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INFORMAÇÃO CONTÁBIL Professor: Me. Claudinei Nascimento DIREÇÃO NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; NASCIMENTO, Claudinei. Contabilidade Financeira e Gerencial. Claudinei Nascimento. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 41 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Contabilidade 2. Financeira 3. EaD. I. Título. ISBN: 978-85-459-0015-3 CDD - 22 ed. 657 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Marcus Vinicius Almeida da Silva Machado Editoração Flávia Thaís Pedroso Ilustração e Qualidade Textual Produção de Materiais EAD Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 01 02 03 04 05 sumário 06| CONCEITOS E USUÁRIOS DA CONTABILIDADE 12| PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE 19| CONCEITOS E MENSURAÇÃO DE ATIVOS 25| CONCEITOS E MENSURAÇÃO DE OBRIGAÇÕES 30| CONCEITOS E MENSURAÇÃO DE RECEITAS E DESPESAS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender os conceitos de contabilidade e a quem suas informações se destinam. • Estudar os princípios da Contabilidade. • Conhecer os conceitos dos elementos patrimoniais e sua mensuração; • Capacitar o aluno a interpretar de forma correta as informações da contabilidade. • Permitir o desenvolvimento do raciocínio contábil no momento da análise dos relatórios contábeis. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceitos e Usuários da Contabilidade • Princípios de Contabilidade • Conceitos e Mensuração de Ativos • Conceitos e Mensuração de Obrigaçoes • Conceitos e Mensuração de Receitas e Despesas INFORMAÇÃO CONTÁBIL INTRODUÇÃO introdução A informação dentro do mundo dos negócios no ambiente competitivo é um bem de grande importância para todos aqueles profissionais que de uma maneira ou outra têm a responsabilidade de tomar decisões por uma empresa. Gestores precisam dela para tornar a empresa capaz de se desenvolver num ambiente competitivo cujos consumidores exigem cada vez mais produtos diferenciados que supra suas necessidades a preços compatíveis. Podemos exemplificar, como informações de natureza importante, para os gestores o número de concorrentes que a empresa possui no mercado em que atua, seus preços de venda praticados, a participação de mercado da empresa dentro desse mercado, a atuação desses concorrentes em termos novos produtos e serviços, entre outros. Tais exemplos são informações de mercado e relevantes para os tomadores de decisão. Também são relevantes as informações relativas a própria empresa. Podemos exemplificar a natureza destas informações como sendo informações relativas à sua capacidade de vendas, de produção, seus preços e custos dos produtos que produz e vende, sua rentabilidade por produto ou por unidade operacional ou até mesmo por cliente, sua capacidade de realização de negócios em função da sua capacidade financeira, entre outros. As informações relativas à própria empresa podem ser chamadas de informações gerenciais, ou seja, informações com as quais os gestores gerenciam a empresa. De posse dessas informações e das informações do mercado, os gestores podem ter elementos suficientes para tomarem boas decisões. A partir da posse das informações e da sua boa leitura pode-se criar um ambiente adequado para que a empresa aproveite as oportunidades que o mercado oferece aos seus negócios e ao mesmo reduza os riscos deste mesmo mercado. Riscos que podem inclusive decretar a descontinuidade da empresa. Neste contexto de geração de informações para tomada de decisões, a informação contábil faz parte das informações gerenciais da empresa. A rentabilidade sobre o investimento, a rentabilidade sobre as vendas, a capacidade financeira, o nível de endividamento, a saúde financeira do capital de giro, entre outros. Informações estas trazidas pela contabilidade e que são bem utilizadas pelos gestores dos negócios. A informação contábil no contexto empresarial é o que veremos e estudaremos nos tópicos a seguir. Pós-Universo 6 A Contabilidade é uma Ciência Social Aplicada, que tem por objeto de estudo o patrimônio das entidades. Entende-se por patrimônio o conjunto de bens, direitos e obrigações e, por entidade, qualquer pessoa física ou jurídica com autonomia para formar patrimônio. A contabilidade estuda, portanto as diversas formas de mensuração e apresentação do patrimônio e sua riqueza pertencente a uma empresa, a uma entidade pública ou uma entidade sem fins lucrativos e até mesmo a uma pessoa física. O que devemos nos perguntar é por que a contabilidade faz isso? Ou seja, com qual propósito ela estuda as diversas formas de mensuração e apresentação do patrimônio. A resposta está no fato de que objetivo da contabilidade é gerar informações para que decisões a respeito desse patrimônio possam ser tomadas. Conceitos e Usuários da Contabilidade Pós-Universo 7 A contabilidade é uma ferramenta vital para o mercado de ações de empresas. Um país formado por empresas com contabilidade transparente tem benefícios sociais importantes pela força da sua economia. A realidade econômica, patrimonial e financeira das empresas afeta a todos direta ou indiretamente. Assim, na medida em que empresas abrem seu capital e negociam suas ações em bolsas de valores, sendo obrigadas a tornarem-se transparentes na prestação de contas, mais a própria sociedade como um todo vai se beneficiando em termos de geração de renda e de emprego. A importância da bolsa de valores para um país pode ser compreendida com as informações contidas no site <http://www.bmfbovespa.com.br/>. A BMFBOVESPA é uma entidade responsável pela gestão do mercado de capitais onde são negociadas entre outros títulos as ações das companhias abertas brasileiras. Fonte: Autor saiba mais Quando uma entidade forma um patrimônio, a expectativa é de que este patrimônio cumpra uma missão que, para ser cumprida, passa pelo alcance de objetivos de lucros, de sobras, de superávit, dependendo a natureza jurídica da entidade. Assim, este patrimônio precisa ser gerido de forma que este referido objetivo seja alcançado. Esta gestão do patrimônio requer informações acerca de seu desempenho. É aí então que a contabilidade cumpre seu objetivo, ou seja, o de gerar informações acerca do patrimônio e seu desempenho para tomada de decisões. Podemos parafrasear Marion (2009) afirmando que a contabilidade é um instrumento de gestão, uma bússola que orienta as direções das atividades econômicas e financeiras das entidades. Ela fornece informações