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Influência da Língua Tupi na Língua Portuguesa

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7
1.0 INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo demonstrar a pesquisa feita sobre a influência que a Língua Tupi, ou seja, a língua indígena teve sobre a Língua Portuguesa. Contribuindo assim para o aprendizado de muitos leitores que desconheçam que pudessem existir tais influências, firmando a importância que de que essa língua considerada morta teve para o enriquecimento do vocabulário e da cultura brasileira, tendo permanecido a sua influência em vários campos.
Têm a finalidade de demonstrar ao leitor quanto à importância da influência de uma língua sobre a outra, fazendo que se entenda melhor a sua própria língua falada e conheçam os elementos que propiciaram a Língua Portuguesa, ou seja, a história formadora de sua língua tendo como objeto principal a influencia Tupi.
Entre as principais características que norteiam o processo do trabalho monográfico, destacam-se pontos abordados para facilitar o entendimento, divididos nos capítulos a seguir.
No segundo capítulo, abordarei o inicio da história do envolvimento dessas duas línguas, descrevendo através das pesquisas realizadas sobre a chegada dos portugueses no Brasil, relatando a catequese e a primeira educação dos índios, sendo um dos primeiros contatos entre a Língua Tupi e a Língua Portuguesa.
No terceiro capítulo, descreverei sobre a Língua Geral, ou seja, um dialeto criados pelos jesuítas, para pode ser efetivar a comunicação entre índios e portugueses, mostrando que por de trás dessa criação estavam a verdadeira finalidade de se tomar a colônia, sendo apresentando os parágrafos que mostram a história do desenvolvimento desse novo dialeto.
Partindo para o quarto capítulo, escreverei sobre a língua propriamente dita, portanto a Língua Tupi, apresentando que embora não existam registros escritos sobre ela, esta teve sua grande parcela de contribuição na formação da Língua Portuguesa, demonstrando pesquisas feitas sobre o alfabeto Tupi, a pronúncia dessa língua e a alguns casos morfológicos. Facilitando por sua vez, o leitor para este entenda melhor em quais campos da Língua Portuguesa se foi adotada uma influência.
Finalizando a pesquisa, no quinto capítulo, iniciarei comparando as definições de alguns lingüísticos que adotam conceitos para melhor se entender como uma língua pode influenciar de maneira decisiva sobre a outra. Concluindo que exista tal influência apresentarei os campos em que ocorreu a influência tupi sobre a Língua portuguesa, constando o que se afirmou nos capítulos anteriores, apresentando exemplos para se constatar a real importância do tema proposto por este trabalho.
2.0 A CHEGADA DOS PORTUGUESES
Com a chegada dos portugueses ao Brasil, há cinco séculos atrás, os colonizadores europeus encontraram os povos indígenas que aqui habitavam. O primeiro contato entre eles e os índios, foi relatado na Carta de Caminha, que descrevia os indígenas como “pardos, avermelhados, de bons rostos e narizes, nus, que traziam arcos e flechas nas mãos, beiço furado com osso nele, cabelos compridos e corpos pintados”
. Ainda segundo a Carta, esse primeiro contato se deu através de um dos índios que começou a apontar para o colar do capitão lusitano, e logo para sua terra, demonstrando que ali havia ouro. A partir de tudo que viam, faziam sinais propondo trocas, já que pertenciam a culturas e a mundos distintos. No inicio houve até um estranhamento, mas com o passar dos dias, passaram a conviver com os novos habitantes, ajudando-os no que precisassem e levando-os para as suas aldeias. Por sua vez, os lusitanos com o suposto interesse de dominação da nova terra descoberta correspondiam-lhes da mesma maneira, onde percebemos essa troca de contatos numa passagem da Carta: 
Mostraram-lhes uns carneiros; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes umas galinhas, quase tiveram medo, e não queriam lhe por a mão, depois a pegaram espantados. Deram-lhes ali de comer, provaram alguma coisa, logo a lançou fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça, mal lhe puseram a boca, não gostaram e não quiseram. 
Segundo Gambini
, os nativos usavam mais de 1500 línguas, agrupadas em famílias, classificadas pelo tronco Tupi, com pequenas variações dialetais, um fator que dificultava um pouco a comunicação entre índios e portugueses, mas logo em primeiro plano os imigrantes tentaram assimilá-la, pensando em uma maneira de adotar o idioma indígena provisoriamente e não o português como idioma para se estabelecer às primeiras comunicações, a fim de aos poucos dominar tudo o que ali pertencia.
Com início efetivo da colonização portuguesa em 1532, a língua portuguesa começa a ser trazida para o Brasil. Desde modo, ela passa a ter uma relação de espaço e tempo diferentes da língua que era em Portugal, tendo como fator primordial que os que vivia aqui falavam línguas diferenciadas.
Os portugueses achavam-se superiores aos índios tentando dominá-los, acreditavam que a sua cultura era inferior, tentando fazer com que seguissem os moldes europeus, perdendo assim a sua própria identidade, passando a vê-lo como elemento central de sua ideologia. O sentimento de dominação e o de inferiorizar a cultura do outro, foi um fato nítido de que eles não se importam nem um pouco com os nativos, sendo relatado na Carta ainda nos contatos iniciais:
 (...) costume era dos que assim à força levavam para alguma parte dizerem que há de tudo quanto lhes perguntam, e que melhor e muito melhor informação da terra dariam homens degredados que aqui deixássemos do que eles dariam se os levassem por ser gente que ninguém entende (...)
Podemos afirmar que os colonizadores tentavam impor as suas ideologias em favor da inocência dos indígenas, tentando impor sua cultura e seus costumes, na esperança de que assimilados pelos índios, estes entregariam a sociedade e abandonariam sua cultura e sua língua em favor de uma vida civilizada, pois através do contato entre as duas civilizações, concluía se que ai originava-se uma nova cadeia lingüística: onde esta era a principal razão motivada pela inda dos jesuítas ao Brasil, com a intenção de converter os indígenas a cristãos, com um suposto interesse de exterminar a língua predominante.
2.1 Os jesuítas: “A educação e a catequese dos índios”.
Com o esforço dos jesuítas e conquistadores na representação religiosa através da catequese, era necessário adotar o Tupi como língua predominante para o ensino, pois estabelecendo uma única comunicação entre os múltiplos povos que participavam desse processo de colonização, ocorrendo a aculturação lingüística. Segundo Alfredo Bosi: “O projeto de transpor para a fala do índio a mensagem católica demandava um esforço de penetrar no imaginário do outro”
. Ou seja, com a suposta contribuição de dar uma “educação aos índios”, eram ensinados os conhecimentos através do dominador, fazendo com que estes jamais alcançassem a igualdade, apenas estabeleceriam um relacionamento harmônico, onde para os índios, os jesuítas passaram a ser os portadores da palavra religiosa impondo o seu próprio código lingüístico. No entanto vale ressaltar que não há a intenção de se evitar o bilingüismo, mas sim de impor o poder. Criou-se um idioma inteligível, tanto para nativos quanto para os europeus, pois o Tupi-guarani não formava uma língua uniforme. 
