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Travessa do Paço, 23 – grupo – 510 – Centro – RJ – Tels. (21) 2210.2819/2215.4810 
www.ciajuridicacursos.com.br – cursos@companhiajuridica.com.br companhiajuridica@hotmail.com - Facebook 
 
1 
 
CURSO PRÉ-EMERJ CIA JURÍDICA 2015 
MATERIAL DE APOIO PROF. FERNANDO FRAGA 
DIREITO CIVIL 
SUCESSÕES 
CONCEITO 
Sucessão, do latim, succedere, significa vir no lugar de alguém. 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 19) que sucessão, em sentido amplo, significa o ato pelo 
qual uma pessoa assume o lugar da outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens. [...]. A 
ideia de sucessão, que se revela na permanência de uma relação de direito que perdura e subsiste a 
despeito da mudança dos respectivos titulares, não ocorre somente no direito das obrigações, 
encontrando-se frequente no direito das coisas, em que a tradição opera, e no direito de família, 
quando os pais decaem do poder familiar e são substituídos pelo tutor, nomeado pelo juiz, quanto ao 
exercício dos deveres elencados nos arts. 1.740 e 1.741 do Código Civil. 
No Direito das Sucessões (ou Direito Hereditário), no entanto, a expressão sucessão é utilizada em 
sentido estrito e, neste sentido, ensina Francisco José Cahali (2007, p. 20) que ?o direito das 
sucessões, como ramo do direito civil, trata exclusivamente da sucessão decorrente do falecimento da 
pessoa. Emprega-se o vocábulo sucessão em um sentido estrito, para identificar a transmissão do 
patrimônio apenas em razão da morte, como fato natural, de seu titular, tornando-se o sucessor sujeito 
de todas as relações jurídicas que àquele pertenciam?. Por isso, pode-se afirmar que a sucessão 
também é meio de aquisição da propriedade. 
Assim, o Direito das Sucessões, ramo do Direito Civil, é complexo de normas e princípios que se 
destinam a regular a passagem de titularidade do patrimônio (ativo e passivo) de alguém (chamado 
autor ou de cujus ou de cuius aos seus sucessores (herdeiros e legatários). 
ORIGEM DO DIREITO SUCESSÓRIO 
Na História da humanidade o Direito Sucessório ganhou especial importância a partir do momento em 
que ocorreu a individualização da propriedade[2], passando o sujeito a ser titular de seu patrimônio, o 
que gerou diversos debates sobre os fundamentos do Direito Sucessório. 
Ensina Eduardo Leite (2004, p. 25) que desde a Antiguidade grega e romana a sucessão privada se 
justificava por motivos religiosos (continuidade do culto familiar e do culto aos ancestrais). A essa 
época, para assegurar a continuidade do culto era fundamental que aqueles encarregados de 
proceder (necessariamente herdeiros homens ? primogênito varão ? porque sacerdotes da religião 
doméstica) à cerimônia fizessem a arrecadação dos bens do falecido, impedindo-se, assim, a divisão 
da fortuna. 
 
 
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2 
 
Para os romanos (em especial a partir da Lei das XII Tábuas), no entanto, além deste aspecto 
religioso, destacava-se o aspecto político da sucessão, uma vez que o herdeiro exerceria o pátrio 
poder, assumindo a chefia do grupo familiar (por indicação feita pelo ?de cujus? quando ainda vivo ou 
na seguinte ordem: ?sui, agnati e gentiles?[3]). Foi apenas com Justiniano que a sucessão legítima 
passou a se concentrar apenas no parentesco natural, o que não excluiu várias formas de sucessão 
testamentária. 
Já na Idade Média o direito germânico passou a conhecer apenas a sucessão decorrente do 
parentesco e, no mesmo sentido operou por bom tempo o direito francês (?droit de saisine?) . O 
Direito contemporâneo, no entanto, preferiu conciliar a sucessão legítima e a testamentária, 
reconhecendo em ambas formas de sucessão (ex.: art. 1.845, CC). 
Maria Helena Diniz (p. 05) destaca que havia autores? Como D?Aguano, que procuram justificar o 
fundamento científico do direito sucessório nas conclusões da biologia e da antropologia atinentes ao 
problema da hereditariedade biopsicológica, segundo a qual os pais transmitem à prole não só os 
caracteres orgânicos, mas também, as qualidades psíquicas, resultando daí que a lei, ao garantir a 
propriedade pessoal, reconhece que a transmissão hereditária dos bens seja uma continuação 
biológica e psicológica dos progenitores. Semelhantemente Cimbali funda o direito das sucessões na 
continuidade da vida através de várias gerações? Argumentos de evidente fragilidade que não 
encontram vozes ressonantes atualmente já que a vida humana tem continuidade independente de 
qualquer direito sucessório. 
Afirma Eduardo Leite (2004, p. 26) que o aspecto psicológico é, talvez, ?a justificação mais profunda e 
secreta. A sucessão abranda a angústia da morte criando o sentimento de imortalidade. 
Diferentemente das pessoas, os bens não desaparecem? Eles tem vocação à eternidade?, como 
expressivamente disse Carbonnier, ?uma eternidade na escala humana que não tem uma 
necessidade de perpetuidade e que se mede, no máximo, em quatro gerações??. 
Por isso, os defensores do direito sucessório [4] como José de Oliveira Ascensão afirmam que? A 
admissão da sucessão é uma consequência necessária da aquisição de uma propriedade privada?[5] 
e, dessa forma, sua análise deve ser feita de acordo com a política legislativa de cada Estado. 
Conclui Francisco José Cahali (2008, p. 22) que? Não há como se negar a relevante função social 
desempenhada pela possibilidade de transmissão? Causa mortis? Pois valoriza a propriedade e o 
interesse individual na formação e avanço patrimonial, estimulando a poupança e o desempenho 
pessoal no progresso econômico, fatos que direta ou indiretamente, propulsionam o desenvolvimento 
da própria sociedade?. 
CONTEÚDO E OBJETO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
O direito sucessório é considerado um direito fundamental (art. 5o., XXX, CF), mas o conteúdo da 
herança, objeto da sucessão, possui hoje caráter eminentemente patrimonial [6] ou econômico, sendo 
em regra excluídas da herança as relações jurídicas não patrimoniais e as personalíssimas (mesmo 
que tenham conteúdo econômico). 
 
 
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3 
 
O Código Civil (arts. 1.784 a 2.027, CC) divide o Direito das Sucessões em quatro títulos: I. Da 
sucessão em geral (regras de transmissão, aceitação, renúncia e excluídos da herança, herança 
jacente e petição de herança); II. Da sucessão legítima; III. Da sucessão testamentária; IV. Do 
inventário e da partilha. 
Em relação ao Código Civil de 1916, o atual Código acrescentou 30 artigos e operou alteração em 
quase todos os Títulos e Capítulos do Direito das Sucessões (dos 243 artigos, 170 sofreram 
alteração). Criaram-se novas seções como: cessão de direitos; parte da vocação hereditária e petição 
de herança. 
Vale lembrar que a lei vigente ao tempo da abertura da sucessão será a norma que regerá a sucessão 
(art. 1.787, CC). Por isso, a data do falecimento será necessariamente indicativa da legislação a ser 
aplicada[7]. 
DA SUCESSÃO EM GERAL 
Abertura da sucessão. Art. 1.784, CC ? ?aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos 
herdeiros legítimos e testamentários?, na ordem prevista no art. 1.829, CC. 
Denota-se, dessa forma, que a abertura[8] da sucessão (independente da causa da morte ou de ter 
sido ela presumida[9]) se faz automaticamente (?ipso facto? e ?ipso iure?), abrangendo todo 
patrimônio do ?de cujus? (universalidade de direito), tratando-se esta transmissão de uma ficção 
jurídica. Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 32) que ?a herança[10] é, na verdade, um 
somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as 
obrigações, as pretensões e as ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram 
propostas, desde que transmissíveis Compreende, portanto,o ativo e o passivo (CC, arts. 1.792 e 
1.997), imitindo-se o herdeiro? na posse independente de qualquer pedido judicial. 
Momento da transmissão da herança. A morte, a abertura da sucessão e a transmissão da herança 
aos herdeiros, ocorrem exatamente no mesmo momento, independente de saberem ou não os 
herdeiros da abertura da sucessão, uma vez que se opera ?ipso jure?. 
Embora a transmissão da herança ocorra independente do conhecimento dos herdeiros, aos mesmos 
é exigido que, em ato posterior, aceitem a herança, bem como, é-lhes permitido repudiá-la, uma vez 
que ninguém pode ser herdeiro contra sua própria vontade. Destaque-se, no entanto, que a aceitação 
da herança só torna definitiva a transmissão já efetivada e a recusa faz cessar os efeitos desta mesma 
transmissão. 
Assim, para que haja a transmissão da herança é preciso que: o herdeiro exista ao tempo da sua 
abertura; que o herdeiro, neste momento, não seja incapaz de herdar (art. 1.787, CC) e, por isso, 
importante se identificar (por meio da certidão de óbito ou declaração judicial de morte presumida) o 
momento em que ocorreu a morte. 
Comoriência (ou morte simultânea). Trata-se de hipótese em que herdeiro e hereditando morrem 
simultaneamente não se podendo identificar quem morreu primeiro (art. 8o., CC). Nestes casos, o 
principal efeito será que um não herda do outro (conforme estudado em Direito Civil I), uma vez que 
não há transmissão de bens e de direitos entre os comorientes. 
 
