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5 LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Emily Cristina dos Ouros e Murilo de Almeida Gonçalves Estudo da escr ita - Redação L ENTRE FRASES C Redação para vestibular medicina 4ª edição • São Paulo 2019 © Hexag Sistema de Ensino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019 Todos os direitos reservados. Autores Emily Cristina dos Ouros Murilo de Almeida Gonçalves Diretor geral Herlan Fellini Coordenador geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica Hexag Sistema de Ensino Diretor editorial Pedro Tadeu Batista Editoração eletrônica Arthur Tahan Miguel Torres Bruno Alves Oliveira Cruz Eder Carlos Bastos de Lima Iago Kaveckis Letícia de Brito Matheus Franco da Silveira Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Projeto gráfico e capa Raphael Campos Silva Foto da capa pixabay (http://pixabay.com) Impressão e acabamento Meta Solutions ISBN: 978-85-9542-XXX-X Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual- quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2019 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br CARO ALUNOCARO ALUNO O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu conteúdo enri- quecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019. Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores. No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula. O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados nos principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional. O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma: TEORIA Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões propos- tas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de informações para o estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos. TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS) Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do estudante. Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula. INTERATIVIDADE Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar o repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do aluno. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante. INTERDISCIPLINARIDADE Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares de hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e química, história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacio- nam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. APLICAÇÃO NO COTIDIANO Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando o contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas” de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm contato em seu dia a dia. CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expositiva, descre- vendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurá-las na sua prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade. ESTRUTURA CONCEITUAL Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios. A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina. Herlan Fellini SUMÁRIO 7 27 45 71 91 113 ENTRE FRASES ESTUDO DA ESCRITA - REDAÇÃO Aula 18: Interdisciplinaridade na redação Aula 19: Adequação e precisão vocabular 1 Aula 20: Adequação e precisão vocabular 2 Aula 21: Imprecisões comuns em redações de vestibular: propostatemática e coletânea Aula 22: Imprecisões comuns em redações de vestibular: estrutura Redações extras Prontuário 133 1 8 Interdisciplinaridade na redação L C ENTRE FRASES 1 8 Interdisciplinaridade na redação L C ENTRE FRASES 8 9 InterdIscIplInarIdade na redação A interdisciplinaridade costuma ser definida como a tentativa do homem de propor a interação entre dois ou mais campos do conhecimento, através da relação de saberes que podem ser aproximados. Nesse sentido, ao pensarmos na interdisciplinaridade na prova de redação, tratamos das referências a outros campos do conhe- cimento que podem ser utilizadas para fortalecer os argumentos desenvolvidos ao longo do texto ou ainda para realizar a introdução do tema. Em se tratando da prova do ENEM, essa dimensão ganha ainda mais proeminência, já que que a compe- tência 2 exige que os alunos demonstrem capacidade de “aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema”. Em outras palavras, a prova requer que os alunos relacionem a discussão temática com informações de outros campos do saber, buscando articular essas informações com posicionamento adotado pelo candidato. Portanto, para ter um bom desempenho na redação e conseguir pontuação máxima nos critérios de reper- tório e interdisciplinaridade, é fundamental que o aluno seja interessado em compreender o mundo atual a partir de diferentes campos do conhecimento. A leitura constante de periódicos de referência e de textos literários e o contato frequente com conceitos sociológicos, filosóficos e históricos garantem uma excelente articulação entre a vida social cotidiana e outras áreas do saber. Desse modo, fique atento: procure sempre estabelecer relações entre os temas que você discute nas aulas de redação e o conhecimento teórico ou repertório cultural que você já possui. Veja se esses cruzamentos podem reforçar os argumentos que você quer defender. 1. Qual é o critério para selecionar as referências? a) Observe se a relação estabelecida, de fato, possui semelhanças com o tema ou argumento discutido: Lembre-se de que não vale “forçar a barra”, isto é, realizar uma aproximação simples e gratuita da temática discutida e a referência citada. b) Dê preferência a autores com maior visibilidade em suas áreas: A validade dos seus argumen- tos também considera a qualidade e pertinência do repertório utilizado. Na dúvida, lembre-se sempre dos autores e conceitos abordados nas outras disciplinas do vestibular, como: geografia, física, filosofia, sociologia, história, literatura etc. c) Tenha certeza do nome do autor/obra/conceito que deseja utilizar: Caso decida tecer a compa- ração, esteja seguro das informações apresentadas. Cuidado para não confundir os nomes dos autores, como “Álvares de Azevedo” (2ª geração da poesia romântica) com “Aluísio Azevedo” (escritor naturalis- ta); ou ainda, atribuir incorretamente a autoria de discursos: a oração “Governar é construir estradas”, por exemplo, é de Washington Luís, e não de Juscelino Kubistchek como muitos costumam afirmar. d) Fuja de citações “guarda-chuva”: Os bons alunos devem estabelecer relações, comparar os textos e não adequar o discurso para “caber” num repertório. 2. como utilizar as referências? É sempre preciso lembrar que os conhecimentos das outras áreas – embora importantes para atingir a pontuação máxima nos exames – não dever determinar quais argumentos você discutirá em seu texto. Em outras palavras: é o argumento que seleciona a referência e não a referência que seleciona o argumento. Você incluirá uma citação ou uma analogia na redação apenas se elas estiverem relacionadas aos argumentos discutidos ou à temática proposta (uso de referências na introdução). 10 Cuide para que seu texto não se torne um amontoado de informações desconexas de suas ideias, conforme ressalta o manual do ENEM: Utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que você está atualizado em relação ao que acontece no mundo. Essas informações devem ser usadas de modo produtivo no seu texto, evidenciando que elas servem a um propósito muito bem definido: ajudá-lo a validar seu ponto de vista. Isso significa que essas informações devem estar articuladas à discussão desenvolvida em sua redação. Informações soltas no texto, por mais variadas e interessantes, per- dem sua relevância quando não associadas à defesa do ponto de vista desenvolvido em seu texto. Redação no Enem 2018 - Cartilha do participante 3. Áreas do saber comuns nas redações de vestibular 1.Literatura Não é preciso mostrar ao corretor que você leu os romances ou poesias aos quais você faz referência. Mencione apenas aquilo que é necessário para tecer a comparação. E cuidado: deixe claro que se trata de uma obra de ficção. George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet são constantemente e influenciados por informações previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente compreendidas e combatidas. Trecho extraído de redação nota mil do ENEM 2018. Fonte: Cartilha redação a mil. 2. SocioLogia/ fiLoSofia Ao sustentar seus argumentos por meio de um repertório sociológico ou filosófico, não se esqueça de relacioná-los ao contexto que você está estabelecendo. Não deixa a informação solta, e cuide que sua relação não seja tão distante da temática abordada. Em primeiro plano, urge analisar a falta de criticismo dos usuários mediante a internet. Nesse contexto, a falta de percepção crítica acerca das informações adquiridas nas redes por parte dos indivíduos implica uma falsa ideia de liberdade de escolha, já que os meios de comunicação definem a noção de mundo dos seus usuários. Com efeito, tal conjuntura é análoga a “menoridade intelectual”, proposta por Kant, a qual caracteriza a falta de auto- nomia dos indivíduos sobre seus