Buscar

apostila PROMOCAO saude 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 47 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA
Promoção em Saúde II
PROMOÇÃO EM SAÚDE II
PERÍODO: 2014/2
PROFESSORES:
Prof. Dr. Eduardo J. S. Honorato
Profa Msc Érica Carvalho
Profa Msc Sônia Lemos
Manaus, Outubro de 2014
ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR
Cleinaldo de Almeida Costa - Reitor
Mario Bessa -Vice Reitor
Marcos André Ferreira Estácio -PróReitora de Administração
Fabiana Lucena Oliveira -PróReitora de Planejamento

Luciano Balbino- PróReitor de Ensino de Graduação
Maria Paula Gomes Mourão -PróReitora de Pesquisa e PósAGraduação
André Luis Zogahib-PróReitor de Extensão e Assuntos Comunitários 

Darlisom Sousa Ferreira - Diretor ESA
Luciane da Silva Lima 
Coordenadora do Curso de Graduação em Saúde Coletiva 
e-mail: saudecoletiva@gmail.com / lucilimars@gmail.com
Dr. Eduardo J. S. Honorato, Msc Sônia Lemos, Msc Érica Carvalho
Docentes: Disciplina Populações Vuneráveis
e-mails: eduhonorato@hotmail.com; sonlemos@hotmail.com; ueacarvalho@gmail.com

Manaus–Amazonas 2014
EMENTA:
Política Nacional de Promoção da Saúde no Brasil. Educação em Saúde Popular. Integralidade e intersetorialidade das políticas e práticas de promoção da saúde na Atenção Primaria. Intervenção na Prática em Saúde Coletiva.
OBJETIVO GERAL:
Promover o desenvolvimento de competências e habilidades relativas à educação em saúde com atividades práticas
"Fumar você aprende. Parar de fumar a gente ensina"
Lewis Carroll
Unidade 1 - Política Nacional de Promoção da Saúde no Brasil.
O movimento da Promoção da Saúde avançou no contexto mundial, incorporando-se como novo paradigma das Funções Essenciais da Saúde Pública, a partir de práticas sociais que expressam movimentos do Estado e da sociedade civil, visando ao desenvolvimento integral da saúde para o alcance do bem-estar (Moysés; Moysés, 2009[footnoteRef:1]). O conceito de promoção de saúde é marcado pelo reconhecimento histórico das limitações da abordagem tradicional em lidar com o processo saúde-doença e de mudanças na compreensão dos determinantes de saúde, ampliando a importância das condições de vida para a sua concretização (Moysés; Watt, 2000[footnoteRef:2]). É uma importante estratégia da saúde coletiva, contrapondo-se a medicalização da sociedade e no interior do próprio sistema de saúde. Atualmente, é entendida como um campo conceitual, político e metodológico para analisar e atuar sobre as condições de saúde e a qualidade de vida das pessoas (Moysés et al, 2004). [1: Moysés ST, Moysés SJ. Promoção da saúde: conceitos. In: Pereira AC, organizadores. Tratado de Saúde Coletiva em Odontologia. São Paulo: Editora Napoleão; 2009. p. 431-440.] [2: Moysés ST, Moysés SJ. Promoção da saúde: conceitos. In: Pereira AC, organizadores. Tratado de Saúde Coletiva em Odontologia. São Paulo: Editora Napoleão; 2009. p. 431-440.] 
A promoção da saúde, como vem sendo entendida nos últimos anos, representa uma estratégia para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as populações e seus entornos, partindo de uma concepção ampliada do processo saúde-doença e de seus determinantes, propõe uma articulação de saberes técnicos e populares, assim como a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução (Buss, 2000)[footnoteRef:3]. Assim, para melhorar as condições de saúde de uma população, são necessárias mudanças dos padrões econômicos e intensificação de políticas sociais no interior dessas sociedades, ou seja, é necessária ação intersetorial e políticas públicas saudáveis. [3: Buss PM. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência & Saúde Coletiva.2000; 5(1):163] 
O conceito moderno de promoção da saúde (e a consequente prática) surgiu e se desenvolveu, de forma mais vigorosa nos últimos vinte anos (Buss, 2000).	Historicamente, o termo “promoção da saúde” apareceu pela primeira vez em 1920, em Winslow, no contexto do final da primeira guerra mundial com o fortalecimento das organizações de trabalhadores, descrevendo o esforço da comunidade para conseguir políticas que melhorassem as condições de saúde e os programas educativos para a população. Em 1946, Sigerist[footnoteRef:4] definiu como tarefas essenciais da medicina a promoção da saúde, prevenção de enfermidades e acidentes e a atenção curativa e afirmou que a saúde se promove proporcionando condições de vida decentes, boas condições de trabalho, educação, cultura física e formas de lazer e descanso, para o que pediu o esforço coordenado de políticos, setores sindicais e empresariais, educadores e médico e a estes, como especialistas em saúde, caberia definir normas e fixar padrões (Arantes, et al, 2008)[footnoteRef:5]. Em 1948 a Organização Mundial da Saúde (OMS) lança no preâmbulo da sua carta magna uma definição de saúde como um estado de completo bem estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade que constituiu um grande avanço por incluir o bem estar como objetivo maior. Também abriga as questões psicossociais às somáticas como pré-requisito para se obter saúde. Esta definição tem recebido diversas críticas desde então por utilizar termos abstratos, tais como estado de completo bem estar, algo difícil de ser atingido e por vezes por vislumbrar a saúde pela ótica particular de um indivíduo não ressaltando a importância da saúde de uma coletividade. [4: Rosen G 1979. Da Polícia Médica à Medicina Social. Graal, Rio de Janeiro
] [5: Arantes RC, Martins JLA, Lima MF, Rocha RMN, Silva RC, Villela WV. Processo saúde-doença e promoção da saúde: aspectos históricos e conceituais. Rev. APS.2008;11(2):189-98.
] 
	
	Em 1974, o ministro da saúde e bem-estar canadense, Marc lalonde, divulgou o documento que ficou conhecido como “Relatório Lalonde”. Nele, pela primeira vez o termo “promoção de saúde” se tornou parte de uma publicação oficial de governo. Motivado pela necessidade de conter os custos do ministério, Lalonde introduziu o conceito do campo da saúde onde o processo saúde-doença é apresentado num modelo de quatro vertentes, a saber: meio ambiente (natural e social), estilo de vida (comportamento individual que afeta a saúde), biologia humana (genética e função humana) e organização dos serviços de saúde. (Arantes, et al, 2008). Lalonde destacara a limitação das ações centradas na assistência médica, insuficientes para atuar sobre os determinantes da saúde identificados por ele. Propôs, então, ampliar o campo de atuação da Saúde Pública, priorizando medidas preventivas educativas que trabalhassem com mudanças comportamentais e de estilos de vida. As repercussões do Relatório Lalonde podem ser identificadas nas práticas de promoção de saúde na década de 70 que, em sua maioria, tiveram seu foco restrito à modificação de hábitos, estilos de vida e comportamentos individuais não saudáveis, entre os quais o fumo, a obesidade, a promiscuidade sexual e o abuso de substâncias psicoativas centrando-se na prevenção de doenças crônico-degenerativas, problema prioritário nos países desenvolvidos (Sícoli; Nascimento, 2003)[footnoteRef:6]. [6: Juliana Lordello Sícoli JL, Nascimento PR. Promoção de saúde: concepções, princípios e operacionalização. Interface - Comunic, Saúde, Educ.2003;7(12):101-22] 
	
	A despeito da sua importância, Labonte (1996)[footnoteRef:7] critica tal concepção por se tratar de uma tentativa de contenção de custos da atenção às doenças. Cerqueira (1997)[footnoteRef:8], enfatiza a responsabilização individual e a culpabilização consequentes a essa abordagem, ao considerar os indivíduos como exclusivos responsáveis pela saúde e, as determinações sociopolíticas e econômicas ficam desatreladas, mascaradas; os governos e os formuladores de políticas são desresponsabilizados e a “culpa” pela situação de saúde recai no indivíduo. [7: LABONTE, R. Estrategias para la promoción de la salud en la comunidad. In: Organización panamericana de la salud. Promoción de la salud: uma antología. Washington: OPAS, 1996, p.153-65. (Publicación científica, 557). ] [8: Cerqueira MT. Promoción de lasalud y educación para la salud: retos y perspectivas. In: Organización Mundial de la Salud. La Promoción de la Salud y la educación para la salud em América latina: un análisis sectorial. Genebra: editorial de la universidad de puerto rico.1997. p.7-48.] 