 
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4 
 
Destaca Francisco José Cahali (2008, p. 41) que ?relevantes, pois, as consequências da aplicação 
dos efeitos da comoriência no direito sucessório. E a sua constatação tem cunho eminentemente 
fático, ensejando a necessidade de prova judicial e inequívoca, fazendo nascer daí a discussão sobre 
a possibilidade de averiguação no próprio inventário ou através das vias ordinárias (ação declaratória), 
por se tratar de questão de alta indagação (CPC, art. 984). 
Princípio da ?saisine?. Princípio criado na Idade Média pelo direito costumeiro francês[11] como 
forma de oposição ao regime feudal. Hoje, é princípio consubstanciado no art. 1.784, CC[12] brasileiro, 
que prevê que o próprio ?de cujus? transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança 
(?tomada de posse da herança?). Ne definição de Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 36) trata-se a 
?saisine? de ?habilitação legal, reconhecida a certos sucessores, de exercer os direitos e ações do 
defunto sem necessidade de preencher qualquer formalidade prévia?. 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 38) que ?embora ?não se confundam a morte com a 
transmissão da herança, sendo aquela pressuposto e causa desta, a lei, por uma ficção, torna-as 
coincidentes em termos cronológicos, presumindo que o próprio ?de cujus? investiu seus herdeiros no 
domínio e na posse indireta de seu patrimônio, porque este não pode restar acéfalo?. 
Em virtude do o princípio da ?saisine? a sucessão e a legitimação para suceder são regulados pela lei 
vigente ao tempo da abertura daquela (art. 1.787, CC), bem como, o imposto ?causa mortis? é devido 
pela alíquota vigente na data do óbito (Súmula 112, STF). 
Indivisibilidade da herança. A herança, conforme o art. 1.791, CC, ?defere-se como um todo unitário, 
ainda que vários os herdeiros e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio?, o que significa 
que entre a abertura da sucessão e a partilha o direito dos coerdeiros será considerado indivisível[13], 
porque ainda não individualizados os quinhões hereditários (vide arts. 1.206 e 1.207; 1.197 e 1.797, 
CC; arts. 990 e 991, CPC). Afirma Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 47) que ?a indivisibilidade da 
herança imposta por lei é meio de assegurar o direito de todos os coerdeiros, entre si e contra 
terceiros. 
Liberdade de testar (art. 1.789, CC). No Direito brasileiro a liberdade de testar é limitada. A liberdade 
de testar só será plena quando não houver herdeiros necessários, podendo o testador afastar da 
sucessão os herdeiros colaterais (art. 1.850, CC). Havendo herdeiros necessários a liberdade de 
testar será restrita, dividindo-se em partes iguais a herança (sistema da divisão necessária); nestes 
casos só pode o testador livremente dispor de uma dessas metades, pertencendo a outra (chamada 
legítima) aos herdeiros necessários (art. 1.846, CC). 
Espécies de Sucessão 
I. Quanto à fonte: 
a) Sucessão legítima (?ab intestato? ou legal). É a sucessão que decorre da lei (art. 1.786, CC), ou 
seja, decorre de vontade presumida do ?de cujus? (forma de ?testamento tácito?). 
b) Sucessão testamentária. É sucessão que decorre de disposição de última vontade expressa em 
testamento ou codicilo (art. 1.786, CC) e, por isso, reflete a verdadeira intenção do ?de cujus?. 
 
 
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Morrendo a pessoa sem ter deixado testamento ou havendo este quanto aos bens por ele não 
abrangidos, ou ainda quando o testamento caducar ou for nulo, prevalecerá a sucessão legítima (art. 
1.788, CC[14]), de acordo com a ordem de vocação hereditária determinada no art. 1.829, CC. 
A sucessão legítima e testamentária podem ocorrer simultaneamente, respeitadas as regras sobre a 
liberdade de testar previstas nos arts. 1.789 e 1.846, CC. 
II. Quanto aos efeitos: 
a) Sucessão a título universal. Ocorre quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade do 
acervo hereditário. Pode ocorrer na sucessão legítima e na testamentária. Na sucessão a título 
universal o sucessor sub-roga-se na posição do ?de cujus?, entrando desde logo na posse e 
propriedade da herança. A sucessão legítima é sempre a título universal. 
b) Sucessão a título singular. Ocorre quando se transfere determinada porção de bens; o testador 
deixa ao beneficiário um bem certo e determinado (chamado legado). Neste caso, o legatário 
apenas toma o lugar do ?de cujus? no bem certo e individualizado, devendo pedir aos herdeiros a 
entrega da coisa legada. 
Pactos sucessórios (sucessão contratual) não são permitidos no Direito brasileiro, portanto, não se 
admite a sucessão contratual porque vedado negócio jurídico sobre herança de pessoa viva (?pacta 
corvina?- art. 496, CC). A doutrina admite algumas exceções como: o art. 2.018, CC, que afirma ser 
?válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos, ou de última vontade, contanto que não 
prejudique a legítima dos herdeiros necessários?; pacto antenupcial que prevê a recíproca e futura 
sucessão; estipulação, em pacto antenupcial, de doações para após a morte do doador[15]. 
Sucessões irregulares ou anômalas. São reguladas por normas próprias como as previstas nos arts. 
629, III, CC/16 (enfiteuse) combinado com o art. 2.038, CC/02; art. 520, CC (direito de preferência na 
compra e venda); art. 5o., XXXI, CF (sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil); Lei n. 
9.610/98 (direitos autorais); Decreto-Lei n. 5.384/43 (seguro de vida); Decreto-Lei n. 3.438/41 (proíbe a 
sucessão de cônjuge estrangeiro em terrenos de marinha). 
Espécies de sucessores. 
a) Legítimos: são os sucessores indicados pela lei em ordem preferencial (art. 1.829, CC ? estipula 
a ordem de vocação hereditária). 
a. Herdeiros necessários: são definidos em lei e entre os quais se partilha, no mínimo, metade da 
herança em quota ideais (arts. 1.789, 1.845 e 1.846, CC), salvo os casos de deserdação. 
b. Herdeiros facultativos: são herdeiros legítimos que não compõem a categoria dos herdeiros 
necessários, como os colaterais até 4o. grau e, por isso, podem ser privados da herança por 
disposição de última vontade (art. 1.850, CC). 
b) Testamentário ou instituído: beneficiado pelo testador no atode última vontade. 
c) Legatário: é o contemplado em ato de última vontade com bem certo e determinado. 
 
 
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d) Necessário, legitimário ou reservatário: é o descendente, ascendente sucessível ou cônjuge 
(art. 1.845, CC0. 
e) Universal. É o herdeiro único que recebe a totalidade da herança. 
Lugar da abertura da sucessão. Preceitua o art. 1.845, CC, que a ?sucessão abre-se no lugar do 
último domicílio do falecido? (vide art. 96, CPC). 
a) Sendo o local de domicílio do falecido desconhecido, faculta-se a abertura do inventário no foro 
de situação dos bens deixados. 
b) Sendo o local de domicílio do falecido desconhecido e havendo bens em diferentes locais, o foro 
será o do local do óbito. 
c) Havendo pluralidade de domicílios o foro será de qualquer um deles. 
d) Bens situados no Brasil podem ser partilhados em território brasileiro, ainda que o autor da 
herança seja estrangeiro ou estivesse domiciliado em território estrangeiro (art. 89, CPC). 
É possível a abertura de inventário conjunto quando, por exemplo, o cônjuge supérstite falecer antes 
da partilha do premorto, desde que sejam os mesmos herdeiros (arts. 1.043 e 1.044, CPC). 
O juízo do inventário atrai todas as ações que lhe sejam relativas (arts. 91 e 96, CPC) e a nomeação 
do inventariante deverá observar as regras do art. 990, CPC e art. 1.797, CC (enumeração taxativa e 
preferencial). 
 
[1] O termo vem da expressão ?is de cujus sucessiones agitur?- aquele de quem se trata a sucessão; 
?de cujus hereditatis agitur?. A utilização no sentido técnico não afasta designações populares como 
falecido, defunto, morto ou finado. 
[2] Por isso, por exemplo, encontra nos socialistas forte oposição, uma vez que veem na propriedade 
privada e na sua transmissão incentivo a injustiças e promoção da concentração de riquezas nas 
mãos de poucos. O direito sucessório, por isso, seria pura criação do direito positivo que contraria 
justiça e interesse social. Sobre esse posicionamento afirma Silvio Rodrigues (2008, p. 06) que se 
?não admitida a transmissão hereditária, falta ao indivíduo incentivo para amealhar e conservar a 
riqueza, sendo provável que consagre os últimos anos de sua vida a esbanjar um patrimônio que não 
pode deixar aos seus entes queridos. Tal comportamento representa prejuízo para a sociedade. 
Ademais, raramente a lei deixaria de ser burlada, pois, através de doações, ou liberalidades simuladas 
em negócios onerosos, o titular tentaria transmitir seu patrimônio a seus herdeiros?. 
[3] Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 21-22) ensina que ?os ?heredi sui et necessarii? eram os filhos 
sob o poder do ?pater? e que se tornavam ?sui iuris? com a sua morte: os filhos, os netos, incluindo-
se também, nessa qualificação, a esposa. Os ?agnati? eram os parentes mais próximos do falecido. 
Entende-se por agnado o colateral de origem exclusivamente paterna, como irmão consanguíneo, o tio 
que fosse filho do avô paterno, o sobrinho, filho desse mesmo tio. A herança não era deferida a todos 
 
