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JÉSSICA RESSUTTE VINÍCIUS MASCARELI AMIDOS MODIFICADOS Trabalho apresentado à disciplina de Propriedades Funcionais de Macromoléculas Alimentares, do Programa de Pós Graduação em Ciência de Alimentos, da Universidade Estadual de Londrina. Docente: Profª Drª Sandra Helena Prudêncio Londrina 2020 1. Introdução O amido é um polissacarídeo de fonte natural, renovável e amplamente distribuído na natureza. O amido está presente na forma de grânulos, sendo encontrado principalmente em raízes, sementes e tubérculos, frutas, legumes e verduras. O amido é uma importante fonte de energia para os seres humanos. Os grânulos de amido se apresentam em várias formas e tamanhos, dependendo principalmente da fonte botânica (Abbas, Khalil, & Meor Hussin, 2010; Damodaran, Parkin, & Fennema, 2007). O amido é formado por várias moléculas de glicose, ligadas por ligações do tipo α (1→4) e α (1→6). A amilose e a amilopectina são os dois principais componentes. A amilose é formada essencialmente por uma cadeia linear de α- D-glicopiranosil (1→4) com poucos pontos de ramificação α-D- glicopiranosil (1→6). A amilopectina é uma molécula extensa e altamente ramificada (Figura 1). Esses polímeros possuem basicamente a mesma estrutura, mas difererem em sua extensão e grau de ramificação, resultando em diferentes propriedades funcionais. A maior parte dos amidos contém cerca de 25% de amilose e 75% de amilopectina (Din, Xiong, & Fei, 2017; Santana & Meireles, 2014). O amido é utilizado no processamento de diversos alimentos devido as suas propriedades de alterar a textura, formar géis, aumentar a viscosidade, estabilizar emulsões, entre outras aplicações. No entanto, o amido na sua forma nativa, apresenta limitações no processamento de alimentos. Os grânulos de amido apresentam baixa solubilidade em água fria. O aumento da viscosidade (espessamento) acontece apenas quando a mistura de água e amido é aquecida. Além disso, os amidos nativos também apresentam alto grau de retrogradação e podem facilmente passar por processos de sinérese e geleificação, que são muitas vezes indesejados pela indústria. Por isso, para muitas aplicações industriais, o amido nativo necessita passar por modificações (Ashogbon & Akintayo, 2014; Santana & Meireles, 2014). Figura 1: Estruturas da amilose (A) e da amilopectina (B) (Perales, 2011) O amido modificado é obtido pelo tratamento dos grânulos de amido, acarretando em alterações na sua estrutura e propriedades. O objetivo dessa modificação é aprimorar a funcionalidade do amido nativo para aplicações específicas. Portanto, as modificações do amido não apenas diminuem os processos de retrogradação e sinérise, mas também podem aumentar a viscosidade, aumentar a solubilidade, proporcionar maior estabilidade de congelamento e descongelamento, aumentar a clareza e brilho das pastas, tornar possível a interação com outras substâncias, além de melhorar as propriedades químicas e físicas do amido para obtenção de filmes biodegradáveis (Damodaran et al., 2007; Din et al., 2017). A principal vantagem da modificação do amido é a introdução de uma diversidade de produtos com valor agregado no mercado. Essas modificações melhoram a estética do produto, diminuem os custos de produção, garantem a estabilidade do produto e aumentam a vida útil dos alimentos. Nas últimas décadas, diversos tipos de métodos de moficação de amido foram adotados com o intuito de alcançar as aplicações industriais desejadas. Basicamente existem três tipos de modificações de amido: físico, químico e enzimático (Ashogbon & Akintayo, 2014; Chiu & Solarek, 2009; Damodaran et al., 2007). Os processos enzimáticos consistem na utilização de enzimas para a clivagem de ligações glicosídicas da molécula de amido, dando origem a moléculas menores, como glicose, matose e dextrinas (Chiu & Solarek, 2009). As modificações químicas envolvem a introdução de grupos funcionais na molécula de amido alterando as suas propriedades físico-químicas. Essas modificações no grânulo de amido visam facilitar as ligações intra e inter- moleculares (Damodaran et al., 2007). Os processos físicos de modificação do amido são simples, baratos e seguros por não utilizarem agentes químicos ou biológicos, porém são menos relatados. Esses processos envolvem a utilização de secagem, aquecimento e controle da umidade (Ashogbon & Akintayo, 2014). 