	Neste período ganhou força o conceito dos níveis de prevenção de Leavell e Clark (1976)[footnoteRef:9] que enfatizaram que o caminho para a promoção da saúde é evitar a ocorrência e evolução das doenças; classificaram a prevenção das doenças didaticamente em prevenção primária, secundária e terciária em relação à história natural das doenças. De acordo com o modelo, no período pré-patogênico, a prevenção primária se ocupa de promoção de saúde como 1º nível. A promoção de saúde é encarada como uma maneira de prevenir doenças de maneira geral, sem especificidade, realizando atividades que sejam capazes de beneficiar o organismo de uma maneira geral, como é o caso do tratamento da água de abastecimento público com cloro, desta forma, o desejo é o de evitar as infecções de veiculação hídrica e conferir um padrão de potabilidade da água. O 2º nível é o de proteção específica, onde a atitude deve ter o objetivo de prevenir uma doença específica, como é o caso das vacinações, ou da fluoretação de águas de abastecimento público para prevenção da cárie dentária. (Arantes, et al, 2008). 	 No período patogênico, a prevenção secundária ocorre onde a doença está em curso num organismo e os tratamentos realizados visam evitar a progressão da mesma. Neste estágio estão abrigados no terceiro nível, diagnóstico precce e tratamento imediato, e no quarto nível a limitação do dano. 	A prevenção terciária se reporta a reabilitação de um organismo que pela evolução e tratamento da doença necessita de próteses, sendo o 5º nível. De acordo com o raciocínio de Leavell e Clark sempre que se realiza uma intervenção na história natural de uma doença a prevenção da evolução da mesma se torna uma realidade. (Arantes, et al, 2008). [9: Leavell H & Clark EG 1976. Medicina Preventiva. McGraw-Hill Inc., São Paulo. 744 pp.    ] 
 
	Em 1978, em Alma-Ata, antiga União Soviética, ocorreu a I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde que resultou na Declaração de Alma-Ata, reafirmando que a definição de saúde da OMS deve ser considerada como um direito humano fundamental e que outros setores sociais ou econômicos devem agir somando esforços ao setor saúde para alcançar este que é o “maior objetivo social”. A Declaração de Alma-Ata garantiu reconhecimento internacional ao conceito de atenção primária em saúde e que deveria ser utilizado como estratégia para que a Saúde para Todos no Ano 2000 se tornasse uma realidade e ainda enfatiza as seguintes recomendações: educação dirigida aos problemas de saúde prevalentes e métodos para sua prevenção e controle; Alimentos e nutrição adequada; Abastecimento de água e saneamento básico apropriados; Atenção materno-infantil; Prevenção e controle de doenças endêmicas; Tratamento apropriado de doenças comuns e acidentes; 
Distribuição de medicamentos básicos.
	Três importantes Conferências Internacionais sobre Promoção da Saúde, realizadas entre 1986, e 1991, em Ottawa (1986), Adelaide (1988) e Sundsval (1991), estabeleceram as bases conceituais e políticas da promoção da saúde. As Conferências seguintes realizaram- se em Jakarta (1997), na Cidade do México (2000) e Tailândia (2005). Na América Latina realizou-se em 1992 a Conferência Internacional de Promoção da Saúde.
 	A Primeira Conferência Internacional de Promoção da Saúde se reuniu em 1986, na capital canadense, sendo divulgada a Carta de Ottawa que explicitou a promoção da saúde como um processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global. Algumas estratégias foram listadas e recomendadas:
1 – Construir políticas públicas saudáveis – combinação de abordagens que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais baseadas em ações de promoção de saúde em direção à equidade. As ações conjuntas contribuem para assegurar bens e serviços mais seguros e saudáveis e ambientes mais limpos e desfrutáveis. 
2 – Criar ambientes favoráveis à saúde - A proteção dos recursos naturais e a busca de um ambiente adequado para o desenrolar da vida, quer seja, na área tecnológica, no trabalhos, produção de energia e urbanização devem ser observados continuamente para constituírem-se como fatores positivos para as comunidades.
3 – Reforço à ação comunitária - engajamento da população em torno de assuntos prioritários na tomada de decisão, definição de estratégias e sua implementação. É requisito aqui o acesso à informação, oportunidades de aprendizado e apoio financeiro para os assuntos da saúde. Este é o conceito de empoderamento posto em prática.
4 – Desenvolvimento de habilidades pessoais - o indivíduo poderá estar preparado para as várias fases da vida, o risco de incidência de doenças crônicas e as causas externas poderão ser enfrentadas oportunamente. Não se pode olvidar a necessária participação de organizações educacionais, profissionais, comerciais e voluntárias e de instituições governamentais.
5 – Reorientação dos serviços de saúde- os serviços de saúde devem reorientar sua atenção não somente para os serviços clínicos e de urgência, que, apesar de necessários, devem somar esforços para uma postura abrangente que tenha condições de perceber e respeitar as peculiaridades culturais de cada comunidade assistida. E ainda trás a tona a orientação à pesquisa e formação profissional em saúde para que o indivíduo venha a ser considerado em sua total condição humana.
A Carta de Otawa discorre que a promoção está além do setor Saúde, enfatizando a atribuição de fazer com que todos os setores, inclusive os não diretamente implicados, assumam a Saúde como meta e compreendam as implicações de suas ações para a saúde da população, assumindo a relação da saúde com a política, a economia, o meio ambiente e os fatores socioculturais. Pressupondo a intersetorialidade, estabelece ao setor sanitário um papel mediador. Ainda a participação ativa da população é destacada como um meio essencial para operacionalizar a promoção de saúde. 
	Dois anos depois, aconteceu na Austrália, a Segunda Conferência Internacional de Promoção da Saúde em 1988. Os cinco pontos fundamentais da Carta de Ottawa foram reafirmados na Declaração de Adelaide, que ainda acrescentou outros quatro.
1 – Apoio à saúde da mulher- Políticas públicas devem ser priorizadas nesta área e sugerem igualdade de direitos na divisão do trabalho, que os partos sejam realizados de acordo com suas preferências e necessidades, e que sejam criados mecanismos de apoio à mulher trabalhadora, como: mulheres com crianças, licença-maternidade, licença para acompanhamento dos cuidados a filhos doentes.
2 – Alimentação e nutrição. A erradicação da fome da má nutrição deve fazer parte fundamental de políticas públicas voltadas à saúde. Inclui-se aqui, a alimentação dentro dos hospitais, escolas, abrigos e locais de trabalho.
3 – Tabaco e álcool. Com o objetivo de diminuir o elevado potencial humano perdido por estados mórbidos e pela mortalidade causados pelo consumo abusivo destes produtos, a declaração recomenda que políticas públicas fossem implementadas para diminuição da produção, distribuição, bem como, do marketing e consumo.
4 – Criando ambientes saudáveis. Os recursos naturais são arcabouços importantes de biodiversidade para os seres vivos. Esta conferência defendeu a participação de movimentos ecológicos e adição à saúde pública com o objetivo de seprover um desenvolvimento socioeconômico respeitador dos limitados recursos do planeta (sustentabilidade).
	A Terceira Conferência Internacional de Promoção da Saúde ocorrida na Escandinávia, em 1991, resultou na Declaração de Sundsvall. O tema central das discussões foi a criação de ambientes favoráveis e promotores de saúde. Neste sentido, quatro aspectos foram listados para serem considerados: a dimensão social, a dimensão política, a dimensão econômica e o necessário reconhecimento das mulheres em sua capacidade por serem detentoras de conhecimento em todos os setores, em destaque na política e na economia. O tema empoderamento foi parte das discussões e ficou registrado em alguns itens no que tange a estratégias para criação de ambientes favoráveis em nível comunitário:
1 – reforçar a defesa da proposta através de ações comunitárias, particularmente pelos grupos organizados de mulheres; 
2 – capacitar a comunidade e indivíduos a ganhar maior controle sobre sua saúde e ambiente, através da educação e maior participação nos processos de tomada de decisão; 
3 – construir alianças para a saúde e os ambientes favoráveis; 
4 – mediar os interesses conflitantes na sociedade, de modo que se possa assegurar o acesso igualitário a ambientes favoráveis à saúde.
	Uma de suas conclusões foi que a saúde, o ambiente e o desenvolvimento humano são temas intrínsecos, e que o desenvolvimento implica na melhoria da qualidade de vida e saúde, da mesma forma que, em relação ao meio ambiente, a sua preservação é condição sine qua non para a sustentabilidade.
	Em 1992, na Colômbia, diversos países se reuniram para definir o significado da promoção de saúde para a América Latina e debater os problemas, princípios, estratégias e compromissos na Região. Estava registrada a Declaração de Santa Fé de Bogotá. A questão da iniquidade esteve em pauta. O insucesso de políticas macroeconômicas na região levou a população a ficar exposta a uma situação precária de suas condições de vida, com a agravante redução de recursos para enfrentar este problema. O desafio que a promoção de saúde impõe na América Latina é transformar as relações sociais, de tal forma, que os interesses econômicos se coadunem com o bem estar de todos.
	Em 1997, em Jacarta, Indonésia, houve a Quarta Conferência Internacional de Promoção da Saúde.	A Declaração de Jacarta discorre sobre os pré-requisitos para a saúde: paz, abrigo, instrução, segurança social, relações sociais, alimento, renda, direito de voz das mulheres, um ecossistema estável, uso sustentável dos recursos, justiça social, respeito aos direitos humanos e equidade. A pobreza é, acima de tudo, a maior ameaça à saúde. Este documento reviu as cinco estratégias da Carta de Ottawa, e observou que à época os enfoques abrangentes ao desenvolvimento da saúde são os mais eficientes; a participação é essencial para dar apoio ao esforço; e, aprender sobre saúde fomenta a participação social. 	
 	
	No ano 2000 a cidade do México abriga a Quinta Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. 