intelectos, uma vez que a sociedade torna-se refém da manipulação de dados da internet e, consequentemente, tem seu comportamento moldado. Trecho extraído de redação nota mil do ENEM 2018. Fonte: Cartilha redação a mil. 11 3. HiStória Ao se valer de dados históricos na redação, procure estabelecer relações temporais próximas. Evite tempo- ralidades muito distantes, ou ainda contextos muito diferentes, como comparar a pré-história com a atualidade. Sempre busque relações possíveis em que, realmente, haja uma semelhança com o contexto/argumento discutido. Em meados do século XX, durante o período da Segunda Guerra Mundial, foi desenvolvida a internet. A princípio, tal ferramenta tinha como objetivo facilitar a comunicação bélica e, por isso, era restrita a um determi- nado grupo de pessoas. Entretanto, após o término da guerra a internet foi difundida e alcançou novos públicos. Além disso, foram atribuídas novas funções à ferramenta que contribuíram para sua popularização. Atualmente, a tecnologia virtual faz parte da vida da maior parte da população brasileira, seja para lazer, seja para trabalho. Con- tudo, embora a internet ofereça acesso a todo tipo de conteúdo, ela se vale de mecanismos de controle de dados que manipulam a disposição das informações. Dessa maneira, em razão do Capitalismo e do ensino tradicionalista, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados da internet torna-se evidente e problemático. Trecho extraído de redação nota mil do ENEM 2018. Fonte: Cartilha redação a mil. 12 aula 18 - a adoção no brasIl ACERVO TEXTO 1 O descompasso que trava a adoção no Brasil Número de pais cadastrados para adotar é cinco vezes maior que o de crianças.Novo sistema tenta quebrar estereótipos. A advogada catarinense Perla Duarte Moraes, de 40 anos, sempre quis adotar uma criança, apesar de poder ter filhos bioló- gicos. Em 2016, o plano se concretizou, e a adoção fugiu do padrão brasileiro: a escolha foi por um menino de nove anos de idade. O Cadastro Nacional de Adoção (CNA) aponta que apenas 5% dos cerca de 43 mil candidatos a pai e mãe adotivos aceitam crianças de nove anos de idade ou mais. No entanto, é nesse grupo que estão mais de 60% das crianças aptas a serem adotadas em abrigos no Brasil. "As crianças pequenas de até três ou quatro anos de idade são adotadas de imediato, pois esse é o perfil preferidos dos adotantes. As crianças maiores encontram certa resistência", afirma Halia Pauliv de Souza, que há mais de 20 anos ministra cursos e escreve livros sobre preparação para pais e mães que pretendem adotar. Esse descompasso é um dos fatores que mais contribuem para que o número de crianças em abrigos só cresça no País. Hoje, são cerca de 8 mil crianças aptas para adoção, ou seja, o número de pais na fila para adotar é cinco vezes maior. Especialistas apontam que as exigências dos pais mostram que ainda há uma idealização da adoção, o que atrapalha o processo adotivo e impede que os candidatos tenham experiências como a de Moraes. "Meu filho é tudo pra mim", diz a advogada após os dois primeiros anos de maternidade. Mas nem tudo é um conto de fadas, reconhece. Ela conta que a decisão de adotar foi sendo construída aos poucos, lendo livros sobre o tema e fazendo os cursos necessários para poder se cadastrar no CNA. O processo de adoção do filho Antônio, hoje com 12 anos, durou cerca de um ano, período que Moraes considerou bom para amadurecer e se preparar para a tarefa de ser mãe. "Quem quer adotar precisa saber de todas as situações que tem que enfrentar. É como ter um filho biológico, com as partes boas e ruins. Quando decidi adotar, fui à Vara da Infância de Florianópolis e iniciei todo o processo, inclusive com o curso preparatório", conta Moraes. "É importante essa etapa, porque não deixa espaço para falsas ilusões sobre o que é a adoção. Hoje sou muito feliz com meu filho e acho que é porque passei por todo esse processo de preparação", diz a advogada. Souza destaca que, após a decisão de adotar, além do curso obrigatório, é preciso continuar a preparação pessoal por meio de leituras e frequentar grupos de apoio à adoção. E quando o filho chegar, deve-se buscar apoio nos grupos de pós-adoção. "Todo esse apoio é oferecido gratuitamente no País", ressalta. Com 80 anos de idade, a especialista ainda trabalha como voluntária em cursos preparatórios para futuros pais e mães adotivos no Paraná. Ela defende que o processo de adoção seja ainda mais rigoroso, para dar mais segurança aos adultos e, prin- cipalmente, para a criança. No caso de Moraes e Antônio, que cumpriram todos os requisitos do processo adotivo, a experiência tem sido tão boa que a advogada já pensa no segundo filho. Novo sistema para aproximar pais e filhos Dez anos se passaram desde que o CNA e o Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA) foram implantados no Brasil. Nos primeiros três anos, mais de 3 mil adoções foram realizadas no País, mas esse número caiu com o passar do tempo. O maior desafio atualmente é aproximar as crianças dos candidatos a pais, quebrando estereótipos. Para isso, um novo 13 sistema começou a ser testado em maio deste ano em duas cidades do interior do Espírito Santo, Colatina e Cariacica. Até o final do ano o modelo deve ser implementado em cidades maiores, como São Paulo. Um dos magistrados que participa do grupo de trabalho multidisciplinar do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que elabo- rou as mudanças no CNA, Iberê Castro Dias, de São Paulo, explica que uma das novidades do sistema é a possibilidade de os pais verem fotos da criança que foi selecionada através do cadastro. Para ele, isso pode ajudar na flexibilização das exigências dos pais. "A imagem é uma forma de aproximar o adulto da criança, de humanizar o processo adotivo. Só depois haverá o encontro pessoal. Assim podemos mostrar crianças fora da faixa etária escolhida pelos pais. Se eles querem até oito anos de idade, às vezes podem ver a foto de um menino ou menina de dez anos e mudar de ideia", diz o juiz. Algo semelhante ocorreu no caso da adoção de Antônio por Moraes. Ela pretendia adotar uma criança até sete anos, mas aceitou aumentar a idade durante o processo de preparação. Castro Dias reforça que todas as etapas continuarão a ser exigidas no processo adotivo e que isso é importante para minimizar problemas após o acolhimento, como de devolução de crianças - questão em que, segundo o juiz, a legislação brasileira já avançou. "Hoje o pai que adotou e devolveu pode ser obrigado a pagar tratamento psicológico para a criança por causa do trauma que está causando e também uma pensão. É uma situação que ninguém quer, então temos que ser rigorosos no processo de seleção justamente para diminuir esse tipo de ocorrência", afirma. A criança idealizada e a real A psicanalista Maria Luiza Ghirardi estudou a fundo o comportamento de pais e mães que pretendem adotar para a sua tese de mestrado na USP. A pesquisa resultou no livro Devolução de crianças adotadas: um estudo psicanalítico, lançado em 2015. Para Ghirardi, a expectativa dos pais adotivos em relação às crianças foi um dos principais fatores para casos em que houve devo- lução. "Os casos de devolução mostraram que muitas vezes há uma forte expectativa dos pais para que a criança solucione os problemas dos adultos ou para que ela se encaixe na estrutura familiar oferecida. Essa expectativa normalmente gera metas inal- cançáveis para ambos os lados, e com isso abre-se uma porta para o sentimento de fracasso", diz Ghirardi. Já para a psicóloga da Vara da Infância de Natal, Ana Barbosa Maux, o processo de preparação dos pais e das crianças é até mais importante do que a seleção. "Muito mais do que avaliar se alguém está apto para adotar, se faz necessário que as equipes técnicas atuem na preparação dessas pessoas, através de momentos de reflexões, troca de experiências com outras famílias e apoio psicossocial. Mas esses pretendentes também precisam realizar uma preparação pessoal, que envolve o engajamento subjetivo na construção da parentalidade por adoção", orienta Maux. Ghirardi reforça que apenas um controle maior nesse processo de seleção, com a orientação adequada, pode ajudar a impedir ou a reduzir casos de adoção malsucedida. "O que vejo é que há uma importância cada vez maior de, ainda na preparação para a adoção, o adulto entre em contato com todas as dificuldades que deve encontrar quando tiver uma criança adotada em casa. Isso é ainda mais relevante quando a adoção é de jovens de mais idade, já adolescentes", diz. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-descompasso-que-trava-a-adocao-no-brasil (25.07.2018) TEXTO 2 Pensa em adotar filhos? Tire suas dúvidas Promotora da Infância e Juventude responde perguntas que podem ajudá-lo a tomar uma decisão importante não apenas para você, mas para a criança que espera um lar. O caminho legal para adoção no Brasil é o Cadastro Nacional de Adoção, que consolida os dados de todas as Varas da Infância e da Juventude referentes a crianças e adolescentes em condições de serem adotados e a pretendentes habilitados à ado- ção. Cinara Vianna Dutra Braga, promotora da Infância e Juventude de Porto Alegre, esclarece algumas questões sobre o assunto: 14 Quais são os passos para adotar uma criança? Antes de qualquer coisa, a pessoa interessada pode entrar no site do Tribunal de Justiça, onde tem as informações dos documentos necessários e um formulário para preenchimento. Daí a pessoa vai até o Juizado da Infância e da Juventude da sua comarca, e então vai ser avaliada por uma equipe técnica de assistente social e psicólogo, onde vão ser tiradas dúvidas e seráfeita uma preparação dessa pessoa – que pode ser alguém sozinho, pode ser um casal, pode ser um casal homoafetivo. O promotor de Justiça vai dar seu parecer e o juiz, então, homologa a habilitação para adoção. A pessoa habilitada vai compor o cadastro nacional de adoção, e, conforme a data de homologação da sentença de habilitação para adoção, você entra na fila. Por que esses trâmites são necessários? Porque ela vai ter a tranquilidade, quando receber a criança, de que os pais biológicos não vão procurar, de que não vai haver aquela chantagem, de "ou tu me dá 'x' ou vou levar meu filho embora". Além disso, quando você se habilita, diz como é a criança que você quer adotar, a idade aproximada, a raça, se pode ter problema de saúde tratável ou não... Você especifica a criança à qual você se sente capacitado para dar todo o carinho e a atenção necessários. Quanto tempo pode levar um processo de adoção? O processo de adoção é célere, o que é demorado é chegar à criança para que possa ser adotada. A gente tem em acolhi- mento institucional em torno de 1,1 mil crianças e adolescentes, mas temos tramitando em torno de 500 ações de destituição de poder familiar, algumas delas tramitando já há um ano, enquanto o prazo legal seria de 120 dias. Todo mundo quer criança peque- na, e muitas vezes a criança entra pequena no acolhimento, mas o processo é tão demorado que ela acaba se tornando grandinha e sai da idade que todo mundo quer adotar. Quando a criança tem irmãos, como se dá a adoção? A gente, primeiro, busca no cadastro alguém que queira adotar a totalidade de irmãos. É muito difícil alguém que queira adotar quatro irmãos, por exemplo. Primeiro se esgota o cadastro e, se não tem ninguém interessado, faz-se uma avaliação psico- lógica das crianças para verificar a possibilidade do desmembramento e como seria o desmembramento. Normalmente a gente faz de duplinhas. Não é matemático, não é por idade, é de acordo com as condições das crianças. E a gente tenta buscar casais que concordem em manter a aproximação dos irmãos. Todo mundo quer criança pequena, e muitas vezes a criança entra pequena no acolhimento, mas o processo é tão demorado que ela acaba se tornando grandinha e sai da idade que todo mundo quer adotar. Se os pais não têm condições de cuidar de todos os irmãos, o que acontece? É muito triste, as devoluções ocorrem. Quando é uma adoção já concluída, a gente ingressa com ação indenizatória, porque o dano moral para essa criança, adolescente, é muito grande. Há casos em que a criança ficou mais de cinco anos com a pessoa, e daí a pessoa simplesmente entende que não tem condições e devolve. Há necessidade de um apoio após a adoção, isso não existe em Porto Alegre. A gente tem que criar esse serviço justamente para evitar a devolução de crianças e adolescentes. Porque se você consegue desde o início identificar a dificuldade e auxiliar, talvez não conclua, anos depois, na devolução. Quando eu entro com o pedido, o psicólogo avalia se eu tenho condições psicológicas e financeiras, isso tudo é conversado com o habilitado. De repente o habilitado diz que tem condições de adotar trigêmeos, quadrigêmeos, daqui a pouco a equipe técnica indica que adotem um ou dois. Também acontece de eu me habilitar para uma criança, e, no decorrer do tempo, vejo que tenho interesse de dois ou até mesmo três. Daí posso alterar o perfil. https://gauchazh.clicrbs.com.br/comportamento/noticia/2018/05/pensa-em-adotar-filhos- -tire-suas-duvidas-cjgwpn0p6035501paas545d1c.html (07.05.2018) 15 TEXTO 3 Não ter família dói': crianças com mais de 3 anos esticam fila de espera por adoção Em todo Brasil, 6 mil menores brasileiros sonham em ganhar uma família. Em Minas, são 636. Do outro lado, existem seis vezes mais pessoas interessadas na adoção, mas a maioria não encontra o perfil que deseja e só faz prolongar a espera. No princípio, o desejo era adotar um recém-nascido, independentemente da cor da pele ou do sexo. Mas a vida surpreende, os dias ensinam e as expectativas foram atropeladas sem deixar qualquer frustração ao casal morador de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Hoje, Gilmar Pereira de Carvalho, de 58 anos, e Luciana de Freitas Barbosa Carvalho, de 38, estão felizes da vida como pais das irmãs biológicas Ana Luísa Barbosa Carvalho, de 13, e Thayná Barbosa Carvalho, de 8, que vieram ao mundo em Patrocínio, no Alto Paranaíba, moraram em abrigo, mas encontraram no apartamento do Bairro Eldorado um lar com aconchego, carinho e as “palavras certas, no momento certo, para educar”, conforme ressalta a mãe. Gilmar e Luciana se conheceram em Portugal há 10 anos e se casaram há quatro no Brasil. Na época, Luciana falou do sonho de ter filhos e, mesmo sem qualquer impedimento para gerar uma criança, considerava a adoção muito bem-vinda. O marido, aposentado, já tinha filhos e um netinho, e foi o menino quem indicou o caminho a seguir: “Quando o vi correndo dentro de casa, durante alguns dias em que ficou aqui, senti que não dava conta de um bebê de novo”, revela Gilmar, bem-humorado, com aval e sorriso da mulher. Assim, os dois se candidataram à doação que foge ao padrão procurado pela maioria dos pretendentes – crianças com até 3 anos de idade. Em Minas, por exemplo, 53,7% dos interessados em adotar querem crianças com até três anos (veja quadro), de acordo com dados do Cadastro Nacional de Adoção/Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Na contramão dessa realidade, o casal de Contagem recebeu de coração e braços abertos as meninas Ana Luísa e Thayná, então com 10 e 5 anos. A irmã do meio, Brenda, de 9, foi adotada por uma família de Matozinhos, na RMBH, e as três se encontram um fim de semana por mês, informam os pais. (foto: Arte) 16 A história da família Carvalho serve de exemplo para outros brasileiros ainda reticentes quanto à adoção, principalmente a tardia (crianças maiores de 3 anos de idade), e fixos num perfil específico de criança. Segundo o CNJ, há, no Brasil, seis vezes mais pessoas habilitadas ao processo do que crianças e adolescentes em condições de serem adotados – mesmo assim, são aproxima- damente 6 mil menores em abrigos esperando uma família. Nesta situação, está o jovem R., que completará 18 anos em junho e há mais de uma década espera pela adoção. As palavras transmitem emoção e clareza. “Toda criança ou adolescente de um abrigo alimenta a vontade de ter uma família, receber carinho dos pais, mesmo não sendo os de sangue, e morar numa casa tranquila. Co- migo não é diferente, mas, quer saber a verdade? Não tenho mais esperanças”, diz o jovem, abrigado na Unidade de Acolhimento Institucional Casa dos Anjos, no Bairro Santa Mônica, na Região de Venda Nova. O motivo para a discrepância entre os dados, de acordo com as autoridades, é que os adotantes procuram crianças bem pequenas ou recém-nascidas, e boa parte dos menores disponíveis para adoção – em Minas eles somam 636 – se encontra no grupo das chamadas adoções necessárias, ou seja, são maiores de 3 anos, têm necessidades especiais ou são grupos de irmãos, que a Justiça procura não separar. CAMINHADA Para tentar mudar comportamentos e estimular os mineiros, mostrando à sociedade que “famílias adotivas são como todas as outras e o amor entre pais e filhos adotivos vai além dos laços consanguíneos”, será realizada hoje, às 9h, com concentração na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital, a 1ª Caminhada da Adoção, inciativa do Grupo de Apoio à Adoção de Belo Horizonte (GAA/BH) e o Grupo de Apoio à Adoção de Santa Luzia (Gada), com suporte da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), da Fundação CDL Pró-Criança e do TJMG. A Caminhada da Adoção faz parte das ações do TJMG, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude (Coinj), para promover a adoção de crianças a partir de 3 anos, grupos de irmãos e crianças portadoras de necessidadesespeciais, durante a Semana Nacional da Adoção. Além da atividade, será realizado, na terça-feira, o Seminário da Adoção Tardia, quando será lançado o Projeto Apadrinhar, do TJMG e coordenado pela desembargadora Valéria Rodrigues Queiróz, superintendente da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJMG-Coinj. “Adotar uma criança é um ato de amor, não se trata de favor, muito menos de caridade. Deve prevaler o desejo de querer ter um filho”, diz a diretora do GAA/BH (associação existente há 10 anos e sem fins lucrativos), advogada Larissa Jardim. A