1.1 Modificação enzimática do amido As enzimas são um grupo de substâncias de natureza proteica, que tem como função acelerar as reações biológicas energeticamente possíveis, além de permitir que o estado de equilíbrio das reações sejam alcançados rapidamente. Além disso, as enzimas são altamente específicas e atuam em condições brandas de pH e temperatura, reduzindo assim o número de subprodutos e reações colaterais (Damodaran et al., 2007). O emprego de enzimas nas indústrias de alimentos vêm crescendo, visto que é possível através de processos enzimáticos, aumentar a produção, melhorar características funcionais e sensoriais, além de aumentar a vida de prateleira dos produtos. Atualmente, um grande número de amilases microbianas estão disponíveis comercialmente e têm substituído, quase que completamente, a hidrólise do amido por agentes químicos (Souza & Magalhães, 2010). As amilases são as enzimas mais utilizadas industrialmente para hidrólise do amido, tanto no setor alimentício, quanto em outros setores, como por exemplo na produção de detergentes e papéis. Os três principais açúcares resultantes do processo de hidrólise do amido são a glicose, a maltose e as dextrinas (Abbas et al., 2010; Souza & Magalhães, 2010). As enzimas amilolíticas podem ser divididas em endoamilases, exoamilases, enzimas desramificantes e transferases. As endoamilases são capazes de clivar as ligações do tipo α (1→4) do grânulo de amido, de forma aleatória, resultando em oligossacarídeos de vários tamanhos, lineares ou ramificados. As exoamilases atuam nas ligações α (1→4) a partir da extremidade não redutora do grânulo de amido, resultando em produtos de baixo peso molecular como a glicose e a maltose. As enzimas desramificantes agem exclusivamente na quebra das ligações do tipo α (1→6). As enzimas transferases clivam ligações glicosídicas α (1→4) e realizam a translocação de grupos funcionais entre moléculas, ocorrendo uma nova ligação glicosídica (Damodaran et al., 2007). A figura 2 mostra uma representação esquemática da ação das enzimas sobre o amido. Em processos indústrias, previamente a adição das enzimas, o amido passa por um processo de aquecimento, onde os grânulos de amido são dispersos em água e aquecidos, visando desestabilizar os grânulos e torna-los de fácil acesso para a ação das enzimas (Van Der Maarel & Leemhuis, 2013). As enzimas mais utilizadas industrialmente são: α-amilase, glicoamilase, β-amilase, isoamilase, pululanase e a ciclodextrina glucanotransferase. Figura 2: Representação esquemática da ação das enzimas sobre o amido (Van Der Maarel & Leemhuis, 2013). 1.1.1 α-amilase A α-amilase (1,4-α-D-glucano gluconoidrolase) é uma endoenzima derivada de fungos, leveduras e bactérias, e também de origem pancreática e salivar. Essa enzima é responsável por clivar e catalisar as ligações α (1→4) em polissacarídeos que possuem três ou mais unidades de D-glucose. A quebra do amido resulta em moléculas menores de maltose, dextrina, oligossacarídeos e pequenas quantidades de glicose livre. As α-amilases não atuam preferencialmente sobre as ligações do tipo α (1→6), apenas algumas α- amilases hidrolizam essas ligações, mas com eficiência reduzida (Souza & Magalhães, 2010; Van Der Maarel & Leemhuis, 2013). A ação das α-amilase sobre a amilose acontece por meio não seletivo, ocorrendo simultaneamentesobre vários pontos da cadeia. Em seres humanos, a quebra do amido se inicia na boca. Na mastigação, ocorre a liberação da enzima α-amilase, presente na saliva, que cliva as ligações α (1→4) da amilose, resultando em açúcares menores, sendo eles a maltose, a glicose e a amilopectina. A amilopectina resultante da clivagem do amido pela α-amilase possui maior elásticidade e menor tendência a se cristalizar (Souza & Magalhães, 2010). A hidrólise da amilopectina resulta em glicose, maltose e em α-dextrinas limites (mistura de maltose, maltotriose, e oligosacarideos ramificados de 6-8 unidades de glicose com ligações α (1→4) e α (1→6) (Kaur, Ariffin, Bhat, & Karim, 2012; Souza & Magalhães, 2010). A ação da α-amilase sobre o amido resulta em diminuição da viscosidade e da opacidade, e aumento da fluidez. As α-amilases são