 
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os agnados, mas ao mais próximo no momento da morte (?agnatus proximus?). Na ausência de 
membros das classes mencionadas, seriam chamados à sucessão os ?gentiles?, ou membros da 
?gens?, que é o grupo familiar em sentido ?lato??. 
[4] Antes do Século XX havia certa divergência doutrinária sobre a justificação da sucessão privada, 
discussão que não encontra mais vozes no século XXI. 
[5] O que faz Washington de Barros Monteiro afirmar que se a propriedade se extinguisse com a 
morte, então não seria propriedade, mas mero usufruto. 
[6] O patrimônio deve ser aqui entendido como a integralidade de bens, direitos e obrigações e a 
meação decorrente do regime de bens, pertencentes ao ?de cujus? no momento de seu falecimento. 
Lembre-se que o direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel nos termos do art. 80, II, CC; 
bem como, o espólio é considerado uma universalidade de direito (art. 91, CC) e, por isso, não tem 
personalidade jurídica. 
[7] Algumas fontes do direito sucessório brasileiro: I. o Direito pré-codificado sofreu grande influência 
do Direito Francês; Lei n. 1.839/1907; II. Código Civil de 1916; III. Decreto-Lei n. 9.461/1946; IV. 
Constituição Federal de 1988; V. Código Civil de 2002; VI. Lei n. 8.971/96 e 9.278/96. 
[8] Para alguns a abertura da sucessão também é chamada de delação ou devolução sucessória. 
Mas, para Lacerda de Almeida os termos não se confudem uma vez que nem sempre coincidirão com 
a abertura da sucessão: ?devolve-se a herança aos herdeiros necessários; aos testamentários, 
defere-se?. 
[9] A existência da pessoa natural termina com a sua morte, ainda que presumida (art. 6o., CC). 
[10] O professor deve lembrar que não se pode falar em herança de pessoa viva, conforme estudado 
em Direito Civil I, embora, se possa realizar abertura de sucessão provisória do declarado ausente (a 
abertura da sucessão, neste caso, decorre de seu desaparecimento). 
[11] ?Saisine? vem de ?saisine héréditaire?, estabelecia que os parentes de uma pessoa falecida 
tinham o direito de tomar posse de seus bens sem qualquer formalidade (?le mort saisit le vif?). 
[12] O princípio já era previsto no art. 1.572, CC/16 que ao invés de se referir à transmissão da 
herança, referia-se à transmissão do domínio e posse, o que restringia a transmissão de bens 
incorpóreos, por exemplo. 
[13] Explica Francisco José Cahali (2008, p. 35) que ?quanto à posse, é destinada aos herdeiros, já 
com o falecimento, a posse indireta, exercendo o inventariante a posse direta até o estabelecimento 
da partilha?. 
[14] O art. 1.575, CC/16, teve a redação mantida pelo legislador do Código de 2002 no art. 1.788. O 
artigo já sofria críticas no Código anterior uma vez que utiliza o vocábulo nulo tanto para designar o 
testamento absolutamente nulo, como para se referir ao anulável, melhor teria sido utilizar o termo 
inválido (conforme propõe o Projeto de Lei n. 276/2007). 
 
 
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[15] Para Francisco José Cahali (2008, p. 38) estas hipóteses não são formas de sucessão contratual, 
mas sim, caracterizam o poder de disposição de bens pela própria pessoa titular do patrimônio, por 
meio de doação ou testamento. 
 
INDIVISIBILIDADE DA HERANÇA 
Até que seja efetivada a partilha, a herança é considerada uma universalidade de direito, todo unitário 
e indivisível do qual os coerdeiros são considerados condôminos (art. 1.791, CC) e, por isso, são a ela 
aplicadas as regras referentes aos condomínios (uma vez que se trata de condomínio forçado). 
Assim, “decorre da indivisibilidade imposta por lei a prerrogativa, para cada herdeiro [fato que não 
exclui a legitimidade do espólio representado pelo inventariante], de reclamar qualquer dos bens que 
compõem a herança de quem injustamente os possua. E assim agindo, mesmo sendo titular apenas 
de parte ideal do acervo, o herdeiro que teve a iniciativa beneficiará a todos os demais, não lhe sendo 
exclusivo o resultado”, natural de obrigações indivisíveis (Francisco José Cahali, 2007, p. 53). 
Também se deve destacar que o herdeiro nunca responde ‘ultra vires hereditatis’, o que significa 
afirmar que não responderá por encargos superiores às forças da herança (art. 1.792, CC), 
incumbindo-lhe, no entanto, a prova do excesso (exceto quando o inventário demonstra desde logo o 
valor dos bens herdados). 
CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS (OU CESSÃO DA HERANÇA) 
Os direitoshereditários são incorporados no patrimônio dos sucessores a partir da abertura da 
sucessão (princípio da ‘saisine’[1]). Por isso, a indivisibilidade desde então estabelecida é também 
determinante na cessão de direitos hereditários que é limitada à quota-parte (ou fração ideal) do 
herdeiro na herança, uma vez que ninguém pode transferir mais direitos do que tem. Vale também 
lembrar que a própria cessão de direitos hereditários faz presumir sua aceitação e, como ato ‘inter 
vivos’ só terá validade quando feita após a morte de quem lhe deu causa (art. 426, CC). 
A cessão de direitos hereditários, prática comum, é novidade prevista no Código Civil de 2002 (arts. 
1.973, 1.974 e 1.975, CC), uma vez que o Código de 1916 não se referia especificamente a ela, 
restringindo-se a determinar a aplicação das regras da cessão de crédito (art. 1.078, CC/16). Segundo 
Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 57) “o legislador brasileiro assumiu posição clara e precisa sobre o 
tema: a) admitiu a cessão do ‘direito à sucessão’, bem como do ‘quinhão hereditário de que disponha 
o coerdeiro’; b) via escritura pública [porque a herança é considerada um bem imóvel, art. 80, II, CC]”. 
O que se transfere a título oneroso ou gratuito, frise-se, é a titularidade do quinhão ou legado e não a 
qualidade do herdeiro (que é pessoal e intransmissível), o que significa afirmar que se o herdeiro 
adquiriu uma universalidade, seu cessionário o sucede nesta mesma universalidade. 
Desta forma, admite-se que desde a abertura da sucessão o herdeiro possa transmitir seus direitos ou 
quinhão, independente de prévia partilha, desde que o autor da herança não lhe tenha realizado 
restrições como as decorrentes de cláusulas de inalienabilidade. No entanto, destaca Sílvio de Salvo 
Venosa (2011, p. 31) que “o objeto da cessão da herança é a universalidade que foi transmitida ao 
herdeiro. Destarte, não podia o herdeiro individualizar bens dentro dessa universalidade. Se houvesse 
 
 
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essa individualização (e isso ocorre ordinariamente), não poderia o herdeiro, nesse negócio, garantir 
que esse determinado bem fosse atribuído na partilha ao cessionário, a não ser que todos os 
herdeiros e interessados concordassem, mas nem por isso se desvirtuaria o caráter da cessão, para a 
venda de um bem determinado. Nesse caso, haveria uma promessa de venda”. 
Neste sentido, afirma o art. 1.973, §2o., CC, que “é ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito 
hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente”. O coerdeiro só pode ceder 
parte indivisa ou fração ideal, não podendo nunca alienar um bem singular do acervo sem 
consentimento dos demais coerdeiros. 
Assim, sendo a cessão de herança uma forma de cessão de crédito, feita a título oneroso o herdeiro 
garante ao cessionário a existência da sua condição de herdeiro; sendo gratuita essa garantia só se 
aplicará se o herdeiro agiu de má-fé (art. 295, CC). Dessa forma, assim que realizada a cessão, ainda 
que não tenha sido feita a notificação dos demais herdeiros ou de terceiros, poderá o cessionário 
exercer todos os atos necessários à conservação de seu direito. Além disso, antes do inventário a 
cessão de herança é negócio aleatório e, por isso, não responde o herdeiro pela evicção. 
Ressalva o art. 1.973, §1o., CC, que “os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de 
substituição ou de direito de acrescer; presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente”. 
Por isso, ocorrendo substituição ou direito de acrescer, o cedente continua herdeiro para efeitos 
sucessórios. 
Também é “ineficaz a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, 
de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade” (art. 1.973, §3o., CC). 
Sendo a coisa indivisa, não pode o coerdeiro ceder seus direitos a terceiros antes de dar preferência 
(legal e real) aos condôminos, se o fizer terá o coerdeiro direito de haver a quota cedida a estranho se 
depositada a integralidade do o preço em até 180 dias após a transmissão. Se vários herdeiros 
pretenderem exercer o direito de preferência o quinhão a ser cedido deve ser rateado 
proporcionalmente (de acordo com as respectivas cotas) entre todos (arts. 1.794 e 1.795, CC). 
INSTAURAÇÃO DO INVENTÁRIO 
Ensina Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 60) que “o estado de indivisão, decorrente da abertura da 
sucessão, desaparece via inventário que, minucioso e exato, faz conhecer o complexo de bens 
transmitido pelo ‘de cujus’ aos herdeiros. Ele garante a igualdade dos quinhões, prepara a partilha e 
põe fim ao estado condominial”. 
O art. 1.796, CC (art. 983, CPC), estabelece que o prazo para a instauração do inventário é de trinta 
dias contados da abertura da sucessão, devendo finalizar em até seis meses conforme previsto na lei 
processual, não estabelecendo a legislação civil penalidades para inobservância deste prazo. O foro 
competente será o do último domicílio do ‘de cujus’, ressalvadas as demais hipóteses já estudadas na 
aula anterior (arts. 89 e 96, CPC). 
ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA 
 
