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0885_Metodologia e Prática do Ensino da Sociologia II

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UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
Metodologia e 
Prática do Ensino 
da Sociologia II 
 
SEMESTRE 5 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
Créditos e Copyright 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este curso foi concebido e produzido pela Unimes Virtual. Eventuais marcas aqui 
publicadas são pertencentes aos seus respectivos proprietários. 
A Unimes Virtual terá o direito de utilizar qualquer material publicado neste curso 
oriunda da participação dos alunos, colaboradores, tutores e convidados, em 
qualquer forma de expressão, em qualquer meio, seja ou não para fins didáticos. 
Copyright (c) Unimes Virtual 
É proibida a reprodução total ou parcial deste curso, em qualquer mídia ou formato. 
 HARDAGH, Claudia. 
 Metodologia e Prática do Ensino da 
Sociologia II. Claudia Hardagh. Santos: Núcleo de 
Educação a Distância da UNIMES, 2015. 99p. (Material 
didático. Curso de ciências sociais). 
 Modo de acesso: www.unimes.br 
 1. Ensino a distância. 2. Ciências Sociais. 3. 
Ensino de sociologia. 
 CDD 300 
 
http://www.unimes.br/
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS 
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS 
PLANO DE ENSINO 
 
 
 
 
CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais 
COMPONENTE CURRICULAR: Metodologia do Ensino de Sociologia II 
SEMESTRE:5º 
CARGA HORÁRIA TOTAL: 80 horas 
 
EMENTA: 
Apresenta reflexão sobre a atividade de ensino e o processo de aprendizagem e 
análise do currículo para a disciplina de Sociologia no Ensino Médio, discutindo 
alternativas. Estudo e pesquisa dos recursos didáticos para a prática do professor e 
a elaboração de projetos interdisciplinares. Apresentação da dimensão histórica do 
ensino de sociologia no contexto escolar brasileiro, seus fundamentos teóricos e 
metodológicos. Solidificação das concepções teóricas sociologias e sua relação com 
questões sociais importantes, como Mobilidade Social, Estratificação Social, Papéis 
Sociais, Classe social e Desigualdade Social. Discute o processo de socialização e 
sua relação com as instituições sociais, como a família, a igreja e a própria 
educação. Retoma questões sociais relacionadas ao processo de Globalização e à 
Cultura, ao Consumo, à Mídia e ao Poder. 
OBJETIVO GERAL: 
Aprofundar a reflexão sobre conteúdos e práticas do ensino de sociologia na 
educação básica. 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 Unidade I - A Sociologia no currículo 
Objetivos da Unidade 
Ampliar e aprofundar as contribuições da disciplina Sociologia no currículo do Ensino 
Médio e propor a Sociologia Crítica. 
 
Unidade II - Teorias Sociológicas I 
Objetivos da Unidade 
Ampliar os conhecimentos sobre as concepções sociológicas de Durkheim e Marx. 
 
Unidade III - Teorias Sociológicas II 
Objetivos da Unidade 
Ampliar os conhecimentos sobre as concepções sociológicas de Weber, Gramsci, 
Bourdieu e Florestan. 
 
Unidade IV - Conceitos importantes para a Sociologia em sala de aula I 
Objetivos da Unidade 
Ampliar os conhecimentos acerca dos conceitos de: Estratificação Social, Mobilidade 
Social, Papéis Sociais, Classes sociais e Desigualdade Social. 
 
Unidade V - Conceitos importantes para a Sociologia em sala de aula II 
Objetivos da Unidade 
Ampliar os conhecimentos acerca dos conceitos de: Ideologia, Cultura de Massa e 
Indústria Cultural; Como apresentar sociologicamente as instituições: familiar, 
escolar e religiosa. 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO: 
UNIDADE I: A Sociologia no currículo escolar 
UNIDADE II: Teorias Sociológicas I 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
UNIDADE III: Teorias Sociológicas II 
UNIDADE IV: Conceitos importantes para a Sociologia em sala de aula I Objetivos 
da Unidade 
UNIDADE V: Conceitos importantes para a Sociologia em sala de aula II Objetivos 
da Unidade 
 
Bibliografia Básica: 
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro, 
Zahar, 1996. 
BOURDIEU, Pierre. A miséria do mundo. Petrópolis, Vozes, 1999 
BAUMAN, Zygmunt. Aprendendo a pensar com a sociologia. Rio de Janeiro, 
Jorge Zahar Editores, 2010. 
 
Bibliografia Complementar: 
DOWNING, John D.H. Mídia Radical. Rebeldia nas Comunicações e Movimentos 
Sociais. São Paulo, Ed. Senac, 2002. 
GRARESCHI, Pedro. Sociologia crítica: alternativas de mudança. Porto Alegre, 
Mundo Jovem, 1984. 
IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 
1996. 
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. São Paulo, Atlas, 1990. 
SANTOS, Boaventura. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 
São Paulo, Cortez, 1995. 
 
 
METODOLOGIA: 
A disciplina está dividida em unidades temáticas que serão desenvolvidas por meio 
de recursos didáticos, como: material em formato de texto, vídeo aulas, fóruns e 
atividades individuais. O trabalho educativo se dará por sugestão de leitura de 
textos, indicação de pensadores, de sites, de atividades diversificadas, reflexivas, 
envolvendo o universo da relação dos estudantes, do professor e do processo 
ensino/aprendizagem. 
 
 
UNIVERSIDADE 
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SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
 
AVALIAÇÃO: 
A avaliação dos alunos é contínua, considerando-se o conteúdo desenvolvido e 
apoiado nos trabalhos e exercícios práticos propostos ao longo do curso, como 
forma de reflexão e aquisição de conhecimento dos conceitos trabalhados tanto na 
parte teórica como na prática e habilidades. Prevê ainda a realização de atividades 
em momentos específicos como fóruns, chats, tarefas, avaliações a distância e 
Prova Presencial, de acordo com a Portaria de Avaliação vigente. A Avaliação 
Presencial, está prevista para ser realizada nos polos de apoio presencial, no 
entanto, poderá ser realizada em home seguindo as orientações das autoridades da 
área da saúde e da educação e considerando a Pandemia COVID 19. 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE 
METROPOLITANA DE 
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Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
Sumário 
 
Aula 01_ Dimensão Histórica da Sociologia. ................................................................................ 9 
Aula 02_ O Ensino da Sociologia no Contexto Escolar Brasileiro. ............................................13 
Aula 03_ Fundamentos Teóricos e Metodológicos. ....................................................................15 
Aula 04_ A Escolha pela Sociologia Crítica. ................................................................................17 
Resumo Unidade I .........................................................................................................................19 
Aula 05_Concepções sociológicas de Karl Marx. .......................................................................20 
Aula 06_Concepções sociológicas de Émile Durkheim. ............................................................22 
Resumo Unidade II ........................................................................................................................24 
Aula 07_Concepções sociológicas de Max Weber. ....................................................................25 
Aula 08_Concepções sociológicas de Antonio Gramsci. ...........................................................27 
Aula 09_Concepções sociológicas de Bourdieu. ........................................................................30 
Aula 10_Concepções sociológicas de Florestan Fernandes. ....................................................32 
Resumo Unidade III .......................................................................................................................34Aula 11_Estratificação social ........................................................................................................35 
Aula 12_Mobilidade social. ............................................................................................................37 
Aula 13_Papéis sociais. ................................................................................................................39 
Aula 14_ Classes sociais e desigualdade social. ........................................................................41 
Resumo Unidade IV .......................................................................................................................43 
Aula 15_O processo de Socialização e as Instituições Sociais. ................................................44 
Aula 16_ Instituição familiar. .........................................................................................................45 
Aula 17_ Instituição escolar. .........................................................................................................47 
Aula 18_Instituição religiosa. ........................................................................................................48 
Resumo Unidade V ........................................................................................................................50 
Aula 19_ Cultura e a Indústria Cultural. .......................................................................................51 
Aula 20_ Sociedade de consumo: individualismo, competição e concorrência. ......................53 
Aula 21_ Poder, Política e Ideologia. ...........................................................................................55 
Aula 22_Propaganda e mídia........................................................................................................57 
Aula 23_ Poder Político e Mídia. ..................................................................................................59 
Aula 24_ Movimentos sociais........................................................................................................61 
Aula 25_ Multiculturalismo. ...........................................................................................................63 
Aula 26_ Globalização. ..................................................................................................................66 
 
 
UNIVERSIDADE 
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SANTOS 
Núcleo de Educação a Distância 
CIÊNCIAS SOCIAIS 
Resumo Unidade VI .......................................................................................................................68 
Aula 27_ A questão ambiental. .....................................................................................................69 
Aula 28_ Organizações Não Governamentais. ...........................................................................71 
Aula 29_Metamorfoses do mundo do trabalho. ..........................................................................73 
Aula 31_Desenvolvimento sustentável e consumo. ...................................................................77 
Aula 32_Síntese reflexiva da disciplina. .......................................................................................79 
 
 
 CIÊNCIAS SOCIAIS 
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9 
Aula 01_ Dimensão Histórica da Sociologia. 
 
