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@Resumos.estudemed @Resumos.estudemed América Portuguesa - O Século do Ouro e os Levantes Coloniais - Após serem expulsos do Nordeste, os holandeses passaram a produzir açúcar na região das Antilhas. A concorrência do açúcar holandês contribuiu para a crise da economia açucareira, fato que intensificou a busca por metais preciosos na América portuguesa. - As primeiras minas de ouro foram encontradas por bandeirantes paulistas em finais do século XVII, concretizando uma antiga pretensão portuguesa. A primeira consequência da descoberta de ouro foi a migração de um enorme contingente populacional para a região das minas, em busca de enriquecimento. O ouro achado na América portuguesa era o chamado ouro de aluvião, encontrado nos leitos e nas margens dos rios e, portanto, de fácil retirada. A chegada dos novos habitantes à região provocou a Guerra dos Emboabas, que opôs bandeirantes e os recém-chegados (chamados pejorativamente pelos bandeirantes de Emboabas). Estes últimos venceram o conflito, levando a migração de bandeirantes para outras regiões mais ao interior da então colônia. Importante fator no processo de interiorização. - Após o conflito, a fiscalização portuguesa se fez cada vez mais presente na região mineradora. Foram criados uma série de impostos, como o quinto, através do qual 20%, ou seja, a quinta parte do ouro retirado, deveria ser entregue à metrópole. As jazidas foram divididas em datas e passadas para os exploradores mediante o sistema de sorteio, promovido pela Intendência das Minas, principal órgão de controle e de fiscalização da mineração do ouro. Apesar do aparato criado pela coroa portuguesa, a cobrança do quinto encontrava um grande desafio: o crescente contrabando do ouro em pó que circulava pela região. Era, inclusive, comum que o metal fosse contrabandeado dentro de santos de pau oco. - Para reduzir o contrabando, foram criadas, a partir de 1720, as Casas de Fundição – locais onde o ouro era transformado em barras timbradas e quintadas, ou seja, era retirada a quinta parte como tributo à coroa. Após essa medida, a circulação de ouro em pó foi proibida na região das minas. Pouco tempo depois, foi criado um novo imposto, a capitação, onde se cobrava 17 gramas por escravo em atividade na mineração. - Em 1750, época do apogeu do ouro, foi instituída a finta, ou seja, a fixação de uma cota fixa de 100 arrobas que incidia sobre toda a região aurífera. A partir daí, já com o prenúncio da decadência da mineração, essa cota não era alcançada, o que deixou a população na região endividada com a metrópole. - Foi devido a isso que foi instituída a derrama, forma arbitrária de cobrança do quinto atrasado, que deveria ser pago por toda a população da região, inclusive com bens pessoais. A derrama é muito importante para entender um importante movimento separatista que ocorreu na região: a Conjuração Mineira. - A descoberta de ouro é central para compreendermos o processo de interiorização da América Portuguesa. O século XIX - que convencionamos chamar de O Século do Ouro – foi marcado pelo afluxo de milhares de pessoas para a região, promovendo um processo de urbanização, com o surgimento de vilas, a ampliação do comércio e do mercado interno, assim como transformações na configuração social. - A região das minas foi responsável por uma maior articulação econômica na colônia. A região Sul, por exemplo, foi uma importante fornecedora de gado, utilizado para alimentação, vestimenta, e também como meio de transporte. - Minas Gerais também era um grande mercado de escravos, principal mão de obra utilizada para a extração aurífera. Na Bahia e em Pernambuco, ampliou-se a produção de fumo, utilizada como moeda de troca por escravos no litoral africano. @Resumos.estudemed @Resumos.estudemed No Rio Janeiro, intensificou-se a produção de aguardente, com destaque para a região de Paraty, que também era moeda de troca por escravos na África. Esses escravos, seriam vendidos na região mineradora. - A atuação de Minas Gerais como um polo de atração econômica favoreceu um processo de integração entre regiões que eram dispersas. - Surgiu, assim, um mercado interno articulado, onde houve o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o sudeste. Não por acaso em 1763 houve a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. - Do ponto de vista social, podemos falar que a sociedade mineradora era mais diversificada do que a açucareira, embora conservasse a lógica escravista. - Ocorreu o crescimento do que podemos chamar de “camadas médias”, composta por donos de vendas, artesãos (como alfaiates, carpinteiros, sapateiros) e tropeiros. E, ainda, pequenos roceiros que, em terrenos reduzidos, entregavam-se à agricultura de subsistência. A maior parte da população era composta ainda por escravos, a qual competia os trabalhos mais pesados e degradantes. - A maior diversificação e crescente processo de urbanização permitiu, além disso, que os escravos atuassem cada vez mais em atividades urbanas. Muitos eram transformados em “escravos de ganho”, onde realizam atividades como o transporte de cargas e pessoas, a fabricação de utensílios ou a venda de produtos nas feiras. Geralmente, o seu dono ficava com a maior parte dos lucros obtidos ao longo do dia. A parcela destinada ao escravo poderia ser utilizada para alimentação, vestuário e, até mesmo, para a compra de sua alforria. - Um outro componente extremamente importante para o período, foi o Tratado de Methuen, popularmente conhecido como o Tratado de Panos e Vinhos, feito entre Portugal e Inglaterra. Firmado no inicio do século XVIII, o tratado girava em torno da exportação de vinhos portugueses e da importação de tecidos ingleses. Desfavorável para os portugueses, uma vez que a demanda de tecido era muito maior do que a de vinho, o acordo teve duas consequências imediatas: Portugal passou a ser dependente economicamente da Inglaterra e o ouro extraído na colônia portuguesa passava direto para as mãos dos ingleses. Consequentemente, essa acumulação de capital vai permitir o desenvolvimento da revolução industrial por parte da Inglaterra. - Durante os séculos coloniais, as revoltas de nativos, escravizados e colonos sempre foram