 
1. Consecução do nível de saúde mais alto possível é um elemento positivo para o aproveitamento da vida e necessário para o desenvolvimento social, econômico e a equidade;
2. A promoção da saúde e o desenvolvimento social são deveres e responsabilidade central dos governos, compartilhada por todos os setores da sociedade;
3. Nos últimos anos houve uma melhoria significativa da saúde e progresso na provisão de serviços de saúde em muitos países do mundo; 
4. Apesar desse progresso, ainda persistem muitos problemas de saúde que prejudicam o desenvolvimento social e econômico e que, portanto, devem ser resolvidos para promover uma situação mais equitativa em termos de saúde e bem estar;
5. Ao mesmo tempo, doenças novas e reemergentes ameaçam o progresso registrado na área da saúde;
6. Necessidade de abordar os determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde, sendo preciso fortalecer os mecanismos de colaboração para a promoção da saúde em todos os setores e níveis da sociedade;
7. Promoção da saúde deve ser um componente fundamental das políticas e programas públicos em todos os países na busca de equidade e melhor saúde para todos; 
	Bangkok, na Tailândia, sedia a Sexta Conferência Internacional de Promoção de Saúde, em 2005. A Carta de Bangkok reafirma e analisa conceitos e estratégias registradas pelas conferências anteriores e discute a condição atual dos determinantes sociais da saúde: - Aumento crescente das desigualdades dentro dos países e também entre os países; - Novos padrões de consumo e comunicação; Os procedimentos globais de comercialização; - Mudanças globais no meio ambiente; - O processo crescente de urbanização. Novos desafios foram aventados, entre eles, a constatação de que mulheres e homens são afetados desigualmente e o aumento da vulnerabilidade às iniquidades em saúde das crianças e dos grupos de excluídos.
	A Carta de Bangkok termina com o apelo aos países membros a que a distância entre a teoria e prática da Promoção da Saúde diminua no cotidiano com políticas públicas e que parcerias sejam implementadas para este fim, por ter ocorrido, anteriormente, resoluções ao longo das conferências que não se concretizaram em ações.
De acordo com a OMS “Promoção de saúde representa um conceito unificado para aqueles que reconhecem a necessidade de mudança nos modos e condições de vida para promover saúde. Representa uma estratégia mediadora entre pessoas e ambientes, sintetizando escolha pessoal e responsabilidade social em saúde para criar um futuro mais saudável” (OMS, 1987). Definindo os sete princípios da promoção de saúde, a OMS caracteriza como iniciativas de promoção de saúde os programas, as políticas e as atividades planejadas e executadas de acordo com os seguintes princípios: concepção holística, intersetorialidade, empoderamento, participação social, equidade, ações multiestratégicas e sustentabilidade (WHO, 1998). A concepção holística determina que as iniciativas de promoção fomentem a saúde física, mental, social e espiritual e pressupõe a compreensão ampliada de saúde assumida pela Organização. A promoção de saúde envolve a população como um todo, ao invés de enfocar grupos de risco para doenças específicas. Subentendida a saúde como fenômeno produzido socialmente, cabem ações de âmbito coletivo no cotidiano da população, extrapolando o campo específico da assistência médico-curativa. Uma vez que tem suas ações e políticas dirigidas aos determinantes da saúde, operacionalizar a promoção requer a cooperação entre os diferentes setores envolvidos e a articulação de suas ações: legislação, sistema tributário e medidas fiscais, educação, habitação, serviço social, cuidados primários em saúde, trabalho, alimentação, lazer, agricultura, transporte, planejamento urbano dentre outros. Neste sentido, cabe destacar a responsabilidade do governo, tanto em nível local como nacional, de atuar de maneira a garantir que as condições amplas, que estão além dos indivíduos ou grupos, sejam favoráveis à saúde (WHO, 1984). 
Segundo Junqueira (1997)[footnoteRef:10] a intersetorialidade é a “articulação de saberes e experiências no planejamento, realização e avaliação de ações para alcançar efeito sinérgico em situações complexas visando ao desenvolvimento e à inclusão social”. O empoderamento e a participação social são destacados como princípios-chave. A participação é compreendida como o envolvimento dos atores diretamente interessados – membros da comunidade e organizações afins, formuladores de políticas, profissionais da saúde e de outros setores e agências nacionais e internacionais – no processo de eleição de prioridades, tomada de decisões, implementação e avaliação das iniciativas (WHO, 1998). No desenvolvimento de políticas de promoção de saúde, deve haver contínua consulta diálogo e troca de ideias entre indivíduos e grupos, tanto leigos como profissionais. Mecanismos políticos devem ser estabelecidos de forma a garantir oportunidades de expressão e desenvolvimentodo interesse público na saúde. (WHO, 1984, p.22.)[footnoteRef:11] [10: JUNQUEIRA, L.A.P. & INOJOSA, R. M. Desenvolvimento social e intersetorialidade: a cidade solidária. São Paulo, FUNDAP, 1997.] [11: WORLD HEALTH ORGANIZATION. Discussion document on the concept and principles. In: _____. Health promotion: concepts and principles, a selection of papers presented at Working Group on Concepts and Principles. Copenhagen: Regional Office for Europe, 1984. p.20-3.] 
Assim saúde não é assegurada apenas pelo indivíduo, nem tampouco pelo setor da saúde. Depende de um amplo leque de estratégias, por meio de ações articuladas e coordenadas entre os diferentes setores sociais, ações do Estado, da sociedade civil, do sistema de saúde e de outros parceiros intersetoriais. Pode ser entendida, então, como um desfecho positivo decorrente da implementação de políticas públicas saudáveis (Moyses, 2007). A Promoção de Saúde enfoca os determinantes sociais do processo saúde-doença, que são as condições sociais em que as pessoas nascem, vivem e trabalham; são os fatores socioeconômicos e ambientais e culturais além da saúde individual relacionada a elementos comportamentais. Ela pretende, portanto, evitar uma abordagem de “culpabilização da vítima”, através do reconhecimento do limitado controle que frequentemente muitos indivíduos têm sobre sua saúde (Moysés & Watt, 2000)[footnoteRef:12]. [12: MOYSÉS, S. T. ; WATT, R. Promoção de Saúde Bucal– definições. In: BUISCHI, Y. P (coord.). Promoção de saúde bucal na clínica odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2000.] 
Para melhor compreender este enfoque tomemos a parábola do rio acima, rio abaixo que faz uma analogia entre o fato de um grupo de pessoas que caem no rio em sua parte superior com abrangência das ações de promoção da saúde. Para socorrê-las, em qual extensão do rio isto se torna mais efetiva: no rio acima, logo que ele cai, no meio do rio ou rio abaixo, depois que ele já passou por todo o curso do rio correndo riscos de saúde? Ao socorrê-lo rio acima, evita-se um dano maior a sua saúde, pois atua-se antes que ele percorra todo o rio e corra o risco de se afogar e suas consequências ; ao socorrê-lo rio abaixo o individuo percorreu toda extensão do rio, sofrendo os danos causados pelo risco de afogamento, e serão necessárias medidas emergenciais para salvar sua vida. Transpondo esta situação para as ações em saúde, no rio acima se situam as medidas de promoção de saúde, envolvendo políticas públicas saudáveis e intersetorialidade, atuando sobre os determinantes sociais da saúde, sobre as causas das causas , que ao serem enfatizadas, atua-se sobre os principais fatores que determinam a ocorrência de doenças na população; no rio abaixo concentram-se as medidas educativas e preventivas, enfatizando a culpabilização dos indivíduos e desatrelando a responsabilidade dos macrodeterminantes sobre a saúde.
A despeito destes fatos, Sasaki, 2013[footnoteRef:13], discorre sobre um dilema ainda permanente no debate em torno do modelo de promoção da saúde e suas práticas, onde pela polarização histórica de seu entendimento, a promoção da saúde pode ser dividida em: modelo regulador e modelo emancipador. A primeira apresenta-se focada nos hábitos individuais e propõe mudança nos estilos de vida; e a segunda, emancipatória, está voltada aos determinantes sociais, que reconhecem a saúde enquanto conceito ampliado. A discussão, quanto a esses dois modelos, tenciona uma dicotomia entre o amplo e o restrito, produzindo uma falsa diferenciação em que as propostas coletivas são tidas como amplas, e as restritas como individuais. [13: AK Sasaki, MPD de Souza Ribeiro - Revista Bras de Medicina de Fam comunidade, 2013 – 8(28):155-66.] 
A promoção de saúde envolve, segundo Cerqueira (1997), duas dimensões: a conceitual – princípios, premissas e conceitos que sustentam o discurso da promoção de saúde - e a metodológica – que se refere às práticas, planos de ação, estratégias, formas de intervenção e instrumental metodológico. Muitos autores vêm procurando desenvolver, clarificar e disseminar o discurso da promoção da saúde. Contudo, quanto à dimensão metodológica permanece a dificuldade de traduzi-los em práticas coerentes, a ponto de as raras práticas que privilegiam a “nova promoção de saúde” se encontrarem ainda dispersas e desarticuladas. Na prática a promoção da saúde deve ser compreendida como uma agenda integrada e multidisciplinar cujo objetivo primordial é fomentar mudanças em três níveis: assistência à saúde, gestão local de políticas públicas e proteção e desenvolvimento sociais para todos. A estratégia da promoção da saúde é integral na medida em que procura criar e fortalecer elos entre diversos setores e programas, não apenas dentro do setor de saúde propriamente dito, mas envolvendo também outras agências de governo, organizações não governamentais e movimentos sociais. 
Como ressaltam Mello et al. (1998)[footnoteRef:14], apesar de a promoção de saúde estar assinalada no capítulo da saúde na Constituição Brasileira de 1998, na Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080 /90) e encontrar ancoradouro nos caminhos da 9ª Conferência Nacional de Saúde, “políticas e ações não têm sido implementadas no cotidiano dos serviços, observando-se com frequência o uso inadequado do termo, geralmente confundido com práticas de prevenção, educação e comunicação em saúde”. [14: MELLO, D A., ROUQUAYROL, M.Z., ARAÚJO, D., AMADEI, M., SOUZA, J., BENTO, L.F., GONDIN, J.,NASCIMENTO, J. Promoção à saúde e educação: diagnóstico de saneamento através da pesquisa participante articulada à educação popular (Distrito São João dos Queiróz, Quixadá, Ceará, Brasil). Cad. Saúde Pública, v.14, n.3, p.583-95, 1998.] 
