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BIOQUÍMICA DOS ALIMENTOS Priscila Souza Silva Vitaminas e minerais: conceito e importância Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Listar os tipos e fontes de vitaminas e minerais presentes nos alimentos. Reconhecer o papel das vitaminas e minerais no corpo humano. Apontar a diferença entre vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis. Introdução Os micronutrientes são nutrientes essenciais que devem ser providos ao organismo. Fazem parte desse grupo as vitaminas e os minerais. As vitaminas constituem grupo de componentes orgânicos necessários ao organismo em quantidades mínimas, sendo indispensáveis por terem funções específicas. São substâncias frágeis, podendo ser destruídas por calor, ácidos, luz e alguns metais. A quantidade presente nos alimentos não é constante, varia de acordo com a estação do ano, o tipo de solo ou a forma de cozimento do alimento (PHILIPPI, 2014). Os minerais são substâncias de origem inorgânica que são encontrados em ossos, dentes, músculos, células sanguíneas e sistema nervoso, e sua função reguladora contribui para o equilíbrio ácido-básico do organismo. Não são sinteti- zados pelo organismo e por isso devem ser obtidos pela alimentação (PHILIPPI, 2014). Neste capítulo, você vai estudar o papel das vitaminas e dos minerais no organismo, bem como os tipos e as fontes presentes nos alimentos. Além disso, você vai compreender as diferenças existentes entre vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis. Vitaminas e minerais: tipos e fontes presentes nos alimentos As vitaminas compreendem um grupo diverso de compostos orgânicos não sintetizados pelo organismo (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). São substâncias frágeis, podendo ser destruídas por calor, ácidos, luz e alguns metais. A quantidade presente nos alimentos não é constante, varia de acordo com a estação do ano, o tipo de solo ou a forma de cozimento do alimento (PHILIPPI, 2014). Fontes de vitaminas As vitaminas têm sido amplamente consumidas em forma de suplementos alimentares e em muitos casos o suplemento representa a principal e mais importante fonte de ingestão vitamínica. Os alimentos, em suas variáveis e distintas formas, fornecem vitaminas que ocorrem naturalmente em vegetais, animais e fontes microbiológicas, além das vitaminas adicionadas na fortifi - cação de alimentos. Independentemente de as vitaminas estarem presentes na forma natural ou adicionada, existe a possibilidade de perdas signifi cativas por meios químicos ou físicos. As perdas de vitaminas são inevitáveis na fabrica- ção, na distribuição, na comercialização, no armazenamento e na preparação do alimento processado. Essas perdas também podem acontecer durante o tratamento pós-colheita de frutos e na distribuição de frutas e vegetais, bem como durante a manipulação pós-abate e distribuição de produtos cárneos (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). As vitaminas são classificadas em lipossolúveis e hidrossolúveis. Vitaminas lipossolúveis As vitaminas lipossolúveis são vitamina A, vitamina D, vitamina E e vitamina K. Vitamina A Foi a primeira vitamina lipossolúvel reconhecida e denominada retinol em razão da sua função específi ca na retina do olho. O ácido retinoico também é uma forma metabolicamente ativa. É muito estável ao calor e à luz, mas muitos processamentos e a cocção podem causar pequenas perdas (PHILIPPI, 2014). Em relação às fontes alimentares, a vitamina A pré-formada (retinol) Vitaminas e minerais: conceito e importância2 é encontrada nos alimentos de origem animal, como fígado, rim, manteiga, gema de ovo, leite integral, queijos, creme de leite e óleo de fígado de peixes. A pró-vitamina A (betacaroteno) é proveniente dos alimentos de origem vegetal, sendo encontrado em frutas e hortaliças de cor alaranjada, como cenoura, moranga, abóbora, manga e mamão, e vegetais de folhas verde-escuras, como mostarda, couve, agrião e almeirão (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Vitamina D Também conhecida como calciferol, é essencial para o crescimento e o desen- volvimento normais e importantes na formação de dentes e ossos. Pode ser adquirida pré-formada pela ingestão ou pela exposição ao sol. A vitamina