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TUTORIA 02 - M02 -P4 @gabrielholandac DIP / VAGINOSES _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Objetivos: ● Compreender a DIP ● Compreender diagnóstico e tratamento da DIP ● Conhecer as principais vulvovaginites ● Conhecer os fatores de risco e medidas de prevenção de infecções ginecológicas e ISTs DIP ● Infecção polimicrobiana do trato genital feminino superior ● Ocorre pela ascensão de microrganismos vindos da vagina e colo do útero ● Afeta primariamente o colo do útero chegando de forma direta ao útero, tubas e ovários, por via canalicular ● Pode provocar infertilidade, gravidez e dor pélvica crônica Etiologia ● As principais causas são Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, transmitidas sexualmente ● Mycoplasma genitalium também pode ser um causador ○ Bactéria parasita que vive nas células epiteliais e ciliadas dos tratos genital e respiratório de primatas ● Também envolve outras bactérias aeróbias e anaeróbias, principalmente associadas à vaginose bacteriana ● Gardnerella vaginalis, Bacteroides spp., Haemophilus influenzae, Streptococcus agalactiae, e bacilos Gram-negativos entéricos podem estar envolvidos ○ A inflamação vaginal e vaginoses bacterianas contribuem para a disseminação ascendente dos microrganismos vaginais ● Incidência da DIP sexualmente transmissível está diminuindo, < 50% das pacientes com DIPA são positivas para gonorreia ou clamídia ● à medida que o processo evolui, ocorre diminuição da concentração oxigênio localmente, aumentando a presença de anaeróbios Fatores de risco ● DIP prévia ● Vaginose bacteriana ou qualquer IST ● Geralmente ocorre em mulheres com < 35 anos ● Rara antes da menarca, após a menopausa e durante a gestação ● Uso de DIU se houver cervicite Fatores ligados a gonorreia e clamídia ● Idade mais jovem ● Não brancas ● Baixo nível socioeconômico ● Múltiplos/novos parceiros sexuais ou parceiro que não usa preservativo ● Ducha vaginal Quadro clínico ● Dor na parte inferior do abdome ● Febre ● Corrimento cervical ● Sangramento uterino anormal ○ Em particular durante ou após a menstruação Cervicite ● Colo do útero fica avermelhado e sangra facilmente ● Comum corrimento mucopurulento, geralmente amarelo-esverdeado ○ Visto exsudando pelo canal endocervical Salpingite aguda ● Geralmente ocorre dor bilateral em hipogastro ○ Pode ser unilateral, mesmo que as duas trompas estejam comprometidas ● Pode haver dor em epigástrio ● Náuseas e vômitos são comuns em dor intensa ● Pode ocorrer sangramento irregular (por endometrite) e febre ● Em estágios iniciais os sintomas podem ser leves ou ausentes ● Estágios mais avançados pode haver dor à movimentação do colo, defesa e dor por rebote ● Pode haver dispareunia e disúria ● DIP decorrente de gonorreia é mais aguda e tem sintomas mais graves que clamídia Complicações ● Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis ○ Peri-hepatite que causa dor em hipocôndrio direito ○ Pode resultar de salpingites agudas por gonococo ou clamídia ○ Pode se tornar crônica, caracterizada por exacerbações e remissões intermitentes ● Abscesso tubo-ovariano ○ Coleção de pus nos anexos ○ Desenvolve em cerca de 15% das mulheres com salpingite ○ Pode surgir acompanhando infecção aguda ou crônica, com maior probabilidade de ocorrer se não for bem tratado ○ Apresenta dor, febre e sinais peritoneais ○ Massa anexial pode ser palpável, com muita sensibilidade ○ Pode se romper, causando sintomas cada vez mais graves, podendo causar choque séptico ● Hidrossalpingite ○ Obstrução das fímbrias e distensão tubária com líquido não purulento ○ Geralmente assintomática ○ Pode causar pressão pélvica, dor pélvica crônica, dispareunia e/ou infertilidade Diagnóstico ● PCR de amostras cervicais para gonorreia e clamídia (99% de sensibilidade e especificidade) ○ Se PCR não estiver disponível usa-se culturas ● Teste de gravidez ○ Se os sintomas sugerem DIP, mas teste de gestação é positivo, testar para gestação ectópica ● Se não for possível examinar devido à dor à palpação, faz-se USG ● Contagem de leucócitos pode estar elevada, mas não ajuda