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“Reexaminando a educação básica na LDB: ganhos e perdas após dezessete anos.”. Aula 1: 10/09. Mudanças ocorridas na LDB/96 referente a educação básica. 1. 1.1 Extensão de escolaridade obrigatória e gratuita. • Emenda constitucional nº 59/2009: • Ensino obrigatório dos 4 aos 17 anos. • Oferta gratuita para quem não tiveram acesso ao ensino na idade certa. Valido apenas para ensino fundamental II e ensino médio. • Por meio da Lei 12796/2013 introduziu alterações no artigo 4: Obrigatoriedade em atender alunos com necessidades especiais. • Apesar da obrigatoriedade, a permanência dos adolescentes e jovens nas escolas continua sendo um grande dilema. Para sanar essa dificuldade, o governo lança o ensino médio inovador e integrado como meio de superação do abandono escolar. 2.2 Educação como direito público subjetivo. • O poder público poderá ser acionado, por qualquer um, em casos de não oferta da educação básica em faixa etária obrigatória. • É dever dos pais e responsáveis a matrícula do aluno, assim não só o Estado possui responsabilidades quanto a educação. Os pais os responsáveis que negligenciarem a matrícula do menor poderá responder por crime de abandono intelectual ou por omissão. • Homeschooling: É a prática de Educação que não acontece na escola, mas em casa. Pelo modelo, as crianças e jovens são ensinados em domicílio com o apoio de um ou mais adultos que assumem a responsabilidade pela aprendizagem. Não há um único modelo para a prática. Entre os mais comuns estão os próprios familiares assumirem a tutoria dos estudos ou mesmo um grupo de pais e outros responsáveis pelas crianças adeptas da Educação domiciliar se unirem e dividirem o ensino dos diferentes componentes curriculares. Há ainda o modelo em que professores particulares são contratados para fazer a tutoria da aprendizagem em casa. A modalidade também obedece ao ritmo e os interesses de cada criança. como no Brasil não há lei que regulamente a prática do homeschooling, este modelo não é obrigatório. Em outros casos, os tutores – sejam estes contratados ou familiares – são mais vistos como mediadores do ensino e não focam em todos os conteúdos trabalhados pela escola, mas em ensinar as crianças a aprender. Projetos pedagógicos, cursos de idiomas e livros podem apoiar esse trabalho domiciliar. No caso dos pais que tentam cumprir um conteúdo programático, mas não possuem tanta habilidade ou proximidade com o conteúdo ou componente curricular, há ainda a possibilidade de contratar um professor para orientar esse trabalho. 2.3 Programas de apoio ao educando e a escola. • Auxílio de programas assistenciais que possibilitam a permanência dos alunos na escola, como exemplo pode-se citar o PNAE (merenda escolar), PDDE (dinheiro direto na escola), e PNATE (transporte escolar) – é importante mencionar também o Programa Nacional do Livro Didático -. Esses programas são oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), este controla e fiscaliza – Lei 11.947/09. Essas são medidas interventivas do Estado para superar ou minimizar fatores que corroboram para a descolarização. 2.4 Qualidade da educação escolar: políticas e perspectivas. • O conceito de escola de qualidade varia ao longo da trajetória do sistema educacional e, no presente estágio, envolve uma gama de aspectos inter- relacionados, como: custeio adequado para prover a escola de condições materiais para a oferta de uma educação efetiva; valorização dos sujeitos envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem e atenção à gestão escolar; organização e currículos escolares; expectativas da comunidade em relação ao saberes ministrados pela escola. Especial destaque cabe aos profissionais da educação – principais agentes do processo de escolarização – que, atuando diretamente junto aos alunos, desempenham papes determinante para a qualidade da educação. 2.5 Currículo, espaços e tempos escolares: inovações e permanência na educação básica. • A obrigatoriedade do Ensino Infantil altera os arts 29, 30 e 31 da LDB devido às mudanças ocorridas na didática, currículo e avaliação. O ensino passa a ter carga horária mínima anual de 800h/ano, distribuídas em 200 dias de trabalho, sendo 4h para turno parcial e 7h para turno integral. A frequência mínima exigida será de 60% total das horas. • Alterações no currículo: • Estudo da história e cultura do povo afro e indígena; • Instituição do dia da consciência negra; • Valorização do ensino das expressões artísticas regionais; • Estudo sobre símbolos nacionais como temas transversais de conteúdo. • Inclusão do estudo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) no ensino fundamental; • Ensino fundamental e médio voltados para o ensino obrigatório de direitos e responsabilidades civis, assim como o da educação ambiental; • Abre espaço para a prática facultativa da educação física; • Ensino religioso de forma facultativa, optativa. 