desem- bargadora Valéria Rodrigues Queiróz, por sua vez, lamenta: “A procura por bebês para adoção ainda é muito maior, infelizmente. Segundo dados do CNJ, 92,7% dos pretendentes à adoção, no Brasil, desejam crianças com idade entre zero e 3 anos. Contudo, apenas 8,8% das crianças aptas à adoção têm essa idade”. AMOR COMPLETO A vida de Gilmar e Luciana mudou completamente em outubro de 2016, quando as irmãs Ana Luísa e Thayná foram viver em sua companhia e começaram a chamá-los de pai e mãe. “Até então, éramos nós dois e o cachorrinho Toby. Um silêncio só, pois até ele é bem quietinho”, brinca Luciana olhando para o mascote da família, que foi prontamente “adotado” pelas meninas. O processo de habilitação, na Justiça, teve o suporte do GAA/BH, e momentos de emoção superlativa. Ao lado, Gilmar acrescenta que a chegada das duas foi “uma revolução completa para melhor”. “Quando informada sobre as meninas, que estavam num abrigo em Patrocínio, meu coração disparou. E pensei: ‘encontrei minhas filhas. Tenho certeza’”, conta Luciana, embora nem tivesse visto foto das garotas. No primeiro encontro, num fim de semana, “tivemos certeza do que queríamos”. Ouvindo a conversa, mas prestando atenção também na tevê, Ana Luísa lembra que chorou muito no início e depois foi se acostumando. “Fique feliz”, diz a adolescente, que pretende ser advogada, tem aulas particulares e acompanhamento de uma psicóloga. Thayná também ouve a conversa, na sala de casa, e, com jeitinho meigo, conta que ter um lar foi “muito legal”. Curiosa- mente, ela lembra os traços de Luciana, que se orgulha da comparação física e conta que Ana Luísa se parece muito com a família do marido. Luciana vai até a estante e volta com duas cartas recebidas no Dia das Mães. Na primeira, Thayná escreveu: “Você é minha vida. Mãe linda e guerreira, forte e apaixonada. Mãe, eu adoro sua comida”. Na outra, foi a vez de Ana Luísa: “Você é a melhor mãe. Sem você, não sei o que seria de mim”. ‘Não tenho mais esperança’, afirma R., de 17 anos, acolhido na Unidade de Acolhimento Institucional Casa dos Anjos/Grupo de Desenvolvimento Comunitário (Gdecom), em BH “Vou completar 18 anos em 19 de junho. Até lá, poderei ficar no abrigo. Depois, não sei que rumo vou tomar. Desde que me entendo por gente, minha vida tem se dividido entre uma família aos pedaços, com muitos irmãos, e o acolhimento nos abrigos, 17 de onde não tenho o que reclamar. Estudo, estou no primeiro ano do ensino médio e quero ser advogado ou médico, mas a angústia de não ter uma família me dói. Toda criança ou adolescente que mora em abrigo alimenta a vontade de ter uma família, receber carinho dos pais, mesmo não sendo os de sangue, morar numa casa tranquila. Comigo não é diferente, mas, quer saber a verdade? Não tenho mais esperança. Quando eu era bem criança, minha mãe falava que me levaria ao parque, mas me deixava numa creche ou abrigo, não me lembro muito bem. E não voltava para me buscar. Fui adotado pela primeira vez aos 6 anos, mas infelizmente não deu certo. O casal brigou, se separou e voltei para minha família. O pior é que minha mãe bebia, arrumou um namorado que também bebia, e resultado: um dia, cheguei em casa e eles estavam fazendo amor. Fiquei espantado com o que vi, pois era só um menino, né?, então resolvi fugir. Subi no telhado e fui embora. Aos 10 anos, retornei à vida no abrigo e só tenho a agradecer. Sinto aquela carência de amor de família, uma tristeza, ansiedade, angústia. Seria bom que toda criança tivesse um pai e uma mãe, mesmo adotados. E não pensem que, por estar maior, pode dar errado. Os de 17 anos ou perto dos 18, como é meu caso, têm mais responsabilidade, sabem o que fazem da vida, têm vontade de amar. Só precisamos mesmo de ajuda. No fundo, no fundo, ainda tenho vontade de ser adotado”. https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2019/05/19/interna_gerais,1054909/seis-mil-co- -nao-ter-familia-doi-criancas-com-mais-de-3-anos-esticam.shtml (19.05.2019) É IMportante saber I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE O Cadastro Nacional de Adoção (CNA) aponta que apenas 5% dos cerca de 43 mil candidatos a pai e mãe adotivos aceitam crianças de nove anos de idade ou mais. No entanto, é nesse grupo que estão mais de 60% das crianças aptas a serem ado- tadas em abrigos no Brasil. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-descompasso-que-trava-a-adocao-no-brasil (25.07.2018) II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE A psicanalista Maria Luiza Ghirardi estudou a fundo o comportamento de pais e mães que pretendem adotar para a sua tese de mestrado na USP. Para Ghirardi, a expectativa dos pais adotivos em relação às crianças foi um dos principais fatores para casos em que houve devolução. "Os casos de devolução mostraram que muitas vezes há uma forte expectativa dos pais para que a criança solucione os problemas dos adultos ou para que ela se encaixe na estrutura familiar oferecida. Essa expectativa normalmente gera metas inalcançáveis para ambos os lados, e com isso abre-se uma porta para o sentimento de fracasso", diz Ghirardi. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-descompasso-que-trava-a-adocao-no-brasil (25.07.2018) III. EXEMPLOS DO COTIDIANO A advogada catarinense Perla Duarte Moraes, de 40 anos, sempre quis adotar uma criança, apesar de poder ter filhos bioló- gicos. Em 2016, o plano se concretizou, e a adoção fugiu do padrão brasileiro: a escolha foi por um menino de nove anos de idade: "Quem quer adotar precisa saber de todas as situações que tem que enfrentar. É como ter um filho biológico, com as partes boas e ruins. Quando decidi adotar, fui à Vara da Infância de Florianópolis e iniciei todo o processo, inclusive com o curso preparatório", conta Moraes. "É importante essa etapa, porque não deixa espaço para falsas ilusões sobre o que é a adoção. Hoje sou muito feliz com meu filho e acho que é porque passei por todo esse processo de preparação", diz a advogada. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-descompasso-que-trava-a-adocao-no-brasil (25.07.2018) 18 IV. ATORES OU SITUAÇÕES QUE PODEM SER MOBILIZADOS NA DISCUSSÃO DO TEMA (PROPOSTA ENEM) APRIMORAR OS PROCESSOS DE PREPARAÇÃO DOS PRETENDENTES “Muito mais do que avaliar se alguém está apto para adotar, se faz necessário que as equipes técnicas atuem na preparação dessas pessoas, através de momentos de reflexões, troca de experiências com outras famílias e apoio psicossocial. Mas esses pretendentes também precisam realizar uma preparação pessoal, que envolve o engajamento subjetivo na construção da pa- rentalidade por adoção”, orienta psicóloga da Vara da Infância de Natal, Ana Barbosa Maux. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-descompasso-que-trava-a-adocao-no-brasil (25.07.2018) V. CITAÇÃO Nada é mais inadequado do que adotar uma criança e amá-la. Parece que uma criança adotada só consegue acreditar que é amado após conseguir ser odiada. Donald Winnicott, psicanalista inglês. VI. LEGISLAÇÃO: A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de pro- grama de apadrinhamento. § 1º O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro. § 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maioresde 18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento de que fazem parte. (Promulgação de partes vetadas ) § 3º Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. § 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. § 5º Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. § 6º Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária competente.” http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13509.htm' VII. DIREITOS HUMANOS Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança precisa de amor e compreensão. Criar-se-á, sempre que possível, aos cuidados e sob a responsabilidade dos pais e, em qualquer hipótese, num ambiente de afeto e de segurança moral e material, salvo circunstâncias excepcionais, a criança da tenra idade não será apartada da mãe. À sociedade e às autoridades públicas caberá a obrigação de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e aquelas que carecem de meios adequados de subsistência. É desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas. Declaração Universal dos Direitos da Criança. Livros LERASSISTIR INTERATIVIAA DADE Vídeo Filme Filme Removido Lion Aprovado para adoção Fonte: TvCultura 20 Quando tinha apenas cinco anos, o indiano Saroo (Dev Patel) se per- deu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfretou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele de- cide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica. O órfão Jung nasceu na Coreia do Sul em 1965, e foi encontrado va- gando pelas ruas de Seul até ser resgatado por um policial e adotado por uma família belga. Seu formulário de adoção continha pouquís- simas informações, pouca coisa além do nome e da menção "cor da pele: mel". Décadas mais tarde, ele retorna pela primeira vez ao seu país de origem e reflete sobre sua trajetória, sobre as