Para uniformizar o idioma, os padres jesuítas montaram aldeias que levando os nativos para o ensino da fé católica acabaram influenciando-os a falar um tupi padrão e simplificado. O objetivo era eliminar os dialetos. Os índios acreditavam em divindades, geralmente atribuídos a elementos naturais, portanto o jesuíta sem dar importância a isso, elegeu Tupã, que para eles nao tinha forma, pois era o trovão, portanto considerado inferior, tentando introduzir a fé em Deus. 
Ainda segundo Alfredo Bosi: “A nova representação do sagrado assim produzia já não era nem a teologia cristã nem a crença tupi, mas uma terceira esfera simbólica, uma espécie de mitologia paralela que só a situação colonial tornara possível”
. Os colonizadores agindo dessa forma atravésda fé, introduziam na sua cultura, seus costumes europeus, convertendo-os em religiosidade, que através do amor a Deus, havia uma suja inserção de poder e controle da população indígena, como afirma Gambini “A dimensão espiritual envolvia a vida indígena em todos os seus aspectos penetrando de forma natural em esferas de comportamento que um cristão só consegue impregnar de sentido em decorrência de esforço e exercício.”
Quando José de Anchieta cria o primeiro dicionário em Tupi-guarani, que acaba virando leitura de cabeceira dos padres encarregados da catequese, pretendendo adquirir uma comunicação e ao mesmo tempo, também desalojá-la, onde o maior alvo era de fazer com que a outra língua se extinguisse, sendo mais fácil de colonizar o seu país. A mudança de comportamento começa pelo código do interior religioso, criando assim elementos comuns, ou seja, associações entre uma cultura e outra, onde Jacques Derrida afirma com as suas palavras: “O signo e o nome da divindade têm o mesmo tempo e o mesmo lugar de nascimento”
.
Com a afirmação de Silviano Santiago, “uma espécie de infiltração progressiva efetuada pelo pensamento selvagem, ou seja, abertura do único caminho possível que poderia levar à descolonização”
, percebe que ao entrar em contato com a língua do outro, acaba influenciando a si mesmo, o seu discurso vai perdendo a dominação passando a assimilá-lo e quando se fixa no outro, o seu próprio discurso se impõe, onde acaba ambos influenciados. 
Os portugueses realizaram uma missa, construindo uma enorme cruz, para mostrar aos nativos o acatamento pela religião, já que faziam tudo igual a eles, sendo afirma por Caminha: “contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar essa gente”
. 
A primeira gramática do tupi, escrita pelo padre José de Anchieta, em 1556, chamava-se "A Arte de Gramática da Língua mais usada na costa do Brasil", tratando-se de um guia lingüístico para os novos jesuítas que assumiriam a administração das missões religiosas junto aos índios brasileiros, principalmente os de língua da família tupi-guarani. 
Diante do desafio, os padres jesuítas que os acompanhavam o tempo todo os índios elaboraram uma mistura de palavras indígenas, portuguesas que chamaram de "língua geral", a impondo aos poucos.
3.0 A LÍNGUA GERAL
Com o inicio do avanço da colonização, surgiu a necessidade de se adotar uma língua geral, o Tupi, o qual já havia passado a ser o meio de comunicação em grande parte das variedades lingüísticas, ficando ao lado do português. 
Os dialetos foram aprendidos pelos brancos, desenvolvendo-se uma língua geral, onde os jesuítas estudam, descreviam e ensinavam, para fins especialmente da catequese. Ela servia não só para as relações com os índios, mas também para os contatos com todos os índios em geral. As imigrantes aprendiam com facilidade (o que não acontecia com a língua portuguesa), assim se estabeleceu a língua geral tupi, ao lado do português, na vida cotidiana da colônia. 
A língua geral, constituiu-se até como língua escrita e literária, pois os jesuítas traduziam as orações cristãs compondo hinos religiosos e peças teatrais. O predomínio dessa língua firmou-se com os bandeirantes, pois todos ou quase todos falavam apenas esta língua, e não sabiam o português.
Podemos afirmar que a língua geral foi uma vitória, por terem o português e o tupi se cruzado, e se influenciando mesmo havendo uma grande variedade lingüística, embora 
Essa variedade se resultasse num desentendimento cultural. 
Essa expressão de língua geral é também usada para referir as línguas que se tornaram línguas de contato intercultural. As línguas de colonização, portanto são aquelas faladas por índios de diferentes nações, tupis e não-tupi, por portugueses e descendentes, ou seja, é a língua tomada como língua comum de grupos sociais que falam, cada um, uma língua diferente dos outros, utilizando a língua portuguesa para estabelecerem relações entre si, embora cada uma falasse a sua própria língua. Resumindo, a “língua geral” foi usada pelos portugueses para qualificar as línguas indígenas de uma determinada área, já que a desconheciam.
O tupi padronizado ganhou o nome de "Nheengatu", que significa "Língua Boa”. Essa língua foi formulada pelos jesuítas a partir do vocabulário e pronúncias indígenas, que foram difundidas em uma gramática modelada para fins da língua portuguesa. Durante algum tempo essa língua era que dominava, ou seja era o único meio de comunicação entre índios, jesuítas e colonos europeus, por isso titulada como geral. Ela também serviu de apoio ao Abanheenga, que era a literatura jesuítica da catequese. 
A língua portuguesa de fato só era utilizada de forma restrita, entre os colonizadores e seus descendentes. Mas em meados do século XVIII, o governo português ordenou a saída dos jesuítas do Brasil, tendo o início do longo declínio da língua geral, mas que de certa forma, marcou conseqüentemente a sua influência na Língua portuguesa falada na colônia. Desta forma, o português passa a ser oficial em 1758, numa ação do Marques de Pombal, que proibiu as demais línguas, também como forma de evitar as tentativas de emancipação da colônia. 
3.1 AS FASES HISTÓRICAS DA LÍNGUA GERAL
Assim como toda língua, a língua geral também teve seu apogeu, suas diversidades e o seu declínio, enfim sua própria história. Porém para facilitar esse entendimento, essa história foi dividida em quatro partes, assim citada por Serafim da Silva Neto
.