 
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O administrador provisório é quem tem a posse do espólio e a legitimidade ativa e passiva para 
representar a herança (art. 1.797, CC). A posse do administrador provisório só cessará quando o 
inventariante prestar o respectivo compromisso. 
São legitimados a exercer a administração provisória: cônjuge (independente do regime de bens) ou 
companheiro; herdeiro que estiver na posse e administração dos bens (se mais de um estiver na 
posse dos bens, a preferência será do mais velho só se justifica se demonstrar que possui mais 
experiência); testamenteiro; pessoa de confiança do juiz (na falta ou desídia dos demais), mas sendo 
dativo não terá representação do espólio (art. 12, §1o., CPC) (art. 1.797, CC). 
O administrador provisório pode ser substituído por ordem do juiz, desde que se demonstre que esteja 
praticando atos em prejuízo do espólio. Destaca Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 67) que “nada 
obsta, por outro lado, a que a nomeação para o cargo de inventariante venha a recair sobre a mesma 
pessoa, desde que seja idônea e conste do elenco previsto no art. 990 do estatuto processual, 
inexistindo, nesse caso, interrupção da administração”. 
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
[O presente item da aula visa apenas trazer noções gerais sobre vocação hereditária, uma vez que as 
regras específicas serão estudadas em aulas futuras, indicando-se ao professor que faça essa 
ressalva aos alunos]. 
Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 68) que “a legitimidade passiva[2] é a regra e a 
ilegitimidade a exceção. No direito sucessório vigora o princípio de que todas as pessoas têm 
legitimação para suceder; exceto aquelas afastadas pela lei”. 
O art. 1.798, CC, estabelece a capacidade de suceder (sucessão legítima e testamentária) de forma 
mais ampla do que a prevista no Código Civil de 1916. Assim, são capazes de suceder: as pessoas 
nascidas ou já concebidas (nascituros – eficácia da vocação depende do nascimento com vida – art. 
1.800, §3o., CC) no momento da abertura da sucessão e que o herdeiro ou legatário sobreviva ao ‘de 
cujus’(princípio da coexistência). 
Quanto aos nascituros ensina Eduardo de Oliveira Leite (2007, p. 70) que “a nova lei assumiu nítida 
postura concepcionista atribuindo direitos sucessórios a quem ainda não nasceu: ‘ifans conceptus pro 
nato habetur quoties de commodis ejus agitur’. Ou na expressiva alusão de Carvalho Fernandes, ‘a 
título temporário, o direito subjectivo subsiste sem estar efectivamente atribuído a qualquer pessoa’”. 
No entanto, a eficáciada sucessão legítima ou testamentária do nascituro fica condicionada ao seu 
nascimento com vida, ou seja, seus direitos encontram-se em estado potencial, sob condição 
suspensiva. 
O Código Civil de 2002 também prevê possibilidade de suceder aos não concebidos (prole eventual[3] 
ou ‘nondum conceptus’) (art. 1.799, I, CC). Neste caso, a curatela caberá à pessoa cujo filho o 
testador esperava ter por herdeiro e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775, CC. A 
abertura da sucessão, no caso de prole eventual, faz com que a herança seja posta sob 
administração, permanecendo nessa situação até que a condição se implemente ou haja certeza de 
que não se poderá implementar (como no caso de comprovada esterilidade) (art. 1.800, CC). No 
 
 
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entanto, deve o herdeiro ser concebido em até dois anos após a abertura da sucessão, caso isso não 
ocorra ou sendo natimorto os bens reservados retornam aos demais herdeiros legítimos (art. 1.800, 
§4o., CC – admite possibilidade de existência de direitos sem sujeito, ainda que por um breve tempo, 
o que gera ainda grandes discussões doutrinárias[4]). 
Também podem ser chamadas à sucessão as pessoas jurídicas em geral (associações, sociedades 
empresárias, etc.) e as pessoas jurídicas constituídas como fundação (art. 1.799, II e III, CC), no 
entanto, estas pessoas só podem receber herança ou legado por disposição de última vontade. As 
sociedades para terem direito à sucessão devem estar regularmente constituídas[5]; já as fundações 
por poderem ser constituídas pelo próprio testamento, não precisam existir ainda ao tempo da 
sucessão e, neste caso, os bens ficarão sob guarda provisória da pessoa encarregada de instituí-la, 
até o registro dos seus estatutos (arts. 62 e 1.799, III, CC). 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 76) que “qualquer pessoa jurídica pode ser contemplada, 
seja simples, seja empresária, de direito público ou de direito privado. Em se tratando, porém, de 
pessoas jurídicas de direito público externo, pesam restrições legais: estão impedidas de adquirir no 
Brasil bens imóveis ou suscetíveis de desapropriação (LICC, art. 11, §2º.), excetuando-se os imóveis 
necessários para seu estabelecimento no país”. 
O art. 1.801, CC, indica as regras referentes à incapacidade testamentária passiva de herdeiros ou 
legatários, por serem estes considerados suspeitos: 
I. O que escreveu a rogo o testamento. 
II. O cônjuge ou companheiro daquele que escreveu a rogo o testamento, bem como, interpostas 
pessoas (como descendentes - art. 1.802, parágrafo único, CC). 
III. As testemunhas do testamento (porque podem ter interesse diverso da vontade do testador). A 
proibição também se aplica às testemunhas de auto de aprovação no testamento cerrado, 
ainda que não tenham conhecimento do teor da célula testamentária. 
IV. O concubino do testador casado (se este estiver separado de fato, sem sua culpa, há mais de 
cinco anos). Trata-se de disposição que contraria os arts. 1.723 e 1.830, CC. O prazo aqui é 
considerado excessivo, bem como, inadequada a referência à culpa na causa da separação 
(pelos motivos estudados em Direito Civil V). 
V. O tabelião civil ou militar, ou o comandante ou escrivão perante o qual se fez o testamento. 
Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 80) que “entendem alguns autores que o dispositivo em 
tela cuida de situações de incapacidade relativa, sendo absoluta a da pessoa ainda não concebida ao 
tempo da morte do testador. As hipóteses, não são, todavia, de incapacidade relativa, mas de falta de 
legitimação, pois as pessoas mencionadas não podem ser beneficiadas em determinado testamento, 
conquanto possam sê-lo em qualquer outro em que não existam os apontados impedimentos”. 
Assim, a nulidade de disposição testamentária pode decorrer de simulação sob a forma de contrato 
oneroso ou de simulação mediante interposta pessoa (ascendentes, descendentes, irmãos, cônjuges 
 
 
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ou companheiros), conforme definido no art. 1.802, CC (causas que serão examinadas em aula 
própria). 
Por fim, o art. 1.803, CC, estipula exceção em favor do descendente do concubino que é filho do 
testador (repetindo entendimento constante na Súmula 447, STF). 
[1] Ensina Sílvio de Salvo Venosa (2011, p. 16) que “o princípio da ‘saisine’ representa uma apreensão 
possessória autorizada. É uma faculdade de entrar na posse de bens, posse essa atribuída a quem 
ainda não a tinha. Na herança, o sistema da ‘saisine’ é o direito que têm os herdeiros de entrar na 
posse dos bens que constituem a herança. A palavra deriva de ‘saisir’ (agarrar, prender, apoderar-se). 
A regra era expressa por adágio corrente desde o século XIII: ‘le mort saisit vif’ (o morto prende o 
vivo). [...]”. 
[2] Animais não têm legitimidade para suceder. Pode-se, no entanto, impor a herdeiro testamentário o 
encargo de cuidar de um animal. 
[3] A prole eventual aqui deve ser compreendida em seu sentido amplo, abrangendo não só filhos 
naturais, como também, eventuais filhos adotivos ou ´de coração´ (art. 227, §6º., CF e art. 1.596, CC). 
[4] Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 73) afirma que melhor seria realizar, nestas situações, 
sucessão provisória entregando os bens aos herdeiros legítimos sob condição suspensiva. 
[5] Afirmam os autores que embora o Código Civil de 2002 tenha afastado a possibilidade de instituir 
herdeiro sociedade de fato (art. 986, CC) ou associação (ainda sem existência legal) a tendência é 
que essa prática (´testamenti factio passiva) continue aplicando-se por analogia as regras do 
nascituro. A vedação, portanto, seria aplicável apenas a instituir como herdeiro pessoa jurídica ainda 
não existente. 
 
DA ACEITAÇÃO E DA RENÚNCIA DA HERANÇA 
 
“A aceitação [ou adição] da herança representa, assim, o ato jurídico unilateral e necessário pelo qual 
o herdeiro, que ao tempo da abertura da sucessão houvera adquirido, ‘ipso iure’, a posse e a 
propriedade dos bens herança, confirma sua intenção de receber este acervo que lhe é transmitido. 
Veja –se, pois, que se trata de confirmação do herdeiro, pois já com a abertura da sucessão lhe é 
deferida a herança” (Francisco José Cahali, 2007, p. 70). 
Determina o art. 1.804, CC, que “aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão o herdeiro 
desde a abertura da sucessão”, o que significa afirmar que a aceitação é irrevogável[2] e gera efeitos 
‘ex tunc’. 
A aceitação em regra é feita pessoalmente pelo herdeiro, mas poderá ser: 
1- Feita pelo curador ou tutor, mediante prévia autorização judicial (art. 1.748, II, CC). Trata-se, neste 
hipótese, de aceitação direta feita por representante legal. 
 