Neste contexto, cabe diferenciar promoção e prevenção da saúde: promover significa fomentar, gerar; promoção de saúde refere-se a medidas que não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e bem-estar. O enfoque da promoção da saúde é mais abrangente procurando identificar e enfrentar os macrodeterminantes do processo saúde-doença e transformá-los favoravelmente em direção à saúde; busca modificar condições de vida para que sejam dignas e adequadas e orienta-se ao conjunto de ações e decisões coletivas que possam favorecer a saúde (Czeresnia, 2009)[footnoteRef:15]. [15: Czeresnia D. O conceito de saúde e a diferença entre prevenção e promoção.in: Czeresnia D, Freitas CM. Promoção de saúde :conceitos, reflexões , tendências.Editora Fiocruz,2° edição revisada,2009.p.43-58.
] 
Prevenir significa chegar antes, impedir que se realize; são ações orientadas a evitar o surgimento de doenças específicas reduzindo sua incidência e prevalência na população. A prevenção das doenças busca que o individuo fique isento das doenças se orientando às ações de detecção, controle e enfraquecimento dos fatores de risco ou fatores causais de enfermidades , sendo o objetivo final evitar a enfermidade, a ausência de doença (Czeresnia, 2009).
No contexto do SUS, a estratégia de promoção da saúde é retomada como uma possibilidade de enfocar os determinantes sociais do processo saúde-adoecimento como: violência, desemprego, falta de saneamento básico, habitação inadequada e/ou ausente, dificuldade de acesso à educação, fome, urbanização desordenada, qualidade do ar e da água ameaçada e deteriorada; e potencializam formas mais amplas de intervir em saúde.
 Assim, diversas prioridades já foram definidas para a promoção da saúde no Brasil por meio da Politica Nacional de Promoção de Saúde, assim como promoção de hábitos alimentares saudáveis e atividade física, cessação e prevenção do tabagismo, redução da morbimortalidade devida ao abuso de álcool e outras drogas, prevenção de acidentes de trânsito e promoção do desenvolvimento sustentável e de uma “cultura de paz” com o objetivo de promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente,educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais. 
Entende-se, portanto, que a promoção da saúde é uma estratégia de articulação transversal na qual se confere visibilidade aos fatores que colocam a saúde da população em risco e às diferenças entre necessidades, territórios e culturas presentes no nosso País, visando à criação de mecanismos que reduzam as situações de vulnerabilidade, defendam a equidade e incorporem a participação e o controle sociais na gestão das políticas públicas. 
Neste contexto, a promoção da saúde apresenta-se como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma política transversal, integrada e intersetorial, que faça dialogar as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do governo, o setor privado e não governamental, e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos sejam partícipes na proteção e no cuidado com a vida. Vê-se, portanto, que a promoção da saúde realiza-se na articulação sujeito/coletivo, público/privado, estado/sociedade, clínica/política, setor sanitário/outros setores, visando romper com a excessiva fragmentação na abordagem do processo saúde-adoecimento e reduzir a vulnerabilidade, os riscos e os danos que nele se produzem.
Apesar da abordagem inovadora e do potencial para mudança social, os princípios da promoção da saúde ainda estão longe de serem plenamente compreendidos e praticados por todos os profissionais e gestores da saúde. Reconhecendo a herança histórica do setor sanitário, pode-se questionar a capacidade do setor saúde avançar além da assistência e da prevenção e as ações de âmbito coletivo e que incidem sobre os determinantes socioeconômicos e ambientais são dificilmente contempladas. Contudo, é possível defender que o setor da saúde tem maior potencial do que outros do poder público para indicar as ações necessárias à promoção, mesmo que sua execução coubesse a setores afins, como saneamento, habitação, educação, assistência social. 
Assim , o setor da saúde poderia ter, além das atribuições “tradicionais”, um papel de destaque para a operacionalização da intersetorialidade, sensibilizando outros setores e viabilizando a pactuação de metas e objetivos comuns, voltados a impactar positivamente sobre as condições de vida cotidianas e seus determinantes socioeconômicos e ambientais. Conforme ressalta Buss, 2000, os profissionais de saúde, os movimentos sociais e as organizações populares, políticos e autoridades públicas têm responsabilidades sobre as repercussões positivas ou negativas que as políticas públicas têm sobre a situação de saúde e as condições de vida. Não há receitas prontas. A mediação intersetorial e entre população e poder público, assim como a capacitação para o exercício da cidadania e do controle social são contribuições inestimáveis que a prática da promoção da saúde pode trazer para a sociedade.
Unidade 2 - Educação em Saúde Popular 
A palavra educar tem origem no latim, que significa educare, conduzir de um estado a outro, modificar em uma determinada direção o que é suscetível de educação, ou seja, por meio da educação as pessoas podem realizar mudanças em sua vida, alterando hábitos e costumes (Silva et al, 2007)[footnoteRef:16]. De acordo com Brandão, 1985, a escola não é o único lugar onde a educação acontece e o professor profissional não é o único praticante, desta forma vale diferenciar a educação formal, não formal e informal. De acordo com Mialhe et al. (2009)[footnoteRef:17] apud Gohn, (2006), a educação formal é aquela desenvolvida nas escolas com conteúdos previamente demarcados, sob responsabilidade dos professores. Normatiza os currículos em nível nacional e são fiscalizadas por órgãos pertencentes ao Ministério da Educação. Pressupõe ambientes normatizados, tempo e local específico, profissionais especializados, organização curricular e sistematização sequencial de atividades. Tem um caráter metódico e usualmente, divide-se por idade/classe de conhecimento. Já a educação não formal acontece no cotidiano por meio de processos de compartilhamento de experiências, principalmente em espaços e ações coletivas. Visa alcançar objetivos definidos, entretanto pode ser mais difusa, ter uma duração variável, conceder ou não certificados. Os espaços educativos localizam-se fora das escolas, em locais considerados “informais”, mas a partir de processo interativos intencionais, isto é, comprometidos com os processos de ensinar e aprender. Para Gohn, 2006 a “educação não formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais”. Neste tipo de educação podem ser incluídos espaços como museus, igrejas, organizações sociais, partidos, empresas, e outros nos quais as atividades sejam desenvolvidas com um objetivo definido. Por fim, a educação informal é a que acontece em ambientes espontâneos, em que as relações sociais, família, bairro, clube, grupo de amigos, se desenvolve. Ela não é organizada e as trocas de conhecimentos não são sistematizadas. Desta forma, observa-se que a diferença entre educação não formal e informal, usualmente tomadas como sinônimos é a intencionalidade da ação. Enquanto a não formal orienta-se por uma prática com objetivos e expectativas definidas, a informal manifesta-se difusa no próprio processo de socialização dos indivíduos. As práticas educativas intencionais formais e não formais são importantes para a ampliação da percepção e para compreensão do mundo garantindo a participação efetiva e responsável dos cidadãos (Mialhe et al., 2009)[footnoteRef:18] inclusive, em relação às práticas de saúde. [16: Silva CMC, Meneghin MC, Pereira AC, Mialhe FL. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas práticas. Ciência e Saúde Coletiva. 2010;15(5):2539-550.
] [17: Mialhe FL, Silva CMC, Cunha RB, Possobon RF. Educação em Saúde. In: Tratado de Saúde Coletiva em Odontologia. Nova Odessa: Editora Napoleão, 2009.p. 442-76.
] [18: Mialhe FL, Silva CMC, Cunha RB, Possobon RF. Educação em Saúde. In: Tratado de Saúde Coletiva em Odontologia. Nova Odessa: Editora Napoleão, 2009.p. 442-76.
] 
Neste contexto, diversos autores buscaram definir educação em saúde, como Green et al.,1980 que a definiram como: “qualquer combinação de experiências de aprendizagem delineadas com vistas a facilitar ações voluntárias de comportamentos conducentes à saúde”. Mialhe et al., 2009 apud Candeias, 1997 ponderaram as particularidades desta definição onde: combinação enfatiza a importância de combinar múltiplos determinantes do comportamento humano com experiências de aprendizagem e de intervenções educativas; delineada distingue o processo de educação de saúde de outros processos que contenham experiências acidentais de aprendizagem, apresentando-o como uma atividade sistematicamente planejada; voluntariedade significa sem coerção e com plena compreensão e aceitação dos objetivos educativos implícitos e explícitos nas ações desenvolvidas e recomendadas e ações são as medidas comportamentais adotadas por uma pessoa, grupo ou comunidade para alcançar um efeito intencional sobre a própria saúde. 