Estamos numa nova etapa de nossa disciplina e, nesta unidade, vamos 
aprofundar nossos estudos nos conceitos de Sociologia que podem ser usados na 
sala de aula. Procuraremos relacionar a parte teórica de Sociologia com a parte 
prática de Pedagogia, ao longo do curso, refletindo sobre a contribuição da 
Sociologia para a educação. 
A disciplina Sociologia procura mostrar como o sistema capitalista passou por 
constante transformação e como as formas de produção, distribuição e opressão se 
aprimoraram e sofreram metamorfoses para a sobrevivência desse sistema. Isso 
implica novas formas de olhar, compreender e atuar socialmente, 
consequentemente as inquietações dos sociólogos não cessa com o intuito de 
entender essas metamorfoses. 
Podemos afirmar que essas inquietações foram as mesmas da época da 
revolução industrial por alterar toda a infra e superestrutura existente. 
No contexto do século XVIII, a Sociologia, para assumir o status de ciência, 
ficou no rastro do pensamento positivista, vinculada à ordem das Ciências Naturais. 
O caráter científico, tão buscado e valorizado na época (século XIX), estava ligado à 
lógica das ciências ditas “experimentais”. Ou seja, para ascender ao estatuto de 
ciência, deveria atender a determinados pré-requisitos e seguir métodos “científicos” 
que pretendiam também a neutralidade e o estabelecimento de regras fechadas que 
engessavam o pensamento sociológico. 
Os representantes desse pensamento são: Augusto Comte (1798-1857) e 
Émile Durkheim (1858-1917), o primeiro a usar o termo Sociologia, relacionando-o 
com a ciência da sociedade; e Émile Durkheim que adotou conceitos elaborados por 
Comte, especialmente o de ordem social, para delinear uma das correntes 
representativas do pensamento sociológico. 
Ambos os pensadores tiveram em comum a busca de soluções para os 
graves problemas sociais gerados pelo modo de produção capitalista; isto é, a 
miséria, o desemprego e as consequentes greves e rebeliões operárias. Cada um 
desses sintomas sociais foi analisado por esses pensadores como desvios ou 
 
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10 
anomalias da sociedade, que poderiam ser corrigidos ou mesmo solucionados pelo 
resgate de valores morais – como a solidariedade – os quais restabeleceriam 
relações estáveis entre as pessoas, independentemente da classe social a que 
pertencessem. 
Um dos mecanismos responsáveis por essa tarefa seria a educação, capaz 
de adequar devidamente os indivíduos à nova sociedade. Tais pensadores a 
analisaram sob determinado ponto de vista e preconizaram a manutenção do 
status quo, da ordem estabelecida e, de alguma forma, pelo elogio à sociedade 
capitalista. 
Apesar de ter nascido com a missão de amparar o sistema vigente, a 
sociologia desenvolveu também um olhar crítico e questionador sobre a sociedade. 
O pensador alemão Karl Marx (1818-1883) trouxe importantes contribuições ao 
pensamento sociológico porque desnudou as relações de exploração que se 
estabeleceram a partir do momento em que uma determinada classe social 
apropriou-se dos meios de produção e passou a deter e conduzir os mecanismos 
(as ações) da sociedade. 
 De acordo com o pensamento de Marx, não há soluções conciliadoras numa 
sociedade cujas relações se baseiem na exploração do trabalho e na crescente 
espoliação da maioria. 
Para Marx, a teoria apenas tem sentido se transformada em práxis, ou seja, 
em ação fundamentada politicamente para transformar as estruturas de poder 
vigente e construir novas relações sociais, fundadas na igualdade de condições a 
todos os indivíduos. 
Para Marx, a única possibilidade de superar a desigualdade e a opressão está 
na construção de uma nova sociedade, que pressuponha a inexistência de classes 
sociais e, portanto, de dominação de uma minoria sobre uma maioria. 
Outra importante contribuição ao pensamento sociológico crítico – Ver aula 
4 e revolucionário pode ser encontrada nos escritos do italiano Antonio Gramsci 
(1891-1937), cujas análises foram incorporadas principalmente às pesquisas 
sociológicas e educacionais. Criados por Gramsci, os conceitos de hegemonia, 
intelectual orgânico e escola única auxiliam no processo de repensar as estruturas 
educacionais. 
 
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No Brasil, tanto as ideias conformistas quanto as revolucionárias exerceram 
forte influência na formação do pensamento sociológico brasileiro.Autores como Silvio Romero (1851-1914), Euclides da Cunha (1866-1909) e 
Oliveira Vianna (1883-1951), considerados conservadores, configuraram uma 
tradição ensaísta – sem uma preocupação especificamente científica– preocupada 
em pensar o que seria a identidade cultural nacional. Os estudos históricos, literários 
e as análises sociológicas das três primeiras décadas do século XX, realizados por 
esses e outros autores, problematizaram a nação brasileira no contexto da chamada 
modernização. Temas como raça e cultura eram o foco desses estudos. A grande 
questão era construir, delinear e definir a brasilidade. 
Já na década de 1930, temos as contribuições de Gilberto Freyre e Fernando 
de Azevedo que, em suas obras, analisaram com maior rigor científico a realidade 
brasileira e procuraram estabelecer sínteses explicativas do Brasil. 
Gilberto Freyre (1900-1987): formado pela Sociologia norte-
americana, recebeu forte influência teórica da chamada escola culturalista. Sua obra 
mais conhecida, “Casa-Grande & Senzala”, problematizou a questão étnico-racial e 
assumiu como positiva para a cultura brasileira a miscigenação entre brancos de 
origem europeia e negros de origem africana. Essa obra e suas teses repercutiram 
intensamente no cenário intelectual brasileiro e tornaram-se referências nos estudos 
sociológicos. Apesar da importância de sua obra, Freyre foi considerado um 
pensador conservador, devido à ausência, em seus trabalhos, de uma crítica mais 
profunda das estruturas econômicas que determinavam a existência do sistema 
escravista. 
Fernando de Azevedo (1894-1974): um dos principais representantes 
do pensamento escola novista no Brasil e redator do Manifesto dos Pioneiros da 
Educação Nova (1932) contribuiu para o tratamento científico que a educação 
passaria a receber por meio da ciência sociológica. Na sua obra, a educação foi 
considerada, pela primeira vez, um problema social e, como tal, mereceria também 
um tratamento analítico especial. 
 Caberia à Sociologia não somente esta tarefa, mas, também, a atribuição de 
“salvar a educação” e, consequentemente, a sociedade. 
 
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12 
 Por sua vez, como forma de pensar e explicar a sociedade capitalista, o 
marxismo teve fortes repercussões no Brasil, notadamente a partir de 1930, com a 
criação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo (1933), da 
Universidade de São Paulo (1934) e da Universidade do Distrito Federal (1935). 
Esses novos institutos universitários tornaram se centros aglutinadores de 
intelectuais importantes, tais como: 
 Caio Prado Júnior (1907-1980); 
 Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982); 
 Florestan Fernandes (1920-1995); 
 Otávio Ianni (1926-2004). 
Esses intelectuais apresentaram uma produção sociológica significativa que, 
somada à presença de professores estrangeiros convidados, sobretudo os da 
chamada Missão Francesa – o primeiro grupo de professores contratados para 
inaugurar, em São Paulo, os cursos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
USP, em 1934 –, contribuíram para que a Sociologia no Brasil se firmasse. Uma 
nova geração de sociólogos definiria os rumos desse conhecimento. 
 A produção sociológica desses e outros autores posteriores esteve atenta 
aos grandes problemas sociais decorrentes das mudanças econômicas e políticas 
da sociedade brasileira, como os movimentos sociais agrários e urbanos, os 
movimentos estudantis, as mudanças na organização do mundo do trabalho. As 
questões das minorias – indígenas, mulheres, negros, homossexuais – passaram a 
ter mais atenção e as instituições sociais passaram a ser estudadas em sua 
dinâmica social e histórica. 
Muitas destas questões mencionadas acima serão temas de nossas próximas 
aulas e teremos como objetivo mostrar a importância em estudar, refletir e debater 
estes temas que são polêmicos em nossa sociedade. 
 
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13 
Aula 02_ O Ensino da Sociologia no Contexto Escolar Brasileiro. 
 