recorrentes, reivindicando desde questões básicas como direito à vida e à liberdade, até mais complexas, como a hegemonia na exploração aurífera ou o domínio de territórios. Guerra dos Mascates - Conhecida como uma revolta nativista por não questionar o domínio português, mas sim por discordar da forma que ele era feito. - Ocorreu em Pernambuco em 1710 e um contexto de crise na economia açucareira. Os senhores de engenho de Olinda haviam pegado empréstimos com comerciantes portugueses de Recife para financiar suas plantações, contudo quando os holandeses foram para as Antilhas levando as técnicas da produção e plantio do açúcar causaram um grande impacto na economia local que girava em torno do gênero agrícola. Com cada vez mais poder, os comerciantes portugueses começam a requerer ao rei português mais autonomia para a sua província. - Embora estivessem endividados com os comerciantes portugueses (conhecidos como mascates), os senhores de engenho de Olinda ficaram extremamente descontentes com iminente emancipação política conquistada por Recife, além do seu sucesso econômico proveniente da ocupação holandesa. - Assim, os senhores de engenho produziram ataques a recém-separada cidade de Recife recebendo um contra-ataque de peso por parte dos comerciantes. Recebendo apoio coroa portuguesa, os comerciantes acabam tendo @Resumos.estudemed @Resumos.estudemed sucesso por conseguir manter a região separada politicamente. Revolta de Vila Rica- Conhecida também como Revolta Filipe dos Santos, ocorreu em 1720 na atual cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais. - Após a descoberta do ouro, a coroa portuguesa reorganizou a administração sobre a atividade mineradora e intensificou o combate ao contrabando do ouro. Dentre as principais medidas estão a criação das casas de fundição, a proibição da circulação de ouro em pó e a instituição de novos impostos o que aumentou a arrecadação da coroa. - Descontentes, os donos das minas desejavam a diminuição da fiscalização e o fim das casas de fundição. Os revoltosos conseguiram ocupar por cerca de um mês Vila Rica e através de um acordo com o governador da região a revolta chegou ao fim. Apesar do acordo, os líderes foram presos e condenados a morte, principalmente Filipe dos Santos. Após o conflito, a coroa criou novos mecanismos de controle na entrada e saída desse ouro produzido, instalando estradas especificas para sua circulação que ficaram conhecidas como, a Estrada Real. A Inconfidência Mineira - A Inconfidência Mineira (1789) se destacou exatamente por ter um viés diferente das antigas revoltas coloniais. - Ao absorver as influências da recente independência das 13 colônias e dos pensamentos iluministas que circulavam pela colônia, sobretudo em lojas maçônicas, os conspiradores envolvidos com esse movimento puderam contestar não só taxas abusivas como a derrama (principal reivindicação), mas também pensar no fim do pacto colonial e na emancipação política e econômica entre a colônia e a metrópole, instalando, na região central do Brasil, um regime republicano. - Assim, durante o chamado ciclo do ouro, um período marcado pelas altas taxas (quinto, derrama e capitação), pelo aumento do custo de vida e pela pouca participação dos colonos nas decisões administrativas e políticas, as ideias liberais traziam respostas aos questionamentos e desejos da elite local, que passou a se reunir secretamente para conspirar contra a Coroa portuguesa. - Os inconfidentes, de uma forma geral, eram homens letrados e ricos, que haviam estudado em Coimbra ou proprietários de minas e escravizados. Dentre eles, nomes como Cláudio Manoel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Thomás Antônio Gonzaga e Francisco da Paula Freire eram importantes figuras do meio colonial. - No entanto, o único fora desses padrões, sem muita influência política ou econômica era o alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como Tiradentes, que ficou marcado como um dos líderes e símbolos do movimento, muito mais pela punição severa que recebeu sozinho e pela posterior historiografia republicana do que, de fato, por ter liderado ou elaborado os planos dos inconfidentes. - Apesar da revolta ter data marcada para o dia da cobrança da derrama, os inconfidentes foram denunciados por Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiro do Lago e Inácio Correia Pamplona, o que possibilitou a Coroa portuguesa a reprimir o movimento, prender os inconfidentes e aplicar penas de exílio aos revoltosos, exceto para Tiradentes, que foi preso no Rio de Janeiro e, em seguida, enforcado e esquartejado, tornando-se um grande exemplo para futuros movimentos. A Conjuração Baiana - Diferente da Inconfidência Mineira, a conspiração organizada na Bahia teve influência da Revolução Francesa e contou com uma participação muito mais popular, o que se refletiu também nos próprios objetivos do movimento e nos outros nomes pelo qual ficou conhecido, como Revolta dos Alfaiates e Revolta dos Búzios. @Resumos.estudemed @Resumos.estudemed - Assim, enquanto o movimento mineiro se posicionava contra as taxas absurdas cobradas, na Bahia, havia um desejo de liberdade plena (inclusive para os escravizados), de abertura dos portos, de maior liberdade comercial e de melhoria na qualidade de vida, pois, desde a transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro (1763), houve uma perda considerável de recursos e prestígio. - As tensões entre diferentes grupos cresciam no final do século XIX, com saques, conflitos, prisões e punições severas, assim, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, que atravessavam o mar vindos da França, soavam como resposta para os problemas locais. Desta forma, a emancipação política, a liberdade comercial, com o fim do pacto colonial, e a abolição da escravidão, logo se tornaram respostas para uma população aflita. - Assim como as outras revoltas coloniais, a Conjuração Baiana fracassou após ser denunciada para a Coroa portuguesa, que reprimiu o movimento e aplicou pena de morte para as quatro lideranças negras do movimento: os soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas e os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus Nascimento.
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