3. Formação profissional e tecnológica. • A formação profissional pode ocorrer de forma integrada com o ensino básico, sem que haja prejuízo aos estudantes em sua função normativa. Carga Horária Tipo de Ensino 3.200h Ensino Integrado. 2.400h Ensino de Jovens e Adultos + Formação inicial e continuada. 1.400h Ensino de Jovens e Adultos + Formação inicial continuada. Considerações finais: Para o autor, a uma grande diferença entre colocar na lei a obrigatoriedade do ensino e de fato efetivá-los. Aula 17/09 – a Internalização da exclusão. • O discurso pedagógico fica mais nítido a partir do resultado das políticas públicas neoliberais. • Função do Estado: “Sustentar, rearticular e apoiar a modernização e intensificação das formas de exploração”. • As políticas públicas influenciam diretamente a atuação e as relações dentro da escola, assim sendo, não é possível que a mudança ocorra apenas no ambiente escolar. • Há décadas que os educadores lutam, simultaneamente, por acesso a uma educação de qualidade. • Somente na década de 1990, quando a ausência de uma “determinada qualidade” começou a incomodar as perspectivas de crescimento das taxas de acumulação de riquezas, a questão da “qualidade” foi pautada pelos empresários e, consequentemente, pelos governos. • A qualidade implica na visão de escola que se tem, atualmente com as implicações do capitalismo e a visão da escola como uma empresa, melhorar a qualidade pode ser entendido como: Adição de controle; Mais tecnologia. • Internalização: Trata-se de que um sistema ou subsistema incorpore alguns custos, controle melhor os processos e deixe de agregar outros desnecessários. A geração de excedentes pode ser apropriada ou usada como incentivo de consumo. Modernamente, o processo de internalização de custos completa-se com o seu oposto, a externalização de custos, um processo de ajuste tanto da flexibilização interna como da flexibilização externa. • No caso da escola, não está em jogo o lucro ou a apropriação de excedentes, mas sim o custo, o volume de investimentos em educação. • Em um primeiro passo, a exclusão é internalizada (no sentido de que o aluno permanece na instituição escolar mesmo sem aprendizagem, ao contrário de quando era puramente eliminado da escola) e ganha-se clareza e controle sobre os seus custos econômicos (com Programas de Correção de Fluxo, Classes de Aceleração, Classes de Reforço etc.). Em um segundo momento, o custo pode ser externalizado, via privatização, por terceirização. • A repetência e a evasão geram custos que oneram o Estado indevidamente – não são uma questão só de qualidade da escola. É uma questão de fluxo e de custo do fluxo. A questão da qualidade entra como geradora de menores gastos, menores custos – coerente, portanto, com a teoria do Estado mínimo. Custos desnecessáriosacarretam pressões por mais investimentos. O que está em jogo, portanto, não é apenas o lado humano e formativo da eliminação da reprovação ou da evasão, mas seu lado econômico. • NÃO SE PENSA NAS ESPECIFICIDADES DA EDUAÇÃO. • A escola em um primeiro momento a exclusão é internalizada. • Em um segundo momento o custo pode ser externalizado, via privatização. (terceirização) • Visão economicista da qualidade: coerente com a teoria do Estado mínimo1. • Moldes empresariais = sistemas nacionais de avaliação. • Ao transferir os custos educacionais para empresas terceirizadas, trata-se de um processo de preparação de um modelo de privatização do ensino no país. • O conceito de “2exclusão branda” (Bordieu e Champagne), se assemelha ao conceito de “eliminação adiada” (FREITAS, 1991). 