético. No entanto, ao incorporar o valor do seguro das mercadorias, o tempo de deslocamento de um e de outro modal, o estoque em trânsito e o estoque de segurança necessário para absorver as incertezas decorrentes do período de reposição, naturalmente, a decisão deveria passar a considerar o transporte aéreo. Isso se justifica por conta do menor tempo de viagem, que leva a um menor tempo de deslocamento, e consequentemente, a um menor nível de estoque de segurança e valor de estoque em trânsito, bem como menor risco de sinistro, logo, menor valor do seguro das mercadorias, o que causaria um menor valor total. Logo, se a decisão pesasse apenas no modal de transporte, teríamos um custo total maior e não teríamos examinado a outra possibilidade que globalmente seria a mais vantajosa. O mapeamento dos trade-offs de custo pode fornecer importantes subsídios para as decisões logísticas, especificamente no que diz respeito à definição, caracterização, acionamento e acondicionamento do fluxo de produtos. A partir da realização de análises que permitam a mensuração de quais seriam os custos relevantes para a consecução e determinada organização do fluxo de produtos, podemos estabelecer as decisões coerentes ao longo do tempo. No projeto das decisões logísticas, os conceitos de custo total, de custo de oportunidade e de custo incremental merecem destaque. O custo total, como no caso da escolha entre o frete rodoviário e o aéreo, permite a comparação de decisões relacionadas à organização do fluxo de produtos, sem deixarmos de lado a necessidade de analisar o todo. Um importante componente do custo total para a logística está relacionado aos custos de oportunidade, relativos ao que se deixa de ganhar quando são empenhados recursos em determinada organização do fluxo de produtos. 7Logística Empresarial Já o custo de oportunidade refere-se à decisão de antecipar ou postergar um determinado gasto na operação, em função de facilidades ou restrições para a sua realização. E finalmente o custo incremental refere-se, por exemplo, ao custo necessário para se produzir uma peça a mais em um determinado lote, desde que haja flexibilidade na CS para tanto. O gasto para se produzir uma peça a mais em um lote de 1.000 peças é infinitamente menor que o mesmo esforço necessário para se produzir apenas uma peça em um novo lote. No entanto, para o atingimento de maiores níveis de serviço, os custos envolvidos são proporcionalmente maiores que os empregados em níveis menores (transportes mais rápidos são mais caros; ter mais estoque disponível sai mais caro), o que deve levar as empresas a equacionar e refletir que as necessidades de serviço dos clientes devem ser satisfeitas dentro dos limites razoáveis de custo. O Gráfico 1 ilustra esta preocupação. Ev olu çã o d e c us tos e ve nd as Melhoria do nível de serviço logístico Receitas Lucro Custos logísticos Gráfico 1: A evolução dos custos logísticos em função do nível de serviço. Fonte: Adaptado de Ballou (2007, p.79). Para analisar o desempenho de uma CS, além de perceber a sua disposição, configuração e distribuição, as empresas que a compõem devem 8 Logística Empresarial manter instalações próximas aos clientes, elevando o nível de serviço e indicando sua capacidade de suprimento. A história nos mostra que, ao longo da segunda metade do século XIX, os serviços de transporte não eram confiáveis e comprometiam a capacidadede uma empresa cumprir os prazos de entrega. Os consumidores construíram a crença de que as empresas deveriam manter estoques em cada região atendida, sendo praticamente impossível prestar um serviço adequado. Na virada do século XX para o XXI, em função da globalização, as razões econômicas e os riscos associados com a premissa da presença local têm sido constantemente reavaliados. Em primeiro lugar, porque os serviços de transporte vêm aperfeiçoando-se continuamente e os controles dos tempos e movimentos das entregas ficaram muito mais previsíveis. Em segundo lugar, porque as tecnologias de informação reduziram o tempo necessário para transmitir e processar as necessidades dos clientes. A sistemática queda nos custos de processamento tornou, economicamente viável em alguns casos, o monitoramento em tempo real do transporte de cargas, permitindo a disponibilização de informações precisas sobre o andamento da entrega. O mapeamento das relações entre os custos pode ser um importante balizador da coerência na definição de determinada organização do fluxo de produtos e dos recursos configurados para sua consecução. Existem diversas decisões logísticas que dependem fundamentalmente da análise dos trade-offs de custos envolvidos: ▪ Entrega direta ou entrega via centro de distribuição. ▪ Seleção do modal de transporte. ▪ Produção para estoque ou produção contrapedido. ▪ Determinação do nível de estoque em função do serviço ao cliente que se deseja oferecer, entre outros. 