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DIDÁTICA Caroline Costa Nunes Lima Planejamento educacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir planejamento educacional. � Relacionar o planejamento educacional com a práxis docente. � Analisar a relação entre planejamento e comprometimento ideológico. Introdução Neste capítulo, você irá estudar a respeito do planejamento educacional, conhecendo e se aprofundando em questões que envolvem sua concei- tuação, além de identificar algumas concepções de políticas educacionais, tais como a ingênua, liberal e realista e, em continuidade aos estudos, analisar os princípios norteadores de um planejamento educacional. Passada essa abordagem inicial, você verá as relações existentes entre o planejamento educacional e a prática docente, onde este profissional deve estar consciente de sua práxis, conectado com as propostas vigentes em diferentes esferas governamentais, como também inserido no processo de analisar, escolher, traçar objetivos e avaliar os resultados alcançados. Por fim, você terá a oportunidade de analisar a relação entre pla- nejamento e comprometimento ideológico, sendo este fundamental para o alcance de resultados significativos nos processos de ensino e aprendizagem. O planejamento educacional A ação de planejar está presente nos mais variados âmbitos de nossa vida, até mesmo em ações cotidianas como a de dispor momentos para enumerarmos nossas ações diárias como ir ao mercado e buscar os filhos na escola. No campo educacional, há uma série de críticas quanto ao que se idealiza nos atos envolvendo planejamento e a falta de foco para a realidade concreta da prática docente que desconsidera o contexto em que está inserida. De todo modo, desde muito tempo encontramos registros que comprovam que já havia a preocupação de se pensar em estratégias educacionais com a finalidade de adaptar-se aos objetivos almejados em diferentes épocas, relacionando-os a fatores históricos, sociais e econômicos. De acordo com Coombs (1981 p. 10), o planejamento educacional: [...] não é, certamente, um remédio milagroso para curar sistemas educacionais precários, tampouco é uma porção diabólica que alimenta apenas o mal.(...) é, em seu sentido genérico mais amplo, a aplicação de análise sistemática e racional ao processo de desenvolvimento educacional com o objetivo de tornar a educação mais efetiva e eficiente no atendimento às necessidades e metas dos estudantes e da sociedade. Ao conceituarmos o planejamento educacional, podemos afirmar que se trata de um ato de intervenção técnica e política, nas palavras de Calazans, Garcia e Kuenzer (1990). E pelo fato de a educação estar inserida num processo social, devemos considerar os contextos políticos e econômicos e os modos como se relacionam, se influenciam e se afetam mutuamente. Assim, de acordo com Baía Horta (1991, p. 195): O planejamento educacional constitui uma forma específica de intervenção do estado em educação, que se relaciona de diferentes maneiras historicamente condicionadas com as outras formas de intervenção do estado em educação (legislação e educação pública), visando à implantação de uma determinada política educacional do Estado, estabelecida com a finalidade de levar o sistema educacional a cumprir as funções que lhe são atribuídas enquanto instrumento deste mesmo Estado. Ao analisarmos os registros históricos relacionados ao planejamento edu- cacional em nosso país, identificamos que essas ações estavam estreitamente ligadas à forma de exercícios controladoras do Estado. O regime militar, por exemplo, foi marcado pela criação de uma série de planos que resultaram em uma vasta burocratização no campo do ensino (SOUZA et al, 2005). Entretanto, é importante ressaltar que espaço escolar é palco de relações antagônicas, por reproduzirem discursos de diferentes classes que se mani- festam por meio de movimentos contraditórios e transformadores. Assim, o controle que o Estado detém é relativo, tendo em vista que, na escola, por seu viés de microssociedade, também são reproduzidas as contradições presentes no âmbito social. De acordo com Félix (1986, p. 79): Planejamento educacional2 [...] a relação antagônica entre as classes sociais mantém o movimento con- traditório no nível da estrutura e da superestrutura. Logo, a escola não é apenas a agência ’reprodutora’ das relações sociais, mas o espaço em que se reproduz o movimento contraditório da sociedade que gera os elementos da sua própria transformação. E agora que você viu algumas das vertentes que se relacionam a dife- rentes conceitos de planejamentos educacionais, já parou para pensar em