1 O Estado mínimo é um tipo de estado que procura intervir o mínimo possível na economia do país, na expectativa de que tal procedimento maximize o progresso e a prosperidade do país. 2 A exclusão branda é um fenômeno que corre quando o aluno não obtém boas notas, não reprova, não abandona a escola. • • • QUANTO MAIS SE FALOU EM INCLUSÃO MAIS SE LEGITIMOU A EXCLUSÃO SOCIAL PRÉVIA À ESCOLARIZAÇÃO, POR UM MECANISMO DISSIMULATÓRIO DE INCLUSÃO FORMAL NA ESCOLA QUE TRANSMUTOU A EXCLUSÃO ESCOLAR OBJETIVA (REPETÊNCIA, EVASÃO) EM EXCLUSÃO ESCOLAR SUBJETIVA (AUTO- EXCLUSÃO ENTRE CICLOS, “OPÇÕES” POR TRILHAS DE PROGRESSÃO MENOS PRIVILEGIADAS, TRÂNSITO FORMAL SEM DOMÍNIO REAL), A PARTIR DOS HORIZONTES E DAS POSSIBILIDADES DE CLASSE PREVIAMENTE INTERIORIZADOS PELAS CONDIÇÕES OBJETIVAS DE CADA CLASSE NA SOCIEDADE. • Os procedimentos escolares responsáveis pela exclusão interior atuam através da FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA. • Essa forma escolar ensina um sentido de “ordem”, uma certa “posição nas relações de poder”. • Inclusão: não se discutir “em que” ou “para que” se inclui. • A avaliação ocupa um lugar central na prática pedagógica, consequentemente, ocupa também um lugar central nas políticas públicas atuais: Estado Avaliador. • Avaliação Tripartite: a avaliação é vista em três práticas diferenciadas e ao mesmo tempo articuladas: Avaliação Instrucional; Avaliação Comportamental; Avaliação de Atitudes e Valores. • Processo de avaliação: surge como o principal meio de produzir a motivação para o estudo. Passando a assumir um valor de mercadoria: “valor de uso e valor de troca”. • O valor da nota: O aluno é cada vez mais conformado a ver a aprendizagem como algo que só tem valor a partir da nota (ou aprovação social), que lhe é externa, e a troca pela nota assume o lugar da importância do próprio conhecimento como construção pessoal e poder de interferência no mundo. • • A segunda tese mostra como os mecanismos de avaliação informal são acionados no sentido de criar “trilhas de progressão continuada diferenciadas” nas propostas de organização por ciclos de progressão continuada. Essa tese vai trazer como ocorrem os mecanismos pelos quais se constrói a exclusão subjetiva. • Os ciclos procuram contrariar a lógica da avaliação formal. Os ciclos não eliminam a avaliação (nem formal e muito menos a informal), mas redefinem seu papel e sua autoria e associam-na com ações complementares (por exemplo, recuperação paralela). A motivação para tal e as possibilidades efetivas de seu sucesso dependem das políticas públicas e das concepções de educação que estão na base dos ciclos, entre outros aspectos que fogem ao nosso objetivo aqui. A mudança da autoria da avaliação tem sido um dos problemas graves, pois o professor tende a perder controle sobre o resultado de seu trabalho produzindo efeitos motivacionais desastrosos sobre ele. • Em São Paulo os ciclos são uma junção de séries convencionais (conjuntos de quatro anos – 1ª à 4ª série em um ciclo e 5ª e 8ª séries em outro), caracterizando muito mais ciclos de progressão continuada do que ciclos de formação. No ciclo de formação os espaços e tempos escolares são reordenados em função do desenvolvimento da criança (geralmente ciclos de três anos): infância, pré- adolescência e adolescência. Nestes a ênfase está na vivência de experiências significativas para as idades e para a vida. • A tentativa realizada nos ciclos de progressão continuada, de retirar os efeitos da avaliação formal durante um determinado conjunto de anos, revela um desconhecimento de como ocorre o processo de avaliação no interior da escola, pois, como dissemos antes, o destino do aluno é jogado no interior da avaliação informal e não na avaliação formal. Entretanto, ao retardar os efeitos formais da nota, o sistema quebra o tripé avaliativo e desarma o professor que fica sem ter “motivadores” para lidar com o aluno em sala de aula durante longos períodos. Gera efeitos colaterais. A “ordem” na sala de aula convencional, certo ou errado, ancora-se na nota. • Há que se lembrar que a gênese do sistema escolar substitui motivadores naturais por motivadores artificiais baseados no valor de troca do “conhecimento” (pela nota) junto ao professor. É este processo de troca que permite ao professor criar os motivadores artificiais que regulam as relações (inclusive disciplinares) em sala de aula. A questão é que este processo foi sustado sem que houvesse preparação do professor e sem que o aluno fosse desafiado por meio de outros motivadores para o estudo. Isso significa que o professor ficou totalmente dependente do processo de avaliação informal e, portanto, significa que ele está se dando de uma maneira muito mais forte. • A nota como motivador artificial não é uma invenção do professor, mas uma necessidade da escola como um sistema artificial que tem uma função social excludente, a mando do sistema que a cerca. • Do ponto de vista do professor, os ciclos aparecem como uma retirada de seu poder e uma retirada do controle sobre o processo de trabalho. • De