9Logística Empresarial Considerando a análise do desempenho da CS e sua composição de custos, identificando possíveis trade-offs que levem a um melhor nível de serviço, sua avaliação e monitoramento constante contribuem de forma significativa para o oferecimento de melhores condições de prestação de serviços a um nível crescente, sob a ótica e perspectiva do consumidor e, ao mesmo tempo, a um custo total cada vez menor. 2. Indicadores de Desempenho e Métricas das Cadeias de Suprimentos A logística hoje é vista como fonte de economia e competitividade para a saúde financeira das organizações. Dentro e fora das empresas, o termo logística está cada vez mais presente na agenda diária, todavia, existem alguns fatores que nos auxiliam na explicação deste fenômeno. 1. A preocupação com os custos organizacionais e/ou industriais. 2. A competição cada vez mais intensa e feroz pelo mercado, bem como o posicionamento frente aos consumidores, necessidade de garantir prazos de distribuição e oferecimento de um nível satisfatório de serviço. 3. Em terceiro lugar, a preocupação com a absorção das crescentes oportunidades de internacionalização das operações. 4. A crescente customização (personalização) e diversificação de produtos, tecnologias, exportações e investimentos em pesquisa e desenvolvimento - P&D. Todos estes fatores contribuem para o desenvolvimento de estratégias que poderão promover a modernização e a eficiência das operações de logística nas empresas. A logística empresarial está associada ao elevado nível de serviço, pois ela tem como objetivo prover o cliente com os níveis de serviço desejados por ele. Isto se dá por meio da administração adequada das atividades-chave da 10 Logística Empresarial logística: transporte, manutenção de estoques, processamento de pedido e de várias outras atividades de apoio adicionais. Estratégias de estoques •Níveis de estoque •Disposição de estoques •Métodos de controle Estratégia de transporte •Modais de transporte •Roteirização/programação do transportador •Tamanho/consolidação do embarque Estratégia de localização •Número, tamanho e localização das instalações •Designação da demanda para pontos de estocagem ou pontos de fornecimento •Armazenagem pública/privada Objetivos de serviços ao cliente Figura 2: Atividades-chave da logística. Fonte: Adaptado de Ballou (2007, p.73). Muitas empresas desenvolveram novos organogramas para melhor tratar as atividades de suprimento e distribuição, dando, frequentemente, status de alta administração para a função, ao lado do marketing e da produção. As empresas, na visão de Meirim (2006), precisam se diferenciar de seus concorrentes e, geralmente, o fazem por meio de inovações tecnológicas e preços diferenciados, com condições e formas de pagamentos mais atrativas, oferta de qualidade assegurada, opção de oferecimento da garantia estendida ou suplementar, entre outros. Como visto, cabe à logística o papel cada vez mais relevante de manutenção dos clientes atuais, nem como atração e conquista de novos clientes. Para que isso seja possível, torna-se vital a mensuração do Nível de Serviço Logístico, que consiste em avaliar o ciclo do pedido, considerando desde a recepção do pedido até a entrega do produto ou prestação do serviço ao cliente, sendo que, em alguns casos, este processo vai até as 11Logística Empresarial funções de montagem, entrega técnica, assistência técnica e outras medidas complementares ao cliente para uso do produto e/ou serviço adquirido. A leitura da situação atual da empresa antecede o estabelecimento dos indicadores de desempenho e definição de metas, para então definir quais serão os seus indicadores de nível de serviço logístico. De igual maneira, compete ao gestor mapear e identificar os gargalos, que são os pontos de maior atenção primária, bem como identificar quais são as expectativas e desejos dos clientes e de que forma tudo isso pode ser medido, além dos custos envolvidos. Como principais indicadores de Nível de Serviço Logístico, temos: ▪ Tempo médio de entrega. ▪ Variabilidade do tempo de entrega. ▪ Informações sobre o atendimento do pedido (rastreabilidade). ▪ Serviços de urgência. ▪ Resolução de reclamações. ▪ Políticas de devolução. ▪ Procedimentos de cobrança. ▪ Flexibilidade do sistema. ▪ Serviços técnicos. ▪ Nível e sortimento de estoque. ▪ Reposição temporária do produto durante reparos (carro reserva). Com a crescente realidade das compras via internet, percebe-se que o nível de exigência por melhores Níveis de Serviço Logístico vem aumentando drasticamente, pois os consumidores desejam, acima de tudo, comodidade e facilidade em todos os processos de aquisição dos produtos/serviços disponibilizados. 