Ao estudar a história do ensino de Sociologia no Brasil fica clara a sua 
descontinuidade nas grades curriculares das escolas de ensino secundário, 
demonstrando a dificuldade em firmar-se como área do conhecimento fundamental 
para a formação humana, e sua instabilidade ligada a interesses e vontades 
políticas. 
Apesar de não haver formação de professores em nível superior nessa área, 
a adoção da disciplina nos cursos secundários ocorreu no início da República 
(1891). Em 1901, o Decreto n.º 3890, de 1.º de janeiro, retirou a disciplina 
oficialmente dos currículos escolares. Retornou somente em 1925, na escola 
secundária Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, e em 1928 passaria a ser ministrada 
nas escolas de formação de professores e no chamado ciclo complementar para 
quem desejasse frequentar cursos superiores nas áreas de Direito, Ciências 
Médicas, Engenharia e Arquitetura. 
Conforme foi visto na aula anterior, em 1930, com a criação dos Cursos 
Superiores de Ciências Sociais, ocorreu um rápido desenvolvimento da pesquisa 
sociológica e na formação de quadros intelectuais e técnicos para pensar o país e 
dar suporte às políticas públicas em expansão, durante o Estado Novo. 
Após a instalação do Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas, várias 
medidas educacionais foram tomadas para reforçar as ideias de nacionalismo. A 
chamada Reforma Capanema (1942) retirou a obrigatoriedade do ensino de 
Sociologia nas escolas secundárias; como consequência, a disciplina praticamente 
desapareceu dos currículos escolares. 
 A constante retirada da Sociologia do currículo escolar mostra que somente 
através da obrigatoriedade era feita sua adoção, configurando a falta de 
entendimento de sua importância na formação educacional. 
 Em 1950 e início da década de 1960, o clima de democracia política que o 
país viveu favoreceu a disseminação das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras 
pelo Brasil. 
No período da ditadura militar, na década de 1970, a Sociologia continuou 
excluída das grades curriculares dos cursos secundários e permaneceu apenas nos 
 
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14 
cursos de formação para magistério e, constantemente, substituída pela disciplina 
de Fundamentos da Educação. 
Nos programas de políticas públicas educacionais implementados no mesmo 
período, pela Lei 5692/71, que instituía a obrigatoriedade do ensino profissional no 
chamado 2.º grau, outras disciplinas foram criadas: Educação Moral e Cívica, 
Organização Social e Política Brasileira e Ensino Religioso. Essas disciplinas foram 
marcadas por um acentuado caráter moral e disciplinador. Percebe-se a volta para 
sua missão inicial de embasar teoricamente o momento histórico que se vivia. 
A sociedade atual não concebe mais a neutralidade do discurso e a 
Sociologia tem a função de ir além da leitura e da interpretação teórica da 
sociedade. A sua missão inicial de adaptar o indivíduo ao seu meio, justificar as 
mazelas do sistema e enquadrar via educação o homem no regime vigente e 
paramos simplesmente na crítica, não é viável neste contexto em que a sociedade 
se intitula por conhecimento e as verdades estão todas sendo questionadas. 
Os grandes problemas vividos hoje são provenientes do acirramento das 
forças do capitalismo mundial e do desenvolvimento industrial desenfreado, dentre 
outras causas, exigindo sujeitos capazes de refutar a lógica neoliberal da destruição 
social e planetária. 
É tarefa inadiável da escola e da Sociologia a formação de novos valores, de 
uma nova ética e de novas práticas que indiquem a possibilidade de construção de 
novas relações sociais.·. 
 
 
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15 
Aula 03_Fundamentos Teóricos e Metodológicos. 
 
Nesta aula estudaremos como a Sociologia construiu seu referencial teórico e 
metodológico e suas concepções de sociedade de acordo com os teóricos clássicos 
e contemporâneos. 
É importante chamar a atenção dos alunos para as diferentes linhas teóricas 
e metodológicas adotadas pela sociologia e seus pesquisadores, como se 
constituíram e buscaram dar respostas aos problemas da realidade na qual foram 
concebidas. 
Como ciência, a sociologia contribui duplamente: aumenta o conhecimento 
que o homem tem de si mesmo e da sociedade e contribui para a solução de 
problemas. 
Um dos interesses dos sociólogos são as causas das mudanças dos grupos 
sociais, como, por exemplo, a organização do movimento dos sem terra. Como os 
grupos humanos se relacionam internamente e entre outros grupos. 
Analisa o modo de pensar, agir e sentir exteriores ao indivíduo, ou seja, fatos 
sociais. (Ver em Émile Durkheim) 
As ciências sociais são o estudo sistemático do comportamento social do 
homem, o estudo dos grupos sociais, da divisão da sociedade em camadas, da 
mobilidade social, dos processos de cooperação, competição e conflito na 
sociedade. 
O debate mais atual acerca do objeto da sociologia e seu método é a sua 
internacionalização. Aparece aos seus defensores como uma oportunidade para a 
sociologia assentar-se no processo de globalização que afeta o mundo moderno, e 
constituir-se um verdadeiro desafio, tanto institucional como científico. Permite 
esperar que o projeto universalista dos fundadores da sociologia venha a encontrar 
na superação dos particularismos nacionais, o seu verdadeiro suporte. 
Internacionalização conjuga-se, pois, com dominação, etnocentrismo e 
imperialismo. Esta tese pode apoiar-se no estudo pormenorizado do sistema de 
produção e de troca de conhecimentos em ciências sociais e do lugar determinante 
que nele ocupam os autores ocidentais e, mais especificamente, os americanos. 
(GAREAU, 1985, 1988). 
 
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16 
Podemos concluir no momento que a sociologia tem em sua história as 
marcas de sua gênese, estar a serviço da ordem hegemônica. Conseguiu construir 
um arcabouço conceitual que não a compromete, mas está sempre em discussão 
como o sistema dominante e sempre desafiando sua capacidade de criticar e 
analisar as contradições históricas. 
 
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Aula 04_ A Escolha pela Sociologia Crítica. 
 
Temos como representantes da sociologia crítica: Habermas, Foucault e 
Bordieu e, no Brasil, Florestan Fernandes. Quando estudamos estes cientistas, 
percebemos como a sociologia está próxima da educação e como ela contribui para 
uma reflexão profunda das questões políticas, ideológicas e psicológicas referentes 
a este tema. 
Ao estudar a sociologia crítica, o educador passa a pensar em sua ação 
pedagógica de forma complexa e não como uma ação pontual que reflete no espaço 
e tempo escolar e com o grupo de alunos que ele está interagindo naquele 
momento. 
Essa visão plural do professor possibilita o desenvolvimento no aluno desta 
postura com relação aos saberes que ainda na escola são fragmentados. 
De fato, uma visão plural das concepções sociológicas possibilita ao professor e ao 
aluno, cada um no seu nível de compreensão, alterar qualitativamente sua prática 
social. 
Do resgate dos seus conteúdos críticos, a sociologia clássica e a moderna 
permitem esclarecer muitas questões acerca de desigualdades sociais, econômicas, 
políticas e culturais da sociedade brasileira. 
A partir do momento que a educação adota essa diretriz não podemos mais 
aceitar o discurso da neutralidade, da imparcialidade, do descompromisso, do 
conformismo, a ausência de historicidade. Propõe-se uma Sociologia Crítica que 
analise a realidade em sua perspectiva de prática e de crítica social. Com isso muda 
a ação individual de cada educador como na linha de ação da Instituição de ensino 
ou governo. 
O conhecimento sociológico crítico é tomado como instrumento de resgate 
dialético do movimento histórico, do real e do pensado, a partir dos grupos e classes 
que compõem a maioria (excluída) do povo brasileiro: índios, negros, mulheres, 
migrantes e trabalhadores da cidade e do campo. 
Na escola, o pensamento sociológico se consolida na articulação entre 
experiências e conhecimentos fragmentados com experiências e conhecimentos 
compreendidos como totalidades complexas. 
 
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A partir desses pressupostos, procura-se dar um tratamento teórico aos 
problemas decorrentes do modo como a sociedade capitalista está organizada, 
cujas características mais evidentes são: 
 Desigualdades sociais e econômicas; 
 Exclusão do mundo do trabalho; 
 Relações sociais conflituosas; 
 Descaso frente a problemas sócio-ambientais; 
 Negação da diversidade cultural, de gênero e étnico-racial. 
Em síntese, trata-se de reconstruir dialeticamente com o aluno os 
conhecimentos de que ele já dispõe, de maneira que alcance um nível de 
compreensão mais elaborado em relação às determinações históricas nas quais se 
situa e, mais que isso, na capacidade de intervir e transformar as práticas sociais 
cristalizadas. 
 
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Resumo Unidade I 
 
A Unidade I é introdutória e procurou contextualizar a sociologia no currículo 
da educação ao longo da história. Com isso buscamos enfatizar as contribuições 
teóricas desta ciência para refletirmos sobre a prática escolar, sua política pública e 
a ação do educador. 
A sociologia crítica é a vertente teórica que representa essa preocupação com 
a educação e a sociologia da educação. 
 
Referências Bibliográficas 
DOWBOR, Ladislau e outros (org). Desafios da Comunicação. Petrópolis: Ed 
Vozes, 2000. 
DOWNING, John D.H. Mídia Radical. Rebeldia nas Comunicações e Movimentos 
Sociais. São Paulo: Ed. Senac, 2002. 
GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as novas mídias. Do game à TV Interativa. São 
Paulo: Ed. Senac, 2003. 
HABERMAS, Jügen. Mudança estrutural da esfera pública: investigação quanto 
a uma categoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984. 
 