quais elementos são fundamentais para que um projeto de educação seja efetivamente comprometido com fundamentos democráticos? Pressupostos tais como a presença da utilização de métodos pautados em uma construção política realizada por meio de diálogos, com foco no diagnóstico de quais objetivos são prioritários para serem alcançados e quais problemas necessitam ser sanados, além de levantamento de recursos necessários e da construção de um currículo que promova uma aprendizagem significativa, são uma das ações que podem favorecer esse planejamento. De acordo com Pinto (1994, p. 35), existem as seguintes dimensões que norteiam os princípios de um planejamento educacional: a) Processo: enquanto tal, ele se constrói e se desenvolve através de um sem número de pequenas ações, no cotidiano educacional, não podendo ser ad- quirido de repente, por um ato jurídico, ou decreto; b) Objetivo: precisamente para poder ser caracterizado como participativo, um processo deve ter como propósito, como fim, a participação plena, irrestrita, de todos os agentes desse processo; c) Meio: constrói-se a participação, precisamente, participando. Ela é, portanto, seu próprio método; d) Práxis: se a participação é entendida como processo, que os seres humanos constroem, conscientemente, com fito de alcançar, como fim, a participação plena (leia-se democracia real), então podemos entendê-la como uma prática, cujo caráter é político. Assim, você pode observar quantos aspectos envolvem um planejamento consolidado com pressupostos que favorecem a construção de uma base sólida que, efetivamente, se comprometa com os objetivos que almeja alcançar. Por mais desafiador que seja, a longo prazo os resultados são apresentados e novas metas são traçadas para que seja ofertada uma educação de qualidade, com compromisso com a aprendizagem e formação democrática para o pleno exercício da cidadania. E para que você possa ter uma visão mais global a respeito dos conceitos e características de um planejamento, observe o Qua- dro 1, elaborado por Lira, Neves e Bezerra (2015, p. 239): 3Planejamento educacional Fonte: Adaptado de Lira, Neves e Bezerra (2015, p. 239) Conceitos Características O planejamento é um roteiro que norteará a condução de uma aula � O planejamento é importante para que a aula não seja dada através de improvisos. � Objetivo de ensino. � Recursos. � Tempo a ser dispendido em cada atividade. � Atividades a serem desenvolvidas. � Tempo disponível. � O planejamento deve ser flexível, pois, nele tem-se uma ideia prévia do que acontecer, porém, ela nem sempre se confirma. � O planejamento serve para dar um pouco mais de segurança ao professor. Quadro 1. Conceitos e características do planejamento Como você pode observar, construir um planejamento não é uma tarefa fácil de ser realizada, apresentando-se como um desafio ao docente. Entretanto, “[...] o professor não deve encarar o planejamento como uma tarefa burocrática, imposta pelas secretarias, mero preenchimento de formulários para arquivo [...]” (ROJO, 2001, p. 315). Para que possamos compreender os pressupostos contemporâneos que envolvem o planejamento educacional no Brasil e se conectam com o Plano Nacional de Educação 2011-2020, é importante conhecer algumas ações que fizeramparte da nossa trajetória. Nas palavras de Bordignon, Queiroz e Gomes (2011, p. 4): 1) a liderança do movimento dos educadores, organizados na ABE – Associação Brasileira de Educadores, na proposta da construção de um plano nacional de educação, que toma forma e expressão numa V Conferência Nacional de Educação de 1932; 2) a ênfase na organização sistêmica da educação brasileira como alternativa à superação das reformas fragmentadas e desarticuladas, seja na relação da educação com o projeto de sociedade, seja entre as diferentes etapas e modalidades de educação; Planejamento educacional4 3) a afirmação do direito de cada indivíduo à educação integral e o dever do Estado de oferecer escola para todos; 4) a função social da escola e seu caráter eminentemente público, fundada nos princípios da laicidade, gratuidade e obrigatoriedade; 5) a autonomia na gestão da função educacional, assegurada “pela instituição de um fundo especial ou escolar (...) administrado e aplicado exclusivamente no desenvolvimento da obra educacional, pelos próprios órgãos do ensino, incumbidos de sua direção”; 6) a busca da unidade na multiplicidade, pela aplicação da doutrina fe- derativa e descentralizadora, superando “o centralismo estéril e odioso, ao qual se opõem as condições geográficas do país e a necessidade de adaptação crescente da escola aos interesses e às exigências