A primeira fase, é o momento de inicio da colonização, representada pela língua geral, ou seja, um dialeto de emergência, até a saída dos holandeses do Brasil. Esse dialeto permaneceu por muito tempo lado a lado, o português e o tupi simplificado e gramaticalizado. 
A segunda fase começa com a saída dos holandeses do Brasil e vai até a chegada da família real no Brasil em 1808. A partir do momento que os portugueses não tinham mais que competir com outra língua, passa-se a ter uma relação entre o português, o tupi e a língua geral. Portugal, por sua vez, passa ter mais ganância pela colonização, crescendo cada vez mais sua população lusitana que vinham para o Brasil, tentando o declínio da língua geral. E outras coisas também como a procura de riquezas mineras, entretanto esse aumento da população que fala uma determinada língua, aumenta a possibilidade de se extinguir a dominante.
Neste período Marques de Pombal, promoveu uma ação apoiada pelo ministro D. João I para proibir o uso da língua geral, forçando os indígenas a usar a idioma português, tendo assim o seu declínio definitivo desse idioma. Essa fase foi muito importante, pois contribui para que houvesse mudanças do português que aqui fosse entrar em contato com o que veio de Portugal, sofrendo uma grande influência da língua Tupi.
O terceiro momento, começa com vinda Família Real para o Brasil em 1808 perdurando até a independência em 1822. Com a Família Real se instalando aqui, a população portuguesa cresce rapidamente, chegando a ter 15.000 imigrantes lusitanos no Rio de Janeiro. A partir desse crescimento, o Rio de Janeiro se transforma em capital do Império, trazendo aspectos sociais para o território brasileiro, incluindo a questão da língua como um instrumento direito de circulação. Logo, D. João VI, criou a imprensa e fundou as Biblioteca Nacional e o Real Gabinete Português de Leitura, tentando firmar a sua língua. Nessa fase começa-se a se formular a questão da língua nacional do Brasil no parlamento brasileiro. 
Na quarta fase, começa a questão de tornar a língua do colonizador a língua nacional, isso em 1826. Nesse ano são propostos que os diplomas médicos fossem redigidos em língua portuguesa, e os professores também teriam que ensinar a ler e a escrever adotando uma gramática em “língua nacional”. A partir dessa imposição a literatura toma espaço através desse conhecimento brasileiro, avançando o processo de escrita das gramáticas, dicionários em língua portuguesa, apropriados com as condições brasileiras.
Como podemos concluir, a língua portuguesafoi entrando no Brasil aos poucos, e com o passar dos anos, e com os acontecimentos históricos ocorridos nessa época, ela foi sofrendo influências indígenas, fazendo com que está entrasse em decadência e a nossa língua propriamente dita, através de várias de tais influências sofridas, chegasse ao auge como nos dias atuais, fazendo com que o português mais uma vez saísse vitorioso como nossa língua e mais, como o maior responsável pela unidade nacional de nosso País. 
4.0 A LÍNGUA TUPI
A língua Tupi em meados XVII foi o idioma mais usado no território brasileiro, sem falar da grande influência que teve no desenvolvimento da língua portuguesa e da cultura do Brasil. A origem do tupi é um mistério. Calcula-se que essa língua tenha nascido há cerca de 2500anos, na Amazônia, e se instalando no litoral brasileiro no ano de 200 D.C. “Mas isso ainda é uma hipótese” para muitos estudiosos.
Quando Cabral desembarcou na Bahia, o idioma tupi se estendia por cerca de 4000 quilometros da costa do norte do Ceará ao sul de São Paulo, variando muitos os dialetos existe na época e o que predominava era o tupinambá, dentre os cincos grupos Tupi (tupinambás, tupiniquins, caetés, potiguaras e tamoios).
O Tupi é a maior língua nativa do Brasil, sendo um idioma importante como nenhuma outra língua, pois auxiliou na constituição de um estado nacional. Esse idioma é um tronco líguistico que abrange diversos dialetos das populações indígenas, como por exemplo: Ariqueme, Arute, Juruna, Mondé, Purubora, Tupai, Ramarana, Tupari, dentre outras. Na realidade, o Tupi é uma referência de vários dialetos existentes no Brasil, anteriormente a colonização.
O Tupi não era uma língua que possuía escrita. O sistema escrito que herdamos foi atráves da “Arte de Gramática da Língua mais usada na Costa do Brasil”, criado por José de Anchieta em 1595. Os jesuítas através do sistema fonético do latim e da língua portuguesa, baseando-se apenas na percepção auditiva, ignorando a pronúncia correta dos sons. A infinidade de nomes tupis que encontramos na geografia brasileira, nas denominações dos animais, plantas etc., são quase sempre descrições perfeitas e rigorosas das coisas a que se referem e envolvem uma explicação inteira. Cada palavra é uma verdadeira frase, sendo um dos grandes prazeres do estudo da língua., em decifrar os significados, como por exemplo: Paranapicaba = parana+epiaca+caba = mar+ver+lugar/onde ( lugar onde se ver o mar). 
A Língua Tupi é aglutinante, não possui artigos, como no Latim e não flexiona em gênero e nem em número, como a língua portuguesa. A maior parte das palavras tupis é constituída por raízes com uma ou duas sílabas que já definem praticamente de que assunto se trata, dependendo da pronúncia mais ou menos branda. Y é sempre água ou um líquido qualquer. A é cabeça, coisa arredondada e também semente, raiz. Tais monossílabos se perdem no passado da humanidade e não se sabe a origem deles. Outra raízes importante são: Sy (mãe), Tuba ou Ruba (Pai, tronco), Aba (Pessoa, homem, índio), Yby (Terra, chão), Oca (Casa, abrigo), An (Sombra, vulto, fantasma), Uã (Talo, haste), Itá (Pedra, objeto duro, metal duro), Ara (Dia, luz, clima, tempo, hora, nascer, ave). Como se pode observar, são substantivos simples e com eles são compostos uma infinidade de vocábulos. É muito importante saber esses vocábulos para que se identifique de imediato de que se trata um assunto.
4.1 Sustantivo:
Os substantivos podem ser primitivos ou derivados, geralmete monossílabos exprimindo fatos e coisas fundamentais do dia-a-dia. Os substantivos derivados são formados justapondo-se aos primitivos entre os verbos e adjetivos fazendo-os por sua vez, modificando o sufixo. No tupi as partes não perdem o seu significado. Vejamos alguns exemplos:
4.1.1 Dois substantivos: ita (pedra) oby (azul) -> itaoby (pedra azul) 
Quando um substantivo é formado a partir de dois substantivos, o primeiro funciona como possuidor e o segundo como possuido. É a formação do genitivoem Tupi. 
