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Vulvovaginites e cervicites Ana Carolina Picanço Conceito Corrimento genital baixo: infecções que vão desde estruturas inferiores até o orifício interno do colo uterino; Vulvovaginite: é toda a manifestação inflamatória e/ou infecciosa do trato genital inferior (vulva, vagina, ectocérvice); Cervicite : é a inflamação e/ou infecção da mucosa endocervical. ***40% das causas de consulta ginecológicas. Conteúdo vaginal fisiológico O meio vaginal é composto pelo resíduo vaginal, pelos restos celulares e micro-organismos. ➔ Assintomático; ➔ Muco cervical; ➔ Células vaginais esfoliadas / transudato; ➔ Secreção das glândulas de Bartholin e Skene; ➔ Leucócitos / Microorganismos da flora vaginal. Cor branca ou transparente, volume variável, pH ácido (4,0 a 4,5) (variam com fase do ciclo menstrual, uso de hormônios, gravidez...) Nem todo fluxo vaginal é uma doença e nem toda doença é infecciosa!!! Flora vaginal normal A composição e a densidade populacional dos micro-organismos da flora vaginal normal podem variar de mulher para mulher e nas diferentes fases do ciclo menstrual. ➔ Predominantemente aeróbica; ➔ Variações cíclicas de acordo com o ciclo menstrual. Gram negativos: Escherichia coli; Anaeróbios facultativos: Gardnerella vaginalis; Anaeróbios estritos: Bacterioides sp, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis. Fungos: Candida sp. Lactobacillus sp (Bacilos de Doderlein) Lactobacillus sp. é a espécie bacteriana que predomina na microbiota vaginal normal. Os Lactobacillus acidophilus representam 90% das bactérias presentes na flora normal de uma mulher sadia em idade reprodutiva, e respondem pelo pH ácido que inibe o crescimento de bactérias nocivas à mucosa vaginal. *** Lactobacillus acidophilus: bactéria predominante na microbiota vaginal (90%). Responsáveis pelo pH ácido (inibe bactérias nocivas). Ana Carolina Picanço Fatores predisponentes para vulvovaginites ➔ Diabetes; ➔ Uso de esteróides e imunossupressores / ATBC; ➔ Traumas; ➔ Lubrificantes vaginais / Duchas vaginais; ➔ Absorventes internos e externos; ➔ Depilação exagerada ou frequente / Estresse; ➔ Prática de coito não convencional; ➔ Uso de DIU; ➔ Estado hiper / hipoestrogênicos; ➔ Hospitalização prolongada. Quais são as principais infecções vaginais? Vaginose Bacteriana Síndrome polimicrobiana (principal = Gardnerella vaginalis). É importante destacar que todos os fatores que fazem diminuir a quantidade de oxigênio nos tecidos e, portanto, o seu potencial de oxirredução, favorecem a infecção por anaeróbios estritos. Reduzido aumento de leucócitos: sintomas inflamatórios são discretos Desequilíbrio da flora vaginal ⇓ ↓ lactobacilos e ↑ pH ⇓ Proliferação anaeróbios vaginais ⇓ Gardnerella, Mobiluncus, Bacteroides, Mycoplasma hominis EPIDEMIOLOGIA - Principal causa de corrimento vaginal (46% das mulheres). - Mais frequentes em mulheres com vida sexual ativa. FATORES PREDISPONENTES - Múltiplos ou novos parceiros; - Duchas vaginais; - Tabagismo; - Coito durante período menstrual (sêmem + sangue = ↑ pH). QUADRO CLÍNICO Corrimento fluido, homogêneo, branco-acinzentado, em pequena quantidade, pode formar microbolhas, não aderente à parede vaginal. Ana Carolina Picanço Odor fétido tipo “peixe podre” (piora após coito e durante menstruação). ⇓ Volatilização de aminas aromáticas (putrescina, cadaverina, dimetilamina) resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias em contato com a alcalinidade do sêmen ou sangue. Menos intensos: disúria, dispareunia, irritação vulvar. DIAGNÓSTICO (cai na prova) A VB pode ser diagnosticada pelo uso de critérios clínicos (critérios de Amsel) ou pela coloração de Gram. CRITÉRIOS DE AMSEL CLUE CELLS A identificação de clue cells no exame a fresco é muito sugestiva de Vaginose Bacteriana (VB), mas somente sua presença não “fecha” o diagnóstico. A VB também pode cursar na ausência de visualização de clue cells, desde que os outros três critérios de Amsel estejam presentes. Assim, embora as clue cells constituam um achado característico de VB, as células-guia podem estar ausentes em até 40% dos casos. ESCORE DE NUGENT Avaliação do esfregaço corado pelo Gram. 1) escore de 0 a 3 – padrão normal; 2) escore de 4 a 6 – flora vaginal intermediária; 3) escore de 7 a 10 – vaginose bacteriana. Escore de Nugent: contabilização do tipo morfológico bacteriano fazendo um pontuação e, de acordo com essa nota, irá se determinar como está a flora vaginal (não usa na prática, nem em prova). TRATAMENTO: - Metronidazol 500 mg VO, 12/12h - durante 7 dias ou - Metronidazol gel 0,75% - (um aplicador) intravaginal durante 5 noites ou - Clindamicina creme 2% - (um aplicador) intravaginal durante 7 noites. Não é necessário fazer o uso dos dois métodos (oral e creme vaginal), a não ser que esteja muito exacerbado. E não precisa tratar o parceiro. Alternativas: - Tinidazol 2 g por VO, uma vez ao dia - durante 2 dias ; Ana Carolina Picanço - Tinidazol 1 g VO, uma vez ao dia - durante 5 dias ; - Clindamicina 300 mg, VO, 12/12h - durante 7 dias. *** Efeito ANTABUS Tomar cuidado com efeito ANTABUS . Uso de qualquer azol junto com álcool irá causar taquicardia, sensação de morte, face avermelhada e suor excessivo. Não pode ingerir álcool durante o uso desses fármacos e até 24h depois. VAGINOSE RECORRENTE Recidivas são frequentes (15-30%) > mais de 4 episódios por ano por exemplo; Opções: repetir o mesmo esquema terapêutico anterior. Recorrências múltiplas: - Metronidazol gel 0,75%, VV, por 7-10 dias; ou - Óvulos de ácido bórico 600mg, VV, diariamente, por 21 dias; ou - Metronidazol gel 0,75%, VV, 2x/semana por 4 - 6 meses. ABORDAGEM DO PARCEIRO Tratamento do parceiro não aumenta as taxas de cura e/ou recorrência, não devendo ser realizado de rotina. TRATAMENTO EM PACIENTE HIV + Esquema habitual; ALERGIA OU INTOLERÂNCIA Clindamicina creme 2% - (um aplicador) intravaginal durante 7 noites; TRATAMENTO x GRAVIDEZ Gestantes = sempre tratar, pois diminui as taxas de aborto, bolsa rota, parto prematuro. * 1º trimestre: Clindamicina 300mg, VO, 12/12h, por 07 dias; * 2º e 3º trimestre: Metronidazol 250mg, VO, 8/8h, por 07 dias Candidíase vaginal Candidíase Vulvovaginal (CVV) é uma infecção da vulva e vagina causada por um fungo do gênero Candida, Gram-positivo, dimorfo, saprófita do trato genital e gastrointestinal, com virulência limitada. A Candida é capaz de se proliferar em ambiente ácido, apesar da ação dos lactobacilos. Candida albicans (85%), Candida glabrata, Candida krusei; Infecção da vulva e vagina causadapor um fungo comensal (habita mucosa vaginal e digestiva), que prolifera quando o meio está favorável, causando sintomas. Capaz de se proliferar em ambientes ácidos, apesar dos Lactobacilos. Segunda causa mais comum de corrimento (23%) 75% das