dificuldades de adaptação e sobre sua difícil questão identitária... Como Jung se tor- nou cartunista, ele decide compor sua biografia tanto com imagens de arquivo quanto com desenhos feitos por ele mesmo. Livros LERASSISTIR INTERATIVIAA DADE Vídeo Filme Filme 21 O filho de mil homens – Vitor Hugo Mãe Valter Hugo Mãe agora na Biblioteca Azul com prefácio de Alberto Manguel A solidão, para Crisóstomo, é um filho que não se tem. Aos quarenta anos, o pescador decide buscar o que lhe falta. Vai encontrar no jovem Camilo, órfão de uma anã, a chance de preencher a metade vazia, e em Isaura, enjeitada por não ser virgem, a possibilidade de ser mais do que completo Acabadora – Michela Murgia Sardenha, anos 1950. A pequena Maria Listru é o que se chama de filha d’alma. Nascida em uma família sem condições de sustentá-la, aos seis anos de idade é adotada por Bonaria Urrai, uma mulher mais velha, solitária e calada, mas muito respeitada no vilarejo em que vivem. Desde cedo, Maria aprende o ofício de tia Bonaria, costureira. Mas a mulher esconde uma outra vocação, proibida e controversa. Bonaria é uma acabadora, aquela que faz o sofrimento cessar. Para os habitantes de Soreni, ela é aquela que visita as pessoas que estão no fim da vida e ajuda o destino a se cumprir. Acabadora é um livro fascinante. Devoluçao De Crianças Adotadas – Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi A obra contém reflexões acerca de um tema muito polêmico e pouco discu- tido- A devolução de crianças adotadas. Além disso, o livro faz parte da Co- leção Departamento Formação em Psicanálise, que reúne obras produzidas a partir de eventos científicos e culturais organizados por esse departamen- to, assim como de reflexões sobre a clínica psicanalítica contemporânea e de estudos desenvolvidos por seus integrantes. Tema delicado e ainda pou- co pesquisado, a devolução é, frequentemente, disparadora de importantes angústias para todos os envolvidos. 22 ProPosta ENEM TEXTO 1 Criado em abril de 2008, o Cadastro Nacional de Adoção é uma ferramenta criada para ajudar juízes das varas de infância e da juventude a cruzar dados e localizar pretendes para adotar crianças aptas à adoção. O cadastro é preenchido pela Justiça de cada estado e os dados são unificados. Ou seja, com o cadastro, um casal de Rondônia consegue localizar uma criança disponível para adoção no Rio Grande do Sul. Em março de 2014, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) autorizou que estrangeiros e brasileiros residen- tes no exterior também participem do cadastro. O objetivo é aumentar a adoção de crianças mais velhas, que estão fora do perfil desejado pelos brasileiros. http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/03/entenda-como-funciona-o-cadastro-nacional-de-adocao.html (24.03.2014). Adaptado TEXTO 2 https://www.facebook.com/cnj.oficial/ (16.10.17) 23 TEXTO 3 No Distrito Federal existem cerca de 130 crianças e adolescentes esperando para serem adotados e 543 famílias habilitadas no cadastro local para a adoção. No entanto, a maioria das crianças e adolescentes não se encaixa no perfil pretendido por essas famílias. Os motivos principais, segundo a Vara da Infância e Juventude (VIJ), são a idade, o número de irmãos e problemas de saúde. Cerca de 90% das famílias ainda buscam crianças menores de 3 anos para adotar. Para aumentar as chances de adoção desses meninos e meninas, a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (VIJ) criou o projeto "Em busca de um lar". O objetivo é a chamada busca ativa de pretendentes à adoção, ou seja, encontrar famílias para crianças e adolescentes que têm o perfil preterido pelos adotantes. Para encontrar essas famílias, foram produzidos vídeos e fotos. São os "candidatos a filhos" que se apre- sentam para possíveis pais Segundo a psicóloga da Seção de Colocação em Família Substituta da VIJ, Niva Campos, seis crianças e adolescentes participam da campanha, em um primeiro momento. Todas autorizaram o uso da própria imagem e quiseram participar do “Em busca de um Lar”. “Sabemos do risco que o uso da imagem poderia causar, mas entendemos esse projeto como uma oportu- nidade de dar visibilidade a essas crianças." Para Niva, divulgar a imagem é uma chance que elas têm de serem conhecidas e de encontrarem uma nova família. Antes de participar do projeto, cada uma foi assistida pela equipe de psicólogos da Vara da Infância. https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/05/17/campanha-para-adocao-de-criancas-mais- -velhas-mostra-quem-sao-meninos-e-meninas-abrigados-no-df.ghtml (17.05.2019) TEXTO 4 Se de quem dá à luz um filho os relatos são de muita dificuldade, por que com um filho adotivo seria dife- rente? A história de adoção do menino Jorge Oliveira, 15 anos, adotado aos 8 anos, é o exemplo do arco dramático (com final feliz) por que passam (alguns ou muitos...) mães, pais e filhos de adoção, marcados pela desconfiança inicial, resistência e, finalmente, aceitação do amor familiar. “Ele aprontava muito. Tinha hora que eu tinha que olhar no meio da cara dele e dizer: ‘Se você está pensan- do que eu vou te devolver, eu não vou, não importa o que você faça’”, conta Ana Paula Lourenço de Oliveira, 35 anos. “Ele já tinha sido adotado pequenininho com as duas irmãs mais velhas, e os três foram devolvidos. Depois, os três foram apadrinhados. O apadrinhamento das meninas culminou com a adoção, mas o dele, não. Foi o único devolvido,mais uma vez.” Ele se achava burro, feio e tudo de ruim no universo. Trabalhamos a autoestima dele, ‘deixa seu cabelo crescer, você é bonito, sua pele é linda, vamos lá, você consegue’. O primeiro ano dele na escola particular foi um trabalho de todo mundo, mobilizei a escola toda. E lembro que ele ficou em recuperação em todas as matérias e, quando ele passou de ano, foi um chororô. Ele foi tão vitorioso.” https://www.gazetaonline.com.br/noticias/cidades/2017/12/quando-o-despreparo- -resulta-na-devolucao-do-adotado-1014112554.html (26.12.2017) PROPOSTA ENEM A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema CAMI- NHOS PARA PROMOVER A ADOÇÃO TARDIA NO BRASIL apresentando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 24 ProPosta – VEstibular TEXTO 1 Um evento realizado no Pantanal Shopping, em Cuiabá, reuniu crianças de 4 a 17 anos. Segundo uma re- portagem da BBC Brasil, 18 adolescentes acima de 12 anos desfilaram em uma passarela. Na plateia, cerca de 200 pessoas acompanharam o evento. Segundo uma reportagem do site de notícias do Mato Grosso Olhar Direto, essa é a segunda edição do evento, que ocorreu no dia 21 de maio de 2019. De acordo com o site, o evento foi reali- zado pela Ampara (Associação Matogrossense de Pesquisa e Apoio à Adoção), em parceria com a seção estadual da Comissão de Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil, que o divulgou em sua conta do Twitter. À nossa reportagem, a presidente da Comissão da Infância e Juventude da OAB do Mato Grosso, Tatiane de Barros Ramalho, descreveu o evento da seguinte maneira: “Será uma noite para os pretendentes - pessoas que estão aptas a adotar - poderem conhecer as crianças, a população em geral poderá ter mais informações sobre adoção e as crianças em si terão um dia diferenciado em que elas irão se produzir, cabelo, roupa e maquiagem para o desfile. Na última edição, dois adolescentes, um de 14 e o outro de 15, foram adotados. E esperamos novamente dar visibilidade a essas crianças e adolescentes que estão aptas a adoção. E como sempre dizemos: o que os olhos veem o coração sente”. https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/05/22/Quais-as-cr%C3%ADticas-ao-desfile-de- -crian%C3%A7as-para-ado%C3%A7%C3%A3o-em-Cuiab%C3%A1 (22.05.2019) TEXTO 2 Na quarta-feira, 22, a Defensoria Pública de Mato Grosso publicou nota pela qual “repudiam veemente- mente” o evento de promoção a adoção ocorrido no Pantanal Shopping. “A intenção desta Nota não é descarac- terizar a relevância das instituições idealizadoras. O evento, com a intenção de dar “visibilidade a crianças e ado- lescentes de 4 a 17 anos que estão aptas para adoção”, em verdade, as expõe ainda mais à situação de extrema vulnerabilidade social." A Defensoria destacou o risco de que muitas das crianças e adolescentes que desfilaram não sejam ado- tadas, "o que pode gerar sérios sentimentos de frustração, prejuízos à autoestima e indeléveis impactos psicoló- gicos". Por fim, afirma que a grande exposição pode levar à objetificação e passar uma ideia de mercantilização. https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI302929,91041-Desfile+de+adolescente s+que+aguardam+adocao+e+alvo+de+duras+criticas (24.05.2019) 25 TEXTO 3 Exibir órfãos a um desfile é erotizar o abandono, num movimento contrário às campanhas contra o abuso e a exploração de menores. É rasgar em pedacinhos o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e transformá-lo em confetes e serpentinas. É promover um leilão. É organizar uma venda coletiva. Em vez de roupas e produtos, é possível oferecer lances para levar vidas