 
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Aula 05_Concepções sociológicas de Karl Marx. 
 
Karl Marx (1818-1883) foi filósofo, historiador, sociólogo e economista. 
Viveu sua formação acadêmica na Alemanha, país que sofreu um processo 
de unificação tardio e com a ascensão da burguesia somente em 1830. A influência 
de Kant e Hegel fomentou uma atitude anti-positivista. 
É importante ressaltar como ele analisa a educação e concebe a sociedade 
capitalista na sua relação de exploração, no entanto a educação é colocada como 
possibilidade de emancipar o sujeito da opressão exercida por essa relação 
desigual. 
Para Marx, a educação é importante forma de perpetuar a exploração de uma 
classe sobre a outra, pois dissemina a ideologia dominante e inculca na classe 
dominada o modo burguês de ver o mundo. No entanto, Marx também vê na 
educação a possibilidade de reverter essa situação. Conforme seu entendimento 
cabe à educação devolver ao trabalhador expropriado o conhecimento do conjunto, 
do processo produtivo, e extinguir a divisão do trabalho em intelectual e manual e, 
consequentemente, a alienação. 
De acordo com Marx, a educação é um mecanismo que, conforme seu 
conteúdo de classe, pode oprimir ou emancipar o homem. 
Em sua visão, o conhecimento e a ciência deviam assumir um papel político 
crítico em relação ao capitalismo.Por isso defende a participação ativa do cientista 
social nos atos de transformação da sociedade e seu posicionamento ao lado da 
classe trabalhadora, ou seja, se tornar um militante. No Brasil veremos 
posteriormente que Otavio Ianni e Florestan Fernandes defendiam essa ideia e 
atuaram, assim como Marx, em movimentos sociais e políticos. 
A teoria marxista centrou a sua análise na compreensão da natureza da 
sociedade capitalista e procurou em suas obras, junto com Engels, apontar uma 
direção para sua transformação. Ao perceber, para além das aparências, o processo 
histórico que conduziu a burguesia ao patamar de classe dominante, Marx enunciou 
– como lei de validade geral – que a história das sociedades é movida pela luta entre 
as classes sociais. 
 
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Para Marx, o sistema hegemônico se desenvolve e se fortalece na mesma 
proporção em que ele vai nesta trajetória se desgastando, isto é o que se chama de 
tese e antítese, a luta dos opostos, choque dialético. Neste princípio, um dos 
motivadores da crise capitalista seria a luta de classes que com seus sucessivos 
embates daria força motriz para a história se movimentar. 
Compreender o pensamento dialético é fundamental para expor alguns 
princípios da teoria marxista, como o materialismo histórico. Esse princípio recusa a 
determinação mecânica do econômico sobre o social e coloca a luta de classes 
como o motor das transformações sociais. Em uma carta de Engels para Bloch¹, de 
1890, esses fundamentos são explicitados: 
 
Concepção materialista da História, o elemento determinante da mesma é 
fundamentalmente a produção e a reprodução da vida real. Tanto Marx 
quanto eu jamais afirmamos mais do que isso. Portanto, se alguém troca 
essa afirmação por outra em que o elemento econômico seja o único 
determinante, a frase torna-se sem sentido, abstrata e absurda. 
 
A contribuição teórica de Marx e Engels criou um conjunto complexo e 
coerente de novas categorias de análise para o processo social e, com isso, 
fundaram uma nova escola de pensamento sociológico, o marxismo. 
 ¹Carta escrita em 21/22 de setembro de 1890, em Londres. 
 
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Aula 06_Concepções sociológicas de Émile Durkheim. 
 
Émile Durkheim viveu entre 1858 - 1917 fase áurea da burguesia francesa e 
da primeira crise do sistema capitalista e a fase de disputa imperialista entre as 
potências europeias. 
Opositor às ideias socialistas defendia como causa das crises relacionadas às 
questões sociais como um fenômeno de natureza moral. Concebe a sociedade 
capitalista como vínculo moral entre os homens e a educação como forma de 
manutenção da estabilidade e da ordem social. 
Durkheim constrói um aparato teórico metodológico sobre a problemática das 
relações sociais e sistematiza o pensamento sociológico. Sua contribuição foi tão 
importante que o método durkheimiano é parâmetro para pesquisa até hoje. 
Ao contrário de Marx que defendia o envolvimento do sociólogo nas questões 
sociais, Durkheim defende o rigor do distanciamento absoluto com relação ao objeto 
de estudo da Sociologia. Somente com esta atitude que a objetividade da pesquisa 
seria garantida e consequentemente suas bases científicas. 
Para ele, as representações dos fatos sociais são percebidas pelas pessoas 
de modo singular e coletivo ao mesmo tempo: cada ser humano é habitado por 
estados mentais que dizem respeito apenas à sua pessoa quanto por estados 
mentais coletivos, que são crenças, valores e hábitos compartilhados. 
Na sociologia durkheimiana procura-se compreender o funcionamento das 
“formas padronizadas de conduta e pensamento” definidas como “consciência 
coletiva”, que se configuram com a moral adotada pela sociedade. Nesse sentido, 
ele pode ser visto como o primeiro sociólogo funcionalista. 
No funcionalismo o sujeito faz parte da sociedade assim como parte da 
sociedade o compõe. Portanto, a sociedade faz sentido somente se compreendida 
como um conjunto cuja existência própria, independentemente de manifestações 
individuais, exerce sobre cada ser humano uma coerção exterior, a partir de 
pressões e obrigatoriedades porque, de alguma forma, ela não “cabe” na sua 
totalidade, na mente de cada indivíduo. Assim consideradas, as representações 
coletivas exteriores às consciências individuais, não derivam dos indivíduos tomados 
isoladamente, mas de sua cooperação. 
 
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Durkheim afirma que, para haver cooperação é necessário consenso, ou seja, 
adesão às regras sociais de validade geral e indistinta, de modo que cabe à 
educação ensinar aos indivíduos essas regras. 
Para Durkheim, educação é socialização, é ensinar e aprender o “lugar” de 
cada um no sistema, no organismo social, sem questionar se a forma de 
organização social é desigual ou não. Sob tal ponto de vista, a sociedade modela a 
ação individual; à educação cabe enquadrar cada indivíduo às expectativas de 
classe, gênero, etnia, e moral que são esperadas dele. 
Ainda nesta linha de pensamento, foi criado um novo campo de estudo, 
a morfologia social que consiste na classificação das diversas sociedades. 
Se para Marx o conceito de alienação está vinculado ao fato do homem ter 
perdido o controle dos meios de produção tornando-se uma mercadoria pela venda 
de sua força de trabalho, Durkheim desenvolve o conceito de solidariedade 
mecânica com sua teoria de que a produção industrial, estruturada pela divisão 
social do trabalho levaria os homens a uma solidariedade que terminaria os conflitos 
sociais, pois estariam unidos por uma interdependência funcional. 
Podemos perceber com estas aulas a importância de despertar no aluno o 
olhar crítico às diferentes formas de pensar a sociedade e como essas diferenças 
estão presentes em todos os textos que temos acesso, desde um jornal, uma 
revista, e até uma fotografia. Cada autor tem uma linha de pensamento para 
entender a situação social de seu tempo. 
 
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ResumoUnidade II 
 
Essa unidade deu subsídios teóricos e históricos para que possamos 
prosseguir com nossas aulas. Os conceitos e métodos mostrados serão 
aprofundados nos conteúdos específicos que estudaremos até o término de nossa 
disciplina. 
Não podemos estudar sociologia sem nos apropriarmos das linhas clássicas e 
uma das mais importantes da contemporaneidade é o método, o qual nos indica o 
caminho de análise que faremos sobre qualquer tema. 
Vocês já estudaram estes autores em outras disciplinas do curso de Ciências 
Sociais, agora é importante refletir como eles podem nos ajudar na educação, em 
nossas aulas. 
 
 
Referências Bibliográficas 
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Ja-neiro: 
Zahar, 1996. 
ANDERSON, Perry - As Antinomias de Gramsci. São Paulo: Joruês, 1986. 
BOURDIEU, Pierre. Escritos de Educação. In: NOGUEIRA; CATANI (Orgs.) 
A miséria do mundo. Petrópolis: Vozes, 1999. 
FERNANDES, Floestan. Educação e sociedade no Brasil. São Paulo: 
Dominus/Edusp, 1966._. O desafio educacional. São Paulo: Cortez, 1989. 
GRAMSCI, Cadernos do Cárcere. Ed. bras. de Carlos Nelson Coutinho, Rio de 
Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. 
Site 
Florestan: http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=90 
http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=90
http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=90
http://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=90
 
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Aula 07_Concepções sociológicas de Max Weber. 
 
