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Direitos Autorais 11

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Professor autor/conteudista
JOSÉ ANTÔNIO ROSA
É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer 
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos 
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em 
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação 
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
 
SUMÁRIO
 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
 2. Ética, profissionalismo e direitos nas comunicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
 2.1 Questões éticas e legais - 5 casos típicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
 2.1.1 O que os casos mostram . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .10
 2.2 Necessidade de comportamento ético e profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3 O que é profissionalismo e seu valor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
 2.4 A legislação e seus efeitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
 2.4.1 Casos de condenação por calúnia, difamação e injúria . . . . . . . . . . .24
 2.5 Direitos autorais e de imagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
 2.6 Desempenho e responsabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
 3. Lei brasileira de direitos autorais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
 3.1 Conceitos de direito de autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
 3.2 Direitos morais X patrimoniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
 3.2.1 Direitos patrimoniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
 3.3 Direitos conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
 3.3.1 Um caso: produzindo um filme da empresa . . . . . . . . . . . . . . . . .45
4. Conceito de cessão de direitos autorais e obras de domínio público. . . . . . . . . . . 47
 4.1 Uso legítimo de materiais de terceiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Materiais de terceiros cedidos gratuitamente ou a baixo custo . . . . . . . . . . . . . . 49
 4.3 Uso de obras de domínio público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
 4.4 Aquisição de direitos autorais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
 4.5 Agentes das transações com direitos de autor e conexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
 5. Citações, referências e apropriação indébita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
 5.1 Citações e referências – regras básicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
 5.2 Pirataria e apropriação indébita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.3 Punições legais pela violação dos direitos autorais e conexos . . . . . . . . . . . . . . 64
 6. Direitos de autor na web . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
 6.1 Direitos autorais - Ambiente facilitador da transgressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
 6.2 Antídotos e tendência ao profissionalismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
 7. Direitos de imagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
 7.1 Potenciais indenizações e cautelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
 8. Direitos autorais e de imagem – Orientações de conduta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
GLOSSÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
 
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 1. INTRODUÇÃO
Figura 1 - Direitos autorais
Fonte: Robuart/shutterstock.com
 Alguns trabalhos têm um potencial maior que outros para afetar – positiva ou negativamente – 
a vida de outras pessoas. Tal é o caso das atividades de comunicação. Ao divulgar informações e 
opiniões, o profissional está exercendo um significativo poder de influenciar a opinião pública para 
o bem ou para o mal. A divulgação de acontecimentos e realizações de pessoas e organizações 
acarreta sempre benefícios ou prejuízos, sejam eles relacionados à imagem pública e à reputação, 
sejam relacionados a direitos patrimoniais de todos os tipos.
Paralelamente, o profissional manuseia, em seu trabalho, textos, imagens, desenhos e outros 
produtos comunicacionais de outras pessoas. Aqui também há possibilidade de lesão a interesses 
e direitos de terceiros, por exemplo, no caso de desrespeito aos direitos de autor. Qualquer trabalho 
de comunicação pode – e deve – ser enriquecido com uma vasta gama de materiais de qualidade 
já produzidos, em qualquer área, mas há parâmetros a serem observados para que os direitos dos 
autores sejam honrados.
O profissional de comunicação precisa então adquirir uma visão geral dos aspectos não só 
legais, mas também éticos relacionados com os processos de produção e divulgação de mensagens 
de todos os tipos. Ao adquiri-la e ao adotar as condutas adequadas, ele evita problemas, como 
aqueles trazidos pela lei, e adquire um patrimônio de valor para a sua carreira: uma boa reputação.
Nesse contexto, a presente disciplina mostra-se de importância capital. As discussões e 
questionamentos aqui apresentados são uma amostra daqueles que o profissional terá durante 
toda a sua carreira. O equacionamento eficiente deles fará efetivamente a diferença em prol do 
profissional.
 
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Uma visão adequada das leis que se aplicam direta ou indiretamente ao trabalho de comunicação 
é fundamental. A presente disciplina vai ajudá-lo a obtê-la.
 QUESTÕES FUNDAMENTAIS
Ao final da disciplina o aluno deverá ter uma visão geral sobre:
• O que o profissional pode fazer, em termos de focalização de outras pessoas e organizações 
em suas mensagens?
• Como ele pode beneficiar-se, com a proteção da lei e dos ditames éticos, de um material de 
valor produzido por outros?
• Quais são os comportamentos que podem prevenir problemas éticos e legais no trabalho do 
comunicador?
 2. ÉTICA, PROFISSIONALISMO E DIREITOS NAS 
COMUNICAÇÕES
Para se ter uma dimensão inicial das sérias questões éticas e legais envolvidas na comunicação, 
vamos analisar brevemente alguns casos:
 2.1 Questões éticas e legais - 5 casos típicos
 Caso 1
Figura 2 - Jornalismo
Fonte: Well Photo/shutterstock.com
 
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 Em março de 1994, o Jornal Nacional, da Rede Globo, e praticamente a maioria dos veículos 
de maior importância noticiaram um caso de abuso sexual de crianças de quatro anos na Escola 
Base, em São Paulo. Os proprietários da escola, Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, o 
perueiro Maurício Alvarenga, sua mulher Paula Milhem, professora e sócia da escola, e o casal 
Saulo da Costa Nunes e Mara Cristina França Nunes, pais de um aluno, foram acusados de abusar 
sexualmente das crianças.
O “fato”, cuja divulgação atingiu dimensão mundial, foi noticiado com base em acusações de 
pais que procuraram uma delegacia para denunciar o abuso e de entrevistas do delegado que fez 
o boletim de ocorrência. Os acusados foram presos, a escola e a casa dos proprietários foram 
depredadas e todos correram risco de linchamento. 
Dias depois da ampla divulgação feita pela mídia, após investigações mais sérias e aprofundadas, 
conduzidas por outro delegado, todos os acusados foram inocentados.A sucessão de erros começou 
com a percepção inadequada por parte dos pais, suas reações emocionais e a conduta precipitada 
do delegado, assim como dos integrantes da mídia, culminando em prejuízos sérios para inocentes. 
Os danos imensos, tanto morais quanto econômicos, já estavam feitos e os resultados seriam 
irreversíveis. A escola fechou e o casal proprietário viveu em permanente estresse pelo resto de sua 
vida: Maria Aparecida morreu vítima de câncer em 2007 e Icuschiro morreu vítima de infarto em 2014 
(já tinha sobrevivido a um, em 1994). Inúmeros processos por danos morais e econômicos, contra 
o estado e contra os veículos de comunicação tiveram ganho de causa, mas nada foi suficiente 
para reparar a dor e as dificuldades que as vítimas tiveram. Este episódio lamentável tornou-se um 
caso emblemático de erro com consequências devastadoras. O repórter Valmir Salaro, da Globo, 
fala sobre o seu papel (CARVALHO, 2013):
A entrevista que mais marcou foi do caso da Escola Base. Entrevistei as pessoas que 
foram acusadas e elas negavam que tinham feito aquilo, e realmente não tinham. 
Até hoje, é uma história que me marcou e me marca muito. Sofri muito com isso. 
Não tanto quanto eles, mas sofri.
[...]
É uma ferida aberta, que no meu caso já virou cicatriz, mas que está presente. Quando 
tem esses debates, jornalistas e colegas que estão começando me procuram para 
falar justamente sobre esse tema. Tenho o dever de falar. Muitos colegas na redação 
 
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lembram que o erro não foi só meu, mas sempre digo: “cometi um erro. Eu tenho o 
dever de assumir”.
[...]
Os profissionais mais jovens podem pegar o meu exemplo e evitar erros no futuro, 
evitar acreditar fielmente em laudos, delegados, promotores. Tem que desconfiar 
sempre, esse é o segredo.
 O caso não é único. Tanto no Brasil quanto no exterior, registraram-se outros similares, que 
afetaram significativamente pessoas e organizações. São sempre um alerta quanto às possibilidades 
de erros e à enorme responsabilidade de profissionais e instituições que lidam com a comunicação. 
 Caso 2
Figura 3 - STJ
Fonte: Arnaldo Jr/shutterstock.com
 Em junho de 2016, a Quarta Turma do STJ (Supremo Tribunal de Justiça) julgou o caso de uma 
banhista carioca que teve sua foto divulgada pela revista Playboy sem autorização, com a legenda 
“Música para os olhos (e o tato)”. Em julgamento em primeira instância, a editora Abril e o fotógrafo 
haviam sido condenados ao pagamento de R$ 15 mil de indenização. 
Posteriormente, na corte estadual, o pedido de indenização havia sido negado com a interpretação 
de que a banhista fora retratada “em espontânea exposição ao público” e a menção da revista teria 
tom elogioso. Por fim, o STJ discordou da sentença e acatou parecer do relator Raul Araújo, que 
estabeleceu que “a ofensa ao direito à imagem materializa-se com a mera utilização desse atributo 
 
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da pessoa sem autorização”, considerando que a exposição do corpo de forma provocante com 
linguajar ousado resultava em ofensa moral por si. A indenização por dano moral foi fixada em R$ 
20 mil (STJ, 2016).
Ele considerou que a exibição do corpo feminino – em traje de praia, em ângulo provocante, e 
com dizeres em linguagem ousada – compôs em contexto constrangedor e ofensivo aos direitos 
da personalidade. A indenização por dano moral foi fixada em R$ 20 mil.
 Caso 3
Figura 4 - ABNT
Fonte: <http://viacarreira.com/wp-content/uploads/2014/08/Regras-da-
ABNT-para-TCC-conhe%C3%A7a-as-principais-normas.png>.
 A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) foi condenada em primeira instância a 
pagar indenização por alegada cópia indevida de textos de uma empresa que lhe presta serviços, 
a Target. Esta teria deixado nos textos pequenos erros gramaticais como meios de comprovar as 
alegadas cópias indevidas e a ABNT os mantivera na reprodução dos textos. Os advogados da 
ABNT informam que vão recorrer da sentença (MARTINES, 2016).
 