indefesas para a casa. Como se os pequenos fossem escravos. Como se os pequenos fossem obrigados a mostrar os dentes. Como se os pequenos fossem obrigados a rebolar, dançar e girar para atrair o interesse. Como se as nossas crianças fossem absolutos objetos de consumo. https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2019/05/desfile-de-horrores-cjvzsuf9k073y01mamyi- v11m9.html?fbclid=IwAR2mBlpVPku98eYI4kuZMf1Acw4vlxwyN68vl-CrpuowoO9-8nnQxa17Y0U (22.05.2019) TEXTO 4 Para aumentar as chances de adoção desses meninos e meninas, a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (VIJ) criou o projeto "Em busca de um lar". O objetivo é a chamada busca ativa de pretendentes à adoção, ou seja, encontrar famílias para crianças e adolescentes que têm o perfil preterido pelos adotantes. Para encontrar essas famílias, foram produzidos vídeos e fotos. São os "candidatos a filhos" que se apre- sentam para possíveis pais Segundo a psicóloga da Seção de Colocação em Família Substituta da VIJ, Niva Campos, seis crianças e adolescentes participam da campanha, em um primeiro momento. Todas autorizaram o uso da própria imagem e quiseram participar do “Em busca de um Lar”. “Sabemos do risco que o uso da imagem poderia causar, mas entendemos esse projeto como uma oportu- nidade de dar visibilidade a essas crianças." Para Niva, divulgar a imagem é uma chance que elas têm de serem conhecidas e de encontrarem uma nova família. Antes de participar do projeto, cada uma foi assistida pela equipe de psicólogos da Vara da Infância. https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2019/05/17/campanha-para-adocao-de-criancas-mais- -velhas-mostra-quem-sao-meninos-e-meninas-abrigados-no-df.ghtml (17.05.2019) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema DIVULGAÇÃO DA IMAGENS DE CRIANÇAS PARA ADOÇÃO: ENTRE A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO SOCIAL E OS LIMITES DA EXPOSIÇÃO 1 9 Adequação e precisão vocabular I L C ENTRE FRASES 28 29 AdequAção e precisão vocAbulAr i Esta e a próxima aula têm o objetivo de descrever algumas das principais inadequações no uso da língua em textos de vestibular. Esses usos, apesar de comuns, precisam ser evitados, já que destoam do emprego culto da escrita exigido na maioria dos exames. Portanto, fique atento à sua redação e releia-a sempre, supervisionando com atenção e cuidado as escolhas lexicais da composição do texto. 1. linguagem coloquial Durante a escrita da redação, seja pelo nervosismo ou pela falta de vocabulário em mente, muitos alunos constroem sentenças recheadas de coloquialismos, isto é, uso de termos da modalidade informal, geral- mente associados à língua falada. Para evitar essas construções, é preciso aprender a reconhecer o uso da coloquialidade dentro do texto e possuir bom repertório lexical capaz de substituir tais inadequações. Observe os usos empregados abaixo e suas respectivas possibilidades de correção. INADEQUADO ADEQUADO O problema se dá porque ... O problema ocorre em virtude Um dos grandes desafios é que muitas pessoas são preconceituosas ... Um dos grandes desafios é o fato de muitas pesso- as reproduzirem preconceitos... O Estado tem que elaborar propostas... O Estado deve elaborar propostas... Muitos alunos se deixam levar pelas propagandas... Muitos alunos são induzidos pelas ... Essa situação acaba acontecendo... Essa situação ocorre... A manipulação, cada vez mais, está sendo baseada... A manipulação, cada vez mais, é baseada... A medicina alternativa irá ser uma medida positiva... A medicina alternativa é/será uma medida positi- va... Boa parte dos professores desiste de lecionar, coisa que tem ocorrido com certa frequência... Boa parte dos professores desiste de lecionar, o que ocorre com certa frequência... Está mais do que comprovado que as empresas ig- noram... Muitas empresas ignoram... A nível de esporte, o futebol é ... Em se tratando de esporte, o futebol é... Em outros tópicos desta e da outra aula, você verá mais casos da coloquialidade.2. clichês O clichê é uma palavra ou expressão que apresenta um senso comum em uma língua. Nas redações de vestibular, tais construções surgem com o intuito de impressionar o corretor e causar um efeito positivo na leitura do texto. No entanto, elas apenas o depreciam, já que o uso constante e cristalizado não surpreende e nem inova a ideia construída ao longo da redação. Exemplos de clichês comuns no vestibular: É fundamental que a sociedade reúna todas as suas forças e combata a desigualdade... Só assim, a sociedade poderá viver cheia de esperanças... É preciso pensar positivo nas questões Portanto, ainda há uma luz no fim do túnel. Basta que o governo federal atue... Essa relação é extremamente importante para a .... É preciso criar coragem, e enfrentar os problemas... 30 3. adjetivos inadequados Muitas vezes, no momento da construção das opiniões dentro de uma redação, alguns alunos empregam adjetivos inadequados ao texto dissertativo-argumentativo exigido nos exames. Essas palavras denotam apenas a emoção do autor, sem cumprir sua função de atribuir uma avaliação, a ser comprovada pelos argumentos apre- sentados. Adjetivos a serem evitados nas construções argumentativas: É absurda a negligência por parte do Estado... Essas situações são fruto do puro descaso das empresas... Essa tragédia trouxe prejuízos incalculáveis e inestimáveis para a população.... É incrível a capacidade dos sujeitos de fingir em determinadas situações... Essa é a triste situação em que vivem milhares de moradores da... Grande parte dos trabalhadores são submetidos a terríveis condições de vida... O cenário do tráfico humano, no Brasil, é cruel... Adjetivos bons para o texto as construções argumentativas Boa parte do Estado é negligente ao negar o direito... Isso ocorre em virtude de políticas públicas ineficazes... Parte da sociedade é conivente com as ações... As ações vinculadas à cultura são inexpressivas... A adoção de uma postura crítica é essencial aos sujeitos... Há uma publicidade abusiva que leva milhares de consumidores a... Esse problema permanece em virtude da saúde pública deficitária... A sociedade brasileira está estruturada por ideais moralistas e por atitudes antiéticas. O consumo consciente no Brasil ocorre de modo insipiente. 4. generalizações Sabe-se que a generalização é uma ferramenta problemática para construir ideias em diferentes âmbitos da vida social. Isso porque, ao generalizar, apaga-se as heterogeneidades existentes nos sujeitos, nos grupos sociais, nos conceitos, etc. No entanto, ao escrever a redação, muitos alunos tendem a se valer dessas construções para expor seu posicionamento e seus argumentos. Assim, fique atento às formas de generalização mais comuns nas redações e supervisione seu texto sempre, evitando que elas apareçam. EVITE OS TERMOS PARA EVITAR AS GENERALIZAÇÕES, EMPREGUE AS EXPRESSÕES PARTITIVAS COM MUITA CAUTELA. Todos os alunos são... Boa parte dos alunos... Nenhum político é capaz de... Poucos políticos... As pessoas sempre excluem... Muitas vezes, as pessoas... As políticas públicas nunca funcionam... As políticas públicas raramente funcionam... Apenas os brasileiros reproduzem essa diretriz... Há uma parte dos brasileiros que reproduz essa... 31 EXPRESSÕES PARTITIVAS BOA PARTE... GRANDE PARTE... PARTE... *A MAIOR PARTE ... *A MAIORIA... *MUITOS... *MUITAS... * OBSERVE SE, DE FATO, ESSAS PARCELAS SÃO VERÍDICAS OU COMPROVÁVEIS... 5. economia verbal Nos textos de redação, é fundamental prezar pela objetividade e pela clareza das ideias. Essas diretrizes também são observadas pelos avaliadores no emprego que os alunos fazem dos verbos na redação. Muitas vezes, o uso de locuções verbais, ou de construções verbais acompanhadas de substantivos poderiam ser substituídas por apenas um verbo, deixando o texto mais objetivo e preciso. Portanto, sempre que possível, prefira sempre as formas simples. Deixe as locuções apenas para os momen- tos em que elas forem essenciais ao sentido do texto. A decisão estará prejudicando... A decisão prejudicará... Cabe ao governo realizar uma avaliação... Cabe ao governo avaliar... Parte da população tem desconfiança das medidas... Parte da população desconfia... Esse cenário vai de encontro à definição do filósofo ... Esse cenário contraria a definição do filósofo... As redes sociais tornaram mais simples a vida dos usuários... As redes sociais simplificaram a vida... Desse modo, a sociedade vai estar mais informada... Desse modo, a sociedade estará mais informada... 6. Forma positiva Para garantir a objetividade e clareza em seu texto, também é essencial prezar pelas formas positivas ao redigir alguns verbos. Em outras palavras, trata-se de evitar o uso do adverbio “não” vinculado a alguns verbos. Veja os exemplos abaixo e observe como a supressão da partícula negativa aprimora a compreensão do período: Boa parte das verbas não chegam na hora nos insti- tutos... Boa parte das verbas chegam atrasadas aos institu- tos... Muitos professores dizem que não são responsáveis... Muitos professores negam a responsabilidade... A políticas públicas não são eficazes... As políticas públicas são ineficazes... Parte da população não conhece as leis... Parte da população desconhece as leis... Essas medidas não incluem a população... Essas medidas excluem a população... As empresas não aprovam candidatos que não são capazes de escrever um texto simples. As empresas reprovam candidatos incapazes de es- crever um texto simples... 