Max Weber (1864-1920), de formação liberal, não segue os caminhos nem deMarx e nem de Durkheim, ele toma como ponto de partida para sua análise os 
agentes sociais e suas ações, privilegiando o papel da iniciativa do indivíduo na vida 
social. 
Weber concebe a sociedade capitalista como vínculo de racionalização da 
vida, resultado de uma grande teia de interações e relações interindividuais e pensa 
a educação como uma resposta limitada e inexorável a essa racionalização. 
Sua principal contribuição metodológica foi o conceito de “tipo ideal”. Estuda a 
história sob o ponto de vista comparativo. 
Para Weber, a realidade social não é algo por si, independente. A realidade 
tem determinada fisionomia a partir dos valores que orientam sua compreensão, os 
quais são compartilhados, são coletivos. No entanto, são introjetados e apreendidos 
de forma diferenciada, efeito do processo de interação social. Ou seja, o social 
reside na interação entre as partes, que são muitas e se renovam a cada dia; daí a 
impossibilidade de sua apreensão como totalidade. 
Outra contribuição de Weber foi a elaboração do conceitual teórico que ele 
chamou “três tipos puros de dominação legítima”, que são: o legal, o tradicional e o 
carismático. 
Para Weber, a ação social no mundo moderno exige dos homens 
desempenho de tarefas, além dos valores, e não prescinde do cálculo dos custos e 
benefícios e da racionalidade (finalidades). Compreender a sociedade é analisar os 
comportamentos movidos pela racionalidade dos sujeitos com relação aos outros, é 
compreender o agir dos homens que se relacionam uns com os outros, de acordo 
com um cálculo e uma finalidade que tem por base as regras. 
Weber entende que uma ordem social, para atender à finalidade do mundo 
moderno capitalista, torna-se cada vez mais ampla, institucionalizada, desencantada 
e, sobretudo, burocrática. Nesse contexto, sob uma compreensão “desencantada”, 
Weber considera que resta à educação sistemática (escolar) prover os sujeitos de 
conteúdos especializados, eruditos, e de disposições que os predisponham a ter as 
condições – conduta de vida e conhecimento especializado – necessárias para 
 
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realizar suas funções de perito na burocracia profissional. Nesta concepção, a 
escola daria o repertório necessário e específico para que cada indivíduo exerça sua 
função. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 08_Concepções sociológicas de Antonio Gramsci. 
 
Antonio Gramsci (1891-1937), pensador marxista e ativo militante comunista, 
tem a sua ação de pesquisador e militante concomitante. Devido a sua prisão pelos 
fascistas escreve durante o período de cárcere a sua principal obra com três 
cadernos, Cadernos do Cárcere. 
Sua reflexão está voltada para as sociedades de capitalismo avançado, 
caracterizadas por um forte mercado interno e pelo pluralismo político. Conforme a 
concepção de Gramsci, o poder é diluído entre o governo e suas instituições, 
qualificado por ele como o espaço da coerção; e variadas instâncias da sociedade 
civil, como as indústrias, os partidos, os sindicatos, chamadas de espaço de 
consenso e persuasão. 
Alguns conceitos marcaram o pensamento de Gramsci como 
de hegemonia cultural. Os intelectuais da classe hegemônica, burguesia, 
produziram, em determinadas circunstâncias históricas, um consenso cultural com a 
intenção de que a classe trabalhadora identificasse seus próprios interesses 
particulares com aqueles da burguesia, ajudando a manter o status quo. Por isto, 
segundo Gramsci, a classe trabalhadora precisava desenvolver uma cultura “contra-
hegemônica”, primeiro para demonstrar que os valores da burguesia não 
representavam os valores “naturais”, “normais” ou “desejáveis” e “inevitáveis” de 
uma sociedade moderna e, segundo, para expressar politicamente seus próprios 
interesses (interesses estes que eram majoritários na sociedade como um todo, já 
que a classe trabalhadora forma a maioria da população de um país). Ou seja, o que 
hoje denominamos de linguagem e signos que compõem a comunicação da 
sociedade globalizada com uma cultura hegemônica, foi colocado por ele no início 
do século. 
Gramsci em sua época analisou os motivos que não levaram à eclosão da 
revolução comunista na Europa ocidental e atribuía esse fracasso à hegemonia 
cultural. Foi neste espaço que a burguesia construiu um arsenal ideológico pela arte, 
educação e comunicação tão sólido que, por meio de uma cultura hegemônica, os 
valores e interesses particulares da burguesia se tornavam o “senso comum”. 
“Senso comum” este, que, como explicaria Gramsci nos seus escritos carcerários, 
 
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existiria, não naturalmente, como uma percepção empírica e passiva da realidade 
material, mas como uma construção mental realizada por cada indivíduo, grupo, e 
classe a partir das ideias recebidas e de seus projetos - “todos os homens 
são filósofos”. 
Dessa concepção de sociedade, Gramsci propõe uma ação política 
revolucionária articulada organicamente na sociedade, no cotidiano das relações 
sociais. Além da superação da exploração de uma classe sobre a outra e da 
eliminação da propriedade privada é necessário conquistar a hegemonia política e 
ideológica, lutar contra a apropriação privada e elitista do conhecimento. 
A escola, em seus diferentes graus, é o instrumento da formação de um novo 
tipo de homem, que deve entender-se como produto de uma elaboração de vontade 
e pensamento coletivo, logrado mediante o esforço individual concreto e não por 
processos ou determinações alheios a cada um. 
Para Gramsci, as características da alternativa pedagógica que busca uma 
nova sociedade são: 
 que a educação seja social; 
 que a educação seja de todos e para todos; e 
 que a educação seja responsável, aceita interiormente, e não imposta. 
Trata-se do projeto da “escola única”, na qual, desde o nível fundamental até 
o nível superior, não esteja presente o abismo que separa as classes sociais na 
sociedade capitalista ocidental. Esse projeto é revolucionário porque abandona a 
ideia do conhecimento dual, ou seja, extingue a existência de escolas nas quais 
alguns são preparados para ser dirigentes e outros são preparados para serem 
dirigidos. 
A necessidade de criar uma cultura da classe trabalhadora está relacionada 
com a proposta que Gramsci fez para um novo tipo de educação que pudesse 
desenvolver intelectuais na e para a classe operária. Suas ideias para um sistema 
educacional deste tipo correspondem à noção de pedagogia crítica e educação, 
segundo foram teorizadas e postas em prática décadas depois por Paulo Freire no 
Brasil. Por este motivo, promotores de educação popular e de educação para 
adultos consideram Gramsci como uma voz a ser ouvida até os nossos dias. As 
 
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ideias de Gramsci também serviram de base para a criação da chamada Teologia 
da Libertação. 
 
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Aula 09_Concepções sociológicas de Bourdieu. 
 
O sociólogo e defensor do movimento antiglobalização Pierre Bourdieu 
morreu aos 71 anos na França. Bourdieu morreu de câncer no hospital Saint-
Antoine, em Paris, no dia 23 de janeiro de 2002. Foi descrito pelo jornal Lê Monde, 
no dia de sua morte, como Crítico contundente da sociedade capitalista. 
Bourdieu começou sua carreira acadêmica na Universidade Algiers, em 1958, 
quando rebeldes argelinos lutavam pela independência do império colonial francês. 
Ele é o autor de “A Economia das Trocas Simbólicas” (Ed. Perspectiva) e “As 
Regrasda Arte” (Companhia das Letras), dentre muitas outras publicações. 
Bourdieu é visto por muitos como alguém que deu novos rumos aos estudos 
da sociologia desde os anos 1960. Seus trabalhos abrangeram um vasto campo de 
conhecimento nas áreas da cultura, política, educação, mídia e literatura. Além 
disso, manteve-se ligado à atividade política e ao apoio às classes trabalhadoras, o 
que o tornou um intelectual de referência para a esquerda. 
Em sua concepção de sociedade, radicaliza a precedência e o peso das 
estruturas sociais sobre as ações individuais presentes no pensamento de 
Durkheim. Bourdieu questiona o discurso que propaga uma escola igualitária que, 
supostamente, possibilitaria a concretização das potencialidades humana. 
Sua contribuição maior no campo educacional foi desmantelar a visão 
romântica da educação. Ele questiona a importância da escola pública como sendo 
o caminho para superar os atrasos econômicos e a desigualdade social, ou seja, ele 
rompe com a visão funcionalista de que a escola é uma Instituição neutra e com ela 
a igualdade de oportunidades seria para todos. 
Ao contrário, para ele, a instituição escolar dissimularia, sob a fachada da 
neutralidade, as desigualdades. As escolas, as universidades e outras instituições 
reproduzem as relações sociais e de poder dominantes pelos critérios de triagem e 
seleção, inclusão ou exclusão de conteúdos, métodos e, consequentemente, de 
indivíduos que ocupam determinados papéis sociais. 
Sob tal concepção, a possibilidade de mudança não está necessariamente na 
educação que veicula o saber sistematizado. Assim, toda ação pedagógica é 
considerada uma violência simbólica, arbitrária, e oculta relações de força sob 
 