4.1.2 Um substantivo e um adjetivo: pirá (peixe) îuba(amarelo) = piraîuba (dourado) / îaguara (cão) tinga (branco) = îaguatinga (cão branco) / una (preto) = îaguaruna (cão preto). 
Em qualquer composição, o primeiro elemento se for oxítono fica inalterado. Se for paroxítono diante de uma vogal perde a última vogal; diante de uma consoante perde a última sílaba.
4.1.3 Um substantivo e um verbo: itá (pedra) , beraba(brilhar) = itaberaba (diamante) 
4.1.4 Sufixação de um substantivo: Kuri (pinheiro), tyba (sufixo que dá idéia de abundância) = Kurityba (pinheral). 
4.1.5 Sufixação de um adjetivo: saba( sufixo) katu (bom) = katusaba (bondade). 
4.1.6 Sufixação de um verbo: saba(sufixo), mondá(furtar) = mondasaba(ladrão). 
O substantivos não possuem nem genero nem número, quando necessário acrescenta-se o sufixo etá, para indicar o plural. Exemplo: pirá (peixe), pirá etá (peixes). Para distinguir os sexos, basta acrescentar mena para macho e kunhã para fêmea. îaguara (cão), îaguara kunhã (cadela). Entre os indios os substantivos próprios que designam os nomes de pessoas eram dados ou por motivos irônicos ou para lembrar qualidades morais ou defeitos físicos, como: tukana(tucano) tin(nariz) = tukantin (nariz de tucano), ita(pedra) îyba(braço) = itaîyba(o braço de pedra= braço forte), eíra(mel) sema(sair) = eírasema ( saida do mel). Formam-se o coletivo de substantivos utilizando-se: O sufixo tyba em nome de plantas e minerais: ita (pedra) = itatyba (pedregal) , arasá (araça) arasatyba (araçazal). O sufixo reyîa , muito usado com animais: guîra (pássaro) = guirareyîa (passarada) , pirá (peixe) pirareyîa (cardume). Um aspecto interessante do substantivo do tupi antigo é a existência de um prefixo de classe:etymã (perna) = t'etymã(perna de gente) , sëtymã (perna de animal). Os substantivos em Tupi possuem a peculiaridade de possuirem tempo. O sufixo kuéra dá o sentido de passado ao substantivo, ráma o de futuro, como em: abá (homem), abakuéra ( o que foi homem), abaráma ( o que será homem). Para formar o aumentativo de um substantivo, acrescenta-se ao substantivo normal o sufixo guasu para nomes terminados em vogais tônicas e usu para os outros casos: y (água) = 'ygûasu (rio grande), mboîa (cobra) = mboîusu (cobra grande), e o diminutivo forma-se com o sufixo mirim, citamos como exemplo: ita (pedra) = itamirim (pedrinha). 
4.2 Adjetivo
O adjetivo não se flexiona e vem sempre após o substantivo, juntando-se a ele. 
Exemplo: ita(pedra), piranga(vermelho), itapiranga (pedra vermelha).
4.3 Verbos
Os verbos em Tupi não tem terminações que indicam pessoa, tempo, modo. Não há verbos auxiliare Há duas conjugações, e a primeira é formada de adjetivos ou substantivos conjugados como verbos, vejamos os exemplos citados: che marangatu - eu (sou) bom, nde marangatu - tu (és) bom, i marangatu - êle, ela (é) bom, îandé marangatu - nós (somos todos) bons, oré marangatu - nós (outros somos) bons, pe marangatu - vós (sois) bons, i marangatu - êles (são) bons. A segunda conjugação é constituida de verbos propriamente ditos e exigem na sua conjugação a presença dos pronomes agentes: che a-îuká - eu mato, nde ere-îuká - tu matas, o-îuká - ele mata, îande îa-îuká - nós todos matamos, oré oro-îuká - nós outros matamos, pee pe-îuká - vós matais, o-îuká - eles matam. 
4.4 A pronúncia do Tupi
- o Y principalmente tem um som típico. Para pronunciá-lo corretamente é preciso colocar os lábios na posição de i e a, e a língua na posição de u.
- O som de R é sempre leve, brando, mesmo no início de palavras. Nunca tem o som forte, o qual usamos em rato. Exemplo: Rana e Runa.
- O som de S é meio chiado, não tão sibilado e nunca terá o som de z, mesmo que fique entre duas vogais. No caso, do português e para facilitar a nossa pronúncia, coloca-se dois ss.
Exemplo: Eça.
- O u depois do q, como em palavras que soam que e qui, não aparece, portanto substitui-se por K, que é o som exato. Exemplo: Itaqui/ Itaki.
- O d inicial nunca é puro, é um d nasal, mesmo que seja no meio da palavra.
- O btem sempre o som nasal, próximo a mb, principalmente no meio das palvras.
- As consoantes são bastantes confusas, principalmente o p, b e m. Exemplo: Burity.
- O c ás vezes muda para o p. Exemplo: Ibiracuera / Ibirapuera.
- Ao contrário das consoantes, as vogais tupis são riquíssimas: a, e, i, o, u, y, vogais orais e outras tantas nasais, com til, além dos sons diferentes que representam quando devidamente acentuadas.
- Não existem no tupi os sons de f, j, l, v e z., nem é compatível com a língua os grupos com duas consoantes juntas. Por influência do português, algumas dessas letras entram na grafia tupi, assim como nas palavras escritas com j, e as poucas palavras que têm l tinham um r brando.
4.5 O alfabeto Tupi 
Vejamos no quadro a seguir:
	GRAFEMA
	FONEMA
	COMENTÁRIO
	‘
	Oclusiva, global, surda.
	Como no hamza árabe.
	a
	Vogal média, oral, aberta.
	Como no português em “ave”.
	b
	Fricativa, bilabial, oral, sonora.
	Como o “v” em espanhol em “viejo’.
	ch
	Fricativa, alvéolo-palatal, surda.
	Como o “ch” português em “chapéu”.
	e
	Vogal anterior, oral, aberta.
	Como o ‘e” português em “pé”.
	g
	Fricativa, vela, sonora.
	Como o “g’ português em gato. Jamais com o som do “j’ português mesmo antes de “e”, “i’ ou “y”.
	h
	Fricativa, global, surda.
	Aspirado como no inglês, substituindo o s das palavras tupi.
	i
	Vogal anterior, oral, fechada.
	Como o ‘i’ português em “ri”.
	k
	Oclusiva, velar, surda.
	Como “e” português em “casa”.
	m
	Nasal, bilabial, sonora.
	Como o ‘m’ português em “mesa”.
	mb
	Nasal, bilabial, sonora.
	Só pode ser inicial ou medial.
	n
	Nasal, bilabial, pré-alveolar.