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 Caso 4
Figura 5 - Getty Images
Fonte: Ym German/shutterstock.com
 A fotógrafa americana Carol M. Highsmith protocolou processo no Tribunal Federal de Nova Iorque 
pedindo indenização de US$ 1 bilhão à Getty Images, que estaria vendendo licença de reprodução de 
18.755 imagens de propriedade da autora. A cifra foi estabelecida com base em outra indenização 
já cobrada da Getty pelo fotógrafo Daniel Morel, pelo uso de uma única foto. Carol já havia doado 
os direitos patrimoniais de sua obra à Biblioteca do Congresso Americano, mas não abriu mão dos 
direitos de autor, de definir como suas imagens podem ser usadas (GETTY IMAGES, 2016).
 Caso 5
Figura 6 - The New York Times
Fonte: Goran Bogicevic/shutterstock.com
 
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 Timothy Parker, editor de palavras-cruzadas, foi afastado de seu emprego porque alegadamente 
copiava publicações do The New York Times e outros veículos. Ele comercializava seus trabalhos 
por meio da Universal Uclicke e eles eram usados pelo USA Today e outros veículos. A Universal 
Uclick está cooperando com as investigações e observa que algumas das alegações contra Parker 
mostraram-se fundamentadas (EDITOR, 2016).
 2.1.1 O que os casos mostram
Que conclusões podemos tirar desses relatos? Vejamos:
•	 O caso 1 mostra que as atividades de comunicação, no caso o jornalismo, têm potencial 
para causar danos imensos para cidadãos de bem. A vida financeira, social e pessoal do 
casal Shimada foi arrasada e nunca mais voltaram a ter dias felizes e tranquilos. Você 
dormiria feliz caso tivesse participado do episódio como algoz do casal? Certamente que 
não. A mídia causou gratuitamente um mal imenso e qualquer bom profissional teria eterno 
arrependimento pelo comportamento inadequado. Entram em jogo as questões de ética, 
as legais e também as econômicas – no caso, indenizações por danos morais e materiais. 
•	 O caso 2 nos lembra que as pessoas que são objeto de foco nas comunicações – no 
caso, a banhista – têm direitos, e o jornalismo tem limites. Certamente não houve má fé do 
repórter fotográfico e dos editores acima dele, mas uma pequena distração, e o profissional 
acaba projetando em outros seus valores, imaginando que sejam compartilhados por essas 
outras pessoas. Eles acharam que estavam sendo elogiosos, mas a banhista viu a coisa 
por ângulo diferente. 
 
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 Figura 7 - Direitos
Fonte: Kamira/shutterstock.com
• Certamente ela, ao ingressar na justiça contra a revista, não o fez por má fé também, mas 
porque sentiu-se invadida em sua privacidade. Eventualmente as questões podem ser ainda 
mais complicadas porque há muitos casos de oportunismo por parte de pessoas pretensamente 
lesadas, de má fé e amparadas por bons advogados, que tentam tirar vantagens de divulgação 
de todos os tipos. Por exemplo: a pessoa acha um pequeno pedaço de objeto estranho em um 
produto alimentício e tenta chantagear o fabricante. 
 
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SAIBA MAIS
Coca-Cola limpa peças sanitárias?
Você sabia que a Coca-Cola ajuda a limpar vaso sanitário? Pois, se já ouviu isso por aí, saiba que 
é boato. A Coca-Cola sempre foi vítima de todo tipo de rumor e a empresa, atenta aos eventuais 
danos que eles podem causar combate-os com informação precisa, documentada e ágil. Ela tem um 
site apropriado, entre outras iniciativas, para isso. Veja o site e vá ao link “Rumores”: <http://www.
cocacolabrasil.com.br/pergunte>.
 Figura 8 - Coca-Cola
Fonte: Vander Wolf Images/shutterstock.com
• No caso 3, ainda em julgamento, percebemos que textos, assim como fotos, desenhos, filmes e 
quaisquer outros elementos de comunicação, têm donos e valores que poderão ser demandados 
pelos proprietários. Muitas vezes, percebe-se uma visão bastante ingênua das pessoas, às 
vezes até de profissionais, quanto a isso. As pessoas acham que podem usar materiais de 
outros, caso o façam de boa fé. Não podem: há regras para isso. Mesmo o uso de boa fé pode 
ser lesivo, já que os produtos da comunicação, por assimdizer, são fruto de trabalho, emprego 
de recursos e tecnologia – tudo isso custa dinheiro. Não se pode usar valores de outros de 
modo livre e arbitrário.
• O caso 4 nos mostra que as pessoas podem sentir-se lesadas econômica e moralmente 
pelo emprego de suas criações. As reivindicações por aspectos morais podem ser bem mais 
significativas em termos financeiros do que as oriundas de busca de ressarcimento econômico. 
Exemplo, você publica um livro de poesias. Pode ser que esse livro (se ocorrer “a lógica”) venda 
muito pouco, pois poesia, hoje, não tem mercado. Suponhamos que, de repente, você veja que 
sua poesia foi publicada sem sua autorização em documentos de um partido político que você 
detesta. Certamente o desgaste moral para você será grande e, legitimamente, você poderá 
buscar indenização com valores bem superiores aos que seriam sensatos por dano econômico. 
 
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• O caso 5 nos mostra que mesmo gente da mídia que deveria ser informada comete deslizes 
injustificáveis. Quer dizer que, se você amanhã ou depois estiver gerenciando atividades de 
comunicação de qualquer tipo, tem de ficar atento ao comportamento dos liderados para evitar 
que alguém derrape e traga problemas. 
 As atividades de comunicação, conforme vimos nos casos mencionados, dentre um sem-número 
de outros, trazem riscos. O profissional deve ter conhecimento e manter a vigilância para não se 
expor a eles. É fundamental levar em conta sempre que os trabalhos de produção e sua divulgação:
• podem ter potencial para causar danos de natureza moral e econômica a terceiros.
• frequentemente esbarram em questões de autoria e direitos de publicação de textos, desenhos, 
fotos, músicas e outros elementos de diferentes gêneros.
• sempre podem resultar em ações na justiça por parte daqueles que se julgam lesados nesses 
direitos.
• podem acarretar danos irreversíveis de imagem para profissionais e instituições.
• implicam em responsabilidade para profissionais e organizações da mídia.
• trazem expectativas sociais de ilibado comportamento ético por parte de profissionais e 
organizações.
• têm sérias implicações legais e estão imersas em um complexo emaranhado de leis.
 2.2 Necessidade de comportamento ético e profissional
Deve haver ética e profissionalismo na mídia, certo? Os profissionais e organizações de mídia 
devem ser responsáveis pelo que divulgam, correto? Isto é, devem apurar adequadamente os 
fatos, buscar fontes de informação fidedignas, apresentá-las ao leitor, submeter seu texto com as 
informações adequadas para verificação completa dos interessados. Pois é isso que acontece? 
Nem sempre. Um exemplo:
 