A educação em saúde contribui para aumentar a autonomia das pessoas no autocuidado e no debate com os profissionais e os gestores do setor, para alcançar uma atenção de saúde de acordo com suas necessidades. Desta forma, a educação em saúde potencializa o exercício da participação popular e do controle social sobre as políticas e os serviços de saúde, no sentido de que respondam às necessidades da população (Brasil, 2009)[footnoteRef:19]. Sua finalidade é difundir elementos, respeitando a cultura local, que possam contribuir com o empoderamento dos sujeitos coletivos, tornando-os capazes de autogerirem seus processos de saúde-doença, com vistas à melhoria da sua qualidade de vida. Assim, mobilizar as pessoas a atuarem em prol da própria saúde requer intervenções educativas que promovam uma compreensãodos condicionantes da saúde, relacionando-os ao viver cotidiano (Guimarães, Lima, 2012). De acordo com Mialhe et al. (2009), a educação em saúde é uma importante estratégia para promover a saúde das coletividades seja por meio do desenvolvimento de habilidades pessoais para o autocuidado, a partir de um modelo vertical de transmissão de informações visando à manutenção da saúde e prevenção de doenças, seja por meio de processos de empoderamento pessoal e comunitário objetivando capacitar as pessoas a lutar por melhorias em suas condições de vida. [19: Brasil. Constituição da República Federativa do Brasil. 40.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. 
] 
Historicamente as práticas de educação em saúde no Brasil, entre o final do sec. XIX e inicio do sec. XX se organizavam a partir do modelo campanhista para combater as epidemias, mantendo a estrutura e o modo de operações militares, adotando um modelo repressivo de intervenção médica nos corpos individuais e sociais. (Silva et al., 2010)[footnoteRef:20] Neste período foi criada a polícia sanitária com ações baseadas no discurso da higiene, com predomínio de imposição de normas e medidas de saneamento consideradas científicas pelos técnicos e burocratas. O Estado identificava a falta de informação da população como causa para a existência das doenças, assim, eram distribuídos folhetos avulsos, denominados Conselhos ao Povo, sobre os meios de evita-las (Silva et al., 2010). [20: Silva CMC, Meneghin MC, Pereira AC, Mialhe FL. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas práticas. Ciência e Saúde Coletiva. 2010;15(5):2539-550.
] 
A partir da década de 20 emergiu uma nova prática de educação voltada para a saúde, denominada educação sanitária, influenciada pela estrutura norte-americana. A educação sanitária surge com um papel de substituir os métodos repressivos das campanhas sanitárias pela persuasão e conscientização dos métodos educativos e preventivos junto a indivíduos e coletividades. Este modelo baseava-se na visão de que as doenças não eram só produzidas pelo meio externo, mas também pela consciência sanitária das pessoas. Esta nova estrutura veio retirar a autoridade de polícia sanitária e as ações de educação em saúde passaram a se desenvolver pelos educadores sanitários e professoras, os quais eram treinados para exercerem a função de educar a população escolar. A padronização das informações e do desempenho dos técnicos era desejável pelos serviços, que se valiam de cursos de formação com ênfase no uso de equipamentos e materiais de comunicação e repetição das mesmas falas em qualquer lugar onde estivessem. Porém, a grande falha na proposta foi o pequeno peso conferido aos fatores ambientais e ainda a excessiva importância aos agentes etiológicos, onde as ações não intervinham nas condições de vida e de trabalho a que as populações infantis da classe popular estavam submetidas (Silva et al., 2010). Essas concepções fundamentaram os serviços de saúde a partir da década de 30 durante o Governo de Getúlio Vargas. Neste período, as ações de saúde passaram a se concentrar em campanhas sanitárias e programas especiais, como materno infantil e pronto-socorro, para onde recorriam as camadas da população que não podiam pagar ou que não estavam incluídas na assistência previdenciária.
A partir da década de 50 as práticas de educação em saúde passaram a ter um caráter informativo não participativo, onde educar para a saúde significava priorizar as intervenções preventivas, não se atendo somente às ações curativas, podendo esse processo ser desenvolvido em diversos espaços, como nos centros de saúde e comunidades (Alves, 2005). Nesta fase, ênfase era dada à transmissão de informações sobre a saúde, considerando-se que seria suficiente para que as pessoas adotassem as condutas recomendadas. A situação de ensino-aprendizagem mais comum era aula expositiva, entrevistas, palestras, reuniões, complementadas em maior ou menor grau por leituras e recursos visuais. A despeito destes fatos, a educação em saúde ainda é fortemente influenciada por pressupostos biomédicos e focada em metodologias para facilitar a apreensão dos conhecimentos técnicos e científicos pelo usuário. Nesta concepção, ênfase ainda é dada a transmissão de informações, pressupondo haver uma rota linear entre o aumento de conhecimentos em saúde e mudanças de comportamento e consequente transformação (Milahe et al., 2009); este campo de práticas conhecido como educação para a saúde pressupõe que o indivíduo alcançará melhores condições de saúde após ser devidamente educado. Como ressalta Mialhe et al. (2009) apud Morosini et al. (2007), as características deste modelo de educação de acordo com suas etapas são:
Educa-se: é a transmissão de informações ou normas corretas a serem adotadas.
Indivíduo ou grupo recebe a informação: sem que o educador procure saber quais as formas de pensar e perceber os problemas e soluções propostas.
O educador pensa que o que foi dito é entendido da forma como ele imaginou, que a comunicação ocorreu sem conflitos.
Se a comunidade ou indivíduos não adotarem a conduta correta é um problema de cada um. 
Nesta forma de educação o educador pensa em si como um simples transmissor de informação ou normas a serem adotadas, residindo à crença de que esta por si pode causar mudanças. Neste sentido, os indivíduos são receptores passivos sem a valorização do saber que a população tem sobre seus problemas, reduzindo o poder educativo. Com o desapontamento com os resultados alcançados o educador aposta na falta de recursos materiais como folders, folhetos, apostilas ou adota uma postura de culpabilização dos indivíduos pela não adoção das medidas corretas com dizeres como: esse pessoal não liga para nada mesmo/ não adianta falar que eles não aprendem (Mialhe et al., 2009 apud Morosini et al, 2007).
De acordo com Mendes e Vianna (2000) este modelo de educação para saúde apresenta algumas características, como:
Verticalidade: educação exercida de cima para baixo, em uma ação unilateral do conhecimento onde uma parte o detém e a outra o recebe passivamente.
Descontinuidade: os programas educativos podem ser interrompidos ou cancelados sem explicação técnica ou por decisão política, ou desinteresse criando insatisfação e perda de confiança.
Biologismo: predomínio do enfoque biologista, individual, privilegiando-se o tratamento médico, com ênfase no aspecto curativo em detrimento do enfoque biopsicossocial, coletivo e preventivo.
Desarticulação de saberes: ausência de diálogo entre o saber popular e o sabe científico, que dê origem a um conhecimento integrado com estímulo à participação.
Estilo de campanha publicitária: atividade educativa é apresentada como campanha informativa, massificando o conhecimento sem estabelecer canais de retorno e sem avaliar sua eficácia conceitual.
Ausência de unidade conceitual: a informação oferecida é dada de acordo com o ponto de vista do educador, assim, conceitos de informação, promoção, comunicação e divulgação são assimilados como educação.
Esta abordagem dificulta o desenvolvimento de uma consciência critica do sujeito na medida em que parte do pressuposto de que este nada sabe e que é preciso preencher os espaços vazios da sua mente depositando nesta os conhecimentos que se julgam importantes sem que os sujeitos possam questioná-los. 
Hoje sabe-se que o conhecimento científico é necessário, mas insuficiente por si, para promover mudanças comportamentais positivas nos indivíduos. Esta concepção é conhecida como educação bancária, que de acordo com Paulo Freire, a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los, sendo o saber uma doação dos que se julgam sábios aos que se julgam nada saber (Mialhe et al., 2009). A concepção bancária de educação é antidialógica por natureza, Freire, 1980 aborda essa questão elencando uma série de características, destacando-se: o educador ensina e os educandos são ensinados; o educador sabe tudo e os educandos nada sabem; o educador pensapara si e para os educandos; o educador escolhe o conteúdo do programa e os educandos adaptam-se; o educador é sujeito do processo de formação enquanto que os educandos são simples objetos dele (Freire, 1980, p.79-80).
A partir da década de 70, novas práticas foram propostas na área da Educação em saúde abrindo-se espaço para novas experiências (Costa-Silva et al., 2010). A educação na área de saúde que está relacionada com ações que buscam autonomia e poder, baseadas nos pressupostos da educação libertadora e problematizadora de Paulo Freire, fundamentam-se em uma educação dialógica que rompe com os esquemas verticais característicos da educação bancária, onde o educador é o que enquanto educa é educado em diálogo com o educando que ao ser educado também educa. Assim, ambos tornam-se sujeitos do processo em que crescem juntos, libertando os sujeitos das relações de opressão e domesticação. Nesse sentido, problematizar não é criar problemas por criar, mas, através do diálogo, levantar questionamentos sobre situações problemáticas no intuito de fazer pensar, refletir, acerca das questões ligadas ao contexto social que se quer mudar por meio da conscientização-ação. 
Ênfase passou a ser a formação da consciência crítica em saúde com a democratização do conhecimento nas ações de saúde, possibilitando o diálogo, a participação ativa e crítica, com um caráter transformador. Neste modelo, por meio do uso de metodologias participativas de educação em saúde, reconhece-se o usuário como sujeito das práticas de saúde, enquanto premissa para o entendimento das necessidades subjetivas e das características culturais dos indivíduos. A ideia é capacitá-los para decidir sobre sua saúde, mediante a aquisição de habilidades e do aprendizado de formas “adequadas” de pensar e fazer (Guimarães; Lima, 2012).
Assim, a educação problematizadora faz uso do diálogo e da comunicação nivelada entre educador e educando (Gadotti, 1996,), passar a trabalhar com as pessoas e não mais para as pessoas. Esse diálogo assume o pressuposto de que todos possuem potencial para serem protagonistas de sua própria história, de que estão motivados para se organizar e possuem expectativas sobre as possibilidades de mudança (Alves; Aerts, 2011). O caráter reflexivo desse método implica na importância do aprofundamento constante da discussão sobre a realidade, para que os educandos construam sua concepção da vida social, compreendendo o seu lugar no mundo (Freire, 2005).