de diversas formas e, tradicionalmente, por meio de relatórios, entre eles: • Balanço Patrimonial. • Demonstração do Resultado do Exercício. • Demonstração do Resultado Abrangente. Pós-Universo 8 • Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. • Fluxo de Caixa. • Demonstração do Valor Adicionado. Essas são as chamadas demonstrações contábeis obrigatórias que devem ser elaboradas pelas entidades brasileiras. Do ponto de vista legal, ou seja, considerandoa Lei das Sociedades Anônimas 6.404/76 e o Novo Código Civil Lei 10.406/02, o quadro abaixo demonstra a obrigatoriedade para a elaboração dessas demonstrações por tipo de empresa. Quadro 1: Obrigatoriedade de Elaboração das Demonstrações Contábeis Demonstração Contábil Todas as Empresas com P. Líquido menor que 2.000.000,00 Todas as Empresas com P. Líquido maior que 2.000.000,00 Empresas de Capital Aberto Balanço Patrimonial X X X Demonstração de Resultado do Exercício X X X Demonstração do Resultado Abrangente X X X Demonstração das Mutações do P. Líquido X X X Demonstração dos Fluxos de Caixa X X Demonstração do Valor Adicionado X De forma geral, as empresas podem elaborar todas as demonstrações, mas são obrigadas a elaboração de algumas, de acordo com sua natureza jurídica ou tamanho. Todas as demonstrações contábeis devem ser elaboradas observando as normas contábeis do Conselho Federal de Contabilidade por meio da Resolução CFC 1.185 de 2009. Pós-Universo 9 Com o advento da Lei 11.638 de 2007 e 11.941 de 2009, a contabilidade passou a adotar as normas internacionais de contabilidade emitidas pelo IASB – International Accounting Standards Board, as chamadas IFRS – International Financial Standards. Tais normas são divulgadas no Brasil por meio de documentos conhecidos como Pronunciamentos Contábeis emitidos pelo CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Depois de divulgados, tais documentos são legalizados e seus conteúdos transformados em normas brasileiras de contabilidade por meio de documentos oficiais emitidos pelo CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Desde o advento da Lei 11.638 de 2007 já foram emitidos mais de 40 Pronunciamentos Contábeis. Isso de fato mudou a contabilidade praticada no Brasil. Fonte: Autor fatos e dados As informações contidas nas demonstrações contábeis interessam a diversas pessoas que se interessam pela saúde econômica e financeira da empresa. São os chamados usuários da contabilidade que podem ser classificados em internos e externos. EMPREGADOS BANCOS INVESTIDORES SÓCIOS ADMINISTRADORES GOVERNO SINDICATO IBGE. CLIENTES FORNECEDORES INFORMAÇÕES CONTÁBEIS Figura 1: Tipos de Usuários da Contabilidade Fonte: (Marion, 2009) Pós-Universo 10 As informações contábeis interessam aos usuários internos e externos. Os usuários internos são os que estão dentro das entidades, tais como: diretores, gerentes, supervisores, ou seja, os administradores em geral. Esses usuários utilizam as informações contábeis para analisar o desempenho econômico e financeiro da empresa com a finalidade de melhorar seu desempenho operacional. As informações para os usuários internos não precisam ter origem necessariamente nas demonstrações contábeis apenas. Nem tampouco precisam ser estruturadas de acordo com normas contábeis. As necessidades de informações destes usuários é que determinam a maneira pela qual elas serão reportadas. Os usuários externos são os que estão fora das entidades, tais como: bancos, fornecedores, governo, investidores, sindicatos, entre outros. Estes usuários utilizam as informações contábeis também para analisarem a situação econômica e financeira da empresa, porém o objetivo é analisar os riscos em fazer negócios com a empresa. Tem-se como exemplo o fato de que instituições financeiras emprestam recursos financeiros para empresas que se apresentam saudáveis economicamente e financeiramente, portanto, que tenham capacidade de liquidação de suas dívidas. Da mesma forma, os fornecedores vendem a prazo buscando reduzir os riscos da concessão de créditos. Os usuários externos por estarem fora da empresa e por fazerem negócios com diversos tipos de empresas de diversos ramos, precisam de informações padronizadas. Essa necessidade é que dá origem às normas contábeis que visam padronizar as práticas contábeis e a forma como as informações são reportadas. Por isso, então, as demonstrações contábeis são obrigatórias. O fornecimento de informação útil, no momento adequado pode ser o diferencial entre o sucesso e insucesso empresarial. Fonte: Autor reflita Pós-Universo 11 Segundo Nascimento (2012), os usuários internos estão dentro das entidades. Podem ser seus diretores, gerentes, supervisores, ou seja, os administradores em geral. Os usuários externos estão fora das entidades e podem ser os bancos, os fornecedores, o governo, os investidores, os sindicatos entre outros. A contabilidade deve gerar informações padronizadas que atendam às necessidades gerais da maioria dos seus usuários. Porém, as necessidades específicas devem ser atendidas de forma específica para os mesmos (IUDICIBUS, 2010). Este é um desafio para os contadores e as empresas que, diariamente, convivem com as expectativas de informações dos agentes que os cercam. Os usuários da contabilidade podem ser Externos e Internos. Os externos buscam informações através das demonstrações contábeis com o objetivo de consulta e verificação. São eles: investidores; bancos; governo; fornecedores e concorrentes. Os internos buscam informações que propiciem a segura tomada de decisão por meio de relatórios gerenciais e também por meio das demonstrações contábeis. São eles: acionistas; sócios; gestores; administradores. quadro resumo Pós-Universo 12 Os Princípios de Contabilidade devem ser observados no exercício da profissão contábil e na sua aplicação deve sempre prevalecer a essência sobre a forma. O profissional contábil pode sofrer punições por não aplicarem estes princípios. Tais punições podem ocorrer desde cobranças de multas até a suspensão das atividades profissionais (CFC, 1993). A essência dos fatos prevalecendo sobre a sua forma jurídica dá a Contabilidade autonomia necessária, em sua condição de ciência, para atingir seus objetivos de gerar informações pertinentes ao patrimônio das entidades de forma a serem úteis para tomada de decisões. Princípios de Contabilidade Pós-Universo 13 A condição legal dos fatos de certo modo compromete a capacidade informativa no sentido de que as transações econômicas nem