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ATIVIDADE REFLEXIVA
Pesquisa direta ensina muito
Faça uma pesquisa com alto valor didático: Entre na internet e procure “sopa da Usp” ou “sopa do 
Incor”. Uma busca rápida sobre a sopa do Incor, que promete perda de sete quilos em sete dias, trouxe 
21.400 páginas, que explicam como essa funciona e dão a receita. Há vídeos bastante didáticos 
no YouTube sobre o assunto. Dessas divulgações, a maioria é feita por sites ou blogs mantidos por 
pessoas sem formação na área de comunicação. Porém, um número significativo é de sites ou 
portais profissionais. Não se espante se encontrar a tal receita em sites de grandes organizações de 
mídia. 
Dentre os inúmeros sites que ensinam a fazer a sopa, escolha alguns que são profissionais, que 
deveriam zelar pelas informações que divulgam. Nestes, procure referências adequadas sobre a sopa:
- Quem a criou? Quando? 
- Qual é sua base científica?
- Busque nomes e endereços.
É frustrante. Você não vai achar nada disso. Apenas notícias entusiásticas sobre a sopa, receita, 
relatos de pessoas que a usaram. Pessoas falando que a tal sopa é eficaz para perda de peso, que é 
científica, que não faz mal. 
Depois de uma longa pesquisa pode ser que você caia em um link de 2006 (abaixo), que dá conta de 
que a tal sopa da Usp ou do Incor é fraude pura e simples.
 Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0312200610.htm>
 Quando a questão se restringe a uma sopa que, a julgar pela receita, parece saudável, ou pelo 
menos com potencial de dano limitado pelo tempo de uso (sete dias), vá lá. Mas nem sempre as 
coisas são tão inocentes ou pouco danosas assim, o que leva a posturas críticas quanto à atuação 
da mídia no geral. Por exemplo:
Os métodos da mídia constantemente atropelam a ética. O fenômeno não é estranhável, 
pois ‘raramente uma geração esteve tão desinteressada em ética teórica e programática 
como a nossa’. Os problemas morais continuam a existir e com intensidade acelerada. 
Impregnando-se de civilização que prega o sucesso a qualquer custo, o homem perde 
a capacidade de indignação e se acostuma com a infração ética. Ela lhe parece menor, 
diante de outras faltas. (NALINI, 2013, p. 372)
 
 
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Figura 9 - Mídia
Fonte: Borislav Bajkic/shutterstock.com
 O profissional da comunicação – esteja ele na atuação direta no trato com a informação, esteja 
no comando de organizações – precisa fazer um esforço permanente para evitar o afrouxamento 
da vigilância ética. Não pode aceitar a ideia de que o sucesso pode ser obtido por meio de atalhos 
de conduta e também não pode distrair-se no exercício da profissão, esquecendo-se de que esse 
trabalho tem forte impacto sobre a vida de outros. 
Alguns exemplos de comportamento não ético nas divulgações pela internet:
• dar destaque a pretensas curas milagrosas, a “remédios” extraordinários não reconhecidos 
pelas autoridades de saúde, a métodos espetaculares de enriquecimento;
• propagar boatos, teorias alarmantes não documentadas ou notícias fantasiosas;
• dar publicidade a produtos que trazem falsas promessas;
• difamação gratuita de pessoas ou organizações;
• divulgação de notícias sensacionalistas que exploram desastres, acidentes e crimes;
• usar recursos escusos para promover sites (titulação falsa, por exemplo);
• criar sites com nomes assemelhados aos de um veículo de informação sério ou organizações 
sérias, visando confundir os usuários;
• criar falsos perfis e páginas “oficiais” falsas, visando ganhar publicidade com uso indevido 
de popularidade de terceiros;
• usar material de outros de modo não autorizado e em desacordo com a lei.
 Diz Nalini (2013, p. 51) que “a ética é justamente saber discernir entre o devido e o indevido, o 
bom e o mau, o correto e o incorreto, o certo e o errado”. Para poder conduzir-se assim, o profissional 
precisa, além de manter a consciência sobre a real dimensão e responsabilidade do seu trabalho, 
 
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buscar a informação sobre condutas desejáveis e condutas indesejáveis, as boas práticas em cada 
área – jornalismo, publicidade, marketing etc. 
Os códigos de ética são essenciais, nesse contexto. Em geral, são frutos de reflexão e estudo 
coletivo e traduzem o ideal de conduta para uma categoria, de tal modo que esta possa atuar para 
o bem da comunidade e, em contrapartida, obter a adesão social necessária para seu exercício 
eficiente.
SAIBA MAIS
Códigos oferecem a orientação básica
Veja alguns códigos de ética de profissionais de áreas da comunicação:
- Jornalismo:
<http://www.abi.org.br/institucional/legislacao/codigo-de-etica-dos-jornalistas-brasileiros/>
 - Publicidade e propaganda:
<http://appbrasil.org.br/app-brasil/servicos-e-manuais/codigo-de-etica-dos-profissionais-de-
propaganda/>
- Radiodifusão:
<http://www.andi.org.br/politicas-de-comunicacao/documento/codigo-de-etica-da-radiodifusao-
brasileira>
- Relações públicas:
<http://www.sinprorp.org.br/Codigo_de_etica/001.htm>
 
 
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2.3 O que é profissionalismo e seu valor
�Figura�10�-�Profissional
Fonte: Wavebreakmedia/shutterstock.com
 O conceito de profissão está relacionado com o de ética. Observa Nalini (2013, p. 497): 
[...] conceitua-se profissão como uma atividade pessoal, desenvolvida de maneira 
estável e honrada, ao serviço dos outros e a benefício próprio,de conformidade com 
a própria vocação e em atenção à dignidade da pessoa humana. 
 Marques (2010) observa que profissão supõe ocupação de importância e responsabilidade 
social, exigindo formação específica, usualmente longa, exercício de trabalho que requer saberes 
capazes de levar à reflexão, ao melhor julgamento, a decisões consequentes e baseadas em práticas 
consagradas. Há um dever de cumprimento de boas práticas científicas, além de observância de 
princípios da confiança, do decoro, da dignidade, da correção, interesse, lealdade e verdade. Tudo 
isso acarreta responsabilidade e fortes expectativas sociais quanto à conduta do profissional.
Além das questões de ética, que adquire força de lei imposta pelos códigos, o profissionalismo é 
o único caminho capaz de assegurar o verdadeiro sucesso na carreira: sustentável, completo (e não 
exclusivamente econômico), que gera boa reputação e uma série de outros dividendos emocionais 
e sociais.
Para garantir uma conduta efetivamente profissional, é fundamental que a pessoa busque:
• Conscientização sobre o papel da atividade e seu impacto social
• Visão do trabalho como um meio de servir a uma comunidade
• Conscientização das responsabilidades envolvidas em cada uma das atividades da área
• Conhecimento técnico fundamental para as diversas funções envolvidas
 
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• Conhecimento específico do código de ética da profissão
• Disciplina e diligência no trabalho
• Estado de alerta para a prevenção de erros
• Trabalho em equipe, com busca de orientação adequada para atividades nas quais haja dúvida 
sobre a melhor conduta
• Documentação adequada para amparo das condutas e decisões
 2.4 A legislação e seus efeitos
 Figura 11 - Leis
Fonte: billion Photos/shutterstock.com
 Se o profissional ou a organização não mantêm a cultura de responsabilidade e ética e se eles 
não optam pelos comportamentos adequados, a lei será a proteção daqueles que se veem lesados. 
Os atos de comunicação – de profissionais e organizações – encaixam-se dentro do sistema de 
leis gerais do país e geram responsabilidades nos mais diversos âmbitos legais. 
Por exemplo:
O Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002) estipula:
• Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações 
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
• Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
• Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
 
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• Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da 
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição 
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem 
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, 
ou se se destinarem a fins comerciais.
• Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer 
essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
• Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, 
adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
 Para qualquer profissional em atividade de comunicação, o que isso significa? Muito. Vejamos:
• Cuidado ao revelar fatos (ainda que verídicos) sobre outras pessoas. Estes podem ser lesivos 
à reputação dessas e acarretar danos econômicos ou morais, com consequentes pedidos de 
reparação.
• Qualquer violação da privacidade pode acarretar danos e é passível de busca de reparação.
SAIBA MAIS
O Código Civil
Na internet o interessado acha textos de lei completos, incluindo alguns que são comentados por 
gente capacitada. Vale a pena buscar as leis originais, as atualizações e os comentários. Por exemplo, 
no caso do Código Civil, o link a seguir é um bom começo: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/L10406compilada.htm>
 Figura 12 - Crime
Fonte: Leolintang/shutterstock.com
 Também o Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) tem alta relevância para 
o profissional da comunicação, principalmente por tratar dos crimes contra a honra. Primeiramente, 
 
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o Código Penal trata da calúnia e estabelece que são passíveis de punição tanto quem a pratica 
originalmente quanto quem a repassa:
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
 A pessoa que for capaz de provar que sua afirmação fica livre da punição, mas com exceções, 
como se vê:
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado 
por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível.
 Aqui, a lei trata da difamação: divulgar fato ofensivo à reputação de outrem, mesmo que verdadeiro:
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
 
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Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário 
público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
 Na sequência, estabelecem-se punições para a injúria e as condições em que tais punições 
não se aplicam:
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
 A injúria não é necessariamente verbal: pode ser por violência física ou coisa assemelhada 
(imagine, por exemplo, uma “pegadinha”, tão popular na TV). Diz o Código:
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo 
meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à 
violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, 
religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação 
dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
 Há condições agravantes dos crimes de calúnia, difamação e injúria. Vejamos:
Disposições comuns
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer 
dos crimes é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
 
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II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, 
da difamação ou da injúria.
IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto 
no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003)
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, 
aplica-se a pena em dobro.
 Há condições em que o crime pode ser excluído – por exemplo, se foi cometido no calor da luta 
no tribunal, em defesa de causa. Vejamos as condições de exclusão, segundo o Código:
Exclusão do crime
Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quandoinequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou 
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação 
quem lhe dá publicidade.
 Em alguns casos de crimes contra a honra, pode haver retratação, que livra o réu de punições. 
Essa é uma ocorrência frequente, pois o praticante desses crimes usualmente busca livrar-se da 
condenação, às vezes adotando uma postura de cinismo, evidentemente não explícito diante do 
magistrado. Vejamos as condições de retratação e os outros aspectos do capítulo sobre crimes 
contra a honra:
Retratação
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou 
da difamação, fica isento de pena.
 