12 Logística Empresarial Logo, faz-se necessário que as empresas que querem se manter competitivas no mercado identifiquem o mais rápido possível o que os seus clientes (atuais e potenciais) consideram importantes em termos de Serviço Logístico e, sendo assim, desenvolvam estratégias e ações que estejam alinhadas a estes. Neste sentido, várias ações vêm sendo desenvolvidas, podendo ser destacadas as que estabelecem os Acordos de Níveis de Serviço (ANS) também conhecidos como Service Level Agreement (SLA), que consistem em descrever, em detalhes, os indicadores e níveis de serviço acordados entre os compradores e vendedores. Para garantir o atingimento dos níveis estabelecidos, são utilizados os indicadores-chave de desempenho, do inglês KPI (Key Performance Indicators), que são responsáveis por contribuírem para o sucesso da cadeia de suprimentos. Para tanto, faz-se necessário estabelecer objetivos e traçar metas em áreas-chave, tais como o tempo de entrega e a realização da entrega no prazo, índices de disponibilidade dos produtos, o giro de estoque, entre outros. Durante a integração, devem ser buscados o claro detalhamento e o papel de cada elo na busca dos objetivos, bem como estabelecer uma estratégia de implementação em comum acordo dos elos e a definição dos indicadores de desempenho (KPIs) que serão utilizados e medidos. O papel da logística na integração e na agregação de valor aos clientes vem sendo aperfeiçoado pelas empresas há muitos anos. Na atualidade, busca-se (re)organizar as atividades existentes na empresa, de modo que o bom gerenciamento seja facilitado, o que na prática significa que algumas atividades consideradas comoexclusividade única da produção ou do marketing devem ser reagrupadas. Mas, como a logística se relaciona com a produção e o marketing? Observe o Quadro 1. 13Logística Empresarial Interface produção-logística A empresa Interface marketing-logística Produção Atividades típicas •Controle de qualidade •Planejamento detalhado •Manuseio interno •Manutenção de equipamentos Atividades de interface •Programação da produção •Localização industrial •Compras Logística Atividades típicas •Manutenção dos estoques •Processamento de pedidos •Armazenagem •Manuseio de materiais Atividades de interface •Padrões de níveis de serviço •Formação de preço •Embalagem •Localização dos depósitos Marketing Atividades típicas •Promoção/propaganda •Pesquisa de mercado •Administração da força de vendas Quadro 1: Relação da logística com a produção e o Marketing. Fonte: Elaborado pelo autor. A atividade primária do marketing é gerar lucro para a organização, com a aplicação dos recursos promocionais, propaganda e pesquisa de mercado. Por outro lado, compete à produção preocupar-se, principalmente, com a formação do produto ou serviço, bem como do controle de qualidade daquilo que é produzido ou do serviço prestado, buscando minimizar o custo unitário da produção. Estrategicamente, compete à logística ocupar uma posição intermediária entre ambas. Como é praticamente impossível dissociar as atividades da empresa sem alguma sobreposição de responsabilidades, as áreas de interface devem ser criadas. 3. Planejamento, Integração, Coordenação e Sustentabilidade das Cadeias de Suprimentos As cadeias podem ser organizadas em dois grupos: os de produção puxada e os de produção empurrada. No primeiro grupo, segundo Chopra (2016), estão as estruturas que reagem a um pedido colocado pelo cliente, como por exemplo, a produção de um avião de passageiros, que atende a uma série de requisitos de uma determinada companhia aérea. Já no segundo grupo, estão reunidas aquelas que possuem condições de se antecipar à demanda, e com isso, produzir de forma prévia o que será 14 Logística Empresarial consumido, independente do cliente colocar seu pedido. Para sua estimativa, são levados em consideração o preço do produto no mercado internacional e/ ou nacional, crescimento do mercado consumidor, pressão da concorrência, safra do ano em exame, entre outros. Para se obter este produto final, o gestor deve se antecipar à necessidade do cliente, cuidando de planejar o nível de atividade da produção, transporte ou qualquer outra atividade necessária. Para as atividades do tipo puxar, o gestor deverá se preocupar em ultimar as ações relacionadas com o planejamento do nível de capacidade e estoques disponíveis, mas não a quantidade real a ser executada, uma vez que esta dependerá do acionamento por parte dos clientes. Nas duas situações, faz-se necessário que o gestor preveja qual será a necessidade do cliente. Imagine a seguinte situação: um fabricante de tintas imobiliárias, com um sortimento de algumas centenas de cores, precisa estimar quais cores e quantidades deverão ser produzidas para abastecer o mercado no ano seguinte. Ele deverá considerar