D é absorvida no intestino com os lipídeos, auxiliada pela bile. As principais fontes dietéticas de vitamina D são os alimentos do grupo de leite, queijo e iogurte (PHILIPPI, 2014). Os fatores que interferem na formação dessa vitamina, sob a ação da luz solar, são: tempo de exposição, estação do ano, situação geográ- fi ca, poluição atmosférica, hábitos culturais, como uso excessivo de roupas ou roupas escuras, e pigmentação da pele (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Vitamina E Apresenta características de solubilidade semelhantes às dos lipídeos e é geralmente encontrada na fração lipídica dos alimentos. Considera-se que um grupo de oito compostos de ocorrência natural apresenta atividade de vitamina E, sendo quatro tocoferóis (alfa, beta, delta e gama) e quatro tocotrienóis (alfa, beta, delta e gama). Esses compostos são sintetizados por vegetais. Tocoferóis e tocotrienóis estão naturalmente presentes na maioria dos óleos e das gordu- ras de origem vegetal. Sementes de oleaginosas como amendoim, castanha e amêndoa contêm quantidades signifi cativas de vitamina E. Alimentos de origem animal como ovos, leite e fígado também contêm vitamina E, mas em quantidades menores. O processo de oxidação lipídica em alimentos é a principal causa da destruição da atividade de vitamina E (PHILIPPI, 2014). Vitamina K Principalmente dois compostos químicos apresentam atividade de vitamina K: fi loquinona (vitamina K1), de origem vegetal, e a menaquinona (vitamina K2), de origem animal e também sintetizado por bactérias da microfl ora intestinal. A vitamina K está bem distribuída na natureza, principalmente em verduras como 3Vitaminas e minerais: conceito e importância couve, espinafre, brócolis, repolho e folhas de nabo. Está presente na maioria dos óleos de origem vegetal, principalmente canola e soja (PHILIPPI, 2014). Vitaminas hidrossolúveis As vitaminas hidrossolúveis são: vitamina C e vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9 e B12). Vitamina C Também conhecida como ácido ascórbico, é facilmente oxidável em solução, em especial sob a exposição ao calor. É encontrada quase que exclusivamente em alimentos de origem vegetal, destacando-se frutas cítricas, verduras cruas e tomate. Alguns fatores afetam a concentração de vitamina C nos alimentos, como a estação do ano, o transporte, o estágio de manutenção, o tempo de armazenamento e a cocção (PHILIPPI, 2014). Vitamina B1 Também conhecida como tiamina, está presente, comumente, em alimentos do grupo do arroz, do pão, da massa, da batata e da mandioca. Contudo, as carnes também são consideradas fontes de tiamina, principalmente a carne suína (PHILIPPI, 2014). Vitamina B2 Também é conhecida como ribofl avina. Na cocção e no processamento de alimentos, perde-se pouca vitamina B2. É bem distribuída nos alimentos, mas em pequenas quantidades. Sua principal fonte é o leite e seus derivados. Encontra-se também em carnes magras, pescados, ovos, vísceras, leguminosas e algumas hortaliças (PHILIPPI, 2014). Vitamina B3 Também conhecida como niacina. É sintetizada no organismo a partir do seu precursor, o triptofano. As melhores fontes da vitamina são representadas por carne, vísceras, aves, pescados, leguminosas, cereais integrais e levedura. Leite e ovos não são boas fontes de niacina, mas são boas fontes de triptofano (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Vitaminas e minerais: conceito e importância4 Vitamina B6 Também é conhecida como piridoxina. Essa vitamina apresenta grande dis- tribuição na natureza. As principais fontes são: leveduras, cogumelos, todos os tecidos animais(fígado, coração e aves), ovos, leite, brócolis, couve-fl or e cereais, como trigo e centeio (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Vitamina B8 Também conhecida como biotina, é uma vitamina sulfurada, importante como coenzima para o metabolismo proteico, lipídico e energético do organismo. É sintetizada no organismo por bactérias colônicas. A biotina é encontrada em alimentos sob duas formas: como biotina livre e, em maior quantidade, como biocitina (uma forma de coenzima ligada à lisina). A principal fonte alimentar de biotina é o fígado bovino. A gema de ovo é outra boa fonte dessa vitamina (PHILIPPI, 2014). Em menor quantidade, é encontrada