32 AulA 19: o AuTodiAGNÓsTico NA sAÚde brAsileirA ACERVO TEXTO 1 Os perigos do autodiagnóstico e da automedicação por pesquisas no Google Quem nunca se automedicou? A prática é muito comum, principalmente quando surgem sintomas considerados simples pelo paciente, como coceiras e dores no corpo. A saída é quase sempre perguntar às pessoas mais próximas, principalmente aos mais velhos, referências de remédios que possam aliviar os incômodos. Mas, na era digital, os conselhos dos mais experientes co- meçam a perder espaço para a ferramenta de busca na internet: o Google. Uma pesquisa britânica divulgada recentemente mostrou que 25 por cento das mulheres na Inglaterra utilizam o Google como pesquisa para autodiagnóstico. Os perigos dessa prática são diversos: desde efeitos colaterais até a piora no quadro da doença. O gerente de Monitoramento e de Fiscalização de Medicamentos da Anvisa, Tiago Rauber, alerta para os riscos da autome- dicação. ”A automedicação é um tipo de prática não recomendada por nenhuma autoridade de saúde no Brasil. Esse tipo de prática acarreta uma série de riscos como, por exemplo, você mascarar os sintomas de uma doença, e ter uma dificuldade de diagnosticar corretamente, futuramente essa enfermidade. Pode acarretar também, maior número de intoxicações. Além do mais, temos a ques- tão de você não fazer realmente o tratamento efetivo daquela enfermidade. Então, todos esses elementos corroboram a tese de que essa é uma prática altamente perigosa, e que temos tido resultados bastante complicados”, alerta Tiago. O gerente da Anvisa, Tiago Rauber, destaca que o uso de medicamento precisa sempre ser acompanhado por um profissio- nal de saúde. ”Qualquer sintoma, qualquer problema, por mais simples que seja, ele pode ser o início de um diagnóstico de uma enfermidade mais complexa. Então, todo tipo de sintoma necessita um atendimento de um profissional habilitado, de um médico. Medicamento não é um bem de consumo qualquer, não é uma caneta, não é uma camiseta. Medicamento tem uma série de bene- fícios, mas ele também tem riscos”, ressalta o gerente. Tiago Rauber alerta ainda para os riscos do estoque de medicamentos em casa, a chamada farmacinha caseira que se forma pelo uso indiscriminado de remédios. Além dos riscos da automedicação, essa prática pode levar a pessoa a ingerir o medi- camento vencido, o que piora ainda mais os sintomas de quem fizer uso do remédio.http://www.blog.saude.gov.br TEXTO 2 Como pacientes e médicos encaram o compartilhamento de informações? Em pesquisa realizada pela WebMD, 89% dos pacientes acreditam que o uso de uma tecnologia em saúde seria positivo para ajudar o médico em um diagnóstico. Já entre os médicos, a aceitação é menor, de 69%, mostrando maior resistência do como clínico que dos pacientes. Em sequência, foi perguntado aos médicos se os pacientes deveriam usar ferramentas para realizar auto- diagnostico e somente 17% disseram que sim. A pesquisa foi realizada com 1102 profissionais de saúde e 1406 usuários do Medscape. Dentro do grupo, foi perguntado sobre tecnologia em saúde para 827 médicos, 156 enfermeiros que atendem, 85 enfermeiros comuns, 107 assistentes de médicos e 235 estudantes de medicina. 33 Quase a mesma porcentagem de pacientes (64%) e profissionais (63%) citaram que, se a tecnologia existe, os smartpho- nes poderiam ser usados para coletas remotas de sangue. Menos de 70% dos médicos acreditam que o smartphone e as consultas remotas podem substituir consultas físicas e 63% disseram que isso pode acontecer em casos de problemas de pele. Para os pro- blemas nos olhos, o resultado foi de 49% e para aparelho auditivo, 54%. 96% dos médicos acreditam que o paciente tem de ter acesso a informação do seu histórico, por meio do prontuário eletrônico (EHR). 89% dos pacientes acreditam que têm o direito a ver todos os registros feitos pelo médico durante a consulta! enquanto somente 64% dos médicos acreditam que isso deve ser feito. Todos estes dados mostram a imaturidade do sistema de saúde frente à tendência da informação compartilhada e do uso de tecnologia no dia a dia. Ter este tipo de discussão entre as partes é de extrema importância para o desenvolvimento e a imple- mentação da tecnologia em saúde. http://saudebusiness.com/noticias/como-pacientes-e-medicos-encaram-o-compartilhamento-de-informacoes/ (25.09.2014) TEXTO 3 TEXTO 4 Conforme a própria definição, a publicidade influência o julgamento de usuários e prescritores sobre medicamentos. Vários estudos têm demonstrado que propagandas são empregadas como fonte de informação pelos prescritores, sendo consideradas determinantes da prescrição (LEXCHIN, 2002; JONES, 2001). Dentre as intervenções fundamentais para se promover um uso mais racional destes produtos, proposta pela Organização Mundial de Saúde, estão à informação independente sobre medicamentos e a regulamentação da promoção de medicamentos a fim de assegurar que a mesma seja ética e imparcial. Todas as informações utilizadas para promover um medicamento devem ser precisas, verídicas, informativas, atuais e comprováveis (OMS, 2002). Diversos estudos visando à análise da qualidade de peças publicitárias, em diferentes veículos de comunicação, têm sido realizados conside- rando as regulamentações e recomendações internacionais. “Análise da publicidade de medicamentos veiculada em Goiás - Brasil” Revis- ta Eletrônica de Farmácia Vol 2(2), 80-86, 2005. ISSN 1808-0804 34 TEXTO 5 Automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros A pesquisa foi feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e 25% faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Quase metade dos brasileiros se automedica pelo menos uma vez por mês e 25% o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. Esses dados fazem parte de uma pesquisa feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). De acordo com o estudo, a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros. As mulheres são as que mais usam medicamentos por conta própria, pelo menos uma vez ao mês – 53%. Familiares, amigos e vizinhos são os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição (25%). Os perigos da automedicação A automedicação é quando há o uso de remédios sem a avaliação de um profissional de saúde. Quando usado de forma errada, o medicamento pode ter um efeito desastroso. Por isso, é sempre importante consultar um profissional antes de fazer uso de qualquer remédio. As consequências do uso indiscriminado de medicamentos ocorrem a longo e médio prazo: 1. Os analgésicos, por exemplo, não curam enxaqueca e podem até piorar. 2. Antitérmicos podem mascarar algo mais grave, como uma infecção. 3. Anti-inflamatórios podem sobrecarregar os rins. 4. Uso de vitaminas só é indicado se a pessoa tiver uma carência específica e precisar de reposição. 5. Antiácidos e remédios para dor de estômago podem encobrir algo mais sério, como úlceras e gastrites. 6. Xarope pode mascarar uma pneumonia. https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2019/05/13/automedicacao-e-um-habito- -comum-a-77percent-dos-brasileiros.ghtml (13.05.2019) 35 É iMporTANTe sAber I. DADO ESTATÍSTICO RELEVANTE A pesquisa foi feita pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e 25% faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana. https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2019/05/13/automedicacao-e-um- -habito-comum-a-77percent-dos-brasileiros.ghtml (13.05.2019) I. DADO HISTÓRICO RELEVANTE No Brasil, até 2010, antes da publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 44/2010, os antibióticos eram vendidos li- vremente, sem necessidade de retenção de receita médica, em farmácias e drogarias, e muitas vezes vendidos até mesmo sem a prescrição médica. Esta dispensação sem controle e os casos de resistência bacteriana descritos nos últimos anos colaboraram para elaboração de uma Resolução que obrigasse a retenção de receita, para que seja realizado um controle maior sobre a pos- sível evolução que as bactérias podem sofrer ao longo dos tratamentos, tornando-se bactérias mais resistentes a antibióticos Controle da dispensação de antibióticos – panorama atual no brasil. Http://www.cpgls.pucgoias.edu. br/8mostra/artigos/saude%20e%20biologicas/controle%20da%20dispensa%c3%87%c3%83o%20 de%20antibi%c3%93ticos%20%e2%80%93%20panorama%20atual%20no%20brasil.pdf II. ARGUMENTO DE AUTORIDADE O gerente de Monitoramento e de Fiscalização de Medicamentos da Anvisa, Tiago Rauber, alerta para os riscos da automedica- ção. ”A automedicação é um tipo de prática não recomendada por nenhuma autoridade de saúde no Brasil. Esse