	Como o ‘n’ português em “nariz”.
	nd
	Nasal, dental, sonora.
	Só pode ser inicial ou medial.
	nh
	Nasal, alvéolo, palatal, sonora.
	Como o ‘nh’ português em “aranha”.
	ng
	Nasal, velar, sonora.
	Semelhante ao som de “ng” em ângulo o português.
	o
	Vogal posterior, oral, aberta.
	Como o ‘o’ português em “nó”.
	p
	Oclusiva, bilabial, surda.
	Como o ‘p’ português em “pá”.
	r
	Constritiva, vibrante, sonora, pré-alveolar.
	Como “r” brando no português em “cara”.
	s
	Fricativa, dental, surda.
	Como o ‘s’ português em “santo”.
	t
	Oclusiva, dental, surda.
	Como o ‘t’ português em “taco”.
	u
	Vogal posterior, oral, fechada.
	Como o ‘u’ português em “tatu”.
	y
	Vogal média, oral, fechada.
	É um som que não existe no português, ficando igual ao “u’ e os lábios estendidos como para o “i”.
5.0 A INFLUÊNCIA DA LÍNGUA TUPI NA LÍNGUA PORTUGUESA
A língua Tupi teve grande influência no desenvolvimento da língua portuguesa. No século XVI, o tupi era falado em toda costa brasileira, mas a partir do século XVII com a imigração portuguesa esse idioma é exterminado de toda costa brasileira. A língua portuguesa começa a se consolidar e na metade do século XVII, desaparece completamente. Embora, a língua Tupi tenha sido esquecida por muitas pessoas, ou até mesma não fazem idéia de se conhecimento ela influenciou profundamente na Língua Portuguesa, mas não apenas na incorporação do vocabulário, mas até mesmo na sintaxe do idioma lusitano e na própria cultura brasileira, deixando marcas significativas de sua história.
A partir de um novo afastamento entre o português americano e o europeu aconteceu quando a língua falada no Brasil colonial não acompanhava as mudanças ocorridas no falar português durante o século XVIII, mantendo-se fiel, basicamente, à maneira de pronunciar da época da descoberta, ocasionando a sua originalidade intensa da língua falada nas grandes cidades, originando por sua vez a sua própria língua, sendo o grande motivo por a língua ter se aberto e ter permitido a essa influência.
A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior ainda do que a da portuguesa, se surpreendendo por se tratar de um país tão vasto. A influência das variedades dialetais brasileiras com as portuguesas leva à conclusão de que aquelas representam em conjunto que se forma por si só, já que quase todos os traços regionais indígenas ou do português padrão europeu que não aparecem na língua culta brasileira, são encontrados por deixarem seus rastros, tendo a necessidade de romper com os modelos tradicionais portugueses e privilegiando as peculiaridades do falar brasileiro.
O Tupi não entrou para a linguagem formal, mas enraizou-se fortemente na fala familiar e coloquial do meio rural. As marcas profundas deixadas no nosso vocabulário estendem-se do sertão nordestino às áreas rurais de Minas Gerais, dos habitantes do Xingu aos caiçaras do litoral paulista. Apesar de restrito, o estudo do Tupi pode auxiliar na compreensão da língua falada no Brasil, além de apoiar estudos da geografia e da literatura do século XVI, da fase romântica e modernista da literatura.
5.1 Superstrato, adstrato e substrato
Muito embora a maioria dos lingüistas utilize, hoje em dia, os conceitos de substrato, superstrato e adstrato, para se explicar tal influência, o sentido que eles atribuem a tais termos varia um pouco, o que torna necessário uma tentativa de definição de tais conceitos, antes de começarmos a lidar com eles. Para tais fins apresento as definições de Mattoso Câmara Jr., de Wilton Cardoso e Celso Cunha e de Martinet, para chegarmos a uma conclusão sobre as influências. 
Mattoso Câmara Junior apresenta, em seu Dicionário de Lingüística e Gramática
 as seguintes definições: : a) substrato - nome que se dá à língua de um povo que é abandonada em proveito de outra que a ela se impõe, geralmente como conseqüência de uma conquista política. b) superstrato - nome que se dá à língua de um povo conquistador, que a abandona para adotar a língua do povo vencido. c) adstrato - toda língua que vigora ao lado de outra (bilingüismo), num território dado, e que nela interfere como manancial permanente de empréstimos. Wilton Cardoso e Celso Cunha, por sua vez, nem chegam a abordar o que seja adstrato. Em seu livro Estilística e gramática histórica; português através de textos
, eles nos mostram a seguinte definição: a) substrato - toda influência que a língua desaparecida imprime no idioma sobrevivente; b) superstrato - a influência de outras línguas sobre a primitiva, que todavia se mantém.
 Ismael Coutinho em Pontos de gramática histórica
 não só define adstrato e superstrato, como apresenta duas definições para substrato: a) substrato1 - língua que existia numa certa região, mesmo que não tenha influenciado a língua posterior; b) substrato2 - língua antiga e, eventualmente, desaparecida que deixou vestígios na língua que chegou e predominou; c) superstrato - conjunto de elementos lingüísticos trazidos por uma língua vinda do exterior que coexistiu algum tempo com a língua local; d) adstrato - língua que conviveu ou convive em pé de igualdade com a língua local. A partir do resumo das três definições concluímos que: O substrato é a língua nativa desaparecida de um povo dominado, que adotava a língua do dominador. O superstrato é a língua nativa de um povo dominador desaparecida, em virtude de este povo ter adotado a língua do povo dominado. E por fim o adstrato seria qualquer língua que conviveu ou convive em pé de igualdade (bilingüismo) com outra língua. 
Resumindo-se na conceituação que abrange quase toda a influência que a língua portuguesa sofreu em sua formação, o Brasil, após a colonização portuguesa, nunca foi conquistada por nenhuma outra nação, a questão da influência devida ao superstrato não se aplica ao português do Brasil. A questão que se levanta em relação aos elementos indígenas no português é se eles seriam um exemplo de substrato, isto é, a língua nativa desaparecida de um povo dominado, ou de adstrato, ou seja, uma língua que conviveu com outra em estado de bilingüismo, antes de desaparecer. Pelo que vimos, a influência do substrato no português é de pouca importância, resumindo-se ao léxico, mesmo assim num número pequeno de palavras. Já a influência do superstrato, apesar de bem maior, é resumida também ao léxico e muito especializada, sendo que muitas de suas formas, tornaram-se obsoletas ou excessivamenterestritas. A influência do adstrato é a mais importante de todas, portanto a língua Tupi penetra no nosso léxico detonando certas potências do português e intensificando o processo de evolução já existente, de uma maneira muito mais intensa.