usadas principalmente para a produção de pães, bebidas alcoólicas, produção de xaropes de glicose, produção de gomas de dextrina e acabamento de tecidos e papéis (Kaur et al., 2012). Em produtos de panificação, as α-amilases degradam o amido presente na farinha de trigo, previamente gelatinizado, resultando em dextrinas de baixo peso molecular, as quais são posteriormente convertidas em maltose pela ação da β-amilase, tornando possível a fermentação pelas leveduras presentes. Essa quebra da molécula de amido promove uma melhor coloração da crosta, redução da viscosidade e melhorias na textura da massa (maior suavidade e frescura). Além disso, α-amilases também atrasam o processo de retrogradação, visto que a quebra extensiva das ramificações externas da amilopectina resultam em um número elevado de cadeias curtas que dificilmente retrogradam. Com isso, a vida de prateleira dos produtos de panificação é prolongada. Atualmente, a amilase maltogênica de Bacillus stearothermophilus é usada comercialmente na indústria de panificação (Helene & Schemin, 2006; Perales, 2011). No processamento do etanol, o amido passa duas etapas de hidrólise enzimática para obter açúcares fermentáveis. Nessa etapa é utilizado enzimas como a α-amilase onde a sacarose, previamente gelatinizada, é clivada em açúcares fermentáveis para a produção de etanol pelas leveduras como a Saccharomyces cerevisiae (Parazzi, Papin, & Belluco, 2017). 1.1.2 β-amilase A β-amilase (1,4-α-D-glucanomaltoidrolase) é uma exoenzima, responsável pela clivagem das ligações α (1→4) a partir de extremidade não redutora da molécula de amido, com liberação de maltose. Ela não quebra as ligações próximas a ligações já quebradas. Além disso, durante a quebra do amido, ocorre uma inversão da configuração anomérica da maltose (Lopes, Carvalho, Santos, & Andrade, 2017). A quebra do grânulo de amido pela β-amilase ocorre tanto na amilose quanto na amilopectina liberando a maltose na configuração β. Esta enzima não atua sobre as ligações α (1→6) presentes na amilopectina, liberando apenas um resíduo de amilopectina denomidado dextrina-limite. Aproximadamente metade da molécula de amilopectina é convertida em β- maltose, a outra metade é convertida em dextrina dextrina-limite (Robyt, 2009). As β-amilases são encontradas em plantas, tais como trigo, cevada, batata doce, soja e feijão, sendo raramente encontradas em microrganismos. Na indústria de alimentos, as β-amilases são utilizadas principalmente na conversão de soluções de amido em maltose. Também são utilizadas nos processos de panificação, destilação e processos fermentativos com o intuito de aumentar a disponibilidade de açúcares fermentáveis (Robyt, 2009). O uso simultâneo da α- e β-amilase é comum na produção de produtos de panificação, sendo possível alcançar melhores resultados e incrementar a vida útil desses produtos. Na produção de xarope utilizando β-amilase é possível se obter produtos com alto teor de maltose (Helene & Schemin, 2006). No processamento de cerveja, a combinação de β-amilase, α-amilase, glucoamilase e pululanase são empregadas para maximizar a disponibilidade de açucares fermentáveis para que estes possam posteriormente ser fermentados pelas leveduras (Gonçalves, 2006; Reis, 2015). 1.1.3 Glucoamilase A glucoamilase (1,4-α-D-glucano glucohidrolase) é uma exoamilase produzidas majoriatamente por fungos, podendo ser também encontradas em bactérias. Elas catalisam a clivagem das ligações α (1→4) a partir de uma extremidade não redutora do amido, atuando tanto na amilose quanto na amilopectina, resultando em moléculas de D-glicose na configuração β. As glucoamilases também hidrolizam as ligações α (1→6) e α (1→3), porém, em uma menor velocidade (Kaur et al., 2012). A glucoamilase é uma das enzimas mais importantes para aplicação industrial. Sua principal função é degradar os grânulos de amidos para produção de xaropes ricos em glicose (96% de glicose) e frutose (55% de frutose). A glucoamilase também é utilizada na indústria de produtos de panificação e no processamento de cervejas com baixo teor calórico. Em comparação com a β-amilase, a glucoamilase libera glicose com um maior nível perceptível de doçura (Gonçalves, 2006). Em processos de panificação, as glucoamilases aumentam a disponibilidade de açúcares fermentáveis, podendo ser utilizadas para diminuir a concentração de açúcar adicionada na massa. As glucoamliases também são empregas na produção de etanol, sake, shoyu e bebidas destiladas (Gonçalves, 2006; Parazzi et al., 2017). 