Buscar

Modalidades de obrigações

Prévia do material em texto

10
CONCEITOS E MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES
Acadêmica: Carla Cristina Scottini
Professor-Bruno Neves Martinelli
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Curso (331/3) – Direito
16/04/2020
RESUMO
O Direito coloca-se no mundo da cultura, isto é, dentro da realidade das realizações humanas. Antepõe-se ao mundo da cultura, que é o mundo do “dever-se”, um mundo do ideal, ao mundo do “ser”, que é o mundo da natureza, das equações matemáticas. Por outro lado, o mundo da cultura vale-se de outra dimensão da realidade que nos rodeia, que é o mundo dos valores: por meio da valoração de cada conduta humana atingimos o campo do Direito. Direito é o ordenamento das relações sociais. Só existe Direito porque há sociedade. Pois bem, dentro da sociedade (e até mesmo fora dela, embora não seja esse o enfoque que aqui se queira dar), o homem atribui valor a tudo o que o circunda. A relação jurídica estabelece-se justamente em função da escala de valores do ser humano na sociedade. A todo momento, em nossa existência, somos estimulados a praticar essa ou aquela ação em razão dos valores que outorgamos às necessidades da vida: trabalhamos, compramos, vendemos, alugamos, contraímos matrimônio etc... A palavra obrigação, como vem tratada no título do Código, recebeu um conteúdo técnico e restrito, de modo que sua acepção estrita dá perfeitamente o conhecimento de seu alcance. 
Palavras-chave: direito-cultura
Summary
 
Law is placed in the world of culture, that is, within the reality of human achievements. It is set before the world of culture, which is the world of "duty", a world of the ideal, to the world of "being", which is the world of nature, of mathematical equations. On the other hand, the world of culture uses another dimension of the reality that surrounds us, which is the world of values: through the valuation of every human conduct we reach the field of law. Law is the ordering of social relations. There is only law because there is society. Well, within society (and even outside it, although that is not the focus that is wanted here), man attributes value to everything around him.
The legal relationship is established precisely according to the scale of values of the human being in society. At all times, in our existence, we are encouraged to practice this or that action because of the values we give to the needs of life: we work, buy, sell, rent, contract marriage, etc... The word obligation, as it comes into account in the title of the Code, has received a technical and restricted content, so that its strict meaning perfectly gives the knowledge of its scope.  
Keywords: right-culture
 
CONCEITO DE OBRIGAÇÕES
Na versão clássica, para Washington de Barros Monteiro: 
A obrigação pode ser conceituada como “a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.
Obrigações é um vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir do devedor o cumprimento de determinada prestação. Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de credito e débito, de caráter transitório, cujo objeto consiste numa prestação economicamente favorável. 
A definição clássica vem das institutas, no direito Romano: “obligatio est juris vinculum, quo necessitate adstringimur alicujus solvendae rei, secundum nostrae civitatis jura” que quer dizer “ obrigação é o vínculo jurídico que nos adstringe necessariamente a alguém, para solver alguma coisa em consonância com o direito civil. Já se apontava o vínculo com o núcleo central da relação entre credor e o devedor, a prestação com o seu conteúdo, exigível coercitivamente.
 Desenvolvimento
São elementos constitutivos da obrigação:
Elementos subjetivos: o credor (sujeito ativo) e o devedor (sujeito passivo);
Elemento objetivo imediato: a prestação;
Elemento imaterial, virtual ou espiritual: o vínculo existente entre as partes.
Nesse contexto, Nelson Rosenvald sintetiza muito bem como deve ser encarada a obrigação atualmente:
“A obrigação deve ser vista como uma relação complexa, formada por um conjunto de direitos, obrigações e situações jurídicas, compreendendo uma série de deveres de prestação, direitos formativos e outras situações jurídicas. A obrigação é tida como um processo – uma série de atos relacionados entre si que desde o início se encaminha a uma finalidade: a satisfação do interesse na prestação. Hodiernamente, não mais prevalece o status formal das partes, mas a finalidade à qual se dirige a relação dinâmica. Para além da perspectiva tradicional de subordinação do devedor ao credor existe o bem comum da relação obrigacional, voltado para o adimplemento, da forma mais satisfativa ao credor e menos onerosa ao devedor. O bem comum na relação obrigacional traduz a solidariedade mediante a cooperação dos indivíduos para a satisfação dos interesses patrimoniais recíprocos, sem comprometimento dos direitos da personalidade e da dignidade do credor e devedor.