em uma grande variedade de alimentos, como cogumelo, amendoim, banana, tomate, melão, morango e alguns vegetais (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Vitamina B9 Também é conhecida como folato. Cerca de 80% do folato presente na dieta encontra-se sob a forma de poliglutamatos, que são absorvidos no intestino delgado. Grande parte proveniente da alimentação sofre metilação e redu- ção dentro da célula da mucosa intestinal. É encontrado principalmente em verduras com folhas verde-escuras (espinafre, aspargo e brócolis) e também em vísceras, leguminosas (ervilhas, feijão e lentilha), laranja e gema de ovo. Vitamina B12 Também é conhecida como cobalamina. A vitamina no estômago é liberada das proteínas pela ação do ácido clorídrico e da pepsina, presentes no suco gástrico. A síntese da vitamina ocorre somente pela ação de bactérias, algas e fungos, sendo que a única fonte confi ável da vitamina provém de alimentos de origem animal. Dentre os alimentos-fonte, estão as vísceras e, sendo a principal, o fígado bovino. É encontrada também nas carnes em geral, nos ovos e no leite e seus derivados (PHILIPPI, 2014). No Quadro 1 você encontra um resumo de algumas vitaminas e suas fontes alimentares. 5Vitaminas e minerais: conceito e importância Vitamina Alimentos-fonte Vitamina A Leite de vaca integral, leite em pó integral, iogurte natural, queijo minas, queijo muçarela, queijo prato, queijo provolone, queijo parmesão, fígado bovino, fígado de galinha, ovo de galinha, gema de ovo cozida e manteiga com sal. Vitamina D Leite integral longa vida, queijo muçarela, queijo prato, fígado bovino (cozido), camarão cozido, ovo de galinha inteiro, salmão e atum fresco. Vitamina E Óleo de girassol, óleo de milho, óleo de canola, óleo de oliva, óleo de soja, amendoim, amêndoa, castanha-do-Brasil e gema de ovo. Vitamina K Espinafre, couve, repolho, brócolis, alface, óleo de soja e óleo de canola. Vitamina C Acerola, abacaxi, laranja, limão (suco), morango, kiwi, brócolis cozido, couve-flor cozida e tomate. Vitamina B1 Pão francês, biscoito de maisena, farinha láctea, carne bovina cozida, fígado bovino, carne de porco, produto leitoso de soja. Vitamina B2 Leite integral, leite desnatado, iogurte natural, queijo minas, queijo prato, amêndoa, fígado bovino, sardinha em conserva e ovo de galinha cru. Vitamina B9 Verduras com folhas verde-escuras (espinafre, aspargo e brócolis), leguminosas (ervilhas, feijão e lentilha), laranja e gema de ovo. Vitamina B12 Fígado bovino, nas carnes em geral, nos ovos e no leite e seus derivados. Vitamina B8 Fígado bovino, gema de ovo. Em menor quantidade, é encontrada em cogumelo, amendoim, banana, tomate, melão, morango e alguns vegetais. Vitamina B6 Leveduras, cogumelos, todos os tecidos animais (fígado, coração e aves), ovos, leite, brócolis, couve-flor e cereais, como trigo e centeio. Vitamina B3 Carne, vísceras, aves, pescados, leguminosas, cereais integrais e leveduras. Quadro 1. Vitaminas e suas fontes alimentares Vitaminas e minerais: conceito e importância6 Minerais Substância de origem inorgânica que são encontrados em ossos, dentes, mús- culos, células sanguíneas e sistema nervoso. Sua função reguladora contribui para o equilíbrio ácido-básico do organismo. Não são sintetizados pelo or- ganismo e, por isso, devem ser obtidos pela alimentação (PHILIPPI, 2014). Estão presentes em concentrações relativamente baixas nos alimentos. No entanto, desempenham funções essenciais tanto nos sistemas vivos como nos alimentares (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). São classificados em: eletrólitos — sódio, potássio e cloro; macroelementos — cálcio, magnésio, fósforo e enxofre; microelementos ou oligoelementos — ferro, zinco, iodo, cromo e manganês. No Quadro 2, você vai ver os principais minerais e suas fontes alimentares. Minerais Fontes de alimentos Sódio Sal de cozinha, temperos (glutamato monossódico) e alimentos processados, leite, carne e ovos. Potássio Banana, laranja, melão, verduras, legumes e feijões. Cloro Sal de cozinha (cloreto de sódio), alimentos do mar, alimentos de origem animal (leite, carne, ovos). Cálcio Produtos lácteos (leite, queijos, iogurtes e coalhadas), vegetais folhosos e verdes, grãos integrais, legumes, frutas secas, ovos, sardinhas, mariscos, ostras