sempre derivam ou atendem aos critérios legais. Tem-se como exemplo clássico o caso do Arrendamento Financeiro que legalmente é uma operação financeira cujo bem pertence ao arrendador, mas que na contabilidade pode ser tratado como se o proprietário fosse o arrendatário, melhorando a informação patrimonial no que se refere ao nível de investimentos e de endividamento de uma entidade. Os Princípios de Contabilidade formam a essência da prática contábil que neles se ampara em cada análise e registro de fatos que devem ser considerados como originários das modificações da riqueza patrimonial da entidade. Além disso, unificam o entendimento e propiciam que tal prática seja aplicada igualmente no país, independentemente das diferenças entre as atividades econômicas, o que por si só fortalece o entendimento geral e único sobre a informação contábil, contribuindo por sua vez com a democracia no sentido de dar transparência aos negócios. Os princípios contábeis vigentes são: • Princípio da Entidade. • Princípio da Continuidade. • Princípio da Oportunidade. • Princípio do Registro pelo Valor Original. • Princípio da Competência • Princípio da Prudência. Pós-Universo 14 A Resolução 750 do Conselho Federal de Contabilidade de 29.12.1993, publicada no D.O.U. de 31.12.1993, estabeleceu a obrigatoriedade no exercício da profissão contábil da observância dos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Esses PFC’s representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominantemente no universo científico profissional de nosso país. Fonte: Contabilidade Introdutória - Equipe de professores da FEA da USP - Editora Atlas – 9ª edição fatos e dados Princípio da Entidade Por este princípio entende-se que os bens, direitos e obrigações de umaentidade não se misturam com os de outra entidade. Ao analisar as demonstrações contábeis de uma empresa, o usuário deve ter a percepção de que o patrimônio que está analisando não está influenciado, quantitativamente falando, pelo patrimônio de outras entidades. Se o dono de uma empresa pagar contas dela com seus próprios recursos, a situação financeira e econômica da empresa parecerá melhor do que aquela apresentada no balanço patrimonial. Isso poderá enviesar as decisões de um usuário que não tenha essa informação. É comum em pequenos negócios, o sócio retirar dinheiro do caixa para pagar despesas pessoais, justificando que a empresa é “dele”. Contudo, essa ação fere o princípio da entidade, pois o patrimônio da empresa é diverso do patrimônio dos seus sócios. Pós-Universo 15 Princípio da Continuidade Os ativos e passivos que representam os bens, direitos e obrigações de uma empresa devem ser mensurados na contabilidade considerando a empresa em continuidade. Essa mensuração muda quando o objetivo da empresa é encerrar suas atividades. Uma empresa que irá fechar não apresentará os estoques por seus valores históricos de aquisição e sim por valores que acreditam que eles possam ser vendidos. Isso porque o interesse é outro. Uma empresa em continuidade tem interesse na formação do patrimônio e, a que está fechando, na sua dissolução. Logo, há uma estreita relação entre o princípio da continuidade e o princípio do registro pelo valor original, já que se a empresa estiver em continuidade, seus estoques são avaliados a valores de entrada e em descontinuidade a valores de saída. Princípio da Oportunidade Pelo princípio da oportunidade, a contabilidade deve registrar os fatos contábeis tão logo estes sejam conhecidos, ainda que haja razoável certeza sobre o valor da mensuração de tais fatos. A oportunidade de registrar uma receita para a empresa é no momento em que ela ocorre, assim como qualquer outro fato que modifique a situação patrimonial da empresa. A contabilização da provisão de décimo terceiro durante o ano, por exemplo, é uma prática que obedece ao princípio. Uma empresa deve registrar mensalmente essa despesa em contrapartida a uma conta do passivo, reconhecendo a obrigação mesmo que o valor correto a ser pago seja ainda desconhecido. Assim, essa despesa estará reduzindo lucro da empresa, aumentando as suas obrigações. Isso torna a informação contábil mais próxima da realidade da empresa. Pós-Universo 16 Princípio do Registro pelo Valor Original As bases de mensuração das transações da entidade com seu ambiente externo devem ser: • O Custo Histórico. • Variação do Custo Histórico. Custo Histórico Conforme doutrina, o CFC (1993) os ativos e passivos devem ser mensurados e registrados na contabilidade das empresas pelos valores pagos ou a serem pagos ou recebidos de acordo com as transações com os agentes externos com os quais fazem negócios. Variações do Custo Histórico De acordo com Nascimento (2012), após o registro no patrimônio da empresa, os componentes patrimoniais, ativos ou passivos, podem sofrer variações e modificações em seus valores originais em função dos seguintes fatores: • Custo Corrente: Os ativos e passivos são reconhecidos por seus valores atuais, ou seja, na data do fechamento das demonstrações contábeis. • Valor Realizável: Os ativos e passivos são reconhecidos por seus valores de realização na data do fechamento das demonstrações contábeis. Pode ocorrer do custo histórico ser maior do que o valor que poderá ser realizado numa transação econômica, de compra ou venda, por exemplo. Nesse caso, tanto ativo como passivo devem ser reconhecidos por seus valores de fato realizáveis. • Valor Presente: Os juros não devem interferir nos valores dos elementos patrimoniais. Assim, os ativos devem ser mantidos pelo valor presente que se espera seja gerado no curso normal das operações da empresa. Os passivos devem ser mantidos pelo valor presente que se espera seja necessário para liquidar a obrigação no curso normal das operações da empresa. Pós-Universo 17 • Valor Justo: Representa um valor pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado nas transações da empresa com o ambiente externo, essas transações envolvem partes que aceitam a troca e os valores da troca sem haver favorecimentos para nenhum dos lados. • Atualização Monetária: Os efeitos da inflação devem ser reconhecidos pela contabilidade em relação aos valores dos ativos e passivos. Isso porque a moeda não é completamente estável ao longo dos anos e, sem a atualização monetária, não se poderia manter o custo histórico pela perda do poder aquisitivo da moeda. Princípio da Competência As receitas e despesas da empresa devem ser reconhecidas na contabilidade no