2.1Elementos subjetivos da obrigação
Sujeito ativo – é o beneficiário da obrigação, podendo ser uma pessoa natural ou jurídica ou, ainda, um ente despersonalizado a quem a prestação é devida. É denominado credor, sendo aquele que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
Sujeito passivo – é aquele que assume um dever, na ótica civil, de cumprir o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com seu patrimônio. É denominado devedor. Algumas vezes o sujeito da obrigação, ativo ou passivo não é desde logo determinado. No entanto, a fonte da obrigação deve fornecer os elementos ou dados necessários para a sua determinação.
Exemplo: No contrato de doação o donatário pode não ser desde logo determinado mas deverá ser determinável no momento de seu comprimento.
Exemplo: um troféu ao vencedor de um concurso ou ao melhor aluno da classe.
 Elemento objetivo ou material da obrigação
O objeto da obrigação é sempre uma conduta ou ato humano: dar, fazer ou não fazer.
Se chama prestação que pode ser positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer). Objeto da relação obrigacional é, pois, a prestação debitaria. É a ação ou omissão a que o devedor ficar adstrito e que o credor tem direito de exigir. 
Vínculo jurídico da relação obrigacional
Vinculo jurídico da relação obrigacional é o liame existente entre o sujeito ativo e o sujeito passivo e que confere ao primeiro o direito de exigir do segundo o cumprimento da prestação.
Assim, o cerne ou núcleo da relação obrigacional é o vínculo.
3. AS FONTES OBRIGACIONAIS NO DIREITO BRASILEIRO
A palavra fonte é uma expressão figurada, indicando o elemento gerador, o fato
jurídico que deu origem ao vínculo obrigacional.
Nesse sentido ensinam Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho que:
 “As fontes do direito são meios pelos quais se formam ou se estabelecem as normas jurídicas. Trata-se, em outras palavras, de instâncias de manifestação normativa: a lei, o costume (fontes diretas), a analogia, a jurisprudência, os princípios gerais do direito, a doutrina e a equidade (fontes indiretas) ”
Dentro desse contexto, de acordo com o entendimento majoritário da doutrina, podem ser reconhecidas como fontes do direito obrigacional:
Lei- é a fonte primária ou imediata de obrigações, como constitui fonte principal de nosso Direito.
Contratos- São tidos como fonte principal do direito obrigacional, afirmação com a qual é de se concordar integralmente. Como exemplos podem ser citadas as figuras tipificadas no Código Civil, tais como a compra e venda, o contrato estimatório, a doação, a locação, o comodato, o mútuo, a prestação de serviços, a empreitada, o depósito, o mandato, a comissão, a agência e distribuição, a corretagem, o transporte, o seguro, a constituição de renda, o jogo e a aposta, a fiança, a transação e o compromisso, bem como algumas figuras atípicas, não previstas em lei.
Os atos ilícitos e o abuso de direito- São fontes importantíssimas do direito obrigacional,com enorme aplicação prática. Gerando o dever de indenizar, é forçoso entender que o abuso de direito (art. 187 do CC) também constitui fonte de obrigações
Os atos unilaterais – São as declarações unilaterais de vontade, fontes do direito obrigacional que estão previstas no Código Civil, caso da promessa de recompensa, da gestão de negócios, do pagamento indevido e do enriquecimento sem causa.
Títulos de crédito – São os documentos que trazem em seu bojo, com caráter autônomo, a existência de uma relação obrigacional de natureza privada. O seu estudo interessa mais ao Direito de Empresa ou Comercial.
4.Obrigações de dar
A obrigação positiva de dar (obligatio ad dandum) é conceituada como aquela em que o sujeito passivo compromete-se a entregar alguma coisa, certa ou incerta. Nesse sentido, há na maioria das vezes uma intenção de transmissão de propriedade de uma coisa, móvel ou imóvel. Assim sendo, a obrigação de dar se faz presente.
Exemplo: No contrato de compra e venda, em que o comprador tem a obrigação de pagar o preço e o vendedor de entregar a coisa. João compra de Pedro um carro, João paga a Pedro o valor do corro e Pedro entrega o automóvel a João.
A obrigação de dar tem como conteúdo a entrega de uma coisa, em linhas gerais. Pelo nosso sistema, a obrigação de dar não se constitui especificamente “na entrega” efetiva da coisa, mas num compromisso de entrega da coisa. Nosso Direito ateve-se à tradição romana pela qual a obrigação de dar gera apenas um crédito e não um direito real: “traditionibus et usucapionibus dominia rerum, non nudis pactis transferuntur”. A obrigação de dar gera apenas um direito à coisa e não exatamente um direito real.