1.1.4 Pululanase A pululanase (α-dextrina-6-glucanohidrolase) é uma endoenzima desramificante que age especificamente na clivagem das ligações α (1→6) do amido contendo duas ou mais unidades de glicose nas cadeias laterais ramificadas. Essa enzima é empregada para remover as ramificações do amido e transformar a cadeia em dextrinas lineares. A pululanase hidrolisa com facilidade cadeias curtas (Reis, 2015) Na indústria de alimentos a pululanase e isoamilase são empregadas para a produção de xarope de glicose e maltose (Reis, 2015). 1.1.5 Isoamilase A isoamilase (glicogênio-6-glucanohidrolase) é uma endoenzima desramificante capaz de hidrolizar as ligações α (1→6) da amilopectina. Essas enzimas são similares as pululanases, porém, para ocorrer a hidrolise, é necessário que a cadeia tenha pelo menos três unidades de glicose na ramificação. As isoamilases são encontradas em algumas linhagens de microrganismos e são utilizadas para quebrar cadeias ramificadas da molécula de amido para produção de maltose e glicose. Como resultado da hidrólise do amido são produzidas moléculas lineares de baixa massa molecular (Gonçalves, 2006; Reis, 2015). As isoamilases, em conjunto com as enzimas α-amilase, β-amilase e pululanase são utilizadas para a produção de xarope ricos em açúcares simples (Gonçalves, 2006; Reis, 2015). 1.1.6 Ciclodextrina glucanotransferase A ciclodextrina glucanotransferase faz parte do grupo de enzimas transferase. Essas enzimas são capazes de converter o amido em oligossacarídeos cíclicos denominados ciclodextrinas, podendo conter seis (α- ciclodextrina), sete (β-ciclodextrina), oito (γ-ciclodextrina) ou mais unidades de glicopiranose unidas por ligações α (1→4). A ciclodextrina glucanotransferase age sobre vários tipos de substrato, como batata, mandioca e milho (Poór et al., 2015; Rawat & Jain, 2004; Shen et al., 2015). A ciclodextrina possui o exterior hidrofílico, com uma cavidade interna hidrofóbica, na forma de um cone truncado (Figura 3), o que permite a ciclodextrina reter vários tipos de substâncias e formar complexos com elas. Esses complexos podem ser formados com diversas substâncias sendo elas orgânicas ou inorgânicas, levando a alterações benéficas nas propriedades químicas e físicas dos receptores (Ho, Yin, James, & Fong, 2017; Poór et al., 2015; Salipira, Mamba, Krause, Malefetse, & Durbach, 2007). No setor alimentício, a ciclodextrinaé utilizada para aumentar a estabilidade de substâncias que são susceptíveis a temperatura e agentes oxidantes. Além disso, a ciclodextrina também é utilizada para aumentar a estabilidade aromas, gorduras, vitaminas, resultando em um aumento da vida útil do produtos. No setor farmacêutico, as ciclodextrina são usadas em sistemas de liberação controlada de drogas, na encapsulação de medicamentos e na imobilização de compostos tóxicos (Moriwaki, Mazzer, Pazzetto, & Matioli, 2009). Figura 3: Representação da ciclodextrina (Ho et al., 2017) 1.2 Modificação química do amido Sabe-se que muitos dos processos industriais alimentícios requerem a utilização de amidos modificados quimicamente. Entende-se como modificação química dos amidos, processos nos quais ocorre a inserção de um grupo funcional na estrutura molecular destes polissacarídeos (Damodaran et al., 2007). Os amidos modificados de maneira química apresentam como vantagem alterações em suas características físico-químicas quando aplicados em algum processo, no qual acaba enriquecendo as suas propriedades funcionais (Lawal, 2019). As alterações químicas são realizadas buscando promover melhores condições para, por exemplo, formação de pasta, gel, ação espessante, diminuição do efeito de sinérese na retrogradação, resistência térmica, formação de emulsão e outros fatores (Singh, Kaur, & McCarthy, 2007). Entre as modificações químicas destacam-se a hidrólise ácida, oxidação, fosforilação e ligação cruzada. Essas alterações podem ocorrer de maneira simples ou até mesmo em combinações, afim de se alcançar as propriedades físico-químicas desajadas (Damodaran et al., 2007). 