 
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2- Feita por mandatário com poderes especiais ou gestor de negócios. Nestes casos, embora a 
aceitação seja indireta, a confirmação é direta, uma vez que feita em nome do sucessor. 
3- Feita pelo cônjuge, independente de outorga. 
Realizada a aceitação, qualquer ato posterior de disposição pelo herdeiro, será considerado forma de 
cessão de direitos hereditários. 
ESPÉCIES DE ACEITAÇÃO 
Quanto à forma a aceitação da herança pode ser: 
1- Expressa: feita em declaração escrita (art. 1.805, CC) que pode ser por termo nos autos, escritura 
pública ou instrumento particular; não se aceitando a manifestação oral[3]. 
2- Tácita: ocorre quando resulta da prática de atos próprios da qualidade de herdeiro (art. 1.805, CC) 
e que ultrapassam os limites da simples conservação e administraçãodos bens[4]. “São, por 
exemplo, atos privativos do herdeiro que assume esta qualidade, incompatíveis com a postura de 
quem recusa ou repudia a herança: a) a nomeação de advogado, para intervir no inventário na 
defesa de seus direitos hereditários; b) a concordância manifestada com as primeiras declarações, 
avaliações e outros atos do processo; c) a promessa de alienação de imóveis do espólio, ou 
cessão, onerosa ou gratuita, de direitos hereditários a terceiros; d) a posse efetiva de bens do 
acervo transmitido, com a respectiva administração continuada” (Francisco José Cahali, 2007, p. 
72). A aceitação tácita é limitada pela própria lei que evita, dessa forma, que atos decorrentes de 
dever moral e familiar[5] (portanto, gratuitos, puro e simples e em favor de todos os coerdeiros) 
acabem sendo confundidos com atos de aceitação (art. 1.805, §1o., CC). Também não representa 
aceitação o ato de cessão gratuita, pura e simples, da herança aos demais coerdeiros (art. 1.805, 
§2o., CC). 
3- Presumida: é a aceitação provocada por algum interessado (art. 1.807, CC) que poderá requerer 
(após 20 dias da abertura da sucessão) a notificação (‘actio interrogatoria’) do herdeiro silente para 
que se manifeste em prazo razoável (não superior a 30 dias) sobre a aceitação ou não da herança. 
Findo o prazo para deliberar, não havendo manifestação, presumir-se-á a aceitação, uma vez que 
a renúncia deve ser expressa. Vale lembrar que o herdeiro, enquanto não intimado a se manifestar 
em certo prazo, tem faculdade de aceitar ou de renunciar a herança a qualquer tempo, até que se 
consume a prescrição ordinária de dez anos (art. 205, CC). Transcorrido o prazo extingue-se a 
faculdade de optar e a herança considera-se adquirida. 
Quanto ao titular a aceitação pode ser: 
1- Direta: quando o direito é exercido pelo próprio herdeiro. 
2- Indireta: quando terceiros possuem legitimidade para manifestar a aceitação em nome do herdeiro. 
São casos excepcionais como os já referidos nesta aula ou a sucessão hereditária do direito de 
aceitar herança (nestes casos transmite-se a herança aos herdeiros apenas se estes confirmarem 
a transmissão em seu favor da herança o herdeiro falecido). A transmissão do poder de aceitação, 
no entanto, não é limitada (art. 1.809, CC), ou seja, os sucessores do herdeiro falecido não 
 
 
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poderão aceitar por ele se a herança estiver atrelada a uma condição suspensiva, estipulada pelo 
testador e ainda não verificada. O que permite afirmar que “se o herdeiro testamentário cuja 
qualidade estava suspensa até a verificação da condição não a houver implementado em vida, 
caduca o benefício, perdendo ele o direito, e, por consequência, nada transferindo aos seus 
sucessores” (Francisco José Cahali, 2007, p. 74). 
Também ocorre aceitação indireta quando o herdeiro repudiar a herança em prejuízo de seus credores 
(art. 1.813, CC), nestes casos, podem os credores promover a aceitação da herança, após 
autorização judicial. Quitada a dívida e havendo remanescente, este se transmite aos demais 
sucessores para partilha, não retornando, em nenhuma hipótese ao renunciante. 
CARACTERÍSTICAS DA ACEITAÇÃO 
A aceitação é ato unilateral que, via de regra, se aperfeiçoa com a manifestação de vontade de seu 
titular. Assim, são características da aceitação: 
1- Independe de anuência dos demais herdeiros ou sucessores potenciais; 
2- Gera efeitos ‘ex tunc’ à data da abertura da sucessão; 
3- Salvo os casos de aceitação indireta é, em regra, ato personalíssimo; 
4- É declaração não receptícia de vontade; 
5- É ato indivisível, não sendo admitida aceitação parcial (art. 1.808, CC); pode, no entanto, ocorrer o 
exercício em separado do direito de aceitação quando o herdeiro possui dupla qualidade, por 
exemplo, de sucessor necessário e legatário ou quando chamado à sucessão de mais de um 
quinhão hereditário sob títulos sucessórios diversos (herdeiro legítimo e herdeiro instituído, por 
exemplo). 
6- É ato incondicional, ou seja, não aceita termo ou condição (art. 1.808, CC). A aceitação deve ser 
sempre pura e simples, uma vez que “a parcialidade, condição ou termo da aceitação tornariam as 
relações jurídicas vacilantes, confusas, gerando indefinição não desejada pela ordem sucessória” 
(Eduardo de Oliveira Leite, 2004, p. 82). 
7- É ato jurídico irretratável e irrevogável. No entanto, a aceitação pode ser anulada se verificados 
vícios. “Nesses casos, declarada a ineficácia da aceitação, devolve-se a herança àquele que a ela 
tem direito, como se a aceitação inexistisse. Mas, se o inventário já houver sido encerrado e 
homologada a partilha, só por ação de petição de herança poderá o interessado reivindicar o que 
lhe cabe” (Carlos Roberto Gonçalves, 2011, p. 100). 
8- A aceitação será ineficaz se o direito hereditário caducar ou for verificada incapacidade sucessória 
do herdeiro. 
RENÚNCIA OU REPÚDIO DA HERANÇA 
 
 
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Se a aceitação importa a intenção de receber a herança; a renúncia é ato contrário pelo qual o 
herdeiro repudia o seu direito hereditário só podendo ser realizada, portanto, após a abertura da 
sucessão[6]. 
Trata-se de ato jurídico unilateral, solene e formal, que exige expressa manifestação de vontade por 
escritura pública ou termo nos autos do inventário (ainda quando feita em benefício de terceiros) (art. 
1.806, CC), dispensando-se (segundo a maioria da doutrina) homologação judicial, embora seja ela 
aconselhável. A renúncia só pode ser realizada pelo mandatário se tiver poderes especiais para isso 
(art. 661, §1o., CC). 
A renúncia é ato personalíssimo, indivisível, irretratável (art. 1.812, CC) e incondicional que faz 
considerar que o herdeiro jamais herdou (efeito ‘ex tunc’). “Assim, sua quota hereditária retorna ao 
monte partível, para ser destinada aos outros herdeiros da mesma classe, ou, se o renunciante for o 
único desta, convocam-se os herdeiros da classe subsequente (CC, art. 1.810). Rejeitando o quinhão 
pelo sucessor testamentário (herdeiro instituído ou legatário), o retorno da parcela ao acervo só se 
dará se outro não for o destino deste quinhão estabelecido no testamento” (Francisco José Cahali, 
2007, p. 77). 
Pode-se identificar duas espécies de renúncia: 
1- Abdicativa (ou propriamente dita): é renúncia pela qual o herdeiro manifesta renúncia pura e 
simples, sem que antes tenha praticado qualquer ato que possa fazer entender a aceitação. Neste 
caso incidirá apenas os imposto ‘causa mortis’. 
2- Translativa (translatícia, desistência ou renúncia imprópria): o herdeiro indica determinada 
pessoa (sucessor ou não) em favor de quem renuncia à herança (‘in favorem’), ou quando 
manifestada após a aceitação. São os casos de cessão de direitos hereditários e, por isso, incidirá 
não apenas o imposto ‘causa mortis’, como também o ‘inter vivos’, uma vez que para transmitir a 
herança é preciso primeiramente tê-la aceitado. 
Impõe-se à renúncia as seguintes limitações: 
a) Capacidade do renunciante – capacidade geral e capacidade para alienar. Os representantes a 
assistentes dos incapazes só terão capacidade para renunciar se previamente autorizados 
judicialmente (art. 1.691, CC). As pessoas casadas, exceto no regime de separação absoluta de 
bens ou de participação final nos aquestos com cláusula de livre disposição, devem ter outorga do 
cônjuge para renunciar (arts. 1.647, I e 1.656, CC). 
b) A renúncia não pode prejudicar credores do renunciante (art. 1.813, CC e art. 129, V, Lei de 
Falências e Recuperação de Empresas). Os credores podem, após autorização judicial, exercer a 
aceitação em nome do devedor, desde que promova sua habilitaçãono prazo de 30 dias seguintes 
ao conhecimento do repúdio (art. 1.813, CC). A renúncia é ineficaz para os credores até o limite do 
crédito. 
Efeitos da renúncia: 
1- O herdeiro renunciante será tratado como se jamais tivesse sido sucessor (art. 1.811, CC). 
 