Assim, Figueiredo; Rodrigues-Neto; Leite (2010) discutiram as vantagens e desvantagens do modelo tradicional de educação em saúde e do modelo dialógico onde as vantagens do modelo tradicional de educação em saúde são a transmissão de conhecimento produzido cientificamente, ampliação de informações já existentes e produzir aquisição de conhecimento. Como desvantagens pode-se citar a formação de um individuo passivo e mero receptor de informações, não aplicação à realidade dos conteúdos ensinados e relação assimétrica entre educador e educando. No modelo dialógico salienta-se como vantagens a construção coletiva do conhecimento, proporcionando uma visão crítica e reflexiva da realidade e capacitação do educando para tomada de decisões. Como desvantagens pode-se salientar a falta de conhecimento e capacitação de profissionais para aplicação deste modelo. É aplicado por meio de projetos e capacitações de abrangência comunitária; grupos com menor número de participantes; atitudes de promoção de saúde e tem por finalidade de produzir autonomia no indivíduo. (Figueiredo, Rodrigues-Neto, Leite, 2010) 
Neste contexto, a educação popular em saúde segue tais pressupostos, tentando superar o fosso cultural existente entre de um lado os serviços de saúde, o saber médico e odontológico e de outro lado a dinâmica de adoecimento e cura do mundo popular. A educação popular toma como ponto de partida no processo pedagógico o saber do educando, onde os conhecimentos adquiridos na vida social, no trabalho, nas lutas diárias é a sua matéria prima. O processo de discussão não deve ser colocado de cima para baixo, ou seja, ao invés de difundir conceitos considerados corretos, procura-se problematizar em uma discussão aberta sobre o que está o incomodando e oprimindo. Na ótica da educação popular em saúde, as relações entre as equipes de saúde e os usuários dos serviços são vistas como um processo de aprendizagem mútua, que envolve crenças, valores e percepções de mundo (Alves; Aerts, 2011). Essa distância cultural pode ser superada a partir do momento em que a equipe de saúde atue sobre os problemas de saúde buscando conhecer sua dinâmica, as lógicas, os conhecimentos, ampliando os canais de interação cultural e de negociação entre os diversos grupos populares e os diferentes profissionais (Alves; Aerts, 2011).
O objetivo de toda educação em saúde é conduzir as pessoas a pensarem, sentirem e agirem sabiamente em assuntos pertencentes à saúde e a doença (Keyes, 1972). É necessário que a educação leve os indivíduos a mudar suas atitudes. As atitudes são formadas por 3 componentes:
- Componente cognitivo: constituído de nossas crenças ou cognições, opiniões e percepções sobre o objetivo da atitude, geradas a partir de nossas experiências e das informações sobre o objeto. O componente cognitivo é responsável pela apreciação do objeto, ou seja, sua classificação de acordo com as vantagens e desvantagens que ele pode trazer. Para que se tenha uma atitude em relação a um objeto é necessário que se tenha alguma representação cognitiva desse objeto. O indivíduo pode achar a informação interessante ou não.
- Componente afetivo: consiste nas atitudes baseadas em emoções e valores em relação ao objeto ou situação que gera a atitude, e não apreciação objetiva dos seu pontos forte e fracos. Visto que toda atitude inclui sentimentos, emoções e afetos, o objeto em questão pode suscitar sentimentos agradáveis ou desagradáveis, e a pessoa pode posicionar-se emocionalmente a favor ou contra o objeto. A carga emocional despertada pelo objeto é que dá às atitudes sua força motivadora, impulsionando o individuo para a ação.
- Componente comportamental: fundamenta-se nas ações do indivíduo em relação ao objeto de atitude. Pode-se dizer que é a combinação de cognição e afetivo, como instigador de comportamento em determinadas situações. A educação em saúde não busca apenas melhorar as habilidades individuais para produzir mudanças positivas nos estilos de vida, mas também suporte social e ações politicas necessárias para promover a saúde e a qualidade de vida das comunidades (Green & Kreuter, 1999).
Como enfatizam Mialhe et al., 2009 o trabalho com a educação em saúde é considerada uma importante estratégia para a promoção da saúde, voltada a promover mudanças nos campos educacionais (conhecimentos, atitudes e habilidades), organizacionais (práticas, programas, políticas, legislações), econômicos e ambientais (ambientes físicos e sociais). O trabalho em promoção da saúde em busca da melhoria da qualidade de vida necessita de um processo que favoreça a apropriação dos programas de saúde pela população. Deste modo, cada cidadão deve atuar, em conjunto com as ações governamentais, individual e coletivamente na transformação requerida para que isto se faça realidade (Mendes e Vianna, 2000). 
Piper e Brown, 1998 recuperando as idéias de Beattie,1991, formularam um modelo para elucidar as distinções entre as abordagens de educação e promoção de saúde. As abordagens educativas são determinadas por modelos objetivos e subjetivos de intervenção que se relacionam a micro e macro intervenções criando 4 abordagens para educação e promoção de saúde. As ações educativas em nível microestrutural se baseiam em 2 modelos de intervenção um de transmissão de informações e outro de empoderamento; o primeiro enfatiza o controle e correção de comportamentos inadequados destacando os riscos a saúde caso não seja seguido um curso prescrito de ação. Envolve métodos de disseminação de informações e impacta na adesão do usuárioàs recomendações do modelo biomédico esperando diminuir o nível de morbidade da população. Porém sabe-se não ser realístico esperar mudanças de comportamento com base em somente transmissão de informação, contudo isso não significa que tal abordagem não pode ser utilizada de modo produtivo, contudo o profissional não deve adotar uma postura de culpabilização da vitima quando o paciente não segue suas recomendações e não reproduzir uma cultura de dominação ideológica direcionada a subserviência da população a estrutura da sociedade. 
O modelo do empoderamento está direcionado a melhoria do controle individual sobre sua própria saúde estruturando intervenções fundamentadas nas percepções do paciente, ou seja, o que ele considera apropriado em termos de mudança de comportamento, esperando-se aumentar a autoestima e sentimento de autocontrole sobre sua vida. Utiliza-se metodologias humanísticas e não hierárquicas via elucidação de crenças e valores dos pacientes. 
No nível macroestrutural o modelo de promoção de saúde considera que os indivíduos não são sempre os principais responsáveis por sua condição de saúde, propondo estratégias de empoderamento comunitário ao invés de concentrar-se apenas no indivíduo. Neste modelo a saúde do individuo está ligada a saúde da comunidade onde vive, portanto se a comunidade está empoderada o impacto na saúde global da comunidade será maior que se apenas indivíduos estiveram empoderado, necessitando de uma atuação multiprofissional e intersetorial, com participação de setores públicos, privados e organizações sociais, pois nenhum profissional de saúde ou organização isoladamente pode desenvolver ações de promoção de saúde por conta própria. 
 
Assim, a educação em saúde pretende ir muito além do que simplesmente informar ou tentar mudar comportamentos, busca preparar o indivíduo para o controle e a responsabilidade sobre sua própria saúde e sobre a saúde da comunidade, preparar para o empoderamento, para a participação, para a tomada de decisões, para o controle social, para exigir direitos, para atuar sobre os fatores determinantes e condicionantes de sua saúde e qualidade de vida (Pelicioni et al, 2008).
Assim, empoderamento é a capacidade de um grupo ou pessoa de realizar, por si, mudanças de atitudes que levem ao desenvolvimento próprio. (Becerra et al., 2010). Constitui um processo de reflexão e tomada de consciência quanto a sua condição atual, uma clara formulação das mudanças desejadas e da condição a ser construída. Mudança de atitude que impulsione a pessoa, grupo ou instituição para a prática metódica e sistemática no sentido dos objetivos e metas traçadas abandonando-se a antiga postura meramente reativa ou receptiva (Schiavo; Moreira, 2005).
O nível individual do empoderamento refere-se ao empoderamento construído pelo indivíduo ao ter a liberdade de refletir sobre as metas que deseja perseguir. Tem como objetivo possibilitar que os indivíduos tenham um sentimento de maior controle sobre a própria vida. Individuo empoderado é sinônimo de uma pessoa independente e autoconfiante capaz de influenciar seu meio e de atuar de acordo com princípios de justiça e equilíbrio. (Carvalho; Gastaldo, 2008). O empoderamento individual é um pré-requisito para o empoderamento comunitário e para mudanças sociais. (Kasmel e Tanggaard, 2011)[footnoteRef:21]. [21: Kasmel A, Tanggaard P. Evaluation of Changes in Individual lCommunity-Related Empowerment in Community Health Promotion Interventions in Estonia. Int. J. Environ. Res. Public Health 2011, 8, 1772-791.
] 
De acordo com Ferreira[footnoteRef:22]; Castiel, 2009, o empoderamento comunitário estimula a participação, o controle das comunidades e a definição de ações coletivas para a efetiva melhoria da qualidade de vida, a capacidade dos indivíduos de falar sobre os seus problemas e os processos que vivenciam, por meio de ações educativas que estimulem a reflexão por parte das comunidades das quais participam para uma ação crítica sobre a realidade. O empoderamento comunitário pode ser considerado, por conseguinte, um processo que conduz à legitimação, e dá voz a grupos marginalizados e, ao mesmo tempo, remove barreiras que limitam a produção de uma vida saudável para distintos grupos sociais. Indica processos que procuram promover a participação social visando ao aumento do controle sobre a vida por parte de indivíduos e comunidades, à eficácia política, a uma maior justiça social e à melhoria da qualidade de vida (Carvalho; Gastaldo, 2008) [22: Ferreira MS, Castiel LD. Which empowerment, which Health Promotion? Conceptual convergences and divergences in preventive health practices . Cad. Saúde Pública vol.25 no.1 Rio de Janeiro Jan. 2009.