modo geral, a tese 2 traz que quanto mais se falou em progressão continuada e em não se reprovar formalmente pela nota, mais se reforçaram os processos de avaliação e reprovação informais. • 3ª tese: aponta a desresponsabilização da escola em relação à escolarização das camadas populares, na esteira de desresponsabilização do próprio Estado mínimo proposto pelas políticas públicas atuais. • O aluno deve responsabilizar-se pela sua aprendizagem. Caso não o faça, será reprovado pela vida e a culpa será apenas dele. A desresponsabilização do professor faz parte de uma redefinição de seu papel no processo de aprendizagem, com base em um modelo individualista de desenvolvimento pessoal: a cada um segundo o seu esforço. Deve-se “aprender a aprender”. • Os alunos não chegam à escola em condições de igualdade em relação às oportunidades que tiveram. “Lavado”, esse capital inicial é legitimado como se tivesse sido obtido pelo esforço pessoal de cada um. A desresponsabilização do professor deixa cada aluno à mercê de seu próprio esforço, à mercê de sua própria “acumulação primitiva” – que para as camadas populares inexiste ou é pequena. As opções dentro do sistema escolar e as formas de sair de dentro dele são produzidas neste processo. Por isso que a metodologia do “aprender a aprender”16 é uma forma de legitimação, no interior da escola, das diferenças sociais previamente existentes. • A luta por uma escola para todos somente poderá ser consequente quando a escola for, além de um local de aprendizagem, um local de tomada de consciência e de luta contra as desigualdades sociais em estreita relação com os movimentos sociais emancipatórios, quando então a escola encontrará seu lugar formativo/instrutivo no nosso tempo. Além de conteúdo, a escola deve ensinar novas relações com as pessoas e com a natureza. Mais do que nunca, temos que saber ler as medidas que estão sendo propostas usando um instrumental teórico que nos permita desvelar as reais intençõese as práticas das atuais políticas públicas e armar a resistência. O neoliberalismo e suas “teorias” educacionais passarão – ainda que nos reste muita luta. Aula 24/09 – Juventude e Políticas Públicas no Brasil. • No Brasil, os jovens estão colocados nas mesmas políticas sociais que qualquer outra pessoa, de qualquer outra idade. E essas políticas não trazem a ideia de que jovens representam o futuro, na perspectiva de formação de valores e atitudes para os mais novos. • Relação entre "aquilo que tende a se tornar uma representação normativa corrente da idade e dos jovens na sociedade e o próprio impacto das ações políticas". • As representações normativas3, são focadas nos jovens, porém não incidem somente sobre eles. Elas são tratadas em relação entre os jovens e os adultos. • Alguns autores estabelecem 4 modelos de políticas de juventude: 1) entre os anos de 1950 e 1980, existia a ampliação da educação e o uso do tempo livre. 2) entre os anos de 1970 e 1985, existia o controle social de setores juvenis mobilizados. 3) entre os anos de 1985 e 2000, existia o enfrentamento da pobreza e a prevenção do delito. 4) entre os anos de 1990 e 2000, houve a inserção laboral de jovens excluídos. • Nos anos de 1960, os jovens eram tratados como um "problema" da sociedade, existindo crise de valores e conflito de gerações. Já em 1970, os "problemas" não são mais os jovens e sim como conciliar os estudos com a vida ativa de serviço. • Cada vez mais os jovens estão sendo tratados como adultos, visto que existe proposta na Constituição Federal sobre a diminuição da idade da maioridade penal. • O ECA traz que há excesso de direitos e poucos deveres impostos aos jovens. • As políticas feitas para os jovens, são feitas com base em uma imagem que a sociedade criou dos jovens, e não de fato com a participação dos jovens para opinar sobre o que é válido incluir nas políticas públicas destinadas a esse grupo. • PROGRAMAS FEDERAIS DESTINADOS À JUVENTUDE NO BRASIL: O QUE HERDA O GOVERNO LULA. Em 1990, os jovens eram lançados na condição de "risco social". • PROGRAMAS E PROJETOS FEDERAIS: PERIODIZAÇÃO, FOCOS E OBJETIVOS. 30 programas/projetos, com maior ou menor focalidade, para adolescente de 15 a 19 anos e jovens de 20 a 25 anos. Durante o mandato de FHC, houve a criação de 24 programas para adolescentes e jovens. 