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imposição de valores, normas e concepções culturais revestidas de uma suposta 
autoridade, originárias nos grupos e classes dominantes. 
Para Bourdieu, os bens culturais aos quais o aluno tem acesso conforme sua 
classe social, incrementados pelos conhecimentos escolares – seu capital cultural –, 
determinam a sua posição na hierarquia econômica e social. 
Ambígua por natureza, a escola é responsável também pela expansão do 
acesso ao conhecimento, ao mesmo tempo em que pode contribuir para o 
fortalecimento de um saber restrito a poucos (Bourdieu, 1998). 
Os estudos recentes de Bourdieu são importantes principalmente para os 
jovens entenderem o poder da mídia. Ele se dedicou nos últimos anos de sua vida a 
fazer uma crítica contumaz aos meios de comunicação e seu poder. Um dos 
principais alvos de crítica de Bourdieu, nos seus últimos anos de vida, foram os 
meios de comunicação, que estariam, segundo ele, cada vez mais submetidos a 
uma lógica comercial inimiga da palavra, da verdade e dos significados reais da 
vida. Na sua obra Questions aux vrais maîtres du monde, afirmou: 
 
Esse poder simbólico que, na grande maioria das sociedades, era distinto 
do poder político ou econômico, hoje está concentrado nas mãos das 
mesmas pessoas que detêm o controlo dos grandes grupos de 
comunicação, quer dizer, que controlam o conjunto dos instrumentos de 
produção e de difusão dos bens culturais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto obrigatório: PIERRE BOURDIEU (1930/2002): SOCIÓLOGO 
CIDADÃOhttp://www.fundaj.gov.br/observanordeste/obex04.htmlacessado em maio de 2008. 
http://www.fundaj.gov.br/observanordeste/obex04.html
 
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Aula 10_Concepções sociológicas de Florestan Fernandes. 
 
Florestan Fernandes (1920-1995) tem sua marca profissional a aliar a sua luta 
política com a trajetória teórica. 
Seus principais pontos de interesse na sociologia foram: análise crítica do 
capitalismo dependente, relações sociais, estrutura de classes da sociedade 
brasileira, Estado, ideologia e papel do intelectual nos embates sociais e políticos. 
Dermeval Saviani, ao escrever sobre a obra Ensaios da sociologia geral 
e aplicada de Florestan Fernandes, aponta que as análises confluem para a 
caracterização daquilo que chama de “dilema educacional brasileiro”, determinado 
pela situação de subdesenvolvimento colocando, ao mesmo tempo, necessidades 
que exigem a intervenção da educação e obstáculos para que essa intervenção se 
efetive. Isso é ilustrado por um exemplo: “A estabilidade e a evolução do regime 
democrático estão exigindo a extensão das influências socializadoras da escola às 
camadas populares e a transformação rápida do estilo imperante de trabalho 
didático, pouco propício à formação de personalidades democráticas”. 
Florestan defende a cooperação entre educadores e cientistas sociais quando 
examina minuciosamente “como os cientistas sociais devem encarar sua 
participação e responsabilidade nos projetos de reconstrução do sistema 
educacional brasileiro”. 
Para ele, o homem se constitui como ser social no mesmo processo por meio 
do qual constitui sua sociabilidade, sua forma de organização concreta. “Existir” 
socialmente significa, para o sociólogo, compartilhar condições e situações, 
desenvolver atividades e reações, praticar ações e relações que são 
interdependentes e se influenciam reciprocamente. 
 Em 1966, Florestan publica Educação e sociedade no Brasil, um volume de 
644 páginas em que reúne estudos sobre questões educacionais produzi-os entre 
1946 e 1962. 
Os textos relacionados à educação e que cobrem principalmente o período da 
década de 1980 foram reunidos no livro O desafio educacional, publicado em 1989. 
No prefácio o autor afirma: 
 
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Este livro reúne artigos que apanham aspectos da erupção de um vulcão 
que parecia extinto. A mensagem do autor aparece, aqui e ali, como 
proposta de esclarecimento de processos interrompidos de mudança 
educacional. (...) Artigos de jornal ou de revista, textos de conferências, 
entrevistas e ensaios revelam o publicista que se empenha em debates ou 
em pugnas que clamam por uma revolução educacional. (FERNANDES, 
1989:9-10) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Texto obrigatório para leitura: A Sociologia de Florestan 
Fernandes http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141996000100006. 
Acessado em maio de 2008. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141996000100006
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141996000100006
 
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Resumo Unidade III 
 
A unidade III voltou-se às questões sociais e fez uma breve apresentação dos 
principais pontos que devemos tratar no Ensino Médio e que estão presentes em 
nosso cotidiano. 
Procure sempre usar recursos visuais, filmes e músicas que ilustrem um 
determinado conceito. Como dica filmes de produção nacional como Orfeu e Cidade 
de Deus que ilustram os temas discutidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bilbiográficas 
 
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. São Paulo: Atlas, 1990. 
SANTOS, Boaventura: O Social e o Político na Transição Pós-moderna. 
São Paulo: Cortez, 1988. 
__________________. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 
São Paulo: Cortez, 1995. 
 
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Aula 11_Estratificação social 
 
 Estudaremos as diversas formas de estratificação social e a existência ou não 
de mobilidade social. O conceito de estratificação social está relacionado à 
existência de segmentos organizados de indivíduos que ocupam posições diferentes 
dentro de uma determinada estrutura social. Por isso refere-se à forma de 
organização por meio da divisão da sociedade em estratosou camadas sociais 
distintas, de acordo com algum tipo de critério estabelecido. 
São três os principais tipos de estratificação social: 
1. Estratificação econômica:- a referência é a posse de bens; 
2. Estratificação política: baseada no poder de mando; 
3. Estratificação profissional: a importância está na profissão exercida na 
sociedade e o valor dado a ela. 
Estes fatores não são considerados de forma isolada, pelo contrário eles 
estão interligados. 
Outros tipos de classificação clássica de formas de estratificação são: 
 As sociedades divididas em castas – Antiguidade e Índia 
 A sociedade estamental – Feudalismo – Europa 
 Sociedade de classes – sistema industrial - capitalista 
Segundo Marx, a desigualdade social pode ser compreendida através do 
conceito classe. Para este autor, a organização social é marcada pelo trabalho, pois 
através dele se produzem os meios de subsistência. Ora a organização social da 
produção econômica “envolve a tecnologia, a divisão do trabalho e, acima de tudo, a 
propriedade ou não propriedade dos meios de produção e/ou controle.” (Pires, 
Fernandes, Formosinho, 1991, p. 42). A classe é, pois, o conjunto de agregado de 
pessoas que se encontram na mesma situação em relação aos meios de produção. 
O conflito, ou luta de classes, é marcado pela tensão existente entre as classes que 
possuem os meios de produção e os controlam e as classes que não possuem. 
Apesar do conceito de classe passar também pela dimensão política é, contudo, a 
relação com o poder econômico que determina a situação da 
classe. 
 
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Max Weber apresenta uma perspectiva mais complexa sobre a estratificação 
social. Segundo Weber, a classe (poder econômico), o status (prestígio social), e o 
poder (poder político) são as três fontes de desigualdade social. Tal como Marx, 
Weber considera que o conceito de classe é caracterizado pelo poder econômico, 
embora Weber expresse o poder econômico em termos de riqueza e de rendimento. 
O status, ou prestígio social, é outra dimensão da desigualdade social, 
compreendendo modos de comportamento social ou estilos de vida. Finalmente, a 
terceira dimensão da desigualdade social tem a ver com o poder. O poder significa a 
oportunidade de um homem ou vários poderem realizar a sua própria ação comum, 
mesmo contra a vontade de outros. Weber não considera que o sistema de valores 
comum e o patrimônio cultural sejam aceitos por todos os membros da sociedade de 
uma forma natural e consensual. 
Para este autor, esse patrimônio e sistema de valores comum são os da elite 
dominante que detém o poder. 
 
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Aula 12_Mobilidade social. 
 