1.2.1 Hidrólise ácida O processo de hidrólise ácida corresponde ao tratamento do amido utilizando geralmente soluções de ácido clorídrico (HCl), ácido sulfúrico (H2SO4) ou até mesmo a sua combinação em condições na qual o amido encontra-se abaixo do seu ponto de gelatinização, entre 40 e 60°C. Este processo tem como característica atuar na alteração da estrutura interna e nas funcionalidades do grânulo sem obstruir a sua morfologia externa. A hidrólise ácida dá-se pelo ataque dos íons H+/H3O + aos átomos de oxigênio que estão presentes nas ligações glicosídicas α (1→4) e α (1→6) rompendo-as, um esquema representativo é demonstrado através da Figura 3 (Damodaran et al., 2007; Wang & Copeland, 2015). Figura 3: Reação genérica da hidrólise ácida por solução de HCl do amido (Zuo, 2013) De acordo com a literatura, a cinética da reação de hidrólise ácida do amido ocorre em duas etapas, sendo a primeira etapa mais rápida, na qual os íons hidrônio interagem com a região amorfa do grânulo de amido, que é rica em amilose. E a etapa mais lenta que relaciona a interação ácida com as regiões cristalinas do amido, ricas em amilopectina (Chen, Xie, Zhao, Qiao, & Liu, 2017). Este processo também sofre efeito com relação ao tempo de reação, conforme aumenta ocorre uma redução maior no conteúdo de amilose e em contrapartida a zona cristalina fica presente em maior proporção. A Figura 4 apresenta as estruturas químicas das porções de amilose e amilopectina e faz uma representação didática da alteração da estrutura interna do grânulo de amido (Chen et al., 2017). Após a modificação atingir o ponto desejado, ou seja, com frações de amilose e amilopectina que proporcionem um efeito na propriedade funcional de interesse, o produto passa por etapas consecutivas para que possa ser utilizado, essas etapas contam com cuidados como a neutralização do meio, recuperação, lavagem e secagem (Chen et al., 2017). Figura 4: Representação da seção transversal de um grânulo de amido composto por amilose (rosa claro) e amilopectina (rosa escuro) antes e após hidrólise ácida (Silveira, 2019). O amido tratado por hidrólise ácida apresenta algumas características similares ao amido nativo como a birrefrigência (propriedade óptica) e solubilidade em água fria, por outro lado algumas das vantagens destacadas são diminuição da viscosidade de gel, que pode ser explicada pelo rompimento de cadeias lineares de amilose através da quebra das ligações glicosídicas α (1→4), que por sua vez contribuíam com a alta viscosidade devido a ocupação de uma área mais estendida no grânulo, causando fricção e colisões entre cadeias. Além disso, com o rompimento parcial das ligações glicosídicas ocorre a formação de frações de maltodextrinas, que podem atuar como substituintes para lipídeos ou em formulações de coberturas e resulta no aumento da quantidade de sólidos solúveis, controlando fatores como a temperatura de congelamento e impedimento da cristalização (Damodaran et al., 2007; Muccillo, 2009). A combinação dessas vantagens na modificação por hidrólise ácida do amido pode resultar em produtos alimentícios que garantam géis mais claros e com viscosidade suave, porém relativamente estáveis devido a proporção da porção cristalina do grânulo (Damodaran et al., 2007). 1.2.2 Oxidação Os amidos modificados através de oxidação podem ser obtidos a partir da exposição dos grânulos nativos de amido a um agente oxidante, alguns dos agentes oxidantes mais populares na produção deste tipo de amido são: o hipoclorito de sódio, peróxido de hidrogênio, ozônio e outros. A oxidação através do hipoclorito de sódio é bem reconhecida e vêm sendo utilizada a pelo menos 150 anos na indústria de papel, ajudando na formação de filmes abrasivos para pigmentos (Vanier, El Halal, Dias, & da Rosa Zavareze, 2017). O processo de oxidação do amido ocorre inicialmente com a conversão dos grupos hidroxila em carbonilas, e posteriormente com a conversão em carboxilas. Seguindo este pensamento, é possível medir a extensão das reações de oxidação a partir das proporções de grupos funcionais presentes na estrutura. Estudos já publicados indicam que as transformações oxidativas ocorrem preferencialmente nas hidroxilas de posição C-2, C-3 e C-6 (Vanier et al., 2017). A extensão do processo de oxidação