regionais”; 7) A associação entre sistema e plano, este situado no contexto da organização da educação brasileira, e destes com uma concepção de bases e diretrizes nacionais, a articular o todo num projeto nacional de educação. Desse modo, demonstramos que esses marcos foram de suma importância para que se superassem alguns modelos que trouxeram consequências negativas para a história de nossa educação e que os avanços conquistados ampliaram as opor- tunidades visando assegurar uma educação em consonância com o contexto em que está inserida. O planejamento educacional e a práxis docente No cotidiano profissional de um docente, encontramos uma série de proces- sos de planejamento, nos mais diferentes âmbitos, que envolvem a prática pedagógica, tais como: planejamento educacional, plano de ensino, projeto político-pedagógico, planejamento curricular, Plano Nacional de Educação, entre outros. O que veremos a partir de agora aborda o planejamento educa- cional e a prática no campo da docência. A práxis docente é repleta de ações que visam o avanço do desenvolvimento global dos educandos por meio de diferentes elementos que giram em torno do ensino e aprendizagem. E, para que se dê o início de suas atividades, espera-se a construção de planejamentos que sirvam de instrumento de reflexão sobre os desafios que a escola enfrenta, o contexto em que a comunidade escolar está inserida e as necessidades dos grupos de alunos para que se busquem meios de se enfrentar problemas e buscar caminhos transformadores (VAS- CONCELLOS, 1995). 5Planejamento educacional Se em diferentes ambientes de trabalho a ação de planejar é recorrente, na prática docente não é diferente, pois traçar metas e propor objetivos é inerente ao ser humano, devendo ser, assim, uma prioridade no fazer pedagógico. Para Batista (2005, p. 138): Quando a escola e os professores abrem mão do planejamento, eles abrem mão de sua autonomia, de seu saber, do controle de seu trabalho. Abrem mão até da possibilidade de desenvolvimento de sua formação, pois é pla- nejando, executando e avaliando as ações pedagógicas que a escola e os docentes geram um contexto de ampliação de seu saber, pela criação da necessidade de estudo, de elaboração de novas estratégias e de análise dos problemas encontrados. Partindo dessas reflexões, é de suma importância que os professores en- tendam que o processo educativo é uma via de mão dupla na medida em que, ao mesmo tempo em que essa prática demanda um esforço de compreender os processos vivenciados e da apropriação de saberes, também aperfeiçoa sua própria identidade docente. Nas palavras de Nóvoa (1992), a demarcação dessa identidade é um espaço de lutas e conflitos envolvendo processos complexos na imbricação da história pessoal e profissional do docente. Desse modo, é necessário um tempo para apreender todas as exigências que o fazer peda- gógico demanda, além de refletir sobre sua própria prática. É aí que os atos de planejar, construir planos e projetos atuam como um auxílio de revisão da práxis, onde as ações diárias ganham um significado maior, ampliando-se as possibilidades de alcançar os resultados esperados na medida em que os caminhos já percorridos trazem elementos para a condução e a recondução do processo. A atuação do docente compreende, nas palavras de Bruno, Fortunato e Bergamo (2015, p. 2), “[...] a capacidade de planejar, definindo metas e obje- tivos, bem como organizados sistematicamente os recursos e esforços para tais realizações, avaliando os resultados em confronto com as expectativas projetadas [...]”. Autores especializados nessa temática, tais como Libâneo (1994, p. 222), atentam para a importância do planejamento que diz respeito a “[...] um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social [...]”. Ao fazermos um acompanhamento, a partir do século XX, observaremos que houve uma grande evolução quanto ao planejamento e a práxis docente, em que, de acordo com a adaptação feita das considerações de Vasconcellos (1995, p. 28, 30, 31), podem ser identificadas três linhas de planejamento, como apontaremos no Quadro 2. Planejamento educacional6 Fonte: Adaptado de Vasconcellos (1995, p. 28, 30, 31). Linhas de planejamento Especificidades Planejamento tradicional Como princípio prático, o planejamento era feito sem o critério de formalização, cabendo ao professor a competência de desenvolver apenas as tarefas em sala de aula. Desta forma, os planos eram feitos com base nos apontamentos registrados em cadernos, folhas e fichas, a partir de leituras preparatórias para as aulas, sendo que, “o ‘planejamento’ pedagógico do professor no sentido tradicional, a