Com o conceito de estratificação social claro para você, iremos conceituar 
mobilidade social e depois relacionar os dois conceitos para compor o conhecimento 
sobre as questões sociais. 
Para Sorokin, mobilidade social é toda a passagem de um indivíduo ou de um 
grupo de uma posição social para outra, dentro de uma constelação de grupos e de 
estratos sociais. Por mobilidade cultural, entende-se um deslocamento similar de 
significados, normas, valores e vínculos. (Sorokin) 
A mobilidade social pode ser ascendente e descendente. A primeira, quando 
a pessoa melhora sua posição no sistema de estratificação social e passa a integrar 
um grupo de situação superior à de seu grupo de origem. Descendente é ao 
contrário, quando a pessoa piora sua posição social. 
Pode ocorrer mudança de posição social dentro de um mesmo grupo, esse 
movimento é chamado de mobilidade social horizontal, um exemplo deste 
fenômeno é a mudança de partido político ou de religião. 
A mobilidade social vertical ascendente é uma subida social, e a queda 
social é chamada de mobilidade social vertical descendente. 
A ascensão social depende muito da origem de classe de cada indivíduo. 
Uma pessoa que nasceu em uma camada social privilegiada tem mais possibilidade 
de ascender e se sair melhor do que aqueles que nasceram em camadas inferiores. 
A oportunidade de cursar uma Universidade, fazer cursos de línguas, viajar etc. 
fazem com que o capital cultural das camadas superiores seja sempre maior. 
No site do IBGE, temos algumas tabelas que mostram a mobilidade social em 
nosso país tendo como referência a educação e a 
ocupação. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/mobilidade_social/defa
ult.shtm, acesso em maio de 2008. 
Existem diferentes conceitos de mobilidade social, temos o que considera a 
movimentação das pessoas pelas classes sociais, enquanto há outro que prioriza o 
impacto dos benefícios coletivos ao longo dos anos na melhoria da qualidade de 
vida de uma sociedade, tais como as iniciativas nas áreas da educação e da saúde, 
também conhecido como mobilidade coletiva. Partindo dessa concepção, 
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/mobilidade_social/default.shtm
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/mobilidade_social/default.shtm
 
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recentemente, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma pesquisa em 
que o Brasil aparece como o país onde, coletivamente, as pessoas mais melhoraram 
de vida nos últimos 28 anos. Para chegar a esse resultado, a pesquisa considerou a 
taxa de analfabetismo, a taxa de matrícula no ensino fundamental, a longevidade da 
população, o produto interno bruto (PIB) e a renda per capita dos países. 
Na revista do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos¹, há um 
artigo que associa a mobilidade social à questão da etnia e mostra como os negros 
têm dificuldade de ascender socialmente em nosso país. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
¹http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2524&It emid=1 
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2524&Itemid=1
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2524&Itemid=1
 
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Aula 13_Papéis sociais. 
 
Partindo do princípio que a sociedade é um conjunto de posições sociais 
(como a posição de médico, de professor, de aluno, de filho, de pai), todas as 
expectativas de comportamento estabelecidas pelo conjunto social para os 
ocupantes das diferentes posições sociais determinam o chamado papel prescrito. 
Assim, sabemos o que esperar de alguém que ocupa determinada posição. 
Os papéis sociais permitem-nos compreender a situação social, pois são 
referências para a nossa percepção do outro, ao mesmo tempo em que são 
referências para o nosso próprio comportamento. Se no encontro social nos 
apresentamos como ocupantes da posição de professores ou autores de um livro, 
sabemos como nos comportar, porque aprendemos no decorrer de nossa 
socialização o que está prescrito para os ocupantes dessas posições. Se formos 
convidados a proferir uma palestra na sua escola, não iremos vestidos como se 
estivéssemos indo para o clube. 
Os diferentes papéis sociais e a nossa enorme plasticidade como seres 
humanos permitem que nos adaptemos às diferentes situações sociais e que 
sejamos capazes de nos comportar diferentemente em cada uma delas. Aprender os 
nossos papéis sociais é, na realidade, aprender o conjunto de rituais que nossa 
sociedade criou. 
O papel social de gênero é um conjunto de comportamentos associados com 
masculinidade e feminilidade, em um grupo ou sistema social. Todas as sociedades 
conhecidas possuem um sistema sexo/gênero, ainda que os componentes e 
funcionamento deste sistema variem bastante de sociedade para sociedade. 
A maioria dos pesquisadores reconhece queo comportamento dos indivíduos 
é uma consequência das regras e valores sociais, e da disposição individual, seja 
inconsciente, ou consciente. Alguns pesquisadores enfatizam o sistema social e 
outros enfatizam orientações subjetivas e disposições. 
Com o passar do tempo mudanças ocorrem sobre regras e valores. 
Entretanto todos os cientistas sociais reconhecem que culturas e sociedades são 
dinâmicas e mudam. Debates em como e o quão rápido estas mudanças ocorrem 
são, especialmente, intensos quando envolvem o sistema sexo/gênero, já que as 
 
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pessoas possuem uma gama de visões diferentes sobre o quanto o gênero depende 
do sexo biológico. 
 Leitura obrigatória: UNESCO e INEP lançam pesquisa sobre relações 
raciais nas escolas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/unesco_inep_rel_raciais_esco-las.htm 
– Acessado em maio de 2008. 
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/unesco_inep_rel_raciais_escolas.htm
http://www.adur-rj.org.br/5com/pop-up/unesco_inep_rel_raciais_escolas.htm
 
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Aula 14_ Classes sociais e desigualdade social. 
 
A classe social é todo grupo de pessoas que apresenta uma mesma situação 
com relação aos elementos da produção. 
A sociedade capitalista é dividida basicamente em dois grupos: proprietários 
dos meios de produção, e não proprietários dos meios de produção, constituído por 
aqueles que vendem sua força de trabalho para os proprietários. Para Marx, o motor 
da História é a sucessão da luta de classes, de forma que sempre que uma classe 
dominada passa a assumir o papel de classe dominante, surge em seu lugar uma 
nova classe dominada, e aquela impõe a sua estrutura social mais adequada para a 
perpetuação da exploração. 
A classe dominante, que controla direta ou indiretamente o Estado e 
as classes dominadas por ela, são reproduzidas inexoravelmente por 
uma estrutura social implantada pela classe dominante. 
Temos no Brasil “os sem terra” grupo de pessoas que pertencem à mesma 
classe social, estão na pirâmide social na base e todos foram expropriados da 
propriedade da terra e por isso teriam que vender sua força de trabalho para o 
latifundiário. O grupo se organizou e, com uma ação política, luta para a posse das 
terras para poder plantar. Este é um exemplo típico de classes social do capitalismo 
brasileiro. 
Essa diferença nos leva ao conceito de desigualdade social, conceito que foi 
construído na modernidade quando os cientistas tiveram que justificar as novas 
formas sociais. Na sociedade da antiguidade e média, essas diferenças eram vistas 
como naturais e não um problema social. 
Apesar do avanço teórico e jurídico quanto às justificativas para a 
desigualdade social, ainda hoje é comum virmos a desigualdade ser tratada como 
fracasso individual, incompetência e falta de adaptação ao sistema. Isso isenta as 
autoridades e as classes sociais que provocaram tal situação de qualquer 
responsabilidade. 
De acordo com o coeficiente de Gini, parâmetro internacionalmente usado 
para medir a concentração de renda, no Brasil 46,9% da renda nacional concentra-
se nas mãos dos 10% mais ricos. Já os 10% mais pobres ficam com apenas 0,7% 
 
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da renda. Na Guatemala, por exemplo, os 10% mais ricos ficam com 48,3% da 
renda nacional, enquanto na Namíbia, o país com o pior coeficiente de 
desigualdade, os 10% mais ricos ficam com 64,5% da renda. 
Vocês têm um texto para leitura da Folha on line de novembro de 2006 que 
relaciona a educação com o Índice de Desenvolvimento Humano que mede (IDH). É 
uma medida comparativa de pobreza, alfabetização, educação, esperança de vida, 
natalidade e outros fatores para os diversos países do mundo. É uma maneira 
padronizada de avaliação e medida do bem-estar de uma população, especialmente 
bem-estar infantil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Site 
Texto para complementação do tema: Baixo desempenho em educação atrapalha 
desenvolvimento humano do Brasil 
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u58484.shtml. Acessado em maio de 2008. 
http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u58484.shtml
 
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Resumo Unidade IV 
 
A unidade IV se deteve no estudo sobre as instituições que envolvem o nosso 
cotidiano e estão presentes na vida de nossos alunos. 
Pesquisar os conceitos de cada uma delas em olhares diferentes e levantar o 
conhecimento prévio dos alunos sobre cada um destes assuntos foi uma forma de 
começar os estudos. Exemplos e problemas, com certeza, emergiram nas aulas, 
pois as instituições aqui estudadas são causas de conflito da adolescência. 
 
 
Referências bibliográficas 
GUSMÃO, Paulo Dourado de. Manual de Sociologia. Rio de Janeiro: Forense, 
1967. 
GRARESCHI, Pedro. Sociologia crítica: alternativas de mudança. Porto Alegre: 
Mundo Jovem, 1984. 
LAKATOS, Eva Maria. Sociologia Geral. São Paulo: Atlas, 1990. 
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: 
Pioneira, 1982. 
 ________. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1978. 
 