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Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a 
difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim 
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. (Incluído pela 
Lei nº 13.188, de 2015)
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, 
quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-
las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa.
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, 
salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso 
do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, 
no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste 
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.033 de 2009)
SAIBA MAIS
Conhecer é sempre bom
Vale a pena fazer uma leitura do Código Penal, dada a sua importância para todos os cidadãos 
e, particularmente, para aqueles cujo trabalho tem potencial de causar danos a outros, como é o 
caso dos profissionais de comunicação. Ali há outros artigos de interesse para os profissionais 
como, por exemplo, os que dizem respeito à violação de domicílio e correspondência, à divulgação 
de informações sigilosa, entre outros. Na internet encontram-se boas orientações sobre ele. Para 
começar, veja o link a seguir, que traz o código e as atualizações: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>.
 
 
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 2.4.1 Casos de condenação por calúnia, difamação e injúria
 Figura 13 - Calúnia, difamação e injúria
Fonte: jabkitticha/shutterstock.com
 Os casos abaixo mostram condenações por crimes de calúnia, difamação, injúria e revelação 
de pseudônimo:
 Caso 1
Em acordo homologado pelo 3º Juizado Criminal de Brasília, uma ativista e jornalista Carolina 
Mourão, que vinha desde 2010 acusando o médico veterinário Rodrigo Montezuma de maus tratos 
contra animais, comprometeu-se a pagar indenização de R$ 30 mil por danos morais. 
O veterinário alegou que teve prejuízos em sua vida profissional e chegou a ser até agredido em 
virtude das acusações. Por isso, ajuizou ação por calúnia, injúria e difamação que foi encaminhada 
para acordo entre as partes. A ré terá de retratar-se nos lugares onde fez a divulgação caluniosa. 
Ela poderia ter ainda problemas na esfera penal, mas, em decorrência do acordo, a acusação foi 
retirada pelo veterinário (ANDA, 2016).
 Caso 2
J. K. Rowling, a consagrada criadora de “Harry Potter”, publicou um o livro policial, “The Cuckoo’s 
Calling”, sob pseudônimo de Robert Galbraith, pretensamente um ex-soldado e escritor iniciante, 
 
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e teve sua identidade revelada por negligência de controle da Russells, empresa de advocacia que 
lhe presta serviços. Um funcionário da empresa passou a informação sobre a identidade real de 
Galbraith a uma amiga de sua esposa e essa a passou a um jornalista do Sunday Times. A autora 
pediu indenização e aceitou acordo que implicou em pedido de desculpas e doação milionária para 
uma instituição de ex-militares e suas famílias (ROWLING, 2013).
 Caso 3
O ex-jornalista e apresentador de TV Paulo Henrique Amorim foi condenado a um ano e oito 
meses de reclusão, por chamar o apresentador Heraldo Pereira, da Globo, de “negro de alma branca” 
e opinar que a única coisa que teria credenciado Pereira ao sucesso seria o fato de ser negro de 
origem humilde. Amorim também já foi condenado por crime de injúria contra Merval Pereira, a 
quem chamou de “jornalista bandido” (AZEVEDO, 2016).
 2.5 Direitos autorais e de imagem
 Por fim, a lei também contempla o direito de autor e de imagem. No primeiro caso, cobre os 
direitos de uma pessoa sobre sua eventual obra (livro, fotografia, quadro) e também o direito de 
terceiros de publicar e vender esses produtos, evidentemente por celebração de contrato com 
os autores. Por exemplo, o autor de um romance tem direito de receber pela sua publicação e a 
editora tem direito de publicá-la (copyright) e comercializá-la, por força de contrato com esse autor. 
Conquanto o direito de autor seja “sagrado”, ele não pode, por exemplo, oferecer sua obra a outro 
editor, caso haja cláusula restritiva quanto a isso no contrato celebrado com o primeiro editor. Há 
direitos e obrigações sempre. 
 
 
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Figura 14 - Copyright 
Fonte: Aquir/shutterstock.com
 No que diz respeito à imagem, a pessoa ou organização têm direito de comercializá-la e proteger-
se contra usos inadequados por terceiros. Por exemplo, você pode não querer ser focalizado em 
uma matéria de jornal que seja lesiva a seu interesse, exceto em caso previsto por lei (crime de 
funcionário público, por exemplo). O direito sobre a imagem é diferente do direito autoral. Vejamos: 
no caso de um fotógrafo que tire uma foto de uma celebridade, o fotógrafo tem direito autoral sobre 
a foto e a celebridade tem direito sobre o uso de sua imagem retratada nessa foto. Ambos os direitos 
existem nas dimensões econômica e moral.
 2.6 Desempenho e responsabilidade
Vimos que as atividades da área de comunicação acarretam responsabilidades sérias. Qualquer 
lesão a direito de terceiro poderá acarretar sérios problemas para um profissional. Por outro lado, 
ele precisa apresentar um bom desempenho na sua atividade para crescer na carreira. Para isso, 
ele tem que enfocar adequadamente os fatos, apresentar ângulos interessantes desses, focalizar 
pessoas, criticar e informar aquilo que eventualmente está camuflado ou que alguém tenta esconder. 
A resposta está em duas palavras: consciência e competência.
• Consciência - Saber que, em tudo o que se faz, sempre há possibilidade de se lesar o direito de 
alguém. Assim, é importante conhecer os códigos de ética, as leis e incorporar decisivamente 
tudo isso na conduta. É agir com profissionalismo e visão de sua profissão no contexto dos 
interesses e valores envolvidos.
 
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• Competência - Saber fazer. A narrativa de um mesmo fato pode condenar um profissional e 
não acarretar problema algum a um outro. Tudo depende da forma redacional adotada, por 
exemplo, além da seleção adequada dos itens de informação a serem incluídos. O profissional 
que adquire competência para selecionar bem o que vai transmitir, analisar adequadamente 
os fatos, avaliá-los com eficiência e expor adequadamente as informações e opiniões poderá 
ter uma longa carreira de sucesso sem qualquer problema.
 Figura 15 - Consciência e competência
Fonte: Elaborado pelo autor.
 3. LEI BRASILEIRA DE DIREITOS AUTORAIS
Figura 16 - Leis brasileiras
Fonte: Corund/shutterstock.com
 Qualquer pessoa tem direito às suas próprias criações. Isso independe de a pessoa ter fama, 
competência ou qualquer outro aspecto. Se ela escreveu um texto, fez um desenho, tirou uma foto, 
pintou um quadro, seja com pretensões de divulgar ou não, ela tem direitos sobre o que produziu. 
Isso vale em todoo mundo civilizado: as legislações específicas garantem o respeito às criações, 
 
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protege os autores, indica as condições para usufruto daquilo que produziram. Por força de acordos 
internacionais, há normas mais ou menos padronizadas em todo o mundo.
Qualquer produção pessoal tem direito à proteção? Sim, desde que se trate de algo original, isto 
é, que tenha sido uma criação genuína dessa pessoa, e não uma cópia de algo que outrem tenha 
produzido. Esse direito tem uma esfera patrimonial que pode ser eventualmente insignificante – no 
caso, por exemplo, de a obra não ter valor artístico ou informativo. Outra esfera, a moral, independe 
da importância intrínseca da obra.
Além de proteger os livros e as obras notórias, o direito de autor protege também outras criações 
menos significativas, seja do ponto de vista da crítica, seja da popularidade ou notoriedade de quem 
as produziu. Exemplo:
• Uma apostila feita pelo professor para sustentar sua aula
• Uma poesia publicada por uma adolescente no jornal da escola
 Questões:
• O professor não criou o conteúdo daquilo que colocou em sua apostila, isto é, ele pesquisou 
diversas obras e, a partir delas, fez seu próprio texto, que não tem nenhuma ideia nova. Ainda 
assim, isso é uma criação? Sim, pois, o que é protegido pelo direito de autor é o texto, e não seu 
conteúdo. Há necessidade de que haja uma exteriorização que esteja assegurada pelo texto. 
Se o texto é integralmente do professor, se ele não fez cópia (salvas as citações permitidas), 
ele tem direito autoral, ainda que sua criação não seja importante do ponto de vista econômico 
ou social e ainda que esteja retratando ideias de outros. 
• Por outro lado, vejamos o caso de uma poesia simples, digamos, sem nenhuma qualidade 
intelectual, algo sem importância. Há direitos autorais? Se o texto é da adolescente, há direitos 
autorais: ninguém poderá copiar e publicar seu texto sem sua autorização (salvo exceções 
previstas em lei). Quem pode dizer que o texto da adolescente não tem valor artístico? Ainda 
que a poesia não o tenha, a adolescente tem direito moral sobre ela. Houve uma intenção 
intelectual e houve originalidade? Então, é um texto protegido por direitos de autor.
 