no diagnóstico ● Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis pode mascarar colecistite aguda ○ Diferenciada por achados associados de salpingite pelo exame pélvico ou USG ● Se suspeita de massa anexial ou pélvica ou a paciente não responder aos antibióticos entre 48 - 72h, realiza USG para excluir abscesso tubo-ovariano, piossalpinge e distúrbios relacionados com a DIP ● Se não houver certeza do diagnóstico após USG, faz-se laparoscopia ○ Material peritoneal purulento observado é padrão-ouro para o diagnóstico Tratamento ● Antibióticos são usados empiricamente para cobrir gonorreia e clamídia, modificados de acordo com a resposta da paciente ○ Tratamento empírico é necessário sempre que o diagnóstico está em discussão ■ Testes inconclusivos ■ Diagnóstico clínico impreciso ■ Não tratar DIP minimamente sintomática, podendo gerar complicações graves ● Parceiros sexuais de pacientes infectadas por gonorreia ou clamídia também devem ser tratados ● Se não houver melhora após o tratamento, considerar causa por M. genitalium ○ Tratadas empiricamente com moxifloxacina 400mg VO 1x ao dia / 7 - 14 dias ● Mulheres com DIP são internadas nos seguintes casos ○ Diagnóstico incerto, com incapacidade de excluir doença que requer tratamento cirúrgico ○ Gestação ○ Sintomas graves ou febre alta ○ Abscesso tubo-ovariano ○ Incapacidade de tolerar ou seguir terapia ambulatorial ○ Falta de resposta ao tratamento oral Vulvovaginites Vaginose bacteriana ● Vaginite infecciosa mais comum ● Patogênese não é clara, mas envolve o crescimento excessivo de múltiplos patógenos bacterianos ● Gardnerella vaginalis, Mobiluncus spp e Mycoplasma hominis são os principais ○ Concentração aumenta de 10 para 100 vezes e substituem os lactobacilos Fatores de risco ● Mesmos das ISTs ● Em mulheres que fazem sexo com mulheres o risco aumenta à medida que aumentam o número de parceiros ● DIU Quadro clínico ● Corrimento branco/acinzentado, fino ● Odor fétido (peixe podre) ○ Fica mais forte em pH mais alcalino, após o coito e menstruação ● Sem dispareunia ● pH > 4,5 (4,7 - 5,7) Diagnóstico ● Corrimento acinzentado ● pH > 4,5 ● Teste de Whiff positivo (odor de peixe podre) ● Clue cells Tratamento ● Metronidazol 400mg 12/12h VO por 7 dias ● Metronidazol 250mg 8/8h VO por 7 dias ● Metronidazol gel vaginal 0,75% um aplicador cheio à noite por 7 dias ● Gestantes ○ 1º trimestre: Clindamicina 300mg VO 12/12h por 7 dias ○ 2º e 3º trimestre: Metronidazol 250mg VO 8/8h por 7 dias ● Não trata parceiros assintomáticos Candidíase ● Infecção da pele e da mucosa por Candida spp, mais comumente Candida albicans ● C. albicans coloniza de 15 a 20% das mulheres não gestantes e de 20 a 40% das gestantes Fatores de risco ● Diabetes ● Uso de antibióticos de amplo espectro ou corticoides ● Gestação ● Roupas íntimas apertadas ● Imunossuprimidos ● DIU Quadro clínico ● Prurido, queimação ou irritação vaginal ● Corrimento espesso, esbranquiçado de aspecto grumoso, aderente e inodoro ● Dispareunia superficial ● Disúria ● Sintomas aumentam na semana anterior à menstruação Diagnóstico ● Corrimento típico ● pH vaginal < 4,5 ● Pseudo-hifas na amostra a fresco ● Se recorrência frequente deve-se fazer cultura para descartar infecção por Candida não albicans Tratamento ● Miconazol creme 2% via vaginal, um aplicador cheio, à noite por 7 dias ● Nistatina 100.000 UI uma aplicação, via vagina,l à noite por 14 dias ● Casos recorrentes: Fluconazol 150mg VO dose única ● Gestantes: Tratamento oral deve ser evitado e fluconazol é contraindicado ● Parceiros trata se sintomáticos Tricomoníase ● Trichomonas vaginallis Quadro clínico ● Corrimento amarelo-esverdeado, bolhoso, odor fétido ● Prurido ou irritação ● Disúria ● Dispareunia profunda ● Colo em framboesa Diagnóstico ● Sintomatologia específica ● Teste de Schiller positivo (iodonegativo) - colo com aspecto tigróide ● pH > 5 ● Exame a fresco: protozoários Tratamento ● Metronidazol 400mg VO, 5 cp dose única ● Metronidazol 250mg VO, 2 cp 12/12h por 7 dias ● Gestantes: Metronidazol 400mg VO, 5 cp dose única ● Parceiros: mesmo tratamento
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