mulheres vão ter candidíase vaginal 1x durante a vida. FATORES PREDISPONENTES É uma infecção causada por um fungo comensal, que já habita a flora vaginal e digestiva, que irá se proliferar quando o meio estiver propício (estresse, uso de ATB, período pré menstrual, calor, uso de calça muito apertada, etc.). É a segunda causa mais comum de corrimento e 75% das mulheres terão cândida pelo menos uma vez na vida. - Obesidade; - Diabetes mellitus (descompensado); - Gravidez; - ACO alta dosagem; - ATBC, corticoides, imunossupressores; - Vestuário / hábitos de higiene inadequados; - Substâncias irritativas (talcos, perfumes, desodorantes); - Imunodeficiência. Ana Carolina Picanço QUADRO CLÍNICO - Prurido vulvovaginal (principal sintoma – variável). - Corrimento branco, grumoso, inodoro, tipo “leite coalhado”, aderido na parede vaginal e colo. - Ardência vulvovaginal / Dispareunia; - Disúria; - Hiperemia e edema vulvar; - Escoriação por coçadura / fissura. - Início súbito. - Toxina da levedura (canditina) = sintomas de prurido, mas não é obrigatório, alguns pacientes podem desenvolver cândida sem apresentar prurido. - Manifestam antes da menstruação (acidez vaginal máxima). - Parceiro pode apresentar irritação ou hiperemia do pênis. DIAGNÓSTICO - Quadro clínico + exame a fresco ( visualização de pseudo-hifas à microscopia); - pH vaginal < 4,5 (fita de pH); - Whiff test negativo; - Para casos recorrentes: Culturas em meios ágar-Sabouraud ou Nickerson (avaliar presença de espécies não albicans). FORMAS CLÍNICAS TRATAMENTO - Optar por esquemas curtos (melhor adesão). *** Nistatina deve ser evitada se possível: resistência fúngica e baixa adesão = tratamento 14 dias. - Associação de antifúngico + corticoide tópico fornece rápido alívio dos sintomas vulvar. Candidíase não complicada: tratamento VV ou VO ⇣ - Fenticonazol creme 0,02 g/g, um aplicador, 7 noites, ou óvulo com 600 mg em dose única). (FEBRASGO); - Miconazol creme 2% - um aplicador, 7 noites. (MS); - Clotrimazol creme 10mg/g, 7 noites; - Butaconazol creme 2% - um aplicador dose única. USO SISTÊMICO: - Fluconazol 150mg (comprimido) dose única; - Itraconazol 100mg –02cp de 12/12h por 01 dia; - Cetoconazol 200mg – 2cp / dia por 05 dias. Ana Carolina Picanço Candidíase complicada: preferencialmente VO ⇣ - Fluconazol 150mg (comp) dose única – dia 1, 4, 7 ou - Itraconazol 100mg (02 cp) 12/12h por 1 dia – repetir após 5 dias. ou - Miconazol creme VV, por 14 dias Se necessário: AINES, Anti-histamínicos. Manutenção - Identificar e excluir fatores agravantes; - Associar uso de condom; - Fluconazol 150mg/ 1x por semana (por 6 meses)- supressão. O fluconazol é muito hepatotóxico, então deve-se tomar cuidado com pacientes que já tem um problema hepático, principalmente naqueles com candida complicada que terão que fazer uso durante 6 meses. Nunca prescrever todo o tempo necessário, rever sempre esse paciente avaliando sua função hepática. ESPÉCIE NÃO ALBICANS - Tratamento com esquemas mais prolongados: 7 a 14 dias; - Ácido bórico: cápsula 600mg/dia 10 - 14 dias. GESTANTES E LACTANTES: Apenas tratamento por via vaginal. PACIENTES COM HIV: Mesmo tratamento ***Imunossuprimidas: Tratar por 14 dias. Tricomoníase Trichomonas vaginalis – protozoário aeróbico flagelado (brinca-se que seu corrimento é bolhoso porque ele bate o rabinho). ****É uma IST. Só pega através da relação sexual então sempre vai ter que se