 
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Figura 17 - Trabalho criativo
Fonte: Aila Imagens/ shutterstock.com
 O site da Biblioteca Nacional indica o que é obra intelectual:
A doutrina do direito autoral qualifica como obra intelectual toda aquela criação 
intelectual que é resultante de uma criação do espírito humano (leia-se intelecto), 
revestindo-se de originalidade, inventividade e caráter único e plasmada sobre um 
suporte material qualquer. Como disse Henry Jessen: “A originalidade é condição 
sinequa non para o reconhecimento da obra como produto da inteligência criadora. 
Só a criação permite produzir com originalidade. Não importa o tamanho, a extensão, 
a duração da obra. Poderá ser, indiferentemente, grande ou pequena; suas dimensões 
no tempo ou no espaço serão de nenhuma importância. A originalidade, porém, 
será sempre essencial, pois é nela que se consubstancia o esforço criador do autor, 
fundamento da obra e razão da proteção. Sem esforço do criador não há originalidade, 
não há obra, e, por conseguinte, não há proteção” (BN, 2015, s/p).
 Para se ter uma real dimensão das restrições envolvidas na proteção aos direitos autorais, 
vejamos duas questões:
1. Como professor, alguém pode fazer cópias de parte de um livro e distribuir a seus alunos, 
em sala de aula? Conquanto isso seja uma prática muito usual no Brasil e poucos se deem 
conta de que é ilegal, isso fere direitos autorais. Como vimos acima, se o professor tivesse 
escrito os textos, ainda que se baseando em livros de terceiros, estaria plenamente protegido. 
Centros de cópias de muitas universidades ou diretórios acadêmicos costumavam ter 
(muitos ainda têm) uma denominada “pasta do professor”, que reúne textos copiados de 
 
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livros, jornais e revistas, que ele disponibiliza para cópia de seus alunos. Veja o que diz sobre 
isso a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR, 2009), que propõe a criação 
de uma “Pasta do Professor” legalizada e com respeito aos direitos autorais:
16. Por que a ABDR reprime a “pasta do professor” que é disponibilizada em centros 
de cópia, procedimento habitual nas universidades?
A “pasta do professor”, tal como vinha sendo praticada, representa o total desrespeito 
ao direito autoral. As cópias de livros contidas nestas pastas, e que representam as 
“matrizes” paras as cópias compradas pelos alunos, foram obtidas contrariando 
totalmente a lei. Pior: muitas vezes se originam dos “livros-amostra” enviados como 
cortesia pelas próprias editoras aos professores. Posteriormente, quando estas 
cópias são duplicadas a pedido do aluno, continua inexistindo a permissão expressa 
do autor/editora e o copista ainda aufere lucro, pois estas cópias não são cedidas 
gratuitamente ao estudante. O projeto “Pasta do Professor” da ABDR vem sanar 
esta prática danosa dos estabelecimentos de cópias. Utilizando-se da mesma ideia, 
o projeto disponibiliza para professores e alunos todo o conteúdo bibliográfico, só 
que de forma justa e legal.
 O jornal interno de uma empresa reproduziu, sem autorização, parte de uma apostila feita por 
um consultor que fora contratado no passado para apresentar um seminário aos funcionários da 
organização. Esse jornal tem circulação restrita aos funcionários. A publicação fere direitos autorais? 
Certamente, o titular do texto pode reclamar direitos patrimoniais e até morais sobre a publicação, 
ainda que o jornal tenha circulação interna.
 
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 3.1 Conceitos de direito de autor 
Figura 18 - Autor
Fonte: Marvent/shutterstock.com
 Os direitos autorais, no Brasil, são regulamentados pela Lei nº 9.610, de 19.02.1998, com as 
modificações trazidas pela Lei nº 12.853, de 14.08.2013, e pelo Decreto nº 8.469, 22.06.2015, que 
tratam da gestão coletiva desses direitos. Esses textos mantêm coerência com a legislação de 
outros países, em função de acordos celebrados entre as nações. Essa legislação cobre as questões 
referentes à publicação, difusão de sons ou imagens, retransmissão, distribuição, comunicação ao 
público, reprodução e contrafação, que é a reprodução não autorizada. 
É importante notar, entretanto, que a legislação específica não engloba todos os direitos e 
obrigações relativas a questões de autoria. Por exemplo, como já vimos no capítulo anterior, o 
Código Civil e o Código Penal têm relevância na área, assim como outros textos legais.
O direito autoral diz respeito às criações literárias, científicas ou artísticas que podem ter 
autoria de uma única pessoa ou de várias, como veremos adiante. Como se vê, isso inclui livros, 
revistas, jornais e criações musicais (produção, vendas e divulgação), criação e transmissão de 
programas de rádio e TV, produção musical, propriedade sobre obras e direito de reproduzi-la para 
comercialização. Em fim, o complexo sistema de regulamentação das comunicações.
Vejamos texto da lei, que define o que deve ser protegido (Lei nº 9.610, de 19/02/1998, art. 7):
I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
III - as obras dramáticas e dramático-musicais;
 
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IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito 
ou por outra qualquer forma;
V - as composições musicais, tenham ou não letra;
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da 
fotografia;
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia,topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas 
como criação intelectual nova;
XII - os programas de computador;
XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases 
de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu 
conteúdo, constituam uma criação intelectual.
§ 1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas 
as disposições desta Lei que lhes sejam aplicáveis.
§ 2º A proteção concedida no inciso XIII não abarca os dados ou materiais em si 
mesmos e se entende sem prejuízo de quaisquer direitos autorais que subsistam a 
respeito dos dados ou materiais contidos nas obras.
§ 3º No domínio das ciências, a proteção recairá sobre a forma literária ou artística, 
não abrangendo o seu conteúdo científico ou técnico, sem prejuízo dos direitos que 
protegem os demais campos da propriedade imaterial.
 A lei estipula também o que não é objeto de proteção nos direitos de autor. Vejamos:
Art. 8º Não são objeto de proteção como direitos autorais de que trata esta Lei:
 
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I - as ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos 
matemáticos como tais;
II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;
III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de informação, 
científica ou não, e suas instruções;
IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões 
judiciais e demais atos oficiais;
V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou 
legendas;
VI - os nomes e títulos isolados;
VII - o aproveitamento industrial ou comercial das ideias contidas nas obras.
Art. 9º À cópia de obra de arte plástica feita pelo próprio autor é assegurada a mesma 
proteção de que goza o original.
Art. 10 A proteção à obra intelectual abrange o seu título, se original e inconfundível 
com o de obra do mesmo gênero, divulgada anteriormente por outro autor.
Parágrafo único. O título de publicações periódicas, inclusive jornais, é protegido 
até um ano após a saída do seu último número, salvo se forem anuais, caso em que 
esse prazo se elevará a dois anos.
 Atenção aos parágrafos I e II: ideias, procedimentos, sistemas, conceitos, esquemas, planos não 
são protegidos pelo direito autoral. Assim, qualquer pessoa pode divulgar esse tipo de conteúdo 
criado por outrem, mas, cuidado, os textos de tudo isso são passíveis de proteção. Assim, posso 
parafrasear as ideias de outros, mas não reproduzir os textos que as contêm. Isto é, desde que eu 
escreva com minhas próprias palavras sobre aquilo que outros disseram, não estou ferindo direito 
de ninguém. Isso não quer dizer, entretanto, que não haja questões éticas envolvidas. 
A honestidade intelectual indica que a pessoa deve fazer menção a autores de ideias genuínas 
que esteja divulgando. Por exemplo:
 Errado
 