a concorrência, participação da sua marca, preferências dos consumidores, entre outros aspectos, sem perder de vista que: se produzir demais, corre o risco de sobrar as tintas prontas nas lojas; e se for econômico, corre o risco de faltar o produto, levando o cliente a buscar na concorrência itens similares. De posse do volume vendido e daquilo que espera vender, ele poderá então concentrar a sua estratégia de produção nas tintas mais comumente comercializadas por estado e tipo de consumidor, e para aquelas de menor procura e maior variedade, ele poderá optar por instalar, em grandes lojas, pontos de mistura de pigmentos, padronizando as tintas conforme o interesse e procura de cada cliente, ampliando significativamente o leque de opções de cores possíveis de serem misturadas na hora que o cliente quiser e preferir. Esta estratégia possibilita um elevado nível de satisfação, pois o cliente poderá fazer desde pequenos retoques, até mesmo criar cores inéditas com base em amostras de objetos e itens de decoração. Além disso, este recurso possibilita a redução dos níveis de estoque ao longo da cadeia de suprimentos, pois o produto será finalizado no momento da venda. 15Logística Empresarial Quanto maior o valor agregado do material em estoque, maior será a tendência para a centralização e eliminação de estoques de segurança ao longo da cadeia de suprimentos, pois haverá uma forte tendência à obsolescência a partir da sua descentralização. Um excelente exemplo é o da produção de automóveis. Todavia, os estoques cumprem um papel estratégico ao longo das cadeias de suprimentos. No tocante aos níveis de estoque ao longo da cadeia de suprimentos, deve-se levar em consideração o estágio da cadeia de suprimentos onde se dá a sua localização. Ele também pode ser caracterizado por diferentes atributos, tais como vi sibilidade da demanda, tempo de resposta, se está voltado para a operação, para a manutenção das instalações ou para a produção, distribuição ou suprimento. Esses atributos são normalmente chamados de características da operação. As empresas devem dar atenção à sua existência e a falta desta pode levar: ▪ A prazos de entrega dilatados e reposições de matérias-primas. ▪ Ao estoque cheio e produção estabilizada ou crescente. ▪ À elevação do número de pedidos cancelados. ▪ À variação excessiva nas quantidades a serem produzidas – muitos setups. ▪ À falta de espaço para armazenagem. ▪ À baixa rotação dos estoques, obsoletismo em demasia. Para que não faltem ou sobrem, os gestores devem considerar que toda teoria da gestão dos estoques está norteada pela previsão do consumo dos materiais e em que momento os recursos serão necessários. A partir deste ponto, são estabelecidas as estimativas futuras dos produtos que serão comercializados pelas empresas, possibilitando definir quais produtos estarão disponíveis, em que praça, e para qual tipo e perfil de cliente. Toda previsão possui um perfil geral, sendo o ponto de partida do planejamento empresarial; não deve ser uma das metas de vendas e a sua previsão deve ser compatível com o custo para obtê-las. 16 Logística Empresarial As informações básicas que serão utilizadas dividem-se em dois grandes grupos: qualitativas e quantitativas. As qualitativas são a opinião dos gerentes, vendedores, compradores, pesquisa de mercado. As quantitativas compreendem o quadro de evolução das vendas no passado; são variáveis cuja evolução e explicação estão ligadas com as vendas ou de fácil previsão, com relação ao volume de vendas (PIB) e de ações de Marketing (fishing, cookies, busdoor, SMS etc.). As técnicas de previsão de demanda mais conhecidas são: ▪ Projeção – Admite-se que o futuro será uma repetição do passado com a evolução ou declínio das vendas no tempo. Segundo uma mesma lei observada no passado, estas técnicas são essencialmente quantitativas. ▪ Explicação – Acrescenta-se às vendas do passado um relacionamento com variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São o fruto da aplicação de regras de regressão e correlação (quali-quanti). ▪ Predileção – Empregados com experiência e conhecedores de fatores influentes no comportamento de vendas e profundos conhecedores de mercado estabelecem a evolução de vendas futuras (qualitativas). Os modelos descritivos de previsão de demanda passaram a ser incrementados com um maior uso de tecnologia de informação e da necessidade de relacionamentos colaborativos. Dessas necessidades, surgiram muitos programas utilizados nas relações operacionais entre os níveis da cadeia, que fazem uso dos modelos descritivos de previsão de demanda. Entre esses programas, estão os Programas de Resposta Rápida (PRRs). Em linhas gerais, uma das principais vantagens dos PRRs é o conhecimento que ofornecedor tem da demanda do cliente. Esse conhecimento