momento em que elas ocorrem para que haja a confrontação e a aferição do resultado. Segundo Nascimento (2012) “ as receitas são reconhecidas quando há a venda de bens ou direitos para terceiros, quando há extinção parcial ou total de um passivo, quando novos ativos são gerados sem a interveniência de terceiros ou quando há doações ou subvenções recebidas. As despesas são reconhecidas quando um ativo for transferido para terceiros. Neste caso o valor do ativo registrado será transferido para despesas. É o caso do Custo dos Produtos Vendidos. Este confronto entre receitas e despesas estabelece as possibilidades de análise de causas e efeitos. Um usuário pode compreender melhor quanto a empresa gasta para gerar determinado montante de receita. Isso traz a possibilidade de avaliar se o porte da empresa é adequado diante de suas pretensões. Pós-Universo 18 Princípio da Prudência Quando houver dúvidas em relação ao valor correto de um ativo ou de um passivo, de uma receita ou de uma despesa, a aplicação deste princípio determina sempre o menor valor para o patrimônio da entidade resultante desta mensuração. Os valores menores para o ativo e para a receita e maiores para o passivo e para as despesas, no caso de dúvidas no momento da mensuração dos mesmos, resultará num patrimônio líquido menor. Isso não fará com que o usuário conte com um patrimônio maior do que aquele que pode ocorrer. Na prática, a empresa pode ser mais cautelosa quando for aumentar seu endividamento, por exemplo. Esses são os princípios da contabilidade que formam a base pela qual se sustenta toda a prática contábil e que permite a Ciência Contábil ser assim entendida e compreendida e, principalmente útil para a gestão das entidades sejam elas públicas ou privadas. “Os princípios constituem sempre as vigas-mestras de uma ciência, revestindo- se dos atributos de universalidade e veracidade, conservando validade em qualquer circunstância” (IUDÍCIBUS, Sérgio. 2006, p. 105) reflita Pós-Universo 19 A riqueza de uma pessoa física ou jurídica é dada pela sua situação patrimonial, por seu patrimônio. Segundo Marion (2009) o patrimônio é um conjunto de bens, direitos e obrigações de uma entidade. Os bens e direitos pertencentes a uma entidade geram obrigações e uma forma de representar graficamente esse patrimônio, seria apresentar de um lado os bens e direitos e do outro as obrigações de uma entidade. Patrimônio Bens e Direitos Obrigações Conceitos e Mensuração de Ativos Pós-Universo 20 Os bens são coisas úteis que satisfazem as necessidades das entidades. São divididos em bens tangíveis e bens intangíveis. Os bens tangíveis possuem forma física, são palpáveis, tais como: veículos, imóveis estoques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios, ferramentas, entre outros. Os bens intangíveis não são palpáveis, não possuem forma física. Podem ser adquiridos e podem incluir desde marcas, patentes de invenção, entre outros até o capital intelectual disponível em uma entidade. Nem sempre pode ser mensurado, pois sua avaliação é subjetiva. Além disso, os bens podem ser divididos em bens móveise bens imóveis. Os bens móveis são aqueles que podem ser removidos de um lugar para outro, por exemplo: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias, entre outros. Os bens imóveis são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos, por exemplo: edifícios, construções, árvores entre outros. Os direitos representam o poder de exigir alguma coisa. São valores que uma entidade poderá dispor num determinado prazo e que surgem sempre de algum fato ocorrido ou de algum negócio concretizado. São exemplos de direitos: • Duplicatas a Receber: direito decorrente de vendas feitas a prazo. • Saldos Bancários: direito decorrente de operações bancárias. • Aluguéis a Receber: direito decorrente de contratos de locação. • Dividendos a Receber: direito decorrente de investimentos. As obrigações exigíveis são dívidas que uma entidade tem com outras e, representam o poder que essas outras entidades possuem em exigir alguma coisa. São valores que uma entidade deverá pagar num determinado prazo e que surgem sempre de algum fato ocorrido ou de algum negócio concretizado. As obrigações exigíveis são dividas que podem ser reclamadas, inclusive na justiça. São exemplos de obrigações: • Fornecedores: obrigações decorrentes de compras a prazo. • Salários a pagar: obrigações decorrentes de contrato de trabalho. • Impostos a pagar: obrigações decorrentes da aplicação das leis tributárias. • Aluguéis a pagar: obrigações decorrentes de contratos de locação. Pós-Universo 21 O patrimônio por si só não mede a efetiva riqueza de uma entidade. A parte que sobra para a entidade quando as obrigações são subtraídas dos bens e direitos, representa a riqueza líquida (Marion, 2009). Em outras palavras, para se conhecer a efetiva riqueza líquida de uma entidade é necessário conhecer o seu Patrimônio Líquido que é a diferença entre a soma dos bens e direitos e a soma das obrigações exigíveis e é representada pela seguinte equação: Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações Exigíveis O patrimônio líquido é uma obrigação que a entidade tem com seus sócios e compreende, entre outros, o valor dos investimentos iniciais dos sócios (capital social) e pelos lucros obtidos nos negócios. Pode-se entender o patrimônio líquido também como obrigação não exigível. Os elementos patrimoniais de uma empresa são representados por seus ativos e passivos. Os elementos de resultado são representados por receitas e despesas. Cada um destes elementos tem seus conceitos e suas características e devem ser bem compreendidas por quem tem a tarefa de elaborar ou ler as demonstrações contábeis de uma empresa. Ativo é um bem ou um direito pertencente a uma entidade. Além disso, para ser classificado como ativo este elemento patrimonial deve ter potencialidade de geração de fluxo de caixa futuro. Têm-se como exemplos tradicionais de ativos: • Bens: caixa, estoques, imóveis, máquinas, entre outros. • Direitos: saldos bancários, duplicatas a receber, adiantamentos a empregados, adiantamentos a fornecedores, entre outros. Pós-Universo 22 Os valores de mensuração de ativos devem representar o esforço da empresa na sua aquisição ou geração. Um ativo que representa o saldo bancário deve ter o mesmo valor efetivo do saldo que consta no extrato da conta bancária da empresa. Assim como, os valores dos ativos de adiantamentos a fornecedores e empregados devem representar