tratar o parceiro. Maioria das mulheres infectadas são sintomáticas; Homens: portadores assintomáticos, mas transmitem; FATORES DE RISCO SEXO DESPROTEGIDO !!! QUADRO CLÍNICO (cai em prova) Corrimento abundante, amarelo / amarelo-esverdeado (mais comum), mal cheiroso e bolhoso. - pH > 5; - Eritema e edema vulvar; - Disúria; - Colpite focal ou difusa = “Colo em framboesa” (prova) Ana Carolina Picanço - Colposcopia + teste de Schiller = colo de aspecto “tigróide” ou “pele de onça” (prova) DIAGNÓSTICO - Anamnese + exame físico; - Microscopia a fresco do fluido vaginal; - pH > 5 ( 5,0 a 6,0 ); - Whiff teste fracamente positivo; - Cultura por meio de Diamond (era o padrão-ouro...) (prova); - O Teste de Amplificação do Ácido Nucleico (NAAT) é altamente sensível. É o método mais sensível e específico disponível, mas só está indicado nas pacientes em que a suspeita de tricomoníase não foi confirmada pela microscopia O diagnóstico será feito através da anamnese + exame físico. Na microscopia a fresco poderá ser observado os protozoários presentes no corrimento, o Wiff teste poderá dar levemente positivo (poderá ter um mal cheiro fraco, principalmente se comparado a vaginose) e a cultura será por meio de Diamond (quando não confirmado na microscopia). TRATAMENTO SEMPRE TRATAMENTO SISTÊMICO, pois o tratamento tópico não atinge níveis terapêuticos na uretra e glândulas vaginais. - Metronidazol 2g - VO dose única; - Tinidazol 2g – VO dose única; - Metronidazol 500mg 12/12h – VO - 7 dias. PARCEIRO: Tratamento OBRIGATÓRIO !!! Abstinência sexual até o final do tratamento; *** INVESTIGAR OUTRAS IST´s NA SUA PACIENTE*** Na gestante está associado: - Amniorrexe prematura / Parto prematuro / Recém-nascido de baixo peso. PACIENTE HIV + - Mesmo esquema terapêutico. GESTANTES / LACTANTES: - 1° trimestre: Clindamicina 300mg, VO, 12/12h, por 07 dias; - 2º e 3º trimestre: Metronidazol 250mg, VO, 8/8h, por 07 dias; (Suspender aleitamento materno por 12h) Tabela resumidinha Ana Carolina Picanço Se você tem acesso ao microscópio, coloca a secreção e vê hifas e micélios é candida. Flagelados móveis é tricomoníase. Se visualiza clue cells é vaginose. Aqueles que não acesso ao microscópio irá fazer uso da fita de pH vaginal ou o teste de KOH. Vaginite descamativa / inflamatória Vaginite purulenta, crônica, que ocorre na ausência de processo inflamatório cervical. Etiologia desconhecia / Maior prevalência na perimenopausa. 70% das culturas vaginais mostram Estreptocococos beta-hemolíticos. DIAGNÓSTICO: Corrimento purulento em grande quantidade. pH vaginal alcalino; Microscopia: processo descamativo intenso / céls. Basais e parabasais / ausência de lactobacilos, aumento de polimorfonucleares. TRATAMENTO: - Clindamicina creme 2%, VV, por 07 dias. - Estrogênio tópico (menopausadas) / 2 semanas. Vulvovaginites não infecciosasVaginose citolítica - Desequilíbrio da flora vaginal ( ↑ lactobacilos, ↓ pH (ácido) e citólise); - Confunde com candidíase; Será quando a paciente tem um desequilíbrio da flora vaginal, ocorrendo um aumento dos lactobacilos deixando o pH muito ácido. Com isso, os bacilos de Doderlein ficam muito aumentados tendo sintomas muito característicos de candidíase. A paciente terá coceira, ardência e um corrimento fluido e branco mas não será em grumoso. Com saber que não é candidíase? Na microscopia. No esfregaço terá aumento de lactobacilos, ausência de hifas