pode levar, indiretamente, à redução dos tempos de resposta, por meio do aprimoramento das previsões de demanda e da programação das operações. Além disso, são programas que favorecem o conhecimento das quantidades de reposição, por meio da reação rápida à demanda. Se o 17Logística Empresarial fornecedor toma a decisão de reposição, o conhecimento da demanda pode levar à redução da variabilidade na quantidade de reposição de estoque, ao longo do tempo. Em todos esses programas, observa-se a tentativa de diminuir ou eliminar as consequências do efeito chicote. São programas operacionais que têm como fundamento o atendimento ao cliente, baseando-se nas informações de demanda e gerenciamento de prazos, visto que o tempo é quem faz a junção de todas as partes da cadeia. Todavia, alguns problemas podem surgir na gestão das cadeias de suprimentos relacionados à volatilidade da demanda. O primeiro trabalho acadêmico, que descreve a propagação da volatilidade da demanda (efeito chicote), é citado por Forrester (1958), que chamou atenção para o fato de a variância da demanda percebida pela indústria ser bem maior do que a variância efetiva da demanda final. Uma pequena variação ou flutuação na demanda real do cliente pode bater o chicote para os fornecedores, ao longo da cadeia, levando-os a enfrentar situações de superprodução e de ociosidade. Com o efeito chicote, torna-se evidente a importância do gerenciamento de estoques e das políticas de pedidos a serem realizados na cadeia. Além disso, ao longo do tempo, as exigências de transporte, tanto para clientes, como para fornecedores, estão fortemente correlacionadas com a satisfação dos pedidos. Essas exigências oscilam significativamente, provocando aumento nos custos, uma vez que a capacidade excedente de transporte precisa ser mantida para atender os períodos de alta demanda. A integração e coordenação de esforços com forte apelo à confiança entre os elos e o emprego de sistemas informatizados possibilitam a realização de uma comunicação mais eficiente, sem ruídos, atrasos ou falhas, melhorando os relacionamentos e evitando-se assim os inconvenientes de excessos, faltas na produção, atrasos e outras mazelas. 18 Logística Empresarial Figura 3: Rede colaborativa, com apoio de sistemas informatizados e comunicação eficiente. Fonte: Dreamstime. Para Chopra (2016), o foco na sustentabilidade vem ganhando espaço à medida que as economias em países emergentes como Brasil, China e Índia cresceram nos últimos anos. O crescimento destes mercados vem melhorando os padrões de vida globais, e com isso, o crescimento passou a pressionar os recursos naturais e o meio ambiente como um todo. Logo, se as cadeias de suprimentos não se tornarem sustentáveis, reduzindo desperdícios, poluição e funcionamento, elas não conseguirão manter o crescimento. São três os principais fatores de sucesso na sustentabilidade das cadeias de suprimentos: ▪ Redução do risco e melhoria no desempenho. ▪ Pressão de governos e sociedade. ▪ Crescimento de consumidores ambientalmente conscientes e, portanto, mais seletivos. Assim podemos concluir que caberá aos futuros gestores a adoção de ações simples, tais como a escolha de equipamentos e processos menos poluentes, com menor impacto ambiental. Vimos também que os arranjos em cadeias de suprimentos possuem diversas vantagens e possibilitam as organizações operarem de forma mais eficiente e segura. 19Logística Empresarial Para atingirem este nível de operação, as empresas precisam escolher de forma criteriosa os seus parceiros, estabelecendo relações com base na confiança e transparência, levando ao cliente os produtos certos nas condições estabelecidas ao menor custo total possível. Isso passa pela gestão adequada dos recursos, estabelecimento de critérios definidos e métricas de acompanhamento e medição por indicadores construídos pelas partes interessadas. Então a comunicação surge como fator determinante na consolidação das relações e estabelecimento de ligações cada vez mais produtivas e consolidadas. Tudo isso sem perder de vista a crescente preocupação com a sustentabilidade do planeta e das organizações envolvidas, pois o mercado está cada vez mais atento e seletivo às empresas que apostam nesta empreitada mais sustentável. 20 Logística Empresarial Referências CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e operações. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2016. FORRESTER, J. Industrial Dynamics. Harvard Business Review. Boston, n. 36, 1958. MEIRIM, H. R. Nível de serviço logístico - Um diferencial competitivo. 2006. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/ nivel-de-servico-logistico-um-diferencial-competitivo/12472/ Acessado em 04 jun. 2019. 21Logística Empresarial
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