3 Normativa: Na vigência de um Estado Democrático de Direito, compete ao Poder Legislativo produzir normas que configurarão o ordenamento jurídico, fundamental para assegurar a movimentação das relações sociais sob o amparo constitucional e com a segurança jurídica exigida pela sociedade, em especial pelos seus cidadãos, empresários, operadores econômicos e agentes institucionais. • MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO: • Programa de Estudantes em Convênio de Graduação (PEC-G): é um programa destinado aos cidadãos estrangeiros, com idade entre 18 e 25 anos, tendo o ensino médio completo, com preferência que já estejam envolvidos em algum programa de desenvolvimento socioeconômico. • Projeto Escola Jovem: o objetivo desse programa é de oferecer uma maior oferta de vagas para o ensino médio; sua intenção era preservar a identidade dos jovens e superar os baixos rendimentos escolares; esse projeto foi dividido em dois subprogramas: 1) projeto de investimento, que arrecadaria recursos financeiros para reforma, melhoria da qualidade e realização de projetos juvenis. 2) projeto de políticas e programas nacionais que tinham por intuito apoiar a implementação da reforma do ensino médio nos Estados e no Distrito Federal. • Apresentação dos programas, com a explicação dos objetivos (OBS: nada focado sobre as políticas públicas para a juventude.) Aula 08/10 – A evolução do ensino médio no Brasil. • O ensino médio foi instituído no Brasil pelos jesuítas, no período colonial – do século XVI ao XVIII ficou sob responsabilidade dos jesuítas -, pois o reino português não custeava o ensino na colônia. • Ensino médio ligado a preceitos religiosos. Com isso, dava ao ensino um caráter de memorização e repetição, além da rigidez disciplinar. • O ensino brasileiro esteve ligado aos jesuítas até 1759, quando foram expulsos da colônia pelo rei de Portugal. • Originaram-se as aulas régias, ministradas por professores indicados, com competência questionada, mas que atendiam aos interesses políticos do período. • Apesar das mudanças a educação ainda apresentava um caráter seletivo e elitista, tendo que seu principal objetivo sempre foi a preparação da classe mais abastada para o ingresso no ensino superior fora do país ou nos cursos superiores que estavam sendo criados, no início do século XIX. • No século XIX, dividiu-se a responsabilidade na oferta do ensino, sendo que as províncias, atuais Estados, eram responsáveis pelo oferecimento do ensino primário e secundário, e o ensino superior ficando sob responsabilidade da Corte. • Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas, que ocorreram transformações ainda maiores no sistema educacional, sendo que uma das principais mudanças foi à criação do Ministério da Educação. • Em 1931 foi instituído o Decreto nº19.890 complementado pelo Decreto/Lei nº4. 244 de abril de 1942, a partir do qual foi criada a Lei Orgânica do Ensino Secundário, que vigorou até 1971. • O ensino primário era compreendido por quatro anos, já o ensino secundário possuía duração de sete anos, dividido em ginásio, com quatro anos de duração, e colegial, com três anos. • Com a lei n° 5.692/71 a estrutura do ensino foi alterada, o ginásio e o primário foram unificados, dando origem ao primeiro grau com oito anos de duração, e que antes era denominado colegial transformou-se em segundo grau ainda com três anos de duração. Ainda de acordo com essa lei, as escolas de segundo grau deveriam garantir uma qualificação profissional, fosse de nível técnico, quatro anos de duração, ou auxiliar técnico, três anos. • Esta resolução durou até 1982 e teve implicações que serão discutidas posteriormente, mas que de muitas maneiras minou o ensino profissionalizante no Brasil, multiplicando os cursos técnicos sem a manutenção de sua qualidade original. • A partir da década de 1980, com a instituição da Constituição Federal de 1988 passa a ser dever do Estado à garantia do fornecimento do ensino Médio gratuito a toda a população, que atenda as exigências necessárias para seu desenvolvimento, ou seja, que já tenha concluído as etapas da educação básica anteriores ao Ensino Médio. • Constituição Federal de 1988: “progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao Ensino Médio”. • Com o surgimento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9.394/96, houve uma alteração na redação oficial da Constituição de 1988, assim, de acordo com a LDB o Estado deveria garantir a “progressiva universalização do Ensino Médio gratuito”. Tal alteração nesse texto foi responsável pela restrição dos direitos assegurados pela CF, reduzindo a oferta do Ensino Médio por parte do Estado. • O que rege a educação no Brasil, embora comprometa a extensão da gratuidade da última etapa