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As motivações humanas, inclusive as relacionadas com os comportamentos de compra, 
podem ser vistas sob o prisma da chamada hierarquia das necessidades, que parte daquelas tidas 
como mais básicas e evoluem à medida que essas vão sendo satisfeitas, na seguinte sequência: 
necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização.
 Certo
As motivações humanas, inclusive as relacionadas com os comportamentos de compra, podem 
ser vistas sob o prisma da chamada hierarquia das necessidades criada pelo psicólogo Abraham 
Maslow, que parte daquelas tidas como mais básicas e evoluem à medida que essas vão sendo 
satisfeitas, na seguinte sequência: necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e 
de autorrealização.
 Figura 19 - Autor
Fonte: Kichigin/shutterstock.com
 Embora o profissional não seja obrigado a mencionar a autoria, quando o faz, ele ganha pontos 
em sua reputação – pela elegância e honestidade intelectual. Por isso, bons profissionais jamais 
deixam de fazê-lo, quando se trata de transmissão de ideias originais e relevantes de outrem. Há, 
evidentemente, necessidade de que se trate de ideia distinta e de valor reconhecido, como é o caso 
da hierarquia das necessidades de Maslow.
Note também que, em alguns casos, como o dos parágrafos III e IV, do artigo 8º da Lei 9.610 
(citados anteriormente), nem sequer os textos são protegidos. Qualquer um pode reproduzir sem 
autorização prévia e sem compromisso financeiro “III - os formulários em branco para serem 
preenchidos por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções” e “IV - os textos 
 
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de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais”. 
Isso quer dizer que qualquer um pode publicar esse material, mas, por questão informativa e respeito 
aos leitores, deve mencionar fontes e indicações necessárias para que os interessados verifiquem 
e aprofundem suas pesquisas, se desejarem.
 3.2 Direitos morais X patrimoniais
 Figura 20 - Direitos
Fonte: Africa Studio/ shutterstock.com
 Os direitos, já mencionamos, podem ser morais ou patrimoniais. Há diferenças significativas 
no que diz respeito ao tratamento das obras quanto a esses dois campos. Por exemplo: os direitos 
morais são inalienáveis e irrenunciáveis, quer dizer um autor não pode vender os direitos morais 
sobre sua obra (texto, desenho, fotografia, pintura etc.) e nem tampouco renunciar a eles, quer dizer, 
divulgada sua obra, não pode dizer que não é autor dessa. 
Quanto aos direitos patrimoniais, há maior flexibilidade nesse aspecto: o autor pode negociar 
com terceiros, de acordo com seus interesses. Evidentemente, os direitos morais não se transmitem 
a terceiros, como os herdeiros, enquanto que os patrimoniais, sim.
Vejamos o texto da lei, no que diz respeito a direitos morais:
Art. 24. São direitos morais do autor:
I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
 
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II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, 
como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III - o de conservar a obra inédita;
 Agora vem um parágrafo que dá origem a grandes discussões e polêmicas, principalmente em 
se tratando de autores falecidos. Por exemplo, um maestro poderá fazer um arranjo para “melhorar” 
uma obra de Mozart – e isso poderá causar revolta entre colegas. É difícil estabelecer os limites 
entre o aceitável e o inaceitável quando se trata de adaptação de obras artísticas e intelectuais. 
Continuemos com a leitura dos dispositivos da lei:
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à 
prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, 
em sua reputação ou honra;
V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
 A seguir, mais um parágrafo que acarreta discussões, não só no âmbito da lei mas também 
no da ética. No que diz respeito à lei há as questões de propriedade que eventualmente entram 
em confronto com as morais. No que diz respeito à ética, há o artista e sua verdade cuja negação 
poderá causar decepção perante aqueles a quem a obra se destina. Vejamos:
VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização 
já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação 
e imagem;
VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente 
em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, 
ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente 
possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou 
prejuízo que lhe seja causado.
§ 1º Por morte do autor, transmitem-se a seus sucessores os direitos a que se referem 
os incisos I a IV.
§ 2º Compete ao Estado a defesa da integridade e autoriada obra caída em domínio 
público.
 
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§ 3º Nos casos dos incisos V e VI, ressalvam-se as prévias indenizações a terceiros, 
quando couberem.
Art. 25. Cabe exclusivamente ao diretor o exercício dos direitos morais sobre a obra 
audiovisual.
Art. 26. O autor poderá repudiar a autoria de projeto arquitetônico alterado sem o seu 
consentimento durante a execução ou após a conclusão da construção.
Parágrafo único. O proprietário da construção responde pelos danos que causar 
ao autor sempre que, após o repúdio, der como sendo daquele a autoria do projeto 
repudiado.
Art. 27. Os direitos morais do autor são inalienáveis e irrenunciáveis.
 Algumas questões sobre direitos morais:
O ghostwriter teria direito moral sobre sua obra? Isto é, caso quisesse, poderia exigir que 
sua autoria fosse revelada? Poderia exigir que seu nome fosse indicado, como sendo de autor? 
Seguramente é uma questão que traz diferentes ângulos. 
Pode-se imaginar diferentes questões relacionadas com o problema do ghostwriter:
• O contratante é detentor das ideias e informações singulares que incorporaram o texto? 
Imaginemos, por exemplo, que seja alguém pesquisou algo e detém um conhecimento singular 
sobre a questão e que a redação não se revestirá de nenhum conteúdo artístico, sendo mero 
relato objetivo dos achados na pesquisa. Nesse caso pode-se argumentar que o ghostwriter 
agiu apenas como assessor de redação, subordinado portanto à orientação do contratante. 
Nesses casos, tanto no Brasil quanto no exterior, a tendência é não garantir o direito de autoria 
ao ghostwriter (HUMBERG, 2005).
• E se tratamos de uma obra literária ou artística que o autor tenha, por qualquer razão, cedido 
para nomeação por terceiros e posteriormente, arrependido, demande a indicação de seu nome? 
Neste caso – tudo a depender de comprovações – a discussão nos tribunais pode ser bem 
mais aprofundada e há forte possibilidade de ganho de causa pelo escritor arrependido. No 
caso, o eventual contrato celebrado entre ghostwriter e seu contratante, protegido por cláusula 
de sigilo, aparentemente é inválido e prevalece o direito do autor de reivindicar indicação de 
seu nome. Observa Fernanda Machado Amarante (2014, p. 23): 
 
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Diante da indisponibilidade dos direitos morais, o contrato em comento é nulo e tendo 
em vista a imprescritibilidade dos direitos morais do autor, a despeito da cláusula 
de sigilo, poderá o ghostwriter reivindicar o direito de paternidade a qualquer tempo.
 Há outro aspecto importante a notar: “§2 - Compete ao Estado a defesa da integridade e autoria 
da obra caída em domínio público”. Quer dizer: se alguém desejar tirar proveito econômico da obra 
de Machado de Assis, pode fazê-lo sem problema, já que essa caiu em domínio público. Entretanto, é 
duvidoso se pode intervir nessa obra, mudá-la de forma alguma. O Estado deve proteger a integridade 
da obra e entra em questão a extensão e natureza da intervenção feita.
SAIBA MAIS
Sentença em caso de ghostwriter
Veja uma sentença proferida em primeira instância para o caso de um assessor que demandou 
direitos morais e econômicos sobre publicações de textos seus assinados por terceiros: <http://
webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:3wAlL0VHoIoJ:www.espacovital.com.br/
arquivos/1_29899_520e1ff5e54ae.pdf+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. 
 
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CURIOSIDADES
Direito de interromper a distribuição e circulação de um livro de sua autoria
O autor de um livro pode querer interromper a circulação de um livro de sua autoria. No caso, deverá 
respeitar direitos patrimoniais de outros – do editor, por exemplo, de livrarias que tenham comprado 
o livro para vender ou ainda de uma biblioteca que tenha adquirido o livro. A saída é comprar os 
exemplares em circulação e negociar com outros titulares de direito as condições para cessar a 
distribuição. 
Isso ocorre porque as pessoas eventualmente se arrependem do que escreveram ou atingem 
posições em suas carreiras nas quais obras já publicadas deixam de contribuir para a reputação 
atual. São muitos os casos do gênero. Conquanto a pessoa tenha direito de buscar os meios para 
interromper a circulação da obra, não poderá negar que esta foi publicação e é de sua autoria. 
O escritor Paulo Coelho escreveu vários livros sem sucesso antes de chegar à lista dos best-sellers 
com O diário de um mago. Um deles, Manual prático de vampirismo, o autor tentou tirar de circulação 
(mas há exemplares à venda no mercado ainda, a preços elevados para um livro).
 Figura 21 - Paulo Coelho
Fonte: Fulya Atalay/shutterstock.com
 Link: <http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=49452&cat=Artigos>.
 