leva em consideração fatores como a origem botânica do amido, empacotamento cristalino no grânulo, tamanho da porção amorfa, o tipo de agente oxidante e sua concentração e as condições da reação, envolvendo o controle de temperatura e de pH (Vanier et al., 2017). Na prática, esta modificação ocorre adicionando o agente oxidante em uma solução aquosa contendo o amido sob aquecimento e pH controlado, resultando em uma pasta de cor branca que forma um gel não muito rígido quando resfriado. A Figura 5 demonstra quimicamente como a reação ocorre entre o hipoclorito de sódio e a estrutura do amido (Vanier et al., 2017). Figura 5: Oxidação do amido por Hipoclorito de sódio (Vanier et al., 2017). Através do processo oxidativo com NaOCl pode ocorrer a despolimerização da cadeia de amido devido ao rompimento de ligações glicosídicas α (1→4) e α (1→6) que unem as unidades de glicose. Sendo que as porções com amilose são mais suscetíveis à oxidação devido a sua disposição de maneira amorfa (Vanier et al., 2017). As propriedades funcionais atribuídas a este tipo de modificação provêm principalmente do aumento da quantidade de unidades glicosídicas menores após a quebra da ligação e também devido ao volume maior dos grupos carboxilas formados, que garantem um espaço maior entre as cadeias de amilose (Beninca, 2008). O amido resultante da modificação por oxidação demonstra algumas propriedades como transparência, capacidade de formar pastas com alta fluidez, resistência a retrogradação e outras. Para a indústria de alimentos suas propriedades são interessantes na produção de balas de goma, sorvetes, sopas, produtos com baixa viscosidade, etc. (Shirai et al., 2007). 1.2.3 Ligação cruzada e fosforilação A modificação química por ligação cruzada é uma das técnicasmais utilizadas na modificação de amidos, ela consiste em basicamente utilizar reagentes bifuncionais ou polifuncionais que conseguem reagir com grupos hidroxilas em diferentes cadeias da estrutura do amido ou na própria cadeia. No caso, quando o reagente utilizado é um derivado do fósforo, esta modificação é denominada de fosforilação (Gayathri, Debnath, & Babu, 2013; Polnaya, Haryadi, Marseno, & Cahyanto, 2013). Neste tipo de modificação, a estrutura do amido recebe um reforço de reticulações formadas através das ligações covalentes, essas ligações acabam agindo como uma espécie de solda entre as estruturas que estão conectadas a elas. A maioria das vezes essas ligações são realizadas a partir de ésteres ou grupos fosfato (Gayathri et al., 2013; Polnaya et al., 2013). Amidos modificados por ligação cruzada ou fosforilação apresentam característica de formação de uma pasta firme, pois possuem mais ligações covalentes em suas estruturas, que demandam maior energia ou maior força de cisalhamento para rompê-las. Conforme o amido modificado for aquecido em água, irá inchar de acordo com o quebramento das ligações de hidrogênio, entretanto, a presença das ligações cruzadas ajuda no controle do inchamento dos grânulos de amido sob condições de aumento de temperatura e acidez, assegurando características como a solubilidade e intumescimento (Lawal, 2019). Nos casos específicos de amidos fosforilados, podem-se formar estruturas monoéster ou diéster fosfato de amido, a Figura 6 demonstra exemplos dos dois tipos de modificação. A estrutura do amido adquire polaridade negativa, que pode gerar repulsão entre grupamentos carregados, isso confere ao amido um aumento na sua viscosidade (Damodaran et al., 2007). Figura 6: Estruturas monoéster ou diéster fosfato de amido (Damodaran et al., 2007). Os amidos com ligações cruzadas ou fosforilados podem ser produzidos reagindo uma pasta alcalina (pH 7,5-12) de amido com um reagente de reticulação, como por exemplo o cloreto de fosforila (POCl3), trimetafosfato de sódio (STPP) ou também misturas de anidrido adípico com anidrido acético, especificamente para amidos fosforilados é muito comum a utilização do tripolifosfato de sódio (TPS), por ser um reagente de relativo baixo custo (Lawal, 2019). Para a indústria de alimentos os amidos modificados por ligações cruzadas e fosforilação são mais utilizados como agentes espessante, para obtenção de produtos de elevada viscosidade e estabilidade (Damodaran et al., 2007). 