da educação básica é a ementa constitucional de 1996, que sustenta a LDB. • Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001, observasse que o mesmo visa garantir o acesso ao Ensino Médio, daqueles que tenham concluído o Ensino Fundamental em idade regular, a partir do ano de sua promulgação. • A CF de 1988 não se restringe apenas à garantia do acesso à educação, mas também a garantia da qualidade do ensino. • O Ensino Médio, desde sua origem, sempre apresentou uma divisão entre aquele destinado a preparação para o ingresso no ensino superior, e aquele destinado ao mercado de trabalho • A função do Ensino Médio teve que ser revista, pois tornou-se necessário a formação geral, em detrimento a formação específica. Uma vez que, paraa inserção no processo produtivo e para o alcance do desenvolvimento intelectual, na atualidade, é fundamental o conhecimento e utilização dos recursos tecnológicos, além da consciência crítica, a capacidade de criar, a curiosidade, o hábito da pesquisa, dentre outros. Tornando-se assim, inviável a manutenção do ensino tradicional, que prioriza a memorização. • Em todo país o Ensino Médio deve ser oferecido em um período mínimo de três anos, sendo que, em cada ano a carga horária mínima deve abranger cerca de 800 horas, • distribuídas em 200 dias de efetivo trabalho escolar. Frequência mínima de 75% considerando todas as disciplinas. O desempenho individual dos alunos, cuja avaliação desse desempenho deve ser contínua e cumulativa. Recuperação para alunos com rendimento escolar baixo, de preferência paralelamente ao horário de aula. • A relação entre o número de alunos e professor é determinada pela instituição de ensino. • O conteúdo curricular é determinado por uma base nacional comum e por uma parte diversificada que é determinada pela escola. A base nacional comum deverá compreender 75% do tempo mínimo de duração do Ensino Médio, sendo o restante do conteúdo escolhido pela escola, de modo a contemplar as diversidades locais e regionais, além de características culturais de cada região. • De acordo com a base nacional comum devem ser oferecidas as seguintes disciplinas: língua portuguesa, matemática, biologia, química, física, geografia, história, sociologia, filosofia, arte, educação física e uma língua estrangeira moderna. • Em relação os docentes do Ensino Médio, o Art. 62 da LDB estabelece que os mesmos devem ser formados em nível superior, mais especificamente em cursos de licenciatura plena. • Já no que tange aos alunos a Lei propõe a garantia da educação de jovens e adultos no Ensino Médio para aqueles que não tiveram acesso aos estudos ou continuidade deles. • A Educação Básica brasileira percorreu um longo percurso para chegar ao que é hoje. Apesar disto, observa-se cotidianamente que muito ainda existe para ser feito a fim de que os níveis educacionais brasileiros ao menos se aproximem do que está previsto nas leis já existentes. • Visando agradar suas bases eleitorais, o legislador propõe e vota leis avançadas, mas que não possuem mecanismos que garantam sua aplicabilidade. Isto associada à grande extensão territorial do Brasil, o que por si só já torna o cumprimento das leis menos passível de comprovação, são alguns elementos que compõe esta salada de (ir)responsabilidades que vitimam o ensino brasileiro. • 1971 a 2000: Neste período, percebeu-se um crescimento de 7 vezes o número de matrículas, fato explicado não apenas pelo crescimento absoluto da população (que quase dobrou no período) mas também pela ampliação da disponibilidade desta modalidade de ensino. • No ano de 2000, de acordo com os dados do INEP, organizados por PINTO (1999), o Brasil atingia cerca de metade da demanda potencial de matrículas para o ensino Médio, ou seja, apenas metade dos jovens brasileiros em idade para cursar o ensino Médio (de 15 a 19 anos) estavam matriculados nesta modalidade de ensino. • O Ensino Médio ainda mantém algumas características do princípio de sua institucionalização no Brasil Colônia, como a função propedêutica, modalidade de ensino que posteriormente passou a ser voltada, não apenas para a universidade, mas ao mercado de trabalho. • Apesar das transformações já ocorridas ainda são necessárias mais modificações na estrutura, nos conteúdos curriculares do ensino médio, a fim de adaptar-se o conteúdo ensinado na sala de aula às realidades vividas pelos alunos. Aula 22/10 - REFORMA DO ENSINO MÉDIO NO CONTEXTO DA MEDIDA PROVISÓRIA No 746/2016: ESTADO, CURRÍCULO E DISPUTAS POR HEGEMONIA. • Em 22 de setembro