] 
Considerações finais: a educação em Saúde visa capacitar o indivíduo e comunidade a uma melhor qualidade de vida, ampliando a participação de toda a população no contexto de sua vida cotidiana, e não apenas das pessoas sob o risco de adoecer, levando-os a refletir sobre sua condição real no ambiente na qual vivem (Beserra et al., 2010)[footnoteRef:23]. Apesar do grande desenvolvimento e de uma reorientação crescente no campo das reflexões teóricas e metodológicas da educação em saúde, o mesmo nem sempre ocorre na prática dos serviços, sendo um dos grandes desafios a formação de recursos humanos orientada pela educação popular e respeito aos saberes da comunidade, em busca de uma verdadeira cidadania compartilhada. [23: Beserra EP, Alves MDS, Pinheiro PNC, Vieira NFC. Educação ambiental e enfermagem: uma integração necessária. Rev Bras Enferm, Brasília 2010;63(5):848-52.
] 
Unidade 3 - Integralidade e intersetorialidade das políticas e práticas de promoção da saúde na Atenção Primaria 
	
	O Sistema Único de Saúde/SUS, propõe 3 princípios doutrinatários: Universalidade, Integridade e Equidade, que devem ser operacionalizados nos três níveis de atenção da assiat^ncia em saúde.
	Neste tópico serão abordados o princípio da integralidade e a estrategia da intersetorialidade como condutores das ações e práticas de prevenção, promoção, cura e reabilitação em saúde.
	O princípio da integralidade será considerado o eixo norteadore a intersetorialidade a estratégia articuladora dos diferentes atores envolvidos e implicados no processo de construção de ações e práticas em saúde.
	Para tanto, retomamos as especificidades do princípio da integralidade apresentadas pelo SUS, considerando que, a “integralidade é o reconhecimento na prática dos serviços de que:cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade; as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde formam também um todo indivisível e não podem ser compartimentalizadas; as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, formam também um todo indivisível configurando um sistema capaz de prestar assistência integral” (BRASIL, 1990,p.5).
	Por intersetorialidade considera-se o conceito proposto por Burlandy (2004) apud Garajau (2013, p.4)[footnoteRef:24], “a intersetorialidade compõe os diferentes setores que constroem, de forma conjunta e pactuada, um projeto integrado destinado a alcançarobjetivos mais amplos. Esse planejamento inclui a identificação de determinantes,envolvimento dos sujeitos implicados no processo e a formulação de intervençõesestratégicas que transcendam as ações setoriais e impactuem diferentes dimensões do problema em um processo técnico e político”. [24: GARAJAU, N.I. Reflexões sobre a intersetorialidade como estratégia da gestão social. III Simpósio Mineiro de Assitentes Sociais. Minas Gerais, Junho, 2013. Disponível em www.cress-mg.org.br/REFLEXÕES%20SOBRE%20...pdf. Acesso em 10 de outubro de 2014.
] 
	Para a compreensão da interelação que se estabelece entre os dois conceitos, entende-se que é a abordagem interdisciplinar auqela capaz de conta de sua efetiva operacionalização.
	Ao tomar-se a intersetorialidade como estratégia articuladora entre os diferentes atores envolvidos nos processos de saúde, seja em que nível de atenção for, entende-se que,será na interface da produção do conhecimento, entre profissionais de saúde, gestores e usuários, que se estabelerá as possibilidades de identificação dos fundamentos necessários para a sua aplicação nas práticas a serem implementadas.
	Em estudo realizado por Pauli (2013, p.8)[footnoteRef:25], ficou evidenciado entre os participantes o quão vital é a “integração entre os setores para a mlhoria da qualidade do serviço publico, organização de uma agenda de reuniões intersetoriais, fortalecimento dos grupos de trabalho e amplitude da vião do trabalho da equipe de governo”. [25: PAULI, L.T.S. A integralidade das ações em saúde e a intersetorialidade municipal.Cad.IberAmer.Direito.Sanit.,Brasília, V.2,n.2,jul/dez,2013. Disponível em www.publicaciones.fmdv.org/ojs/index.php/cuadernosderechosanitario/.../66
] 
	Desta forma, é possível afirmar que, integralidade e intersetorialidade são interdependentes para a implantação e execução da práticas em saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase nas práticas de prevenção e promoção da saúde. Portanto, as políticas de prevenção e promoção da saúde terão visibilidade e e efetivação sempre que seja considerada a lógica interdisciplinar para a sua implantação.
	“Um modelo “integral”, portanto, é aquele que dispõe de estabelecimentos, unidades de prestação de serviços, pessoal capacitado e recursos necessários, à produção deações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de promoção da saúde emgrupos populacionais definidos, às ações específicas de vigilância ambiental, sanitáriae epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até ações de assistência e recuperação de indivíduos enfermos, sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações de diagnóstico, tratamento e reabilitação” (TEIXEIRA,2013,p.6)[footnoteRef:26]. [26: TEIXEIRA, C. Os princípios do Sistema ùnico de Saúde.Salvador, 2011. Disponível em www.saude.ba.gov.br/pdf/OS_PRINCIPIOS_DO_SUS.pdf Acesso em 10 de outubro de 2014.
] 
	A Saúde integral como princípio é norteador do diálogo que se estabelece entre os diferentes setores, sejam de gestores, profissionais, usuários, organizações e instituições, governamentais ou não, que estejam implicadas nas práticas em saúde.
	Portanto, é na produção interdisciplinar do conhecimento e na atuação intersetorial que se poderá alcançar a plena aplicação do princípio da integralidade na ações em saúde efetivando a articulação entre entre gestão, política e serviço (PAULI, 2013, p.4).
	A participação ativa dos diferentes setores no desenvolvimento das ações em saúde, traz uma outra perspectiva para a ssistência, tanto na gestão quanto na utilização dos serviços, pois possibilita e estimula envolvimento e compromissos coletivos na operacionalização da políticas públicas, e expande o exercício da cidadania por meio da participação social.
	É na construção coletiva de saberes que reside a contribuição significativa da relação que se estabelece entre os setores que compartilham o cuidado da saúde da população (Pauli, 2013).	
	A prevenção e promoção de saúde, entendidos como processo e pauta fundamentais na aplicação prática do princípio de integralidade devem ser compartilhados e desenvolvidos pelos setores que compõem as diversas etapas dos processos de produção e construção das práxis em saúde.
	Por fim, na relação dialógica entre a integralidade e a intersetorialidade transversalmente permeados pela interdisciplinaridade, compartilha-se e se produz conhecimento, recursos e responsabilidades na aplicação e desenvolvimento das ações em saúde, tendo como objetivo principal a atenção integral a saúde dos sujeitos participantes e mobilizadores do processo, com plena construção e exercício da cidadania e melhoria na qualidade de vida das propulações.
Unidade 4 - Intervenção na Prática em Saúde Coletiva.
Chegamos a um ponto na formação de vocês onde a teoria já esta sendo muito be assimilada e como parte do processo de construção profissional, precisamos então colocar em prática esses conteúdos.
É normal e natural que todo profissional se sinta inseguro neste momento. Uma coisa é você ler sobre um assunto e observar ele a partir de um ponto distante. A outra é você colocar a mão na massa e fazer parte de um fenômeno que estudou bastante.
Como conteúdo importante no processo de formação de voces, vamos trabalhar agora a elaboração e avaliação de projetos em saúde coletiva. Não basta termos boas ideias. Precisamos saber colocar as idéias em prática e mesmo depois de construídas precisamos saber se elas deram ou não certo, e se podemos continuar investindo nessas ideias.
Essa unidade foi toda pensada através de duas obras, referenciadas e enviadas a vocês através do nosso sistema. A primeira que trabalharemos aqui será a de Luiz Cordoni Junior, denominada "Elaboração e Avaliação de Projetos em Saúde Coletiva" da Eduel, de Londrina. Espero que depois dessa aula vocês possam manusear esse livro e usa-lo para suprir sempre as necessidades de vocês em todos os processos de pesquisa e intervenção, afinal, sem eles não temos ciência.
A primeira parte então será a elaboração dos projetos.
PROJETOS
O que são projetos?
Eles são como receitas de bolo, que precisam ser simples, práticos e fáceis de serem seguidos. Eles devem conter explicações sobre todas as etapas da pesquisa ou da intervenção, afinal, todo pesquisador quer ser entendido e FINANCIADO. Ou como Cordoni Junior (2013) descreve, os projetos devem conter " o que será realizado, em que prazo e, sobretudo, quanto vai custar. As pessoas envolvidas na execução irão procurar saber quais as tarefas a serem executadas e quem as executará"(p.5)
Existe um grande equívoco entre alunos e alguns membros da academia de que um projeto deve ser rebuscado, denso e complexo. Muito pelo contrário. Como uma receita de bolo, ele deve ser o mais breve possível, mais simples e mais objetivo. Ele deve ser completo, objetivo, conciso e explicar passo a passo todos os procedimentos necessários para execução daquela proposta, seja ela de pesquisa ou de intervenção.