 
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2- Os efeitos da renúncia retroagem à data da abertura da sucessão. 
3- O quinhão hereditário do renunciante passa a integrar o acervo comum (art. 1.810, CC). 
4- Na sucessão legítima, havendo herdeiros da mesma classe, a estes será acrescida a parte do 
renunciante. Se o renunciante for o único herdeiro daquela classe ou se todos os outros também 
renunciaram, seu quinhão se transmitirá aos sucessores da classe seguinte (art. 1.811, CC) que 
receberão por direito próprio e por cabeça. 
5- Os herdeiros do renunciante não possuem direito de representação. Ninguém pode suceder 
representando herdeiro renunciante (art. 1.811, CC). 
6- O renunciante mantém o direito ao usufruto e administração dos bens dos filhos menores. 
7- Sendo a sucessão testamentária, as consequências da renúncia irão variar de acordo com o próprio 
testamento (arts. 1.943 e 1.947, CC). 
8- A renúncia é irretratável e irrevogável (art. 1.812, CC), mas pode ser posteriormente anulada se 
demonstrados vícios na manifestação de vontade. 
HERANÇA JACENTE E VACÂNCIA 
Viu-se que na ordem de vocação hereditária o Estado aparece como último herdeiro (ou herdeiro 
forçado)[7] possível (art. 1.844, CC). Por isso, “herança jacente é aquela cujos herdeiros não são 
conhecidos, ou que, sendo conhecidos renunciaram à herança [renúncia em bloco[8]], devolvendo-se 
esta ao Estado. Logo, a jacência decorre de duas hipóteses (arts. 1.819 a 1.823, CC)[9]: 1. Se o ‘de 
cujus’ não deixou herdeiros (descendentes, ascendentes, cônjuge sobrevivente ou colateral, nem 
testamento); 2. Se o ‘de cujus’ deixou herdeiros, mas os mesmo renunciaram à herança” (Eduardo de 
Oliveira Leite, 2004, p. 108). 
Vale destacar que embora o herdeiro seja desconhecido adquire a propriedade e a posse dos bens da 
herança, desde a abertura da sucessão (princípio da ‘saisine’). Por isso, a jacência pode ocorrer tanto 
na sucessão legítima, quanto na sucessão testamentária. A herança será jacente na sucessão 
legítima quando esgotada a ordem de sucessão hereditária não exista ninguém com direito à herança 
(arts. 1.819 e 1.823, CC). 
Assim, a jacência[10] é o período compreendido entre a abertura da sucessão e a aquisição pelo 
Estado dos bens do ‘de cujus’, uma vez que a herança ‘jaz’ sem titular. Trata-se de fase transitória na 
qual se promove a arrecadação dos bens e investiga-se[11] a existência de possíveis herdeiros e, 
portanto, tal qual o espólio, a herança jacente não tem personalidade jurídica, muito menos se trata de 
patrimônio autônomo sem sujeito. Portanto, o Estado só adquire a propriedade resolúvel dos bens 
hereditários após a declaração de vacância, que só pode ocorrer após um ano da conclusão do 
inventário. 
A abertura do inventário pode ser requerida por qualquer interessado ou determinada de ofício pelo 
próprio juiz do domicílio do ‘de cujus’(arts. 988 e 989, CPC). Iniciado o inventário pode-se constatar a 
ausência de herdeiros e consequente jacência da herança quando se nomeará um curador (art. 
 
 
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1.8189, CC) que deverá promover a arrecadação dos bens (arts. 1.142 e ss., CPC) e será considerado 
não só o representante da herança jacente em juízo e fora dele, como também o seu administrador 
(subordinando-se, dessa forma, à respectiva prestação de contas). Nesta fase, assegura-se aos 
credores a habilitação para exigir o respectivo crédito (art. 1.821, CC). 
O juízo competente para promover a arrecadação será o do último domicílio do ‘de cujus’; havendo 
mais de um domicílio haverá prevenção daquele que primeiro conhecer o caso. Havendo bens fora da 
jurisdição, serão arrecadados por carta precatória. No entanto, o juiz da ‘rei sitae’ poderá realizar a 
arrecadação dos bens independente da carta precatória, oficiando o juiz do domicílio do ‘de cujus’. 
Determina o art. 1.820, CC, que os bens da herança jacente serão declarados vacantes um ano após 
a conclusão do inventário. “O juiz manda a Fazenda Pública arrecadar os bens, que ficam em seu 
poder por um período de 5 (cinco) anos. É sempre lícito aos herdeiros comparecerem e pedirem a 
entrega dos bens, mediante devida habilitação (prova da qualidade de herdeiros) (art. 1.822, CC). 
Transcorrido todo o prazo prescritivo, sem a habilitação de qualquer herdeiro, a posse exercida pela 
Fazenda transforma-se em propriedade. Consolida-se a expectativa de direito e não mais existe a 
possibilidade de outro herdeiro contestar a propriedade” (Eduardo de Oliveira Leite, 2004, p. 112). 
Assim, a declaração de vacância encerra a herança jacente e as obrigações do curador, transferindo a 
titularidade definitiva dos bens ao Poder Público, nos seguintes termos (art. 1.844, CC): 1- Município 
ou Distrito Federal quando o bem está localizado nas respectivas circunscrições; 2- à União quando o 
bem estiver localizado em território federal. 
Declarada a vacância os credores só poderão reclamar eventuais direitos em ação própria (art. 1.158, 
CPC). 
[1] Há possibilidade, no entanto, do herdeiro renunciar ao benefício do inventário e tomar para si todo 
o passivo do espólio, independente de qual seja o ativo. 
[2] Vale lembrar que no CC/16 a aceitação não era tão importante porque a aceitação inicial da 
herança admitia retratação até a decisão terminativa do processo. 
[3] Explica Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 90) que “no direito pré-codificado, havia mais interesse 
na manifestação expressa da aceitação, porque não constava da lei a regra de não responder o 
herdeiro por encargos superiores à força da herança. Quando o herdeiro sucedia o ‘de cujus’, tomava-
lhe o lugar, substituindo-o em todas as suas relações jurídicas. Aceita a herança, transferiam-se para 
os herdeiros também os ônus, ou seja, não só os créditos senão também os débitos, sem qualquer 
limitação. Assim, se o passivo excedesse o ativo, o herdeiro continuava responsável pelo saldo 
devedor. Para se livrar desse risco, era necessário o herdeiro declarar que aceitava a herança sob 
benefício do inventário, ou seja, condicionalmente, só tendo eficácia o ato se o ativo superasse o 
passivo”. 
[4] Discute-se se o pedido de abertura de inventário é forma de aceitação tácita ou não, uma vez que 
trata-se de obrigação legal do herdeiro. 
[5] Explica Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 91) que “no §1o. do dispositivo retrotranscrito [art. 
1.805] o legislador afasta da presunção de aceitação ‘os atos oficiosos, como o funeral do finado, os 
 
 
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meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória’, porque praticados 
altruisticamente, sem o intuito de recolher a herança. Preleciona a propósito Clóvis Beviláqua que os 
atos oficiosos ‘são os que se praticam desinteressadamente, no intuito de prestar um favor, de ser 
agradável, de satisfazer sentimentos piedosos ou humanitários. Meramente conservatórios, por outro 
lado, são os atos necessários e urgentes, que têm por fim impedir a perda ou deterioração dos bens 
da herança. E os de administração e guarda provisória são os praticados pelo herdeiro para atender a 
uma necessidade premente, sem a intenção de tê-los para si, mas com o ânimo de entregá-los, logo 
que possível, a quem deva guardá-los e conservá-los”.[6] Trata-se de negócio jurídico com objeto juridicamente impossível a renúncia realizada antes do 
falecimento ou a promessa de renunciar. 
[7] Destaca Eduardo de Oliveira Leite (2004, p. 109) que “[...] o Estado não é um ‘herdeiro’ 
propriamente dito, mas antes, um herdeiro ‘sui generis’, por determinação e vontade da lei”. 
[8] A renúncia em bloco permite que a vacância seja declarada desde logo. 
[9] Ensina Francisco José Cahali (2007, p. 87) que “não obstante a previsão legal de quando a 
herança jaz, constata-se a sua ocorrência também em outras situações específicas, quando, por 
exemplo, mesmo existindo testamento, a disposição de não distribuir a totalidade da herança, e não 
vierem a se habilitar os herdeiros legítimos quanto à parcela não destinada. Igualmente sobre esta 
parte do patrimônio a ‘hereditas jacet’, embora convivendo com a sucessão testamentária normal, esta 
última exclusivamente quanto aos bens ou quinhões previstos pela última vontade do falecido. E com 
as inovações trazidas pelo Código Civil de 2002 na sucessão legítima, também poderá ocorrer a 
jacência sobre parte da herança quando o falecido deixar como herdeira legítima apenas a 
companheira. Neste caso, em favor daquela sucessora destinam-se os bens ‘adquiridos 
onerosamente na vigência da união estável’ (CC, art. 1790), de sorte que os demais bens na ausência 
de testamento, se destinarão ao Poder Público”. 
[10] Ensina Eduardo de Oliveira Leite (2004, p. 110) que “a jacência se distingue da vacância (do 
latim, vaco are = estar vago), ou da herança vacante, também chamada, bens vagos (do latim, bona 
vacantia). A vacância, doutrina San Tiago Dantas, ‘só se dá quando para a herança não há herdeiros, 
e a jacência é o estado provisório e, se não aparece o herdeiro capaz de adir o patrimônio, a jacência 
ao cabo de algum tempo, transforma-se em vacância”. 
[11] A investigação pode ocorrer durante a fase de arrecadação de bens (art. 1.150, CPC), bem como 
após por meio de edital de convocação (art. 1.152, CPC) que será publicado por três vezes, com 
intervalo de trinta dias, em órgão oficial e na imprensa local, devendo-se eventuais herdeiros se 
habilitar no prazo máximo de seis meses contados da primeira publicação. Sendo o ‘de cujus’ 
estrangeiro, deve-se enviar comunicado à autoridade consular respectiva. 
VOCAÇÃO HEREDITÁRIA - REGRAS GERAIS 
O primeiro passo para se identificar a condição de herdeiro é verificar a ordem de vocação hereditária. 
Assim, “para pretender a herança, haverá necessidade de um título ou fundamento jurídico do direito 
 