de 2016 é exarada a Medida Provisória (MP) nº 746/2016. Conforme descrito na Exposição de Motivos, o texto encaminhado ao Congresso Nacional almeja “dispor sobre a organização dos currículos do ensino médio, ampliar progressivamente a jornada escolar deste nível de ensino e criar a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral” (BRASIL, 2016a). • Alguns dos aspectos presentes no texto da MP nº 746 chamaram imediata atenção da mídia, em especial duas situações: a extinção da obrigatoriedade de quatro disciplinas — Sociologia, Filosofia, Artes e Educação Física — e a possibilidade de atribuição do exercício da docência a pessoas com “notório saber” em alguma especialidade técnico-profissional. • A ênfase nesses dois aspectos escondeu outros de igual ou maior relevância: a pretensão de alterar toda a estrutura curricular e de permitir o financiamento de instituições privadas, com recursos públicos, para ofertar parte da formação. • É a partir de tais constatações e distinções que Gramsci elabora sua concepção de Estado ampliado, constituído, na superestrutura, pela sociedade política — ou Estado em sentido estrito — e pela sociedade civil. Esta se organiza politicamente de modo que o grupo ou a classe dominante exerça a hegemonia sobre o conjunto da sociedade por meio de um conjunto amplo e heterogêneo de organizações (escolas, igrejas, partidos políticos, meios de comunicação etc.), promovendo, de forma dinâmica, a elaboração e a divulgação ideológica de seus valores, suas aspirações, sua moralidade e seus hábitos, com o objetivo de obter, junto aos grupos aliados e às classes dominadas, o consentimento e o consenso em relação a tal configuração político-ideológica. A efetividade dessa ação cria as condições para que a classe dominante assuma, também, a condição de classe dirigente. • Distingue-se, inicialmente, a educação como um processo social amplo que poderia ser denominado socialização. Esta abarca o conjunto de saberes e experiências que a cultura proporcionou/impôs aos sujeitos individuais e coletivos que construíram o acervo histórico de uma dada sociedade ao longo de sua existência. No interior desta situa-se, como parte de tal cultura e, muitas vezes, sob a influência de outras culturas, a educação propriamente escolar. • No caso do ensino médio e da educação profissional, em particular, o que o governo FHC propôs, com recusas iniciais e adesões posteriores por parte das escolas técnicas, por força da ação do MEC, foi a separação formal entre ambos, embora unificados pela formação por competência, o que reforçou a inviabilização, já presente desde a discussão sobre a educação na Constituição Federal de 1988, da proposta de formação politécnica. • Ainda nem estava aprovada a LDB de 1996, o MEC desencadeava o processo de produção das bases curriculares em que deveria se organizar o ensino médio. Entre 1995 e 1998, são produzidos vários documentos, dentre os quais destacam-se os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), produzidos sob coordenação da Secretaria de Educação Média e Tecnológica do MEC; e as DCNEM, explicitadas no Parecer nº 15/98 e na Resolução nº 3/98 da Câmara de Educação Básica do CNE. • As mudanças no quadro político brasileiro a partir do início dos anos 2000, bem como os debates em torno de um novo Plano Nacional de Educação, trouxeram também um movimento de discussões sobre os sentidos, as finalidades e os formatos que deveriam ter a última etapa da educação básica. • Diferentemente de seu antecessor, Lula conferiu maior atenção à questão da coesão social, na linha do proposto pelo neoliberalismo da terceira via. Em seu governo foram promulgados documentos legais que instituíram políticas financeiras de apoio aos setores sociais menos privilegiados, como a ampliação do Programa Bolsa Família e a instituição do Programa Minha Casa Minha Vida, bem como instaladas secretarias e programas que visaram contemplar as diversidades de variada natureza. • Tais políticas forammantidas, em parte, pelo governo Dilma. Por outro lado, observou-se neste uma abertura maior que a verificada no governo Lula em relação a articulações com a iniciativa privada no que se refere à educação básica, em particular à educação profissional. Neste caso, o programa símbolo foi, como se sabe, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). • A principal alteração da MP nº 746 para o currículo, e que é objeto de análise no presente texto, diz respeito ao art. 36 da LDB nº 9.394/1996, que passaria a ter a seguinte redação: • Art. 36. O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos específicos, a serem definidos pelos sistemas de ensino, com ênfase nas seguintes áreas de conhecimento ou de atuação profissional: I – linguagens; II – matemática; III – ciências da natureza; IV – ciências humanas; e V – formação técnica e profissional. • § 1.