Precisamos diferenciar o que é metodologia de normas técnicas. Existem as normas técnicas da elaboração dos projetos. Estas são aquelas regrinhas chatas, e necessárias, sobre a fonte, tamanho, espaçamento, citações etc. Elas são muito úteis para que tudo siga um padrão, pois afinal, nem todo mundo tem bom senso e acabaríamos por receber projetos em papel de carta escritos por letras tão difíceis de entender quanto os hieróglifos antigos. Essas normas são muito importantes e devem sempre ser seguidas. Existem várias possibilidades de utilização delas. Desde a chamada ABNT - Associação Brasileira das Normas Técnicas, até outras definidas por periódicos e revistas ou associações. Ex: APA, Vancouver, BMC, etc.
O que veremos aqui, baseados nas orientações de Cordoni Junior (2013) não serão essas normas, mas sim, as etapas de elaboração desses projetos e algumas orientações de como elaborar uma receita de bolo que seja fácil de executar e entendível.
Título - Este responde a duas perguntas: O que? e Onde?
Pense num título para sua receita de bolo e se ele responder essas duas perguntas ele pode ser suficiente. Se responde demais ou de menos, algo pode estar errado com ele.
Ex: "Programas de Saúde em Unidades Básicas do Município X"
ex2: "Programas de Saúde voltados para as crianças, adolescentes e mulheres no Município X do Estado Y no período de 2010 a 2014 devido a Política Nacional de Promoção de Saúde - Um estudo Exploratório"
Introdução - Sobre o que voce vai pesquisar ou intervir? "Prenda-me se for capaz". Ou seja, Eu estou lendo esse texto e voce tem que me CONVENCER a continuar lendo e não largar o papel e prestar atenção no programa de domingo a tarde na Tv aberta. Cordoni Junior (2013) explica ainda que a introdução deve conter " histórico do assunto, contextualização e justificativa" (p.7). A jsutificativa deve convencer muito bem o leitor dos motivos da pesquisa ou intervenção, da importância dela. Pense que o leitor deve serconvencido a te dar o dinheiro para financiamento ou te chamar para fazer essa pesquisa. consideramos essa uma das partes mais importantes pois se for confusa ou muito abrangente o projeto perde força. Imagine que o Ministério da Saúde tem 2 milhoes de reais para investir em um projeto de intervenção em saúde coeltiva em um município do interior do Amazonas. Essa é a SUA hora de CONVENCER ele a escolher, mostrando que seu projeto é mais importante que os demais.
Diagnóstico - Parte importante mas nem sempre lembrada por todos os pesquisadores. Quando um profissional de saúde médico faz um diagnóstico ele faz várias avaliações para decidir "o que a pessoa tem"e "o que fazer". Em pesquisa é a mesma coisa. Antes de dizer "o que fazer" (projeto), precisamos saber o que se "tem". Assim, em saúde coletiva neste espaço explicamos as taxas e índices de epidemiologia da região. Eu posso morar em Porto Alegre mas eu posso avaliar seu projeto do Amazonas porque quando voce descreve os índices do município e os serviços existentes eu posso AVALIAR as necessidades dele mesmo sem nunca ter conhecido. Contanto, claro, que as informações sejam verdadeiras (e assim elas devem ser).
Objetivos - Objetivos Gerais e Específicos - existem várias possibilidade e teorias para entendimento dos objetivos e suas relações. O mais importante é sempre conversar com o orientador do projeto para entender as melhores possibilidades e avaliação.
Metas ou resultados esperados - Se promete fazer algo em um tempo determinado, é preciso dizer então o que voce fará e em quanto tempo. Eu estou te dando X mil reais para fazer algo. O que eu posso esperar disso? 
Estratégia de Intervenção ou Operacionalização - " A estratégia de intervenção é uma descrição das atividades, ocupadas ou não em operações" Cordoni Junior (2013, p.12)
Recursos necessários / Orçamento - O que fazer, como fazer, sequência de realizações. Tudo já fora explicado nos anteriores. A questão agora é quantas pessoas, quantas coisas e quanto dinheiro voce precisa para executar tudo isso que prometeu nos topicos anteriores. O mais importante aqui talvez sejam os recursos financeiros, também chamados de orçamento. Sem ele fica muito difícil avaliar sua proposta. Voce pode ter a idéia mais brilhante e o melhor plano de execução, mas se ela não for VIÁVEL financeiramente, não tem aplicabilidade. Muitas vezes a forma como o orçamento deve ser explicado no projeto vem nas orientações da agência de Fomento (Minist'rio da Saúde, FAPEAM, etc). Nós profissionais da saúde, tamos grandes dificuldades em lermos editais e entender toda a legislação, pois não somos formados em Direito ou Economia. Algumas orientações que Cordoni Junior nos presenteia:
· DESPESAS DE CAPITAL - bem duráveis e permanentes (por mais de dois anos). São aqueles que depois de terminadas as intervenções e pesquisas, permanecem como bens adquiridos. 
· DESPESAS DE CUSTEIO - material de consumo ; diárias; serviços de terceiros pessoa física; serviços de terceiros pessoas jurídicas;
	Neste momento cabe ao proponente pesquisador tomar muito cuidado pois é aqui que ele descreve como gastará todo o dinheiro ou do que precisará. Não adianta depois reclamar que não teve verba ou que ela não foi suficiente, pois a responsabilidade de descrever e detalhar será toda sua.
	Cronograma - São aquelas tabelas onde descrevemos todas as atividades e os meses que serão realizadas. Não são apenas burocráticas mas também marcos orientadores para o seu projeto. Nelas voce pode depois basear toda a sua agenda sabendo os prazos que devem ser cumpridos.
	Citações e referências - Odiada por alunos e pesquisadores mas é extremamente necessária para sabermos a fonte de tal informação e caso desejemos, possamos buscar o material original. A forma como será referenciada depende das normas utilizadas para elaboração.
	Uma vez elaborado o projeto de intervenção (ou de pesquisa), a receita do bolo está pronta. Essa deve ser enviada a quem de direito para avaliar e dar o "ok" para o início. Salvo os casos de pesquisas envolvendo seres humanos, que devem passar pelo CEP. 
	Uma vez que seu projeto foi avaliado, aprovado e financiado, voce deverá executar ele exatamente como fora proposto. Mãos a obra e a ralação começa aqui. Entretanto, depois de realizada, intervenção ou pesquisa, voce precisará elaborar um relatório.
	Sim, o trabalho do sanitarista não se resume jamais a prática. Temos tanto trabalho intelectual quando prático e não temos como fugir disso. Se queremos lutar por uma saúde conceito amplo e aplicação na prática, temos que dominar ambas as partes: teoria e prática. Não tem como fugir. O grande erro de muitos profissionais de saúde é pensar que somos treinados para "prática" apenas. Precisamos da teoria e dos conceitos para conseguirmos ir para a prática. Escrever é sempre preciso!
	Cordoni Jr (2012) mais uma vez nos apresenta o passo-a-passo de como elaborar esse relatório. Se voce elaborou o projeto e realizou a intervenção, essa parte se torna muito mais fácil.
1. Introdução
2. Objetivos (geral e específicos)
3. Metodologia
4. Resultados e discussão
1. Conclusão
2. Recomendações
3. Referências
AVALIAÇÃO DOS PROGRAMAS, PROJETOS E SERVIÇOS DE SAÚDE.
	O mercado de trabalho para sanitaristas envolve diversas opções e a tendência é que aumente cada vez mais. Temos aqui uma área em grande expansão e onde nossos conhecimentos de saúde coletiva e saúde pública podem ser muito bem utilizados e aproveitados.
	Como avaliar? Porque avaliar? 
	Sempre para poder avaliar é preciso partir de um ponto de partida. PAra dizer se algo é bom ou ruim você precisa definir primeiro o que seria bom e o que seria ruim. Assim, Cordoni Jr (2012) nos apresenta a definição de "critério". Esses critérios para comparação vão depender muito dos objetivos pros projetos e das intervenções e a que se destinam.
	Podemos utilizar padrões internacionais, valores, medidas internacionais ou dados considerados positivos que sirvam de parâmetro para nossos posicionamentos sobre determinado assunto. Se sabemos onde queremos chegar, é fácil analisar o caminho percorrido até o momento.
	Existem vários métodos de avaliação, seja quantitativo ou qualitativo. O importante é sempre saber que existe uma metodologia para que a avaliação seja imparcial e tenha valor correto, caso contrário cairia na posição de mera opinião do avaliador.
	Abaixo segue um chek list criado por Cordoni Jr (2012) para avaliar:
Planejamento
a) Entendendo as razões e possibilidades da avaliação
� O que é o programa a ser avaliado?
� Por que a avaliação está sendo requerida?
� Recursosdisponíveisparaaavaliação:tempo,recursoshumanos,
materiais e financeiros.
b) Entendendo o contexto e delimitando o programa
c) Focando o objeto a ser avaliado e identificando meios � Seleção do objeto de avaliação.
� Identificação de atores:
Patrocinador.
Cliente.
Interessados / envolvidos / afetados (stakeholders). Audiência ou cliente (quem recebe a avaliação).
d) Selecionando método, critérios e questões
� Fase divergente. São considerados vários;
� Fase convergente. São selecionados alguns;
� Seleção dos métodos de coleta e análise dos dados.
Condução
a) Coletando informações
� Documentos.
� Fontes pessoais.
� Informações qualitativas e quantitativas.
b) Analisando as informações.
c) Relatando a avaliação.
****************************

Continue navegando