 
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hereditário, consistente na convocação do interessado pela lei ou pelo testador” (Francisco José 
Cahali, 2007, p. 99), conjugando-se, então, a condição de herdeiro com a legitimação para sê-lo 
Para o Direito das Sucessões a regra é que toda pessoa tem legitimidade para suceder e, por isso, 
ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 68) que “a legitimidade passiva é a regra a ilegitimidade, a 
exceção”, só podendo ser esta determinada pela lei e devendo ser verificada no momento da abertura 
da sucessão. 
“O primeiro passo à verificação da legitimação, tanto na sucessão legítima como na testamentária, é a 
constatação da personalidade de quem reclama a vocação hereditária, representada pela existência 
da pessoa, física ou jurídica, no momento da abertura da sucessão” (Francisco José Cahali, 2007, p. 
101). Assim, são pessoas[1] legitimadas para suceder aquelas nascidas ou já concebidas[2] no 
momento da abertura da sucessão (art. 1.798, CC). Trata-se de princípio que (no vigente Código 
Civil[3]) se aplica tanto à sucessão legítima quanto à sucessão testamentária. 
Para ter capacidade sucessória (legítima ou testamentária) ainda é necessário que o herdeiro ou 
legatário sobreviva ao ‘de cujus’. Este princípio é conhecido como princípio da coexistência. 
Legitimação testamentária 
Vale lembrar que, embora seja a lei do país em que era domiciliado o ‘de cujus’ ou ausente que rege a 
sucessão (art. 10, LICC); a capacidade para suceder será regida pela lei do domicílio do herdeiro ou 
legatário (art. 10, §2o., LICC). 
Assim, preceitua o art. 1.799, CC, que “na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a 
suceder: I- os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas ao 
abrir-se a sucessão; II- as pessoas jurídicas; III- as pessoas jurídicas, cuja organização for 
determinada pelo testador sob a forma de fundação”. 
O primeiro inciso refere-se à prole[4] (ou filiação) eventual[5] (‘nondum conceptus’) que, portanto, pode 
ter capacidade para suceder por testamento. Afirma Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 71) que “os 
contemplados, verdadeiramente, ‘são os próprios filhos, que poderão ser concebidos e nascer. A deixa 
não é feita em favor das pessoas indicadas pelo testador, passando, com a morte destas, a seus 
filhos, o que seria substituição fideicomissária. O testador como que dá um salto, passando por cima 
dos genitores, contemplando os filhos que estes tiverem, e se tiverem’”. Para que a deixa 
testamentária tenha eficácia é, por óbvio, necessário que a pessoa indicada como geradora da filiação 
eventual esteja viva ao momento da abertura da sucessão. Aberta a sucessão que se destina a 
filiação eventual a herança é posta sob administração, permanecendo nessa situação até que se 
implemente a condição (nascimento com vida) ou se houver certeza de que ela não poderá se 
implementar (como comprovação de infertilidade). 
Para evitar a perpetuação dessa forma de sucessão, o art. 1.800, §4o., CC, determina que a filiação 
eventual para fazer jus à deixa hereditária deve ser concebida em até dois anos[6] (prazo de espera) 
após a abertura da sucessão, o que pode gerar, ainda que temporariamente, uma situação de direitos 
sem sujeitos (já mencionada nas aulas anteriores). Findo o prazo, não concebido o filho, a disposição 
 
 
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testamentária caduca destinando-se o bem aos sucessores legítimos ou quem o falecido tiver 
designado. 
Desta possibilidade de legitimação conferida à filiação eventual, discute-se a questão referente à 
concepção ‘post mortem’ decorrente da utilização das técnicas de reprodução humana assistida uma 
vez que se entende que o embrião ‘in vitro’ não pode ser comparado ao nascituro[7]. 
Maria Berenice Dias (2011, p. 121) afirma que no caso das técnicas de reprodução humana assistida 
a aquisição da capacidade sucessória está sujeita à ocorrência de condição suspensiva: o nascimento 
com vida. Mas, para ter esta capacidade sucessória é preciso que o embrião tenha sido implantado no 
útero materno? O Código Civil, no art. 2o., ao colocar a salvo os direitos do nascituro não faz distinção 
entre a concepção natural e a artificial. Então, “entre o embrião implantado e não implantado pode 
haver diferença quanto à capacidade de direito, mas não quanto à personalidade. Sustenta que o 
conceito de nascituro abrange o embrião pré-implantatório, isto é, o já concebido e que apenas 
aguarda, ‘in vitro’, a implantação no ventre materno. E conclui: dispõe, portanto, de capacidade 
sucessória (CC 1.798), pois a norma não distingue o ‘locus’ da concepção e nem se impõe que seja 
implantado. Exige somente a concepção”. (Maria Berenice Dias, citando Silmara Chinelato, 2011, p. 
122). 
No entanto, a tendência doutrinária e jurisprudencial é afastar a capacidade sucessória quando a 
implantação ocorre depois da abertura da sucessão (vide, por exemplo, Francisco José Cahali, 2007, 
p. 104[8]), embora não haja justificativa plausível para afastar o direito sucessório do concebido ‘post 
mortem’. ConcluiMaria Berenice Dias (2011, p. 123) que “[...] Na concepção homóloga, não se pode 
simplesmente reconhecer que a morte opere a revogação do consentimento e impõe a destruição do 
material genético que se encontra armazenado. O projeto parental iniciou-se durante a vida, o que 
legaliza e legitima a inseminação ‘post mortem’. A norma constitucional que consagra a igualdade da 
filiação não traz qualquer exceção. Assim, presume-se a paternidade do filho biológico concebido 
depois do falecimento de um dos genitores. Ao nascer, ocupa a primeira classe dos herdeiros 
necessários. Na concepção heteróloga – fertilização artificial por doador – é indispensável a 
autorização de quem desejava o filho. Ausente tal, não há como falar em capacidade sucessória, pois 
não há nem vínculo biológico e nem manifestação escrita do falecido. O consentimento é retratável até 
a concepção, depois, não mais. Quando foi autorizada a fertilização ‘post mortem’, independe a data 
em que ocorra o nascimento. O filho tem assegurado o direito sucessório. Havendo autorização sem 
expressa manifestação sobre a possibilidade de fertilização após a morte, nem por isso é possível 
excluir o direito de quem nasceu por expresso consentimento daquele que o desejava como filho. O 
fato de o genitor ter morrido não pode excluir vínculo de filiação que foi aceito em vida. Mesmo quem 
reconhece o direito sucessório ao filho concebido mediante fecundação artificial póstuma se inclina em 
estabelecer o prazo de dois anos para que ocorra a concepção (art. 1.800, §4o.)”, mas no entender da 
autora essa limitação não encontra nenhuma justificativa, uma vez que não há limite temporal para se 
determinar a filiação por meio de investigação de paternidade, prescrevendo somente o direito de 
pleitear a herança (10 anos). * Indica-se ao professor fomentar a discussão fazendo com que o aluno 
busque o seu próprio posicionamento. 
Já o inciso II do art. 1.799, CC, permite a deixa hereditária para pessoas jurídicas, independente de 
ser ela pública ou privada. No entanto, para as pessoas jurídicas de Direito Público são impostas 
 
 
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limitações à capacidade para suceder como, por exemplo, estão impedidas de adquirir no Brasil bens 
imóveis ou suscetíveis de desapropriação (art. 11, §2o., CC), excetuando-se os imóveis necessários 
para seu estabelecimento no país. Quanto às sociedades de fato que já realizavam negócios, o 
vigente Código Civil não faz previsão expressa (como o faz para as fundações), entendendo-se, então, 
não ser possível a deixa testamentária para essas sociedades, uma vez que pessoa jurídica não 
existente no momento da abertura da sucessão[9]. 
Sobre as pessoas jurídicas, destaca Francisco José Cahali (2007, p. 106) que “se encerrada ou 
dissolvida a pessoa jurídica quando da abertura da sucessão, ainda que existente à época da 
instituição, faltar-lhe-á aptidão para receber a herança, acrescentando-se que, se a empresa estiver 
em liquidação, igualmente não pode ser beneficiada com a sucessão, pois prolongada a sua 
personalidade de fato apenas em função dos atos necessários à formalização de sua dissolução e 
encerramento”. 
Por fim, o inciso III, do art. 1.799, CC, prevê a legitimação testamentária das fundações e, neste caso, 
como esta pode ser criada pelo próprio testamento (art. 62, CC), é possível que não exista no 
momento da abertura da sucessão. Nesta hipótese, aberta a sucessão, os bens permanecerão sob a 
guarda provisória da pessoa encarregada de instituir a fundação, até que se efetue o necessário 
registro do estatuto. 
Falta de legitimação para ser herdeiro testamentário e/ou legatário 
Determina o art. 1.801, CC, que não podem ser herdeiros nem legatários: ‘I. A pessoa que, a rogo, 
escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II. As 
testemunhas do testamento [bem como as testemunhas do auto de aprovação, no testamento 
cerrado]; III. O concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato 
do cônjuge há mais de cinco anos[10]; IV. O tabelião, civil ou militar; ou o comandante ou escrivão, 
perante quem se fizer; assim como o que fizer ou aprovar o testamento”. 
Essas regras sobre falta de legitimação[11] testamentária pressupõem serem suspeitas as 
pessoas descritas nos incisos I, II e IV, uma vez que há possibilidade de abusarem da confiança nelas 
depositada pelo testador, alterando a vontade deste para obter benefícios para si ou seus parentes. 
Com relação à vedação do inciso III visou o legislador proteger a família e coibir o adultério. 
O art. 1.802, parágrafo único, CC, complementa as regras de falta de legitimação afirmando serem 
nulas (por simulação relativa) as cláusulas que utilizem pessoas interpostas, como os descendentes, 
ascendentes, irmãos e cônjuge ou companheiro para beneficiar (indiretamente) de qualquer modo o 
não legitimado a suceder. Exceção se faz quando o descendente da concubina é também filho do 
testador, pois, neste caso, presume-se a intenção de beneficiar a prole comum e não a intenção de 
fraudar determinação legal (Súmula 447, STJ e art. 1803, CC). 
Simulação do contrato oneroso 
Dispõe o art. 1.802, CC, que serão “nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não 
legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante 
interposta pessoa”. 
 