1.3 Modificação física do amido A modificação física de amidos envolve a utilização de métodos não químicos para fins de processar o amido e obter-se uma propriedade desejada, podendo ser classificada em métodos térmicos e não térmicos. Algumas das modificações consistem na utilização de temperatura, água, pressão, cisalhamento, irradiação e esporadicamente também pode envolver atrito mecânico com finalidade de alterar o tamanho dos grânulos de amido (Lawal, 2019). Algumas das funções dos métodos de modificação física incluem a melhora da solubilidade em água e alteração do tamanho e a forma dos grânulos de amido. A pré-gelatinização e a extrusão, são tipos de modificações físicas que se caracterizam por interromper a integridade molecular do amido, em contrapartida, outros métodos mantêm a integridade molecular intacta, por exemplo, tratamento de recozimento, hidratação e calor (Lawal, 2019). Algumas vantagens apresentadas pelos métodos de modificação física são: simplicidade, acessibilidade e segurança, pois não ocorre a utilização de agentes químicos ou biológicos envolvidos (Lawal, 2019). 1.3.1 Pré-gelatinização É o método físico mais comum dentre as modificações de amido. O processo envolve a gelatinização do amido seguido da sua recuperação na forma de pó. A gelatinização consiste em uma mudança ou ruptura molecular dentro do grânulo de amido que resulta em alterações irreversíveis como o inchaço granular, fusão da porção cristalina, perda da birrefringência e solubilização (Lawal, 2019). A pré-gelatinização interrompe a estrutura granular do amido, resultando em amidos com partículas agregadas, possuindo alta densidade relativa, aumento da intumescência em água fria e melhor solubilidade em água, a modificação acaba por reduzir o caráter cristalino do amido, tornando-o mais amorfo. Essas mudanças morfológicas têm grande impacto no desempenho das propriedades funcionais do amido, pois melhoram a fluidez e a compressibilidade das moléculas (Damodaran et al., 2007; Lawal, 2019). Em escala industrial, atualmente, a produção do amido pré-gelatinizado é feita principalmente por secagem por tambor e secagem por pulverização. Entretanto o amido pré-gelatinizado pode ser sintetizado dispersando amido nativo em água e aquecendo a mistura sob agitação contínua até formar um gel espesso e homogêneo. O pré-gel em forma de pasta pode então ser seco em um forno (Damodaran et al., 2007; Lawal, 2019). A pré-gelatinização tem sido amplamente estudada como uma técnica de modificação de amido, pois demonstra um melhoramento em propriedades de fluxo e compressibilidade com maior grau de deformação plástica e uma boa resistência mecânica (Damodaran et al., 2007; Lawal, 2019). Para a indústria de alimentos, o amido pré-gelatinizado em combinação com modificações químicas, é bastante empregado na produção de sopas instantâneas, lanches extrusados e cereais matinais. Além disso, por apresentar a vantagem de poder ser utilizado sem cozinhar, está presente também em misturas secas, como por exemplo, misturas instantâneas de pudim (Damodaran et al., 2007; Lawal, 2019). 1.3.2 Amidos dispersáveis em água fria Este tipo de modificação é feita através do processo de aquecimento do amido proveniente do milho em solução etanólica com concentração 75-90% (v/v) ou através de um atomizador. Muitos consideram este produto como um amido pré-gelatinizado, porém a sua diferença com o amido pré-gelatinizado convencional é dada através de algumas características como a preservação da morfologia do grânulo, como a ordem cristalina e propriedade de birrefrigência. Ao adicionar-se esses grânulos em água fria, ocorre seu inchamento, simulando um processo de cozimento (Damodaran et al., 2007). A dispersão desse tipo de amido em soluções de açúcares ou xaropes sob influência de agitação produz um gel viscoso com propriedade de molde. Além disso, na indústria alimentícia, o amido disperso em água fria podem ser bastante utilizados no preparo de sobremesas e também misturas prontas para bolo que contenham sólidos em suspensão, evitando que estes sólidos não decantem antes que se alcance a consistência desejada para o alimento (Damodaran et al., 2007). Referências Abbas, K. A., K. Khalil, S., & Meor Hussin, A. S. (2010). 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