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 3.2.1 Direitos patrimoniais
 Figura 22 - Direitos patrimoniais
Fonte: Dukes/shutterstock.com
 O autor tem direitos patrimoniais sobre sua obra. Vejamos o que diz a lei:
Art. 29. Depende de autorização prévia e expressa do autor a utilização da obra, por 
quaisquer modalidades, tais como:
I - a reprodução parcial ou integral;
II - a edição;
III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;
IV - a tradução para qualquer idioma;
V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;
VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com terceiros 
para uso ou exploração da obra;
VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica, 
satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção 
da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente determinados 
por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou produções 
se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;
 
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VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica, mediante:
a) representação, recitação ou declamação;
b) execução musical;
c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;
d) radiodifusão sonora ou televisiva;
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de frequência coletiva;
f) sonorização ambiental;
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;
h) emprego de satélites artificiais;
i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e 
meios de comunicação similares que venham a ser adotados;
j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;
IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem 
e as demais formas de arquivamento do gênero;
X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser 
inventadas.
 Como se vê, toda criação alguém tem proteção e os interessados nas criações de terceiros nada 
podem fazer sem anuência destes. Os profissionais de comunicação precisam manter-se, pois, 
alertas para evitar que uma distração ou descuido qualquer resulte em transgressão nessa área.
IMPORTANTE
70 anos de proteção
Os direitos autorais são transmitidos a sucessores, após a morte dos detentores originais. Perduram 
por 70 anos, a contar do mês de janeiro do ano seguinte ao do falecimento do autor. A partir dessa 
data, as obras caem em domínio público. Quando a autoria de uma obra é desconhecida ou quando o 
autor não deixa sucessores, seus direitos autorais dessa passam ao domínio público imediatamente 
após a morte do titular.
 
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 3.3 Direitos conexos
A criação de um autor frequentemente é complementada pela de outros, e isso cria os chamados 
direitos conexos. Estes são aqueles que protegem, por assim dizer, pessoas ou organizações que 
tornam possível a concretização das obras dos autores originais. É o caso, por exemplo, de um 
artista que atua em peça teatral de autoria de outrem ou de um concertista. Os direitos autorais 
conexos, protegem, sem prejuízo da proteção dos autores, “artistas intérpretes ou executantes, dos 
produtores fonográficos e das empresas de radiodifusão”. 
 Figura 23 - ArtistaFonte: Aerogondo2/shutterstock.com
 Vejamos o que a lei diz sobre os direitos conexos:
Dos Direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes
Art. 90. Tem o artista intérprete ou executante o direito exclusivo de, a título oneroso 
ou gratuito, autorizar ou proibir:
I - a fixação de suas interpretações ou execuções;
II - a reprodução, a execução pública e a locação das suas interpretações ou execuções 
fixadas;
III - a radiodifusão das suas interpretações ou execuções, fixadas ou não;
 Como se vê, a impopular proibição de que se gravem e divulguem certas apresentações tem 
amparo legal. Continuemos:
 
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IV - a colocação à disposição do público de suas interpretações ou execuções, de 
maneira que qualquer pessoa a elas possa ter acesso, no tempo e no lugar que 
individualmente escolherem;
V - qualquer outra modalidade de utilização de suas interpretações ou execuções.
§ 1º Quando na interpretação ou na execução participarem vários artistas, seus 
direitos serão exercidos pelo diretor do conjunto.
§ 2º A proteção aos artistas intérpretes ou executantes estende-se à reprodução da 
voz e imagem, quando associadas às suas atuações.
Art. 91. As empresas de radiodifusão poderão realizar fixações de interpretação 
ou execução de artistas que as tenham permitido para utilização em determinado 
número de emissões, facultada sua conservação em arquivo público.
Note que as autorizações para emissões ou apresentações são limitadas no tempo e espaço. 
Veja acima e abaixo:
Parágrafo único. A reutilização subsequente da fixação, no País ou no exterior, 
somente será lícita mediante autorização escrita dos titulares de bens intelectuais 
incluídos no programa, devida uma remuneração adicional aos titulares para cada 
nova utilização.
 Aqui também cabem direitos morais e usualmente esses têm potencial para busca de indenizações 
de maior vulto. Vejamos:
Art. 92. Aos intérpretes cabem os direitos morais de integridade e paternidade de suas 
interpretações, inclusive depois da cessão dos direitos patrimoniais, sem prejuízo da 
redução, compactação, edição ou dublagem da obra de que tenham participado, sob 
a responsabilidade do produtor, que não poderá desfigurar a interpretação do artista.
Parágrafo único. O falecimento de qualquer participante de obra audiovisual, concluída 
ou não, não obsta sua exibição e aproveitamento econômico, nem exige autorização 
adicional, sendo a remuneração prevista para o falecido, nos termos do contrato e 
da lei, efetuada a favor do espólio ou dos sucessores.
 
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 Agora, a lei discorre sobre os produtores fonográficos, que têm direitos materiais e morais sobre 
suas produções. 
Capítulo III
Dos Direitos dos Produtores Fonográficos
Art. 93. O produtor de fonogramas tem o direito exclusivo de, a título oneroso ou 
gratuito, autorizar-lhes ou proibir-lhes:
I - a reprodução direta ou indireta, total ou parcial;
II - a distribuição por meio da venda ou locação de exemplares da reprodução;
III - a comunicação ao público por meio da execução pública, inclusive pela radiodifusão;
IV - (VETADO)
V - quaisquer outras modalidades de utilização, existentes ou que venham a ser 
inventadas.
Art. 94. Cabe ao produtor fonográfico perceber dos usuários a que se refere o art. 
68, e parágrafos, desta Lei os proventos pecuniários resultantes da execução pública 
dos fonogramas e reparti-los com os artistas, na forma convencionada entre eles ou 
suas associações. (Revogado pela Lei nº 12.853, de 2013)
Capítulo IV
Dos Direitos das Empresas de Radiodifusão
Art. 95. Cabe às empresas de radiodifusão o direito exclusivo de autorizar ou proibir 
a retransmissão, fixação e reprodução de suas emissões, bem como a comunicação 
ao público, pela televisão, em locais de frequência coletiva, sem prejuízo dos direitos 
dos titulares de bens intelectuais incluídos na programação.
Capítulo V
Da Duração dos Direitos Conexos
Art. 96. É de setenta anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir 
de 1º de janeiro do ano subsequente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, 
 
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para as emissões das empresas de radiodifusão; e à execução e representação 
pública, para os demais casos.
 3.3.1 Um caso: produzindo um filme da empresa
Suponhamos que o profissional de comunicação queira produzir vídeo de divulgação institucional 
para a empresa na qual trabalha. Durante a criação do tal vídeo, ele decide que vai lançar mão de 
versos de Shakespeare e de trechos musicais de Johann Sebastian Bach, peças em domínio público, 
conforme a lei (já que ambos os criadores faleceram há mais de 70 anos). Ocorre que o profissional 
resolve fazer uma adaptação nos trechos de Shakespeare, para “modernizá-los” e omite a identidade 
do grande autor. Quanto aos trechos de Bach, o profissional faz download de gravações existentes 
no YouTube e as coloca como fundo em seu vídeo, sem buscar nenhum tipo de autorização, uma 
vez que a obra encontra-se em domínio público. 
 Figura 24 - Shakespeare
Fonte: Georgios Kollidas/ shutterstock.com
 Há aqui alguns comportamentos nitidamente inadequados e outros de legalidade ou, pelo 
menos, de ética duvidosa. Vejamos:
• A obra de Bach, sim, está em domínio público, mas aqueles que a executaram na gravação 
retirada do YouTube tem direitos e podem buscar sua proteção. Peritos poderão constatar a 
paternidade da tal execução da obra de Bach e o profissional poderá ser chamado a ressarcir 
 
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os titulares desses direitos – não só no que diz respeito à esfera patrimonial, mas também 
no que diz respeito à esfera moral.
• Quanto à obra de Shakespeare, sim, está em domínio público e o profissional pode usá-la e 
até a fazer eventuais adaptações, mas isso tem limites. Igualmente, a omissão de autoria pode 
constituir comportamento ilegal. Do ponto de vista da lei, a mutilação da obra de um autor 
consagrado pode levar o Estado – protetor dos direitos morais da obra em domínio público, 
por lei – a exigir reparos e pode também o Estado exigir a menção da autoria da obra. Ainda 
que a legalidade não possa ser questionada em caso de modificações, há questões de ética 
envolvidas, quando alguém se alvora a “melhorar” algo que é patrimônio da humanidade. O 
ousado poderá ser questionado nessa ousadia e isso poderá render-lhe prejuízos significativos 
à reputação.
 Vejamos uma opinião jurídica sobre a questão:
Em regra, a obra em domínio público pode ser livremente utilizada, independentemente 
de autorização ou licença de quem quer que seja. Assim, no âmbito de sua utilização 
encontra-se o direito de modificá-la. Apesar disso, em alguns casos bastante 
específicos, esse direito sofrerá limitações. 
Imagine-se, por exemplo, a seguinte hipótese: após décadas fora de circulação 
comercial, uma obra em domínio público volta a ser editada. No entanto, a versão 
editada da obra é substancialmente diferente da obra original, com modificações 
no texto que chegam a comprometer sua integridade. Seria, nesse caso, atribuição 
do Estado exigir que o público fosse informado acerca das adaptações, diante do 
risco de a obra nova vir a substituir a obra antiga como se fosse original (BRANCO, 
2011, p. 198).
 Então, o comportamento adequado ao profissional de comunicação é, no mínimo, tratar com 
o devido respeito os grandes criadores do passado e suas obras e atentar para direitos de outros 
envolvidos com essa ao longo do tempo.
 