5.2 As influências
Vejamos alguns exemplos em que ocorreram as influências da Língua Tupi sobre a Língua Portuguesa: Temos a expressão "tá", que é uma contração do verbo "estar" na 3ª pessoa do singular, sendo uma expressão do Tupi incorporada na fala brasileira. Esse idioma não sabia modular a voz em interrogativa, suprindo a deficiência sempre que perguntava incluía na frase as partículas tahá, tá, pá, que são projeções de uma mesma raiz. Dessas partículas fixou-se a expressão portuguesa “será’. Em Tupi a partícula “será” aparece, encerrando a frase, sendo uma posição que se mantêm no português falado. Como em: Será que chove? 
Raros são os brasileiros que pronunciam o "r" no final das palavras, por exemplo: "pagar" é falado como "pagá", "amor" soa a "amô" e assim por diante. Entretanto, esse vício de linguagem vem do Tupi. As pessoas menos escolarizadas têm o costume de trocar o "l" pelo "i". Não pronunciam "mulher", mas "muié", "pólvora" como"pórvora", "filho" é "fio", etc sendo também uma marca influenciada do Tupi. Explica-se essa peculiaridade do Tupi que se emprega na frase preferência do particípio verbal ao infinitivo antepondo as partículas pronominais aos verbos e aos nomes e pospondo aos verbos os pronomes retos, marca que ficou na fala paulista, como em: Está chovendo. Me deixe. Me faça o favor, etc.
 A inexistência da partícula pronominal “lhe” no Tupi, decorrente da ausência da consoante l, no alfabeto daquele idioma, dando a formação de pra ele. 
Há tantas palavras Tupis incorporadas ao português que nem percebemos, inclusive até na gíria de jovens. Por exemplo, há jovens que dizem: "O fulano chegou no serviço e”babau”, perdeu o emprego". O "Babau", que muitos acham ser uma gíria de surfista, é uma expressão do Tupi que significa "acabou-se". Outra expressão tupi é "nhenhenhén". "Aquele cidadão é muito cheio de nhenhenhén", ou seja, que fala e reclama muito, essa fala vem de "nheen nheen", que significa em tupi "fala fala". Vejamos a seguinte frase: "Este cara é meu xará". Esta palavra, também tida como gíria, significa "amigo" no antigo idioma indígena. 
Os gaúchos usam e abusam do seu típico "tchê" no final de suas frases. "Tchê" é outro sinônimo da língua Tupi que significa "amigo”, podendo significar também "eu" e “meu”.
A contribuição a língua Tupi deu-se também na incorporação de ditados populares no folclore brasileiro pertencentes à cultura. Um deles, muito conhecido, é "Cada macaco no seu galho". Esse ditado vem da expressão "Macaca tuiué inti hu mundéo i pú cuimbisca o pé" ( Macaco velho não mete mão em cumbuca). Quando os tupi-guaranis citavam a expressão contavam a seguinte história. Era uma vez um macaquinho guloso soube que havias frutas numa certa cumbuca feita de uma árvore chamada sapucaia. Introduziu a mão no recipiente. Ao tentar tirá-la, a mão ficou presa. Assustado, o bichinho disparou-se aos pulos pela floresta arrastando a sapucaia e gritando desesperadamente: Ai! Ai! Ai! Cuimbisca hu pscá se pú! Ai! Ai! Ai! Cuimbusca hu pscá se pú! (Ai! Ai! Ai! Cumbuca pegou minha mão). Outro exemplo é a cantiga folclórica: Eu fui no itororó beber água e não achei. Achei bela morena, que no itororó deixei ". Onde mesmo desconhecendo que itororó é uma palavra indígena que significa bica d´água, usamos essa expressão por boa parte de nossa infância.
A expressão estar na pindaíba muito brasileiro conhece: significa estar em graves dificuldades financeiras. É uma expressão que vem das palavras pinda'yba - vara de pescar (pindá, isoladamente, significa anzol). Antigamente, quando a pobreza abatia as populações ribeirinhas, era comum se tentar tirar a subsistência do rio, pescando para comer ou para vender o pescado. Segundo os pesquisadores, a expressão nasceu no período colonial brasileiro, em que a Tupi em sua forma evoluída era conhecida pela maioria dos brasileiros. 
O velho jogo de peteca, que é um pequeno saco cheio de areia ou serragem sobre o qual se prendem penas de aves, tem este nome devido ao verbo petek - golpear ou bater com a mão espalmada. Velha coroca é uma velha resmungona. O termo nasceu do verbo kuruk, que significa resmungar. 
O verbo cutucar, em português, origina-se do Tupi kutuk, cujo significado original - furar, espetar. Em português, cutucar é tocar com a mão ou com o pé. Estar jururu é estar melancólico, tristonho e cabisbaixo. O termo indígena aruru, de onde surgiu a palavra, tem o mesmo sentido.
Quando os portugueses chegaram ao Brasil por ter tido os primeiros contatos com os índios que habitavam a costa brasileira, e por questão de sobrevivência, tiveram que aprender algumas palavras indígenas. O que contribuiu para a incorporação desse vocabulário na língua portuguesa, dado pela influência da língua. Muitos nomes de plantas, frutas e animais brasileiros têm origem indígena. 
Vejamos os exemplos: Animais (camundongo, marimbondo, araponga, arara, capivara, curió, cutia, gambá, jibóia, jacaré, jararaca, juriti, lambari, paca, piranha, quati, sabiá, saúva, tamanduá, tatu e urubu). Frutas (abacaxi, maracujá, caju, jabuticaba). Plantas (capim, carnaúba, cipó, imbuia, ipê, jabuticaba, jacarandá, jequitibá, mandioca, peroba, pitanga, sapé, taquara e tiririca). Crendices (saci, caipora, iara). Fenômenos naturais (piracema e pororoca). Doenças (catapora). Alimentos (moqueca e pipoca, chuchu, jiló, maxixe, inhame). Pessoas e relações pessoais (moleque, mucama).
Uma influência muito notável na língua portuguesa e o que chamamos de Toponímia, ou seja, ciência que estuda a origem dos nomes de lugares, também revela um grande número de palavras indígenas na fala do brasileiro. Vejamos alguns exemplos. O nome do estado de "Maranhão" vem de "Mar'Anhan", que significa "O mar que corre". Já "Paraná" significa "rio" no idioma indígena. "Pará" é "oceano", "Niterói" "Baía do mar morto" e assim vai. O Brasil está repleto de cidades com nomes indígenas, todos, sem exceção, provenientes do Tupi. 
Citamos um glossário dos topônimos:
ANDIRÁ: nome Tupi no morcego, o que o liga à área semântica da fauna.