e salmão. Magnésio Grãos integrais, nozes, soja, cacau, frutos do mar, feijões, ervilhas e vegetais verdes. Fósforo Leite e derivados, carnes, aves, peixes, ovos, nozes e leguminosas. Enxofre Carne vermelha, aves, peixes, ovos, leite, queijo, feijão, brócolis e couve-flor. Quadro 2. Minerais e suas fontes alimentares (Continua) 7Vitaminas e minerais: conceito e importância Funções das vitaminas e dos minerais no organismo As vitaminas e os minerais pertencem a diferentes classes de compostos químicos e, por isso, apresentam diversidade em suas propriedades físicas, químicas e funcionais. São essenciais para o bom funcionamento dos processos fi siológicos do corpo. As vitaminas constituem grupo de componentes orgâni- cos necessários ao organismo em quantidades mínimas e são indispensáveis por terem funções específi cas. Elas são destrutíveis, podendo ser oxidadas e degradadas no processamento de alimentos, perdendo parte ou toda a sua atividade vital. Devem ser supridas na dieta, pois o organismo só consegue sintetizar algumas e em quantidades abaixo do necessário. São nutrientes que não fornecem energia, mas ajudam nos processos energéticos, regulando o metabolismo dos macronutrientes. Além disso, auxiliam nos processos de multiplicação celular e participam na formação de tecidos e ossos. As vitaminas são coenzimas na promoção de reações químicas essenciais (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). Os minerais são necessários ao corpo por serem responsáveis pelo bom funcionamento do metabolismo (conjunto de reações químicas catalisadas por enzimas). Os sais minerais são nutrientes que fornecem substâncias importantes como sódio, potássio, cálcio, ferro, etc. As principais funções essenciais à saúde são: regulação de processos enzimáticos, manutenção do equilíbrio osmótico e ácido-básico, facilitação da Quadro 2. Minerais e suas fontes alimentares Minerais Fontes de alimentos Ferro Fígado, rins, coração, língua, carne vermelha, vegetais de cor verde escuro, leguminosas, frutas secas, melaço, pães de trigo integral e cereais integrais. Zinco Carne, fígado, ovos, ostras, peixes, aves, cereais e leguminosas. Iodo Sal iodado, moluscos, lagostas, ostras, sardinha e outros peixes. Cromo Fígado, grãos integrais, nozes, queijos e frutos do mar. Manganês Grãos integrais, leguminosas, nozes, chá, hortaliças e frutas. (Continuação) Vitaminas e minerais: conceito e importância8 transferência de substância pelas membranas celulares e estimulação nervosa e muscular. Para cumprir essas funções, os minerais se encontram na forma iônica ou como constituintes de compostos, como as enzimas, os hormônios e as proteínas estruturais (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). Todas as vitaminas e minerais desempenham funções especiais e coor- denadas entre si. Nos Quadros 3 e 4, você vai veras principais funções das vitaminas e dos minerais, respectivamente. Vitamina Função Vitamina A Crescimento e desenvolvimento dos tecidos, capacidade antioxidante, funções reprodutivas, integridade dos epitélios e importância para a visão. Vitamina D Fundamental para a absorção de cálcio e fósforo. Ajuda no crescimento e na resistência dos ossos, dos dentes, dos músculos e dos nervos. Vitamina E É antioxidante, retarda os efeitos do envelhecimento, aumenta a resistência a infecções e participa do processo de coagulação. Vitamina K Produz a forma ativa de precursores, principalmente a protrombina, que combina com cálcio para ajudar a produzir o efeito coagulante, e é necessária para manter a saúde dos ossos. Vitamina B1 (tiamina) Promove a transformação de carboidratos em energia. Sistema muscular e nervoso: combate a dor. Vitamina B2 (riboflavina) Disponibiliza a energia dos alimentos, crescimento em crianças, restauração e manutenção dos tecidos e é necessária para pele e mucosas saudáveis. Vitamina B3 (niacina) Produz energia nas células, é importante no controle dos níveis sanguíneos de colesterol, regula o apetite e é necessária para o bom funcionamento das glândulas suprarrenais. Vitamina B5 (ácido pantotênico) Transformação de energia de gorduras, proteínas e carboidratos para a produção de substâncias essenciais no corpo, incluindo hormônios e ácidos graxos, e participa na produção de