A propriedade dos imóveis, entre nós, ocorre, precipuamente quando derivada de uma obrigação, pela transcrição do título no Registro de Imóvel; os móveis adquirem-se pela tradição, isto é, com a entrega da coisa A obrigação de dar é aquela em que o devedor se compromete a entregar uma coisa móvel ou imóvel ao credor, quer para constituir novo direito, quer para restituir a mesma coisa a seu titular.
4.1. Obrigações de dar coisa certa
É aquela em que o seu objeto é determinado, individualizado no ato do negócio jurídico, isto é, no momento em que a obrigação é contraída. É a obrigação em que o devedor se obriga a dar coisa individualizada, que se distingue por características próprias, seja bem móvel ou imóvel. Confere ao credor simples direito pessoal. Em outros termos, a obrigação de dar coisa certa é aquela em virtude da qual o devedor fica constrangido a promover, em benefício do credor, a tradição da coisa (móvel ou imóvel), com o fim de outorgar um novo direito (compra e venda), ou com o de restituir devidamente a coisa ao seu dono (empréstimo). O que foi objeto da obrigação, a coisa certa, servirá para o adimplemento da obrigação. Aplica-se, também, para as obrigações de dar coisa certa, o princípio jurídico de que o acessório segue o principal. Na obrigação de dar coisa certa, o credor não é obrigado a receber outra coisa, ainda que mais valiosa, conforme prevê o art. 313 do Código Civil. Certa será a coisa determinada, perfeitamente caracterizada e individuada, diferente de todas as demais da mesma espécie.
Exemplo: Se o devedor se obrigou a entregar um cavalo e este vem a falecer porque não foi devidamente alimentado. Deve o devedor culpado pagar o valor do animal mais o que for apurado em razão de o credor não ter recebido o bem, como, indenização referente ao fato de o cavalo não ter participado de competição já contratada pelo comprador, ou seu valor de revenda a que este comprador já se obrigara.
Exemplo: O caso de uma locação, em que há o dever de devolver o imóvel ao final do contrato. No caso de um incêndio causado por caso fortuito ou força maior e que destrói o apartamento, o locador (credor da coisa) não poderá pleitear um novo imóvel do locatário (devedor da coisa) que estava na posse do bem, ou o seu valor correspondente, mas terá direito aos aluguéis vencidos e não pagos até o evento danoso.
A regra res perit domino causa certa perplexidade, pois é tida por alguns como injusta
4.2 Obrigação de dar coisa incerta
Também denominada obrigação genérica, a expressão obrigação de dar coisa incerta indica que a obrigação tem por objeto uma coisa indeterminada, pelo menos inicialmente, sendo ela somente indicada pelo gênero e pela quantidade, restando uma indicação posterior quanto à sua qualidade que, em regra, cabe ao devedor. Na verdade, o objeto obrigacional deve ser reputado determinável, nos moldes do art.243. Assim, coisa incerta não quer dizer qualquer coisa, mas coisa indeterminada, porém suscetível de determinação futura. A determinação se faz pela escolha, denominada concentração, que constitui um ato jurídico unilateral.
Exemplo: Ocorre quando o sujeito se obriga a dar duas sacas de café, sem determinar a qualidade.
A esse respeito, pontifica CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA:
“O estado de indeterminação é transitório, sob pena de faltar objeto à obrigação. Cessará, pois, com a escolha, a qual se verifica e se reputa consumada, tanto no momento em que o devedor efetiva a entrega real da coisa, como ainda quando diligencia praticar o necessário à prestação”.
Para CARLOS ROBERTO GONÇALVES:
“Na obrigação de dar coisa INCERTA, ao contrário, o objeto não é considerado em sua individualidade, mas no gênero a que pertence...
 Exemplo: Dez sacas de café, sem especificação da qualidade. Determinou-se, apenas o gênero e a quantidade, faltando determinar a qualidade para que a referida obrigação se convole em obrigação de dar coisa certa e possa ser cumprida (art. 245)
Obrigação positiva de fazer
A obrigação de fazer (obligatio ad faciendum) pode ser conceituada como uma obrigação positiva cuja prestação consiste no cumprimento de uma tarefa ou atribuição por parte do devedor. Muitas vezes, a obrigação de fazer confunde-se com a obrigação de dar, sendo certo que os seus conteúdos são completamente diferentes.
Exemplo: De uma obrigação cuja prestação é um quadro (obra de arte). Se o quadro já estiver pronto, haverá obrigação de dar. Caso o quadro seja encomendado, devendo ainda ser pintado pelo devedor, a obrigação é de fazer. 