ARAPONGA: Como nome comum, a palavra designa um pássaro da família dos cotingídeos (Procnias nudicolis). Desse sentido primitivo, foi transferido semanticamente para o homem, como alcunha. Daí, passou a designar famílias e, no plural, o tópico municipal paranaense. Formada pela justaposição de ará, ‘ave’ - ponga, gerúndio supino do verbo pong, ‘fazer ruído’; donde: ‘ave de canto sonante’”.
ASSAÍ: Forma simples que nomeia a fruta ácida da palmeira Euterpe oleracea, de que se faz suco, o que a liga semanticamente à flora. A ortografia vigente determina que seja escrita de outra forma: açaí.
ACAJUTIBA: aka’yú’tyba - aka: ponta, yú: amarela: caju, + tyba: muito, quantidade. Abundância de cajus, cajueiros.
ARACAJU: ará’cayú - ará: arara ou papagaio + acaju: caju, cajueiros das araras.
ARAÇATUBA: araçá’tyba -araçá: a fruta + tyba (tuba): muito. Muitos araçás, araçazeiros em quantidade.
BAURU: ymyrã’rema ybá:fruta+urú: cesto - cesto de frutas. 
BOCAIUVA: paraty’oka -maca-úba:: nome de uma palmeira - coco macaúba. (bacaba:coco+yuba:amarelo): macaúba. 
BOTUCATU: mborá ibytu: vento, ar, nuvem + catú: bom. Bom clima, bons ares. Sua correspondente: Buenos Aires, cap. da Argentina. 
BUERAREMA: por’por’eyma birá, ybirá: árvore, madeira + rema: que tem mau cheiro, madeira fétida. Madeira usada em construção. 
BURITAMA ybytu’catu - burity: palmeira + tama, rama: terra. Terra dos buritis, buritizeiros. CAMBARÁ: Forma simples, variação lingüística de camará, designação comum a várias plantas das famílias das verbenáceas e das solanáceas, especialmente a Moquina polymorpha, o que a liga semanticamente à flora.
CURITIBA: O nome da capital paranaense é uma lexia formada pela justaposição dos seguintes lexemas Tupi: kuri, ‘pinheiro’, + tyba, ‘muito,lugar onde há muito’; donde: ‘sítio onde há muitos pinheiros, pinhal’; o que o liga semanticamente à flora.
GUAÍRA: Sampaio (1957) lhe aponta por étimo a expressão kûá-y-rã, “passar não há de”, e informa que, conforme Batista Caetano, guaíra era o nome Tupi para o salto das sete quedas. Correta essa interpretação, a lexia tem originalmente uma formação lexical complexa e está ligada semanticamente aos acidentes geográficos.
GUARANIAÇU: Nome composto da justaposição de guarani, etnônimo indígena, e de açu, grande; donde: ‘o grande guarani’, o que o liga semanticamente à cultura.
GUARAPUAVA: Sampaio (1957) aponta duas justaposições como possíveis étimos para este nome: guará-poaba, ‘rumor dos guarás’; ou guirá-poaba, ‘rumor dos pássaros’, ambos os quais ligam-no semanticamente à fauna. Ferreira (1997:331) informa um sentido curioso desta lexia na área dialetal do Estado de São Paulo: “cavalo árdego, espantadiço e pouco resistente”.
GUAÇUÍ : suu’açú’y - suassú: veado (nas regiões do Sul: uassú) + y: água, rio, brejo.
GUARULHOS: ua'r'ú O comilão (um peixinho) chamado barrigudo. Guaru apelido de uma tribo que ocupava os arredores de Piratininga, hoje a cidade de Guarulhos, vocábulo aportuguesado.
IBATI: Forma simples designativa do milho, em Tupi, o que a liga semanticamente à flora. Há registros entre cronistas e jesuítas dos séculos XVI e XVII da variante ibatim.
IBIPORÃ: Nome composto da justaposição de ybi, ‘terra’ + porã, ‘habitante’; donde: ‘o habitante da terra’, o que o liga semanticamente à cultura.
IGUAÇU: Em português, já como topônimo, esta palavra nomeia um rio da região de fronteira do Brasil com o Paraguai. Desta designação, ele passa a constar em pelo menos dois topônimos municipais paranaenses. Sua origem é a justaposição dos seguintes lexemas Tupi: y, ‘água, rio’, + uaçu, ‘grande’; donde: ‘rio grande, caudal, queda d’água’, o que o liga semanticamente aos acidentes geográficos.
IRATI: Na língua comum, em que também assume a forma iraxim (cf. Ferreira 1997:370), designa uma espécie de abelha brasileira nativa (Trigona limão Smith), o que a liga à fauna. Deriva de alterações fonéticas da forma Tupi eîratim.
IVAIPORÃ: Nome composto da justaposição de ybá, ‘fruta’ + y, ‘rio’ + porã, ‘habitante’; donde: ‘o habitante do rio das frutas’, o que o liga semanticamente à cultura.
JACAREPAGUÁ: ya’caré’ypa’guá - yacaré’ypau’alagado + guá: enseada, lagoa. Baixada da lagoa dos jacarés.
JACARÉ: Na língua comum é o nome genérico de várias espécies de répteis crocodilianos, do gênero Caiman. Seu étimo iá-karé, que Silveira Bueno (1978) traduz por ‘aquele que olha de lado, aquele que é torto’, sem dar maiores explicações, sugere uma formação justapositiva. A palavra compõe o topônimo municipal paranaense Jacarezinho, pela justaposição do sufixo diminutivo português -(z)inho.
JAGUAPITA: alteração fonética de jaguapitanga, nome que, na língua comum, designa uma raposa de pelo avermelhado, o que a liga semanticamente à fauna.
JANDAIA (do Sul): Na língua comum, a palavra jandaia nomeia um pequeno papagaio de cabeça, peito e encontros amarelos, o Psittacus surdus. Entra na composição do topônimo paranaense pela justaposição do sintagma “do Sul”. Pelo sentido original de jandaia, pode-se relacionar o topônimo à área semântica da fauna.
MANDAGUARI: Na língua comum, a palavra nomeia uma espécie de abelha brasileira nativa - Nannotrigona (Scciptotrigona) postica Latricelle -, o que a liga semanticamente à fauna. Sampaio (1957) esclarece o étimo desta palavra: mandá-guaí, ‘ninho delicado, bonito’.
MARINGÁ: A que é conhecida por ‘cidade canção’ tem por étimo mais provável algo muito menos doce que o seu epíteto sugere. Parece proceder de alterações fonéticas da forma Tupi marigûã, ‘peneira para pescar’, o que liga o tópico à área semântica da cultura. Ferreira (1997:418) registra-lhe um sentido próprio da fala dos criadores brasileiros: o de qualificativo a bovídeos ou caprinos de pelo claro salpicado de negro.