anticorpos. Quadro 3. Vitaminas e suas funções (Continua) 9Vitaminas e minerais: conceito e importância Quadro 3. Vitaminas e suas funções Vitamina Função Vitamina B6 (piridoxina) Participa na produção de anticorpos e hemácias (células sanguíneas vermelhas), desempenha papel no sistema nervoso central e participa do metabolismo dos lipídeos na estrutura da fosforilase e no transporte de aminoácidos por meio da membrana celular. Vitamina B9 (ácido fólico) Em conjunto com a vitamina B12 promove a formação de hemácias (células vermelhas do sangue) e é necessária para o adequado metabolismo das proteínas e gorduras. Vitamina B12 (cianocobalamina) Age como coenzima ligada ao metabolismo dos aminoácidos e à formação da porção heme da hemoglobina e é fundamental para a fabricação de DNA e RNA e formação de células vermelhas do sangue. Vitamina C (ácido ascórbico) Necessária para a saúde da pele e das mucosas, favorece a cicatrização de feridas, aumenta a resistência às infecções e participa do controle dos níveis de colesterol. Fonte: Adaptado de Pinheiro, Porto e Menezes (2005). (Continuação) Minerais Funções Sódio Essencial à manutenção da pressão osmótica do sangue, do plasma e dos fluidos extracelulares. Juntamente com o potássio e o cloreto, promove a manutenção do equilíbrio ácido-básico e da excitabilidade de músculos. Potássio Essencial à síntese de proteínas e ao metabolismo de carboidratos. Apresenta especial influência na transmissão nervosa, tonicidade intracelular e contração muscular, especialmente da musculatura cardíaca. Cloro Atua com o sódio e o potássio no equilíbrio hídrico e na pressão osmótica. Cálcio É importante na formação de ossos e dentes, no processo de coagulação sanguínea, na ativação de enzimas, na condução de impulsos nervosos e na contração muscular. Quadro 4. Minerais e suas funções (Continua) Vitaminas e minerais: conceito e importância10 Fonte: Adaptado de Pinheiro, Porto e Menezes (2005). Minerais Funções Magnésio Ativador de sistemas enzimáticos que controlam o metabolismo de carboidratos, gorduras, proteínas e eletrólitos. Influencia a integridade e o transporte da membrana celular e medeia as contrações musculares e transmissões de impulsos nervosos. Fósforo É importante na formação de ossos e dentes, na absorção da glicose e no metabolismo de proteínas, gorduras e carboidratos, participa de sistemas enzimáticos e síntese de colágeno e homeostase do cálcio e influencia na regulação metabólica de hormônios (paratormônio, hormônio de crescimento) e na utilização de vitaminas (vitamina D e complexo B). Enxofre Constitutivo essencial da estrutura das proteínas. É importante na atividade enzimática e no metabolismo energético por meio do grupo sulfidril livre (-SH). Reações de detoxificação. Faz parte de algumas vitaminas (tiamina, biotina e ácido pantotênico). Ferro É essencial na formação das células vermelhas e importante na transferência de CO2. Zinco Atua no crescimento e na replicação celular e nas funções fagocitária, imunitária celular e humoral, maturação sexual, fertilidade e reprodução. Iodo Necessário para a produção do hormônio da tireoide. Envolvido na taxa de metabolismo, crescimento e reprodução. Cromo Atua no metabolismo da glicose e das gorduras e melhora a absorção deficiente da glicose pelos tecidos. Manganês Componente enzimático no metabolismo geral. É ativador de enzimas, participa no processo de crescimento e reprodução e é importante na formação dos tecidos conjuntivo e ósseo. Quadro 4. Minerais e suas funções (Continuação) 11Vitaminas e minerais: conceito e importância A quelação é definida como um processo em que o mineral é envolvido pelos amino- ácidos, formando uma espécie de esfera com o mineral no centro, evitando que reaja com outras substâncias. É um processo natural pelo qual os elementos inorgânicos minerais são transformados em formas orgânicas, que podem ser perfeitamente absorvidos pelas vilosidades intestinais, passando, desse modo, à corrente sanguínea. A absorção de quelatos de aminoácidos é superior a outro tipo de suplemento mineral (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). Diferença entre vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis As vitaminas são constituintes minoritários dos alimentos. Do ponto de vista