o quanto efetivamente a empresa desembolsou para realizar tais adiantamentos. Se por alguma razão houver uma correção de valor em função de juros, por exemplo, o valor do ativo deve aumentar contemplando tal aumento. Há casos em que a mensuração de um ativo envolve maiores detalhes e entendimentos sobre aspectos importantes que criam diversas condições de mensuração, como no caso da aquisição de estoques, sejam eles matérias prima ou mercadorias para revenda. Segundo CFC (2009, p.5): “ O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos, bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. Segundo Nascimento (2012), o preço de compra refere-se ao valor negociado com fornecedores. Os tributos são aqueles embutidos no preço de venda ou decorrentes da operação de compra que não forem recuperáveis pela empresa adquirente. Os custos de transportes são os fretes de transportes das mercadorias e os seguros são os gastos necessários para realização destes transportes. Podemos considerar esta mesma regra para as aquisições de bens para o ativo imobilizado. Os tributos recuperáveis não fazem parte do custo de aquisição, pois acabam representando outros ativos para a empresa que levam o nome de tributos a compensar ou recuperar. Como a empresa poderá usufruir desta recuperação ou compensação, o custo para aquisição de estoques não deve contemplar tais valores. Pós-Universo 23 Na verdade, o valor de um ativo é o valor pelo qual ele pode ser recuperado no futuro com entradas de dinheiro. Quando a empresa vender seu estoque avaliado pelo seu custo de aquisição, ela deverá fazê-lo por um valor pelo qual este custo possa ser recuperado. Considerando os dados mencionados em Fatos e Dados, a empresa deverá compensar o valor do tributo por 10,00, ou seja deverá realizar o seu direito de compensação junto ao governo. Se caso a empresa só consiga vender esse estoque por 85,00 e em função de uma mudança na legislação tributária, ela não consiga mais recuperar o valor de 10,00 de tributos, os valores destes dois ativos devem ser modificados na contabilidade. O valor de estoque para 85,00 reconhecendo uma despesa de 5,00 e o valor do tributo a recuperar para zero reconhecendo uma despesa de 10,00. Uma empresa revendedora de mercadorias adquiriu estoque de suas mercadorias por 100,00 cada unidade com tributos a recuperar de 10,00 embutidos em cada unidade, o custo de aquisição deste estoque, portanto é de 90,00. O valor de 10,00 foi o montante registrado na conta do ativo chamado de Tributos a Compensar. Esse valor é um ativo por representar um direito que essa empresa tem com o governo. Acaba sendo utilizado pela empresa como crédito que reduzirá o imposto devido pela empresa em períodos posteriores. No Brasil temos uma legislação tributária bem complexa e que exige dos contadores atualização constante. Segundo o IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário de 1988 até setembro de 2013 foram editadas em média 784 normas tributárias no Brasil por dia. Isso explica as razões pelas quais os contadores devem estar atentos e serem bons leitores e pesquisadores das regras que cercam a profissão contábil. A boa gestão fiscal também faz parte da boa gestão empresarial. fatos e dados Pós-Universo 24 As duplicatas a receber devem ser demonstradas em contas de ativos que as representem. Uma duplicata a receber é gerada quando a empresa realiza uma venda a prazo a um cliente. A empresa passa a ter direito de receber deste o cliente o valor desta duplicata. Em condições normais, quando o cliente paga a duplicata, o ativo de duplicatas a receber se extingue para dar lugar ao ativo que represente o dinheiro recebido pela empresa em função da quitação de tal duplicata. No entanto, quando uma duplicata a receber é considerada inadimplente, ou seja, a empresa não receberá o valor em função de algum problema financeiro com o cliente para o qual realizou a venda, esta deve ser excluída do grupo de ativos. Não será mais recebida, portanto perdeu sua potencialidade de geração de fluxo futuro de caixa para a empresa, perdendo consequentemente a condição essencial para ser um ativo. Neste caso, deve ser excluída do ativo e reconhecida como despesapara a empresa. Os usuários da contabilidade querem compreender quais são as possibilidades de formação de caixa da empresa ao analisar o conjunto de ativos que ela possui. Todas as decisões relevantes e corretas dependem desse entendimento. Primeiro de quem elabora as demonstrações contábeis para deixar no grupo de ativos apenas elementos que de fato atendem as suas características e, segundo de quem analisa as demonstrações para compreender melhor a formação do patrimônio da empresa. “Não importa se para mais ou para menos, se os ativos não forem adequadamente mensurados, não há como tomar decisões acertadas”. Fonte: Autor reflita Pós-Universo 25 As obrigações de uma empresa podem ser classificadas como exigíveis ou não exigíveis. Exigíveis porque podem ser cobradas pelos credores, inclusive judicialmente como no caso de salários a pagar, por exemplo. Não exigíveis porque a empresa tem liberalidade de pagar ou não tais obrigações. O passivo de uma empresa é representado pelo conjunto de obrigações exigíveis de uma entidade. Também é registrado por seu valor original, e deve ser sempre apresentado no balanço por seu valor corrigido. São exemplos de passivos: fornecedores a pagar, contas a pagar, salários a pagar, impostos a pagar, entre outros. Já o patrimônio líquido é uma obrigação que a entidade tem com seus sócios e compreende, entre outros, o valor dos investimentos iniciais dos sócios (capital social) e pelos lucros obtidos nos negócios. Entende-se o patrimônio líquido como obrigação não exigível para a empresa. Conceitos e Mensuração de Obrigações Pós-Universo 26 Os ativos das empresas brasileiras são financiados preponderantemente por capital de terceiros. Várias pesquisas indicam que mais da metade dos investimentos feitos nos ativos das empresas brasileiras têm origem na utilização de capital de terceiros. O capital de terceiros é formado por obrigações exigíveis. Fornecedores, Empréstimos a Pagar, Financiamentos a Pagar entre outros são exemplos de dívidas que as empresas fazem para poderem adquirir ativos, sejam eles caixa, estoques, bens de imobilizado, entre outros. Uma das reportagens que fundamentam essas informações pode ser lida em <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/empresas- brasileiras-financiam-58-dos-ativos-com-capital-de-terceiros/28261/>. fatos