PARÁNÁ: O único dos três estados sulistas a ter nome de origem Tupi é o Paraná, que vem da justaposição de pará, “caudal”, com anã, “parente, semelhante”; donde: “semelhante ao caudal, mar”, o que o liga semanticamente aos acidentes geográficos. Ferreira (1997:482) registra dois sentidos desta forma na variedade amazônica de português do Brasil, como nome comum: “braço de rio caudaloso, separado deste por uma ilha; caudal que liga dois rios.
PARANAGUÁ: Nome formado pela justaposição de paraná, Paraná (v.), + guá, ‘enseada, baía’; donde: ‘enseada ou baía do mar’, o que a liga semanticamente aos acidentes geográficos.
PARANAVAÍ: Nome formado pela justaposição de paranaguá (v.) + y, ‘rio’; donde: ‘rio da enseada do mar’, o que a liga semanticamente aos acidentes geográficos.
PIRAÍ: Resultado da justaposição de pirá, “peixe”, + y, “rio”; donde: “rio dos peixes”, compõe o topônimo municipal paranaense Piraí do Sul, ligando-o semanticamente aos acidentes geográficos. Ferreira (1997:507) registra-lhe um outro sentido, também correto: “peixe pequeno”, de pirá, “peixe”, + im, “pequeno”.
PORECATU: Não é totalmente certa a procedência Tupi deste topônimo. Pode ser guarani. Sendo uma voz Tupi, seu provável étimo é boré, ‘instrumento de sopro indígena, semelhante a uma flauta ou apito, + katu, ‘bom’; donde: ‘a boa flauta’, o que o ligaria semanticamente à cultura.
TAMANDARÉ: resultado da aglutinação de taman-duá, ‘tamanduá’, + ré, ‘verdadeiro’; donde: ‘o tamanduá verdadeiro’, o que a liga semanticamente à fauna.
UBIRATÁ: justaposição: ybirá, ‘pau, árvore’ + itá, ‘pedra, ferro’; donde: ‘pau-ferro’, o que a liga semanticamente à flora.
6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos os objetivos na elaboração deste trabalho foram atingidos com pleno êxito nas pesquisas realizadas. 
Há de se convir que com a criação de um dialeto de emergência como a da Língua Geral, abriram as portas para que a Língua Tupi permanecesse na história brasileira, afinal era esta língua que mesmo tendo sem declínio, tomando como lugar a Língua Portuguesa, que predominava no país antes da colonização.
Pelo fato de nossa língua ter sido aberta aos mais diversos empréstimos adotados de outras línguas, fez com que as palavras inseridas no nosso léxico por influências de outros idiomas, ou em geral por motivos culturais, religiosos e sociais fizeram com que a Língua Tupi não ficasse morta, embora muitos a considerem, mas sim permanece viva dentro de nossa língua , fazendo parte de nossa história.
Muitos brasileiros diariamente expressam-se na Língua Tupi, moram numa cidade cujo nome e de origem indígena entre outras coisas, e não fazem a menor idéia desse significado e de tal importância pelo fato de não terem conhecimento de determinada influência. Conclui-se que se todos leitores pudessem ter a oportunidade de realizar pesquisas como esta, onde embora para muitos, seja um assunto sem o menor interesse, nos faz muito importante ter a oportunidade de saber o significado de algumas palavras, as quais utilizamos no nosso dia-a-dia, nos abrindo por sua vez, a um conhecimento da história de nossa própria nação. 
A partir de se adotar um mínimo conhecimento sobre determinado assunto, conclui-se que cria em cada cidadão uns espíritos nacionalistas, procurando preservar a cada dia, a influência em que a nossa língua adotou, pois amplia nossos conhecimentos e faz com que entendamos o significado de muitas palavras do nosso vocabulário, os quais faz parte de nossa vida diariamente.
7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- CUNHA, Celso. História da Língua Portuguesa. Martins fontes: São Paulo, 1998.
- ELIA, Sílvio. A Língua Portuguesa no Mundo. Editora Ática. 2ª ed. São Paulo, 1998.
- GAMBINI, Roberto. O espelho índio. Editora Espaço e Tempo. Rio de Janeiro, 1998.
- BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. Companhia das Letras. São Paulo, 2001.
- SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos. Editora Perspectiva. São Paulo, 1978.
- A carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: http://www.historianet.com.br.
- NETO, Serafim da Silva. Introdução ao Estudo da LínguaPortuguesa no Brasil. Presença. Rio de Janeiro, 1986.
- NAVARRO, Eduardo de Almeida. Método Moderno do Tupi Antigo: A língua do Brasil nos primeiros séculos. Editora Vozes, 1991.
- CÂMARA, Jr. Mattoso. Dicionário de lingüística e gramática. 10 ª ed. Editora Vozes: Petrópolis, 1981.
- CARDOSO, Wilton e CUNHA, Celso. Estilística e gramática histórica, português através de textos. Tempo Brasileiro: Rio de Janeiro, 1918.
- COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. 7ª ed. rev. Livro Técnico. Rio de Janeiro, 1982.
- Dicionário Tupi-Português. Editora Traço: São Paulo, 1984.
� Carta de Pero Vaz Caminha. Disponível em http://www.historianet.com.br
� Carta de Pero Vaz Caminha. Disponível em http://www.historianet.com.br
� GAMBINI, Roberto. O Espelho Índio. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1988. p.35.
� Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em http://www.historianet.com.br
� BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização.2001. p 65.
� BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras: 2001. p 65.
� GAMBINI, Roberto. O Espelho Índio. Rio de Janeiro: Ed. Espaço e Tempo, 1988. p 67.
� SANTIAGO, Silviano.Uma literatura nos trópicos. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1978. p 13.
� SANTIAGO, Silviano.Uma literatura nos trópicos. São Paulo: Ed. Perspectiva, 1978. p 17.
� Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em http://www.historianet.com.br
� SILVA NETO, Serafim da. Introdução ao estudo da língua portuguesa no Brasil. Rio de Janeiro: Presença, 1986.
� CÂMARA, Mattoso Jr. Dicionário de Lingüística e gramática. 10ª ed. Petrópolis Vozes, 1981. p 227-230.
� CARDOSO, Wilton e CUNHA, Celso F. Estilística e gramática histórica, português através de textos. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1918. p 238-250.
� COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática histórica. 7ª ed. Ver. Rio de Janeiro: Livro Técnico, 1982. p 189- 191.

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