tipo de prática acarreta uma série de riscos como, por exemplo, você mascarar os sintomas de uma doença, e ter uma dificuldade de diagnosti- car corretamente, futuramente essa enfermidade. Pode acarretar também, maior número de intoxicações. Além do mais, temos a questão de você não fazer realmente o tratamento efetivo daquela enfermidade. Então, todos esses elementos corroboram a tese de que essa é uma prática altamente perigosa, e que temos tido resultados bastante complicados”, alerta Tiago. http://www.blog.saude.gov.br III. EXEMPLOS DO COTIDIANO Em meio à discussão sobre a disposição dos MIPs para fora do balcão, muitas farmácias paulistas, apesar de uma lei aprovada no Estado permitir a disposição desses medicamentos no autosserviço, os mantêm atrás do balcão. A Revista do Farmacêutico ouviu profissionais que estão à frente de drogarias e que mantiveram os medicamentos fora do alcance do consumidor, justamente por entenderem a importância da orientação do farmacêutico. Sócia-responsável da Drogaria Popular, em Atibaia (SP), dra. Maria Luzia Bondança focou na saúde ao manter sua postura. “Na minha drogaria os MIPs estão fora do alcance do consumidor e não pretendo mudar isso, apesar da RDC da Anvisa permitir. Os pacientes já se acostumaram a pedir orientação, perguntam sobre o risco de interação. É uma facilidade a mais para que eu possa informá-los e por conta disso não mudarei meu posicionamento”. http://portal.crfsp.org.br/component/content/article/268-revista-107/3820-capa.html (Julho de 2012) 36 V. CITAÇÃO Não há nada na natureza que não seja venenoso. A diferença entre remédio e veneno está na dose de prescrição. Paracelso, cientista suíço do século XVIII.VI. DIREITOS HUMANOS A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habita- ção, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis. Ou seja, o direito à saúde é indissociável do direito à vida, que tem por inspiração o valor de igualdade entre as pessoas. No contexto brasileiro, o direito à saúde foi uma conquista do movimento da Reforma Sanitária, refletindo na criação do Siste- ma Único de Saúde (SUS) pela Constituição Federal de 1988, cujo artigo 196 dispõe que “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação”. https://pensesus.fiocruz.br/direito-a-saude (Acesso em03.06.2019 37 ASSISTIR INTERATIVIAA DADE Vídeo Artigo LER Vídeo Por que tomar medicamentos por conta própria é perigoso? Sabe o que é a Cybercondria? Doença surgiu na modernidade Fonte: TerraTV Fonte: DrauzioVarella 38 Muita gente não vê problemas em tomar um remédio por conta própria, mas riscos da automedicação podem ser graves ou até fatais. Riscos da automedicação | Entrevista - Drauzio Varella ASSISTIR INTERATIVIAA DADE Vídeo Artigo LER Vídeo 40 ProPosta ENEM TEXTO 1 Automedicação é o ato de tomar remédios por conta própria, sem orientação médica. Muitas vezes vista como uma solução para o alívio imediato de alguns sintomas pode trazer consequências mais graves do que se imagina. http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/255_automedicacao.html TEXTO 2 http://portal.anvisa.gov.br/(Acessado em 03.06.2019) TEXTO 3 http://novaerafarma.blogspot.com/2016/03/automedicacao.html (Março de 2016) 41 TEXTO 4 Será que esta atitude dos pacientes decorre da dificuldade de ter acesso a uma consulta médica, falta de co- nhecimento das perigosas consequências de ingerir uma droga sem prescrição ou apenas um hábito tão arraigado em nosso cotidiano que deixamos de refletir sobre isto? Segundo pesquisa do Instituto Hibou, realizado em 2014 com 1.216 moradores do estado de São Paulo, mesmo tendo consciência dos malefícios da ingestão excessiva ou inadequada, 45% da população acredita que automedicar-se só é prejudicial no caso de remédios identificados com tarja vermelha ou preta. http://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/especial-publicitario/medecell-do-brasil/desligue-a-dor/noti- cia/2016/08/automedicacao-e-pratica-comum-em-mais-de-90-da-populacao.html (08.08.2016) TEXTO 5 O Brasil é uma estrela em ascensão no cenário político e econômico mundial. Porém, um país não faz a transição entre o subdesenvolvimento e um estágio de desenvolvimento que desperte o mínimo de respeito inter- nacional sem se desvincular de algumas nódoas do passado que, impregnadas na cultura nacional, insistem em se manter presentes a despeito dos ventos de mudança. Um exemplo disso, no caso brasileiro, é a prática da automedicação. Como a cultura é o resultado da dinâmica social, a automedicação no Brasil tem raízes profundas no subdesenvolvimento. A população brasileira, penalizada historicamente pela falta de acesso aos serviços básicos de saúde, encontrou na automedicação uma tentativa de solução para seus problemas de saúde, muitas vezes com resultados sepulcrais. http://portal.crfsp.org.br/component/content/article/268-revista-107/3820-capa.html (Julho de 2012) A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema O PROBLEMA DA AUTOMEDICAÇÃO NA SOCIEDADE BRASILEIRA, apresentando proposta de inter- venção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 42 ProPosta – VEstibular TEXTO 1 Os perigos do autodiagnostico e da automedicação Atualmente, a internet tem sido uma faca de dois gumes no que se trata da automedicação. “É positivo que o paciente seja bem informado e busque informações sobre a sua saúde”, comenta. Souza explica ainda que a curiosidade do indivíduo facilita a relação com o médico. “Mas, ele (o paciente) deve ter cuidado nesse processo”, ressalta. E não é para menos: as informações também podem induzir uma pessoa a um autodiagnóstico errado devido a falta de credibilidade da internet. Para se ter um exemplo, o Centro Universitário de Volta Redonda (RJ), analisou 1.152 vídeos no Youtube sobre cardiologia e constatou que apenas 4% deles tinham conteúdos corretos. “A internet tem coisas boas e tem coisas que não são aproveitáveis. Às vezes, pode ser difícil para uma pessoa selecionar as informações e por isso ela corre o risco de começar uma automedicação sem ouvir um profissional”, diz o professor Cláudio de Souza. Quando mal administrado ou ingerido em doses acima do saudável, os medicamentos podem causar lesões hepáticas irreversíveis, causando inflamação do fígado e afetando suas funções. Pulmões, rins e até o cérebro tam- bém são órgãos que podem ser afetados pela automedicação irresponsável. (https://site.medicina.ufmg.br/inicial/os-perigos-do-autodiagnostico/) (01.08.2014) TEXTO 2 Especialistas alertam sobre os perigos que os "cibercondríacos" estão correndo ao acreditar mais no que a internet diz do que nos médicos Basta colocar os termos “sintomas”, “dor de cabeça” e “febre” no buscador on-line para que o “ Dr. Google ” mostre que essas são características comuns em casos de meningite, gripe ou dengue. Aí fica por conta do usuário escolher a doença que melhor se identifica e a sentença está dada. Parece exagero, mas muitas pessoas estão “resolvendo” seus problemas de saúde desta forma. Esse com- portamento está fazendo com que os médicos fiquem preocupados com o que eles estão chamando de “cibercon- dríacos”, aqueles pacientes que se autodiagnosticam por meio de pesquisas na internet. De acordo com a professora e clínico geral Helen Stokes-Lampard, presidente do Royal College of General Practitioner, muitas pessoas acabam acreditando que têm tal doença, uma vez que foi “diagnosticada” pelo Google e isso está atrapalhando o trabalho dos profissionais da saúde. Em outros países, especialistas já advertiram que esses pacientes estão colocando o National Health Service, algo como “Serviço Nacional de Saúde” do Reino Unido, em risco, já que a quantidade de pessoas que colocam em dúvida o trabalho do clínico geral só aumenta. Em entrevista à revista “Pulse”, a professora Stokes-Lampard chegou a dizer que "o Dr. Google está pre- sente em 80% das consultas” que ela tem agora. "Sinto que precisamos levantar os problemas que esse compor- tamento pode trazer ao paciente e trabalhar isso com cada um, particularmente. Temos que ser ousados e esse é um desafio para todos nós da área da saúde", completou. http://saude.ig.com.br/2017-10-04/dr-google-cibercondriacos.html (10.04.2017) 43 TEXTO 3 “Acesso a informações de saúde na internet: uma questão de saúde pública”? Re- vista Associação Medicina Brasileira 2012; 58(6):650-658 TEXTO 4 Helena Garbin, que há quatro anos defendeu tese de doutorado sobre o uso da internet para obtenção de informações em saúde, lembra que o acesso a informações técnicas e científicas ou vinda de pares pode facilitar a percepção de sinais de alerta para quadros agudos, agilizando a busca por atenção em saúde. “Também o co- nhecimento ampliado sobre seu próprio estado de saúde pode ser benéfico para um indivíduo, em especial para portadores de adoecimento crônico, por permitir uma melhor compreensão de seu adoecimento e de seu corpo e uma melhor observação das alterações no seu organismo”, diz, constatando que isso possibilita que
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