e micélios da candidíase, Trichomonas e Gardnerella . Só será visto lactobacilos na secreção. Diagnóstico: Corrimento esbranquiçado, aderente ou não, esfregaço com ↑ lactobacilos e ausência de Cândida, Tricomonas e Gardnerella. Tratamento: Ducha vaginal com bicarbonato de sódio 60g diluído em 1L de água – 3x por semana. Cápsulas manipulada de bicarbonato 2% - 10-20 dias. Ana Carolina Picanço Vulvovaginite atrófica É quando a paciente tem uma deficiência de estrogênio, normalmente ocorre em mulheres na menopausa ou pode acontecer em mulheres no pós parto. - Deficiência de estrogênio (menopausa e pós-parto); ⇓ - Secura vaginal, irritação e dispareunia ( mulheres > 50 anos); - Hipoestrogenismo = ↑ pH = infecções e traumatismo. Diagnóstico: prurido intenso, corrimento amarelo-esverdeado, disúria, ITU repetição, incontinência urinária, perda de lubrificação./ Ausência de parasitas. OBS: Para diagnosticar não devemos nos guiar somente pela cor do corrimento; Tratamento: Estrogênio via vaginal (creme ou óvulos); Promestrieno: antecedente de CA de mama e endométrio; Ác. Poliacrílico: hidratante vaginal sem hormônio. Vulvovaginite inespecífica (da infância) Ocorre em paciente pré-púberes também por uma baixa de estrogênio, aumento do pH vaginal causando infecções (vulvite primária não específica). Outras causas da vaginite na infância são má higiene, uso de fraldas e corpo estranho causando um corrimento amarelo com mau cheiro, precisa ser investigado. - Pré-púberes / ausência de estrogênio / ↑ pH / infecções (vulvite primária não específica). - Má higiene / uso de fraldas / corpo estranho; Diagnóstico: história clínica (prurido e ardência vulvar, leucorréia variável, sinais de má higiene) / Investigar sempre Abuso sexual. Inspeção da vulva / coleta de material a fresco; Tratamento: Melhora da higiene / Afastar agentes irritantes / uso correto do papel higiênico. Oxiuríase = Mebendazol Cervicites É a inflamação da mucosa endocervical, ou seja, do epitélio colunar do colo uterino. Os principais agentes causadores de cervicite serão a Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis. Clamídia: é um bacilo gram negativo que poderá causar uma inflamação na uretra, na conjuntiva, da endocérvice e das trompas, causará uma uretrite não gonocócica e é um dos principais agentes causadores de DIP (Doença inflamatória pélvica). Gonococo: é um diplococo gram negativo, poderá causar infecções na faringe, trato genitourinário, conjuntivas e articulações. Causará a uretrite gonocócica e também poderá causar DIP. - A OMS recomenda o tratamento conjunto da gonorréia na presença de infecção por clamídia. - As endocervicites são assintomáticas em 90 a 100% dos casos. - Aumentam o risco de DIP. - Corrimento endocervical geralmente amarelo-esverdeado/purulento. - Incluir o parceiro no tratamento. Quadro clínico: - Corrimento vaginal / Dispareunia / Disúria / Colo friável / Dor a mobilização do colo. Ana Carolina Picanço - Outras queixas: Sinusorragia / Bartholinite / DIP Diagnóstico (prova): Saber o meio de cultura de cada um! Tratamento: DIP – doença inflamatória pélvica - Processo agudo originado, 90%, de agentes sexualmente transmissíveis; - Polimicrobiana; Mais comum: Chlamydia trachomatis: 15 – 65% = PRINCIPAL Neisseria gonorrhoea: 35 – 50% Micoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, Streptococus B-hemolítico do grupo A, anaeróbios (Bacterioides fragilis), G. vaginalis. Síndrome clínica causada pela ascensão de microorganismos do trato genital inferior, de forma espontânea ou devido à manipulação. (infecção ocorre acima do orifício interno do colo uterino). Saber os nominhos de cada parte. Ana Carolina Picanço EPIDEMIOLOGIA ➔ EUA: 1 milhão mulheres por ano; ➔ Mulheres jovens: 15 a 39 anos; ➔ 70%: < 25 anos; ➔ Raro antes dos 15 anos e após a menopausa; ➔ Baixa mortalidade e alta morbidade; ➔ Sequelas importantes: infertilidade, prenhez ectópica, dispareunia, dor pélvica crônica. FATORES DE RISCO ➔ Início precoce da atividade sexual (3x); ➔ Promiscuidade (4x); ➔ História prévia de DST ou DIP; ➔ Parceiro sexual portador de uretrite; ➔ DIU (3 a 5x) – primeiras 2 semanas após inserção; ➔ Baixa condição socioeconômica; ➔ Tabagismo, alcoolismo, uso de drogas ilícitas (imunossupressivo); ➔ Duchas vaginais ; ➔ Procedimentos cervicais recente. QUADRO CLÍNICO Dor abdominal/pélvica + corrimento purulento + febre. ➔ Abdome doloroso à palpação profunda em região hipogástrica e fossas ilíacas; ➔ Exame especular: corrimento mucopurulento fluindo pelo OE (orifício externo do colo); ➔ Toque vaginal: dor à mobilização do colo uterino e dos anexos. Abaulamento em fundo de saco sugere abscesso pélvico. Na mobilização do colo, a paciente irá sentir dor. É o famoso grito de Douglas, pois ao tocar no fundo de saco de Douglas a paciente grita de dor. Se observar abaulamento em fundo de saco sugere ter um abscesso pélvico. Sempre suspeitar de DIP em toda paciente sexualmente ativa com dor em região hipogástrica. Salpingite é a inflamação de toda a tuba uterina. DIP é a principal causa de aderências, parecendo com endometriose. Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (prova): peri-hepatite e formação de aderências entre a cápsula hepática e a parede abdominal anterior, causando dor em hipocôndrio direito sem alterações enzimas hepáticas (fase crônica da DIP). São chamadas de cordas de violino. Não apresenta alteração de enzima hepática. Ana Carolina Picanço DIAGNÓSTICO Usualmente baseado em história clínica e exame físico. Diagnóstico laboratorial ➔ Teste de gravidez: excluir gravidez ectópica ou abortamento séptico. ➔ Hemograma: leucocitose > 10.000 – 12.000 com aumento de bastões. ➔ VHS / PCR: elevados. ➔ EAS / Urocultura: afastar ITU. ➔ Cultura de material cervical com antibiograma ou NAAT para N. gonorrhoeae. ➔ Sorologia para sífilis, Hep. B e C, HIV, imunofluorescência indireta para Clamídia. ➔ USG abdominal / pélvico: revela líquido livre, abscesso tubo-ovariano e pélvico, líquido preenchendo a trompa.➔ RM: líquido livre, abscessos tubo-ovarianos; ➔ Biópsia de endométrio: confirmar endometrite. ➔ Laparoscopia: diagnóstico padrão ouro para salpingite e peritonites (caro). DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL CAUSAS GINECOLÓGICAS E OBSTÉTRICAS: ➔ Dismenorréia ➔ Dor ovulatória ➔ Endometriose ➔ Cisto ovariano roto, torção anexial ➔ Tumor ovariano ➔ Degeneração de miomas ➔ Gravidez ectópica ➔ Abortamento ➔ Abortamento séptico CAUSAS NÃO GINECOLÓGICAS ➔ Apendicite ➔ Colecistite ➔ Constipação intestinal ➔ Diverticulite ➔ Gastroenterite ➔ Doença inflamatória intestinal ➔ Cistite, pielonefrite ➔ Nefrolitíase ➔ Discopatia REPERCUSSÕES DA DIP ➔ 25% das pacientes tem sequelas a longo prazo; ➔ Risco gravidez ectópica: ↑ 6 a 10x; ➔ Infertilidade em 10 a 15%; ➔ Dor pélvica