e dados Porém, quando uma empresa decide, por meio de seus administradores, a pagar os lucros da empresa ou parte deles aos seus sócios ou acionistas, tais obrigações passam a ser consideradas como exigíveis dentro do passivo saindo do grupo de contas do patrimônio líquido. De todo modo, uma obrigação deve ser estar representada nas demonstrações contábeis de uma empresa, mesmo aquelas que ainda não se tenha razoável certeza de seu montante. Citamos, anteriormente, o exemplo das provisões de décimo terceiro que serve também para as provisões de férias, além das provisões dos encargos sociais sobre tais verbas trabalhistas. Tem-se também o reconhecimento na contabilidade de provisões para contingências ambientais por exemplo. Um risco ambiental em função das atividades da empresa traz a ela uma responsabilidade social relevante que não deve ser ignorada pelos usuários das informações contábeis. Ao reconhecer um valor como provisão para contingência na despesa da empresa e em suas obrigações, a empresa preserva parte do lucro que ela obtém para fazer frente a uma possível ação que pode ser indenizatória ou derivada da aplicação de uma multa legal. Os usuários querem confrontar os valores de ativo da empresa com os valores de passivo. Isso dá a eles uma informação relevante sobre a saúde financeira com a qual a empresa opera, como é administrado seu capital de giro e quais suas principais necessidades em termos de aplicações de recursos. O patrimônio de uma entidade pode ser representado graficamente pelo quadro a seguir. Pós-Universo 27 Quadro 2: Representação Gráfica do Patrimônio Bens Obrigações • Dinheiro • Mercadorias em Estoque • Veículos • Imóveis • Máquinas • Ferramentas • Móveis e Utensílios • Marcas e Patentes • Empréstimos a Pagar • Salários a Pagar • Fornecedores (Duplicatas a Pagar) • Financiamentos • Impostos a Pagar • Encargos Sociais a Pagar • Aluguéis a Pagar • Títulos a Pagar • Promissórias a Pagar • Contas a Pagar Direitos Patrimônio Líquido • Depósitos em Bancos • Duplicatas a Receber • Títulos a Receber • Aluguéis a Receber • Ações • Capital Social • Lucros Pode-se, então, definir que os bens, direitos e obrigações de uma entidade em fazendo parte do patrimônio dela, podem ser expressos como elementos do patrimônio ou elementos patrimoniais. Dessa forma, quando nos referimos aos elementos patrimoniais de uma entidade estamos nos referindo, na verdade, aos bens, aos direitos e as obrigações de uma entidade. Imagine que uma empresa chamada Norte Show, revendedora de cosméticos, possui, no fim do ano, os elementos patrimoniais abaixo relacionados com seus respectivos valores. Elemento Patrimonial Valor Dinheiro 1.000,00 Saldo Bancário 4.000,00 Veículos 20.000,00 Contas a Receber 12.000,00 Contas a Pagar 8.000,00 Salários a Pagar 5.000,00 Impostos a Pagar 2.000,00 Pós-Universo 28 Com base na relação de elementos patrimoniais da Norte Show podemos classificar como Bens os seguintes elementos: Dinheiro 1.000,00 Veículos 20.000,00 Total 21.000,00 Como Direitos, podemos classificar os seguintes elementos: Saldo bancário 4.000,00 Contas a Receber 12.000,00 Total 16.000,00 Finalmente, como obrigações exigíveis, podemos classificar os seguintes elementos: Contas a Pagar 8.000,00 Salários a Pagar 5.000,00 Impostos a Pagar 2.000,00 Total 15.000,00 Esse seria, então, patrimônio da Norte Show e, se poderia ir além, afirmando que esta empresa possui: • Total de Bens no valor de 21.000,00 • Total de Direitos no valor de 16.000,00 • Total de Obrigações Exigíveis no valor de 15.000,00 Assim, o Patrimônio Líquido da empresa, ou seja, as obrigações não exigíveis dela poderia ser assim calculado: Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações Exigíveis Patrimônio Líquido = 21.000,00 + 16.000,00 – 15.000,00 Patrimônio Líquido = 22.000,00 Pós-Universo 29 Pode-se afirmar que a Norte Show deve a terceiros R$15.000,00 e possui recursos (bens + direitos) de R$37.000,00. Aplicando a equação citada do patrimônio líquido anteriormente, o patrimônio líquido ou a riqueza líquida dessa entidade é, portanto de 22.000,00. As obrigações representadas pelo passivo e patrimônio líquido formam o conjunto das origens de recursos que uma empresa possui. Ou seja, os recursos com os quais a empresa adquire seus bens e direitos vêm ou do passivo ou do patrimônio líquido. Em outras palavras, ou vêm do capital de terceiros (passivo) ou vêm do capital próprio (patrimônio líquido). Os ativos representam as aplicações dos recursos de capital que a empresa obtém assumindo obrigações. Podemos afirmar, então, que as obrigações representam as origens de recursos e os ativos representam as aplicações de recursos da empresa. Tais valores são influenciados de forma relevante pelas receitas e despesas que a empresa possui. “A obrigação precisa existir no momento presente, isto é, deve surgir de alguma transação ou evento passado. (...) o destinatário do pagamento (credor) deveria ser conhecido com certeza e identificável, especificamente ou como um grupo. Entretanto, não é necessário que o credor declare seu direito ou que dele tenha conhecimento no exato momento da inscrição da exigibilidade.” (IUDÍCIBUS, 2006, p. 161). reflita Pós-Universo 30 O lucro é, em essência, um indicador de desempenho. Controverso em sua formação, sua composição, mas, por unanimidade, representa uma forma de avaliar o desempenho dos negócios, embora não seja o único indicador que possa cumprir esse objetivo. Mensurado pela contabilidade, o lucro, além de remunerar os proprietáriosdas empresas, pode ser base de remunerações a seus executivos. Para o governo tributar, o lucro é uma base, um parâmetro. O imposto de renda da pessoa jurídica é calculado e pago, tendo como base o lucro. A formação do lucro ou prejuízo pela contabilidade é o assunto que vamos estudar nessa Unidade. A preocupação aqui é que possamos compreender a formação do lucro e como ele é demonstrado pelos profissionais de contabilidade. Conceitos e Mensuração de Receitas e Despesas Pós-Universo 31 A equação que mensura o lucro de um negócio se dá pela comparação entre receitas e despesas, o que resulta no lucro ou prejuízo. Segundo Nascimento (2012), o lucro é determinado pela ocorrência ou pelo fluxo de receitas e despesas. Receitas (-) Despesas (=) Lucro Hedriksen e Van Breda (1999), afirmam que a receita aumenta o lucro por um lado e a despesa o reduz por outro. Já as duas coisas acontecendo ao mesmo tempo, ao fim de