Dar não é um fazer, pois caso contrário não haveria nunca a obrigação de dar.
 A obrigação de fazer pode ser classificada da seguinte forma: 
 Obrigação de fazer fungível, que é aquela que ainda pode ser cumprida por outra pessoa, à custa do devedor originário.
Exemplo: Um pedreiro e contratado para construir um muro, a obrigação é de caráter material, podendo o credor providenciar a sua execução por terceiros.
Obrigação de fazer infungível, que é aquela que tem natureza personalíssima ou intuitu personae, em decorrência de regra constante do instrumento obrigacional ou pela própria natureza da prestação.
Exemplo: O contrato de um pintor para pintar um quatro ou um determinado artista para fazer um show.
O art. 247 trata da obrigação de fazer. Nesta, negando-se o devedor ao seu cumprimento, a obrigação de fazer converte-se em obrigação de dar, devendo o sujeito passivo arcar com as perdas e danos, incluídos os danos materiais (arts. 402 a 404 do CC) e os danos morais (art. 5.º, incs. V e X, CF/1988). Mas, antes de pleitear indenização, o credor poderá requerer o cumprimento da obrigação de fazer nas suas duas modalidades, por meio de ação específica com na fixação de multa ou astreintes pelo juiz, conforme os arts. 497 do CPC/2015 e 84 do CDC.
Obrigação negativa de não fazer (arts. 250 e 251, CC/2002)
A obrigação de não fazer (obligatio ad non faciendum) é a única obrigação negativa admitida no Direito Privado Brasileiro, tendo como objeto a abstenção de uma conduta. Por tal razão, havendo inadimplemento, a regra do art. 390 da codificação material merece aplicação, pela qual nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. O que se percebe é que o descumprimento da obrigação negativa se dá quando o ato é praticado. A obrigação de não fazeré quase sempre infungível, personalíssima (intuitu personae).
Exemplo: O caso do proprietário de imóvel, que tem o dever de não construir até certa distância do imóvel vizinho.
Exemplo: Carlos que se obrigou a não construir um muro em seu imóvel, a fim de não prejudicar a vista panorâmica do vizinho, mas, em razão de determinação do Poder Público, que modificou a estrutura urbanística municipal, viu-se forçado a realizar a obra que se comprometera a não realizar.
Obrigações alternativas 
As obrigações alternativas são também denominadas obrigações compostas, complexas ou com multiplicidade de objetos. A obrigação alternativa é espécie do gênero obrigação composta, sendo aquela que se apresenta com mais de um sujeito ativo, ou mais de um sujeito passivo, ou mais de uma prestação. A obrigação alternativa ou disjuntiva é, assim, uma obrigação composta objetiva, tendo mais de um conteúdo ou prestação. Normalmente, a obrigação alternativa é identificada pela conjunção ou, que tem natureza disjuntiva, à obrigação alternativa, havendo duas prestações, o devedor se desonera totalmente satisfazendo apenas uma delas. Como ocorre na obrigação de dar coisa incerta, o objeto da obrigação alternativa é determinável, cabendo uma escolha, também denominada concentração, que no silêncio cabe ao devedor. Na obrigação alternativa, muitas vezes, há prestações de naturezas diversas, de dar, fazer e não fazer, devendo ser feita uma opção entre essas. Isso não ocorre na obrigação de dar coisa incerta em que o conteúdo é uma coisa determinável. Na dúvida, a resposta deve ser dada pelo instrumento obrigacional, cabendo análise caso a caso partes. Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra, ou seja, receber as prestações de forma fragmentada. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. Se o título deferir a opção à terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.
ORLANDO GOMES manifesta-se a respeito do tema:
“A obrigação pode ter como objeto duas ou mais prestações, que se excluem no pressuposto de que somente uma delas deve ser satisfeita mediante escolha do devedor, ou do credor. Neste caso, a prestação é devida alternativamente”
Exemplo: Se Ana obriga-se a pagar um automóvel ou R$ 10.000,00 a Bruno, a escolha caberá ao devedor Ana se o contrário não fora estipulado no contrato.
Por isso, a despeito da omissão de nossa lei substantiva, o Código de Processo Civil de 2015, em seu art. 800, dispõe que:
“Art. 800. Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, esse será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro de 10 (dez) dias, se outro prazo não lhe foi determinado em lei ou em contrato.
§ 1.º Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercer no prazo determinado.