 
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Simulação é declaração falsa que visa aparentar negócio diverso daquele que se está realizando ou 
que têm pro finalidade fraudar a lei (art. 167, CC). Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 84) que 
“a nulidade da deixa testamentária pode revestir-se de duas formas: a) o testador dissimula a 
liberalidade sob a aparência de contrato oneroso; ou b) recorre a interposta pessoa para beneficiar o 
proibido de suceder”, em ambos os casos, a deixa testamentária, sendo declarada nula, retornará ao 
sucessores legítimos. 
EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO 
A exclusão da sucessão só ocorre nas hipóteses expressamente previstas em lei. Vale inicialmente 
ressaltar que indignidade e deserdação não se confundem, embora tenham a mesma finalidade 
(afastar o herdeiro culpado da participação patrimonial na herança): “1. A indignidade - cominada na 
lei, independe da vontade do ‘de cujus’, aplicando-se a todos os herdeiros na sucessão legítima; 2. A 
deserdação - é o ato de vontade do testador atingindo os herdeiros necessários (descendentes, 
ascendentes e cônjuge sobrevivente), facultativos e os testamentários; 1. A indignidade - é peculiar à 
sucessão legítima, embora também possa alcançar o legatário (art. 1.814); 2. A deserdação - como 
manifestação de vontade do ‘de cujus’, só se verifica na sucessão testamentária, na qual consta o 
motivo e o fundamento da exclusão (art. 1.964); 1. A indignidade - repousa na vontade presumida do 
‘de cujus’, que, certamente, não gostaria que sua herança fosse recolhida por herdeiro que agiu 
indignamente; 2. A deserdação - corresponde à efetiva vontade do ‘de cujus’, que, através de motivo 
fundamentado (art. 1.964) exclui o herdeiro; 1. A indignidade - nem sempre os motivos determinantes 
da exclusão são anteriores à morte do ‘de cujus’; 2. A deserdação - os motivos determinadores da 
exclusão são superiores à morte do ‘de cujus’, por isso, vêm indicados no testamento; 1. A indignidade 
- os motivos da indignidade são válidos para a deserdação; 2. A deserdação - nem todos os motivos 
da deserdação configuram a indignidade”(Eduardo de Oliveira Leite, 2004, p. 95-96). 
A esta aula interessa apenas as causas de indignidade, uma vez que a deserdação será estudada em 
aulaprópria. 
“Embora didaticamente tratada em conjunto com a legitimação, a exclusão por indignidade representa 
mais propriamente a retirada do direito à herança de quem é sucessor capaz, em virtude de atos de 
ingratidão” (Francisco José Cahali, 2007, p. 107). 
Conceitua Maria Berenice Dias (2011, p. 301) “o instituto da indignidade é a privação do direito 
hereditário cominada por lei, a quem cometeu certos atos ofensivos à pessoa ou aos interesses do 
antecessor. Merece ser alijado da sucessão o herdeiro que age contra a vida ou a honra do autor da 
herança ou comete atos ofensivos contra os membros de sua família. Também se sujeita à mesma 
penalidade se obstaculiza a manifestação de vontade do testador. A indignidade permite a exclusão 
dos herdeiros legítimos, necessários, facultativos, testamentários, bem como dos legatários. É uma 
pena civil aplicada ao herdeiro que recebe a herança e a perde”. 
A maioria da doutrina entende ser a indignidade uma espécie de pena privada ou pena civil imposta ao 
herdeiro que realizou conduta antiética[12]. A declaração de indignidade depende de sentença em 
ação ordinária proposta por quem tenha interesse[13] em até quatro anos contados da abertura da 
sucessão (prazo decadencial - art. 1.815, CC), sendo que esta ação não suspende o processo de 
inventário[14]. A sentença é declarativa da exclusão para suceder e, por isso, a ação só pode ser 
 
 
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proposta em face do herdeiro indigno (art. 1.816, CC). A sentença transitada em julgado gera efeitos 
‘ex tunc’ à data da abertura da sucessão. 
O art. 1.814, CC, elenca taxativamente como causas de indignidade, afirmando serem excluídos da 
sucessão os herdeiros[15]: “I. Que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio 
doloso[16], ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, 
ascendente ou descendente; II. Que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança 
ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou se seu cônjuge ou companheiro; III. Que, por violência 
ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por 
ato de última vontade”. 
O primeiro caso de indignidade refere-se ao homicídio (doloso) tentado ou consumado contra o autor 
da herança, seu cônjuge ou companheiro, ascendentes ou descendentes. Para a declaração de 
indignidade não é necessária a condenação prévia no juízo criminal, podendo a prova ser produzida 
no juízo cível. A voluntariedade do ato é afastada no “’error in persona’, ou erro de execução 
(‘aberratio ictus’), na legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito, se 
afastado o agente de suas faculdades psíquicas por loucura ou embriaguez”[17] e, portanto, nestas 
hipóteses, não poderá ser declarada a indignidade. Discute-se se a hipótese deveria abranger os 
menores, uma vez que não respondem por crime. A doutrina tende, nesse caso, a abranger a 
hipótese, uma vez que seria imoral permitir que se beneficiasse da menoridade para concorrer à 
herança. 
A segunda hipótese de indignidade visa proteger a fama do ‘de cujus’, portanto, são causas em que o 
excluído realizou denunciação caluniosa (em juízo ou na esfera administrativa, art. 339, CP) 
imputando a prática de um crime ao ‘de cujus’ ou cometeu crime contra a honra do falecido (arts. 138 
a 140, CP). Na primeira hipótese não se exige a condenação criminal; na segunda será exigida uma 
vez que a lei dispõe que se aplica ao herdeiro que ‘incorrer em crime’. 
A terceira hipótese refere-se a atentado contra a liberdade de testar do ‘de cujus’ e, nestes casos, o 
indigno age mediante coação, dolo, omissão, corrupção, falsificação, simulação, etc., visando obstar 
ou dificultar a declaração de última vontade do ‘de cujus’. “A atuação de um herdeiro que obsta a 
feitura de testamento ou que suprima a existência de um testamento, ou quando obriga o testador a 
revogar sua última vontade, ou quando constrange o testador a beneficiá-lo em disposição 
testamentária, configuram hipóteses atentatórias à liberdade do ‘de cujus’” (Eduardo de Oliveira Leite, 
2004, p. 98). 
No entanto, o Direito brasileiro admite a reabilitação do indigno por ato próprio do ‘de cujus’ (art. 1.818, 
CC). A reabilitação ocorre por meio de perdão expresso (em ato autêntico – escritura pública ou 
instrumento particular – ou por testamento) que, uma vez realizado, não admite retratação. 
Efeitos da indignidade 
1- Os efeitos da indignidade são sempre pessoais, ou seja, o indigno é considerado como se 
morto[18] fosse. No entanto, se o indigno é casado, a exclusão alcança o seu cônjuge uma vez 
que o direito de representação só beneficia os descendentes. 
 
 
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2- Apenas os descendentes do declarado indigno herdam por representação (art. 1.816, CC), não se 
aplicando a regra aos demais herdeiros. Por exemplo: “se um dos filhos alega indignidade de seu 
irmão e se este não tiver descendentes, mas cônjuge sobrevivente, a exclusão declarada 
beneficiará o autor da ação. Se fosse interrompido o processo pela morte do indigno, a viúva 
herdaria o seu quinhão, deixando evidente o interesse do irmão no prosseguimento da ação. E, 
repita-se, nesta situação exemplificada, a pena será imposta ao marido indigno, não a sua viúva, 
pois exclusivamente a qualidade de sucessor daquele será vulnerada, não adquirindo a herança 
pelo efeito retroativo da exclusão e, pois, nada transmitindo deste acervo a sua viúva” (Francisco 
José Cahali, 2007, p. 1113-114). 
3- Declarada a indignidade os bens tornam-se ereptícios, ou seja, retornam ao acervo sucessório do 
autor da herança. 
4- A posse que eventualmente o indigno esteja exercendo será considerada precária e de má-fé (art. 
1.817, CC) e qualquer fruto e rendimento que tenha recebido deverá ser devolvido. 
5- O indigno perde o usufruto e a administração dos bens que couberem aos seus filhos menores. 
6- A morte de um dos descendentes aquinhoados não restabelece o direito sucessório do indigno. 
7- A lei considera válidos os atos de alienação praticados pelo indigno antes da sua efetiva exclusão 
a fim de proteger terceiros de boa-fé, uma vez que negociou com herdeiro aparente. A mesma 
regra se estende aos atos de administração praticados pelo herdeiro enquanto não declarado 
excluído da sucessão. No entanto, ainda que o terceiro estivesse de boa-fé, herdeiros prejudicados 
podem cobrar perdas e danos do herdeiro excluído. 
8- O indigno tem direito à indenização pelas despesas feitas (art. 1.817, CC). 
9- Se o indigno recebeu adiantamento de herança, este fato não impede a declaração de 
indignidade. A mesma regra se aplica se houve partilha em vida, sujeitando-se o indigno a perder o 
que recebeu. 
 [1] O Direito brasileiro não admite como legitimados à sucessão os animais, salvo indiretamente como 
encargo imposto a herdeiro testamentário. A mesma regra se aplica a coisas inanimadas e entidades 
místicas. 
[2] No caso do nascituro a eficácia da vocação hereditária fica condicionada ao nascimento com vida. 
E, neste caso, os efeitos retroagirão. Sendo natimorto, não recebe nem transmite direitos, sendo 
eventual herança ou quinhão hereditário devolvido aos herdeiros legítimos do ‘de cujus’ ou substituto 
testamentário. 
[3] No Código Civil de 1916 este princípio aplicava-se apenas à sucessão testamentária. 
[4] “Por prole entende-se só o filho imediato da pessoa viva designada, é o descendente direto, não se 
permitindo o benefício da eventualidade excepcional aos netos e demais descendentes” (Francisco 
José Cahali, 2007, p. 102). 
 
 
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