um determinado período, resultam em lucro ou prejuízo para a empresa. A receita corresponde à venda de produtos, de mercadorias ou de prestação de serviços, porém pode ser obtida de diversas outras formas, como por exemplo, por meio de aluguéis recebidos, juros de aplicação financeira, descontos obtidos com fornecedores, entre outras. A despesa deve ser vista como um esforço que a empresa tem para obter receita. Para Marion (2009), todo o consumo de bens ou serviços com o objetivo de obter receita é um sacrifício, um esforço para a empresa. Isso é o que dá a possibilidade para o usuário da contabilidade compreender as relações de causa e efeito quando análise o resultado de uma empresa. Porém, tal relação só é possível perceber quando existe de fato uma comparação a ser estudada, quando ambas (receitas e despesas) são mensuradas ao mesmo tempo e uma das questões mais fundamentais em contabilidade é saber o momento de reconhecê-las na contabilidade. Existem dois regimes de reconhecimento de receitas e despesas validados pelas normas legais: • Regime de Competência. • Regime de Caixa. Pós-Universo 32 Como explica Marion (2009), o regime de competência é universalmente adotado pelas empresas, aceito pela legislação societária, pelas normas legais pela legislação do imposto de renda. Nesse regime, a receita é reconhecida no momento em que foi gerada, independentemente de ter sido ou não recebida em dinheiro pela empresa. Já a despesa é reconhecida no momento em que foi consumida, independentemente de ter sido ou não paga em dinheiro pela empresa. Uma empresa, ao efetuar uma venda a prazo em janeiro para ser recebida em fevereiro, terá auferido uma receita efetiva no mês de janeiro, pois foi o mês em que a venda se concretizou. Da mesma forma, se consome energia elétrica em janeiro, porém com fatura a vencer em fevereiro, terá despesa em janeiro pois foi quando o consumo do recurso aconteceu. “Uma empresa sem boa Contabilidade é como um barco, em alto mar, sem bússola, totalmente à deriva”. José Carlos Marion reflita Isso torna o lucro um indicador com característica mais econômica do que financeira, embora o lucro econômico seja ainda mais amplo do que o contábil. Para Hendriksen e Van Breda (1999), do ponto de vista econômico, a receita deveria ser reconhecida em cada etapa do processo necessário para gerá-la. Por não atender a critérios objetivos de mensuração desta receita, isso não é adotado pela contabilidade. Já pelo regime de caixa, segundo explica Marion (2009), a receita da entidade é reconhecida no momento em que ocorre o seu recebimento e a despesa no momento em que ocorre o seu pagamento. Não se tem aqui a preocupação de mensuração de resultado econômico. Quando uma empresa utiliza esse regime de reconhecimento de receitas e despesas, a receita só é reconhecida quando o dinheiro entra, quando uma venda, por exemplo é efetivamente recebida. E no caso da despesa quando o dinheiro sai ou quando ela é efetivamente paga. Pós-Universo 33 A escola de inglês Silveira Ltda. elabora contrato de prestação de serviços de ensino para cada um de seus alunos. No contrato é estipulado, entre outras coisas, o valor da mensalidade e o seu período de abrangência, além do seu vencimento. Por exemplo, se o aluno estudou o mês de março, o vencimento de sua mensalidade é nos primeiros dias de abril em relação ao período de abrangência que é o mês de março. Assim, o valor total das mensalidades de todos os contratos é contabilizado como receita nos seus períodos de abrangência, seguindo o regime de competência. Esta contabilização gera um título a receber que é quitado quando o aluno paga efetivamente a mensalidade na data de vencimento. Fonte: Autor fatos e dados Isso torna o resultado apurado pelo regime de caixa mais financeiro. Segundo Nascimento (2012), esse regime é aplicado de forma restrita em entidades sem fins lucrativos e isso se justifica em função de que não possuem a finalidade do lucro. Perceba que o resultado na verdade é SOBRA ou FALTA. Em entidades públicas, ao resultado são dados os termos de SUPERÁVIT ou DÉFICIT. O resultado medido tanto pelo regime de competência como pelo regime de caixa ajuda no gerenciamento das atividades empresariais no que se refere à sua gestão. Enquanto a primeiro fornece uma informação mais econômica, a segunda fornece uma informação financeira que pode ajudar a gestão de recursos da empresa. A partir de 2012 e, obrigatoriamente até 2014, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional e CFC, também as entidades públicas devem seguir o regime de competência para fins contábeis, ficando o regime misto (caixa para receitas e competência para despesas) restrito ao controle orçamentário, a fim de buscar a harmonização com as normas internacionais, bem como, com as normas nacionais aplicáveis ao setor privado. Fonte: o autor fatos e dados atividades de estudo 1. O objeto de estudo de contabilidade é a razão pela qual ela pode ser considerada uma ciência. Qual das alternativas abaixo pode ser considerada objeto de estudo da contabilidade? a) O patrimônio das entidades. b) As demonstrações contábeis. c) Os usuários da contabilidade. d) As decisões dos gestores. e) Nenhuma das anteriores.. 2. A aplicação do Princípio da Competência tem como objetivo: a) Mensurar o resultado contábil de uma empresa num determinado período. b) Não misturar o patrimônio dos sócios da empresa com o patrimônio da própria empresa. c) Corrigir os valores dos itens do ativo, passivo e patrimônio líquido defasados pela inflação. d) Resultar sempre no menor valor para o patrimônio líquido. e) Nenhuma das anteriores. 3. Marque com um “X” a alternativa que indica o embasamento legal para tomar a seguinte decisão. A empresa em que você trabalha adquiriu um veículo por R$ 50.000,00 e lhe foi perguntado o porquê de não poder efetuar o lançamento contábil dessa aquisição por R$ 60.000,00 sendo que este é o valor de mercado de tal bem. a) Entidade. b) Prudência. c) Competência. d) Registro pelo valor original. e) Oportunidade. atividades de estudo 4. Sobre o ativo é correto afirmar: a) Representa o patrimônio das entidades. b) É um conjunto de bens que a entidade possui. c) É um conjunto de bens, direito e obrigações da entidade. d) Representa os bens e direitos de uma entidade. e) Nenhuma das anteriores. 