da química de alimentos, o interesse principal é a maximização da reten- ção da vitamina por meio da minimização da extração aquosa (lixiviação) e de alterações químicas como oxidação e reação com outros componentes alimentares. Além disso, diversas vitaminas infl uenciam na natureza quí- mica dos alimentos por funcionarem como agentes redutores, desativadores de radicais, reagentes nas reações de escurecimento e precursores de sabor (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). As vitaminas são divididas em dois grupos, de acordo com a sua solubilidade, vitaminas lipossolúveis e vitaminas hidrossolúveis. As vitaminas lipossolúveis são absorvidas juntamente com a gordura da dieta, necessitando de bile. Por serem insolúveis em água, requerem quilomí- crons para o transporte por via linfática. Os quilomícrons são aglomerados formados quando lipídeos são combinados com proteínas transportadoras. Servem para transportar a gordura da dieta e algumas vitaminas, por meio dos líquidos do organismo, para o fígado e outros tecidos (GALISA; ESPERANÇA; SÁ, 2008). Vitaminas e minerais: conceito e importância12 As vitaminas classificadas como lipossolúveis são: vitamina A, vitamina D, vitamina E e vitamina K. Na corrente sanguínea, as vitaminas A e D circulam ligadas a proteínas, enquanto as vitaminas E e K são ligadas a lipoproteínas. Elas podem ser armazenadas no organismo, sendo obtidas pela alimentação. As vitaminas lipossolúveis são consideradas lipídeos e, portanto, passam pelos mesmos processos de degradação desses compostos, interferindo tanto na biodisponibilidade quanto na funcionalidade destes (GONÇALVES, 2010). As vitaminas lipossolúveis são moléculas apolares e dependem de solubilização micelar para sua absorção a partir do ambiente aquoso do lúmen intestinal. A absorção, portanto, é dependente de todos os componentes lipídicos envolvidos na formação da micela e, ainda, do estímulo das funções pancreáticas e biliares promovidas pela ingestão do alimento. Todavia, dependendo da composiçãoda dieta, certos lipídeos (e outros ingredientes) podem interferir negativamente na absorção da vitamina. Em função dessa complexidade de fatores, torna-se difícil o desenvolvimento de recomendações de ampla aceitação para uma formulação oral padrão a ser utilizada na determinação da biodisponibilidade relativa de vitaminas lipossolúveis (MOURÃO et al., 2005). A diversidade da flora brasileira tem benefícios tanto no âmbito alimentar quanto no âmbito terapêutico. Dentre as várias substâncias biológicas responsá- veis por esses benefícios, destacam-se as vitaminas lipossolúveis que merecem ênfase por suas atividades biológicas, que previnem e/ou tratam doenças. As vitaminas são substâncias orgânicas encontradas em diversos vegetais em concentrações mínimas, desempenhando importante papel na fisiologia vegetal, participando da fotossíntese como fotoprotetores, pigmentos aces- sórios e transportador de elétrons (vitaminas A e K). Existe uma diversidade de métodos para extração de vitaminas lipossolúveis em vegetais, entretanto, esse procedimento é de difícil realização, além de levar muito tempo e não obter uma substância pura (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2010). As vitaminas hidrossolúveis não são armazenadas no organismo, sendo eliminadas diariamente pelas vias de excreção, principalmente a urinária, por isso requerem suprimento diário. As vitaminas classificadas como hi- drossolúveis são: vitamina C e vitaminas do complexo B (B1, B2, B3, B5, B6, B8, B9 e B12). Por serem solúveis em água, esses compostos são degradados por reações de hidrólise, perdendo assim suas características funcionais. Outros mecanismos de degradação envolvem ação do calor, pH e oxidação. Os produtos de degradação das vitaminas vão interferir na biodisponibilidade destas, ou seja, na porção absorvida e aproveitada pelo organismo. Por serem vitaminas hidrossolúveis com os processos de limpeza, podem ser eliminadas por lixiviação e por meio da cocção, pois também há perda pela eliminação 13Vitaminas e minerais: conceito e importância da água da cocção (GONÇALVES, 2010). São absorvidas pelo intestino e transportadas pelo sistema circulatório até os tecidos em que serão utilizadas. O organismo utiliza somente o