rigor, não era bem planejado; era muito mais o estabelecimento de um ‘roteiro’, que se aplicaria fosse qual fosse a realidade Planejamento instrumental Está relacionado com a tendência tecnicista de educação, ou seja, o planejamento surgiu para solucionar problemas como a falta de produtividade da educação. Assim, era dada ênfase ao aspecto formal, havendo uma tendência à ação planificadora, pois os professores eram obrigados a preencher planilhas. Planejar passou a significar preencher formulários com objetivos educacionais gerais, objetivos instrucionais operacionalizados, conteúdos programáticos, estratégias de ensino, avaliação de acordo com objetivos, etc. Planejamento participativo Esta foi a nova forma encontrada por educadores que se preocupavam com o planejamento da educação, ou seja, foram buscar a construção, a participação, o diálogo, o poder coletivo local e a formação de consciência crítica a partir da reflexão sobre a prática da mudança. O planejamento participativo surgiu para romper com a prática dos planejamentos funcional e normativo, inserindo o professor e a escola no contexto social. Quadro 2. Linhas de planejamento e suas especificidades Além da importância de se conhecer a evolução dessas ações e da prática docente, outro ponto a ser abordado é que o planejamento escolar por grande parte de educadores ao longo dos últimos anos foi considerado como um método técnico capaz de racionalizar os modos de ação, atuando como facilitador da 7Planejamento educacional práxis docente no alcance dos objetivos. Entretanto, é preciso um olhar mais profundo de que o planejamento é, acima de tudo, um instrumento político que reflete uma intencionalidade entrelaçada com a concepção de pessoa, com a visão de mundo e da sociedade em que se está inserido e que se deseja construir.Assim, identificamos que o planejamento em si não corresponde a um ato isolado, devendo estar vinculado aos diferentes elementos que o constituem. Como aponta Gadotti et al. (2008), concluímos que os esforços dos diferentes segmentos responsáveis por planejar ações educacionais devem promover uma educação que oportunize investimentos na educação continuada da equipe docente e ofertem condições para que ela possa refletir sobre sua práxis, integrando todos os atores envolvidos na construção de projetos pedagógicos, havendo uma avaliação contínua de resultados e criando uma flexibilidade nas tomadas de decisões, levando em consideração o contexto em que estão inseridos. O planejamento e o comprometimento ideológico É própria da natureza humana a realização de ações com objetivo de alcançar determinados resultados, ainda que esses atos se manifestem de modo invo- luntário ou planejado. Ao levarmos essa reflexão para o campo educacional, constatamos que essa práxis se desenvolve por meio de planejamento, levando em consideração os diferentes elementos envolvidos no processo. Nas palavras de Luckesi (2011, p. 117): [...] o ato de planejar é a atividade intencional pela qual se projetam fins e se estabelecem meios para atingi-los. Por isso, não é neutro, mas ideologicamente comprometido (...) na origem de toda conduta humana, há uma escolha; isso implica finalidades e também valores. Assim, essas ações estão intimamente ligadas ao nível de consciência ou inconsciência do indivíduo que a realiza. Embora o ato de planejar esteja entrelaçado às tomadas de decisão, valores sociais e morais, se observarmos essas ações no âmbito educativo, identificaremos que, na prática, muitos de seus princípios estão sendo desconsiderados no que tange a sua potencialidade. Em outros casos, o planejamento é tido como um meio de definição para a aplicação de técnicas com objetivos de alcançar resultados, independente das consequências que possam acarretar. De acordo com Luckesi (2011, p. 118): Planejamento educacional8 Os técnicos de planejamento esmeram-se na elaboração do "melhor modelo de projeto": tópicos, divisões, subdivisões, numerações, delimitação de recur- sos, fluxos, cronogramas... Os roteiros técnicos da apresentação de projetos sofisticam-se cada vez mais no que se refere aos detalhes e ao estabeleci- mento de técnicas eficientes. Porém, pouco ou nada se discute a respeito do significado social e político da ação que se está planejando. Não se pergunta pelas determinações sociais que estão na base do problema a ser enfrentado, assim como não se discutem as possíveis consequências político-sociais que decorrerão da execução do projeto em pauta. Diante disso, muitos planejamentos caminham para uma busca pela per- feição de técnicas e métodos que acabam por afastar os pressupostos básicos, como