crônica e dispareunia em 20%; ➔ Síndrome de Fitz-Hugh Curtis**. TRATAMENTO: CLASSIFICAÇÃO DE MONIF Estadiamento de DIP Ana Carolina Picanço O tratamento da DIP será realizado de acordo com o estágio que a paciente apresentar. Se a paciente apresenta somente uma salpingite aguda sem peritonite, podendo ter um pouco de febre (estágio 1) o tratamento será somente ambulatorial; se a paciente chegar com uma salpingite com uma peritonite (estágio 2), com uma dor mais intensa abdominal, às vezes vomitando não conseguindo tomar comprimidos, o tratamento será hospitalar. O estágio 3 já é um pouco pior com uma salpingite aguda com obstrução da tuba ou com abscesso tubo-ovariano íntegro, a conduta também será hospitalar. No estágio 4 esse abscesso tubo ovariano já será roto ou paciente com choque séptico, abscesso >10cm, o tratamento será cirúrgico. TRATAMENTO AMBULATORIAL (PCDT IST - MS 2015) ➔ Quadro clínico leve; ➔ Exame abdominal sem sinais de peritonite; ➔ Consegue ingerir medicação VO; ➔ Não se incluem em critérios para tratamento hospitalar. ESQUEMA Usa os 3 juntos! TRATAMENTO HOSPITALAR No tratamento hospitalar não pode descartar emergências cirúrgicas, sempre terá a presença de um abscesso tubo-ovariano, roto ou não, a paciente apresentará um quadro grave de peritonite, náuseas, vômito ou febre alta (por isso não consegue fazer uso de remédio VO), serão pacientes imunocomprometidos. Caso o paciente esteja em tratamento ambulatorial e dentro de 72h não aconteça melhora do quadro ou este piore, o paciente já vai para tratamento hospitalar e também em casos de intolerância ou baixa adesão ao tratamento ambulatorial. Serão utilizados dois esquemas hospitalar: Frase da GO: Na GO não inventa, clinda e genta. Na dúvida, sempre dá clinda e genta. ABSCESSO TUBO-OVARIANO: - Sucesso em 70% com apenas TTO clínico (<10cm); - Drenagem guiada por USG ou TC. Quando a paciente tem um abscesso tubo-ovariano, em 70% se tem sucesso com o tratamento clínico, quando < 10cm. Se for >10cm, faz a drenagem do abscesso guiada por USG ou TC. Caso esse abscesso se rompa, vai se fazer um quadro de peritonite difusa podendo evoluir para sepse, deve fazer intervenção cirúrgica de urgência. Ruptura do abscesso: peritonite torna-se difusa, podendo evoluir para sepse. Deve-se realizar tratamento cirúrgico de urgência Ana Carolina Picanço ABORDAGEM CIRÚRGICA: Sempre que possível = laparoscopia. A abordagem cirúrgica irá ser realizada se houver falha no tratamento clínico, se tiver presença de massa pélvica persistente ou progressiva (já drenou, mas esse abscesso voltou ou evoluiu), quando houver suspeita de rotura do abscesso, quando houver hemoperitônio (paciente vai evoluir para choque hipovolêmico) ou abscesso em fundo de saco. Laparotomia: - Casos de emergência (rotura de abscesso, instabilidade hemodinâmica). ACOMPANHAMENTO ➔ Reavaliar as pacientes em TTO ambulatorial em 72h; ➔ Todas devem ser reavaliadas 3/3 meses no primeiro ano; ➔ Solicitar sorologias: sífilis, hepatites B e C, HIV; ➔ PARCEIROS: tratar empiricamente para clamídia e gonococo. (Azitromicina 1g VO + Ceftriaxona 500mg IM - dose única) DIU + DIP ➔ O risco está limitado as 2 primeiras semanas após a inserção; ➔ Não há evidências que o DIU deva ser removido em pacientes com DIP; ➔ Seguimento rigoroso clínico se o DIU permanecer. FIM. Ana Carolina Picanço
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