necessário, eliminando o excesso. As vitaminas hidrossolúveis são muito sensíveis ao cozimento e maturamento e se perdem facilmente na água em que as verduras e legumes são cozidos. Por isso, não devemos cozinhar esses alimentos por muito tempo. Toxicidade das vitaminas lipossolúveis Muitas pessoas têm recorrido ao uso de vitaminas e polivitamínicos, sendo que esse consumo vem aumentando frequentemente em razão da facilidade de aquisição. Porém, o seu uso excessivo pode causar efeitos graves que podem afetar a saúde e muitas pessoas não conhecem as consequências que o seu uso em excesso pode causar. As hipervitaminoses são geralmente causadas pelo excesso das vitaminas A, D, E e K, uma vez que, em razão da sua lipossolu- bilidade, estas se acumulam no tecido adiposo e, assim, podem evocar efeitos tóxicos ao organismo. As vitaminas lipossolúveis são absorvidas na presença de lipídeos e requerem quantidades sufi cientes de bile e suco pancreático para que o processo seja efi ciente. São transportadas para o fígado por meio das lipoproteínas e podem estar armazenadas em diversos tecidos corpóreos e órgãos. A ingestão excessiva pode acarretar manifestações tóxicas graves ao organismo, levando ao quadro de hipervitaminose (CASERTA; PILOTO, 2016). Consequências do uso excessivo de vitaminas Vitamina A: um dos fatores que favorece a hipervitaminose A é o fato de que essa vitamina se acumula no organismo em razão de sua longa meia-vida. Os sintomas mais frequentes da hipervitaminose A são: pele seca, vômitos, alopecia, dor óssea, amenorreia, hiperlipidemia, glossite, vertigem, visão turva, hipercalcemia, risco aumentado de defeitos congênitos em mulheres em idade reprodutiva, anormalidades hepáticas e densidade mineral óssea reduzida, podendo resultar em osteoporose (CASERTA; PILOTO, 2016). Vitamina D: a calcinose é a manifestação mais frequente nos casos de intoxi- cação por vitamina D. A calcinose consiste na extensa mineralização de tecidos moles; com hipervitaminose D, a mineralização das artérias acarreta intenso comprometimento do sistema cardiovascular (CASERTA; PILOTO, 2016). Vitaminas e minerais: conceito e importância14 Vitamina K: a ocorrência de hipervitaminose por excesso de vitamina K é um evento bastante raro, ocorrendo apenas com a vitamina K3, uma vez que os demais tipos de vitamina K são considerados não tóxicos. Dentre os efeitos tóxicos, cita-se a destruição de hemácias e, consequentemente, icterícia, provável interferência na coagulação sanguínea e risco de desenvolvimento de tromboses. A forma predominante de vitamina K nos alimentos é a fi loquinona (CASERTA; PILOTO, 2016). Vitamina E: a vitamina E é bastante conhecida pela sua ação antioxidante capaz de retardar o envelhecimento e reduzir o risco de doenças cardiovas- culares e degenerativas. A administração de vitamina E pode ter um efeito protetor contra doenças coronárias, em razão da inibição da oxidação das lipoproteínas de baixa densidade. Contudo, as doses necessárias para obter esse efeito (67-300 mg) ultrapassa m muito os níveis recomendados para uma dieta saudável (15 mg/dia para homens e mulheres com mais de 50anos). As investigações sobre a toxicidade e tolerância da vitamina E são muito incon- sistentes (CASERTA; PILOTO, 2016). CASERTA, L.; PILOTO, J. A. R. Consumo excessivo de produtos vitamínicos: uma revisão. Revista Uningá, n. 47, p. 84-88, jan./mar. 2016. DAMODARAN, S.; PARKIN, K. L.; FENNEMA, O. R. Química de los alimentos. 3. ed. Zaragoza: Editorial Acribia, 2010. GALISA, M. S.; ESPERANÇA, L. M. B.; SÁ, N. G. de. Nutrição: conceitos e aplicações. São Paulo: M.Books, 2008. GONÇALVES, E. C. B. A. Química dos alimentos: a base da nutrição. São Paulo: Varela, 2010. MOURÃO, D. M. et al. Biodisponibilidade de vitaminas lipossolúveis. Revista Nutrição, v. 18, n. 4, p. 529-539, jul./ago. 2005. PHILIPPI, T. S. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da nutrição. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2014. PINHEIRO, D. M.; PORTO, K. R. de A.; MENEZES, M. E. da S. A química dos alimentos: car- boidratos, lipídios, proteínas e minerais. Maceió: EDUFAL, 2005. (Conversando sobre ciências em Alagoas). 15Vitaminas e minerais: conceito e importância Conteúdo:
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