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Aula 15_O processo de Socialização e as Instituições Sociais. 
 O processo de socialização possibilita compreender as diferentes formas de 
organização social. Esse processo e a interação com as instituições sociais 
constroem o comportamento de um determinado grupo. A vida em sociedade exige 
que seus membros conheçam e internalizem as expectativas de comportamentos 
estabelecidos por valores, regras e normas nela presentes, o que se dá 
fundamentalmente por meio das instituições sociais vinculadas a contextos 
econômicos, políticos e culturais. 
De fato, as instituições sociais devem ser estudadas em sua constante 
dinâmica, sempre conflituosa, e em suas diversas faces – sejam essas 
conservadoras, ou quando apontam para práticas revolucionárias. 
A importância do estudo das instituições sociais na disciplina de Sociologia 
tem como funções principais: 
 Contribuir para a mudança de atitudes a fim de que se ampliem as 
condições de cidadania dos estudantes; 
 Contribuir para o desenvolvimento de um pensamento analítico, livre de 
noções preconceituosas e deterministas, acerca das relações sociais. 
A instituição social pode ser definida como um conjunto de regras e 
procedimentos padronizados e mutáveis, aceitos pela sociedade. São modo de 
pensar, agir e sentir que encontramos preestabelecidos, e sua mudança é lenta e 
conflituosa. 
 As instituições não existem isoladas umas das outras; ao contrário, formam 
uma relação de interdependência mútua, o que dificulta ainda mais as mudanças, 
pois uma mudança pode acarretar um efeito dominó nas outras instituições. 
As instituições sociais surgem de uma necessidade da sociedade. A partir 
desta necessidade ela cumpre o papel de servir de instrumento de regulação e 
controle das atividades do homem. 
As principais instituições sociais são: 
 Instituição familiar 
 Instituição escolar 
 Instituição religiosa 
 Vamos analisar cada uma delas nas próximas aulas. 
 
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Aula 16_ Instituição familiar. 
 
É quase consenso entre os pesquisadores que a família é a matriz primordial 
da organização da sociedade. É um grupo organizado no qual seus membros 
assumem um conjunto definido de posições mútuas que definem suas interações em 
obediência a padrões de comportamentos definidos e motivados poratitudes e 
comportamentos recíprocos. (Gusmão, 1967) 
Para Guareschi (1984), a família é fonte geradora de relações de dominação, 
formando indivíduos com base em relações autoritárias e reprodutoras do sistema, 
de forma que, sem se dar conta, as pessoas passariam a viver como se o único 
contexto possível fosse o da manutenção dessas relações de dominação, que 
seriam, por sua vez, automaticamente transportadas para todos os outros ambientes 
e instâncias de interação individual e coletiva. 
Com a globalização ou mesmo antes com a inserção da mulher no mundo do 
trabalho a família sofreu mudanças em sua estrutura e valores. Boaventura Santos 
analisa a instituição família como espaço - tempo doméstico que são, para o autor, 
as relações familiares entre cônjuges e pais e filhos e a posição na qual as mulheres 
vêm sendo colocadas e que se relacionam a questões econômicas de ordem 
mundial. A mulher no mercado de trabalho rompe com a relação de dominação 
patriarcal doméstica, característica de nossa sociedade, mas passa a sofrer outros 
tipos de consequências no âmbito das relações produtivas como assédio sexual, 
discriminação sexual. 
A família neste momento encontra-se em fogo cruzado pelos meios de 
comunicação de massa e pelo consumismo, ou seja, a sociedade da informação 
está modificando radicalmente as relações familiares pautadas anteriormente em 
valores religiosos e de tradição. 
Neste contexto de transformação, a escola sofre as consequências desta 
mudança no espaço - tempo doméstico, pois, assim como a família, ela também 
resiste às mudanças e não aceita essas novas formas organização familiar. 
Boaventura também aponta para uma mudança no ambiente familiar 
provocada pela revolução tecnológica que mudou o espaço de trabalho. Muitos 
homens que trabalhavam no escritório passaram a trabalhar em asa devido às 
 
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facilidades da rede de comunicação, Internet, e passam a interagir mais com família. 
Também na Europa e América do Norte as famílias estão optando por educar seus 
filhos em casa e abrem mão do espaço escolar. 
Não podemos ser ingênuos em não encontrar relação entre as mudanças que 
a Globalização e a revolução da tecnologia de informação e comunicação trouxeram 
para todas as esferas sociais e não refletir de que forma isso atingiu a família.Temos 
de levantar algumas questões como educadores, tais como: até que ponto a família 
influencia na formação do jovem do século XXI? Que funções ela exerce hoje? 
Mudaram essas funções? Como uma família de casal homossexual será tratada na 
escola? 
Esperamos que você faça estas discussões com seus alunos! 
 
Leitura obrigatória: Fim da família? 
http://www.multiciencia.unicamp.br/r01_6.htm acessado em maio de 2008. 
 
http://www.multiciencia.unicamp.br/r01_6.htm
 
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Aula 17_ Instituição escolar. 
 
Se a instituição família é a primeira na organização social, a escola é vista 
como a transmissora das normas e condutas transmitidas pela família e agora 
reforçadas e trabalhadas pela escola. 
A escola não é vista socialmente como uma instituição autônoma, isso porque 
ela é o canal de ação para reforçar normas e costumes já estabelecidos e também 
tem a função de incutir os novos valores quando isso é de interesse para se fazer 
mudanças. Essa função da escola mostra que ela está condicionada a ser 
manipulada e manipuladora. Para Durkheim, o ato educativo se dá por meio de uma 
ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontram 
ainda preparadas para a vida social. 
A escola faz parte da superestrutura e foi criada para reproduzir e reforçar as 
relações hegemônicas para perpetuar o grupo que está no poder. 
Apesar das teorias inovadoras, como as contribuições de pesquisadores 
como 
Paulo Freire, pouco percebemos de mudanças positivas no espaço da escola. 
As discussões sobre educação hoje passam para a real necessidade de uma 
formação humana, e a Sociologia, no Ensino Médio, mostra que algumas iniciativas 
nesta direção estão sendo tomadas. 
A educação tecnicista pautada na reprodução de informações prontas está 
sendo questionada de forma mais consistente, e a procura por escolas com uma 
concepção pedagógica concretamente voltada para a formação do indivíduo 
autônomo, criativo e sensível está crescendo. 
Procure, em suas aulas, pesquisar com os alunos a instituição escolar e sua 
origem histórica, suas diferentes teorias ou olhares construídos sobre a instituição 
escolar, distintos modelos escolares presentes em sociedades diversas. Também 
poderão ser orientadas análises sobre a importância e o papel da escola e de seus 
atores – professores, alunos, funcionários e direção – nas sociedades atuais. 
 Acesse o site: http://www.tvebrasil.com.br/salto/, acessado em maio de 2008, e 
selecione o texto com o título: Ensino médio: entre jovens e estudantes. 
http://www.tvebrasil.com.br/salto/
 
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Aula 18_Instituição religiosa. 
 
Vamos entrar em um assunto muito delicado e que merece cuidado ao ser 
tratado em qualquer espaço. 
Numa sociedade multicultural como a nossa, mas marcada pela 
predominância do cristianismo em nossa cultura, discutir religião é sempre 
complexo. 
A importância é deixar claro que estaremos estudando os aspectos religiosos 
com o olhar do sociólogo e, por isso, trataremos das implicações das Instituições 
religiosas e a sua dimensão do Sagrado e de representação coletiva do mundo. 
Para iniciar nossos estudos, cito frases historicamente clássicas para 
provocar discussões. Marx classificava a religião como “a religião é o ópio do povo”; 
Lakatos, que segue a linha de Durkheim, definia a religião como “um sistema 
unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, isto é, a coisas 
colocadas à parte e proibidas – crenças e práticas que unem numa comunidade 
moral única todos os que as adotam”. 
Os estudos a respeito da religião sofreram algumas mudanças nestes últimos 
anos. A princípio, a religião estava vinculada somente ao sagrado, mas, 
recentemente, a religião é estudada fora desta dimensão, e para entender esse 
método de análise vamos ter como referência a reflexão de Steiner. (1996:53-63) 
Ele faz uma análise histórica da representação da religião da antiguidade aos 
dias de hoje. Alguns milênios atrás, as experiências anímicas espirituais eram 
instintivas. Em seu estado de vigília, o homem vivia repleto de imagens oníricas, de 
imaginação. E, do íntimo dessa humanidade primitiva, ascenderam aquelas 
imaginações oníricas, que, mais tarde, assumiram a formar lendas, mitos, sagas de 
deuses. O homem vivia nessas imaginações. De um lado, ele observava o mundo, 
de outro, vivenciava as imaginações oníricas. 
Para a humanidade primitiva, a natureza parecia um mundo universal que 
tinha perdido sua espiritualidade divina. E assim, ao contrário dos nossos dias, o 
homem necessitava de uma consolação que lhe ensinasse a relação entre esse 
mundo sensorial decaído e aquele outro, espiritual, que ele estava acostumado a 
 
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vivenciar através de imaginações instintivas, meio apagadas, mas ainda suficientes 
para aquela época. 
Nos Mistérios, os velhos sábios reuniam as funções de sacerdote, mestre e 
artista e explicavam aos homens, por meio do conteúdo dos mistérios, que as 
mesmas forças divino-espirituais encontradas nas imaginações instintivas interiores 
estavam presentes também naquele mundo aparentemente decaído. Trouxeram aos 
homens angustiados uma reconciliação do mundo abandonado pelos deuses com o 
mundo divino que estes percebiam em suas imaginações

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