 
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4. CONCEITO DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS E OBRAS DE 
DOMÍNIO PÚBLICO
 Figura 25 - Domínio público
Fonte: Mtkang/shutterstock.com
 Os profissionais de comunicação podem buscar material de terceiros para suas próprias 
produções para torná-las mais qualitativas e atraentes. Os caminhos são três: 
a) busca de material cujo uso, em termos da lei, independe de autorização e remuneração 
dos autores.
b) busca de obras que hajam caído em domínio público. 
c) aquisição de obras ou parte de obrasprotegidas por direitos autorais, mediante acordo 
com os titulares.
 4.1 Uso legítimo de materiais de terceiros
 Figura 26 - Materiais
Fonte: Racorn/shutterstock.com
 Primeiramente, vejamos o que se pode fazer em termos de uso de material de terceiros (Seleção 
baseada na Lei 9.610):
 
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Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:
I - a reprodução:
a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou 
periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos;
b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de qualquer natureza;
*
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens 
de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, 
indicando-se o nome do autor e a origem da obra;
*
VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso familiar ou, 
para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer 
caso intuito de lucro;
*
VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes, de qualquer 
natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o 
objetivo principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da obra reproduzida nem 
cause um prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.
Art. 47. São livres as paráfrases e paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra 
originária nem lhe implicarem descrédito.
 Vale observar que:
• Notícias e artigos da imprensa podem ser reproduzidos, mas por órgãos de imprensa. Já se o 
profissional desejar usar uma notícia veiculada pela imprensa em um livro que está escrevendo, 
terá de pedir autorização (e possivelmente pagar pelo uso);
 
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• Discursos pronunciados em reuniões públicas também podem ser reproduzidos, desde que 
o quem faz a reprodução seja órgão de imprensa;
• As citações são livres, mas, na forma e medida certas. Vale dizer: com proporção adequada 
em relação às obra em que se inserem, com as devidas menções de autoria, com justificativas 
sensatas em relação ao texto que as recebe. Veremos isso mais adiante.
• O parágrafo VI citado indica que peças teatrais ou musicais podem ser usadas com fins didáticos 
e não lucrativos em estabelecimentos musicais. Se houver cobrança extra de ingresso, seja 
para uma peça, seja para um concerto, por exemplo, a condição a ausência de “intuito de 
lucro” já se torna questionável.
• O parágrafo VIII traz um problema: o conceito de pequeno trecho. Aqui é uma questão de 
julgamento, que dependerá do tamanho e natureza do trecho copiado, sua inserção na nova 
obra, legitimidade da intenção do autor dessa última e outras circunstâncias.
• Paráfrases são livres e são um ótimo recurso. Do ponto de vista ético, devem ser feitas de 
tal modo a fazer referência a autores de ideias ou informações que dão sustentação a elas. 
Podem ser tanto uma transcrição (com palavras próprias) de trecho de texto de outro ou uma 
extensão desses. Logicamente têm limites. Escrever um artigo inteiro parafraseando outro 
existente certamente é plágio.
• Paródias são igualmente livres, mas, dadas as suas potenciais implicações, devem ser evitadas. 
Na relação custo X benefício, do estrito ponto de vista de comunicação, raramente se justificam, 
isto é, trazem grandes riscos – de reação negativa e ação por parte dos parodiados – sem 
grandes benefícios.
4.2 Materiais de terceiros cedidos gratuitamente ou a baixo custo
Há atualmente uma enorme quantidade de materiais de terceiros cedidos gratuitamente ou a 
baixo custo aos interessados mediante condições estipuladas. Alguns dos titulares dos direitos 
sobre materiais os oferecem gratuitamente e exigem algum tipo de reciprocidade, como a menção 
da autoria e fonte com algum destaque, mas outros nada exigem. Há também os materiais a custos 
muito baixos que são disponibilizados, com ou sem outras reciprocidades. Em alguns casos, são 
permitidas as transformações dos materiais cedidos, e, em outros casos, deverão ser usados como 
são.
 
 
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Figura 27 - Creative commons
Fonte: Sarycheva Olesia/ shutterstock.com
 Isso faz parte de uma tendência de democratização do conhecimento e da informação, no 
ambiente de internet, e da agregação de esforços coletivos para partilha. Fotógrafos, escritores, 
designers, produtores de vídeo e de áudio – amadores ou profissionais – de todo o mundo partilham 
parte de suas criações. O resultado é que o interessado dispõe de um enorme estoque de material 
para uso, com acesso fácil e imediato, sem custo ou a custos muito baixos.
Exemplo:
<https://openclipart.org/>
<https://www.canva.com/>
<http://www.freedigitalphotos.net/>
<https://pixabay.com/pt>
 No cenário do compartilhamento são relevantes o copyleft e o Creative Commons.
 
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SAIBA MAIS
O pesquisador do CTS/FGV e co-coordenador do CC Brasil, Eduardo Magrani, trabalhou em seu 
mestrado na temática de democracia digital e escreveu o livro “Democracia conectada: a internet 
como ferramenta de engajamento político-democrático”, fruto de sua dissertação, que trata do debate 
teórico que envolve o potencial político de plataformas digitais de comunicação e discorre sobre 
dois casos práticos em que essas tecnologias estiveram no centro do debate na política brasileira: o 
Marco Civil da Internet e as Manifestações de Junho de 2013.
Para obter o livro grátis, acesse: <https://br.creativecommons.org/livro-sobre-democracia-digital-
disponivel-sob-licenca-cc/>
 4.3 Uso de obras de domínio público
 Figura 28 - Domínio público
Fonte: Yuriy Vlasenko/ shutterstock.com
 Suponhamos que o profissional de comunicação, em uma campanha qualquer, decida dar um 
brinde a clientes de uma determinada categoria profissional, psicólogos, por exemplo. Ele poderia 
tomar o texto de um autor consagrado que já tenha caído em domínio público, publicar em uma 
edição bem cuidada e passar aos clientes. A sugestão óbvia, no caso, em se tratando de psicólogos, 
seria a novela “O alienista”, de Machado de Assis.
 
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SAIBA MAIS
O alienista
“O alienista” narra a história de Simão Bacamarte que, após uma carreira brilhante como médico de 
“alienados” no exterior e no Brasil, volta à sua pequena cidade natal, Itaguaí, e monta o hospício Casa 
Verde. A partir de suas análises sobre os habitantes da cidade, começa um processo frenético de 
internar e soltar gente, na intenção de botar os loucos para dentro da casa de saúde. No fim, liberta 
todos e tranca-se só, pelo resto da vida. É um texto bastante cômico e interessante que discorre sobre 
as fronteiras entre normalidade e loucura.
Leia “O alienista”: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000012.pdf>.
 O advento da internet facilitou o acesso a obras em domínio público: textos, fotografias, desenhos, 
ilustrações de todos os tipos, músicas, filmes, cliparts. Há inúmeros sites que agregam material 
caído em domínio público, alguns relativamente recentes (devido a diferentes tratamentos legais 
do domínio público em diferentes países). Uma boa pesquisa na internet permite acesso a todo 
tipo de material sob domínio público. No Brasil há um site governamental que facilita os acessos: 
<www.dominiopublico.gov.br>.
 4.4 Aquisição de direitos autorais
A cessão de direitos autorais tem de ser feita de forma clara e explícita, definindo-se todas as 
condições de uso da obra. Por exemplo: por quanto tempo ela será comercializada ou apresentada 
ao público? Onde e como? Para que uso? Se um autor concede direito de publicação de seu livro, isso 
não quer dizer, salvo menção em contrato, que estará cedendo também o direito de transformação 
desse em filme. Um outro exemplo, um ator que atue em um comercial poderá exigir remuneração

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