º Os sistemas de ensino poderão compor os seus currículos com base em mais de uma área prevista nos incisos I a V do caput. • § 3.º A organização das áreas de que trata o caput e das respectivas competências, habilidades e expectativas de aprendizagem, definidas na Base Nacional Comum Curricular, será feita de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema de ensino. (BRASIL, 2016a) • As justificativas para as propostas de reforma curricular aglutinam-se em torno de quatro situações, conforme atesta a Exposição de Motivos à MPV nº 746/2016: o baixo desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática, conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB); a estrutura curricular com trajetória única para o conjunto de estudantes, cuja carga compreende 13 disciplinas, considerada excessiva e que seria a responsável pelo desinteresse e fraco desempenho; a necessidade de diversificação e flexibilização do currículo, tomando por modelo os países com melhor desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA); o fato de que menos de 17% dos alunos que concluem o ensino médio acessam a educação superior, e que cerca de 10% das matrículas estão na educação profissional como justificativa para a introdução do itinerário “formação técnica e profissional”. • As poucas alterações sofridas pela MP até sua transformação em Lei foram advindas de participantes ligados ao setor privado, como é o caso da proposição do aumento da carga horária destinada à formação básica comum, de 1.200 para 1.800 horas. • A MPV nº 746 foi transformada no PL nº 34/2016 com base no Relatório da Comissão Mista. Esse PL foi aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sancionado e publicado no Diário Oficial da União (DOU) como Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Foi, desse modo, incorporada à LDB nº 9.394/1996. • Além das medidas tomadas, no plano do executivo e do legislativo, no sentido de promover a reforma do ensino médio por meio da MP nº 746, cabe atentar também para outra ação que as antecedeu — a construção da BNCC —, iniciada em 2015 no governo Dilma e ainda em processo final de elaboração, prevista na Constituição Nacional, na LDB, reafirmada nas Diretrizes Curriculares para a Educação Básica e na meta 7 do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024). • Dessa perspectiva, a MP nº 746 não constitui uma novidade, mas apenas uma atualização da histórica disputa pela hegemonia em relação ao ensino médio. O mesmo ocorreu, desse ponto de vista, com as proposições a respeito originadas no governo FHC, mas com as características específicas que assumiram naquele momento. • Tal disputa histórica ensejou, a partir do governo Lula, como o artigo explicitou, a formulação de um projeto de caráter contra-hegemônico para o ensino médio e a educação profissional. No entanto, o contexto político que permitiu seu surgimento configurou-se, ao mesmo tempo, como o que não lhe conferiu forças para se sustentar. (...) No governo Lula pretendeu-se o atendimento a algumas das necessidades básicas da classe trabalhadora, desenvolvido, no entanto, na perspectiva da coesão, mais do que na transformação social, posto que foi limitado por uma política de conciliação dos interesses de classe que, no campo educacional, facilitou e até mesmo incentivou o empresariado, tanto produtivista quanto financista, a envolver-se com os diversos níveis da educação nacional, inclusive por meio do protagonismo acentuado junto ao MEC, por meio do movimento Todos pela Educação, não apenas do ponto de vista estritamente financeiro, mas também do político-ideológico. • O caráter político-cultural dessas ações é fundamental para a contraposição ideológica, implicando, para ser efetiva, na participação consciente da classe trabalhadora por meio da superação de concepções fragmentárias, caóticas, incoerentes e desarticuladas da realidade, ainda que se considere que apenas a elevação do nível cultural das massas e a construção da cultura acima referida, embora necessárias, não são, por si só, condição suficiente para a constituição de um bloco histórico que se contraponha à hegemonia burguesa.
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