5. Sobre receitas e despesas é correto afirmar que: a) Receitas aumentam o resultado da empresa enquanto despesas sempre vão para o passivo aumentando o endividamento da empresa. b) Despesas reduzem o resultado da empresa enquanto as receitas sempre vão produzir aumento no total de ativos. c) Receitas aumentam o resultado da empresa enquanto as despesas o reduzem. d) Despesas e receitas fazem parte da composição do balanço patrimonial das empresas. e) Nenhuma das anteriores. resumo Esta unidade trata da informação contábil e inicia o conteúdo abordando os principais conceitosde contabilidade desde o seu objeto de estudo até a forma como ela cumpre seus objetivos. Explica como a contabilidade é aplicada com a utilização de princípios que são a essência das boas práticas contábeis. Com isso, tratamos então de definir o que são ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas e, principalmente a forma como tais elementos são mensurados na contabilidade, seguindo suas normas. A unidade possui atividades de estudos que permitem a fixação dos conteúdos discutidos. No Tópico 1 estudamos os conceitos e usuários da contabilidade. Vemos que a Contabilidade é uma ferramenta de gestão que possui como objetivo gerar informações para tomada de decisões pelos usuários da informação contábil. Tais usuários são pessoas que possuem interesse na saúde econômica e financeira da empresa. Podem ser internos e externos à empresa. As informações para os usuários internos são elaboradas de acordo com as suas necessidades operacionais e de decisões. Para os usuários externos, as informações são padronizadas. Por isso, as normas de contabilidade são importante, ou seja, para melhorar a qualidade da informação contábil para os usuários externos. No Tópico 2, tratamos dos Princípios de Contabilidade que formam um conjunto conceitual em que se baseia as práticas contábeis. Conceituamos e estudamos os princípios da Entidade, da Continuidade, da Oportunidade, da Competência, do Registro pelo Valor Original e da Prudência. Os registros dos fatos contábeis feitos pelos contadores devem observar tais princípios e, por serem normas brasileiras, devem ser cumpridas. No Tópico 3, são estudados os conceitos e mensuração de ativos. Ativo é um conjunto de bens e direito que uma entidade possui e que tem a potencialidade de gerar para ela (a entidade) benefícios econômicos e financeiros. Na gestão empresa, o conceito de ativo está presente nas tomadas de decisões dos gestores e por isso se justifica estuda-lo sendo este um tema técnico, porém com um ampla aplicação prática. No Tópico 4, tratamos dos conceitos de obrigações e sua mensuração. As obrigações podem ser exigíveis, que chamamos de passivos e, não exigíveis que chamamos de patrimônio líquido. Mostramos as diferenças conceituais entres esses dois tipos de obrigações e também como estes itens patrimoniais devem ser mensurados pela contabilidade. resumo No Tópico 5, conceituamos os termos receitas e despesas em contabilidade. As receitas aumentam o lucro da empresa por um lado enquanto que as despesas o reduzem. Mostramos os regimes de reconhecimento na contabilidade de receitas e despesas tão importantes para o entendimento da formação do lucro empresarial. Estudamos também que o lucro gerado pela entidade num determinado período alimenta o patrimônio líquido da empresa. Esperamos que os conteúdos abordados sejam úteis para a formação do seu conhecimento na área de contabilidade financeira e gerencial. Afinal de contas, os conhecimentos adquiridos nesta unidade são essenciais para a compreensão das informações contábeis que visam mostrar a saúde econômica e financeira de uma empresa. material complementar Contabilidade Básica Autor: José Carlos Marion Editora: Editora Atlas - 10ª Edição Ano: 2009 Sinopse: Desenvolvido com base em autores da moderna escola de Contabilidade, apresenta a mecânica de escrituração dos lançamentos contábeis a partir de uma visão conjunta dos relatórios Contábeis, com especial ênfase no Balanço Final e na demonstração de resultado do Exercício. A matéria é apresentada numa sequência de exploração gradativa do assunto para despertar o interesse do estudante na aprendizagem da disciplina. Procurou-se também dar um embasamento legal e tributário, possibilitando ao leitor situar-se na realidade em que a empresa atua. Contabilidade Básica Autor: José Carlos Marion Editora: Editora Atlas - 10ª Edição Ano: 2009 Sinopse: Desenvolvido com base em autores da moderna escola de Contabilidade, apresenta a mecânica de escrituração dos lançamentos contábeis a partir de uma visão conjunta dos relatórios Contábeis, com especial ênfase no Balanço Final e na demonstração de resultado do Exercício. A matéria é apresentada numa sequência de exploração gradativa do assunto para despertar o interesse do estudante na aprendizagem da disciplina. Procurou-se também dar um embasamento legal e tributário, possibilitando ao leitor situar-se na realidade em que a empresa atua. Na Web Entre no site <www.cfc.org.br> e procure os diversos materiais que o Conselho Federal de Contabilidade elaborou para orientar as práticas contábeis brasileiras. Tais materiais podem contribuir com o entendimento dos conteúdos aqui discutidos. referências CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 750 de 1993. Dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Brasília: CFC, 1993. CFC – Conselho Federal de Contabilidade. Resolução 774 de 1994. Aprova o Apêndice à Resolução sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade dispostos na Resolução 750 de 1993. Legislação da Profissão Contábil. Brasília: CFC, 1994. FAVERO, Hamilton Luiz et al. Contabilidade: teoria e prática. 6ª Edição. São Paulo: Atlas, 2011. HENDRIKSEN, Eldon S.; VAN BREDA, Michael F. Teoria da Contabilidade. Traduzido por Antonio Soratto Sanvicente, São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 10ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de Contabilidade Societária. 1ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010. MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 10ª Edição. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010. NASCIMENTO, Claudinei de Lima Nascimento. Contabilidade Introdutória. Editora Unicesumar, 2012. resolução de exercícios 1. a) O patrimônio das entidades. 2. a) Mensurar o resultado contábil de uma empresa num determinado período. 3. d) Registro pelo valor original. 4. d) Representa os bens e direitos de uma entidade. 5. c) Receitas aumentam o resultado da empresa enquanto as despesas o reduzem. Conceitos e Usuários da Contabilidade
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