§ 2.º A escolha será indicada na petição inicial da execução quando couber ao credor exercê-la”
Das Obrigações Divisíveis e Indivisíveis 
São compostas pela multiplicidade de sujeitos. Nela há um desdobramento de pessoas no polo ativo ou passivo, ou mesmos e ambos, passando a existir tantas obrigações distintas quantas as pessoas dos devedores ou dos credores. Nesse caso da obrigação divisível, cada credor só pode exigir a sua quota e cada devedor só responde pela parte respectiva. 
Exemplo: Cinco devedores tem uma dívida de 1.000 reais cada um deles será obrigado a pagar uma parte na dívida, no caso 200 reais.
Havendo pluralidade de devedores, não tem qualquer um deles a faculdade de solver parcialmente a obrigação, em havendo outros sujeitos passivos. O devedor, nessa hipótese, estará obrigado pela dívida toda. 
Exemplo: Assim, se dois devedores se obrigaram a entregar um cavalo, o semovente poderá ser entregue por qualquer um deles, ficando este com direito de cobrar o que for devido do outro devedor. 
Desse modo, o credor pode e deve acionar todos os devedores para o cumprimento de obrigação, mas ainda que coativamente (pela penhora e leilão, por exemplo) um só dos devedores poderá cumprir a obrigação, ocorrendo a sub-rogação ora examinada. Os devedores podem ser responsáveis pela prestação em partes iguais ou em proporção fixada no negócio jurídico, que merece um exame em cada caso concreto. Assim também no tocante aos credores. Sendo a obrigação indivisível, cada um dos devedores responde pela dívida toda, como ocorre na solidariedade. Na verdade, aqui, pela pluralidade de credores de prestação indivisível, estes devem ser considerados credores solidários, enquanto persistir a indivisibilidade
Das Obrigações Solidárias
Obrigação solidária é no sentido de que o codevedor que paga extingue a dívida, tanto em relação a si quanto em relação aos demais devedores. Do lado ativo, cada credor tem a faculdade de exigir a totalidade da coisa devida do devedor. A ideia da solidariedade teve origem no Direito Romano. Quando os credores ou devedores desejavam evitar os inconvenientes da divisão da dívida, ligavam-se por um vínculo particular, por meio do qual um dos credores podia cobrar de cada um dos devedores. Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva).
Exemplo de solidariedade ativa: Ana, Bruna e Carla são credores de Denis. Nos termos do contrato (título da obrigação), o devedor deverá pagar a quantia de R$ 300.000,00, havendo sido estipulada a solidariedade ativa entre os credores da relação obrigacional.
 Assim, qualquer dos três credores Ana, Bruna ou Carla poderá exigir toda a dívida de Denis, ficando, é claro, aquele que recebeu o pagamento adstrito a entregar aos demais as suas quotas-partes respectivas.
Exemplo de solidariedade passiva: Ana, Bruna e Carla são devedores de Denis. Nos termos do contrato (título da obrigação), os devedores encontram-se coobrigados solidariamente (solidariedade passiva) a pagar ao credor a quantia de R$ 300.000,00. 
Assim, o credor poderá exigir de qualquer dos três devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de cada um. Nada impede, outrossim, que o credor demande dois dos devedores, ou, até mesmo, todos os três, conjuntamente. Note-se, entretanto, que o devedor que pagou toda a dívida terá ação regressiva contra os demais coobrigados, para haver a quota-parte de cada um.
CONCLUSÃO
Diante disso, pode-se concluir que o direito das obrigações é de fundamental importância para regulamentar os contratos no direito civil, determinando os deveres e responsabilidades do devedor e do credor da relação jurídica. E a forma como se constituiu a obrigação, o que se dá a partir da classificação, passa então a ser o parâmetro de como a lei vai tratar a relação jurídica mantida entre os sujeitos, pois para cada tipo de obrigação firmada, haverá correspondente tratamento jurídico responsabilizando os sujeitos. Ora, se a obrigação é vínculo jurídico de natureza patrimonial e transitório, o que se quer ao final, é que de fato a obrigação chegue a seu termo, exatamente nos moldes em que foi contratada com seu efetivo cumprimento, porém nem sempre isso é possível, seja por causas decorrentes da culpa do devedor, ou mesmo quando sem culpa a obrigação se impossibilita de ser cumprida, sendo necessário então efetivar a segurança jurídica conferida pelo ordenamento jurídico ao negócio firmado, atingindo o patrimônio do devedor nos danos causados ao credor pelo inadimplemento.
REFERÊNCIAS
(ROSENVALD, Nelson. Dignidade..., 2005, p. 204)
Caio Mário da Silva Pereira, Instituições de Direito Civil, 19. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2001, v. 2, p.38.
Orlando Gomes, ob. cit., p. 87

Continue navegando