a formação de sujeitos e de valores sociais que serão alcançados a médio e longo prazo. É necessário atentar para o fato de que o planejamento não é exclusivo de uma ou outra vertente e sim coexiste com sua essência política, social, científica e técnica e, justamente, o caminhar dessas ações é que cul- minarão para um modo eficiente de alcançar os objetivos traçados (LUCKESI, 2011). Quando um plano educacional é construído levando em consideração a realidade da instituição educacional, tem condições de ser analisado após sua implementação e revisto de acordo com a necessidade para alcançar objetivos que, por ventura, tenham deixado de ser alcançados (LIBÂNEO, 1994). Outro ponto a ser refletido é a respeito de que a construção de um plane- jamento não deve partir de decisões individuais e isoladas, visto que, como afirma Luckesi (2011, p. 134), “[...] as atividades individuais e isoladas não são inócuas e não são suficientes para produzir resultados significativos no coletivo. Tornam-se necessárias ações individuais e coletivas, ao mesmo tempo [...]”. Por meio dessas ações, são construídos planejamentos que agregam questões políticas expressas por meio do diálogo, fortalecendo a consciência crítica e de poder no espaço escolar. Deste modo, é possível um comprometimento ideoló- gico que atenda às seguintes funções, de acordo com Libâneo (2004, p. 150): Diagnóstico e análise da realidade da escola: busca de informações reais e atualizadas que permitam identificar as dificuldades existentes e as causas que as originam, em relação aos resultados obtidos até então. Definição de objetivos e metas que compatibilizem a política e as diretrizes do sistema escolar com as intenções, expectativas e decisões da equipe da escola. Determinação de atividades e tarefas a serem desenvolvidas em função de prioridades postas pelas condições concretas e compatibilização com os recursos disponíveis (elementos humanos e recursos materiais e financeiros). A partir do momento em que se tem a consciência de todos seus funda- mentos, a incorporação do planejamento na práxis docente retrata que o ato 9Planejamento educacional educativo é complexo, portanto, não cabe ser realizado de modo improvisado. A formação de indivíduos para o pleno exercício da cidadania precisa estar em constante acompanhamento das exigências do mundo contemporâneo, oportunizando que os alunos sejam protagonistas e também responsáveis pelo processo educativo. isopor essa razão, não cabe ao docente a ação de repetir receitas e sim de promover uma aprendizagem que aproxime os alunos de suas realidades de modo que se sintam estimulados e desafiados para o exercício da criatividade, autonomia e criticidade. Planejar exige raciocínio lógico, sensi- bilidade, ética, diálogo e espírito de grupo, conforme afirma Behrens (1996). Ao considerarmos todos esses pressupostos, reafirmamos que, sem um planejamento comprometido, as ações dos docentes dificilmente resultarão no que se almejou alcançar. Para isso, deve ser um documento organizado coletivamente, com participação de diferentes segmentos da comunidade escolar, tais como professores, estudantes, responsáveis e comunidade em que a instituição está situada. Juntos, irão definir as prioridades e necessidades, propondo as ações para alcançar os objetivos almejados. Cumprindo essa etapa toda equipe deve, no momento da implementação, comprometer-se com sua prática, organizando sua práxis em torno da realidade em que está inserido, estando consciente de sua responsabilidade em todo o processo de ensino e aprendizagem. Concluímos que, desse modo, por meio de um olhar ampliado, você pode refletir sobre a importância de se considerar o ato de planejar com seu compro- metimento ideológico e o quanto valer-se de pressupostos que fundamentam essa atividade irá refletir significativamente nos resultados que se almejam alcançar. BAÍA HORTA, J. S. Planejamento educacional. In: MENDES, D. T. (Coord.). Filosofia da educação brasileira. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. BATISTA, A. A. G. et al. Planejamento da alfabetização. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005. BEHRENS, M. Formação continuada dos professores e a prática pedagógica. Curitiba: Champagnat, 1996. BORDIGNON, G.; QUEIROZ, A.; GOMES, L. (Col.). O planejamento educacional no Brasil. 2011. Disponível em: <http://fne.mec.gov.br/images/pdf/planejamento_educacional_brasil. pdf>. Acesso em: 08 ago. 2018. Planejamento educacional10 BRUNO, C. R. C.; FORTUNATO, S. A.; BERGAMO, R. O planejamento educacional: seus impactos na ação docente. 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